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Complexo eólico do alto sertão: uma análise dos indicadores socioeconômicos da região no período de 2010-2016.

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Academic year: 2021

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Centro Sócio Econômico

Departamento de Ciências Econômicas e Relações Internacionais

GABRIELA CORREA

COMPLEXO EÓLICO DO ALTO SERTÃO: UMA ANÁLISE DOS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS DA REGIÃO NO PERÍODO DE 2010-2016.

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GABRIELA CORREA

COMPLEXO EÓLICO DO ALTO SERTÃO: UMA ANÁLISE DOS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS DA REGIÃO NO PERÍODO DE 2010-2016.

Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Ciências Econômicas do Centro Sócio – Econômico da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Título de Bacharela em Ciências Econômicas Orientador: Prof. Dr. Michele Romanello

Florianópolis 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

A Banca Examinadora resolveu atribuir a nota 7,0 à aluna Gabriela Correa na disciplina CNM 7107 – Monografia, pela apresentação deste trabalho.

Banca Examinadora:

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Prof. Michele Romanello, Dr. Orientador

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Prof. Francis Carlo, Dr.

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Prof. Gueibe Peres Souza, Dr.

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AGRADECIMENTOS

Agradecer é e sempre vai ser um gesto nobre que precisamos executar todos os dias de nossa vida. Para isso, começo com o meu maior agradecimento: a ele, quem esteve do meu lado todo esse tempo de execução de um trabalho tão difícil, mas ao mesmo tempo tão prazeroso por estudar o que amo, ele quem me deu as maiores forças e palavras de incentivos possíveis, obrigada meu grande amor, você é minha gratidão eterna.

Mamãezinha, esse agradecimento é para você também, você é minha maior inspiração, obrigada por todo remedinho para me acalmar e me ver bem. Felipe, meu irmão, obrigada por tudo, por todo incentivo, por toda inteligência e muita muita paciência comigo, você é meu maior orgulho. Serginho, meu irmão, sem palavras para você, obrigada por tudo. E pai, mesmo de longe, sinto o teu amor e a torcida por mim. Amo vocês, minha família.

Aos meus amigos que tive o prazer de conhecer graças a UFSC, minha gratidão, a toda força, toda palavra de incentivo, de calma, de amor. Obrigada!

Minhas melhores amigas, Giulia e Isabella, obrigada por tanto. Isa, mesmo de longe, você se faz muito presente, meu amor e gratidão são enormes! Giu, sem comentários para você e por todas as ajudas, juntas desde o comecinho, muitos anos de amizade e a certeza de ser para vida toda. Eu amo vocês.

Meu orientador Michele, obrigada por aceitar meu convite desde o começo com muita ajuda, disponibilidade, atenção e me deixando sempre livre, mas indo comigo no que queria e com isso fazer possível esse trabalho. Meu muito obrigada.

Aos meus queridos e amados colegas de trabalho na Eletrosul, que sempre me trataram com muito carinho e paciência. Principalmente, minha chefe maravilhosa sempre muito prestativa e me fazendo amar ainda mais o mundo da energia, obrigada Carol, você é inspiração.

Enfim, meu mais sincero agradecimento a todos que contribuíram para a realização deste trabalho.

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RESUMO

A finalidade deste estudo consiste em analisar os indicadores de desenvolvimento econômico dos municípios em que foram instalados o Complexo Eólico do Alto Sertão I e II. Os municípios analisados são: Caetité, Guanambi, Igaporã e Pindaí, em um período de seis anos (2010-2016). A partir dessa premissa, o trabalho foi dividido em seis capítulos, o primeiro apresenta a introdução, com os objetivos em que o estudo tem de alcançar, o segundo é o referencial teórico com explicações literárias sobre a energia elétrica e o desenvolvimento econômico em contraste com o crescimento econômico, o terceiro capítulo é uma revisão literária sobre a matriz energética do Nordeste com explicações, sobretudo da energia eólica, sobre seus benefícios e malefícios para a região, já no quarto capítulo é apresentado o Complexo Eólico do Alto Sertão juntamente com as explicações dos quatro municípios envolvidos, no quinto capítulo é a demonstração e análise dos resultados, a partir de quatro indicadores: PIB per capita, emprego, saúde e educação nos quatro municípios no período de 2010 a 2016, que é o período correspondente à implementação e geração de todos os parques eólicos, e por fim há a conclusão elencando os avanços que houveram durante esse trabalho, a partir dos quatro indicadores escolhidos, percebe-se que não ocorreu desenvolvimento econômico da região estudada, o PIB per capita retratou aumento mas é apresentado como um crescimento econômico, a variável educação representada pela nota do IDEB apresentou médias significativas, pois todos os municípios superaram o que o governo propõe com notas altas, já as outras variáveis - emprego e saúde - não obtiveram aumentos significativos no período estudado para os municípios.

Palavras-chave: Economia. Energias renováveis. Desenvolvimento econômico. Energia

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ABSTRACT

The purpose of this study is to analyze the economic development indicators of the municipalities where the Alto Sertão I and II Wind Complex was installed. The municipalities analyzed are: Caetité, Guanambi, Igaporã and Pindaí, over a period of six years (2010-2016). From this premise, the work was divided into six chapters, the first presents the introduction, with the objectives that the study has to achieve, the second is the theoretical framework with literary explanations about electric energy and economic development in contrast to economic growth, the third chapter is a literary review about the energy matrix of the Northeast with explanations, especially of wind energy, about its benefits and harms for the region. The fourth chapter presents the Alto Sertão Wind Complex along with the explanations of the four municipalities involved, in the fifth chapter is the demonstration and analysis of results, based on four indicators: GDP per capita, employment, health and education in the four municipalities from 2010 to 2016, which is the period corresponding to implementation and generation. of all wind farms, and finally there is the conclusion by listing the advances that am during this study, from the four indicators chosen, it is clear that there was no economic development in the region studied, GDP per capita portrayed increase but is presented as an economic growth, the education variable represented by the IDEB score showed significant averages, because all municipalities exceeded what the government proposes with high grades, while the other variables - employment and health - did not obtain significant increases in the period studied for the municipalities.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Capacidade instalada (MW) dos estados na região Nordeste ... 27 Figura 2 - Capacidade instalada (MW) das regiões do Brasil ... 28 Figura 3 - Mapa da região de estudo ... 35

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - PIB per capita - R$ ... 39

Tabela 2 - Saldo de emprego formal ... 40

Tabela 3 - Salário médio mensal (base salário mínimo) ... 42

Tabela 4 - Taxa de mortalidade infantil (óbitos por mil nascidos vivos) ... 43

Tabela 5 - Internações por diarreia (internações por mil habitantes) ... 44

Tabela 6 - IDEB dos anos iniciais do ensino fundamental ... 46

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

1.1 TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA ... 10

1.2 OBJETIVOS ... 11 1.2.1 Objetivo Geral ... 11 1.2.2 Objetivos específicos ... 11 1.3 JUSTIFICATIVA ... 12 1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA ... 12 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ... 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 15

2.1 CONCEITO ENERGIA ELÉTRICA ... 15

2.1.1 Energias renováveis ... 16

2.2 SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA ... 18

2.2.1 Geração de energia ... 19

2.2.2 Transmissão de energia ... 19

2.2.3 Distribuição de energia ... 20

2.2.4 Comercialização de energia ... 20

2.3 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ... 21

2.3.1 Desenvolvimento econômico e crescimento econômico ... 21

3 MATRIZ ENERGÉTICA DO NORDESTE DO BRASIL ... 24

3.1 PARTICIPAÇÃO DA ENERGIA EÓLICA NO NORDESTE ... 28

4 COMPLEXO EÓLICO DO ALTO SERTÃO ... 33

4.1 CAETITÉ ... 35

4.2 GUANAMBI ... 36

4.3 IGAPORÃ ... 37

4.4 PINDAÍ ... 38

5 DEMONSTRAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 39

5.1 PIB PER CAPITA ... 39

5.2 EMPREGO FORMAL ... 40

5.3 SAÚDE ... 43

5.4 EDUCAÇÃO ... 45

6 CONCLUSÃO ... 47

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1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA

