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Processo de gestão do ensino em um curso de graduação em enfermagem de uma universidade pública

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Academic year: 2021

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Murilo Pedroso Alves

PROCESSO DE GESTÃO DO ENSINO EM UM CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DE UMA UNIVERSIDADE

PÚBLICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (PEN/UFSC) como requisito para obtenção do título de Mestre em Enfermagem vinculado à área de concentração: Educação e Trabalho em Saúde e Enfermagem.

Linha de pesquisa: Tecnologias e Gestão em Educação, Saúde, Enfermagem.

Orientadora: Profa. Dra. Alacoque Lorenzini Erdmann

Coorientador: Prof. Dr. José Luís Guedes dos Santos

Florianópolis 2017

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AGRADECIMENTOS

Nunca foi/será fácil descrever em palavras um sentimento tão genuíno quanto a gratidão. Agradeço inicialmente a Deus, por renovar constantemente a minha fé, mesmo diante das dificuldades impostas pela vida.

Toda gratidão do mundo à minha mãe, Marina Carlota Pedroso Alves (in memoriam), por ser e me ensinar sobre o amor, por tornar possível todas as conquistas em minha vida e por estar sempre junto de mim.

Às minhas irmãs Daiane Pedroso Alves e Eliane Pedroso Alves, por nutrir constantemente com muito amor e carinho esse vínculo que transcende qualquer vínculo familiar.

À minha madrinha, Neusa Maria Rovaris, por ser de fato minha segunda mãe.

E a toda a minha família que de alguma forma, tornaram possível essa conquista.

Agradeço ao Diego Eller Gomes, pelo companheirismo, por me tornar uma pessoa melhor e acreditar no meu potencial.

Aos meus amigos Camila B. Balbino e José Octavio S. Fernandez, por tornarem mais leve essa conquista. Gratidão também a minha amiga Kamylla Santos da Cunha, por todos os momentos que já compartilhamos, pela nossa cumplicidade e simplicidade. Estendo minha gratidão a todos os outros amigos que se fizeram presentes nesse período. Vocês são especiais.

Muita gratidão a minha orientadora, Dra. Alacoque Lorenzini Erdmann, pelos ensinamentos para a academia e principalmente para a vida. Agradeço também ao meu coorientador Dr. José Luís Guedes dos Santos pelas trocas que nortearam e possibilitaram o desenvolvimento desse trabalho.

Agradeço à Dra. Laura C. da Silva Lisboa de Souza (in memorian), pela amizade, pela oportunidade de convívio e pelo estímulo sempre constante por meio de palavras sempre carinhosas.

Agradeço aos colegas do Laboratório de Pesquisa, Tecnologia e Inovação em Políticas e Gestão do Cuidado e da Educação em Enfermagem e Saúde – GEPADES, pelos momentos vivenciados e pelas trocas durante esse período.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, por fomentar o desenvolvimento do presente estudo.

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Ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – PEN/UFSC, e todos os funcionários pelo compromisso e responsabilidade em que desenvolvem seus trabalhos.

Aos membros da banca examinadora: Dra. Giovana Dorneles Callegaro Higashi, Dra. Silvana Silveira Kempfer e Dda. Kamylla Santos da Cunha pelas contribuições para o aperfeiçoamento do presente estudo.

Aos docentes que participaram do presente estudo e tornaram possível, por meio das experiências compartilhadas, o alcance dos resultados.

E por fim, agradeço à Pandora (animal de estimação), que involuntariamente tornou mais leve o período de desenvolvimento do presente estudo.

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“É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu” Ana Vilela

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ALVES, Murilo Pedroso. Processo de Gestão do Ensino em um Curso de Graduação em Enfermagem de uma Universidade Pública. 128f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017. Orientador: Dra. Alacoque Lorenzini Erdmann. Coorientador: Dr. José Luís Guedes dos Santos.

RESUMO

O processo de gestão do ensino é uma das atribuições do exercício docente no ensino superior no Brasil, especialmente no contexto das universidades públicas. Este estudo teve como objetivo compreender como ocorre o processo de gestão do ensino em um curso de graduação em enfermagem de uma universidade pública. Adotou-se como referencial teórico, o pensamento complexo de Edgar Morin. Pesquisa qualitativa, ancorada na Teoria Fundamentada nos Dados (Grounded Theory). O cenário da pesquisa foi um curso de graduação em enfermagem de uma universidade pública do sul do Brasil. Foram 18 participantes distribuídos em dois grupos amostrais. Os critérios de inclusão do primeiro grupo amostram foram: ser docente do departamento de enfermagem há pelo menos três anos e docentes já exerceram a coordenação de disciplina por pelo menos seis meses/um semestre. O primeiro grupo amostral foi composto por 10 docentes. Os critérios de inclusão do segundo grupo amostral foram: ser estudante do curso de graduação em enfermagem e ter concluído pelo menos 50% do curso. Desse modo, o segundo grupo amostral foi composto por oito estudantes. Os critérios de exclusão adotados para os dois grupos amostrais foram: participantes que estiverem de licença médica, licença maternidade ou férias. Os dados foram coletados por meio de entrevistas abertas, de abril a outubro de 2017 e analisados simultaneamente. A análise de dados foi realizada mediante a codificação aberta, axial e integração. Foi utilizado o NVivo® 10 para organização durante análise dos dados. Como resultado, obteve-se o fenômeno “Desenvolvendo a gestão participativa no ensino da enfermagem com vistas a promover as competências necessárias para a formação do enfermeiro”, o qual foi sustentado por três categorias conforme os componentes do modelo paradigmática: “Atuando como coordenador de disciplina” (condições), “Desenvolvendo estratégias para o processo de gestão do ensino” (ações-interações) e “Colaborando com a formação de enfermeiros qualificados” (consequências). Sendo assim, o presente estudo evidenciou que os docentes que ocupam os cargos de coordenação de disciplina são

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responsáveis por fazer a gestão do ensino. Diante de algumas adversidades inerentes do ser coordenador de disciplina, os docentes coordenadores adotam algumas estratégias para desenvolver a gestão participativa, com a finalidade de efetivar sua função que preconiza acima de tudo, o desenvolvimento de competências necessárias nos discentes para o ser enfermeiro, contribuindo com a formação de profissionais qualificados para a prática da Enfermagem.

Descritores: Educação Superior; Docentes de Enfermagem; Universidades; Pesquisa em Administração de Enfermagem.

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ALVES, Murilo Pedroso. Teaching Management Process in a Undergraduate Nursing Course of a Public University. 128f. Dissertation (Masters in Nursing) – Graduate Program in Nursing, University of Santa Catarina, Florianópolis, 2017. Supervisor: Alacoque Lorenzini Erdmann, PhD. Co-supervisor: José Luís Guedes dos Santos, PhD.

ABSTRACT

The process of teaching management is one of the attributions of teaching in higher education in Brazil, especially in the context of public universities. This study aimed to understand how the process of teaching management occurs in a nursing undergraduate course at a public university. Edgar Morin's complex thinking was adopted as a theoretical reference. Qualitative research, anchored in Grounded Theory. The research scenario was a nursing undergraduate course at a public university in the south of Brazil. There were 18 participants distributed in two sample groups. The inclusion criteria of the first group were: to be a teacher of the nursing department for at least three years and teachers have already exercised the coordination of discipline for at least six months / one semester. The first sample group consisted of 10 faculty members. The inclusion criteria of the second sample group were: to be a student of the nursing undergraduate course and to have completed at least 50% of the course. Thus, the second sample group consisted of eight students. The exclusion criteria adopted for the two sample groups were: participants on medical leave, maternity leave or vacations. Data were collected through open interviews, from April to October 2017 and analyzed simultaneously. Data analysis was performed using open, axial and integration coding. The NVivo® 10 was used for organization during data analysis. As a result, the phenomenon "Developing participative management in nursing teaching with the aim of promoting the necessary skills for the training of nurses" was obtained, which was supported by three categories according to the components of the paradigmatic model: "Acting as coordinator of discipline "(conditions)," Developing strategies for the process of teaching management "(actions-interactions) and" Collaborating with the training of qualified nurses "(consequences). Thus, the present study showed that the teachers who hold the positions of discipline coordination are responsible for managing the teaching. In the face of some inherent adversities of being a coordinator of discipline, coordinating teachers adopt some strategies to develop participatory management, with the purpose of accomplishing its function that

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advocates above all, the development of necessary competences in the students to be a nurse, contributing with the training of qualified professionals for the practice of Nursing.

