• Nenhum resultado encontrado

Projeto de vestuário feminino multifuncional para viagem

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Projeto de vestuário feminino multifuncional para viagem"

Copied!
91
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL UNIJUI

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS - DCEEng CURSO DE DESIGN

Aline Gabriela Soares dos Santos

PROJETO DE VESTUÁRIO FEMININO MULTIFUNCIONAL PARA VIAGEM

Ijuí/RS 2016

(2)

Aline Gabriela Soares dos Santos

PROJETO DE VESTUÁRIO FEMININO MULTIFUNCIONAL PARA VIAGEM

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Design da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial à obtenção ao título de Bacharel em Design.

Orientador: Prof. Me. Diane Meri Weiller Johann

Ijuí/RS 2016

(3)

ALINE GABRIELA SOARES DOS SANTOS

PROJETO DE VESTUÁRIO FEMININO MULTIFUNCIONAL PARA VIAGEM

Trabalho de conclusão de curso apresentado na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Design.

Aprovada em: __/__/__

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________ Prof.ª Me. Diane Meri Weiller Johann (orientadora)

______________________________________________________ Prof.ª Me. Fabiane Volkmer Grossmann

(4)

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela vida, saúde e força para chegar até onde estou. Aos meus pais que me incentivaram e acreditaram em mim durante todos esses anos.

Aos professores que compartilharam seus conhecimentos acadêmicos e profissionais, agradeço em especial à professora Diane Meri Weiller Johann, que teve paciência, dividiu seus saberes sobre as áreas específicas deste trabalho e me orientou para a conclusão do mesmo.

Ao meu namorado, Lucas, que me apoiou e me deu forças quando mais precisei.

A Rossana da Rocha, Mari e Guilia Sasai por terem transformado este projeto em algo real. E a todos que direta ou indiretamente, fazem parte da minha formação.

(5)

RESUMO

Com o grande número de vestuário disponível para o público feminino, organizar uma mala para viajar acaba sendo, muitas vezes, um problema, ocasionando uma mala cheia e não funcional. No presente trabalho objetivou-se utilizar os conceitos de sustentabilidade e slow fashion para desenvolver uma mini coleção de roupas femininas multifuncionais, que possam ser usadas em diversas ocasiões e que combinam entre si. Analisando as peças mais utilizadas em viagens pelas mulheres, utilizando as tendências do minimalismo, cores e formas e que possuam um fechamento que possibilite as peças se transformarem em outras. Para dar forma a este projeto será utilizada a metodologia de Picoli (2012) seguindo suas etapas de coleta de dados, análise dos dados, processo criativo, materiais e tecnologias, experimentação, modelo e verificação.

(6)

ABSTRACT

With the great number of female clothing available, organize a travel suitcase end’s up, often, being a problem, resulting in a backpack nonfunctional and unnecessarily full. This paper has the goal of develop a small collection of multifunctional woman’s collection, which can be used in various occasions, combining among themselves, using the concepts of slow fashion and sustainability, applying the trending of minimalism, colors, shapes and a closure, enabling the parts to turn into a new one. To model this issue, have been used the Picoli methodology (2012), following it steps of, data collection, analysis, creation process, materials and manufacturing, trials, modeling and verification.

(7)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Movimentos de atividade usual, cotidiana ou profissional ... 15

