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Biblioteca Digital do IPG: Relatório de Estágio Curricular - Farmácia Martins (Chaves)

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(1)

TPG

folitécnico

1 dalGuarda

Polytechnic of Guarda

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL 1

Licenciatura em Farmácia

Catarina Alexandra Gonçalves Barroso

janeiro

1

2016

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R E L A T Ó R I O D E E S T Á G I O

P R O F I S S I N A L I

CATARINA ALEXANDRA GONÇALVES BARROSO

CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO

janeiro|2016

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

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CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO 4º ANO / 1º SEMESTRE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL I

ESTÁGIO EM FARMÁCIA COMUNITÁRIA

CATARINA ALEXANDRA GONÇALVES BARROSO SUPERVISOR: DRA. LILIANA ARAÚJO ORIENTADOR: PROF. DOUTORA FÁTIMA ROQUE

janeiro|2016

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

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LISTA DE SIGLAS

ACSS – Administração Central do Sistema de Saúde

ADM - Assistência na Doença aos Militares das Forças Armadas ANF – Associação Nacional das Farmácias

ARS – Administração Regional de Saúde BPF – Boas Práticas Farmacêuticas CCF – Centro de Conferência de Faturas CGD - Caixa Geral de Depósitos

CNP – Código Nacional de Produto

CNPEM – Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos DCI – Denominação Comum Internacional

DM – Diabetes mellitus DT – Diretora Técnica

ESS – Escola Superior de Saúde FF – Forma Farmacêutica FM – Farmácia Martins FP – Farmacopeia Portuguesa

INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. IPG – Instituto Politécnico da Guarda

IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado MM – Medicamento Manipulado

MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica PA – Pressão Arterial

PAD – Pressão arterial diastólica PAS – Pressão arterial sistólica

PCHC – Produtos de Cosmética e Higiene Corporal PRM – Problemas Relacionados com os Medicamentos PVA – Preço de venda ao Armazenista

PVF – Preço de Venda à Farmácia PVP – Preço de Venda ao Público

RNM – Resultados Negativos Associados aos Medicamentos

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SNS – Serviço Nacional de Saúde TF – Técnico de Farmácia

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Agradecimentos

Este estágio não teria corrido da mesma forma se as pessoas que direta ou indiretamente intervieram nesta minha etapa não estivessem presentes e, portanto, aqui fica o meu agradecimento:

A toda a equipa da Farmácia Martins, Dr. Afonso Castro, Dra. Liliana Araújo, Dra. Catarina Teixeira, Helena Morais, Ilda Santos, Maria José, João Pedro Gomes e Paulo Chaves por toda a disponibilidade, paciência e compreensão que sempre tiveram comigo, pela ótima integração que me proporcionaram, pelos conhecimentos transmitidos e por todos os dias me fazerem sentir parte da sua maravilhosa equipa. Tornaram o meu estágio único e que sempre me trará boas memórias.

A todos os professores que me acompanharam desde o primeiro ano e que me deram todos os conhecimentos possíveis e necessários.

À minha família e namorado, que sempre me apoiaram e por todos os dias mostrarem preocupação e me darem o melhor que podem e conseguem.

Aos meus amigos, por partilharem comigo estes quatros anos e por esses quatro anos que passamos juntos, que de certeza também afetou a minha personalidade.

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“Never forget what you are. The rest of the world will not. Wear it like armor, and it can never be used to hurt you”

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela I - Valores de referência do colesterol total e triglicerídeos ... 43 Tabela II - Valores de referência de glicémia em jejum e pós-prandial ... 45 Tabela III - Valores de referência da pressão arterial e classificação ... 45

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ... 12

1. CARATERIZAÇÃO DA FARMÁCIA ... 13

1.1. LOCALIZAÇÃO E HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO ... 13

1.2. ESPAÇO FÍSICO EXTERIOR ... 14

1.3. ESPAÇO FÍSICO INTERIOR ... 14

1.3.1. Área de atendimento ao público ... 14

1.3.2. Área de apoio ao atendimento ... 15

1.3.3. Laboratório ... 15

1.3.4. Área de receção de encomendas ... 15

1.3.5. Sala de apoio ao utente ... 16

1.3.6. Escritório e biblioteca ... 16

1.3.7. Armazém ... 16

1.3. PROGRAMA INFORMÁTICO ... 17

1.4. RECURSOS HUMANOS ... 17

1.5. UTENTES ... 18

2. MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE ... 19

2.1.APROVISIONAMENTO E GESTÃO DE STOCKS ... 19

2.2.ENCOMENDAS ... 20

2.2.1.Elaboração de Encomendas ... 20

2.2.2.Receção e conferência de encomendas ... 22

2.2.3.Devoluções ... 24

2.3.FICHA DE PRODUTO ... 24

2.4. PRAZOS DE VALIDADE ... 25

2.5.ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO ... 25

3.DISPENSA DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE ... 26

3.1.MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ... 26

3.1.1. A prescrição médica e a sua validação ... 27

3.1.2. Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica renovável ou única ... 28

3.1.3. Subsistemas de saúde e regimes de comparticipação ... 30

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3.1.5. Dispensa de medicamentos manipulados ... 33

3.2. DISPENSA DE PRODUTOS DESTINADOS AO AUTOCONTROLO DA DIABETES MELLITUS ... 34

3.3. MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ... 34

3.4. OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE ... 36

3.4.1. Géneros alimentícios para alimentação especial... 36

3.4.2. Medicamentos homeopáticos ... 37

3.4.3. Produtos fitoterapêuticos ... 37

3.4.4. Dispositivos médicos ... 38

3.4.5. Medicamentos e produtos de uso veterinário... 38

3.4.6. Produtos de cosmética e higiene corporal ... 39

3.4.7. Produtos de puericultura, gravidez e pós-parto ... 39

4. PROCESSAMENTO DE RECEITUÁRIO E FATURAÇÃO ... 40

5. FARMACOVIGILÂNCIA ... 42

6. OUTROS CUIDADOS DE SAÚDE PRESTADOS PELA FARMÁCIA ... 43

6.1.AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E FISIOLÓGICOS ... 43

6.1.1. Avaliação do colesterol total e triglicéridos ... 43

6.1.2. Avaliação da glicose ... 44

6.1.3. Avaliação da pressão arterial ... 45

6.2. ADMINISTRAÇÃO DE VACINAS ... 46 6.3. VALORMED ... 46 CONCLUSÃO ... 48 BIBLIOGRAFIA ... 49 ANEXOS ... 53 ANEXO A – FATURA ... 54

ANEXO B – Requisição de substâncias e suas preparações compreendidas nas tabelas I, II, III e IV, com exceção da II-A, anexas ao decreto-lei nº 15/93 de 22 de janeiro ... 55

ANEXO C – NOTA DE DEVOLUÇÃO ... 56

ANEXO D – RECEITA MÉDICA ELETRÓNICA... 57

ANEXO E – RECEITA MÉDICA MANUAL... 58

ANEXO F – DOCUMENTO DE FATURAÇÃO DA RECEITA ... 59

ANEXO G – RECEITA MÉDICA ESPECIAL ... 60

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ANEXO I – LISTA DE SAÍDAS DE ESTUPEFACIENTES E PSICOTRÓPICOS ... 62 ANEXO J – VERBETE DE IDENTIFICAÇÃO DO LOTE ... 63

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RESUMO

Este documento faz parte da avaliação do Estágio Profissional I realizado pela aluna Catarina Alexandra Gonçalves Barroso da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico da Guarda e nele constam descrições do funcionamento da Farmácia Martins e das atividades realizadas, que fazem parte das funções de um técnico de farmácia em farmácia comunitária. Algumas dessas descrições são também os objetivos a atingir pela aluna que visam favorecer, em contexto real, a integração das aprendizagens que vão sendo desenvolvidas ao longo da licenciatura, de modo que o perfil do estudante vá ao encontro das competências necessárias no âmbito da sua formação.

