ANO
XXVIII,
NÚMERO
7
-CURSO
DE JORNALISMO DA
UFSC
-FLORIANÓPOLIS,
DEZEMBRO
DE 2010
Aterro gera
polêmica
ambiental
Indícios
de
poluição
hídrica
na
Reserva
do Arvoredo
provocam
suspeitas
sobre
o
tratamento do lixo
Impasses
sobrearegulamentação
e tratamento do lixo no aterro
sanitário
deBiguaçu
podem
serresponsáveis
pela
contaminação
da
Reserva
Biológica
Marinha
do Arvoredo.
Empreendimento
responde
a processo najustiça
pela operação
oríade
daPolícia
Federal,
deflagrada
em2008,
aqual
instaurouinquérito
paraapurar
um esquema de
quadrilha
naconcessão
delicenças
ambientais
a
grandes
estabelecimentos.
Entre
outrassuspeitas,
há indícios
de
manuseioinadequado
do
lixo
hospitalar
eda
liberação
de
chorumenão
tratado norio
Inferninho,
que tem fozpróxima
a
Governador
CelsoRamos.
Estudo
deImpacto
Ambiental(ElA)
realizado
por uma consultoria aoresort
Ouinta dos
Ganchos,
que
será construído
próximo
aoaterro,
indicou
poluição
hídrica,
inclusive
a
presença
de metaispesados
emconcentração
elevadana baciado
Inferninho.
página9
Legalização
da
maconha é defendida
por
cientistas
de
peso
Estudo analisa a literatura
científica
sobreoassuntoe
concluí,
aproibição
é mais
prejudicial
para a sociedade do que o consumo individual. Pelaprimeira
vez, cientistas brasileiros de renomesedizempró-legalização,
página17
p'iiJlliFRA.;����
�f
ComportamentO
�
Crossdress
reúne
,tmais
de 400
praticantes
no
Brasil
De vestido
comportado,
unhaspin
tadas,
cabelo cortado ao estilo Cha nel e muitasimpatia,
o cartunista Laerte Coutinho revela que há doisanos
pratica
cross-dress,
hábito
de homens heterossexuais quegostam
de se vestir de mulher. Aprática
dese
montar,
corno é chamada entreos
praticantes,
écompartilhada
por��
mais de 400 pessoas noS(éisil,
,.�
reunidasemtorno do BrasilianCros-4
dress Club.página16
Retrospectiva
A Era Lula
e o
11
de
setembro
que mudou
o
rumo
da
década
Zerotraz uma
série
dereportagens
sobre os anos do governo Lula e umaanálise das
consequências
daqueda
das íorresgêmeas
emNY. páginasde 3a7Negócios
Aumento
de
patentes
e
registro
de
marcas
exige
mudanças
na
lei
Demora e burocracia
prejudicam
novos
negócios
eimpedem
que oBrasil avanceem
inovação.
página13
2
I
Opinião
Florianópolis,
dezembrode 2010o
UNIVERSITÁRIO
e os
intercâmbios
Uma forma deincrementarosestu
dos,
ocurrículoeadquirir independên
ciaéfazerum
intercâmbio
internacional. Foioquefizeramosestudantesde
Jornalismo
da UFSCDiego
Cardoso eVerônicaLemus.De
Santiago,
no Chilee de
Cádiz,
naEspanha,
eles viverama
experiência
deacompanhar
aseleições
presidenciais
brasileiras delonge,
através dos veículos deinformação
internacionais. Nessaedição,
contam como os habitantes dopaís
em queestão morando
acompanharam
o embateentre tucanos,
petistas
e verdes ecomo receberam a escolha de DUma
Rousseff.
Para quem
deseja,
como os nossoscorrespondentes,
estudar em outrospaíses,
a UFSCpossui
doistipos
de intercâmbio: por convênio
-sem
bolsa,
através de contato direto com a uni
versidade de destino - ou através dos
programas com
subvenção
financeira como ErasmusMundus,
AUGM e San tander. Os interessados devem procurarasecretariade
Relações
Institucionaise
Internacionais,
aSinter,
e escolheruma das
instituições
conveniadas eagendar
ointercâmbiocomum semestrede antecedência. Podem
participar
estudantes queestejam
regularmente
matriculados na UPSC e que
já
tiverem
completado
40% do curso. AUni versidade escolhida aindapode
exigir
outros
critérios,
como conhecimento dalíngua
dopaís
e bomdesempenho
acadêmico.
ZERO NO TEMPO
Nesta
edição
dedezembro,
aúltimada
primeira
décadadosanos2000,
oZERO traz,emalgumas
desuas
pautas,
umaretrospectiva
de eventos que aconteceram en tre 2000 e 2010.
Inspirados pela
edição
dejaneiro
de1990,
sele cionamos dois acontecimentosimportantes
-o atentado terro
ristade 11 de setembro e os oito
anos de governo Lula
-para re lembrar o que representaram na
época
e porque marcaram a história do Brasile do mundo.
EDITORIAL
Do
lixo às
eleições,
mas
sem
Wikileaks
odestino do lixo na
capital
e arepercus são daseleições presidenciais
brasileiras no exterior foram dois dosprincipais
assuntosabordados na última
edição
de ZERO desteano, que vem aditivada. São 20
páginas
denotícias,
mas nenhuma nota sobre o Wikileaks ou a invasão do Morro do
Alemão,
no RiodeJaneiro.Essesassuntosjá amplamente
discutidos na
imprensa,
nãoprecisam
passar, necessariamente, por umjornal laboratório,
que
pode,
pordefinição,
rompercom o agendamentoda
imprensa
e trazerconteúdo dife renciadoaoleitor.Porisso, em nossas
páginas
você lerámatérias sobre como estudar para concursos a
distânciae
pela
internet,uma crônicareportagem sobre
refugiados
africanos naEuropa
e umamatéria sobre a nova moda chamadaCrossdressing
- homens heteros se vestemde mulher sem,
necessariamente,
terrelação
comhomosexualidade.Naeditoria
Educação,
umamatériatraz
orientações
sobre aslinhaspedagógicas
adotadaspelas
escolas dacapital
e,em
seguida,
outrareportagemmostracomoautores
contemporâneos
revisitam obras lite ráriasconsagradas
e recriam títulos de Machado deAssis,por
exemplo,
paralançar
"Me móriasDesmortasde BrásCubas".Já
nossamatéria central revela queo florianopolitano produz
466 toneladas de lixo por dia na altatemporada!
