UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO JOÃO DEL-REI
ELETRÔNICA DE POTÊNCIA
CONVERSORES CC-CC
Sumário
1. Conversor Buck-Boost
2. Conversor Cúk
3. Conversor SEPIC
4. Conversor Zeta
5. Outros conversores
6. Exemplos
Sumário
O circuito chopper Buck-Boost CC-CC combina os conceitos dos choppers step-up e step-down. A tensão de saída pode ser mais alta, igual ou menor do que a tensão de entrada. Porém, ocorre a inversão da polaridade na tensão de saída. A configuração do circuito é mostrada na Figura 8.15. O interruptor pode ser qualquer dispositivo de comutação controlado, como um transistor de potência, um tiristor GTO ou um IGBT.
Quando S estiver ligado, o diodo D ficará inversamente polarizado e iD será nula. O circuito pode ser simplificado, como mostra a Figura 8.15b.
A tensão no indutor é igual à tensão de entrada, e a corrente no indutor iL aumenta de modo linear com o tempo.
Conversor Buck-Boost
Quando S estiver desligado, a fonte será desconectada. A
corrente no indutor não poderá variar de imediato; logo, polarizará o diodo diretamente e fornecerá um caminho para a corrente na carga.
A tensão de saída se tornará igual à tensão no indutor. O circuito pode ser simplificado, como mostra a Figura 8.15c. As formas de onda de tensão e de corrente são apresentadas na Figura 8.16.
Conversor Buck-Boost
Fig. 8.16 – Formas de onda de tensão e de corrente para um
chopper Buck-Boost.
tensão no indutor
corrente de entrada / interruptor
corrente no diodo / saída corrente no indutor
Conversor Buck-Boost
De forma semelhante ao realizado para o conversor Boost, ao avaliar as etapas de carga e descarga do indutor, tem-se:
Além disso, a tensão instantânea em um indutor é definida por:
Desconsiderando a ondulação de Vo e assumindo t=TON, a ondulação de corrente será ΔIL, assim:
Ou seja: 𝑉𝐿1 = 𝑉𝑖 (interruptor fechado) 𝑣𝐿(𝑡) = 𝐿 𝑑𝑖𝐿(𝑡) 𝑑𝑡 𝑑𝑖𝐿1 𝑡 = ∆𝐼𝐿 = 𝐼𝐿(𝑚𝑎𝑥) − 𝐼𝐿(𝑚𝑖𝑛) 𝑑𝑡 = 𝑇𝑂𝑁 𝑉𝑖 = 𝐿 ∆𝐼𝐿 𝑇
Conversor Buck-Boost
Da mesma forma, no momento TOFF, tem-se:
Desconsiderando novamente a ondulação de Vo e assumindo t=TOFF, a ondulação de corrente será -ΔIL, assim:
Da mesma forma, tem-se:
𝑉𝐿2 = −𝑉𝑜 (interruptor aberto)
𝑑𝑖𝐿2 𝑡 = −∆𝐼𝐿 = − 𝐼𝐿(𝑚𝑎𝑥) − 𝐼𝐿(𝑚𝑖𝑛) 𝑑𝑡 = 𝑇𝑂𝐹𝐹
𝑉𝑜 = 𝐿 ∆𝐼𝐿 𝑇𝑂𝐹𝐹
Conversor Buck-Boost
Expressando os tempos TON e TOFF em função da razão cíclica:
Reescrevendo as equações anteriores em função de ΔIL e d, resulta em:
e,
Igualando as equações acima, obtém-se:
𝑇𝑂𝑁 = 𝑑. 𝑇 𝑇𝑂𝐹𝐹 = (1 − 𝑑). 𝑇 ∆𝐼𝐿 = 𝑉𝑜. 1 − 𝑑 . 𝑇 𝐿 ∆𝐼𝐿 = 𝑉𝑖. 𝑑. 𝑇 𝐿 𝑉𝑜 𝑉𝑖 = 𝑑
Conversor Buck-Boost
Através do equacionamento da variação de tensão no indutor, é possível obter a tensão na carga:
O que nos leva a 3 possíveis análises:
d = 0,5 – tensão de saída igual à tensão de entrada;
d > 0,5 – tensão de saída será maior do que a de entrada e o circuito operará no modo step-up;
d < 0,5 – tensão de saída será menor do que a de entrada e o circuito atuará como um chopper step-down.
