•
VI
FLORIANÓPOLIS,
JULHO DE 2011
-CURSO DE JORNALISMO DA UFSC ANO
XXIX, NÚMERO
3
2
julho
2011
I
ZERO
..J<C
-a::
O
I-C
w
terceira fase docursode Jornalismo
da UFSC. Paraentrarem contato
com aautoraescrevaparaoe-mail
giovanna@ch.inellato.com.br.
Nascer
e
morrer:
dois
instantes
dramáticos
na
vida
Caros
leitores,
O filósofo grego
Epicuro,
professor
emRodes,
receitou um remédio para toda a
humanidade,
queele
julgava
doente.Segundo
ele,
o malseagravavaemfunção
de falsas crenças que oshomens transmitiamuns aos outros. A cura viria através da fórmula chamada
tetrapbármakon,
remédioquádruplo,
quenão passava de uma mensagem filosófica: 1. Nãohá
oquetemerquantoaos
Deuses;
2. Nãoháoquetemerquanto à morte; 3. Pode-se
alcançar
afelicidade,
4. Pode-sesuportarador.Mais de dois milênios
depois
parece queaindanãoestamos curados. Não é
preciso
umapesquisa
para confirmar que agrande
maioria das pessoas sentemedo da morte.
Cemitérios,
caixões ou funerárias aindacausamarrepios
amuitos. Mesmoosquedizemnão sentir
medo,
têmcertasreservas.MasemCabráliaPaulista,
uma pequena cidade do interior de SãoPaulo,
as pessoas mostram bom-humor emrelação
aotema.Cabrália entrouparaolivro dos recordesaoconstruiromaior caixãodo mundo.Com pouco mais
de 5milhabitantese,em
média,
trêsóbitoseprodução
demaisde 15 milurnasfuneráriaspormês,
acidadecoleciona histórias
engraçadas.
Nasfábricas,
écomum funcionários fazeremasesta dentro decaixões. Parteda
produção
terceirizadaéfeitana casadeartesãose oproduto
prontoficaaesperada coletanavarandaounagaragem.
Alguém
desavisadopode
tercalafrios aopassar
pela
casadeumdelesà noite.Nemcommedonem combrincadeiras.Conversamos
sobreamorte com
psicólogos
ereligiosos
paratrazertantoo
enfoque
daciênciaquantoda fé.Esteéotemado
Especial
destaedição.
No oposto dalinha dotempo temosonascimento. Afasequemostramaisa nossa
fragilidade.
Maisaindaquando
opartoacontece antesdeumperíodo
normal degestação.
Quaisosavançosda medicinaedatecnologia
paradarsuporteàvida de bebêsprematuros?
Esta
edição
trata também do aumento da oferta deprodutos
semglúten,
o que beneficia oscelíacos,
pessoas que convivemcom umadoença
causadapela
ingestão
deproteína
contidaemalguns
alimentos.Tem,
ainda, empreendedorismo
nasredessociaiseo usodastecnologias
noterceirosetoralémdequestionamentos
sobreaspolíticas
culturais....Boaleitura!
Hey,
vr�,ku
leIJlf10
1.1
t:r�i•
zlilo
JORNAL
LABORATÓRIO
ZEROAnoXXIX- N° 3- Julhode 2011
Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC
Fechamento: 12 dejulho
Charge
ZERO NO
TEMR0
1
deles são
processados judicialmente.
Muito maisraramente,
alguns
deles conseguem ser laureados porseudesempenho
nafunção.
Nossaconversanesta
edição
écom CláudioJúlio
Tognolli,
colecionador de mais de uma centena de processos.Donodeumavisãocrítica sobreagrande
imprensa,
éumdosmaisbem-informadosrepór.teres
policiais
dopaís.
Durante doismesessentiu napele
como seria viver,
hoje,
segundo
os mandamentosda Bíblia. Em
parceria
comJosé
ArbexJr.
escreveuO Século do Crime, síntese de duas décadas de
reportagensfeitasemdiversos
países.
Elejá
recebeumeiadúzia de
prêmios,
entreelesumPrêmio EssodeJornalismo
e umPrêmioJabuti
de literatura.. b
Curso de Jornalismo - CCE- UFSC- Trindade
Florianópolis
-CEP 88040-900
Tel.: (48)3721-6599/3721-9490
Onúmero é cabalístico:sete.Foramsete
jornalistas
queconcederamentrevistaparaa
edição
de outubro de 2006 doZERO.Nãoqueremos
quebrar
amagia,
porém,
trazemos nestaedição
uma conversa com umjornalista
tãopolêmico
quantoaqueles.
Lembrando aos leitoresque,
naquela época,
ojornalista gaúcho
RenanAntunesde Oliveira
ganhou
umPrêmioEssocom umareportagem em um
jornal
debairro,
desbancandojornalões
dasgrandes capitais,
o quecausou afúria de fortesempresários
decomunicação.