Onde colocar tudo isso semprejudicar
o meioambiente?A nossa reportagem visitou o aterro sanitário deTijuquinhas
emBiguaçu,
responsável
porrecolher olixo de 22
municípios
daregião
emostra para ondevai parar, como também é relatado o seu processo de armazenamento.
Ainda sobre
lixo, acompanhe
os desdobramentosda
operação
Dríadida Policia Federalque levantou
suspeitas
sobreo licenciamento ambientale aqualidade
dosresíduosdespeja
dospelo
aterrosanitárionaregião.
Na
seção
Retrospectiva,
navéspera
decompletar
dez anos do 11 desetembro,
o Zero relembrao atentado e analisaseus desdobramentos. Na mesma
editoria,
uma sé rie de reportagens traz umadiscussão sobrea Era Lula
-alguns
feitos e apendências
a serem enfrentadaspela
sua sucessora. Esta éa
primeira
edição
do ano a contar com colaboração
internacional. Nas análises das coberturas daimprensa estrangeira
sobre as nossaseleições
presidenciais,
contamos coma
participação
de dois alunosdocurso emintercâmbio:
Diego
Cardoso que estánoChileeVerônicaLemosdireto da
Espanha.
Todas as coberturas dessa
edição
foramapuradas
sem contarcom aajuda
deJulian
Assange
ouqualquer
outro hacker que facilite adescoberta de
informações
secretas. Mas queremos destacar que isso de maneira nenhumaquerdizer queoZERO
seja
afavor dasua
prisão.
CHARGE
Sotire¥oli1ust�ador5'lt
y •�'" "'��"v"-';- • -<=,o
ci o O OSevocê édaqueles quequandolê umanotícia logo a imagina numa charge, desenhe parao ZEROeenvie para zero@cce.ufsc.br: Suacharge podeserpublicadanesse espaço efazerparte
daspróximas
edições
dojornal.�
ZERO
JORNAL
LABORATÓRIO
ZEROAnoXXVIII N° 5 Dezembrode 2010
Universidade FederaldeSanta Catarina
-UFSC Fechamento: 13 de dezembro
Curso deJornalismo CCE
-UFSC. Trindade Florianópolis -CEP 88040-900 Tei.:(48)3721-6599/3721-9490 Site: www.zero.ufsc.br E-mail: zero@cce.ufsc.br
André LucasPaes é estudante da sexta fase do cursodeDesignGráfico da Universidade Federal de Santa Catarina, Para entrarem contato com para andrelucaspaes@
Para
publicar·
REDAÇÃO
AlexSobral, BárbaraDiasLino, Berenice Rocha,CamilaRaposo, ClaudiaMebs, DiegoCardoso,DiegoVieira, FloraPereira,HermannBuss, Rosielle Machado,Suélen Ramos,Tmaqo Verney,TomásPetersen,
VerônicaLemus,Wesley Klimpel
EDIÇÃO
AlexSobral,BereniceRocha,CamilaRaposo,ClaudiaMebs,DanielaBidone, Diego Vieira, Flora Pereira, Hermano Buss, Luiza Lessa, Rosielle Machado, Suélen Ramos, Thiago Verney,Tiago Pereira,Wesley Klilllpel FOTOGRAFIA Camila Haposo, Rosielle Machado, Rellqn Quaresma,
Suélen Ramos, Wesley 1<limpel
EDITORAÇÃO
Alex Sobral, Carnila Raposo, Diego Vieira, Flora Pereira,HermanoBuss,unzaLessa,MarianaPorto,Rosielle Machado,SuélenRamos,Thiago Verney,TomásPetersen,
Wesley KlimDel INFOGRAAAAlex Sobral, Flora Pereira, Suélen Ramos, Tais Massaro PROFESSOR COORDENADOR Jorge Kanehide Ijuim MTblSP 14.543 MONITORIA MarianaPorto, LuizaFregapani
IMPRESSÃO
Diário CatarinenseCIRCULAÇÃO
NacionalTIRAGEM5.000exemplares�����
� �
MelhorPeçaGráficaI, II,III, IV,VeXI Set Universitário 1 PUC-RS(1988,89, 90, 91,92e98) Melhor Jornal LaboratórionoIPrêmio Foca Sinclicato dos Jornalistas de SC 2000
3° melhor Jornal- LaboratóriodoBrasil EXPOCOM 1994
Florianópolis.
dezembro de2010�
.---.. -
._-
---�-Retrospectiva
I 3
o
alenlado que
enlrou
para
a
hislória
Prestes
a
completar
uma
década
do
11/09,
Guerra
ao
Terror continua
e
faz aumentar
ações
terroristas
no
mundo
Na noitede11 de setembrode2001,
depois
dopior
ataqueterroristadahis tória dos EstadosUnidos,
opresidente
George
W.Bush fezumpronunciamentoà
nação
afirmando que iria encontraros
responsáveis pelos
atentadosepuni
los. Nove anos
depois
doatentado,
os americanos iniciaram guerras noAfeganistão
eIraque
eainda nãoacharamOsama Bin
Laden,
oprincipal
mentor11/09.