Conversor Buck-Boost
O gráfico que relaciona a tensão de saída em função da razão cíclica d é mostrado na Figura 8.16b.
0 0,25 0,5 0,75 1 0 2,5 5 7,5 10 D Vo'/Vi
Conversor Buck-Boost
Já em relação à corrente, é possível relacionar as
correntes de entrada e saída através de:
De forma análoga aos demais conversores, é possível obter as relações de corrente máxima e mínima, bem como a
ondulação da corrente: 𝐼𝑖 = 𝐼𝑜. 𝑑 1 − 𝑑 𝐼𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑖. 𝑑 1 𝑅 1 − 𝑑 2 + 𝑇 2 𝐿 𝐼𝑚𝑖𝑛 = 𝑉𝑖. 𝑑 1 𝑅 1 − 𝑑 2 − 𝑇 2 𝐿 𝐼𝑝−𝑝 = 𝐼𝑚𝑎𝑥 − 𝐼𝑚𝑖𝑛 = 𝑉𝑖. 𝑑. 𝑇 𝐿
Conversor Buck-Boost
Já em relação à corrente, é possível relacionar as
correntes de entrada e saída através de:
De forma análoga aos demais conversores, é possível obter as relações de corrente máxima e mínima, bem como a
ondulação da corrente: 𝐼𝑖 = 𝐼𝑜. 𝑑 1 − 𝑑 𝐼𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑖. 𝑑 1 𝑅 1 − 𝑑 2 + 𝑇 2 𝐿 𝐼𝑚𝑖𝑛 = 𝑉𝑖. 𝑑 1 𝑅 1 − 𝑑 2 − 𝑇 2 𝐿 𝐼𝑝−𝑝 = 𝐼𝑚𝑎𝑥 − 𝐼𝑚𝑖𝑛 = 𝑉𝑖. 𝑑. 𝑇 𝐿
Conversor Buck-Boost
Com o intuito de determinar o valor mínimo para a indutância, de forma a manter o conversor operando no modo de condução contínua, estabelece-se o valor de Imin = 0 na equação anterior, que resulta em:
obtendo o valor de Lmin:
1 𝑅 1 − 𝑑 2 = 𝑇 2𝐿 𝐿𝑚𝑖𝑛 = 𝑇𝑅 1 − 𝑑 2 2 𝐼𝑚𝑖𝑛 = 0 = 𝑉𝑖. 𝑑 1 𝑅 1 − 𝑑 2 − 𝑇 2 𝐿
Conversor Buck-Boost
Quando o transistor do circuito do conversor Buck-Boost está conduzindo, o capacitor de filtro fornece a corrente de carga por TON. A corrente média de descarga do capacitor é Ic=Io e o
ripple de tensão do capacitor é:
Que resulta em:
ou então: ∆𝑉𝑐 = 𝐼𝑜𝑉𝑜 𝑉𝑜 − 𝑉𝑖 𝑓𝐶 ∆𝑉𝑐 = 𝐼𝑜𝑑 𝑓𝐶 ∆𝑉𝑐 = 1 𝐶 0 𝑇𝑂𝑁 𝐼𝑐. 𝑑𝑡 = 𝐼𝑜𝑇𝑜𝑁 𝐶
Exemplo
Ex. 9.12) O chopper Buck-Boost mostrado abaixo fornece potência para uma
carga com resistência de 1,5 Ω e indutância de 0,8 mH. A fonte de tensão CC é de 50 V e a tensão na carga, de -75 V. Se o tempo no estado ligado for de 1,5 ms, determine:
a) a frequência de comutação do chopper;
b) Imax;
c) Imin;
d) o valor médio da corrente de entrada;
e) o valor médio da corrente no diodo;
f) a ondulação pico-a-pico da corrente;
g) a indutância mínima requerida para
operação com corrente contínua. 𝐿𝑚𝑖𝑛 =
𝑇𝑅 1 − 𝑑 2 2 𝐼𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑖. 𝑑 1 𝑅 1 − 𝑑 2 + 𝑇 2 𝐿 𝐼𝑚𝑖𝑛 = 𝑉𝑖. 𝑑 1 𝑅 1 − 𝑑 2 − 𝑇 2 𝐿 𝐼𝑝−𝑝 = 𝐼𝑚𝑎𝑥 − 𝐼𝑚𝑖𝑛 = 𝑉𝑖. 𝑑. 𝑇 𝐿
Exemplo
Ex. 9.6) O regulador Buck-Boost da figura a seguir, tem uma tensão de entrada
de Vi= 12 V. O ciclo de trabalho é d = 0,25 e a frequência de comutação é de 25 kHz. A indutância L = 150 μH e a capacitância C = 220 μF. A corrente média na carga é Io= 1,25 A. Determine:
a) A tensão média de saída;
b) ∆VC;
c) A corrente de pico-a-pico;
d) A corrente máxima do transistor.