Keywords: Higher Education; Nursing teachers; Universities; Research in Nursing Administration.

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ALVES, Murilo Pedroso. Proceso de Gestión de la Enseñanza en un Curso de Graduación en Enfermería de una Universidad Pública. 128f. Disertácion (Maestria en Enfermería) – Curso de Posgrado en Enfermería, Universidad Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017. Orientadora: Dra. Alacoque Lorenzini Erdmann. Coorientador: Dr. José Luís Guedes dos Santos.

RESUMEN

El proceso de gestión de la enseñanza es una de las atribuciones del ejercicio docente en la enseñanza superior en Brasil, especialmente en el contexto de las universidades públicas. Este estudio tuvo como objetivo comprender cómo ocurre el proceso de gestión de la enseñanza en un curso de graduación en enfermería de una universidad pública. Se adoptó como referencial teórico, el pensamiento complejo de Edgar Morin. Investigación cualitativa, anclada en la Teoría Fundamentada en los Datos (Grounded Theory). El escenario de la investigación fue un curso de graduación en enfermería de una universidad pública del sur de Brasil. Se realizaron 18 participantes distribuidos en dos grupos de muestras. Los criterios de inclusión del primer grupo muestrearon: ser docente del departamento de enfermería por lo menos tres años y docentes ya ejerció la coordinación de disciplina por lo menos seis meses / un semestre. El primer grupo de muestras fue compuesto por 10 docentes. Los criterios de inclusión del segundo grupo de muestras fueron: ser estudiante del curso de graduación en enfermería y haber concluido al menos el 50% del curso. De ese modo, el segundo grupo de muestras fue compuesto por ocho estudiantes. Los criterios de exclusión adoptados para los dos grupos muestrales fueron: participantes que estuvieron de licencia médica, permiso de maternidad o vacaciones. Los datos fueron recolectados a través de entrevistas abiertas, de abril a octubre de 2017 y analizadas simultáneamente. El análisis de datos fue realizado mediante la codificación abierta, axial e integración. Se utilizó NVivo® 10 para la organización durante el análisis de los datos. Como resultado, se obtuvo el fenómeno "Desarrollando la gestión participativa en la enseñanza de la enfermería con miras a promover las competencias necesarias para la formación del enfermero", el cual fue sostenido por tres categorías según los componentes del modelo paradigmático: "Actuando como coordinador de" "disciplina" (condiciones), "Desarrollando estrategias para el proceso de gestión de la enseñanza" (acciones-interacciones) y "Colaborando con la formación de enfermeros calificados" (consecuencias). Siendo así, el presente estudio

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evidenció que los docentes que ocupan los cargos de coordinación de disciplina son responsables de hacer la gestión de la enseñanza. En el caso de las mujeres, la mayoría de las veces, la mayoría de las veces, la mayoría de las veces, la mayoría de las veces, la formación de profesionales calificados para la práctica de la enfermería.

Palabras-claves: Educación Superior; Docentes de Enfermería; universidades; Investigación en Administración de Enfermería.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Distribuição dos estudos científicos relacionados a Management

AND Higher Education AND Nursing, no mundo. ... 22

Figura 2: Teorias da Administração ... 24

Figura 3: Administração escolar no Brasil e principais autores. ... 28

Figura 4: Síntese da metodologia da revisão integrativa da literatura. ... 40

Figura 5: Sete princípios do pensamento complexo proposto por Edgar Morin ... 56

Figura 6: Estrutura organizacional do NFR/UFSC ... 61

Figura 7: Eixo curricular do Curso de Graduação em Enfermagem do NFR/UFSC ... 62

Figura 8: Processo de análise dos dados – codificação aberta no software NVivo® 10 ... 66

Figura 9: Processo de análise dos dados – codificação axial no software NVivo® 10 ... 67

Figura 10: Processo de análise dos dados – codificação axial no software NVivo® 10 ... 68

Figura 11: Modelo paradigmático ... 69

Figura 12: Diagrama 04 – Representação das relações de apoio à coordenação de disciplina ... 71

Figura 13: Diagrama 05 – Da retroatividade e interdependência ... 72

Figura 14: Diagrama 06 – Das relações e interações na estrutura de funcionamento ... 73

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LISTA DE ABREVIATURAS IES – Instituição de Ensino Superior

MEC – Ministério da Educação

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional PNE – Plano Nacional de Educação

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira DCN – Diretrizes Curriculares Nacionais

BVS – Biblioteca Virtual em Saúde

Scielo – Scientific Electronic Library Online ERIC - Education Resources Information Center TFD – Teoria Fundamentada nos Dados UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina CCS – Centro de Ciências da Saúde

NFR – Departamento de Enfermagem da UFSC

CEPETEC – Centro de Pesquisa em Tecnologias de Cuidado em Enfermagem PEN – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 23

2.1 PERSPECTIVA HISTÓRICA DAS TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO 23 2.2 GESTÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL: DA ADMINISTRAÇÃO À GESTÃO ESCOLAR ... 27

2.3 GESTÃO UNIVERSITÁRIA ... 30

2.4 MANUSCRITO 1: GESTÃO DO ENSINO NA ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA ... 35

3 REFERENCIAL TEÓRICO ... 52

3.1 PENSAMENTO COMPLEXO DE EDGAR MORIN ... 52

4 METODOLOGIA ... 59

4.1 TIPO DE ESTUDO ... 59

4.2 LOCAL DO ESTUDO... 60

4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO ... 63

4.4 COLETA DE DADOS... 64

4.5 ANÁLISE DOS DADOS ... 65

4.6 MEMORANDOS E DIAGRAMAS ... 70

4.7 QUESTÕES ÉTICAS ... 73

5 RESULTADOS ... 75

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES ... 75

5.2 MANUSCRITO 2: PROCESSO DE GESTÃO DO ENSINO EM UM CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM ... 76

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 110

REFERÊNCIAS ... 111

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ... 120

ANEXO A – Declaração de Autorização da Pesquisa NFR/UFSC ... 125

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1 INTRODUÇÃO

No contexto social contemporâneo, caracterizado pelas constantes mudanças no mundo globalizado e tecnológico, o conhecimento tornou-se o diferencial imposto pela sociedade aos indivíduos, sendo ele um dos requisitos exigidos para a inserção das pessoas no mercado de trabalho. Essa exigência está promovendo um notório crescimento da educação superior no Brasil e no mundo (TANAKA; PESSONI, 2011).

Conforme a Carta Magna de 1988, por meio do Art. 207, constituem Instituição de Educação/Ensino Superior (IES) as universidades, os centros universitários e as faculdades. Essas instituições possuem organização e princípios acadêmicos definidos pelo Ministério da Educação (MEC). As universidades são caracterizadas por contemplarem o ensino, representado pelos cursos de graduação presenciais e a distância e pós-graduação stricto sensu Mestrado e Doutorado e lato sensu; a pesquisa, referente à produção de conhecimento que se dá a partir dos estudos científicos elaborados individualmente ou por meio de grupos de pesquisa; e a extensão, que representa a vinculação da universidade com a sociedade (BRASIL, 1988; DOURADO, 2011; SEVERINO, 2012).