Além de
polêmicos,
essesprofissionais
têm maisalguma
coisaem comum.Nem só deprêmios
vivemos
jornalistas
-de processos também. Milhares
REDAÇÃO
Alécio Clemente, Camila Collato,Diego Cardoso, Diego Souza, Gabriella Bridi,
Isis Dassow, Juliana Geller, l.aís Mezzari,
Rodolfo
Conceição,
Rodolfo Espinola, ViniciusShmidt, Úrsula Dias
EDiÇÃO
Camíla Collato,Diego Cardoso, Gabriella Bridi, Juliana Geller,
LaryssaD'Alama, Nayara D'Alama,TífanyRodio
FOTOGRAFIA CarolinaDantas, Dirk Ruhland,
Eduardo Trauer, Isis Martins Dassow, Rodolfo
Conceição,RodolfoEspinola,Thomé Granemann Rosa
EDITORAÇÃO
Camila Collato, DiegoCardoso, Diego Souza, Gabriella Bridi, Laryssa D'Alama, Luanna Hedler, Nayara D'Alama,
Rodolfo
Conceição,
Tifany Rodio, Úrsula DiasINFOGRAFIA Felipe Tadeu, Gregório Italiano
Veneziani
ILUSTRAÇÃO
Felipe Perucci,Giovanna Chinellato, João Victor Oueiroz
GarciaPROFESSOR-COORDENADOR Jorge Kanehide Ijuim MTblSP 14.543
MONITORIA Verônica Lemus, Wesley
Klímpel
IMPRESSÃO
Diário CatarinenseCIRCULAÇÃO
Nacional TIRAGEM 5.000exemplares
MelhorPeçaGráficaI, II, III, IVVeXIS�t
UniversitáriojPUC-RS (1988, 89, 90, 91,92
e98)
Melhor Jornal-LaboratórionoIPrêmio Foca
SindicatodosJornalistasde SC2000
30 melhor Jornal-Laboratório do Brasil EXPOCOM 1994
ZERO
I
julho
2011
3
Reinvestigador
do
Quarto
Poder
Cláudio Júlio
Tognolli,
escritor
e um
dos
jornalistas
mais
processados
do
país,
fala
ao
ZERO
sobre
o uso
da
internet
no
jornalismo investigativo,
ações
judiciais
contra
profissionais
da
área
e a
Operação Satiagraha
da
Polícia
Federal,
além
de dar
detalhes sobre
seu novo
livro
Cabeludo
e
<fã
de rock 'n'roll,
CláudioJúlio Tognolli
é formado emJornalismo,
com mestrado em Psicanálise daComunicação
e doutorado em Filosofia das Ciências.Escritor,
jornalista
eprofessor
da Escola deComunicação
e Artes da USPe das Faculdades
Integradas
AlcântaraMachado,
também é membro doInternationalConsortiumof
Investigative
Journalism (lCI})
e ocupa cadeira na diretoria daAssociação
Brasileira deJornalismo
Investigativo
(Abraji).
Orepórter,
quejá
passoupelas redações
deFolha de S.
Paulo,
Galileu eVeja,
RádiosCBN,
Jovem Pan eEldorado, orgulha
se dealgumas
proezas: ter se infiltrado empaíses,
torcidasorganizadas
e seitasreligiosas,
haver vivido os ensinamentosbíblicos ao
pé
da letrapor dois meses eteradoecido
propositalmente
para testaro sistema de saúde cubano
-para
depois
ser descoberto eexpulso
da ilha.Na carreira de
escritor,
destaque
paraO Século do
Crime,
escrito emparceria
comJosé
ArbexJúnior
e vencedor do PrêmioJabuti
deLiteraturanacategoria
reportagem, e a
biografia
do músicoLobão,
50 Anos aMil,
que está sendoadaptada
paraos cinemas. Em passagem porFlorianópolis
paraparticipar
do 10Seminário
Brasil-Argentina
dePesquisa
eInvestigação
emJornalismo, Tognolli
conversou com oZERO.Comovocêvêocenário atual do
Jornalismo,
em que orepórter prefere
ficar naredação,
apu rando matérias nocomputador,
em vez de ir pararuaatrás depessoas?
Euachofundamentalquesesente,sim,nafrente da
internete quese
fique
com abunda ali porhoras.Mas isso é apenas um trabalho de
preparação.
Euachoótimo que
nós,
jornalistas,
possamosfazerissohoje.
Eulembro quequando
eucomeceinaprofissão,
aspessoasnospassavaminformações
desatualizadas,
e agentenãotinhaumbanco de dados onlineparapoder
checaravalidadedaquilo.
Achoótimo queaspessoaspassem horas nafrente do
computador
antesdesairpara apurar
algo.
Até porque, tendoesseuniversobelíssimoque éainternet à
disposição,
elaspodem
saberoqueangular
diferentementeemuma história. Eu não saio para fazer nenhumagrande
reportagemsemficar horasnainternet.Até paraeu saber sobre umahistória banal de umpersonagem
quetodo mundo conheceedescobriroqueaindanão
seperguntou.A internetéum
grande
filtropara ojornalista,
umsuper-egoparaagentemelhorarnos sotrabalho.Talvez por
preguiça
ou até por sofrer intimidação,
ojornalista
deixa de apurar e passa aexercer o
jornalismo
declaratório. Como você analisaessasituação?
o Brasiléo
país
em que maisseprocessajornalis
tas.Estima-se que
haja
cincomilprocessados hoje,
algo
comoR$
60 milhões deindenização.
Por isso,os
departamentos
jurídicos
têmtomado cuidado denãodeixar sair reportagens com
juízo
de valor dorepórter.
Eu achoquenojornalismo
acusatório,
deinvestigação,
oprofissional
temquetrazerprovas. Sealguém
estáacusando,
elenãotemquetransformar afrase dapessoaemparáfrase,
eletemqueencher deaspas, sim. Oautor temquetomartodososcuidados
pra nãoinvalidar o
próprio
trabalho. Eu acho queo
jornalismo
investigativo
nãorequermuitaperícia
conceitualnosentido de descrever
fenômenos,
elerequer
objetividade
ealguma
friezapara construir-um cenário. Você só está narrandoestecenário,
nãotemqueseincluirnanarrativa. O
repórter,
principalmen
teno
jornalismo literário,
sesentemaisimportante
queofato,
e ojornalismo
investigativo
temquejogar
tudoissofora.
Falandoemprocessos,ementrevista paraare-'
vista Caros
Amigos
no fim dos anos1990,
vocêfoi
apontado
como ojornalista
maisprocessado
do Brasil.Maisde dezanos
depois,
comoestáasituação
hoje?