∆𝑉𝑐 = 𝐼𝑜𝑑 𝑓𝐶
Conversor Cúk
O arranjo do circuito do regulador Cúk utilizando um TBJ de potência é mostrado na Figura 8.17a. Similar ao regulador Buck-Boost, o regulador Cúk fornece uma tensão de saída que é menor ou maior que a tensão de entrada, com polaridade da
tensão de saída oposta à da tensão de entrada.
Conversor Cúk
Antes de avaliar o funcionamento do conversor, é visto o detalhe de carregamento do capacitor C1. Imaginando o momento inicial do circuito, no instante que o transistor Q1
estiver ligado, o indutor é carregado pela fonte, como mostra a Figura 8.17b.
Conversor Cúk
Em seguida, com o indutor carregado, o transistor Q1 deixa de conduzir e a tensão armazenada no indutor se soma à da fonte, carregando C1 com a polaridade vista na Figura 8.17c e o diodo Dm fica polarizado diretamente. Nesse instante, ainda
não existe carga em L2 e C2 e, consequentemente, na carga.
Conversor Cúk
Após a carga do capacitor, o circuito entra no modo 1 de operação. O modo 1 inicia-se quando o transistor Q1 conduz, em t=0. A corrente através do indutor L1 cresce. Ao mesmo tempo, a tensão do capacitor C1 (que em regime se encontra
carregado) polariza reversamente o diodo Dm e o desliga. O
capacitor C1 descarrega sua energia sobre o circuito formado por C1, C2, carga e L2. Esse modo é visto na Figura 8.17d.
Conversor Cúk
O modo 2 inicia-se quando o transistor Q1 é desligado
em t = t1. O capacitor C1 é carregado a partir da alimentação de entrada e a energia armazenada no indutor L2 é transferida para a carga. O diodo Dm e o transistor Q1 fornecem uma ação de chaveamento síncrona. O capacitor C1 é o meio de transferência de energia da fonte para a carga. As formas de onda do circuito são mostradas na Figura 8.18.
Conversor Cúk
Fig. 8.18 – Formas de onda para o regulador Cúk.