Desde a Revolução Industrial, a competitividade econômica dos países e a qualidade de vida de seus cidadãos são intensamente influenciadas pela energia (TOLMASQUIM; GUERREIRO; GORINI, 2007). A preocupação com a questão energética e a própria característica de grandes rios com alto potencial hidroelétrico fez com que o Brasil passasse a desenvolver e implantar matrizes energéticas de energias renováveis, sendo que as principais fontes desse tipo de energia do país atualmente são: hidráulica, biomassa, eólica e solar, com o uso predominante de usinas hidrelétricas. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética1 (EPE) são consideradas fontes de energias renováveis aquelas que são inesgotáveis, pois suas quantidades se renovam constantemente ao serem usadas (EPE, 2012). O uso intensivo das energias renováveis diminui os impactos oriundos das emissões de gases de efeito estufa e o aquecimento global. No caso da região do Nordeste do Brasil, a crise hídrica impulsionou, principalmente, o uso de energia eólica, que são usinas que possuem aerogeradores com três pás e que se movimentam a partir da quantidade dos ventos no local. Como o litoral nordestino possui um regime de ventos, fez com que atraísse investimentos nos campos de usinas eólicas para ali se instalarem.

Atualmente a matriz energética brasileira é considerada limpa, quando comparada às matrizes de outros países (RODRIGUES; HALMEMAN, 2011). Mostrando que a preocupação em gerar cada vez mais energias de fontes renováveis aumenta no Brasil, um exemplo de região, é a Nordeste, a qual possui a maior capacidade de geração de fonte de energia eólica, que já chegou a atender 71% da carga do subsistema Nordeste no dia, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS 2018). A energia eólica começou a ganhar espaço no Brasil em 2002, com a instituição do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), do governo federal. Criado para promover a diversificação da matriz energética brasileira, o programa destinou recursos para o aumento da participação da energia eólica, da biomassa e de pequenas centrais hidrelétricas no Sistema Elétrico Interligado Nacional (SEIN) (DOURADO, 2012).

1

Empresa de Pesquisa Energética é uma empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético. De acordo com o artigo 2º, da Lei 10.847 de 15 de março de 2004

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O estado da Bahia possui em seu portfólio energético a presença de inúmeros parques eólicos, para o ano de 2019, o estado está entre os primeiros no ranking de geração eólica. Atualmente há 182 projetos eólicos comercializados nos leilões de energia realizados pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e mais de 100 projetos em operação. A região sudoeste da Bahia possui ventos muito favoráveis para receber a implementação de projetos eólicos, os principais municípios da região são Caetité, Guanambi, Riacho de Santana, Igaporã, Pindaí, Urandi, Licínio de Almeida, por ali, formam um corredor natural onde passa a corrente de vento considerada forte e contínua.

O complexo eólico do Alto Sertão, dividido em três parques, Alto Sertão I, II e III, foi construído pela empresa Renova Energia S.A., companhia brasileira de geração de energia renovável, com grande atuação em projetos eólicos, sendo pioneira no mercado. Os complexos eólicos Alto Sertão I e II em referência está localizado na região sudoeste da Bahia, mais precisamente, nos municípios Caetité, Igaporã, Guanambi e Pindaí, os quais possuem potencial de ventos, principalmente, na época de seca.

A partir disso, o presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise econômica do ano de 2010 até 2016 nos quatro municípios nos quais os Complexos Eólicos do Alto Sertão I e II foram construídos.

1.2 OBJETIVOS

Os objetivos do trabalho estão divididos em objetivo geral e objetivos específicos.

1.2.1 Objetivo Geral

O seguinte trabalho tem como objetivo analisar o desenvolvimento econômico dos municípios do Complexo Eólico do Alto Sertão I e II no ano de 2010 até 2016.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Discutir sobre o papel das energias renováveis, notadamente a energia eólica, que o complexo eólico gera e apresentar seus possíveis benefícios no desenvolvimento econômico regional.

b) Analisar os possíveis benefícios socioeconômicos do complexo eólico do Alto Sertão I e II nos municípios.

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c) Apontar quais foram os pontos positivos econômicos que houve a partir da criação do complexo eólico.

1.3 JUSTIFICATIVA

Visto que a região Nordeste do Brasil, sobretudo a Bahia, possui aproveitamento importante de energia eólica, é necessário o estudo e aprofundamento sobre energias renováveis, tanto para a questão econômica, mas, especialmente para a questão ambiental, já que as preocupações com meio ambiente e sustentabilidade crescem cada vez mais em todo o mundo.

Com isso, a partir da análise econômica desse trabalho será possível verificar o desenvolvimento econômico dos municípios do Complexo Eólico do Alto Sertão I e II, considerando dados como o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, o emprego, a saúde e a educação. Concluir, portanto, se há vantagens econômicas e sociais para os municípios, Caetité, Igaporã, Guanambi e Pindaí, que são diretamente afetados, tanto na instalação e construção do parque, como na parte de operação e transmissão da energia elétrica.

1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA

O planejamento da pesquisa concretiza-se mediante a elaboração de um projeto, que é o documento explicitador das ações a serem desenvolvidas ao longo do processo de pesquisa. (GIL, 2002). Para tanto, a metodologia neste trabalho será baseada em livros com especificações no setor de energia elétrica no Brasil e no estado da Bahia, e sobre o desenvolvimento econômico da região, há a pesquisa em artigos, jornais, relatórios escritos baseado em estudos sobre a região, setor elétrico e desenvolvimento econômico.

O estudo que será aplicado tem o objetivo principal de analisar economicamente os municípios onde energias renováveis foram implantadas, mais especificamente a energia originada do vento, a energia eólica, no desenvolvimento econômico da região sudoeste da Bahia. A pesquisa será feita de forma descritiva, que segundo Gil (2002), têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis, salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo. O problema dessa pesquisa tem como a finalidade de analisar se há relação direta ou indiretamente entre as duas variáveis, setor elétrico e desenvolvimento econômico da região.

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Para que os objetivos específicos do presente trabalho sejam alcançados serão feitos abordagens quantitativas e qualitativas. Abordagem quantitativa, pois serão utilizados dados numéricos estatísticos e procedimentos estruturados para servirem de base na abordagem qualitativa, onde abrange diversos conceitos, com controle temporal na pesquisa, ano de 2010 ao ano de 2016. Com isso, a pesquisa utilizará, segundo a definição de Gil (2002), fontes de “papel”, como a pesquisa bibliográfica, a partir do uso de livros, revistas e jornais, e a pesquisa documental, arquivos de órgãos públicos e privados, relatórios de pesquisas, tabelas estatísticas.

O primeiro objetivo tem o intuito de discutir sobre o papel e os benefícios das energias renováveis, principalmente a energia eólica na região sudoeste baiana. Este será solucionado através dos estudos que contextualizam a energia renovável presente na região e também os benefícios de comercializarem energia renovável. Para tanto, serão utilizados materiais bibliográficos que abordam o assunto referido.