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INTRODUÇÃO

Este relatório surge no âmbito da unidade curricular Estágio Profissional I que integra o plano de estudos do 4º ano do curso de Farmácia – 1º Ciclo, da Escola Superior de Saúde (ESS) do Instituto Politécnico da Guarda (IPG). O Estágio Profissional I foi realizado numa farmácia comunitária, Farmácia Martins, na localidade de Chaves, no período de 21 de setembro a 6 de janeiro, com duração de 490 horas de frequência obrigatória. Estas horas foram distribuídas segundo o horário das 9h às 13h e das 14h às 18h, de segunda a sexta-feira. O estágio contou com a orientação pedagógica da Professora Fátima Roque da ESS-IPG e supervisão no local de estágio da Farmacêutica Liliana Araújo.

O técnico de farmácia atua em diversas áreas nomeadamente: desenvolvimento de atividades no circuito do medicamento, tais como análises e ensaios farmacológicos; interpretação da prescrição terapêutica e de fórmulas farmacêuticas, sua preparação, identificação e distribuição, controlo da conservação, distribuição e stocks de medicamentos e outros produtos, informação e aconselhamento sobre o uso do medicamento [1].

O Estágio Profissional I é uma importante vertente de formação, permitindo ao estudante aprender no seio da equipa multidisciplinar de saúde e em contacto direto com o utente. Os objetivos do estágio visam: a integração das aprendizagens desenvolvidas ao longo do curso, de modo que o perfil do estudante vá ao encontro das competências da sua formação; preparar o estudante para dar resposta às exigências da sociedade, promovendo a socialização e a integração profissional; tornar o aluno capaz a nível científico e técnico na realização das atividades subjacentes à profissão do técnico de farmácia; aplicar os respetivos princípios éticos e deontológicos; desenvolver e avaliar planos de intervenção integrados numa equipa multidisciplinar; responder aos desafios profissionais com inovação, criatividade e flexibilidade.

Por sua vez, o presente relatório pretende avaliar a descrição e análise das atividades desenvolvidas consolidadas com os conhecimentos teóricos e teórico-práticos.

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1. CARATERIZAÇÃO DA FARMÁCIA

As farmácias prosseguem uma atividade de saúde e de interesse público e asseguram a continuidade dos serviços que prestam aos utentes através de profissionais com conhecimentos especializados na área da informação sobre a segurança, eficácia e promoção do uso racional dos medicamentos [2].

A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED) regula e tutela todos os setores dos medicamentos para uso humano, dispositivos médicos e produtos de cosmética e de higiene corporal (PCHC). É também a autoridade responsável por contribuir para uma adequada política do medicamento, autorizar a entrada de novos medicamentos no mercado, proceder à sua suspensão, abrir concurso para a atribuição de novo alvará de farmácia, encerrar farmácias e indústrias farmacêuticas, regulamentar, avaliar, autorizar, fiscalizar, controlar a distribuição, comercialização, e utilização de medicamentos e de dispositivos médicos e cosméticos [2] [3].

Dada a sua acessibilidade à população, a farmácia comunitária é uma das portas de entrada no Serviço de Saúde. É um espaço que se caracteriza pela prestação de cuidados de saúde de elevada diferenciação técnico-científica, que tenta servir a comunidade sempre com a maior qualidade. Na farmácia comunitária realizam-se atividades dirigidas para o medicamento e atividades dirigidas para o utente. Para que o profissional de farmácia possa realizar estas atividades, necessita de instalações, equipamentos e fontes de informação apropriadas, ou seja, necessita que a farmácia possua a estrutura adequada para o cumprimento das suas funções [4].

1.1. LOCALIZAÇÃO E HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

A Farmácia Martins (FM) localiza-se no Largo Portas do Anjo na cidade de Chaves. O seu horário de funcionamento é das 9h às 19h de segunda a sexta e das 9h às 13h ao sábado e encerra ao domingo. Está inserida na escala de turnos definida pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, efetuando serviço permanente (24h) de onze em onze dias.

O horário de funcionamento encontra-se disponível para consulta em ambas as portas de acesso à farmácia em ecrã eletrónico.

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14 1.2. ESPAÇO FÍSICO EXTERIOR

A nível do exterior a FM possui duas portas de acesso, uma das quais se encontra ao nível do passeio, o que facilita o acesso à farmácia por todos os potenciais utentes. A FM está identificada com a “cruz verde” luminosa identificativa de farmácia, o nome da farmácia e com uma placa com a identificação da Diretora Técnica (DT). Possui cinco montras iluminadas que são renovadas periodicamente de acordo com a época sazonal em questão e com a disponibilidade de oferta que a farmácia tem, para que seja transmitida informação útil ao utente. A alguns metros da porta principal existe estacionamento abundante que permite aos utentes deslocarem-se de carro até à farmácia.

1.3. ESPAÇO FÍSICO INTERIOR

No interior a FM é dividida em dois pisos, nos quais estão localizadas todas as áreas necessárias ao seu bom funcionamento, garantindo a segurança dos produtos, assim como a comodidade e privacidade dos profissionais e dos utentes.

No piso inferior encontra-se a área de atendimento ao público, uma área de apoio ao atendimento, o laboratório, a zona de receção de encomendas, as instalações sanitárias e uma sala de apoio ao utente. No piso superior encontra-se a biblioteca, o escritório e o armazém.

1.3.1. Área de atendimento ao público

A área de atendimento ao público é constituída por cinco balcões de atendimento, cada um deles com um computador e um leitor ótico de códigos de barras.

Tendo em conta alguns conceitos de marketing, todos os produtos expostos na zona de atendimento ao público estão colocados de forma estratégica, de forma a dar visibilidade a determinados produtos que são muito solicitados, a novidades que se pretendem dar a conhecer, ou produtos publicitados pelos media e que chamem a atenção do utente ao terem contacto visual com estes produtos. Por outro lado, há outros produtos que os utentes já conhecem e sabem que a farmácia dispõe e, por isso, não necessitam de tanta visibilidade.

Assim, atrás dos balcões existem prateleiras onde estão alguns medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) de acordo com a época sazonal e a publicidade feita pelos

media, organizados por indicação terapêutica e nome comercial. Estão também dispositivos

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15 Exteriormente aos balcões encontram-se diversos armários verticais com vitrinas transparentes e duas portas opacas na parte inferior. Nas vitrinas, os produtos expostos

dividem-se em PCHC, produtos de puericultura, produtos para gravidez e pós-parto de algumas

marcas como BIODERMA®, BARRAL®, MUSTELA®, LA ROCHE POSAY®, AVÉNE®, URIAGE®, CAUDALIE®, VICHY® e EUCERIN®. Na parte inferior desses armários, assim como nas gavetas dos balcões encontram-se os produtos que não necessitam de visibilidade por serem diariamente solicitados como produtos de higiene oral, produtos para a pediculose, produtos destinados à higiene dos pés, entre outros. Nesta área existem também dois bancos que os utentes podem utilizar enquanto aguardam pela sua vez.