Depois
que terroristaslançaram
doisaviõescontraasTorresGêmease o
Pentágono,
osEstados Unidose o mundonuncamaisforamos mesmos.
"Nósnão iremosfazer
distinção
entre os terroristas que cometeram esses ataques e
aqueles
que osprotegem",
prometeu opresidente
Bush. A promessafoi
cumprida
menosdeummêsdepois,
com oprimeiro
bombardeio aoAfeganistão
no dia7de outubro. Pou cos diasapós
o11/09,
o secretário deEstado,
ColinPawell,
anunciou que osauditaOsama BinLaden comandouos
atentados.
Escondido nas montanhas
afegãs,
Bin Laden teria financiado o treina
mentoea
criação
degrupos terroristascomoaAl
Qaeda,
doqual
é líder.Logo,
o O atentado às TorresGêmeas,
emNovaIorque,
matou2606 pessoas, todos civis. Para2013,
nolugar
do World TradeCenter,
deve ficarpronta
aFreedomTower, segunda
maior torre do mundoNo
Afeganistão,
2010
foi
oano
mais violento
em nove
anos
de
ocupação
dos
EUA
governo americano iniciou
negociações
com o
Talibã,
grupo radical islâmicosunita quedominavao
país
desde1996.
Houvegrande
pressão
internacionalpara queosTalibãsentregassemOsama e evitassem uma guerra. Com arecu sada milíciadeentregarochefe da Al
Qaeda,
os Estados Unidos atacaram oAfeganistão
com oavaldoConselho deSegurança
da ONUe oapoio
daAliança
do Norte, grupo formado por diversas
etnias que
disputava
opoder
com oTalíbã,
Logo,
oregime
fundamentalista foiderrubado,
e aONUedaOtanajudam
na
formação
donovogoverno. A tomada de Cabul aumentou os sentimentos antiamericanosnoOrienteMédio.Oclima de instabilidade
política
e social somente aumentou no
Afega
nistão. Deacordocom oAntonioElibio,
professor
docursodeRelações
Interna cionais daUFSC e doutorem Históriapela
Unicamp,
"osEUA,com umapolíti
ca
agressiva
equase sempredesastrosa,
têmuma
capacidade
infinita de mobilizar
antipatias;
foiassimnoVietnãeestásendo assim no OrienteMédio". O
exemplo
mais claro do resultado des tapolítica
é o aumentomun-dial no número de ataques terroristas nos anos que se
seguiram
as guerrasdo
Afeganistão
e doIraque.
De acordocomdadosdorelatório sobreterrorismo
feito
pelo
governoamericano,onúme ro de atentadosalcançou
seupico
em 2006 e 2007,quando
ocorreram cercade 14.500incidentes. Oaumentoéex
plicado pela mudança
nos critérios para definir o que seria um atentadoterrorista. Em2002,
segundo
relatórios deinteligência
americana, aconteceram 205 ataques no mundo todo. O
departamento
do governoresponsável
pela
estatísticaé oCentro Nacional de Contraterrorismo,criadoem2004 paraimplementar
ações deinteligência.
Aagência
éumdos resultados daComissãodo
11/09,
queinvestigou
eformulouações
paracombateroterrorismo.Iraque
O
prenúncio
da guerra doIraque
aconteceunodia29de
janeiro
de2002,quando
opresidente
Bush usoupela
primeira
vez otermo"Eixo doMal",
formado
pelo
Irã,Coréia doNorteeIraque.
Essespaíses
foram acusados de possuírem anuasde
destruição
em massa ede
apoiarem
terroristas. Em pouco maisdeum ano, osEUAatacaram o
Iraque
com aajuda
doReinoUnido,
Espanha,
Itália,
PolôniaeAustrália.Osbombardeiosaconteceramsem o aval daONU,mas com asuposta
alega
çãodaexistência dearmasdedestruição
em massa. A atmosfera de terrorgerada
pelo
11/09
ainda nãosedissipara
daAmérica,
enem nos
países
europeus.Apossibilida
de de novos ataques comandados
pelo
ditadorSaddam Hussein foiexplorada
para
conseguirem
oapoio
dapopula
ção.
Bagdá
foiocupada
com surpreendente facilidade eSaddam Husseinfoi
capturado
mesesdepois,
escondido em umacaverna.Entretanto,oqueeraparaser uma guerra
rápida
e sem maioresconse-quências,
se transformou numa dor decabeça
paraos americanos e seusaliados.As taisarmasde
destruição
em massa nuncaforam encontradase, pos teriormente, foicomprovado
que nãoexistiam. O
desgaste
internoprovocado
pela "guerra
ao terror" fezcom queopovo dos EUA
exigissem
aretiradadas tropas.Depois
deataquesviolentos de rebeldesegrupos extremistascomo aAI
Qa
eda,
e amortede4.419
soldados ame ricanos,opresidente
Obamaoficializoua retirada das tropas americanas do
Iraque.
Aação
nãofoi bemvistapelas
lideranças
iraquianas,
quetememnãoconseguir
estabilizaropaís
sem aajuda
dosEUAeda
Otan.
Se a
situação
doIraque
pareceestar
resolvida,
adoAfeganistão
ainda é incerta. As milícias talibãs não paramderecrutarnovos
soldados,
ehouveaumento no número de atentados terro
ristasno
país.
Oanode2010foiomaisviolentonesses nove anosde
ocupação.
Obama anunciou o início da retirada das tropas do
Afeganistão
parajulho
de 2011, motivo decontrovérsia, pois
líderesiraquianos
considerama saída prematura.Segurança
MáximaParaAntônio
Elíbio,
o tema"segu
rança"
ganhou
umadimensãoglobal
etornou-se
agenda prioritária
demuitos governos. Aobtenção
de vistos passouasermais
rigorosa,
assimcomo asmedidas desegurançanosaeroportos.Todos
os
passageiros
para vôos nos EstadosUnidostêmseusdados analisadosafim
deencontrar
possíveis
terroristas. Em marçode2002,o governoame ricano criouumsistemade alerta paraataquesterroristasbaseadoem cores.O Sistemade Alerta de
Segurança
Internomede a
possibilidade
de acontecerumatentado.Acorvermelhaéo
nível
maisalto: "sério risco deataque terrorista". Onível mais baixo é o verde. Os EUA sempre estão nos níveis amarelo
(sig
nificativo)e
laranja
(risco elevado).