Para o segundo objetivo, o qual analisará os efeitos sociais e econômicos da utilização de energia eólica na região, haverá uma abordagem quantitativa, através de dados econômicos obtidos em site, como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IpeaData), a partir de variáveis como: o PIB per capita, educação, saúde e o emprego formal, com isso, apresentar uma relação socioeconômica da região.

Finalmente, o terceiro e último objetivo pretende apontar quais avanços econômicos foram apresentados a partir da construção do complexo eólico. Para tanto, abordagem será tanto quantitativa e quanto qualitativa. A partir de dados econômicos será feita uma análise teórica sobre os benefícios e avanços em toda a região.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

A organização do trabalho será composta por 6 capítulos. Sendo, o primeiro a introdução, com apresentação do tema e a problemática da pesquisa, os objetivos divididos em geral e específicos, a justificativa para a escolha desse tema e a metodologia do trabalho. No segundo capítulo apresenta o referencial teórico com a revisão literária sobre a energia elétrica, sobretudo as energias renováveis, e sobre o desenvolvimento econômico em contraste com o crescimento econômico. No terceiro capítulo é apresentada a matriz energética do Nordeste e como é a participação da energia eólica na região. No quarto capítulo é explicado

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o Complexo Eólico do Alto Sertão I e II, juntamente com os quatro municípios envolvidos. No quinto capítulo é sobre a demonstração e análise dos resultados, a partir de quatro indicadores: PIB per capita, emprego, saúde e educação. Por fim, o último capítulo é a conclusão que obtive pela realização desse estudo.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CONCEITO ENERGIA ELÉTRICA

Esta seção do presente trabalho tem o intuito de apresentar o conceito da energia elétrica, mas, sobretudo as energias renováveis, como uma breve introdução do que será tratado e demonstrado através de dados socioeconômicos no decorrer do estudo.

A energia elétrica é de fundamental importância para o desenvolvimento das sociedades, sendo a principal fonte de energia do mundo, descoberta a sua funcionalidade por Tales de Mileto2 ao atritar um âmbar ao um pedaço de pele de carneiro, notou-se que pedaços de madeira começaram a ser atraídas pelo âmbar, para isso deu o nome de eletricidade. De acordo com o Iped (Instituto Politécnico de Ensino a Distância),

A energia elétrica é a propriedade capaz de realizar trabalho. Essa forma, especificamente, pode ser resultado da energia mecânica ou da energia química, por meio de turbinas e geradores que transformam essas formas de energia em energia elétrica. Esse processo acontece em razão da aplicação de uma diferença de potencial entre dois pontos de um condutor, gerando assim uma corrente elétrica entre seus terminais (IPED, 2015).

Dentre as formas de energia consumida pela humanidade, a elétrica tornou-se uma das mais importantes, pois, a partir dela, houve mudanças em vários aspectos da sociedade. Descoberta no início do século XIX, só foi possível seu consumo em larga escala nas últimas décadas desse mesmo século, e sua expansão está relacionado com o desenvolvimento de uma nova fase do capitalismo, o chamado capital industrial (SIMABUKULO; CORREA; SANTOS, 2017).

A eletricidade transformou-se na principal fonte de luz, calor e força, resultando em grandes avanços tecnológicos. Atualmente está presente em praticamente todas as ações que um ser humano realize no seu dia a dia. Para o desenvolvimento de um país, a energia é peça essencial e cada ano que passa o setor elétrico tem realizado transformações tecnológicas em grandes níveis, a partir, principalmente, da geração de energias renováveis. O resultado é uma maior eficiência energética, para que assim tenha uma diminuição dos efeitos negativos ao meio ambiente, como a redução da emissão de carbono, o qual causa efeito estufa.

2

Tales de Mileto, filósofo grego, viveu entre 624 a 546 a.C. Observava as coisas da natureza procurando alguma explicação de suas origens, deixando de lado o misticismo que existia em sua época, o qual os filósofos

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O desenvolvimento tecnológico, o crescimento industrial e a melhora no padrão de vida em determinada sociedade são acompanhados pela evolução do consumo de energia através do aumento dos recursos energéticos (SIMABUKULO; CORREA; SANTOS, 2017). Com a ampliação do conhecimento sobre energia, os países conquistam um maior controle sobre a natureza, extraindo recursos que possibilitam uma melhora no padrão de vida das sociedades. Os recursos energéticos que um país possui está diretamente ligado com o seu desenvolvimento. O potencial energético do Brasil é um dos maiores do mundo, ficando atrás somente da China e dos Estados Unidos, sendo o potencial de energia hidrelétrica o segundo maior, somente atrás da China (EPE, 2013).

A energia passa a ser o ponto central para alcançar os objetivos econômicos, sociais e ambientais do desenvolvimento humano sustentável. Entretanto as formas de produzir e consumir não podem ser a mesma desde o começo de sua existência, pois a degradação ambiental será acentuada com a aceleração do crescimento, aumentando a desigualdade social, e assim, o crescimento econômico global estará em perigo.

2.1.1 Energias renováveis

O setor energético pode ser hoje uma das molas-mestras para o desenvolvimento econômico de qualquer país, uma vez que a energia é um dos bens mais valiosos e indispensáveis à vida moderna. O uso da energia intensificou-se após as revoluções industriais, e tem hoje como principal preocupação, o uso eficiente e sustentável deste recurso, já que mais da metade da fonte energética utilizada não é renovável (COSTA, 2006). A continuidade do desenvolvimento econômico ligado com o setor energético depende de aprimoramentos e de ampliação dos conhecimentos sobre as energias renováveis.

Por ser considerada uma energia limpa, as energias renováveis, vêm cada vez mais conquistando seu espaço no portfólio energético dos países, culminando no longo prazo, na redução de gases poluentes na atmosfera. Além disso, esse tipo de energia está sempre disponível para utilização e são consideradas inesgotáveis comparadas aos combustíveis fósseis. Os tipos de energias renováveis são: energia solar, energia hidráulica, biomassa, maremotriz, geotérmica e a energia eólica, a qual será a mais estudada neste trabalho.

A expansão das energias renováveis não só aumenta o crescimento econômico do Brasil e reduz a deterioração do meio ambiente, como também cria uma oportunidade para um papel de liderança no sistema internacional e melhora sua competitividade em relação a outros

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países mais desenvolvidos (RIBEIRO; SILVA, 2014). A difusão de tecnologias limpas e eficientes pode levar a ganhos líquidos na economia, ao ser vista além do horizonte imediato, e deve ser incentivada por políticas que reduzam as barreiras institucionais e de mercado para novas tecnologias. A inovação tecnológica e a criação de novas oportunidades para investimento e crescimento econômico são consequências importantes das políticas climáticas. As mudanças tecnológicas e inovação, no longo prazo, aumentariam a demanda por trabalho e qualificação (SIMAS; PACCA, 2013).

A adoção de incentivos para a energia eólica, principalmente, levou sua participação em muitos países. No Brasil não foi diferente: no ano de 2002 foi criado o PROINFA3, o qual se mostrou como uma política pública efetiva voltada ao setor elétrico, proporcionando investimentos mais seguros onde uma tecnologia ainda era pouco conhecida no Brasil. Foi estimado que, com o programa, haveria a criação de 150 mil empregos diretos e indiretos durante a construção e operação dos empreendimentos.

Entre os principais benefícios socioeconômicos trazidos pelas energias renováveis podem ser citados: a inovação tecnológica e o desenvolvimento industrial; a geração distribuída e a universalização do acesso à energia; o desenvolvimento regional e local, especialmente em zonas rurais; e a criação de empregos (SIMAS; PACCA, 2013). Com o auxílio de boas políticas públicas direcionadas a essa nova tecnologia, faz com que aumente o número de empregados com boas qualificações.