Eu
já
tiveuns140processos. Noanopassado,
euganhei doismuito
importantes.
E agora, atéopresente momento, estou sem nenhum. Os processos contrajornalistas
no Brasil aumentaram quase 500% nos últimos dois anos, enquanto apenas 10% dos 380procuradores
darepública
estão sendoprocessados
pelas
mesmaspessoasqueabremações
contrajorna
listas.Eutenho saudades daLeide
Imprensa, pois
ela deixavanosprocessaremapenasaté doisanosdepois
dapublicação
damatéria,
pedindo
nomáximo 200salários mínimos de
indenização.
Agora,
quando
nos processam, fazemusodoCódigo
Civil,
epodem
nosprocessar até 20anos
após
apublicação,
e semtetoderessarcimento. Ou
seja,
pedem-se
milhões!Qual
éolimite dainvestigação jornalística
edainvestigação policial?
O
jornalista
investigativo
deve usar o documentoproduzido pelas
autoridadescomopontodepartida,
enãocomopontodechegada.
Vocêusaaquilo
parair atrásde
indícios,
pega noinquérito informações
como
endereços
etelefones,
e constrói a narrativa. Masnemsempreissoépossível.
Comasescutasquea
polícia
temfeito,
ojornalista
estácadavezmaisperdendo
elementospracompetir
com essaperícia.
Entãoeuacho queo
repórter
nãoémaisuminvestigador,
éumreinvestigador.
Euachoqueopapel
dele comoinvestigador
estálimitado face ànovatecnologia
judicial.
Frequentemente
agentevênotíciassobreoperações
do Ministério Públicoedapolícia. Puxando
paraum caso em que vocêseenvolveu,
temosa
operação
Satiagraha (Tognolli
escreveu umamatéria paraarevistaeletrôni caConsultor
Jurídico
com uma lista de 25repórteres persegui
dospelo delegado Protógenes
Queiroz,
que acreditava que eles haviam sidocomprados
pelo banqueiro
DanielDantas).
Você acha que esse aumentonas
ações
dopoder público
está tirando dojornalismo
opapel
dequarto
poder?
Não,euachoqueéocontrário.No
casodo
Protógenes,
oSuperior
Tribunalde
Justiça
(S1J)
absolveuobanqueiro
DanielDantas.Acho que quemdeve
explicações
agora é odelegado.
Estoulançando
em ummêsolivroGolpe
Absixo daCintura,quemostracomoespiões
italianosvieramaoBrasil distribuir120milhões deeuros em
corrupção
parafulminaro Daniel Dantas.Hoje
emdia,
com esselegalismo
dizendoqueeleéodemônio,
eu quero dizerocontrário: o
Protógenes
éque éodemônio,
eéoqueeu vouprovar.Você
já
tevealgum
contatocom odelegado
Protógenes
Queiroz?
Nunca tive nenhum contato. A únicacoisa que eu
gostaria
é que eleexplicasse
seuimposto
derenda,
que.não
estáexplicado.
Uma frasemefoi ensinadapelo
meuadvogado: perdoa-se
opecador,
masjamais
opregador.
OS1J
perdoou
osupostopecador
DanielDantas.
Quero
verquem vaiperdoar
opregador
Protógenes.
Há umainvestigação
naprocuradoria
de Milãoquechegou
aoBrasilagoramostrando que havia interesses
privados
italianoscorrompendo
autoridades brasileiras.Eu querover seisso
chega
neleounão. Se
chegar,
azardele.Se nãochegar, parabéns.
Dequalquer forma,
ele deveexplicações
sobreoimposto
derenda,
porque quem acusa,temtelhado de vidro.RodolfoConceição
rodolfohgc@gmail.com
Colaboração:LucasPasqual
Fotos:CarolinaDantas
•
m
z
-t
:xl
m
<
-en
-t
»
Processos
"Tenho saudades
da Lei de
Imprensa,
ela
deixava
nos
processa
rem
apenas até dois
anos
depois
da
publicação
4
julho
2011
I
ZERO
•Apesar
de
afetar quase
1
%
da
população
mundial,
muitas
pessoas que
sofrem
com
os
sintomas
desconhecem
a
doença.
. "Adeus
ao
pãozinho
branco
o número
de
pessoas que
não
podem
ingerir
alimentos
com
glúten,
os
celíacos,
pode
chegar
a
dois
milhões
no
Brasil
Parece
que,acadaanoquepassa,mais pessoas
'§
declaram guerra ao
glúten.
Observamos co-.�
nhecidos, amigos
efamiliares descobriremque ;:!<§
a
proteína
presentenotrigo,
nacevada,
no centeio�
e na aveia é acausadeseus
principais
problemas,
o'C comodiarreia
crônica, prisão
de ventre,inchaço
no 'g,lS
abdômen, flatulência,
doresabdominais,
perda
depeso, cansaçoe
indisposição.
Essessão sintomas da
doença celíaca,
que afetao intestino
delgado
de pessoasgeneticamente
predispostas.
Aenfermidade semanifestaporcausadaingestão
deglúten
eexige
umadietasem aproteína
paraorestoda vida.
NosEstados
Unidos,
os casosquadruplicaram
nos últimos 50anos etendemaaumentar, de acordocominformações
do CeliacDisease CenterdaUniversida de deChicago.
A estimativaédeque,atualmente,
três milhões de norte-americanossejam celíacos,
oquerepresenta1%da
população
saudável dopaís.
Noen tanto,97%deles aindanãoforamdiagnosticados.