Noatualgoverno
Obama,
odepartamento
desegurança interna anunciou que irá substituirosistemadecoresporoutro
mais
eficaz,
que nãodeixe
apopulação
numconstanteestado de medo.Outramedida adotada foi alimita ção de itens na
bagagem
de mão emvôos internacionais.
Hoje,
itens como cremes eremédiossópodem
serlevadosempequena
quantidade.
Em agostode2006,
apolícia
britânicaprendeu
terroristas que
planejavam explodir
aviões comdestino aoEUAusandoexplosivos
naforma
líquida.
Mas a decisão que mais cerceou a
liberdadedos americanos foi o Patriot Act, instrumento
legal aprovado pelo
congressoemoutubrode 2001paraaju
darna
investigação
eprevenção
deatosterroristas. Os
investigadores ganham
amplo poder
parainterceptar
ligações
semautorização
judicial,
espionar
ein terrogarcidadãosquesejam suspeitos
edeter
estrangeiros
por atéumasemana semacusaçãoformal.Vergonha
AmericanaA
intenção
deprevenir
ataquesterroristasnosEstados Unidose naEuro pa,
porém,
acabou resultandoemações
condenadas
pela
opinião
pública.
Duranteo
período
queseseguiu
ao11/09,
agentes da CIAfizeram vôos eprisões
secretasna
Europa
com aajuda
dasvistasgrossasdosgovernanteseuropeus. O
presidente
Bush admitiuaexistência deprisões
secretasnoexterior parasuspei
tosdeterrorismo,oquecontráriaasleis
internacionais dedireitos humanos.
Muitosdesses
suspeitos
foramenviadosàbasede
Guantánamo,
emCuba.Ocampo de
detenção abriga
umdosresponsáveis
pelos
ataquesde11/09,
mastambémmuitos
prisioneiros
queforam confinados sem direito ajulgamento
ouprovasconcretas.Os presostambém foram torturados duranteosinterroga
tóriosemaltratados.O
presidente
Obama anunciou durantesua
campanha
à Casa Brancaque iria fechar aprisão
deGuantánamo,
porém
até agora não obteve sucesso. Osrepublicanos
argumentam que ofechamento
poderia
libertarpresos perigosos.
A
principal violação
dos direitos humanoscometida
pelos
Estados Unidosfoioabuso de
prisioneiro
naprisão
AbuGhraib,
noIraque.
Ospróprios
soldadosamericanos e britânicos tiraram fotos
dos
iraquianos
humilhados e torturadosporeles:
jovens
sorridentesaoladode homensnus
encapuzados
ealgema
dos.
O
professor
Antônio Elíbio avaliaque,mesmo com a
repercussão negati
va eodesgaste
da "GuerraaoTerror",
os Estados Unidos ainda são a únicasuperpotência hegemônica.
Ese acontecerumnovoataqueterroristaemsolo
americano? "Os EUA sempre respon derão
qualquer
ataque ouviolação
ao seu território da forma militar.Nãoháoutra alternativa devido ao seu
poder
bélico".
Berenice dosSantos
berenicedossantos@yahoo.com.br
4
I'
Retrospectiva
Florianópolis,
dezembrode 2010Distribuição
de
renda
marcou
'era Lula'
País
registrou
mais
de 14
milhões
de
novos
empregos
e a
inclusão
de
31
milhões
de
pessoas
na
classe
média
Aray
Aparecida
Barcelos é mãe dequatro
filhos,
dois menores deidade,
e recebe hátrês anos o BolsaFamília,
programade assistênciafinanceira do Governo Federal.Segundo
a dona de casa,o auxílio melhoroumuitoavidadosfilhos. "Comodinheiroeucompro umas roupas melhorzinhas para
eles,
materialescolarealguma
coisinha dealimentação".
Araytemdois filhosmatriculados na
escola,
de 11 e 14 anos, erecebe do governofederalR$112
por mês. O valorpode
serbaixo para alguns
brasileiros,
mas faz muita diferença narenda de Aray, mãe viúva e
desempregada.
Paraosgastosdomês,
adona decasacontaapenascom a
ajuda
do filhomais
velho,
únicocomempregofixonafamília. "Meumenino
ganha
umsaláriomínimoepagaascontasdeluz,
telefoneeajuda
nasoutrasdespe
sas. Eu
ganho R$200, quando
consigo
algumas
faxinas."O valor pago
pelo
Bolsa Famíliavariade
R$22
aR$200,
de acordocom o número decrianças
matriculadasnaescolae com arenda
familiar,
que nãopode
passar deR$140
porpessoa."Meus filhos
precisam
ter85% depre sença, senão ogoverno cortaocartãonaquele
mês. Isso atéjá
aconteceucoma
gente."
O programadáprioridade
àsfamíliascom
situação
financeiramaiscrítica.