A facilidade de existir projetos de energias renováveis em zonas rurais, com baixo nível de emprego, que carecem de desenvolvimento, justifica-se pelas usinas de geração de energia renováveis serem menores e dispersas, quando comparadas a outras tradicionais, assim se moldam em áreas rurais com baixa densidade demográfica, com isso demandam uma grande quantidade de mão de obra, que será alocada pelas redondezas, gerando melhores condições e especializações de trabalho para a população rural daquela área.

O arrendamento de terras, principalmente nos parques eólicos, é outro aspecto importante. No período de construção do parque há a necessidade de alocação de terras para serem instalados os aerogeradores, o qual ocupam pequenas áreas, por não serem de tamanhos grandes. Com esse arrendamento de terras, proprietários de terra, se beneficiam a partir de um aluguel sobre aquela área investida, que podem ser compartilhadas com outras atividades.

3

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Fornecedores de bens e serviços dentro das comunidades podem ser beneficiados com a construção do projeto, e aumentar a renda total da comunidade, além de criar oportunidades de empregos temporários fora da obra. Dependendo do projeto, também pode haver compensações às comunidades, como reforma de escolas e de infraestrutura pública, fornecimento de energia elétrica a custo reduzido, construção de bibliotecas (SIMAS; PACCA, 2013). No período em que há o reconhecimento do local e até a construção do projeto eólico, há o aumento da demanda por bens e serviços das pessoas envolvidas com esse projeto na região, como por exemplo, a alimentação, a hospedagem, o comércio.

A energia eólica pode contribuir para o desenvolvimento regional, ao gerar empregos locais. A atividade de construção é a maior geradora de empregos diretos, e nessa atividade há grande potencial para a criação de empregos temporários para as comunidades onde o parque eólico está instalado (SIMAS; PACCA, 2013). Mas, quando há o sistema de operação do parque eólico, também existe a geração de empregos locais, em menores quantidades, entretanto empregos definitivos, com duração da vida útil de um parque. A maior contribuição, tanto em termos quantitativos como em contribuição para o desenvolvimento sustentável, é a dos empregos em construção (SIMAS; PACCA, 2013).

Assim, o rápido crescimento da energia eólica no Brasil pode trazer diversos benefícios regionais e contribuir para o desenvolvimento sustentável no Brasil, especialmente em locais com baixo desenvolvimento econômico, como é o caso do interior da Bahia (SIMAS; PACCA, 2013). Com isso, o uso dessas energias renováveis representa para a população a possibilidade de atingirem um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico, e ao mesmo tempo, o uso consciente e razoável dos recursos da natureza, preservando as espécies e o habitat natural.

2.2 SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA

O sistema de energia elétrica é definido pela ANEEL, como um conjunto de estruturas, fios e cabos condutores de energia, isoladores, transformadores, subestações e seus equipamentos, aparelhos, dispositivos e demais meios e equipamentos destinados aos serviços de geração, transmissão, distribuição e ao uso de energia elétrica (ANEEL; 2009).

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2.2.1 Geração de energia

A geração da energia elétrica é o primeiro processo a qual a eletricidade chega aos consumidores. A turbina girando unida com os geradores elétricos produz a eletricidade, as turbinas podem ser movidas pela água, vapor e o vento juntamente com o gerador podem transformar em outras formas de energia, como a química e mecânica, em eletricidade. As fontes renováveis, como a força das águas, dos ventos ou a energia do sol e recursos fósseis, estão entre os combustíveis usados para a geração da energia elétrica.

O processo de geração de energia eólica é realizado através da conversão da energia cinética de translação em energia cinética de rotação e assim movimenta as hélices para gerar a energia, advinda do contato dos ventos com as pás, ao girar, as pás dão origem a energia mecânica que aciona o gerador, produzindo a eletricidade.

2.2.2 Transmissão de energia

A transmissão de energia elétrica tem a função de transportar a energia entre dois pontos, por linhas de transmissão de alta potência, essas linhas de transmissão guiam a energia até a carga. Por oferecerem um risco maior não são instaladas em centros urbanos, exceto no caminho até uma central. Além do atendimento ao mercado, o sistema de transmissão desempenha o importante papel de interligar os submercados de energia elétrica.

A transmissão de energia elétrica no Brasil é realizada por meio do Sistema Interligado Nacional – SIN, que é formado pelos subsistemas Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste (abrange todos os estados do Nordeste, exceto Maranhão) e Norte (BEZERRA, 2019).

Para a energia eólica, os cabos de forças transportam a energia do topo da torre até o solo, e com essa rede ela chega às subestações coletora que eleva sua tensão para que percorra grandes distâncias pelas linhas de transmissão até as cidades.

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2.2.3 Distribuição de energia

A distribuição de energia elétrica compõe uma rede complexa de elementos com o intuito final de conduzir a energia desde o local da sua produção ao local de onde será consumida. Comparada ao sistema de transmissão, a distribuição é um processo mais amplo e ramificado, pois tem a finalidade de chegar às casas e empresas de todos consumidores finais. As empresas distribuidoras de energias são responsáveis pela entrega de energia e nas subestações há o processo de recepção de energia, de rebaixamento da tensão e do encaminhamento correto aos destinatários.

2.2.4 Comercialização de energia

A comercialização de energia elétrica pode se dar de duas maneiras, de modo livre ou com preços e quantidades reguladas ou limitadas pelo Poder Público. Portanto, há dois mercados de energia, mercado livre e o mercado regulado.

No mercado livre, os consumidores compram energia diretamente dos geradores ou de comercializadores, através de contratos bilaterais livremente negociados. Para que se tenha segurança no ambiente livre de energia, é imprescindível que o consumidor da energia tenha contratos seguros.

Já no mercado regulado de energia, as contratações decorrem de operações de compra e venda de energia elétrica entre agentes vendedores (geradores) e agentes distribuidores, precedidas de licitação. A contratação é formalizada por meio de contratos celebrados entre geradores e distribuidores, que participam de leilões.

No mercado regulado, os consumidores são nomeados como “consumidores cativos”, o qual, cada consumidor paga uma parcela de uma fatura de energia por mês, com o serviço de geração e distribuição inclusas, com as tarifas já reguladas pelo governo. Já no mercado livre, há duas nomenclaturas para os consumidores, “consumidor especial” e “consumidor livre”. Consumidor especial é aquele que contrata livremente, através de contratos bilaterais, por exemplo, energia maior ou igual a 500KW e menor que 2500KW e contrata a energia do tipo incentivada (renovável). O consumidor livre, também tem a liberdade de escolha de quem comprar e como contratar, mas a quantidade contratada é maior que 2500KW, podendo assim contratar qualquer tipo de energia, convencional ou até mesmo incentivada (GOMES, 2012).

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2.3 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

2.3.1 Desenvolvimento econômico e crescimento econômico

O tema desenvolvimento econômico de países, estados, regiões, cidades, é assunto cada vez mais relevante. O desenvolvimento deve contemplar, portanto, vertentes sociais, econômicas, além das ambientais e, no caso brasileiro particularmente, territoriais, de modo a garantir a sustentabilidade da potencialidade e do bem-estar humano.

O desenvolvimento econômico de um país ou estados-nação é o processo de acumulação de capital e incorporação de progresso técnico ao trabalho e ao capital que leva ao aumento da produtividade, dos salários, e do padrão médio de vida da população (BRESSER, 2008). Celso Furtado (1967) compreende o desenvolvimento como sendo uma superação do crescimento econômico, uma mudança qualitativa na economia de modo que não apenas as elites se beneficiem. Um dos indicadores do crescimento é a renda per capita, mas, para Bresser (2008) somente a renda per capita não é garantia de desenvolvimento se esta não for acompanhada.