A primeira universidade surgiu no final do século XI no Ocidente, mais precisamente em Bolonha, na Itália. A partir disso, muitas outras universidades foram surgindo e consolidando-se por todo o mundo, influenciadas por diversos modelos mais modernos de universidade (ARAÚJO 2011). Historicamente, a universidade contribuiu para o desenvolvimento do pensar crítico, da produção e disseminação da cultura e, principalmente, da ciência. Ela se configura como um espaço de formação pessoal e profissional, que está em constante mudança em razão das demandas oriundas da sociedade (RAMOS; CORDEIRO, 2014).

Nesse cenário, a universidade e os saberes por ela produzidos estão diretamente ligados a práxis, com a substancial finalidade de formar uma sociedade pensante e articulada com as necessidades de todos os indivíduos, concebendo-os em suas dimensões física, biológica, psíquica, cultural, social e histórica (ARAÚJO, 2011; MAGALHÃES et al., 2013). O foco das universidades dá-se frente ao papel social que essas instituições representam e desempenham na produção e disseminação do conhecimento, bem como para o estabelecimento de relações sociais.

A universidade não é um espaço separado ou isolado da sociedade, pelo contrário, ela está integrada à sociedade e é neste contexto

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em que discorrem os mais variados espaços destinados ao questionamento, críticas e de desconstrução do construído. É nesta realidade que o conhecimento deve ser integrado e colocado em contato com o mundo de forma interdisciplinar (CARDOSO; FIGUEREDO, 2013).

A universidade possui como finalidade o permanente exercício da reflexão e da crítica (ALMEIDA; PIMENTA, 2014), o que se confirma por meio do conhecimento produzido a partir da problematização dos conhecimentos previamente construídos. Além disso, a universidade também questiona o desenvolvimento da sociedade humana e seus novos desafios e perspectivas, desenvolvimento esse que se dá pelas relações dos indivíduos com a sociedade e da sociedade com os indivíduos (MORIN, 2008b).

Edgar Morin afirma que as universidades são organizações complexas que conservam, memorizam, integram e ritualizam uma herança de saberes, valores e ideias. As universidades têm a capacidade de regenerar essa herança ao reexaminá-la e principalmente ao atualizá-la, gerando assim saberes, ideias e valores que passam a fazer parte dessa herança de forma retroativa e recursiva (MORIN, 2008b).

Justamente pela complexidade que constitui as universidades, e sua importância para a sociedade, representada, por exemplo, pelo desenvolvimento de ciência e tecnologia para um país, elas passaram a ter enfoque nas políticas de governo, bem como nas recomendações dos órgãos internacionais (SILVA; ANDRADE, 2015). No Brasil, a Lei n. 9.394, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), foi sancionada em 20 de dezembro de 1996, após oito anos de tramitações e discussões no Congresso Nacional. Essa Lei foi precedida e norteada por edições de leis, de decretos e portarias anteriores (BRZEZINSKI, 2003; DOURADO, 2011).

A LDB trouxe uma série de novas responsabilidades para as IES, para os docentes, discentes e sociedade como um todo. A Lei permite a formação de diferentes perfis profissionais para as mais variadas profissões, onde espera-se melhor adaptação ao mercado de trabalho, uma vez que as IES passam a ter, a partir da LDB, liberdade para a definição de parte considerável de seus currículos (GALLEGUILLOS; OLIVEIRA, 2001).

Em 2001, o Congresso Nacional aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE), cuja proposta para a educação superior, inclusive as universidades, foi a diversificação do sistema a partir de políticas públicas para a expansão da educação superior, além da ampliação dos recursos do

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Governo Federal destinados a esse nível de ensino, constatado pelas avaliações constantes da qualidade de ensino (DOURADO, 2011).

A expansão da Educação Superior no Brasil ocorre desde a década de 1990, instituída no Governo de Fernando Henrique Cardoso, perpassando os Governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef. Essa expansão fica evidenciada pela crescente ampliação e disponibilização de IES, cursos e aumento de matrículas à comunidade, atingindo todo o País. A expansão ocorreu de forma gradativa, com um rápido aumento a cada ano. Todavia, o Brasil ainda precisa avançar no crescimento tanto de IES e de cursos, quanto de matrículas na Educação Superior, considerando os objetivos estabelecidos pelo PNE, que prevê um aumento de 33% de estudantes matriculados no decênio 2014-2024 (SILVA; ANDRADE, 2015; MEC, 2014; CARVALHO et al., 2014; INEP, 2017).

É incontestável que o processo de reconfiguração das universidades brasileiras, principalmente no que diz respeito à crescente expansão, trouxe uma série de benefícios para a população em geral, uma vez que o aumento da oferta de vagas foi expressivo e, nessa conjuntura, as minorias foram contempladas por meio das Políticas Públicas de Ações Afirmativas do Governo Federal (SILVA; ANDRADE, 2015).

No contexto da expansão nacional das IES, os cursos de Enfermagem também sofreram significativa expansão. Em 1991, havia 99 cursos de graduação em Enfermagem e, em 2013, de acordo com o último censo publicado pelo INEP, havia 849 cursos em funcionamento no País, sendo que a maior expansão se deu a partir de 1996, ano em que a LDB foi sancionada (INEP, 2017; MAGALHÃES et al., 2013).

A Enfermagem Moderna no Brasil foi introduzida em 1923, pelo Decreto n. 16.300/23, no Rio de Janeiro, mediante a organização das Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública, posteriormente denominada Escola Anna Nery (ITO et al., 2006). Desde então, o ensino em enfermagem no Brasil passou por diversas fases de desenvolvimento ao longo desses anos, tendo como reflexo de cada mudança o contexto histórico da enfermagem e da sociedade como um todo. Em consequência disso, o perfil de enfermeiros apresenta significativas mudanças devido aos quadros políticos, econômicos e sociais da educação e da saúde no Brasil e no mundo no decorrer dos tempos (ITO et al., 2006; MAGALHÃES et al., 2013).

Em consonância com as mudanças ocorridas, com as necessidades apresentadas e para atender às exigências oriundas da LDB, surgiram as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos Cursos de Graduação em Enfermagem com o objetivo de levar os alunos dos cursos

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de graduação a “aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhecer” (MEC, 2014). Essas práticas constituem atributos essenciais para a formação do enfermeiro, com vistas a garantir a capacitação dos discentes com autonomia e discernimento para dispensar e assegurar a integralidade da atenção em saúde, a qualidade do atendimento e a humanização prestadas aos sujeitos, família e comunidade, enquanto futuros profissionais (CNE, 2001).

Nesse contexto, os professores devem auxiliar no alcance dos objetivos da LDB e consequentemente das DCN dos Cursos de Graduação em Enfermagem. Os professores da Educação Superior, principalmente das universidades, atuam de forma reflexiva, crítica e competente, no âmbito de sua disciplina, deixando de forma explícita sua significação e sua contribuição no processo de formação dos estudantes, no Projeto Político Pedagógico (PPP), vivenciado no dia a dia do ensino, pesquisa e extensão (ALMEIDA; PIMENTA, 2014).

Em outro momento histórico e social, o professor possuía a função de transmitir o conhecimento, de ser protagonista de instrução da ciência e do processo de ensino-aprendizagem. No entanto, se a figura do professor se mantiver nos tempos atuais como nos de outrora, não será possível despertar em seus alunos o interesse e o comprometimento pelo seu processo de formação, tampouco será possível atender às demandas exigidas pelo avanço da ciência, pela economia, pelas políticas, pela universidade e pela sociedade (CARDOSO; FIGUEREDO, 2013).