Deacordocomrelatório da
Pesqui
sa Nacional por Amostra de Do micílios
(PNAD)
de 2009, o Bolsa Família atende12,6
milhões de famílias brasilei ras, número três vezes maior que em 2003, e redu ziu em 27,3% aextrema
pobreza
no
país,
desdequefoiimplantado
pelo
governo do PT. O programa social éresultado da
unificação
do Bolsa Escola,
Gás,
Alimentação
e Cartão Alimentação,
criados'pelo ex-presidente
Fernando
Henrique
Cardoso. Outrainictivado governode Lula foioFome Zero,
lançado
em2003,querecebe doações
deórgãos
governamentais
ounão,além de mercadorias
apreendidas
nasoperações
daReceita Federal. O BolsaFamíliaeoutrosprogramassociais im
plantados pelo
governodeLula foramessenciais paraocrescimentoeconômi
co
brasileiro,
de acordocom oprofessor
do
Departamento
de Ciências Econômicas da DFSC
Wagner
Leal Arienti."O
presidente
foi criativoe direcionouosgastos do
país
para apopulação
derenda mais
baixa,
impulsionando
o consumo, e issoteve um efeito multiplicador."
Mesmo com alimitação
dapolítica
quantitativa
fiscal e monetá ria, opresidente conseguiu
fazer umapolítica qualitativa.
Arienti diz que, apesar deLulatersido conservadorna macroeconomia, parasegurarainflação,
aspequenasinovações
nosprogra mas sociais tiveram um efeito muitopositivo. "Nós, economistas,
achávamosqueo Bolsa
Família,
porexemplo,
era muitoassistencialista,
mas ele tevegrande
impacto
econômico,
sustentouo consumointernoe
ajudou
asegurar ocrescimentodaeconomiabrasileira".Osnúmeros do crescimento
Com maisde14 milhões deempre
gos
gerados
e31 milhões depessoas a maisnaclassemédia,
asexpectativas
doPT sãodequeoBrasilsetornea5' eco-nomiamundial a
médio prazo. O economista
Wag
ner Arienti diz que éimportante
que o governo ,
agoracom Dilma
Roussef,
continuecoma
política
dedistribuição
de renda noBrasil,
através de pro
gramas sociais e
facilitação
de crédito."
Essas pessoastêm queserinseridasno
mercado
consumidor,
porqueissotambém é
cidadania,
e deve serfeito nospróximos
30,50anos". Deacordocom o PNAD,nofinal de2009,ototal decrédi-SuélenRamos
oque rendeu
00$ 10,2
e00$
8bilhões, respecti
vamente, em
exportações
para esses continentes.Além
disso, China,
Índia,
Rússia e
África
doSul,
países
com osquais
ogo vernofezparcerias,
foramdestinode54%das expor
tações
do Brasil.Para
comportar
ocrescimento da
produ
ção
brasileira o governopetista
lançou,
nosegundo mandato de
Lula,
oPrograma
deAceleração
do Crescimento
(PAC).
De acordo com oPNAD,
o investimento anual do programa em infraestrutura foi de
R$75,8
bilhões. "Lulaconseguiu
tirar nós mais
apertados
.
da infraestrurada epoca do Fernando
Henrique,
mas a gentetem sempre
que crescer nafrente da
demanda,
por issoacriação
doPAC",
explica
Wag
nerArienti.
Na
educação
, Lulaquase dobrou o número
devagas noensino supe rior,de 113 mil para222
mil,
ecriou mais instituições.
Em 2001, o Brasiltinha 43 universidades federais.
Hoje,
são mais 14 universidades
públicas
e117novos
campi.
SóoProuniatendea maisde 700 milbolsistas,
com70% de bolsasintegrais.
Agrande
questão
con tinuasendoaqualidade
doensino,
nãosónas
universidades,
como nasescolas."A universidadetemque melhorareser
ágil
como umleopardo.
Ascrianças
naesola têm que
aprender
acriaro novo. Aeducação
temquedarumsalto qualitativo",
conclui oprofessor
de CiênciasEconômicasdaDFSC,
Wagner
LealArienti.
Há trêsanos,adonadecasa
Aray Aparecida
Barcelosrecebe,dia 24 de cadamês, R$112do programaBolsa Famíliatosno
país
representou 45%do ProdutoInterno Bruto
(PIB). Segundo
Arienti,agorao Brasil
precisa
se tornarmaiscompetitivo
nomercadointernacional,
diversificandosuas
exportações.
Em2008,oBrasilexportoua somade
00$197,9
bilhõese Osuperávit
nos oito anos do governo de Lulaatingiu
DS$
255,6 bilhões,
valor que indicao quantooBrasil vendeu amaisdoque comprou. Até o fim deste ano, o PIBdevecresceràtaxade
6,5%,
de acordocom oMinistério daFazenda.
Segundo
Arienti, apesarde ter aumentadosuasexportações,
éimportante
queoBrasildiversifique
seusprodutos
evenda bensindustrializados.
"Quanto
maisagenteinovar,mais
compradores
teremos. Te mosque venderproduto bom,
diferentee
competitivo,
como aChina,
quevende desdeguarda-chuva
atéprodutos
damais alta
tecnologia".
Asexportações
brasileiras são baseadas em Commo
dities,
como o minério de ferro porexemplo,
oquetraz certainsegurança
parao
país. Segundo
Arienti,"quando
aeconomiamundialvaibem,
opreçodesses
produtos
seeleva,
docontrário,
ele cai.Alémdisso,
nãopodemos
ficardependendo
dasriquezas
naturais do Brasil."A
atuação
de Lula napolítica
externabrasileira estevevoltada paraas
relações
com aÁfrica
eOrienteMédio,
··0
presídente
foi
criativo
e
direcionou
os
gastos
do
país
para
a
população
de renda
mais baixa"
Suélen Ramos
suelenramosvieira@gmail.com
Balanço
dos oito
anos
de
governo
do
PT
Fonte:PesquisaNacional porAmostrasde Domicílios2009(PNAD)
rnfográfico:Suélen Ramos
o
valor do salário
mínimo
emdólar
�
O
Bolsa Família beneficiou
mais
Ir-
Recursos
para
geração
de
emprego
passou
de
UU$77,
até
ofim do governo
de
12
milhões de famílias
erenda
cresceramde
R$6
hi,
emde
FHC,
para
UU$291, depois
de
oito
2002,
para
R$35 bi,
em2009
anos
de mandadto
de
Lula
O
Brasil
construiu
uma reservacam-• •
O
coeficiente
de
desigualdade
de
Ir-
Mais
de 14 milhões de
empregos
bial
de
U$$253
bilhões,
algo
nunca�
renda baixou
de
0,583
em2002
gerados.