1.3.2. Área de apoio ao atendimento

A área de apoio ao atendimento é onde se encontram a maioria dos medicamentos e produtos de saúde armazenados em gavetas ou armários próprios. A maioria das formas farmacêuticas (FF) (comprimidos, cápsulas, preparações para inalação, supositórios, gotas nasais e otológicas) de marca está armazenada em gavetas por ordem alfabética e por dosagem. Os medicamentos para aplicação tópica estão guardados em gavetas separadamente das FF anteriores, assim como os colírios, contracetivos orais, e ampolas bebíveis. Os medicamentos genéricos estão guardados noutro, também por ordem alfabética, por dosagem e por laboratório. Os suplementos alimentares e vitaminas, xaropes, produtos ginecológicos, material de penso e dispositivos médicos abrangidos pelo protocolo da diabetes mellitus (agulhas,

lancetas e tiras-teste) estão armazenados em gavetas ou armários próprios individuais.

1.3.3. Laboratório

O laboratório é constituído por um lavatório e uma bancada lisa facilmente lavável, com armários destinados ao armazenamento dos materiais e as matérias-primas necessários para a preparação de medicamentos manipulados (MM).

1.3.4. Área de receção de encomendas

Na área de receção de encomendas existe um balcão de apoio à receção de encomendas com o computador principal, leitor ótico de barras e o frigorífico para armazenamento de

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16 produtos termolábeis. O frigorífico possui um sistema de controlo com registo de temperatura, alarme automático e uma porta transparente que permite a visualização dos produtos com a porta fechada, minimizando as alterações da temperatura.

1.3.5. Sala de apoio ao utente

A sala de apoio ao utente constitui uma forma de atendimento personalizado, que permite um diálogo privado e confidencial entre o utente e o profissional de farmácia [3]. A FM disponibiliza este espaço, com dimensões de 1,5 m × 2 m, com mesa lavável, cadeiras e um cadeirão reclinável.

Esta sala é também utilizada para determinar alguns parâmetros bioquímicos e fisiológicos como a pressão arterial (PA), glicémica, colesterol total e triglicerídeos e ainda para a administração de injetáveis.

1.3.6. Escritório e biblioteca

O escritório é onde são elaboradas as diferentes atividades da administração e gestão da farmácia pela diretora técnica (DT) e pela farmacêutica adjunta, e onde se faz a conferência de receituário.

A biblioteca possui as várias fontes de informação obrigatórias e outras, totalmente disponíveis para consulta por todos os profissionais da farmácia [2]. Aqui podem-se encontrar o Índice Nacional Terapêutico, a Farmacopeia Portuguesa (FP), Prontuário Terapêutico, Mapa Terapêutico, Simposium Terapêutico, entre outros.

1.3.7. Armazém

No armazém é onde são armazenados todos os medicamentos e outros produtos de saúde que não cabem na área de apoio ao atendimento, os produtos de veterinária, dispositivos médicos como meias de compressão, joelheiras, pés elásticos, colares cervicais, entre outros, e também onde se guardam materiais utilizados na manutenção das montras e tudo que não seja necessário diariamente.

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17 1.3. PROGRAMA INFORMÁTICO

O sistema informático usado na FM é o Sifarma 2000®. Este programa intervém em todo o circuito do medicamento e é utilizado em todos os processos realizados na farmácia.

O Sifarma 2000® é então utilizado na realização e receção de encomendas, devoluções, na gestão da faturação, gestão de stocks, o controlo da rotatividade dos medicamentos e outros produtos existentes na farmácia, sendo possível a atribuição de um nível de stock mínimo e máximo para cada produto. De acordo com esses níveis são criadas propostas de encomenda. É principalmente utilizado para a dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) e MNSRM. Para a dispensa de MSRM o programa permite fazer a receita de forma eletrónica, onde são inseridos os códigos presentes na guia de tratamento do utente, tendo acesso imediato aos medicamentos prescritos, ao plano de comparticipação e portarias ou decretos-lei que regulamentam a dispensa de certos medicamentos. Isto só é possível para receitas eletrónicas, sendo que nas receitas manuais é necessária a introdução de todos os dados.

Para além disso, o programa contém toda a informação relativa aos produtos da farmácia (quantidades, prazos de validade, etc), a descrição de cada medicamento (grupo farmacoterapêutico, indicações terapêuticas, contraindicações, reações adversas, interações medicamentosas, posologia que pode ser utilizada, etc), fichas individualizadas para os utentes, onde constam dados pessoais dos mesmos e também onde ficam registados todos os medicamentos e outros produtos adquiridos na farmácia. Estes dados possibilitam uma consulta rápida que contribui para uma dispensa completa, rigorosa e com informação detalhada sobre a segurança, efetividade e necessidade, contribuindo também para a diminuição de erros.

Para um melhor controlo e segurança de todas as operações realizadas no sistema informático, cada profissional possui um código e respetiva password de acesso. Desta forma, todos os processos são registados e rastreados com o código do profissional que o realizou.

1.4. RECURSOS HUMANOS

As farmácias dispõem de um diretor técnico e de pelo menos outro farmacêutico, podendo estes ser coadjuvados por técnicos de farmácia (TF) ou por outro pessoal devidamente habilitado [2].

Na FM trabalham sete profissionais de farmácia: duas farmacêuticas (a DT e a farmacêutica adjunta), uma TF e quatro técnicos auxiliares de farmácia.

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18 1.5. UTENTES

A FM localiza-se no centro da cidade numa zona de fácil acesso, tendo por isso um público muito diverso, dos mais jovens que vão sendo cada vez mais exigentes e procuram respostas rápidas para os problemas menores aos mais idosos que vão adquirindo a sua medicação crónica. Alguns dos utentes são já fidelizados à farmácia e conhecidos pelos profissionais que lá trabalham, tendo por isso empatia mútua.

Ao longo do meu período de estágio fui conhecendo gradualmente alguns utentes habituais, o que me permitiu conhecê-los melhor e criar alguma empatia, o que de certa forma também lhes facilitava a forma como dialogavam e expunham os seus problemas com segurança. O diálogo e as ligações criadas são muito importantes a nível do aconselhamento pois os utentes precisam de ter confiança nos profissionais de farmácia para exporem os seus problemas. Estas relações foram fundamentais no desenvolvimento das minhas capacidades de comunicação e de lidar com determinadas situações.

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2. MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE

Dadas todas as atividades de mercado já existentes, a farmácia comunitária deve procurar manter-se atualizada e em constante desenvolvimento, não se restringindo à dispensa de medicamentos sujeitos ou não a receita médica, disponibilizando aos utentes outros produtos de saúde de forma a satisfazer as suas necessidades. Para isso, é necessário que haja legislação própria a ser aplicada para garantir a proteção da saúde pública, desde o seu fabrico até à sua dispensa, sendo indispensável a intervenção do profissional de farmácia no circuito do medicamento.

O estatuto do medicamento, criado pelo Decreto-lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, define medicamento como “toda a substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”, podendo estes serem classificados quanto à sua dispensa ao público como MSRM e MNSRM [3].

Os medicamentos podem ser considerados como medicamento de referência que é um medicamento que foi autorizado com base em documentação completa, incluindo resultados de ensaios farmacêuticos, pré-clínicos e clínicos ou como medicamento genérico que apresenta a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados [3].

Os medicamentos genéricos são designados pela denominação comum internacional (DCI) da substância ativa, nome do titular da autorização de introdução no mercado, da dosagem, da forma farmacêutica e da sigla “MG” impressas na cartonagem que facilita a identificação destes medicamentos.

2.1.APROVISIONAMENTO E GESTÃO DE STOCKS

O aprovisionamento e gestão de stocks requerem um conjunto de estratégias que assegurem as necessidades terapêuticas dos utentes aos melhores preços para a farmácia. A relação preço-qualidade é, portanto, um fator chave na obtenção de produtos por parte da farmácia. Outros fatores como a época sazonal, a publicidade e o enquadramento socioeconómico são importantes na aquisição de produtos.