O desenvolvimento econômico produz transformações estruturais na economia, Schumpeter em seu famoso livro “A teoria do desenvolvimento econômico” em 1911, foi o primeiro economista a provar esse fato, de transformações estruturais na economia através do desenvolvimento econômico. Schumpeter usou a distinção entre desenvolvimento econômico e crescimento para salientar a ausência de lucro econômico no fluxo circular onde no máximo ocorreria crescimento, e para mostrar a importância da inovação – ou seja, de investimento com incorporação do progresso técnico – no verdadeiro processo de desenvolvimento econômico. (BRESSER, 2008).

Para muitos economistas não ortodoxos a identificação do desenvolvimento econômico com crescimento seria ideológica. Nesse sentido, ocultaria o fato de o desenvolvimento econômico implicar melhor distribuição de renda enquanto que crescimento, não (BRESSER, 2008). Um grande exemplo é Amartya Sen, o qual não classifica o desenvolvimento como econômico, mas sim pelo âmbito de bem-estar social pela abordagem da expansão de capacitações e o aumento da liberdade. Sen (2000) questiona qualquer concepção de desenvolvimento que considera apenas indicadores monetários como único critério de avaliação, pois a vida das pessoas é a finalidade última, e a produção e a prosperidade são meros meios para atingi-la. Para ele, não tinha que considerar somente os

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fatores econômicos como importantes para o desenvolvimento econômico, pois só eles não são suficientes. A criação de oportunidades sociais por meio de serviços como educação pública, serviços de saúde e desenvolvimento de uma imprensa livre e ativa pode contribuir para o desenvolvimento econômico e para uma redução significativa das taxas de mortalidade (SEN, 2000). Por fim, o seu nome está ligado à formulação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Por sua vez, para Celso Furtado (2004), o desenvolvimento econômico implica em distribuição de renda, e tem que estar acompanhado por objetivos políticos, pelo desenvolvimento social, também por uma distribuição de renda menos desigual e assim mais justa perante o produto nacional, por mais liberdade política, mais democracia, e por fim, mas muito importante, junto de um desenvolvimento sustentável com maior e efetiva proteção do meio ambiente natural.

O desenvolvimento sustentável, que está ligado à produção de energias renováveis, compreende o conjunto de fatores importantes à realização da pessoa humana, entre eles sociais, econômicos, civis, políticos, culturais e ambientais. Seu maior desafio é a geração de novas energias, sobretudo, as energias renováveis que não agridam o meio ambiente, proporcionando um aumento do desenvolvimento econômico, mas com a preservação do meio ambiente como prioridade também. O desenvolvimento sustentável anda junto com o desenvolvimento econômico, o qual prioriza que o desenvolvimento econômico deva acontecer de modo responsável e inteligente, com foco no futuro para que não seja capaz de impedir que as próximas gerações também se desenvolvam com os mesmos potenciais, riquezas e com a mesma qualidade e oferta de recursos, aliado às questões sociais e ambientais.

Por ora, o crescimento econômico, é um fator que auxilia no desenvolvimento econômico de um país e é entendido como o aumento na capacidade de produzir bens e serviços. É medido em função do Produto Interno Bruto (PIB), referindo assim ao aumento da produtividade econômico em um determinado período, é um conceito menos amplo quando comparado ao conceito de desenvolvimento econômico.

O crescimento econômico em um país é visto quando ocorre o crescimento do consumo. É tido como objetivo recorrente e principal em muitas sociedades e nos governos. Há evidências que o crescimento acelerado de grandes países gera grandes prejuízos para o

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meio ambiente, como por exemplo, o progresso tecnológico, o qual tem gerados impactos negativos para o ambiente, pois não resolve o conflito entre o crescimento econômico e o bem-estar, tanto econômico como ecológico, em longo prazo.

Os conceitos de crescimento econômico e desenvolvimento econômico, apresentam portanto relevantes diferenças, apesar de serem vistos como similares pelo senso comum. Através de estudos de diferentes autores e pensadores, consegue-se entender as diferenças e analisar como o desenvolvimento econômico abrange conceitos complexos, abrangendo muito mais que apenas o crescimento econômico de um país. mudança qualitativa de uma economia, ligada ao progresso social. Nesse sentido, há a necessidade de aumentar o PIB, mas também o IDH, já que os dois são diretamente relacionados, se o primeiro é inferior comparado ao outro, a economia não está sendo eficiente para todos.

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3 MATRIZ ENERGÉTICA DO NORDESTE DO BRASIL

Neste presente capítulo estará apresentada a matriz energética do Nordeste brasileiro, quais são as energias em mais destaques em seu portfólio, as políticas públicas desenvolvidas e os benefícios e malefícios da implementação das energias renováveis na região.

Assim como o Brasil possui em sua matriz energética a presença muito significativa das energias renováveis, de forma similar, o Nordeste também possui em sua matriz a geração de energias elétricas de caráter renováveis, com forte participação das eólicas e hídricas, e a solar crescendo pouco a pouco. O elevado potencial e competitividade da região em energia eólica passam a ter grande importância com destaque para o recebimento de quantidades expressivas de investimentos em geração elétrica com utilização desta fonte. De fato a maior participação de energia no Nordeste é de origem hídrica, porém os melhores aproveitamentos hidroelétricos na região já foram construídos, destacando a necessidade de procurar alternativas (SOUZA, 2010).

Em 2001, ocorreu um apagão elétrico4, ligado principalmente à falta de planejamento do setor e à ausência de investimentos em geração e distribuição de energia, somado com o aumento populacional e da produção industrial fazendo com que houvesse um aumento contínuo do consumo de energia. Outro fator que contribuiu para agravar a situação foi o fato de que mais de 90% da energia elétrica do Brasil era produzida por usinas hidrelétricas, que necessitam de chuva para manter o nível adequado de seus reservatórios para a geração de energia (PINTO, 2007). E nesse ano houve uma grande escassez de chuvas e o nível dos reservatórios de água das hidrelétricas estava baixo. Com a falta de linhas de transmissão para manejar a geração de energia de onde havia sobra para locais onde havia falta de eletricidade, o governo precisou atuar. O governo teve que preparar um plano de contingência – baseado no acionamento de termelétricas – para a reestruturação do planejamento (com a instituição de leilões de energia futura no Mercado Atacadista de Energia, MAE) e para a realização de um rápido investimento em linhas de transmissão (PINTO, 2007).

Durante e após a crise, a região do Nordeste brasileiro, é destaque no setor energético por, segundo Araújo (2016) pela primeira vez através do SIN (Sistema Interligado Nacional), ter fornecido energia ao resto do país no conturbado período de baixo nível dos reservatórios do Centro-Sul o que também demonstrou a dependência brasileira das fontes hidrelétricas.

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Em 2001 e 2002 o Brasil viveu uma crise energética que afetou especialmente as regiões Sudeste e Centro-Oeste. O termo “Apagão" foi adotado como referência às interrupções ou falta de energia elétrica freqüentes.

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Até recentemente, a energia elétrica produzida no Nordeste brasileiro provinha basicamente da fonte hídrica, destacando-se o Rio São Francisco como o seu principal provedor (BEZERRA, 2019). O cenário de grande destaque e maior importância para a energia hídrica alterou-se nos últimos tempos. De acordo com Bezerra (2019):

A partir de 2013, a fonte eólica tem crescido de forma expressiva na composição da geração de energia elétrica no Subsistema Nordeste, em razão do aumento da capacidade instalada de geração eólica e da ocorrência de sucessivos anos de baixa pluviometria na Região. Atualmente, a fonte eólica lidera no Nordeste, participando com 35,5% da capacidade instalada de geração da Região. Apesar do expressivo crescimento da geração eólica, o Subsistema Nordeste ainda continua deficitário, sendo historicamente um importador líquido de energia elétrica.