Cerca de 15
milhões até
antes
conseguido
para
0,544
em2008
ofinal deste
anoDívida
externaliquidada
• •Mais
de
20
milhões de pessoas
Taxa
média de
crescimento
nos(I'�
saíram da
miséria
extrema e31
oito
anosde Lula foi de
3,9%,
70%
milhões foram para classe média
maior
que
ado
governo anterior
.
.
.
ZERO
Florianópolis.
dezembro de2010Retrospectiva
I
5
Arrumar
a casa e
pintar
a
fachada
Dilma
Rousseff
tem
a
missão
de moralizar
a
política
brasileira
e
consertar
as
trapalhadas
da
política
externa
Além da euforia econômicaedapo
pularidade
do governo,DilmaRousseff também recebeu comolegado
de seuantecessorduas tarefas
ingratas:
"lim paracasa", ouseja,
moralizarapolí
ticadoBrasil,
marcadapor escândalosenvolvendo, inclusive,
figuras
próximas
à
presidência.
Tambémterá que recuperaro
prestígio
dadiplomacia,
quenessesoito anos se
perdeu
entreosinteresses doPartido dos TrabalhadoresedoPaís.Mensalão.Esse nome,que
já
fazpartedo vocabulário
popular
como sinônimode
corrupção,
representaamaiorcrise
política
dogovernoLula,
ocorridaem
2005,
e classificadapelo
colunistaReinaldo
Azevedo,
darevistaVeja
como "a maioragressão
sofridapela Repúbli
cadesde queexiste".
Exageros
ecríticas aparte,oescândalo resultouemdenúnciaoficial de40
suspeitos,
entreparla
mentares,ex-ministrose
empresários.
Ojulgamento
noSupremo
TribunalFederal
(STF)
contraos38réus estámarcado paraofinal de2011.
Lula,
que dizia nãosaber denada,
saiu imune.O
estopim
do escândalosurgiu
emumvídeo de câmera escondidaquefoi
vazado paraa
imprensa.
Divulgado
em14 demaiode2005,as
imagens
mostravamo
ex-presidente
dosCorreios nego ciandovantagensemlicitações
com umfalso
empresário.
Quatro
diasdepois,
aVeja
publicou
umamatéria denuncian do o entãodeputado
federal RobertoJefferson
(PTB-RJ)
como ohomem por trás do esquema.Acuado,
Jefferson
jo
gou tudo noventilador,
delatandoumesquema maiorainda do
qual
faziaparte: opagamentode mensalidadespara
parlamentares
da base aliadaemtrocade votos. As
investigações
apontaram queos recursossaíram docaixadois doPT,e sua
origem
remeteaodesenrolar docasoCelso
Daniel,
aosuperfaturamento
nasprefeituras
doABC,aoescândalodosbingos,
descobertoem2004.AsComissões Parlamentares Mistas
de
Inquérito
(CPI)
criadaspara apuraroescândalodosCorreiosedoMensalão
tornaram-se fenômenos de audiência noscanaisdeTVda câmara.As pessoas
aguardavam
pelos depoimentos
deRoberto
Jefferson:
além deperformáticos,
cada vez apresentavam novos envolvi dosnoesquema. Até quefoi dadoo re cadoaoministroda Casa-Civil:
"Dirceu,
sevocênão sairdaí
rápido,
vaifazerréuumhomeminocente,que éo
presidente
Lula. Saidaí, rápido!".
Doisdiasdepois
ohomem denominado por
Jefferson
de "chefedomensalão",
pediu
arenúncia.Até dezembro de
2006,
um total de61 autoridades foram derrubadas
-muitas
ligadas
diretamenteaoplanalto
(ver
box).
Nodia 30 demarço de2006oprocurador-geral
daRepública
Antonio Fernando BarroseSilvade Souzaenviouumadenúncia oficialaoSTFcontra40
suspeitosdeenvolvimentonoesquema. Doisdelesestãofora: SilvioPereira,que
fezacordoparaaretirada deseu nome
Dupla:
CelsoAmorimeMarco AurélioGarciafizeram dadiplomacia
uminstrumentodopartido
na
ação
eJosé
janene, falecidoem setembro de2010.
Outro
braço
direito de Lula queseenvolveuem uma
situação
embaraçosa
foiAntônio
Palocci,
ministrodaFazenda dogoverno até
2006, quando
seviuforçado
a demitir-se. Protagonizou o casodaquebra
desigilo
fiscal docaseiroFrancenildo Santos
Costa,
que denun ciou paraaCPIdosBingos
apresençade Paloccinamansão do
lobby
emBrasília,
onde pessoasligadas
àprefeitura
deRibeirão Preto
negociavam
seusinteresses. Na tentativa de desmoralizar as
denúncias,
oministroteriaordenadoao então
presidente
da Caixa Econômica
Federal, Jorge
Mattoso,verificaracontado caseiro- foram descobertos
depósitos
acima danormalidade,
que vazaramparaa re vistaÉpoca.
Maso caseiroconseguiu
seexplicar
e asatenções
se voltaramparaa
quebra
do
sigilo.
Adenúncia contra Palocci foi retirada em
2009, pois
oSTFconsiderouqueapenasoenvolvimentode Mattoso.
Diplomacia
contraditória"O
Itamaraty
já
nãoseorientapor normasmorais. Não existem mais dire trizesregidas
porprincípios
éticos",
critica
Augusto
Nunes,colunistadarevistaVeja.