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20 O conhecimento dos produtos existentes no mercado é, por isso, importante devendo-se procurar obter a máxima informação sobre os produtos e medicamentos que o mercado dispõe, mantendo-se sempre essa informação atualizada. Geralmente, sempre que é introduzido um produto ou medicamento no mercado, são recebidas por fax apresentações e/ou campanhas de lançamento do produto. Paralelamente a isso é frequente a visita dos delegados de informação à farmácia no sentido de promover a venda do produto, informando também sobre produtos concorrentes que possam ser equivalentes e demonstrando quais as vantagens sobre esse.

Para além disso, as farmácias têm de dispor sempre para venda no mínimo três medicamentos de entre os que correspondem aos cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo (medicamentos com substância ativa, forma farmacêutica, dosagem e dimensão de embalagem iguais) [3]. Desta forma, o histórico de vendas fornecido pelo programa informático é também uma ajuda na aquisição de produtos.

2.2.ENCOMENDAS

2.2.1.Elaboração de Encomendas

Na FM são realizadas dois tipos de encomendas: as diárias e as programadas. As encomendas diárias são feitas duas vezes por dia aos armazenistas, através do Sifarma 2000®, que tem um limite de stock mínimo e máximo para cada produto. Quando o limite mínimo de um produto é atingido, este vai aparecer na proposta de encomenda. Na proposta de encomenda define-se o fornecedor pretendido e verifica-se se todas as quantidades de produtos que estão na proposta encomenda são necessárias encomendar ou se existem outros em falta. Nos dias em que a farmácia se encontra de serviço permanente é necessário reforçar as quantidades a encomendar. Por outro lado, a previsão de chegada de uma encomenda diretamente do laboratório (encomenda programada) exige uma diminuição das quantidades a encomendar. Depois de verificada é aprovada a encomenda. O Sifarma 2000® constitui uma ferramenta muito útil neste processo, pois facilita a realização da encomenda através da proposta criada pelos stocks mínimos e consegue ainda informar o operador que faz a encomenda sobre fornecedores que apresentem bonificações.

Ao longo do dia, durante o atendimento também surgem pedidos de produtos que a farmácia não dispõe em stock. Nestes casos, pode fazer-se o pedido aos armazenistas por

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21 chamada telefónica, o que permite informar o utente sobre a disponibilidade do produto e do momento em que estará disponível na farmácia.

A FM trabalha com três armazenistas: OCP Portugal, Cooprofar Farmácia - Cooperativa dos Proprietários de Farmácia e Alliance Healthcare. A OCP Portugal é o fornecedor principal, recorrendo-se aos restantes para produtos que apresentem melhores opções de compra (preço e bonificações). As encomendas aos armazenistas têm a vantagem de não possuir valor mínimo de encomenda e a rapidez de entrega, o que permite uma resposta rápida às necessidades dos utentes.

Os produtos de veterinária são encomendados à Agroviseu - Comércio,Indústria e Representações SA e os dispositivos médicos como material de penso, seringas, entre outros, são encomendados à Britos Acessórios de Farmácia LDA.

Por sua vez, as encomendas programadas são feitas diretamente ao laboratório, através dos delegados de vendas, para produtos que são muito solicitados pelos utentes e que, ao serem encomendados em grandes quantidades usufrui-se de redução dos preços de venda e de bonificações. Os medicamentos genéricos, por possuírem maior rotatividade, também são encomendados aos delegados de vendas e normalmente são entregues à farmácia no início de cada mês. Nestas encomendas são também considerados fatores como a época sazonal, as campanhas apresentadas, a publicidade feita pelos media, entre outros.

Muitas vezes, alguns medicamentos encontram-se esgotados nos armazenistas e só se conseguem obter diretamente dos laboratórios. Nestas situações é enviado um fax ao laboratório com um formulário próprio para o pedido.

Por vezes alguns medicamentos encontram-se esgotados nos próprios laboratórios ou a disponibilidade dos mesmos é rateada às farmácias. Estas situações dificultam a capacidade da farmácia para assegurar a terapêutica aos utentes, pois a disponibilidade dos produtos não depende da farmácia, o que pode por em causa a adesão à terapêutica. A FM faz os possíveis para que tal não aconteça, realizando as encomendas diariamente e no caso de encomendas ao laboratório, sempre que possível.

Nesta etapa tive oportunidade de observar diariamente a DT a elaborar as encomendas diárias, que me explicou como se dava este processo. Durante o atendimento sempre que surgia a necessidade também fazia pedidos ao telefone aos armazenistas.

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2.2.2.Receção e conferência de encomendas

As encomendas chegam à farmácia acondicionadas em contentores devidamente selados e identificados com o nome da farmácia, fazendo-se acompanhar da guia de remessa ou fatura com duplicado que é arquivada no final da receção (Anexo A).

A guia de remessa/fatura é um documento onde constam a identificação da farmácia, hora e local de expedição da encomenda, a identificação dos produtos (código nacional do produto (CNP), nome comercial, FF, dosagem e tamanho da embalagem), quantidade encomendada e fornecida, o preço de venda ao público (PVP) no caso de medicamentos com preço tabelado, o preço de venda ao armazenista (PVA), o preço de venda à farmácia (PVF), o imposto sobre o valor acrescentado (IVA) e o preço total de custo para a farmácia.

As encomendas realizadas no computador ficam registadas no mesmo, pelo que no momento da receção é aberta no computador a encomenda realizada e introduz-se o número da fatura e o preço total da encomenda. Posteriormente dá-se entrada dos produtos recebidos, dando prioridade aos produtos termolábeis para que sejam armazenados o mais rapidamente possível, através da leitura ótica do código de barras. Os pedidos feitos pelo telefone vêm normalmente numa guia de remessa/fatura à parte e os produtos são introduzidos na encomenda principal.

Neste processo é necessário verificar a integridade das embalagens e a correta introdução dos dados. A confirmação dos prazos de validade é um processo muito importante para assegurar a qualidade dos produtos dispensados aos utentes. Assim, se os prazos de validade dos produtos rececionados forem inferiores aos existentes em stock alteram-se os mesmos no sistema informático.

O sistema informático ao introduzir os produtos dá a informação das quantidades em falta (considerando aquelas que foram encomendadas), pelo que deve confirmar-se se as quantidades encomendadas e recebidas coincidem e as possíveis bonificações. No final de todos os produtos estarem introduzidos verifica-se juntamente com a guia de remessa/fatura as quantidades, o PVF e o PVP. Para medicamentos e outros produtos de saúde em que o preço não é fixado e não está inscrito na embalagem, a farmácia calcula o PVP considerando o preço de custo, o IVA a que o produto é sujeito e a margem de comercialização definida.

Depois de todos os dados estarem verificados confirma-se se a quantidade total de embalagens rececionadas, indicadas pelo sistema informático, corresponde à quantidade total de embalagem que está na fatura e se o valor total da encomenda é igual ao da fatura. Por fim finaliza-se a encomenda e os produtos encomendados que não foram enviados são

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23 transferidos para outro fornecedor para que possam ser novamente encomendados e emite-se um comunicado ao INFARMED, dando conhecimento dos produtos que não estão disponíveis para aquisição da farmácia.

As encomendas programadas como não são efetuadas através do sistema informático não ficam registadas no mesmo. Desta forma, para proceder à sua receção são conferidas e apontadas as quantidades e os prazos de validade na guia de remessa/fatura e posteriormente é criada a encomenda no sistema informático, ficando assim disponível para rececionar.