NoBrasil,
asituação
parecenãosermuitodiferente.A
Federação
Nacional dasAssociações
de Celíacos do Brasil(Fenacelbra)
baseia-senaestimativamun dial deque 1%dapopulação
doplaneta
seja
celíaca.Deacordocom esse
percentual,
onúmerode doentes nopaís pode chegar
a dois milhões. Oproblema
é queaqui,
assim como nos EstadosUnidos,
amaio riadessaspessoas nãosabequeoglúten pode
ser uminimigo
da saúde.Recentemente ficouumpouco maisfácil fazero
testeda
doença
celíaca.Oexameantitransglutamina-se,
importante
paraaavaliação
inicial dospacientes,
foidisponibilizado
naredepública
de saúdeem2009.Masa
abrangência
ainda é restrita paraamaioriada
população.
Em fevereiro desteano, ele foi realizadoatravésdo Sistema
Único
de Saúdeemapenas53
municípios brasileiros,
de acordocom orelatório deprodução
ambulatorial doSUS. Isso indicaque, se o acesso ao exame formaiornospróximos
anos,poderá
aumentaraindamaisos casoscomprovados
dadoença.
Iceberg
A
figura
de umiceberg
é comumente utilizadaparamostrar oquanto arealidade da
doença pode
sercomplexa.
DeacordocomStefano
Guandalini,
diretor doCeliacDisease Center,o
pico
fora daágua
representaaqueles
que possuem sintomas. Essas pessoas tambémapresentamtrês fatoresessenciaisparaa
carac-1
...,... JntestlnaldanificadoSemdal'lo
Int:6tinal
SusccIIIMIo<I&d.o!I"""tlu:HLI..DQ.2.04l&
�fI'OiIoiliU(TT(1I
terização
dadoença:
lesõesna mucosadointestinodelgado,
umataxaelevada deanticorpos
antítransglutaminase
egenesassociadosàdoença.
Logo
abaixo da linha d'água
estáarepresentação
de doentesque nãoapresentamouapresentamsintomasmínimose, porisso,sãochamados de "celíacos
silenciosos",
que aqualquer
momentopodem
virasentiras
consequências
deingerir
glúten.
Abase indicapessoas
geneticamente
predispostas
e que apresentam uma elevada taxa deanticorpos
antitransglutaminase,
mas não possuem danos aointestino
delgado
e nem sintomas. São os celíacos"latentes" ou "em
potencial".
Aciência ainda nãosabe
responder
se esses indivíduosprecisam seguir
umadietasemglúten
paraorestoda vida.Sensibilidadeao
glúten
Muitaspessoas sofremosefeitos
negativos
daingestão
deglúten,
masnãoapresentamosfatores bási cosparaacaracterização
dadoença
celíaca.Porisso,ossintomas
geralmente
sãoexplicados
como sendodecausa
psicológica.
Porém,
hápesquisadores
quenão pensam assim.
O Centrode
Doença
Celíacapublicou
umrelatórioemoutubro de2010que informa haver evidências de
queasensibilidadeao
glúten
é,
defato,
umadoença.
Entretanto,ainda é
preciso
aprofundar
oestudoparaqueseentendamelhorcomo o
glúten
induza umaresposta
negativa
doorganismo
epara quesepossaaperfeiçoar
odiagnóstico
e otratamento.AnutricionistafuncionalAnaCarolina de
Abreu,
de
Florianópolis,
segueessalinha depensamento. "É fato que opercentual
de enfermostem aumentadosignificativamente.
O que nãosesabeéseissoocorreporfalta de
diagnóstico
oupelo
estilo de vida moder no.Naminhaopinião,
osdois fatores devemsercon-.,
siderados." Ela chama
atenção
para oshábitos alimentares da atualidade: "além do aumento no consumo deprodutos
feitoscomfarinha detrigo,
aquantidade
deglúten
presente nos alimentoshojeé
maior,inclusivenaprópria
farinha".Sempassar fome
Asalternativas para pessoas com dieta restrita vêm aumentando nas
prateleiras
dossupermercados
e em estabelecimentos comerciais. Só em2010, o mercado de alimentos sem
glúten
cresceu35%noBrasil,
de acordocom aorganização
doeventoGlutenFreeSãoPaulo.NosEstadosUnidos,
ocrescimentofoi de 30%entre 2006e2010,segundo
pesquisa
dopackaged
Facts. Estima-sequeasvendas desses
produtos
tenham movimentado2,6
bilhões de dólaresem 2010equecheguem
acincobilhõesem2015.
O site
acelbra-sc.org.br,
daAssociação
dos CelíacosdeSanta Catarina
(Acelbra-SC),
sugereestabelecimentos quecontêm
opções
livres deglúten.
SóemFlorianópolis,
são24cadastrados,
entresupermercados,
lojas
deprodutos
naturais,bares,
restaurantese
pizzarias.
Há muitoslocais que aindanão fazemparteda
lista,
mastambém oferecemprodutos
com essediferencial,
como acafeteria deSoraya
Gonçal
vesSiqueira,
localizadano campusda Trindade da Universidade Federal deSantaCatarina.Aadministradoracomeçou asentiros sintomas
da
doença
celíacaapós
umacirurgia
de hérnia de hiatoemmaiode 2007.Cincomesesdepois,
foidíag
nosticada com adoença.
Comoconsequência
daspróprias
restrições
alimentares,
acabou inovandoem seunegócio
aocriaropções
livres deglúten.
Atual mente, oferecesanduíches,
trêstipos
debolo, pão
dequeijo,
brigadeiro
equindins.
Obolo decenoura com
açúcar
mascavoéareceitamais
popular,
feitacomfarinhasemglúten,
fari nha dearroz efécula de batatacomo substitutosda farinha detrigo.
"Muitos clientesnemnotamadiferença. Obolo acabaem umamanhã".Assim,
Soraya
prova que é
possível
seadaptar
àdieta limitada, "Seeuficar
esperando
pela
cura, nãovouviver.É preciso
conviver,
explorar,
brincarcom as receitas. Eprin
cipalmente
mostrarpara quem não écelíaco que a comidasemglúten
tambémpode
sermuitogostosa."