Paraele,
aodaratenção
aregimes
totalitárioscomo odoIrã,a
política
externabrasileira deixa decumprir com
um dos
preceitos
dadiplomacia:
adefesa dos direitos humanos.Em
artigo
aoportal
IG,odoutoremCiências Sociais ediplomata,
Paulo RobertodeAlmeida,
ilustraa interferência do PTnas deci
sõesdo Itamaraty: "Em diversas ocasi ões,o
próprio
presidente
manifestouseuapoio
político
acandidatosdeesquerda
em
eleições
naregião,
oque rompecom atradição
brasileira denãoingerência
nosassuntosinternosdeoutrospaíses".
Emsua
opinião,
osfracassosem conseguir
umassentonoConselho deSegu-rança, em consolidar o
Mercosul,
nasnegociações
com aChinae aomissãoem
relação
às estatizações na Bolíviapodem
seratribuídos àsimposições
dopartido
napolítica
externa.O
repçrter
Larry Rohter,
correspondente do New York Times no Brasil
entre 1999 e 2007 vê
mudanças
ím portantes napolítica
externabrasileiracom aascensãodoPT. NolivroDeuno NetoYork Times,
lançado
em2007,
eleexplica
queantesadiplomacia
dopaís
eratidacomo
"tímida",
masque passouamudara
partir
daredemocratização,
quando
seaumentouodiálogo
com ospaíses
mais desenvolvidos. No governo
Lula,
ele destacaoconflitoentreasposições
tradicionais doItamaraty
comas do PT.
Culpa
o conselheiro dopresidente
em política externa, Marco Aurélio Garcia,pelas
"trapalhadas"
dadiplomacia.
Rohter aponta também a omis-são do ministroCelsoAmorim,que
preferiu
endossaraspolíticas
partidárias
aocomandarumapolítica
externavoltada aos interessesdo Brasil.
Nos oitoanosdogovernoLulaforam
inauguradas
mais62representações
diplomáticas
nomundo. Opresidente
pas sou470dias fora do Brasil-aproxi
madamente120diasamaisdo queseu
antecessor, FernandoHenriqueCardoso.
Foram ao todo 248 visitas ao exterior em87
países.
Tantotrabalho para pou cosresultados: "Numalinguagem
coloquial, pode-se
dizer queadiplomacia
deLulatevebemmais
transpiração
doqueinspiração,
registrando-se
apreeminên
cia daforma
-o
hiperativismo
presi
dencial,
feito de incontáveisviagens
ao exterior- sobrea
substância,
ouseja,
resultados efetivosda
agitação",
avaliaAlmeida.
TomásMayerPetersen
tomasmpetersen@gmail.com
Todos
os
homens
do
presidente
Entre
ministros,
assessores efuncionários
de
partido,
confira
alguns
dos
nomesmais
próximos
do
presidente
que
seenvolveram
emdenúncías
quecausaramdemissões
eafastamentos.
ênCia Brasil
Nome:
JOsé
DirceuCargo:
Chefe da Casa-CivilEra o
principal braço-direito
deLula. Na CPIdo
Mensalão,
RobertoJefferson
oacusoudeser o"chefe domensalão". Pediu demissão em 16
de
junho
de 2005.Nome: SilasRondeau
Cargo:
MinistrodeMinaseEnergia
Indicadopor
José Sarney
aocargo, ésuspeito
deterrecebido100milreaisdaconstrutoraGautama,em um es
quema de fraudeem
licitações.
Suademissão foiaceitaem
22/5/2007.
Nome:Antônio Palocci
Cargo:
Ministro da EconomiaSuspeito
de envolvimentono casodaquebra
desigilo
bancário de France nildo Costa.FoidenunciadoaoSTF,
mas retirado do processoem2009.Demitiu-seem27 demarçode2006.
Presidência daRepública
NQme:Erenice Guerra
Cargo:
Chefe da Casa-CivilSucedeu Dilma Rousseffem 31 de
marçode 2010. A
imprensa
denunciou tráfico de influênciaefraudes emcontratoscomandadas
pelo
seufilho.Caiuem16 de setembro.
.
FALTOU
ESPAÇO
Esse
singelo
box não foisuficientepara emoldurar todasasfotos dospolíti
cosacusadosde envolvimentosemescãndalosefraudes queseafastaramdo 'governo.Talvez vocênão
conheça
orostodetodos,
massaiba que:José
Genoínopresidente
doPT,
demitiu-sedo cargonodia9dejunho
de 2005. Citadonomensalão,
oestopim
da renúncia foiaprisão
doassessordeseuIrmão
quando
embarcavaem umaviãocom100 mil dólaresnacueca.Silvio
Pereira,
secretário-geral
doPT,
chamado porJefferson
de"gerente
do
mensalão",
afastou-seem4dejunho
de 2005. Um diadepois
foiavezdeDelúbioSoares,tesoureirodo
PT,
chamadode"operador
do mensalão".No
ministério,
quem caiu foiLQ.iz
Gushiken,
após
denúnciasdeinterferênciasemfundos de
pensão
eMatilde Ribeironoescândalodóscartões corporatívos,além deRomero}ucá,
BeneditadaSilva,
WalfredoGuia.� -,
ZERO
.o mensalão
conseguiu
derrubar 61
autoridades. No
final
de
2011,
o
STF vai
julgar
os
38
réus
---
�.---6 I
Internacional
Florianópolis,
dezembro de 2010Chilevisión,
odebatedorejornalis-taMatiasDelRio citaa
principal
diferença
entreRousseffeLula: "Ela éumapessoa depouco carisma".