Os avanços da ciência e tecnologia, o modelo econômico vigente no País, a política e a sociedade exigem das universidades mudanças na forma de construir os conhecimentos. Essa exigência recai, sobretudo, nos responsáveis por mediar esses conhecimentos: o professor. É cada vez mais necessário que os professores pensem em uma nova maneira de ensinar para consequentemente aprender. É necessário que haja ousadia, que as práticas de ensino em sala de aula e fora dela sejam inovadoras, e que o processo de ensino-aprendizagem se transforme em conhecimento a serviço da sociedade (CARDOSO; FIGUEREDO, 2013). As novas demandas da sociedade postas para a formação de futuros profissionais colocam a importância de profunda renovação no contexto das salas de aula, das metodologias utilizadas no ensino universitário, o que gera novas implicações aos docentes em sua prática profissional.

Considerando que a pedagogia tradicional vem cedendo cada vez mais espaço às novas formas de ensinar e aprender, a proposição de novos modelos de planejar, executar e avaliar o processo de ensino e o processo de aprendizagem constitui uma demanda significativa e central da formação nesse novo contexto. Assim, trata-se de propiciar condições

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formativas para o desenvolvimento de uma mudança do paradigma que norteia esse processo. Isso requer a definição e construção de currículos baseados em lógicas interdisciplinares, readequação e reorientação nos objetivos, na metodologia docente para o processo de ensino, nas estratégias de ensino-aprendizagem, nos sistemas avaliativos, na organização de todos os recursos e no espaço disponibilizado para o desenvolvimento do trabalho (ALMEIDA; PIMENTA, 2014). Requer, portanto, a atuação do docente no processo da gestão do ensino para assegurar a qualidade da formação de futuros profissionais.

A gestão é caracterizada pelo reconhecimento coletivo e consciente da participação das pessoas nos processos decisórios sobre a orientação e planejamento dos seus trabalhos. É, resumidamente, a melhor maneira de utilizar os recursos disponíveis, para o cumprimento de sua missão e alcance de seus objetivos. A gestão educacional/gestão do ensino surge como um novo paradigma, que busca estabelecer nas instituições de ensino uma orientação transformadora, a partir da dinamização da rede de relações que ocorrem dialeticamente nos variados contextos (LUCK, 2007). Sendo assim, a gestão do ensino, especialmente a gestão do ensino superior, está relacionado ao processo de gerir a dinâmica do ensino superior de modo que esteja comprometida com a qualidade do ensino, aprendizagem e a descentralização para formação discente, superando limites e buscando soluções cada vez mais inovadoras e comprometidas (TANAKA; PESSONI, 2011). Os docentes gestores possuem extrema importância na organização e no funcionamento das universidades, uma vez em que eles dialogam com todos os âmbitos deste cenário, quais sejam: físico, sócio-político, relacional material financeiro e pedagógico (TANAKA; PESSONI, 2011).

Na enfermagem, cabe aos docentes, frente ao processo de gestão do ensino, além do domínio dos conhecimentos da sua área de experiência, adotar medidas necessárias para gerir os diversos aspectos que permeiam a formação de enfermeiros para o mercado de trabalho, como: fazer a gestão do material pedagógico, utilizar abordagens e metodologias adequadas, além de traçar objetivos e metas para que os resultados comprometidos com o ensino e consequente formação de qualidade sejam atingidos (FREITAS et al., 2016).

Todavia, estudos mostram a predominância, dentre os docentes do ensino superior, do preparo inadequado para o processo de gestão do ensino (DIPIETRO; BUDDIE, 2014; KATO, 2013; CRETEN; HUYGHE, 2013; RUÉ et al., 2013). Os docentes até reconhecem a necessidade e a importância do planejamento, organização, coordenação

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e controle em suas atividades e nas atividades ligadas ao contexto educacional. Porém, poucos e tem visualizado na prática o exercício dessas funções em sua parcialidade e/ou totalidade. Diversas são as alegações que contribuem para a falta de inserção dessas práticas na rotina dos docentes, responsáveis pelo ensino, no momento em que as atividades relacionadas à gestão assumem importante papel no desenvolvimento e evolução das políticas educacionais (LIMA et al., 2014).

Dessa forma, entende-se que a relevância de estudar sobre a gestão do ensino surge como uma forma de compreender a atual situação do tema no País e, mais especificamente, no contexto da Enfermagem, cujo objetivo é apontar caminhos necessários para o exercício da reflexão sobre a gestão do ensino no tocante à qualidade e melhoria da formação profissional (DIPIETRO; BUDDIE, 2014; KATO, 2013; CRETEN; HUYGHE, 2013; RUÉ et al., 2013; LIMA et al., 2014).

Nesse sentido, salienta-se que estudos relacionados à gestão do ensino em enfermagem são desenvolvidos em diversos países, conforme constato por meio de uma busca realizada no dispositivo Gopubmed®, um serviço gratuito disponível na web que consulta a base PubMed-Medline, com a combinação das palavras Management AND Higher Education AND Nursing, totalizando 786 artigos, dos quais 274 no Reino Unido e 160 nos Estados Unidos1. No Brasil, foram identificados apenas 16 trabalhos publicados, os quais não possuem relação especificamente com o processo de gestão do ensino em enfermagem

1 Última atualização: 02 de junho de 2016.

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Figura 1: Distribuição dos estudos científicos relacionados a Management AND

Higher Education AND Nursing, no mundo.

Fonte: Gopubmed, 2016.

Nesse sentido, destaco a minha experiência no Laboratório de Pesquisa, Tecnologia e Inovação em Políticas e Gestão do Cuidado e da Educação em Enfermagem e Saúde – GEPADES, o qual me permitiu ter contato com as outras produções acerca da gestão universitária. Porém, nenhuma delas pesquisava o processo de gestão do ensino em enfermagem, o que me despertou o interesse pelo tema, visto que a gestão é essencial para que o ensino aconteça de modo bem-sucedido.

Com base no panorama exposto, delineou-se a seguinte questão de pesquisa: como ocorre o processo de gestão do ensino em um curso de graduação em enfermagem de uma universidade pública?

Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo compreender como ocorre o processo de gestão do ensino em um curso de graduação em enfermagem de uma universidade pública.

O presente estudo visa trazer contribuições para a comunidade acadêmica e sociedade em geral, principalmente para enfermeiros que atuam como docentes na educação superior, por meio da compreensão de como ocorre o processo de gestão do ensino em enfermagem. Espera-se que este estudo possa estimular pesquisadores a ampliarem as pesquisas nessa área, assim como os demais profissionais enfermeiros envolvidos com a educação a refletirem e subsidiarem a discussão sobre a temática nos diversos contextos e realidades da profissão.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo consiste na fundamentação teórica do estudo e está subdividido em quatro seções, que apresenta, por meio de uma perspectiva histórica, as teorias da administração (2.1), a transição da administração escolar à gestão escolar (2.2), a gestão universitária (2.3) e o primeiro manuscrito do presente estudo que se trata da gestão do ensino na enfermagem por meio de uma revisão integrativa da literatura (2.4).

2.1 PERSPECTIVA HISTÓRICA DAS TEORIAS DA

ADMINISTRAÇÃO

Etimologicamente, administração é oriunda do latim ad (direção) e minister (subordinação), e significa um alguém que realiza uma função sob controle de outro alguém. Todavia, ao longo do tempo a palavra administração foi sofrendo várias e significativas modificações, passando a ser compreendida como o alcance de objetivos por meio de planejamento, organização, direção e controle ou ainda a “utilização racional de recursos para realização de fins determinados” (PARO, 1998).