IsisMartins Dassow
isismd@gmail.com
Na cafeteria de
Soraya,
obolo de cenoura sem
glú
ten faz sucesso até entre
ZERO
I
julho
2011
5
Alternativas
Para tentar ao menos diminuir o
problema
deevasão, as
coordenações
dos cursos da área começaram a tomar
algumas
medidas. Em Ciências daComputação,
porexemplo,
acoordenação
estápro curando desenvolvercampanhas
dedivulgação
maiseficientes do curso,
especialmente
atravésdaweb,
e incentivandoavisitação
deturmaseestudantes queestãose
preparando
paraovestibularàestruturadocurso.Para
gerenciar
oalto índice dereprovação
dealgumas disciplinas,
em Sistemas deInformação,
procura-se recorrer a monitores para um melhoracompanhamento
damatéria.O secretário
municipal
de CiênciaeTecnologia,
Carlos Roberto de
Rolt,
afirmaqueaprefeitura
também
já
estátomandoalgumas
medidas para resolver aquestão
da falta demãode obra.Aideia éatingir
jovens,
especialmente
osde escolasmunicipais,
pro movendoo contatodos estudàntescom alta tecnologia
e,dessaforma,
fazercom quemais pessoasseinteressem
pela
área.Seasmedidas deremresultado,
talvez
seja
possível
ocupar as cerca de 2400 vagas que devem ser criadas nospróximos
quatro anos, além dos 5500empregosdiretosgerados hoje.
Assim,asempresas deTIC
podem
continuarcrescendoemtomo de20% a30%como nosúltimos dez anos,e
Florianópolis poderá
firmarotítulo de Vale do Silício da América do Sul.•
Sobram
empregos
em
Tecnologia
da
Informação
Setor
cresce
na
capital
catarinense,
mas
falta
mão de obra
qualificada
para
sustentar
o
aumento
da demanda
Florianópolis
anos como umtemgrande
sido lembradacentrode excelêncianos últimosemsoluções tecnológicas
para o Brasile exterior, inclusive sendo chamadaporveículos como aBBC(Reino Unido)
e oCorrieredellaSera(Itália),
como umpossível
Vale do SilícionaAmérica do Sul.Nãoà toa,
já
queacidade,
contahoje
commaisde 550empreendimentos
somentenosetordeTecnologia
daInformação
eComunicação
(TIC),
e acadaanosãoabertas,
emmédia,
entre30e40novascompanhias
no ramo. Oproblema
paraestasempresas nãocostumaser o
mercado,
quevemcrescendo consideravelmente,
com aumento,segundo
a PrefeituraMunicipal
deFlorianópolis,
de 50%nofaturamento de2010em
relação
ao anoanterior,chegando
aR$
604 milhõescomsoftwareseserviços.
Aprincipal
dificul dade atualmente éafalta demãode obraqualificada
paraatuarnosetor.
O estudo
"Mapeamento
de Recursos Humanose Cursos do Setor de
Tecnologia
daInformação
eComunicação",
desenvolvidopela
Associação
Catarinense de
Empresas
deTecnologia
(Acate)
epela
Secretaria
Municipal
deCiência,
Tecnologia
e Desenvolvimento Econômico Sustentável
(SMCTDES)
indicaque,somenteem
Florianópolis,
2010encerrou compelo
menos560
vagasemaberto.Para2011es pera-seacontratação
demaisde 1500profissionais,
entredesenvolvedoreseanalistas.
Esteéumdos motivosque fazcom queCamila
Brito,de22 anos,
queira
permanecernacapital
catarinense. Camilaveiode Belém
(PA),
e seformouem
Engenharia
daComputação
em2010noInstitutode Estudos
Superiores
daAmazônia,
sendoumadas trêsmulheres daturmade 35 pessoas.Estáfazendo mestradoemEngenharia
eControle deSistemas naUFSC."Euvimpara
Florianópolis
porcausadomestrado.
Quando cheguei,
vi queosetordeTIC éforte.Por isso, estou me
aperfeiçoando
epretendo
ficaraqui
pormaistempo."
Omestradona
área,
apesar deser umdiferencial,
não é necessário para
ingressar
no setor.Segundo
Moacir
Marafon, vice-presidente
daAcate ecoordenador domapeamentoderecursos
humanos,
"asem presasnecessitamdeequipes
multidisciplinares.
Portanto, são contratadas pessoas de diferentes
níveis,
desde
estudantes,
técnicos atégraduados".
Oestudo tambémrevelouqueasfunções
maisrequisitadas
são de analistaeprojetista,
programador
ecoordenador,
nestaordem.
Porém,
diferentemente doquesepensa, ahabilidademaisrequisitada
pelo
setoréoconhecimentoda
língua inglesa, seguido
dametodologia
de desenvolvimentoedalinguagem
SQL
(código
padrão
para
operações
combanco dedados).
Cursos
Superiores
O número de
profissionais
de TICcapacitados
através decursos como os de
Engenharia,
Ciênciasde
Computação
e Sistemas daInformação precisa
aumentar70%emquatroanospara
acompanhar
ocrescimentodas empresasna
grande Florianópolis.
Aquantidade
devagasdestescursos naregião,
porém,
caiude 958em2009para890em2010e2011. Nem
a
remuneração
elevada no setorparececonseguir
manter os estudantes na
graduação.
Mesmo com médiasalarial,
segundo
dados doInstituteBrasilei rodeGeografia
eEstatística(IBGE),
emtornodeR$
2.025,18,contra
R$
937,48
das atividadesindustriais,
comerciaisede
serviços,
aevasão- desistência dosalunosantesda conclusão docurso,
chega
a75%nasinstituições
particulares
daregião,
de acordocom omapeamento.Noscursosde Ciências da
Computação
eSistemas de
Informação
daUFSC,ondeentram50alunosporsemestre,amédia de
graduados
porano(desde 2005)
éde48e51respectivamente.