Conversor Cúk
A ondulação de corrente no indutor 1 pode ser obtida através de:
A tensão média do capacitor C1 será:
Já a ondulação de corrente no indutor 2:
∆𝐼1 = 𝑉𝑖. 𝑇𝑂𝑁 𝐿1 ∆𝐼2 = 𝑉𝑜 . 𝑇𝑂𝐹𝐹 𝐿2
𝑉
𝑐1=
𝑉
𝑖1 − 𝑑
=
𝑉
𝑜𝑑
Conversor Cúk
Finalmente, a tensão média de saída é expressa como:
O mesmo aplica-se para a corrente:
𝐼
𝑖=
𝐼
𝑜. 𝑑
1 − 𝑑
𝑉
𝑜= −
𝑑
Conversor Cúk
A ondulação de tensão nos capacitores C1 e C2 será:
O regulador Cúk baseia-se na transferência de energia do capacitor. Como resultado, as correntes de entrada e saída são contínuas. O circuito tem baixas perdas de comutação e eficiência elevada. ∆𝑉𝑐1= 𝐼𝑖 1 − 𝑑 𝑓. 𝐶1 ∆𝑉𝑐2= 𝑉𝑜 1 − 𝑑 8. 𝐶2. 𝐿2. 𝑓2 = 𝑉𝑖. 𝑑 8. 𝐶2. 𝐿2. 𝑓2
∆𝑉𝑐2= 𝑉𝑖. 𝑑
Exemplo
Ex. 9.7) O conversor Cúk da figura abaixo, tem uma tensão de entrada de
Vi= 12 V. O ciclo de trabalho é d = 0,25 e a frequência de comutação é de 25 kHz. A indutância de filtro é L2 = 150 μH e a capacitância de filtro C2 = 220 μF. A capacitância de transferência de energia é C1 = 200 μF e a indutância, L1= 180 μH. A corrente média da carga é Io= 1,25 A. Determine:
a) A tensão média de saída;
b) A corrente média de entrada;
c) A ondulação de corrente no indutor L1;
d) A ondulação de tensão do capacitor C1;
e) A ondulação de corrente no indutor L2;
f) A ondulação de tensão do capacitor C2.
𝑉𝑜 = − 𝑑 1 − 𝑑 𝑉𝑖 ∆𝐼1 = 𝑉𝑖. 𝑇𝑂𝑁 𝐿1 ∆𝐼2 = 𝑉𝑜 . 𝑇𝑂𝐹𝐹 𝐿2 ∆𝑉𝑐1= 𝐼𝑖 1 − 𝑑 𝑓. 𝐶1
Conversor SEPIC
O conversor SEPIC (Single-Ended Primary Inductance Converter) também possui uma característica de transferência do tipo abaixadora-elevadora de tensão.
Diferentemente do conversor Cúk, a corrente de saída é pulsada (isto é, descontínua, assumindo valores nulos). Os interruptores ficam sujeitos a uma tensão que é a soma das tensões de entrada e de saída e a transferência de energia da entrada para a saída ocorre através do capacitor.
Diferentemente dos conversores Buck-Boost e Cúk, a tensão de saída possui a mesma polaridade da tensão de entrada.
Conversor SEPIC
Na primeira etapa, o interruptor conduz e o diodo permanece bloqueado. O indutor L1 armazena energia à partir da fonte de entrada. As correntes em L1 e L2 crescem linearmente. Ambos os capacitores se descarregam, sendo que
Co alimenta o estágio de saída e o diodo permanece bloqueado.
Conversor SEPIC
Na segunda etapa, o diodo passa a conduzir.
Ambos os indutores fornecem energia para a carga. Os
capacitores C1 e Co são carregados.
Conversor Zeta
O conversor Zeta também possui uma característica abaixadora-elevadora de tensão. Na verdade, a diferença entre este conversor e as topologias Cuk e SEPIC reside apenas na posição relativa dos componentes.
A corrente de entrada é descontínua e a corrente de saída é continua. A transferência de energia ocorre através do capacitor. Assim como no conversor SEPIC, as tensões de entrada e de saída possuem a mesma polaridade.
Conversor Zeta
Na primeira etapa, o interruptor conduz e o diodo permanece bloqueado. A corrente em ambos os indutores, L1 e L2, crescem linearmente. Os capacitores C1 e Co são descarregados.
Conversor Zeta
Na segunda etapa, o diodo passa a conduzir. O indutor
L1 descarrega sua energia, carregando C1. Por sua vez, o indutor
L2 alimenta o estágio de saída.
Outros conversores
Existem ainda inúmeras topologias de conversores, inclusive isolados, dentre as quais podemos citar: Flyback, Forward, Half Bridge, Full Bridge, Push-Pull, etc.
Bibliografia
1. Ashfaq Ahmed, Eletrônica de Potência, Prentice Hall, 1ª edição, 2000. – Capítulo 9
2. Muhammad H. Rashid, Eletrônica de Potência: Circuitos, Dispositivos e Aplicações, Prentice Hall, 2ª edição, 1999. – Capítulo 9