Os medicamentos e outros produtos de saúde com preço de venda livre podem ser etiquetados com etiquetas feitas no computador. Todos os produtos que estiverem no exterior do balcão devem estar etiquetados com o PVP.

Para estupefacientes, psicotrópicos e benzodiazepinas, a receção é feita da mesma forma, no entanto, a guia de remessa/fatura vem acompanhada por uma requisição em duplicado com um código (Requisição de substâncias e suas preparações compreendidas nas tabelas I, II, III e IV, com exceção da II-A, anexas ao decreto-lei nº 15/93 de 22 de janeiro, com retificação a 20 de fevereiro). Ao finalizar uma encomenda onde foram rececionados alguns destes medicamentos é pedido este código para registo de entrada. Esta requisição é assinada e carimbada pelo profissional responsável, sendo que o original fica arquivado na farmácia durante três anos e o duplicado é devolvido ao fornecedor (Anexo B).

As matérias-primas são rececionadas da mesma forma, no entanto, fazem-se acompanhar obrigatoriamente do boletim/certificado de análise onde constam informações relativas às características organoléticas, microbiológicas e físico-químicas do produto, que é posteriormente arquivado na farmácia.

Caso algo não esteja em conformidade faz-se uma reclamação no prazo de 24 horas. No final a fatura é rubricada pelo operador e arquivada.

A receção de encomendas foi a primeira tarefa que realizei durante o meu estágio. Como o sistema informático já me era familiar não tive grandes dificuldades a nível técnico, o que me permitiu prestar atenção a outros pormenores, como conhecer os medicamentos e outros produtos de saúde que costumavam fazer parte do stock da FM, e melhorar os conhecimentos acerca das associações das substâncias ativa aos nomes comerciais.

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24

2.2.3.Devoluções

As devoluções de produtos podem ocorrer por três motivos: produtos provenientes de encomendas que venham danificados pelo transporte, pedidos por engano ou enviados por engano; produtos com prazo de validade a expirar; ou produtos que segundo uma circular devem ser devolvidos.

As devoluções de produtos provenientes de uma encomenda devem ser feitas num prazo de três dias após a sua receção. Para produtos com prazo de validade a expirar a devolução é feita no mês anterior àquele em que expira o prazo de validade, exceto produtos de veterinária que se devolvem três meses antes.

Para efetuar uma devolução recorre-se uma vez mais ao sistema informático que possui uma opção própria para o efeito, identificando-se o fornecedor a quem se pretender devolver, o(s) produto(s) a devolver, o motivo da devolução, e o número da fatura para devoluções referentes a encomendas. Depois de terminar é impressa em triplicado uma nota de devolução, sendo o triplicado para arquivo na farmácia e o original e duplicado enviado juntamente com o(s) produto(s) devolvidos (Anexo C).

Se a devolução for aceite pelo fornecedor é emitida uma nota de crédito à farmácia ou é enviado um novo produto a substituir, dependendo do motivo da devolução. Se a devolução não for aceite é enviada novamente à farmácia e é incluída nas quebras, passando a ser contabilizado como prejuízo para a farmácia.

Quer seja aceite ou não aceite, as devoluções devem ser regularizadas no sistema informático. Depois de efetuadas as devoluções estas ficam registadas com um número e, aquando da resposta do fornecedor, procura-se o número da devolução e regulariza-se, identificando se não foi aceite, se houve nota de crédito ou troca por um novo produto.

2.3.FICHA DE PRODUTO

Todos os medicamentos e outros produtos de saúde existentes na farmácia possuem uma ficha de produto no sistema informático. A ficha de produto tem todos os dados referentes ao produto como o seu código, designação comercial, substância ativa, preços (PVP, PVF, IVA, e no caso de produtos com preço tabelado tem as alterações que foram sendo feitas ao longo do tempo), histórico de compras/vendas, informação de stocks, entre outras. Como referido anteriormente, cada produto tem um limite de stock mínimo e máximo definido pela farmácia e é na ficha de produto que se definem esses limites.

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25 Para cada medicamento podemos também ter acesso à informação científica do mesmo, como indicações terapêuticas, reações adversas, interações, posologia, classificação ATC, e a indicação de existência ou não de grupo homogéneo.

2.4. PRAZOS DE VALIDADE

O controlo dos prazos de validade torna-se fundamental para manter a qualidade dos serviços prestados pela farmácia aos seus utentes. O primeiro passo para o controlo dos prazos de validade é, como já referido, no momento da receção de encomendas quando se verificam os prazos de validade dos produtos que vão entrar em stock. Para além disso, todos os meses são impressas listas através do sistema informático com os medicamentos e outros produtos de saúde a expirar no prazo de três meses para se proceder à sua verificação.

Ao longo da verificação, caso algum medicamento ou outro produto de saúde termine nos próximos três meses é retirado e os prazos de validade são corrigidos para serem posteriormente inseridos no sistema informático.

2.5.ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO

Depois de rececionados, os medicamentos e outros produtos de saúde devem ser armazenados nos respetivos locais, respeitando as suas condições de conservação, dando prioridade aos produtos termolábeis.

Por forma a respeitar os prazos de validade, os medicamentos e outros produtos de saúde são armazenados segundo a ordem First Expired First Out (FEFO), para que os que têm prazo de validade mais reduzido sejam os primeiros a ser dispensados. O que não tiver espaço nas gavetas ou armários da área de apoio ao atendimento é armazenado no armazém. As matérias-primas e reagente são armazenadas no laboratório da farmácia nos recipientes originais e de acordo com as condições indicadas pelo fornecedor.

Para garantir uma correta conservação dos medicamentos a FM tem termómetros colocados em vários locais que controlam a temperatura e dos quais se fazem registos diários. A temperatura máxima é de 25ºC. O frigorífico faz um registo da temperatura e das suas alterações, sendo que a temperatura deve manter-se entre 2 e 8.

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26

3.DISPENSA DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE

SAÚDE

Segundo as Boas Práticas Farmacêuticas (BPF) a cedência de medicamentos é o ato profissional em que o farmacêutico, após avaliação da medicação, cede medicamentos ou substâncias medicamentosas aos doentes mediante prescrição médica ou em regime de automedicação ou indicação farmacêutica, acompanhada de toda a informação indispensável para o correto uso dos medicamentos [4].

Na cedência de medicamentos avalia-se a medicação dispensada, com o objetivo de detetar problemas relacionados com os medicamentos (PRM), para prevenir e resolver resultados negativos associados à medicação (RNM) [5]. Como referido anteriormente, os medicamentos de uso humano são classificados, quanto à dispensa ao público, em MNSRM e MSRM [3].

3.1.MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

Os MSRM só podem ser vendidos nas farmácias, mediante a apresentação de receita médica e possuem um PVP inscrito na embalagem, igual em todo o país. O decreto-lei n.º176/2006, de 30 de agosto define receita médica como “documento através do qual são prescritos, por um médico ou, nos casos previstos em legislação especial, por um médico dentista ou por um odontologista, um ou mais medicamentos” [3].

Estão sujeitos a receita médica os medicamentos em que se verifique uma das seguintes condições: possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam; possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam; contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar; e que se destinem a ser administrados por via parentérica [3].

Dados estes parâmetros os MSRM podem ser considerados [3]:

 Medicamentos de receita médica renovável - quando se destinem a determinadas doenças ou a tratamentos prolongados e possam, no respeito pela segurança da sua utilização, ser adquiridos mais de uma vez, sem necessidade de nova prescrição médica;

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 Medicamentos de receita médica especial - quando contêm uma substância classificada como estupefaciente ou psicotrópico, possam dar origem a riscos importantes de abuso medicamentoso, criar toxicodependência ou ser utilizados para fins ilegais, ou que contenham uma substância que, pela sua novidade ou propriedades, se considere, por precaução, dever ser incluída;

 Medicamentos de receita médica restrita - quando são de utilização reservada a certos meios especializados.