Vitório
Mazzola,
coordenador do curso de Ciênciasda
Computação
naUFSC,afirmaque aevasãoestá
preocupando
auniversidade,
masquepartedelaé
compensada
comações
comotransferênciasinternas eexternas de
estudantes,
e novas chamadas do vestibular.Oprincipal
motivoparaestasituação,
segundo
Mazzola,
é queoaluno nãosabemuitobemoque veiofazere oque vaienfrentarno curso.Leandro
Komosinski,
coordenador dagraduação
emSistemas deInformação,
concorda."Alguns
alunos pensamqueo
objetivo
docursoéensinara usarprogramas decomputador quando,
naverdade,
oobjetivo,
simplificando,
é ensinaraconceber, projetar,
construire administrarprogramasdecomputador".
Komosinski também afirmaqueaevasãonos cursosdaáreatecnológica
étradicionalmente alta porcausado des preparo para raciocíniológico-matemático,
muitoexigido
naárea.Outro incentivo à desistência seria a
própria
alta necessidade demãode obrano
mercado,
oqueacarretaemmuitasofertas de
estágios
para alunos desdeosegundo
eterceirosemestre,comvalores quevariam,em
média,
deR$
500 aR$
1600. "O aluno é atraídomuitocedo paraomercado detrabalho,
e conciliaroempregoe osestudossetomacomplica
do.Dessa
forma,
adesistênciaocorregradativamen
te",afirma Mazzola.
Apesar
disso,
acoordenadoria do curso de Ciências daComputação
sóregula estágios
feitosapartir
doquartoperíodo.
Oscoordenadores também acreditam queosestá
gios
influenciamindiretamente,
pois
como aprofis
são nãoé
regulamentada,
umavezaprendido
obásico,em
aproximadamente
doisanos,alguns
alunosoptampor
já
atuaremefetivamentenomercado.Sérgio
Ricardo Simãozinhocomeçou Ciências da
Compu-
..--IIIIIIIl:;.---...
----,
tação,
mas "o curso não erabemcomo
imaginava".
Conseguiu
transferência paraSistemas de
Informação,
ehoje,
na quartafase,
fazestágio
como monitor naprópria
UFSC. Nopróximo
semestre,
porém,
pretende
estagiar
emalguma
empresa externa. Nãopretende
deixarocurso, mas consideraimpor
tante uma
experiência
profissional
fora da universidade.Região formada pordiversas cidades
daCalifórnia(EUA),onde estãoasprincipais
empresas, investidoresepesquisadoresdo
setor de tecnologia.A HP foi aprimeira
companhiafundada naregião, em 1939.
Depoisdela vieramApple,em1976, Yahoo, em 1994, Google, eBay, Facebook, entre outras.Algumasdelas, apesar de nãote
remsidocriadasnaregião,transferemsua
sede para lá porcausados contatosede
programas que auxiliamodesenvoMmen
todosnegócios. Hoje,oVale do Silício é
consideradooberçodatecnologiaeditaas
tendências mundiais da área.
Laís Mezzari
laismezzari@gmail.com Colaboração:WesleyKlimpel
TEMOS
6
julho
2011
I
ZERO
•e
utaçã
Especialistas
trabalham para
gerir
imagem
de
empresas
na
internet
z
a:
w
I
Z
Empreendedorismo
2.0
Mídias
sociais
geram
oportunidades
para
profissionais
da Web
Na
época
emquea
primeira
redesocial(sixde
grees.com)
foilançada,
em1997,os usuárioscriavam
perfis
eseconectavamuns aosoutrosapenas por diversãoeentretenimento.Poucos
imagi
navamqueumdiaasmídiassociais seriamocentro
das
atenções
nainternet.Cadadiaaumentaonúme rodeinstituições
que buscamessasferramentasparaconquistar
efidelizar clientes. Essetipo
desite, queantes servia apenasao
lazer,
agora é agalinha
dos ovosdeourodospublicitários.
As
estratégias
demarketing
digital
passaram a fazerpartedaspautasdegrandes
empresasdosmaisvariadossetores.A Levi's criouum
provador
derou pasonline;
emaplicativos
dastintasCoraleSuvinilé
possível
experimentar
ascores emfotos doscômodos dasua casa
-eestessão apenas 2
exemplos
entremilhares deoutros. Masamaneira maiseficiente de
chegar
aoconsumidorwebé,
semdúvida,
estarpre sentenasredessociais.JoãoVictorQueirozGarcia
Reputação
onlineParaestar presente nas redes sociais não basta
terum
perfil
noFacebooke umacontanoTWitter.Épreciso
manter estaspáginas
atualizadasecriarum relacionamentodigital
com o cliente. E paraconstruirefortaleceraimagemdasempresasnainternet
surgiram
asagências digitais, especializadas
empro duzirconteúdopara awebealimentar redessociaiseblogues.
"Seé paraterperfil
emredessociaistemquemarcarpresença
nelas,
atuar,gerarrelacionamento",
afirmaGustavoAlves,
sóciodaImppar Comunicação
ePesquisa,
agência
dePortoAlegre
focadaem assessoriade
imprensa
onlineeoffline,
relações públicas
nomeio
digital
epesquisas.Conformeanecessidadefoi
surgindo,
asagências
tambémcomeçaram a aparecer no mercado.Antesdecriar a
Imppar
com umaex-colega
do curso deJornalismo,
Gustavo Alvestrabalhoucomassessoriade
imprensa
e emalguns
veículos online.Mesmocomosriscos
envolvidos,
os doisnãohesitaramquando
surgiu
aoportunidade
de trabalhar nestenovo mer cado.As
agências
criamefiltram conteúdosparablog
eredessociaisinteressantespara ocliente,
alémdefazer
pesquisas
periódicas
para mensurar e avaliar aimagem
institucionalnos meiosdigitais.