Através da evolução tecnológica, antes o que era de amplo predomínio termelétrico e hidrelétrico hoje se diversifica - a energia solar, a biomassa e principalmente a energia eólica que vem em pleno crescimento devido à progressiva de redução de seus custos (ARAÚJO, 2016). As mudanças climáticas globais aumentam as vulnerabilidades e as incertezas no processo de administração da água e geração de energia elétrica no Brasil e fazem com que haja a necessidade da diversificação da matriz energética para que tenha o fornecimento de energia para a crescente demanda. Segundo Ventura Filho (2013):

As fontes mais adequadas para a expansão do sistema gerador nacional, nos próximos 10 a 15 anos, são a hidráulica, a eólica e a térmica a bagaço de cana-de-açúcar (geração a gás natural será comentada posteriormente). Essas três fontes apresentam as seguintes características, que justificam estas prioridades: 1) grande disponibilidade de recursos energéticos; 2) competitividade econômica vantajosa em relação às outras opções; 3) tecnologia nacional dominada para seu completo aproveitamento, fases do planejamento, do projeto, da implantação das obras civis e da montagem dos equipamentos, da operação/ manutenção, da fabricação de equipamentos e do gerenciamento completo do desenvolvimento do empreendimento; 4) viabilidade ambiental vantajosa, quando comparada com as demais alternativas energéticas; 5) baixas emissões de gases de efeito estufa; e 6) outros usos distintos da produção de energia elétrica, particularmente no caso da hidrelétrica (uso múltiplo do recurso hídrico) e da cana-de-açúcar (produção de etanol). As políticas públicas5 implantadas na região ajudam e criam ambientes propícios para o recebimento de energias renováveis, para que assim o Nordeste tenha ampla diversidade em sua matriz, pois quando há períodos de seca e consequentemente as estiagens de importantes rios de abastecimento energético, a energia eólica passa a ser uma fonte complementar à hídrica, já que em períodos de escassez de chuva é semelhante ao período de intensos e constantes ventos. Dutra (2007) avalia que a complementação hídrico-eólico mostra-se bastante adequada para o Brasil e deveria ser a razão primeira a ser perseguida por meio de um programa de incentivo.

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Proinfa, Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Fundo de Energia do Nordeste (FEN) e o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE).

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O primeiro destaque das políticas públicas é o PROINFA já mencionado e explicado durante o estudo. O segundo é o PAC, criado em 2007, o qual promoveu a retomada do planejamento e execução de grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética do país, contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentável, contribuiu também para o aumento da oferta de empregos e na geração de renda, e elevou o investimento público e privado em obras fundamentais. Já o FEN, criado em 2015 com o objetivo de recontratar a energia dos consumidores industriais atendidos pela CHESF6 e realizar novos investimentos em energia elétrica, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME, 2015) movimentará R$ 2,5 bilhões em recursos (valor presente líquido) e implantação de em empreendimentos de geração de energia elétrica, por exemplo: fonte eólica e termelétrica (gás natural e biomassa), mínimo de 50% no Nordeste e o restante nas demais regiões. E o FDNE, criado em 2001 com a finalidade de assegurar recursos para investimentos na área de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE7, em infraestrutura e serviços públicos e em empreendimentos produtivos com grande capacidade de criação de novos negócios e novas atividades produtivas.

O incentivo às fontes renováveis, em geral, visa a atender objetivos estratégicos nacionais ou regionais relacionados à segurança energética, à redução de gases de efeito estufa e à geração de emprego e renda. E as políticas que visam seu crescimento devem seguir algumas premissas básicas, que segundo Tavares (2003) elas têm que:

Ter vigência por um período transitório, terminando quando a fonte tornar-se competitiva; incentivar a criação de indústrias no país; criar o máximo possível de empregos por MW instalado; incentivar a participação do maior número possível de atores; proporcionar um retorno razoável e riscos aceitáveis e não lucros rápidos e extraordinários; os custos extras para os consumidores devem ser os menores possíveis e decrescentes ao longo do tempo. O Nordeste tem competitividade para produção de energia em várias matrizes: hidrelétrica, eólica, solar e biomassa. A primeira devido à vazão hidráulica dos rios da região tendo o Rio São Francisco, o rio da integração nacional, várias hidrelétricas: Paulo Afonso I a IV, Xingó, Sobradinho, Itaparica, Moxotó e outras (VENTURA FILHO, 2013). A segunda é a energia eólica que cada vez mais conquista seu espaço, tanto por ter um grande potencial climático na região, mas também o custo da tecnologia que decresce com o passar do tempo e com aumento de investimentos com políticas públicas a favor. Os grandes investidores e

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Companhia Hidrelétrica do São Francisco.

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A área de atuação da SUDENE abrange totalmente os Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e, parcialmente, os Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo.

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órgão públicos criam a infraestrutura necessária, formam quadros especializados, desenvolvem e por fim, viabilizam a execução dos programas e fundos governamentais que torna o Nordeste uma referência na geração de energia elétrica.

Na figura 1, têm-se os dados da capacidade instalada (MW) dos estados da região Nordeste até o dia 31/03/2019, segundo Bezerra (2019). O estado que possui a maior participação de energias renováveis é a Bahia, com maiores representações na energia eólica - com capacidade instalada de 3700 MW - e na energia hídrica - com capacidade instalada de 4718 MW -.

Figura 1 - Capacidade instalada (MW) dos estados na região Nordeste

Fonte: Elaborada pela autora com base BEZERRA (2019).

Na figura 2, é apresentada a capacidade instalada (MW) das regiões do Brasil até o dia 31/03/2019, segundo Bezerra (2019). A energia elétrica oriunda das águas, é a que apresenta a maior capacidade instalada em todas as regiões, com 104.473 MW participa de 63,76% na matriz energética. Já a energia eólica é a terceira colocada atrás somente da energia fóssil, representando 9% na matriz energética e com maior participação na região Nordeste e Sul.

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Figura 2 - Capacidade instalada (MW) das regiões do Brasil

Fonte: Elaborada pela autora com base BEZERRA (2019).

3.1 PARTICIPAÇÃO DA ENERGIA EÓLICA NO NORDESTE

O Nordeste apresenta mais da metade do potencial eólico brasileiro, com um total na ordem de 75 GW, disponível no Brasil, e que equivale a aproximadamente 4 Itaipus. Esse potencial está localizado tanto na faixa litorânea quanto no interior da região, o que possibilita uma melhor distribuição dos parques eólicos (MOREIRA JUNIOR, 2009).

A concentração de parques eólicos se encontra, em sua maior parte, no litoral nordestino, o qual possui grande aproveitamento de ventos, em uma área que é propícia e assim favorece a viabilidade econômica dos projetos. A fonte eólica, embora represente atualmente cerca de 1/3 da potência instalada no Nordeste, é a que mais está contribuindo para a geração de energia elétrica, tendo participado, em 2017, com 45,37% do total gerado no Subsistema Nordeste (BEZERRA, 2018).