O Decreto-Lei n.º 106-A/2010, de 1 de outubro, estabeleceu um conjunto de medidas no acesso aos medicamentos, tendo nesta sede sido consagrado o princípio da obrigatoriedade da prescrição eletrónica de medicamentos. Posteriormente, a Lei n.º 11/2012, de 8 de março e a Portaria n.º 137-A/2012 de 11 de maio vieram estabelecer o regime jurídico a que obedecem as regras de prescrição eletrónica [6].

A prescrição de eletrónica tem como objetivo aumentar a segurança no processo de prescrição e dispensa, facilitar a comunicação entre profissionais de saúde de diferentes instituições e agilizar processos [7].

3.1.1. A prescrição médica e a sua validação

O modelo de receita médica em vigor aplica-se à prescrição de medicamentos, incluindo medicamentos manipulados, medicamentos contendo estupefacientes e psicotrópicos e à prescrição de outros produtos, nomeadamente para o autocontrolo da

diabetes mellitus, produtos dietéticos, fraldas, sacos de ostomia ou outros. Este modelo

destina-se à prescrição e dispensa em ambulatório na farmácia comunitária [8].

As receitas eletrónicas podem ser receitas renováveis até três vias, devendo ser impressa na receita a identificação da respetiva via, com validade de seis meses ou receita única com validade de trinta dias (Anexo D) [8].

A prescrição de medicamentos pode, excecionalmente, ser feita por via manual e o prescritor deve assinalar o motivo da prescrição por via manual (falência do sistema informático, inadaptação fundamentada do prescritor, prescrição ao domicílio, outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês) (Anexo E) [9].

Em cada receita podem ser prescritos até quatro medicamentos distintos, num total de quatro embalagens por receita. No máximo, podem ser prescritas duas embalagens por

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28 medicamento, exceto medicamentos que se apresentem sob a forma de embalagem unitária que podem ser prescritas até 4 embalagens do mesmo medicamento [8].

A prescrição deve ser realizada por DCI do medicamento, no entanto, se se tratar de um medicamento sem similar ou que não disponha de medicamento genérico comparticipado pode ser feita a prescrição por nome comercial ou do titular, ou se o médico indicar uma das seguintes justificações técnicas: a) medicamento com margem ou índice terapêutico estreito; b) Fundada suspeita, previamente reportada ao INFARMED, de intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma substância ativa, mas identificado por outra denominação comercial; c) medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias. Seguidamente deve constar a FF, dosagem, apresentação ou tamanho de embalagem e posologia [8].

Para uma receita ser considerada válida deve obedecer a determinados parâmetros, os quais devem ser verificados pelo profissional de farmácia aquando da apresentação de uma receita pelo utente, nomeadamente: apresentar o número de receita e respetivo código de barras, identificação do local de prescrição e vinheta eletrónica, dados do utente e regime de comparticipação, assinatura do médico prescritor e a sua identificação, data de prescrição e identificação do(s) medicamento(s). Numa receita manual os parâmetros são os mesmos, no entanto as vinhetas do local de prescrição e do médico não são eletrónicas e, para locais particulares não é necessário apresentar vinheta do local de prescrição.

3.1.2. Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica renovável ou única

Depois de verificado se a receita se encontra em conformidade, o profissional de farmácia procede à análise dos medicamentos prescritos na receita.

Na receita eletrónica, na prescrição por DCI, o código do produto que se encontra ao lado da designação do mesmo é, geralmente, o código nacional para a prescrição eletrónica de medicamentos (CNPEM). Este inclui DCI, dosagem, FF e dimensão da embalagem, o que aquando da leitura ótica vai identificar os diversos medicamentos do grupo homogéneo que podem ser dispensados.

Posteriormente, o profissional de farmácia deve tentar perceber quais as preferências dos utentes em relação a marcas e laboratórios. Este passo é muito importante pois muitos dos utentes são idosos e por vezes não sabem ler, e para distinguirem os medicamentos é pela cor

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29 ou pelo formato da embalagem. Desta forma, se lhes forem sempre dispensadas as marcas ou laboratórios que já costumam tomar é mais fácil para eles e reduz o risco de sobredosagens.

Depois de selecionados os medicamentos é feita a receita no sistema informático. Para receitas eletrónicas, ao fazer a receita de forma eletrónica, o sistema informático tem acesso imediato aos medicamentos prescritos. No caso de existir grupo homogéneo para o medicamento prescrito é necessário selecionar o medicamento que se vai dispensar. Seguidamente deve confirmar-se se o CNP inscrito nas embalagens corresponde ao indicado na receita/computador e se o PVP que vai ser contabilizado é igual ao inscrito nas embalagens. A confirmação do CNP inscrito na embalagem e indicado na receita/computador constitui um passo rápido e simples e de extrema importância para que não ocorram erros na dispensa dos medicamentos.

Em receitas manuais o processo é idêntico, no entanto, depois de selecionados os medicamentos faz-se a leitura ótica do código inscrito na embalagem e seleciona-se o plano de comparticipação e portarias ou exceções, caso existam. Depois de identificado o plano de comparticipação faz-se a leitura ótica do número da receita, da vinheta do médico prescritor e da vinheta do local de prescrição caso exista.

Após o fim da venda é impresso no verso da receita o documento de faturação (Anexo F). Nele constam, a identificação da farmácia, o código do profissional que efetuou a venda, o código do organismo de comparticipação, o número de receita, número de lote e número de receita no lote, data, identificação dos medicamentos dispensados e respetivos códigos de barras, os respetivos preços, o valor total da receita, o valor da comparticipação e o valor pago pelo utente. No final, o utente assina a receita no local para o efeito e o profissional de farmácia carimba e coloca a data também no verso.

O processo de dispensa destas prescrições carece de uma atitude muito crítica e responsável por parte do profissional de farmácia, para que o utente obtenha o máximo de benefício da terapêutica instaurada. É importante que o utente saia da farmácia com a certeza de como deve fazer a terapêutica e cabe ao profissional de farmácia garantir isso, explicando como deve tomar e durante quanto tempo deve manter a terapêutica, verificando as possíveis reações adversas, interações e as precauções especiais a tomar com cada medicamento prescrito. Por outro lado, é um momento que requer muita atenção pois o utente que está a ser atendido geralmente fala com o profissional de farmácia, expõe questões e dúvidas, o que pode distrair e conduzir a erros. Desta forma, é necessário muita atenção para poder conversar com o utente e ao mesmo tempo fazer a dispensa dos medicamentos.

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30 Ao longo do meu período de estágio tive a oportunidade de fazer a dispensa de MSRM de uma forma progressiva. Inicialmente estava acompanhada, e ia sendo orientada sobre o que devia e não devia fazer e onde me prestaram conselhos para um trabalho mais eficaz e seguro. Posteriormente, comecei a lidar com estas situações sozinha, sendo que sempre que surgiam dúvidas podia consultar um profissional. Esta tarefa foi extremamente aliciante pois cada utente é um utente, e todos os atendimentos eram diferentes. Permitiu-me expor os conhecimentos até então adquiridos e aprender todos os dias algo novo. A comunicação com o doente também foi aperfeiçoada, assim como a interpretação de receitas manuais que por vezes se torna complicada devido à caligrafia.

3.1.3. Subsistemas de saúde e regimes de comparticipação

As comparticipações no preço dos medicamentos podem ser feitas pelas entidades estatais (Serviço Nacional de Saúde) ou por entidades associativas socioprofissionais.