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Figura 2: Teorias da Administração

Fonte: Adaptado de Ribeiro (2010), Paiva et al. (2010) e Saraiva (2010). A partir da Revolução Industrial, surgiu a necessidade de uma organização em um sentido mais amplo nas atividades industriais, evidenciada a partir da extensa carga horária de trabalho dos operários e da inexistência de meios para o controle dos métodos e volume da produção. Dessa forma, começaram a surgir os pioneiros da ciência da Administração. Frederick Winslow Taylor, na década de 1900, lançou as bases da administração científica que se pautam na criteriosa seleção do trabalhador, o método de instruí-lo e treiná-lo a trabalhar de acordo com o sistema da administração científica (SARAIVA, 2010). Taylor priorizou a produtividade, valorizando os sistemas de produção em linha, pois acreditava na existência de uma lei que permitia determinar o cotidiano de trabalho de um operário. Foi ele quem determinou a ‘lei da fadiga’ que por meio de estudos fisiológicos de ‘tempos e movimentos’, determinou a quantidade de esforço rentável para um dia de trabalho (HIGASHI, 2012; SARAIVA 2010; PAIVA et al., 2010; RIBEIRO, 2010).

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Na década de 1910, Henri Fayol, baseado em suas experiências administrativas em vários empreendimentos, apontou a necessidade da adoção de estrutura e funcionamento adequado para o aumento da eficiência da empresa, surgindo então a Teoria Clássica da Administração. Esta teoria infere o ato de administrar como prever, organizar, comandar e controlar, sendo função do administrador o ato de organizar (SARAIVA, 2010). Desse modo, os princípios da administração foram delineados considerando: a divisão do trabalho, as noções de autoridade e de responsabilidade, as unidades de comando, disciplina e subordinação dos interesses individuais aos gerais (PAIVA et al., 2010; SARAIVA 2010; LIMA, 2014).

Já na década de 1920, a partir dos estudos de George Elton Mayo, surgiu a Teoria das Relações Humanas. Essa teoria teve início a partir de uma reação ao mecanicismo do trabalhador dentro de um sistema rigorosamente controlador enfatizado anteriormente na Administração Científica e na Teoria Clássica da Administração. A Teoria das Relações Humanas passou a definir a empresa como um sistema social, onde o trabalhador deixa de ser analisado isoladamente para ser estudado a partir de seus relacionamentos interpessoais em pequenos grupos. A empresa passa a ser formada por uma organização técnica e uma organização humana, e o homem passa a ser compreendido como um sujeito complexo considerando suas dimensões biológicas, psicológicas, sociais e econômicas (MAYO, 1959; SARAIVA, 2010).

Com a continuidade do desenvolvimento econômico, representado pelo crescimento fabril, percebeu-se a necessidade de atender as exigências de mercado e a organização das empresas com a maior eficiência possível. Concomitante a isso, havia uma insatisfação em relação às escolas administrativas anteriores, pois estas não conseguiam apresentar uma visão geral das organizações. Surgiu assim, a Teoria Burocrática, representada por Max Weber, na década de 1940, sustentada pelos padrões de racionalidade e eficiência, que rapidamente se alastraram para todos os tipos de organizações (PAIVA et al., 2010). A razão para o progresso da organização burocrática foi a superioridade tecnicista sobre as demais formas organizacionais (WEBER, 2004).

A Teoria Burocrática, então, partiu de um pressuposto diferente dos pressupostos mecanicistas da Administração Científica e da Teoria Clássica, assim como do humanismo das Relações Humanas. Weber (1982) identificou três tipos de dominação: a carismática, que não apresenta base racional e é originada nas competências de um líder, sendo seu poder conferido por seus seguidores; a tradicional, que valoriza o caráter conservador, cujo poder pode ser repassado de geração em

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geração; e, por fim, a burocrática, sustentada nos cumprimentos de normas legais, definidas racionalmente e voltadas para o cumprimento de objetivos específicos.

Um pouco depois, ainda na mesma década, surge a Teoria Estruturalista com tentativa de ampliar a Teoria Burocrática de Max Weber, no sentido de dar foco além da própria estrutura burocrática já proposta, na interação da organização com as pessoas e o ambiente, ou seja, buscaram ampliar a Teoria Burocrática incluindo outros aspectos negligenciados pelo próprio Weber. Essa necessidade se deu devido ao aumento considerável das organizações, tornando-as mais complexas e cada vez mais difíceis de interpretá-las apenas pelo modelo proposto por Weber. Dessa forma, surge a necessidade de considerar as organizações formais da Teoria Clássica e informais da Teoria das Relações Humanas, sob o referencial de Max Weber. Destacam-se nessa escola administrativa Amitai Etzioni e Blau & Scott (CHIAVENATO, 2000; ETZIONI, 1972; PAIVA et al., 2010).

Consecutivamente, na década de 1950, por meio do biólogo Ludwig Von Bertalanffy, surgiu a Teoria dos Sistemas, o qual definiu que um sistema deve ser compreendido em sua totalidade, e não de forma isolada, ou seja, pelo conjunto das partes que se inter-relacionam com o ambiente interno e externo, percebendo este, como um sistema aberto. Essa teoria parte do pressuposto de um homem funcional, o qual se comporta segundo seu papel organizacional e espera que os demais também ajam de igual maneira (CHIAVENATO, 2000; PASCHOALINI, 2008; RIBEIRO, 2010).

No ano de 1957, surge a Teoria Comportamental de Abraham Maslow. A teoria foi um desmembramento da Teoria das Relações Humanas, que se desenvolveu a partir da psicologia organizacional, ou seja, do estudo do comportamento humano nas organizações, o qual buscou compreender a forma como os indivíduos agem ou reagem às ações e interações com o meio, em resposta aos estímulos recebidos. A partir disso, a Teoria Comportamental buscou influenciar, por meio de estímulos, as pessoas com a finalidade de obter delas o resultado esperado (MOTTA, 2003).

Com o decorrer do tempo as necessidades foram se modificando, e as teorias administrativas, para atender a demanda da época, também foram avançando. Nesse sentido, na década de 1970, surge então a Teoria da Contingência, que, segundo Chiavenato (2000) “marca o estágio mais recente da teoria administrativa que nos conduz a uma administração sem fronteiras no tempo e no espaço”. A Teoria da Contingência, com destaque para A. Chandler Jr., infere que não há nada absoluto nos

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princípios que regem a administração. O homem, nesse contexto, é complexo, constituído por valores, percepções, necessidades, desejos, entre outros, similar ao sujeito apresentado na Teoria das Relações Humanas.

O avanço desde a Teoria Científica até a Teoria da Contingência foi significativo e importante para o desenvolvimento da ciência. Esses avanços se devem, principalmente, à Teoria dos Sistemas, que embora não considerem a complexidade das partes em relação ao todo, foi um importante avanço na tentativa de compreender e interpretar o funcionamento dos sistemas a partir da sua relação do meio interno com o meio externo e ir além do reducionismo predominante na ciência na época (PASCHOALINI, 2008).

Sendo assim, na década de 1990, viu-se a necessidade de dar continuidade a este avanço, o qual foi marcado pelas novas abordagens das teorias administrativas, com foco na competitividade implantada na sociedade, e com ênfase no caos, complexidade, aprendizagem organizacional e capital intelectual, destacando-se neste período nomes como Adam Smith e David Ricardo. Salienta-se que as novas abordagens se desenvolvem até os dias atuais, como forma de atender às constantes demandas sociais e organizacionais (PASCHOALINI, 2008; PAIVA et al., 2010).