Inovaresercriativona
produção
desses conteúdos éessencial!
etodaa
criação
delinhaseditoriais, promoções,
co berturaseprodução
devídeos também fazparte doexpertise
destasempresas.Apesar
deasagências
ofereceremtrabalho espe cializado, não é tão fácilganhar
dinheirocomisso.Muitas
companhias preferem
manterestagiários
oupessoas
inexperientes
paratomar contado relacionamento
digital.
É
difícilconvencê-las de que umaagência
oualguém
comcertaexperiência
noassuntoé
importante.
Estarounãoestarnasredessociais
já
não éumaescolhaparaos
empresários.
Asmarcasestãonas re dessociais,seja
com seuspróprios perfis,
seja
em comentários,
debatesecríticas. Ogaúcho
GustavoAlves destacaque é"muitoperigoso
estarnasredessociais,masé muito mais
perigoso
nãoestarlá paramonitorar eassumirum
papel
demediador".Pesquisas
de2009 apontavamquecercade86% dascompanhias
norte-americanas tinhamblog
econtas no TWitter, Facebook ouYouTube e que um comentário
negativo
na internetpodia
custar àempresaaté30clientes. Para2011,as
expectativas
mostramconsumidoresutilizando cadavezmaisas redesparafazer
reclamações'
eempresasprestando
mais
atenção
nocomportamentodo cliente onlineepercebendo
anecessidadederespostascadavezmaisrápidas.
Escola detweets
A
qualificação
paratrabalhar nainternetaindapode
ser umpoucocara(um
cursodemestradonestaárea
pode
custarmaisdeR$30.000),
mas se astendênciasse
confirmarem,
vai valer a pena. VanessaAguiar, coordenadora acadêmica de uma empresa
especializada
emcapacitação
e treinamentoem comunicação
e novasmídias,
diz queaprocurapelos
cursosaumentatodososdias.Opúblico
vaidesdees tudantes universitáriosaempresários
comcarreirasconsolidadasembusca de
compreender
melhoressanovamaneiradeserelacionarcomoconsumidor.
Paraasempresas,asredessociaissãoumaferra
mentafácilparaserelacionarcomo
cliente, pesqui
sar aopinião
deleeaprimorar
aimagem
damarcade acordocomisso. Vanessaacreditaque não existeuma fórmulamágica
paraatingir
esseobjetivo.
Deve-sedar
atenção
aoconsumidor,
falarsempreaverdadeemantero
produto
bom- operfil
nasredessociaisdeve ser umreflexo realista da marca.De acordo com Vanessa, a
avaliação
do retornoobtidocom asredessociaisdeveserfeitacombaseem indicadoresreaiscomometas,númerode
seguidores,
quantidade
decomentáriospositivos
enegativos,
visi-tação
dapágina,
número depáginas
visitadasdentrodositeou
blog,
eissodeveserlevadoemconsideração
paramodificaroumanteras
políticas
decomunicação
online.Gustavovaiaindamaislonge
edizqueoretornoemredes sociais nãovem emformadefatu ramento,masna
qualidade
de relacionamento. "Esse trabalhotodo édeestreitamentocom ocliente,
de daraquele
carinhoamais",defendeojornalista.
Ganhar dinheiroem140caracteresnãoétãofácilquantoparece,
exige
dedicação, qualificação
eplane
jamento
comoqualquer
outracarreira,maspode
sermuito maisdivertido. Caso você não
esteja
disposto
aesperartantoougastardinheirocomcursos, sites
oferecem "kits de rendaextra" para
ganhar
dinheiromesmoenquanto dormee o
computador
estádesligado.
Enquanto
abolha2.0 nãoestoura,quemsonha emganhar
riosde dinheirocomalguns cliques
aindatemmilhares de idéiasa
explorar.
JulianaGeller
Zl.RO
I
julho
2011
7
Web
não
governamental
ONGs
acompanham
avanço
tecnológico
e
acham
uma nova
aliada
Durante
as 24 horas que passa na internet
todosos
dias,
Pedro Oliveira dedica tempo para o trabalho voluntário. Opublicitário
paulistano
divulga
noFacebooke no1\vittervídeos,
imagens
einformações
sobre a organização nãogovernamental
naqual
participa,
a Um Teto ParaMeuPaís. Eleeoutros
apoiadores
dainstituição
sãoexemplos
de umatendência quefuncionou muito bemem outrospaíses
eque,aospoucos, começa aaparecernoBrasil:o usode redessociaisemONGs.
A
organização
que Pedro Oliveiraapoia
-especializada
naconstrução
de moradias parapessoas
pobres
- estápresente em várias redes
sociais para, entre outros motivos, promover o
contato e o
diálogo
entre os voluntários. "Achoque, de maneira não
intencional,
a Um Tetonos incentiva a permanecer em contato, o mais
próximos
emotivadospossível.
Postamosnasmídiassociais porque queremos e gostamos."
Segundo
opublicitário,
osintegrantes
dainstituição
costumampublicar
notícias,
vídeos,
fotos dascampanhas
dearrecadação,
além demensagensdeagradecimento
e estímulo para aequipe.