A comparticipação pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) no preço dos medicamentos de venda ao público é fixada de acordo com os seguintes escalões: escalão A - 90%; escalão B - 69%; escalão C - 37%; escalão D - 15%. Estes escalões variam de acordo com as indicações terapêuticas do medicamento, as entidades que o prescrevem e são acrescidos para doentes que sofram de determinadas patologias como a paramiloidose, lúpus, hemofilia, hemoglobinopatias, doença de alzheimer, psicose maníaco-depressiva, doença inflamatória intestinal, artrite reumatoide, espondilite anquilosante, dor oncológica moderada a forte, dor crónica não oncológica moderada a forte, procriação medicamente assistida, psoríase e ictiose [10]. Em comparticipações especiais, além da identificação do utente com a letra “O”, o despacho que estabelece o regime especial de comparticipação de medicamentos tem de constar junto ao medicamento [8]. Este organismo é aplicado a utentes pensionistas (indicado no local do regime de comparticipação da receita com a letra R) e não pensionistas.

Para além do SNS existem outros organismos que comparticipam o preço dos medicamentos, que se denominam como complementaridade à comparticipação pelo SNS, como por exemplo, os Serviços de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários do Norte (S.A.M.S.) e S.A.M.S Quadros, a Caixa Geral de Depósitos (CGD), a Assistência na Doença aos Militares das Forças Armadas (ADM), entre outros.

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31 Os utentes benificiários desta complementaridade possuem um cartão de benificiário que apresentam juntamente com a receita. Para estes organismos é necessária uma fotocópia da receita com fotocópia do cartão de benificiário no verso.

O processo de seleção dos medicamentos e de realização da receita é o mesmo que o já descrito, no entanto, mesmo que se realize a receita de forma eletrónica, o sistema informático apenas reconhece o organismo principal identificado na receita (SNS). Assim, depois de confirmados os medicamentos insere-se no campo do plano de comparticipação o código respetivo da complementaridade em questão. Posteriormente, o sistema pede a inserção ótica do número de beneficiário pelo SNS indicado na receita e o número de beneficiário do cartão da complementaridade. Finalizada a venda, a receita original e a cópia vão ser impressas, sendo a original para o organismo do SNS e a cópia para a complementaridade.

Da mesma forma, se um utente for abrangido por um regime especial de comparticipação em função da patologia, a menção ao despacho é feita junta ao medicamento e, se a receita for realizada de forma eletrónica é reconhecido automaticamente o despacho. Ao invés, numa receita manual ou numa receita eletrónica realizada de forma manual é necessária a introdução do despacho correspondente.

Assim, os utentes ao adquirirem medicamentos comparticipados por qualquer organismo de comparticipação vão apenas pagar o valor da diferença entre o PVP e o valor da comparticipação, sendo a farmácia reembolsada posteriormente.

3.1.4. Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica especial

Normalmente associados à prática de crimes e ao consumo de drogas, os psicotrópicos e os estupefacientes (compreendidos nas tabelas I e II anexas ao Decreto Lei nº 15/93 de 22 de janeiro, ou qualquer das substâncias referidas no número I do artigo 86 do decreto regulamentar nº 61/94, de 12 de outubro) são também medicamentos utilizados na terapêutica de diversas doenças, trazendo benefícios terapêuticos a um número alargado de situações de doença [8] [11].

Atuam diretamente sobre o sistema nervoso central, tendo por isso impacto em todo o organismo humano, podendo atuar como depressores ou estimulantes. Podem ser utilizados em doenças psiquiátricas, na oncologia ou como analgésicos ou antitússicos, Apesar das suas propriedades benéficas estas substâncias apresentam alguns riscos, podendo induzir

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32 habituação e dependência, quer física quer psíquica. Por esta razão, é fundamental que sejam utilizadas no âmbito clínico e de acordo com indicações médicas [11].

Uma vez que estes produtos estão associados a atos ilícitos são alvo de muita atenção por parte das autoridades competentes, sendo um dos tipos de substâncias mais controlados em todo o mundo. Em Portugal, a responsabilidade de supervisão e fiscalização do uso de medicamentos contendo substâncias psicotrópicas e estupefacientes recai no âmbito das competências do INFARMED [11].

Medicamentos contendo estas substâncias só podem ser dispensados pelo profissional de farmácia mediante apresentação de receita médica especial, identificada na receita eletrónica pelas letras RE. A prescrição destes medicamentos segue as mesmas regras que os restantes, nomeadamente no que respeita ao número de embalagens por receita, no entanto, têm de ser prescritos isoladamente, ou seja, não podem ser prescritos outros medicamentos (Anexo G).

O Sifarma 2000® ainda não permite fazer as receitas de medicamentos estupefacientes ou psicotrópicos de forma eletrónica, pelo que deve fazer-se a leitura ótica das embalagens. Após a leitura das embalagens, o sistema informático assume e dá automaticamente a informação de que se trata de um medicamento psicotrópico, pelo que ao introduzir o plano de comparticipação vai pedir o nome do médico prescritor, os dados do utente (nome e morada) e os dados do adquirente do produto (nome, morada, idade, número de bilhete de identidade/cartão de cidadão e respetivo prazo de validade). Depois de finalizada a dispensa no sistema informático, é impresso o documento de faturação no verso da receita juntamente com um papel designado de “documento de psicotrópico” onde constam os dados do médico, do utente e do adquirente (Anexo H). A receita é carimbada e datada pelo profissional de farmácia e assinada pelo adquirente. O documento de psicotrópico é agrafado a uma cópia da receita original (frente e verso) que fica arquivada na farmácia por um período de três anos [8].

A legislação em vigor determina que as farmácias comunitárias devem enviar mensalmente ao INFAMED o registo de saídas de estupefacientes e psicotrópicos, onde constam os dados dos utentes e dos adquirentes e os produtos dispensados (Anexo I), trimestralmente o registo de entradas e anualmente o balanço de entradas e saídas [8].

A FM organiza estes documentos e envia mensalmente juntamente com o registo discriminado de entradas e saídas de benzodiazepinas. Para obter estas listas com os registos

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33 recorre-se ao programa informático que tem um campo específico para a impressão destes dados.

3.1.5. Dispensa de medicamentos manipulados

Com o avançar do tempo vão sendo desenvolvidas novas formulações que se adaptam cada vez mais às necessidades dos consumidores, no entanto, por vezes ainda existem falhas nesse sentido, sendo a pediatria e área da dermatologia as mais afetadas por este problema.

Um MM pode ser uma fórmula magistral ou um preparado oficinal. Uma fórmula magistral é um medicamento preparado segundo receita médica para um doente específico. Por sua vez, um preparado oficinal é qualquer medicamento preparado segundo as indicações compendiais, de uma farmacopeia ou de um formulário, em farmácia comunitária, destinado a ser dispensado diretamente aos doentes assistidos por essa farmácia [13].

Os MM são uma alternativa que apresenta vantagens na sua utilização, por serem formulações individuais que permitem a utilização de doses especialmente desenvolvidas para o utente em questão, contribuindo desta forma para o uso racional do medicamento.