2.2 GESTÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL: DA

ADMINISTRAÇÃO À GESTÃO ESCOLAR

Concomitante aos avanços das teorias da administração havia também os avanços na área da administração escolar, que influenciados diretamente pelos avanços das teorias da administração, dividiram-se em dois grandes períodos: o período de estudos clássicos da administração escolar, compreendido de 1930 a meados da década de 1970, e outro de estudos críticos da administração escolar que se inicia no final da década de 1970 (SOUZA, 2006; SANDER, 1995), conforme apresentado na Figura 3.

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Figura 3: Administração escolar no Brasil e principais autores. Fonte: Elaborado pelo autor.

No que diz respeito ao período que compreende estudos clássicos da administração escolar, um dos primeiros estudos produzidos e publicados foi de Antônio Carneiro Leão, em 1939, sendo uma das mais importantes obras na área da administração escolar e da educação comparada. Na visão de Leão (1953), a direção escolar deve ser ocupada por professores e todas as funções inerentes à administração escolar estão centradas na figura do diretor.

Em 1952, Querino Ribeiro representou talvez a primeira bem-sucedida tentativa de apresentar formas organizacionais e administrativas no âmbito escolar assim como teorizar sobre esses aspectos. Ribeiro (1952) apresenta em sua obra uma constante relação da administração escolar com Taylor e Fayol, e a adoção da Administração Científica e da Teoria Clássica como antídoto à tradicional forma de administração escolar da época. Ele também reconhece que a administração possui a função de organizar e coordenar os trabalhos escolares e que nenhuma regulamentação estatal acerca dos currículos tem o poder de cercear a liberdade da ação pedagógica dos professores em sala de aula.

Lourenço Filho, em 1976, afirmou que a escola representa aspectos significativos da organização da sociedade. As atividades administrativas concentram-se hierarquicamente nos dirigentes do sistema de ensino, nos diretores, professores e alunos. Não há, em seus apontamentos, preocupações referentes aos funcionários não professores

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das organizações escolares e aos familiares dos alunos. Todavia, o autor afirma que para que haja ações administrativas, também é necessário haver possibilidades de escolhas, pois onde não há vários caminhos possíveis, não haverá a necessidade de tomada de decisão.

Em contrapartida aos pequenos avanços críticos ao modelo tradicional da organização escolar, Myrtes Alonso, em 1974, deixa claro em seus estudos a concepção de que a administração escolar é uma especialização da ampla área da administração. O diretor, que detém a administração escolar, não desenvolve um trabalho técnico pedagógico, mas sim a função puramente de administrador, que compreende a organização, o planejamento, a supervisão do trabalho escolar e a tomada de decisão.

No final da década de 1970 e início da década de 1980, Benno Sander aponta que a administração escolar não se trata de uma especialidade da ampla área da administração, mas sim de um processo político. Observa, também, que a administração escolar se orienta a partir de quatro dimensões: relevância (dimensão humana); efetividade (dimensão sociopolítica); eficácia (dimensão pedagógica); e, eficiência (dimensão econômica). Para o autor, os sistemas educacionais estão preenchidos por essas quatro dimensões, as quais não podem ser separadas objetivamente. Há também uma percepção da importância da participação coletiva nas tomadas de decisões. Por meio de buscas e pesquisas em diversos meios da administração, Benno Sander edifica uma perspectiva da administração que mantém sua visão mais conservadora, bem como como incorpora as críticas nascentes no campo da administração educacional (SANDER, 1995; SOUZA, 2006).

A década de 1980 foi caracterizada por autores críticos da perspectiva clássica e conservadora da administração escolar, os quais elaboraram estudos com enfoque sociológico, influenciados pelas lutas em defesa da democracia e da cidadania, pela concretização de estudos de pós-graduação na área e pela vertente da literatura marxista. Foi nessa década que o termo gestão escolar passou a ocupar a até então denominada administração escolar. A administração é superada e torna-se um dos elementos da gestão escolar, que possui um significado teórico e uma prática mais ampla, pois envolve elementos culturais, políticos e pedagógicos do processo educacional. Esses elementos são orientados pela participação social, e vieram para se contrapor ao modelo tecnicista e organizacional adotado pela abordagem clássica da administração (SANDER, 1995; MENDONÇA, 2000; LUCK, 2007).

Maria de Fátima C. Félix foi uma das mais importantes autoras da década de 1980.Por meio de sua dissertação de mestrado, teceu

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importantes críticas ao modelo de administração escolar vigente até então (SOUZA, 2006). Seus estudos tinham o objetivo de contribuir com o movimento crítico que se instituía, utilizando-se de uma explicitação das relações entre o sistema escolar e o capitalismo em evolução (FÉLIX, 1984).

Félix (1984) traz uma visão mais ampla e abrangente da escola e da gestão escolar e aponta que o ambiente escolar não é apenas um instrumento reprodutor das relações sociais, mas um espaço que apresenta o movimento contrário ao vigente, com a finalidade de gerar elementos transformadores. Portanto, a escola é um importante espaço para a transformação e superação das concepções atuais acerca da gestão escolar.

Vitor Paro, entre outros estudiosos da década de 1980, também aponta críticas ao modelo vigente de administração escolar. Em sua tese de doutorado, demonstra que as concepções de que a escola poderia ser administrada da mesma forma que as empresas capitalistas e de que não é necessário a intervenção de uma organização administrativa no ambiente escolar, estão igualmente equivocadas, da mesma forma que a concepção de não levar em conta as interferências recebidas da gestão escolar pela realidade social e econômica vigente. Dessa forma, a gestão escolar transformadora não pode deixar de considerar a realidade em que se encontram as escolas, pois é partindo dessa realidade que as mudanças necessárias irão emergir, na qual a figura do gestor não pode ser ignorada e deve ser atraída não pela busca do poder e sim para a busca da transformação social (PARO, 1988).

Todos esses estudiosos contribuíram significativamente para o avanço da administração escolar. Entretanto, Benno Sander, Maria de Fátima C. Félix, Vitor Paro e demais nomes da década de 1980, período caracterizado por marcantes críticas ao tradicional modelo de administração escolar, foram indispensáveis para os avanços e mudanças do termo administração escolar para gestão escolar, principalmente pela compreensão da natureza política e dos campos de conhecimentos que conseguiram esclarecer por meio de seus trabalhos e estudos publicados (TAVARES, 2004; SOUZA, 2006).

2.3 GESTÃO UNIVERSITÁRIA

Nos últimos 20 anos, no mundo e consequentemente no Brasil, notou-se um aumento significativo de Instituições de Ensino Superior (IES), principalmente as universidades, ampliando as possibilidades de qualificação dos indivíduos. Esse cenário tem imposto cada vez mais

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desafios em busca constante por inovações organizacionais, que facilitem e possibilitem o alcance das metas e objetivos, atraindo pesquisas de diversas áreas para aspectos relacionados à gestão universitária (GOMES et al., 2013).

As universidades são instituições complexas e diferenciadas em relação a outros tipos organizacionais existentes na sociedade, principalmente em virtude de sua estrutura, sua organização e seus objetivos. Nelas, são executadas tarefas relacionadas ao ensino, pesquisa e extensão tendo como matéria-prima o conhecimento. Busca-se, assim, uma constante qualificação e capacitação de indivíduos para o desenvolvimento da sociedade, além da disseminação das decisões constantes ao longo de um grande número de unidades e atores (SCHMITZ; BERNARDES, 2008).