A energia eólica aparece como uma das opções para mitigar os problemas supracitados, visto que ainda há grande potencial para exploração; o combustível é o vento, ou seja, não apresenta riscos geopolíticos, nem variações de preço; fonte endógena de energia e permanentemente disponível; centrais eólicas são construídas em curto período de tempo; grande perspectiva de redução dos custos; baixos impactos ambientais e pouca emissão de gases de efeito estufa (considerando todo ciclo de vida dos equipamentos) (SOUZA, 2010).

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Com a redução de custos de construção da energia eólica aumentaram os investimentos voltados para a exploração dessa energia. A necessidade de diminuição da dependência de importação de combustíveis fósseis que se encontram concentrados em determinadas regiões que historicamente possuem conflitos, o qual atinge diretamente o preço. E por fim, pela demanda por eletricidade ser crescente há a preocupação com as condições climáticas globais, como o aquecimento do planeta, em decorrência dos gases de efeito estufa, já que a energia eólica é vista como a opção de geração de eletricidade com menores impactos à qualidade do ar, aos recursos hídricos, ao solo e à biodiversidade.

As fontes alternativas de uma forma geral, e a eólica em específico, têm forte ligação cultural com a proteção do meio ambiente. Em face disso, há grande potencial para promoção de programas de educação ambiental e difusão de conhecimentos relativos às fontes alternativas (SOUZA, 2010). A imagem da energia eólica está diretamente ligada à proteção do meio ambiente, tal aspecto deve ser aproveitado com programas de educação ambiental, na tentativa de inserir a variável ambiental no pensamento da população, trata-se segundo Souza (2010) de uma oportunidade para difusão tecnológica, cooperação internacional e aceleração da confiança da população em energias alternativas.

Na perspectiva ecológica, a energia eólica possui seus prós e contras, há impactos ambientais positivos e negativos relacionados a toda fase de construção dos parques. Na etapa de implantação do parque eólico destacam-se os impactos negativos relativos à emissão de gases e ao incremento da poeira e de material particulado, que são decorrentes das atividades relacionadas à limpeza do terreno, movimentação de terra, utilização de maquinário e maior circulação de veículos. Na fase de operação, tem-se a alteração da paisagem natural, podendo vir a obstruir cenários de relevante interesse paisagístico e eco-turístico. As pás das turbinas produzem sombras e/ou reflexos móveis que são indesejáveis nas áreas residenciais (esse problema é mais evidente em pontos de latitudes elevadas), pode ocorrer interferência nas transmissões de rádio e televisão (SOUZA, 2010).

Já no meio biótico8 na fase de implantação do empreendimento, há interferências na vegetação e na flora. As atividades de mobilização do canteiro de obras, limpeza do terreno e movimentação de terra resultam em remoção da vegetação. O aumento do tráfego de veículos forma poeira, que pode causar danos à vegetação próxima, tendendo a adquirir uma camada de poeira nas folhas, comprometendo a fotossíntese. A movimentação de homens e máquinas,

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além da caça realizada pelos operários, resulta em evasão e morte de animais silvestres (SOUZA, 2010). Os riscos das aves entrarem em colisão com as pás ganham destaque em locais utilizados como rota migratória, e assim gera um aumento na taxa de mortalidade e alteração das aves migratórias. Segundo Souza (2010) as colisões variam entre 0 e 50 colisões por turbina por ano (para pássaros e morcegos) as maiores taxas ocorrem para turbinas de maior diâmetro, e em áreas alagadas e próximas à florestas

Para que diminuam esses problemas, há medidas compensatórias para, tanto na fase de construção, como na fase de operação. E de acordo com Souza (2010) na fase de construção, as medidas mitigadoras são:

Compensação monetária ou permuta de áreas para população residente; Exigência de que as praças de lançamento não sejam implantadas em áreas de ocorrência de matas nativas; Não abertura de acessos no interior da mata nativa; Áreas úmidas e de banhados não devem ser drenadas ou aterradas; Utilização de sistemas anti-poeiras; Recuperação de áreas degradadas; Investimentos em atividades de implantação ou consolidação de unidade de conservação, na região do empreendimento; Melhor regulagem das máquinas utilizadas, evitando produção de ruídos e emissões desnecessárias; e Planejamento do sistema de tráfego de modo a se evitar os horários de pico.

E na fase de operação, como poluição visual e sonora (que têm influência direta nos impactos antrópicos) e morte de aves e morcegos, algumas medidas são:

Projetos paisagísticos e arquitetônicos para redução do impacto visual; Exigência de que as redes interligadoras sejam subterrâneas, tanto as entre os aerogeradores, como entre esses e a subestação; Exigência de implantação de barreiras naturais ou outra solução técnica para resolver possíveis conflitos com a população devido à incidência de sombreamento ocasionado por alguns aerogeradores em áreas residenciais; Projetos e programas específicos para redução de ruído; Monitoramento de ruídos; Exigência de distâncias mínimas entre os aerogeradores e áreas com residências; Não construção do parque em rotas de migração, exigindo distâncias mínimas em relação a locais relevantes para a avifauna; Exigência de Plano de Monitoramento Ambiental; Adoção de arranjo adequado das turbinas no parque eólico.

Mesmo com os malefícios para o ambiente, o licenciamento ambiental para a construção de um parque eólico, por se tratar de uma fonte de energia de baixos impactos, normalmente é obtido sem grandes dificuldades, reduzindo assim riscos de comprometimento nos cronogramas de implantação.

Há os benefícios decorrentes de menores impactos ambientais considerados negativos, a exemplo da baixa taxa de emissão de gases do efeito estufa, e de maiores perspectivas de geração de emprego, com consequente diminuição da migração para os grandes centros urbanos, que poderão ser alcançados caso ocorra um maior incentivo às eólicas.

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Na dimensão econômica, a exploração da energia eólica, sobretudo, não traz inteiramente os benefícios, para a região exploradora, no caso o Nordeste, que a energia possui. Como segundo Gondim e Santos (2014), a região Nordeste não possui direito à compensação financeira9 dessa exploração de seus potenciais em prol do país e com a falta de compensação, irá contribuir com a manutenção de problemas sociais que ainda persistem na região. Além desse impasse, a legislação tributária brasileira prevê a tributação da energia elétrica apenas no seu destino final, o qual todo o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) incidente é transferido dos estados produtores dessa energia para os estados consumidores, explicado de acordo com Coelho (2012):

Uma vez analisada a sistemática de repartição das receitas públicas relativas à energia elétrica, fica fácil perceber que a mesma simplesmente desconsidera a geração com base nas modernas fontes renováveis e, assim, prejudica enormemente os detentores dessas fontes de energia limpa – destacadamente, os Estados e Municípios nordestinos. Isso porque nenhuma receita pública será auferida diretamente pelos entes produtores da energia limpa gerada a partir das novas fontes, já que, como visto acima: (a) o ICMS sobre essa energia é todo transferido para o Estado consumidor da mesma; e (b) não há previsão de nenhuma compensação financeira pelo uso dos potenciais solar, eólico, de biomassa, geotérmico etc., na medida em que estes não são considerados bens públicos.

Outro viés de malefício econômico sobre a exploração da energia eólica é a concentração de renda nas mãos de grandes elites políticas e econômicas locais, assim a sociedade hospedeira sai prejudicada e as instituições financeiras da região permite com que ocorra a acumulação de capital. O aluguel e os royalties da terra são reportados por meios de comunicação, mas esses benefícios fluem para os proprietários formais de terras, que podem ter obtido terras de forma fraudulenta (BRANNSTROM; GORAYEB; MENDES, 2016).