Na FM são realizados alguns MM. Durante o meu período de estágio tive a oportunidade de preparar e dispensar alguns MM, como papéis medicamentosos e um creme. Durante a preparação fui acompanhada pelo profissional responsável que me prestou ajuda e assegurou a qualidade da preparação. Depois de preparado o MM este é acondicionado numa embalagem que satisfaça as condições de conservação exigidas e coloca-se um rótulo com a identificação do MM, nome do utente, lote, prazo de validade, posologia indicada e condições de conservação. Depois é preenchida a ficha de preparação do medicamento manipulado onde devem constar algumas informações como a denominação do MM, nome e morada do doente, nome do prescritor (caso exista); número de lote atribuído ao medicamento preparado; composição do medicamento, indicando as matérias-primas e as respetivas quantidades usadas, bem como os números de lote; descrição do modo de preparação; registo dos resultados dos controlos efetuados; descrição do acondicionamento; rubrica e data de quem preparou e de quem supervisionou a preparação do MM [14].

Para se definir o prazo de validade do MM deve considerar-se a FF que se prepara. Assim, para preparações líquidas não aquosas e formulações sólidas define-se um prazo de 25% do tempo que falta para expirar o prazo de validade mais curto das matérias-primas, caso este seja superior a 6 meses, define-se como prazo de validade do MM 6 meses após a sua

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34 preparação; para formulações que contenham água define-se até 14 dias se armazenados no frio; para outras formulações, estabelece-se um prazo igual ao período de aplicação ou de 30 dias.

Quando são solicitados à FM alguns MM que não sejam possíveis de preparar esta faz o pedido a uma farmácia que os prepara e envia através da OCP – Portugal para a FM, que se encarrega da dispensa aos utentes.

3.2. DISPENSA DE PRODUTOS DESTINADOS AO AUTOCONTROLO DA DIABETES

MELLITUS

No âmbito do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes mellitus (DM) têm sido estabelecidos vários protocolos de colaboração, os quais permitiram o acesso, cada vez mais abrangente e harmonizado, dos utentes aos dispositivos para monitorização e tratamento da doença [12].

A Portaria n.º 364/2010, de 23 de junho estabeleceu o regime de preços e comparticipações a que ficariam sujeitos os reagentes (tiras-teste) para determinação de glicemia, cetonemia e cetonúria e as agulhas, seringas e lancetas destinadas a pessoas com diabetes, que foram posteriormente alterados pela Portaria n.º 222/2014 de 4 de novembro [12].

Estes produtos devem ser prescritos isoladamente, ou seja, a receita médica não pode conter outros medicamentos/produtos. Pode ser efetuada em receitas renováveis e segue as mesmas regras que os medicamentos, nomeadamente no que respeita ao número de embalagens por receita [8]. A comparticipação destes produtos mediante apresentação de receita médica é de oitenta e cinco por cento para tiras-teste e de cem por cento para seringas, agulhas e lancetas.

3.3. MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

Os MNSRM são produtos que têm como objetivo a prevenção ou alívio de problemas de saúde ligeiros sem o dispêndio de uma consulta médica, sendo que não apresentam efeitos adversos significativos, nem colocam em risco a saúde do utente, desde que exista um consumo controlado [3].

A automedicação é, então, a utilização de MNSRM de forma responsável, sempre que se destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a

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35 assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde. No entanto, esta prática de automedicação tem de estar limitada a situações clínicas bem definidas e deve efetuar-se de acordo com as especificações estabelecidas para aqueles medicamentos [15].

Na situação de automedicação o profissional de farmácia deve orientar a utilização ou não do medicamento solicitado pelo doente, contribuindo para que o tratamento se realize sob uma indicação adequada e segundo o uso racional do medicamento. Na cedência de medicamentos em aconselhamento farmacêutico, o profissional de farmácia responsabiliza-se pela seleção de um MNSRM ou de eventual tratamento não farmacológico [4]. O profissional de farmácia deve ter a capacidade de dirigir o utente para uma consulta médica de urgência, se for caso disso.

Apesar destes medicamentos serem considerados MNSRM é sabido que apresentam efeitos secundários que, ainda que não muito significativos, podem acarretar problemas se não tomadas as devidas precauções como, por exemplo, os desequilíbrios hidroeletrolíticos dos laxantes. Por outro lado, a dispensa de MNSRM pode disfarçar os sintomas de uma patologia mais complexa se não for feita uma avaliação correta do perfil apresentado pelo utente.

A dispensa destes medicamentos está associada a situações de dor reumática, problemas digestivos, estados gripais, tosse, cefaleias, fadiga, afeções oculares, problemas cutâneos, entre outros. O profissional de farmácia deve ter conhecimentos e capacidades que lhe permita elaborar um “diagnóstico diferencial” para a toma de decisões. Para além disso, um diagnóstico correto requer não só conhecimentos teóricos mas a experiência torna-se fundamental [16].

Para avaliar o quadro clínico para a elaboração do diagnóstico devem colocar-se algumas perguntas que incluem:

 O tratamento é para a pessoa que está na farmácia ou outra?

 Qual a idade da pessoa a tratar?

 Quais os sintomas?

 Quando se iniciaram os sintomas e quanto tempo duram (quando não são contínuos)?

 Apercebeu-se se existem fatores que desencadeiam ou agravam os sintomas?

 Já tomou alguma coisa? Se sim, o quê?

 Sofre de outras doenças? Está a ser tratado? Se sim, com que medicamentos?

A obtenção de um perfil o mais completo possível permite uma intervenção mais segura e eficaz. Com a avaliação destes sintomas podem detetar-se patologias mais graves ou um PRM, devendo neste caso não ser dispensado qualquer medicamento e encaminhar o

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36 utente para uma consulta médica. Se o problema diagnosticado for tratável com MNSRM, faz-se a seleção do(s) medicamento(s), escolhendo sempre uma terapêutica que permita um esquema posológico simples e que não obrigue a muitas tomas por dia, garantindo assim uma boa adesão do utente. O utente deve ser informado sobre o medicamento que lhe está a ser aconselhado, a posologia que deve fazer e a duração do tratamento que, normalmente, não deve exceder os cinco dias, pelo que se ao fim de cinco dias o utente não apresentar melhoras deve consultar um médico. Sempre que possível devem ser aconselhadas medidas não farmacológicas que irão aumentar o êxito da terapêutica farmacológica.

Os grupos especiais como doentes crónicos, idosos, mulher grávida e/ou a amamentar, bebés e crianças exigem um cuidado acrescido no aconselhamento e dispensa de MNRM uma vez que têm maior probabilidade de desenvolver complicações. Nestas situações deve considerar-se a automedicação com mais cuidado, devendo conhecer-se bem os medicamentos aconselhados e contraindicados em cada uma das situações referidas.

A comunicação com o utente é um fator muito importante na adesão à terapêutica, principalmente quando o utente já tem uma ideia pré-concebida sobre o medicamento que pretende comprar e apresenta dificuldades em aceitar o aconselhamento proposto.

Ao longo do meu estágio tive a oportunidade de aconselhar e dispensar MNSRM, tendo a oportunidade de aplicar conhecimentos teóricos até então aprendidos e ao mesmo tempo adquirir outros. Inicialmente, considero que as minhas dificuldades eram conhecer todos os medicamentos que existiam na farmácia e que poderia aconselhar e a comunicação com alguns utentes no sentido de tentar perceber qual o problema apresentado. Considero que essas dificuldades foram sendo ultrapassadas, pois todos os profissionais da FM me auxiliaram no desempenho desta tarefa e me ensinaram ao longo das situações que iam surgindo.

3.4. OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE

3.4.1. Géneros alimentícios para alimentação especial

Os géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial são aqueles que, devido à sua composição especial ou a processos especiais de fabrico, se distinguem claramente dos alimentos de consumo corrente, mostrando-se adequados às necessidades nutricionais especiais das seguintes categorias de pessoas: pessoas cujo processo de assimilação ou cujo metabolismo se encontrem perturbados; pessoas que se encontram em condições fisiológicas

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