Além de reunir quem conhece a UmTeto,
essas ferramentas onlinetambématraemmais pessoas paracolaborarcom a
ONG."Eu conheciao
trabalho,
a causa eosvaloresda
organização
antes, mas aforça
que me atraiu paradentro foiainternet. Comacessoa essasredes eupude
meaprofundar
mais.Alivocê vêrealmente comoéexatamenteotrabalho deles."Além de atrair novos voluntários e reunir os
atuais, as mídias sociais são um instrumento de
disseminação
dos ideais da instituição.Segundo
AnaMaria Pereira, diretoraexecutivado Instituto
Voluntários em
Ação
eentusiasta do usodenovastecnologias
no terceiro setor, essa é uma dasprincipais
diferenças
no uso dessetipo
de siteentre
organizações
privadas
edoterceirosetor."Asempresas utilizam as redes sociais para
divulgar
um
produto,
para quetenhamsucessonasvendas.As ONGs utilizam esses sites para
divulgar
umacausa, para queela tenhasempre mais
apoiadores
e
adeptos".
Com a
possibilidade
de disseminar ideias econseguir
adeptos, algumas
ONGs catarinensescomeçamainvestirnas
possibilidades geradas
pelas
novas mídias.
É
o caso do Instituto ComunitárioGrande
Florianópolis
(ICom).
Criado em 2005,trabalha com
apoio
financeiro e técnico a outrasinstituições. "As novas mídias tem sido avaliadas comonovasferramentasdeinteraçãocom o
público.
Hoje estamosno1\vitter, temosum
blog
e umsite. Alémdisso,
postamosapresentações
de slides e vídeos. Nosegundo
semestre de 2011 queremoscriar uma
página
noFacebook",
diz PatríciaArruda,
consultora decomunicaçãoeco-fundadoradoICom. Otrabalhocom asredessociais começou
no início de 2011 e começa a dar resultados.
"Quando
tuitamosumlinkparaumaapresentação
postada
noSlideshare ou umvídeo noYoutube,
onúmero deacessos sobe bastante. Isso mostraque
há pessoas nos observando e nos
seguindo".
Osgestoresda
instituição
queremexpandir
apresença nainternet,maspreferem
sercautelosos."Estamos desenvolvendo nossaparticipação
nestes meiosdeacordocom nossa
capacidade
de atuarneles. Nãobastaapenas estarnarede.
É
necessário criarumaestratégia
de conteúdoemensurar osresultados."Algumas
ONGs com mais tempo deatuação
JoãoVictorQueirozGarcia
online começam a ter bons resultados offline. No
casodaUm Teto Para Meu
País,
awebacompanhou
odesenvolvimentoda
instituição
noBrasil.Em2006,
quando
a Um Teto foicriada,
o site erasimples
e semestratégia
dedivulgação.
Hoje,
aorganização
conta com um núcleo exclusivo para administrar
iniciativas na área.
"Começamos
a trabalharcom essas ferramentas em 2009. Criamos uma comunidadenoOrkutparadiscutirasconstruções de casas.
Depois,
criamos uma conta no Twitter, no Facebook e um canal de vídeos no Youtube",
descreve
Julio
Lima, voluntário e coordenador deprojetos
webemultimídia.Hoje,
essas novasmídiassão as
principais
conexões entre aadministração
e os voluntários. "Com
ajuda
das redes sociaisonline,
mantemos contato com nossosvoluntários,
prestamos conta para nossos
patroõinadores
edivulgamos
nossa causa. Asexperiências
que dãocertosão
compartilhadas
com osoutrosescritóriospela
AméricaLatina- recebemoseenviamos muitomaterialinteressante."
Uma
experiência
recente feitapela
ONG nas mídiassociaisfoia"Grande Coleta2011":campanha
feitapara viabilizarnovas
construções.
Noperfil
daorganização
criadonoFacebook,
internautaspediam
informações
sobreainiciativa epostavam fotos dos60 pontos de coleta de dinheiro
-as
"esquinas".
Todos estes pontos foram marcadosnarede socialFoursquare,
para que quem estivessepróximo
pudesse
identificarolocalefazerumacontribuição.
Vídeos promocionais, mostrando o trabalho degrupos de voluntários na rua, eram
postados
noYoutubee
divulgados
no1\vitter. No final dodia,
aorganização
postouoresultado-R$
75 mil-e231 pessoas "curtiram" isso. "Criamos um evento no Facebookparaa
esquina
queeu erachefe.Também tinhamosuma"arrecadação
online"nosite Vakinha\"
\
I) I,
ffD
Ir-(_
- não coletamosmuito
pelo
pouco tempo quetivemos",
avaliaovoluntárioPedro Oliveira. ProfissionaisA
disseminação
dos ideais das ONGs no espaço virtual éimportante,
masdeveserfeitacomcuidados eresponsabilidade.
Osprofissionais
quelidamcom essetipo
de ferramenta devem ter características comoproatividade,
facilidade decomunicação,
boaredação
eafinidade com as novastecnologias,
além de acreditar nos ideais dainstituição.
ParaAna MariaPereira,alémdo
comprometimento
coma causa da
instituição,
a pessoa que lida com as redes sociais deve atuar como umespecialista.
"Oprofissionalismo
nautilização
dessas ferramentas online deveestarpresenteemtodasasáreas-com o
terceirosetor,nãoédiferente."
Como
algumas
mídias sociaispermitem
acriação gratuita
deperfis,
asinstituições
não as levammuitoasério. "Certas ONGs pensam queesseéuminvestimento 'barato'. Posso
garantir
que nãoé - envolve bastante
tempo e
dedicação",
afirmaLima.Ele acreditaqueapresençanessessites nãoé
obrigatória,
masdeveserbempensada pelos
gestores."É preciso
ver serealmente existe anecessidadede umaestratégia
maiornaweb,
definir conteúdos epúblicos.
Rede socialnão é sóautopromoção
- devehaver conteúdo relacionadocom a causa.Nãobasta
terumacontanaredesocial:é necessário
integrar
asações
onlineeoffline."DiegoCardoso diego.kardoso@gmail.com