Diante de prós e contras, a energia eólica é uma alternativa viável e apropriada para geração complementar de eletricidade no Nordeste e apresenta-se como importante instrumento para mitigar os efeitos das mudanças climáticas nessa vulnerável região (SOUZA, 2010). O investimento em fontes renováveis pode ampliar a produção de eletricidade, aumentar a segurança e a complementaridade do sistema e diminuir impactos ambientais e sociais da expansão do sistema de geração e de distribuição de energia, mesmo que há barreiras de mercado e os custos de produção de eletricidade por fontes renováveis

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A Carta Magna menciona a referida compensação financeira de forma bastante generalizada, foi elaborada a Lei n.º 7.990, de 28 de dezembro de 1989, alterada pela Lei 8001, de 13 de março de 1990, que dispõe sobre o resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica, de recursos minerais em seus respectivos territórios, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva. (GONDIM E SANTOS, 2014)

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alternativas que podem ser diminuídos por meio de políticas públicas de investimento no setor, ou seja, o avanço da tecnologia e exploração da energia tem que ser acompanhada de apoios políticos e fiscais para que os benefícios sejam consolidados e a região seja beneficiada mutuamente.

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4 COMPLEXO EÓLICO DO ALTO SERTÃO

Este capítulo irá contemplar a apresentação do Complexo Eólico do Alto Sertão I e II e das cidades as quais os parques eólicos foram implantados.

A empresa responsável pela construção e pela geração elétrica do complexo foi a Renova Energia, fundada em 2001, é uma companhia totalmente brasileira de energia elétrica renovável com atuação em eólicas, pequenas hidrelétricas e solar. Desde 2009, a empresa está fortemente concentrada em projetos de fonte eólica, mercado no qual é pioneira, tendo implantado na época o maior complexo eólico da América Latina - Complexo Eólico do Alto Sertão I -, no sudoeste da Bahia (RENOVA, 2016). Desde 2006, a empresa investe continuamente em projetos eólicos e na época era considerada uma das maiores empresas de geração de energia por fontes alternativas do Brasil, líder em energia eólica contratada nos mercados regulado e livre.

O Complexo Eólico do Alto Sertão I teve toda sua energia contratada no leilão de energia de reserva (LER)10 de 2009, são ao todo 14 parques eólicos, com inicio da construção em 2011, com a entrega no ano de 2012, mas só começou a operar no ano de 2014, devido ao atraso da construção das linhas de transmissão de responsabilidade da Chesf. Com capacidade instalada de 294 MW e 1,2 bilhões de reais investidos, o Complexo foi implantado nos municípios de Caetité, Guanambi e Igaporã, na região do semiárido baiano. Foram implantados 184 aerogeradores, montados em torres de 80 metros de altura – o equivalente a um prédio de 27 andares –, com pás de 42 metros de comprimento. A energia produzida é capaz de atender a cerca de 650 mil residências, número significativamente superior à quantidade de residências da região, cuja população é da ordem de 400 mil pessoas (RENOVA, 2011).

Após a construção do complexo, a empresa teve a iniciativa de criar o “Programa Catavento”, que segundo consta no Relatório de Sustentabilidade de 2012, destina R$ 9,4 milhões para tornar viáveis iniciativas em quatro dimensões: Meio Ambiente, Socioeconomia, Cultura e Patrimônio e Desenvolvimento Organizacional, o “Programa Catavento” é uma iniciativa de investimento social privado que reúne projetos desenvolvidos em parceria com os diversos públicos com os quais interage; foram investidos no ano (2012) R$ 618 mil em infraestrutura e R$ 2,85 milhões em serviços.

Entre os projetos contemplados na primeira fase estão o Plano Museológico Museu de Arqueologia do Alto Sertão da Bahia (MASB), Festival de Artes Cênicas (Festcasa) e Conservatório de Música Anísio Teixeira, projeto de capacitação profissional, recuperação

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Promovido pelo Governo Federal. A contratação da energia de reserva foi criada para elevar a segurança no fornecimento de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN).

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de barragens, preservação de matas ciliares, assessoria técnica e extensão rural, fortalecimento da apicultura e projeto de plantas medicinais do Alto Sertão, entre outros. (RENOVA, 2012).

Já o Complexo Eólico do Alto Sertão II teve sua energia contratada no LER de 2010 para 6 parques e no Leilão de Energia Nova (LEN)11 de 2010 para 9 parques. O Complexo inclui 15 parques eólicos, com a construção iniciada no ano de 2012, com a entrega de 6 parques em 2013 e o restante em 2014, com o início operação no ano seguinte da entrega. Por meio de 1,4 bilhões de reais investidos pelo empréstimo com o BNDES12, o Complexo alcançou 386,1 MW de capacidade instalada, utilizando 230 aerogeradores. Os municípios envolvidos no Complexo são: Caetité, Guanambi, Igaporã e Pindaí, todos do sudoeste baiano. A experiência com a execução do Alto Sertão I levou a Renova Energia a assumir o gerenciamento de projeto civil e gestão própria da logística e montagem de aerogeradores, o que resultou em uma série de benefícios na execução do Alto Sertão II (RENOVA, 2012).

A escolha da região deveu-se, principalmente, à qualidade dos ventos, à altitude e ao relativo “vazio demográfico”, aspectos que ajudam a reduzir o impacto socioambiental junto às comunidades (RENOVA, 2011). E as obras referentes aos parques eólicos, segundo o Relatório de Sustentabilidade de 2011, incluem a construção de estradas ou alargamento de estradas existentes; dos pátios para construção das bases de concreto; disposição das peças do aerogerador para montagem; construção das linhas de transmissão e das subestações e a montagem dos aerogeradores. Além disso, a implantação dos parques eólicos está atrelada ao cumprimento de condicionantes geradas pelos processos de licenciamento ambiental. Em geral, essas condicionantes se desdobram em programas de natureza socioeconômica e ambiental, tais como o resgate de fauna e flora e a prospecção e o resgate arqueológico.

Os quatro municípios, da região sudoeste, em que todos os parques foram implantados possui a vantagem climática do Nordeste, com intensos ventos e importante altitude. A seguir, irei apresentar as características de cada cidade.

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O leilão de energia nova tem como finalidade atender ao aumento de carga das distribuidoras. Neste caso são vendidas e contratadas energia de usinas que ainda serão construídas.

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Figura 3 - Mapa da região de estudo

Fonte: SEI, 2010.

4.1 CAETITÉ

O município foi criado pela Lei Estadual nº 995 de 26/02/1810. Faz divisa com os municípios de Tanque Novo, Paramirim, Livramento de Nossa Senhora, Lagoa Real, Ibiassucê, Caculé, Pindaí, Guanambi e Igaporã (SEI, 2011).

De acordo com Censo Demográfico 2010, Caetité possuía 47.515 habitantes. Em relação à situação do domicílio, 28.447 habitantes residiam em áreas urbanas e 19.068 habitantes residiam em domicílios rurais, perfazendo um grau de urbanização de 59,9%. Na decomposição por gênero, a população era majoritariamente do sexo feminino, ou seja, em números absolutos eram 24.096 habitantes do gênero feminino e 23.419 do sexo masculino (SEI, 2011).

Em relação ao crescimento demográfico, entre 1991 e 2000 a população do município apresentou uma taxa média positiva de 1,4% ao ano, e no período 2000 a 2010 cresceu a uma taxa de 0,4% a.a. Em 2014, o rendimento médio do emprego formal (exclusos os valores relacionados às atividades informais) no município de Caetité, foi de R$ 1.547,79, entre 2004 e 2014 teve um ganho de 120,2% (SEI, 2011).

Em relação ao nível educacional, Caetité tinha 47 estabelecimentos de ensino pré-escolar, 53 estabelecimentos de ensino fundamental e 5 estabelecimentos de ensino médio. À

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