Umdia
após
oresultadodaseleições
ojornal
LaTerceradedicauma
página
aosdesafiosqueafuturapresidenta
deverá enfrentar.Segundo
o
repórter
FernandoFuentes,mesmosendoum"modelo"paraosgestores
chilenos,
oBrasile suafuturamandatária têm três
grandes problemas
aresolver:apobreza,
oestilopolítico
("buscar
neutralizaroradicalismodoPTe o
apetite
doPMDB")
e aidentidadedeseugoverno.Paraos
jornais chilenos,
Dilma éuma"damade
ferro",
sem ocarismadeLula,
mas com
experiência
administrativa. Mesmoassim,opaís
dos 33mineiros maisfamosos do mundoquer, segun doumadeclaração
dopresidente
dacomissãode
Relações
InternacionaisdoSenado
chileno,
HernánLarraín,
"voltaratentarformarumaaliança
estratégica
com oBrasil". Porõesda ditaduraMesmocom asvárias
homenagens
(ou
oufanismo)
daimprensa,
oBrasiltambémtem
alguns
pontosnegativos
difundidosentrea
população
local.Paraa
socióloga
eescritora MirianGallardo,
oproblema
brasileiro estáem um
passado ignorado.
"Os brasi leiros nãopuniram
tantostorturadoresda
época
doregime
militarneminvestigaram
tantas mortescomoaqui."
DeacordocomMirian,alguns
brasileiros
ligados
aogoverno militar vieramaSantiago
paraensinarméto dosdetorturaapós
ogolpe
encabeçado
porAugusto Pinochet,
em1973."O Brasil foiummodelo tambémna
ditadura,
mas nemtodo mundo sabedisso".
Seo
passado
estáseperdendo,
as puniçõesde torturadores brasileirostambém não são
exemplo.
"No Chileas
punições
forammuito maisrígidas
e
efetivas",
afirma Gallardo.Umdosexemplos
dapreocupação
com aditadura estánaComisiónNacional delaVerdadyde la Reconciliacum:
um
órgão
estatal criadoem1990parainvestigar
oparadeiro
depresos políticoseagressores duranteo
regime
pinochetista.
Em 1991oestado chile notinha2260 "casosqualificados
de denúncia".Quando
setentoucriara mesmainstituição
noBrasilem2010, atravésdo Plano Nacionalde Direitos Humanos(PNDH),
osdirigentes
das
forças
armadaspressionaram
oexecutivoe aidéia foi abortada. Paraa
socióloga
MiriamGallardo,
opovobrasileiro deve olharparaopassado
com a mesmapreocupação
dopresente."O Brasil é de fatouma
potência
econômicaepolítica
latinoamericana,masestáse
esquecendo
dasuahistória."
DiegoCardosoé estudantedeJornalismo daUFSCeparticipaatualmentedoprogramade
intercâmbio Escala EstudantilAUGM(Asociaciónde UniversidadesGrupo Montevideo)naUniversidad de
SantiagodeChile
No
Chile,
admiração
e
sombras da ditadura
PorDiegoCardoso
-Santiago,Chile
ParaoschilenosoBrasiléum
modeloa ser
seguido.
Eamídia localreiteraconstantementeessavisão.
É
o casodeumareportagemdojornal
ElMercurio
publicada
em4 de outubro- umdia
depois
doprimeiro
turnoeleitoral- comotítulo "Umanova
'classe
média',
achave daseleições".
Otextodestacouaascensãoda classeCe o sucessodas
políticas
econômicas elaboraisbrasileiras,
queajudaram
opaís
a"atravessarsemgrandes
traumas acrisefinanceira internacional".
Nomeioda
página,
umpresidente
segurando
acamisa 10daSeleção
Brasileiraolhava para estatísticasegráficos
doIBGEedaFundação
Getúlio
Vargas
- comotítulo "Osmilagres
de Lula"- mostrandoo
crescimento
econômicobrasileiroe a
redução
dapobreza.
Umamatériapositiva
-quase
ufanista
-que.deixa explícita
aadmiração
doscidadãosdas Cordilheiraspelo país
do"fuchibol".Os
"milagres"
de Lulamaisad miradospela
população
do Chilesão econômicos. E nãofaltam estatísticasnamídiapara
"provar"
abonança
brasileira.
Segundo
umamatéria do tablóideLaTercera,delOdenovembro,
oReal foiumadas moedasque maissevalorizounomundo,
mesmo com aCrise Financeira. Odesemprego
chegou
ao menoríndiceregistra-do
-6,2%
-emaisde 30 milhões de brasileiros
ingressaram
nachamada"classemédia". Estes são
resulta-dos,
segundo
reportagemdoDiario Financeiro,de29denovembro,
do"cumprimento
demetasdainflação,
do câmbio flutuanteeda austeridade fiscal".Maisdoqueum sucessoeconô
mico,
oBrasil éconsideradoumrepresentantelatino-americanona
política
internacional. Aomenoséo queindicaapesquisa
anual daONGchilena
Latinobarômetro,
resultado deentrevistasem18países
latinoamericanos
publicada
em2de dezem bro.Segundo
esterelatório,
19%dos entrevistadosacreditamqueoBrasil éumlídernaregião,
nafrente deEstadosUnidoseVenezuela
(ambos
com9%). Logo
nacapa;otextoevidenciaostatusverdeeamarelo: "O
papel
do Brasilcomopotência
mundial dá a essaregião
umlugar
distintonoconcertodas
nações".
Agora
éavezda"amiguinha"
Sehavia
alguma
dúvida sobreaassociação
feitapelos
chilenosentreLulae
Dilma,
otablóidepopular
LaCuarta,de lOde novembroestampa
em umadesuaschamadasde capa:
"Amiguinha
de Lula foieleitapresi
denta doBrasil". SeLula foio"camisa 10"dogovernobrasileiro,
sua suces soraDilma Rousseff deveseguir
pelo
mesmocaminho.Aomenoséoque os
jornais
locaisindicam.Aedição
do ElMercuriopublicada
emlOdenovembro,
chamaanovamandatária de"dama de ferro da