As universidades públicas brasileiras organizam-se administrativamente, de modo geral, com a reitoria, pró-reitorias, secretarias, centros de ciências e os departamentos como unidades mínimas de ensino e pesquisa (JÚNIOR et al., 2015). Possuem uma liderança mais difusa, sendo que cada unidade que a compõe representa um sistema parcialmente autônomo de ação e cada ator possui relativa autonomia no exercício de suas atividades. Como consequência, as atividades gerenciais são realizadas em ritmos mais lentos, tornando o sistema menos tangível e mais difícil de ser administrado (MEYER JUNIOR; WALTER, 2010).

Vale destacar que a gestão de uma universidade pública difere da gestão de uma universidade privada, em razão de suas respectivas finalidades. A universidade pública é caracterizada como um lócus de saber, destinada à excelência do conhecimento e contribuição social, caracterizando-se como produto das conquistas políticas e sociais garantidas pela Constituição Federal de 1988. Por sua vez, as universidades privadas caracterizam-se, além da produção de conhecimento e contribuição social, como uma organização de recursos materiais, financeiros, humanos e tecnológicos, destinadas a produzir ou prestar um serviço para, em geral, obter um ganho econômico (SARAVIA, 2010). Destaca-se, portanto, que neste tópico serão abordados aspectos relacionados à gestão de uma universidade pública, tendo em vista o escopo do presente estudo.

Nesse sentido, atualmente as universidades públicas enfrentam diversos desafios dentre eles exigências legais, normas de entidades reguladoras, elevação dos padrões de qualidade, necessidade de contribuição para o desenvolvimento tecnológico e inovação, pressão por aumento do número de vagas, entre outros (SANTOS; BRONNEMANN,

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2013). Para enfrentar esses desafios, as universidades precisam ampliar sua eficácia gerencial, o que demanda habilidades específicas de seus gestores. Neste cenário de expansão ao longo dos anos e de desafios a serem enfrentados, vários estudos desenvolvidos apontaram a relevância da gestão nas universidades (CAMPOS, 2007; MAGALHÃES et al., 2010; SANTANA et al., 2010; ESTHER, 2011).

A gestão universitária, nesse contexto, caracteriza-se como aquela que se destina à análise das organizações de educação superior sob os conceitos do planejamento, organização, liderança, controle e manutenção das condições de trabalho dos atores envolvidos com as atividades meio e fim, usando variados recursos disponíveis para atingir os resultados esperados (SCHLICKMANN; OLIVEIRA; MELO, 2014). Os gestores universitários, em grande maioria docentes, precisam desempenhar concomitantemente atividades acadêmicas e atividades gerenciais, o que desencadeia uma série de situações adversas no exercício das atividades cotidianas, impossibilitando, por vezes, o alcance da eficácia gerencial das universidades (MARRA; MELO, 2003; SANTOS; BRONNEMANN, 2013). Ou seja, dos docentes é esperado não só o ensino e sua contribuição para a ciência em sua área de estudo e comunidade, mas também são esperadas contribuições para o desempenho como um todo das universidades, visto a importância e necessidade de atuação dos docentes nos contextos gerenciais da educação.

Nessa nova dinâmica, atividades que eram consideradas secundárias, ou possíveis de serem executadas pelos docentes, como a gestão universitária, hoje são consideradas um dever dos docentes nas universidades privadas e principalmente públicas do Brasil, conforme consta na legislação brasileira, além de serem reconhecidas por sua importância (BRASIL, 2012; BARBOSA; MENDONÇA, 2014).

Cada vez mais alinhado às exigências do mundo moderno, o ser docente não deve se reduzir à transmissão do mero saber. O conhecimento transmitido pelo docente deve estar conectado com o mundo externo, contextualizado com o tempo e espaço, deve ser aberto, livre e que favoreça a compreensão da nossa condição. O ser docente exige cada vez mais atitudes amplas, abrangentes, complexas, que façam alusão à multiplicidade e a transdisciplinaridade. Assim, a gestão universitária praticada pelos docentes, torna-se indispensável, pois permite que os mesmos tenham a experiência e pratiquem essas atitudes a fim de formar cada vez mais profissionais e seres mais pensantes e congruentes à realidade (MORIN, 2008b).

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Contudo, é comum os docentes encontrarem algumas dificuldades ao assumirem atividades relacionadas à gestão universitária. Este fato fica evidenciado pela inexperiência e formação insuficiente para os aspectos gerenciais, liderança, gestão de pessoas, entre outros. As universidades de modo geral, não os preparam para lidar com esses desafios, o que pode acarretar em adversidades no exercício dessa prática, principalmente porque, costumeiramente, o aprendizado ocorre ao longo da atuação por meio da experiência entre erros e acertos (MARRA; MELLO, 2005; SANTOS; BRONNEMANN, 2013).

Outro importante entrave que impossibilita muitas vezes o desenvolvimento das atividades de gestão do ensino pelos docentes com efetividade está relacionado ao pouco tempo que possuem para se dedicar a estas demandas, visto que sua carga horária é reduzida, pois necessitam conciliar seu tempo do ensino, com as atividades de pesquisa e extensão (GOMES et al. 2013).

Outros enfrentamentos também fazem parte do cotidiano de um docente gestor como conflitos, desentendimentos, interesses e divergências pessoais, dificuldades nas relações e interações em equipe. Cabe a eles liderar e saber lidar com os diversos grupos existentes em sua instituição, com os problemas oriundos desses grupos e decidir por questões prioritárias para evitar ou gerenciar possíveis conflitos organizacionais (HIGASHI, 2012; GOMES et al. 2013).

Um dos aspectos mais importantes que estes profissionais passam a desenvolver, a partir do momento em que são promovidos a cargos de gestores, é a liderança, pois muito mais que lidar com todas as esferas que os cargos de gestão trazem para o profissional, a gestão de pessoas é a sua principal fonte de conflitos e pressões. Administrar grupos, muitas vezes com divergências, e fazer com que trabalhem em equipe para um objetivo comum, além de fonte de conflito, é também um desafio para o gestor, e uma fonte inesgotável para o desenvolvimento da liderança, uma vez que nas universidades a liderança desempenha papel importante ao influenciar as pessoas a buscarem variadas formas de alcançar seus objetivos (MARRA; MELO, 2005; GOMES et al., 2013).

Cada vez mais as universidades vêm desenvolvendo trabalhos na busca da renovação da prática gestora. Um estudo desenvolvido por Sampaio e Laniado (2009), elencou quatro aspectos importantes que podem influenciar neste contexto, são eles: a descentralização da gestão, a qualificação dos profissionais que irão desenvolver a gestão universitária, a elaboração conjunta da proposta de modernização e a reestruturação organizacional.

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Dessa forma, também considerando que a sociedade espera por profissionais cada vez mais capacitados e qualificados para adentrarem no mercado de trabalho, as universidades exercem um importante papel nessa realidade, uma vez que elas são fomentadoras de conhecimento e formadoras de indivíduos, capazes de lidar com as mais diversas circunstâncias. Uma gestão universitária realizada por profissionais capacitados pode contribuir para o desenvolvimento institucional, desenvolvimento dos indivíduos e consequentemente da sociedade.

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2.4 MANUSCRITO 1: GESTÃO DO ENSINO NA ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

MANAGEMENT OF TEACHING IN NURSING: INTEGRATING LITERATURE REVIEW

GESTIÓN DE LA ENSEÑANZA EN LA ENFERMERÍA: REVISIÓN INTEGRAL DE LA LITERATURA

Murilo Pedroso Alves2 José Luís Guedes dos Santos3 Alacoque Lorenzini Erdmann4 RESUMO

No Brasil, os docentes possuem a responsabilidade de desenvolver as atividades de gestão do ensino dentro das universidades, concomitante às atividades relacionadas ao ensino, pesquisa e extensão, principalmente nas universidades públicas. Desse modo, o objetivo deste estudo foi analisar como a comunidade científica tem tratado a gestão do ensino na enfermagem. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura a partir da

SCOPUS, EBSCO que consulta MEDLINE e CINAHL, Scielo, BVS e ERIC, nos idiomas inglês, espanhol e português, sem limitação inicial de tempo à 2017, com os descritores DeCS/MeSH management, teaching, higher education, university e nursing, totalizando ao final 14 artigos. Foi possível identificar que nenhum dos artigos científicos encontrados trata do tema integralmente, mas sim, de aspectos relacionados à gestão do ensino em enfermagem. Assim sendo, o estudo desvelou a categoria prática gerencial no ensino da enfermagem, que revela aspectos como a

2 Enfermeiro. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PEN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Bolsista CAPES. Membro do Laboratório de Pesquisa, Tecnologia e Inovação em Políticas e Gestão do Cuidado e da Educação em Enfermagem e Saúde (GEPADES). E-mail: murilopedrosoalves@gmail.com.

3 Enfermeiro. Doutor em Enfermagem pela UFSC. Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem da UFSC. E-mail:

joseenfermagem@gmail.com.

4 Enfermeira. Doutora em Filosofia da Enfermagem pela UFSC. Professora Titular do Departamento de Enfermagem da UFSC. Pesquisadora 1A CNPq. Líder do GEPADES.E-mail: alacoque.erdmann@ufsc.br.

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sobrecarga de trabalho docente, fragilidade na prática docente, liderança autocrática na gestão do ensino, trabalho participativo, integração ensino e serviço e avaliação docente, transmissão vertical de conhecimentos, interação entre docentes e discentes, experiência clínica docente, desenvolvimento de conteúdo programático e novos métodos de ensino. Apesar da relevância do tema, foram encontrados poucos estudos relacionados aos descritores selecionados. Dada a importância da gestão do ensino para a formação de enfermeiros com qualidade, destaca-se a necessidade do desenvolvimento de mais estudos em diferentes contextos e realidades.

Descritores: Organização e Administração, Ensino, Educação Superior, Universidade, Enfermagem.

ABSTRACT

In Brazil, faculty members have the responsibility of developing teaching management activities within universities, concomitant with activities related to teaching, research and extension, mainly in public universities. Thus, the objective of this study was to analyze how the scientific community has treated the management of teaching in nursing. It is an integrative review of the literature based on the SCOPUS, EBSCO databases that consult MEDLINE and CINAHL, Scielo, BVS and ERIC, in the english, spanish and portuguese languages, without initial time limitation to 2017, with the DeCS/MeSH descriptors management, teaching, higher education, university and nursing, totaling 14 articles. It was possible to identify that none of the scientific articles found deals with the subject in its entirety, but rather, aspects related to nursing teaching management. Thus, the study revealed the managerial practical category in nursing teaching, which reveals aspects such as the overload of teaching work, fragility in teaching practice, autocratic leadership in teaching management, participatory work, teaching and service integration and teacher evaluation, vertical transmission knowledge, interaction between teachers and students, clinical teaching experience, development of program content and new teaching methods. Despite the relevance of the theme, few studies related to the selected descriptors were found. Despite the relevance of the theme, few studies related to the selected descriptors were found. Given the importance of teaching management for the training of nurses with quality, it is necessary to develop more studies in different contexts and realities.

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Keywords: Organization and Administration, Education, Higher Education, University, Nursing.

RESUMEN

En Brasil, los docentes poseen la responsabilidad de desarrollar las actividades de gestión de la enseñanza dentro de las universidades, concomitante a las actividades relacionadas a la enseñanza, investigación y extensión, principalmente en las universidades públicas. De este modo, el objetivo de este estudio fue analizar cómo la comunidad científica ha tratado la gestión de la enseñanza en la enfermería. Se trata de una revisión integradora de las bases de datos SCOPUS, EBSCO MEDLINE y CINAHL consultoría, SciELO, BVS y Eric, en inglés, español y portugués, sin limitación de tiempo inicial a 2017 con los DeCS/MeSH management, enseñanza, educación superior, universidad y enfermería, totalizando al final 14 artículos. Fue posible identificar que ninguno de los artículos científicos encontrados trata del tema íntegramente, sino de aspectos relacionados a la gestión de la enseñanza en enfermería. El estudio reveló la categoría práctica gerencial en la enseñanza de la enfermería, que revela aspectos como la sobrecarga de trabajo docente, fragilidad en la práctica docente, liderazgo autocrático en la gestión de la enseñanza, trabajo participativo, integración enseñanza y servicio y evaluación docente, transmisión vertical de conocimientos, interacción entre docentes y discentes, experiencia clínica docente, desarrollo de contenido programático y nuevos métodos de enseñanza. A pesar de la relevancia del tema, se encontraron pocos estudios relacionados con los descriptores seleccionados. Dada la importancia de la gestión de la enseñanza para la formación de enfermeros con calidad, se destaca la necesidad del desarrollo de más estudios en diferentes contextos y realidades.

Palabras-clave: Organización y Administración, Enseñanza, Educación Superior, Universidad, Enfermería.

INTRODUÇÃO

Devido aos avanços científicos e tecnológicos que permeiam o mundo, o conhecimento tornou-se um dos diferenciais exigidos pela sociedade aos indivíduos. Por conta disso, nos últimos 20 anos, as universidades têm passado por um processo significativo de expansão no mundo e, consequentemente, no Brasil. Pautada pelas políticas públicas,

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a configuração e reconfiguração destas já é um processo permanente, mesmo que em intensidades diferentes entre os países (TANAKA; PESSONI, 2011; MANCEBO; VALE; MARTINS, 2015).

No Brasil, a universidade tem contribuído para o desenvolvimento do pensamento reflexivo, crítico, da produção e disseminação de ciência, tecnologia e cultura, da formação pessoal e profissional por meio do ensino, pesquisa e extensão as quais estão em constante consonância às demandas do tempo e espaço da sociedade (RAMOS; CORDEIRO, 2014).

A enfermagem no Brasil, regida pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos Cursos de Graduação em Enfermagem, congruente ao desenvolvimento das universidades, também sofreu significativa expansão, principalmente após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) em 1996 (MAGALHÃES et al., 2013).

Neste contexto de avanços, encontram-se os docentes, indivíduos responsáveis por desenvolver as atividades de ensino, por meio da graduação e pós-graduação lato e stricto sensu, pesquisa por meio de projetos de pesquisas vinculados aos grupos de pesquisas e extensão por meio de atividades vinculadas à comunidade, além dos cargos e atividades de gestão universitária que também são ocupados e realizados por docentes, principalmente no contexto das universidades públicas do País (DUARTE et al., 2016).

Em países como os Estados Unidos, Inglaterra e Espanha, há profissionais que são contratados somente para os cargos de gestão universitária, o que exime os docentes dessas atividades direcionando todo o tempo de trabalho para o ensino, pesquisa e extensão (TOSTA et al., 2012; RUÉ et al., 2013; RICH; NUGENT de 2010; CURTIS, 2013). Considerando este contexto, questiona-se: como a comunidade científica tem tratado a gestão do ensino na enfermagem? Desse modo, o presente estudo teve por objetivo analisar como a comunidade científica tem tratado a gestão do ensino na enfermagem em suas publicações, com a finalidade de subsidiar reflexões acerca da temática além de dar bases para a prática da gestão realizada por enfermeiros docentes envolvidos com essa realidade.

MÉTODO

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que se caracteriza por permitir a síntese e análise de estudos existentes sobre o tema em investigação, revelando o conhecimento científico publicado,

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