Figura 2 - Movimento de vestir e despir ... 16

Figura 3 - Camisa no Século XIX ... 27

Figura 4 - Camisa de Coco Chanel ... 27

Figura 5 - Blusa Bettina, 1952 ... 28

Figura 6 - Camisa Colegial nos anos 60 ... 28

Figura 7 - Camisa com ombreiras, anos 80 ... 28

Figura 8 - Camisetas na Primeira Guerra Mundial... 29

Figura 9 - Camiseta "New York City" de John Lenon ... 30

Figura 10 – Camiseta do movimento Yuppie e logomania ... 30

Figura 11 - Camiseta nos dias atuais no estilo Street Style ... 31

Figura 12 - Elvis Presley usando Jeans ... 32

Figura 13 - Calça Jeans "Boca-de-Sino" dos anos 70 ... 33

Figura 14 - Calça Baggy... 33

Figura 15 - Croqui do vestido criado por Coco Chanel ... 34

Figura 16 - Saias usadas nos anos 20 ... 36

Figura 17 - Minissaia criada por Mary Quant ... 36

Figura 18 - Cardigã de Coco Chanel ... 37

Figura 19 - Kimono Tradicional ... 37

Figura 20 – Peça inspirada no Quimono Oriental ... 38

Figura 21 – Etapas de Desenvolvimento da Metodologia de Picoli (2012) ... 39

Figura 22 – Modelos de peças da empresa VETTA Capsule ... 40

Figura 23 – Combinações Sugeridas pela VETTA Capsule, 01 ... 41

Figura 24 – Combinações Sugeridas pela VETTA Capsule, 02 ... 41

Figura 25 – Combinações Sugeridas pela VETTA Capsule, 03 ... 42

Figura 26 – Painel 01: Minimalismo e Slow Fashion em preto. ... 43

Figura 27 – Painel 02: Minimalismo e Slow Fashion em branco. ... 44

Figura 28 – Painel 03: Minimalismo e Slow Fashion em cinza e azul... 44

Figura 29 – Painel 04: Minimalismo e Slow Fashion em marrom e cor de rosa. ... 45

Figura 30 – Paleta de Cores... 45

Figura 31 - Croqui Vestido Multifuncional ... 47

Figura 32 - Croqui Jeans, camisa e colete ... 48

Figura 33 - Croqui composição saia e blusa ... 49

Figura 34 - Croqui Calça jeans e camisa ... 50

Figura 35 - Croqui Quimono/Cardigã ... 51

Figura 36 - Croqui Calça e Camisa ... 52

Figura 37 - Croqui Blusa e saia ... 53

Figura 38 - Croqui Quimono ... 54

Figura 39 - Materiais Utilizados ... 55

Figura 40 - Tecnologias... 56

(8)

Figura 42 - Ficha Técnica Saia ... 58

Figura 43 - Ficha Técnica Calça ... 59

Figura 44 - Ficha Técnica Camisa ... 60

Figura 45 - Ficha Técnica Quimono ... 61

Figura 46 - Molde Calça Jeans ... 62

Figura 47 - Molde Saia ... 63

Figura 48 - Molde Blusa... 63

Figura 49 - Molde Quimono... 64

Figura 50 - Calça Finalizada ... 64

Figura 51 - Camisa Finalizada ... 65

Figura 52 - Quimono Finalizado ... 65

Figura 53 - Blusa e Saia Finalizadas ... 66

Figura 54 - Composição calça, camisa e casaco ... 67

Figura 55 - Composição calça, camisa e casaco com mangas presas por botons... 68

Figura 56 - Composição calça e camisa ... 69

Figura 57 - Composição calça e camisa sem mangas ... 70

Figura 58 - Composição saia e camisa ... 71

Figura 59 - Composição saia, camisa sem mangas e casaco com mangas presas ... 72

Figura 60 - Composição saia e blusa ... 73

Figura 61 - Composição calça jeans e blusa... 74

Figura 62 - Composição calça jeans, blusa e casaco com mangas presas ... 75

Figura 63 - Capa do Catálogo ... 76

Figura 64 - Apresentação da Coleção ... 77

Figura 65 - Páginas 02 e 03 ... 77 Figura 66 - Páginas 04 e 05 ... 78 Figura 67 - Páginas 06 e 07 ... 78 Figura 68 - Páginas 08 e 09 ... 79 Figura 69 - Páginas 10 e 11 ... 79 Figura 70 - Páginas 12 e 13 ... 80 Figura 71 - Páginas 14 e 15 ... 80 Figura 72 - Páginas 16 e 17 ... 81

(9)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Medidas Corporais...13 Quadro 2 – Algodão...21 Quadro 3 – Fibras Sintéticas...22

(10)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 10 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 12 2.1 DESIGN E MODA ... 12 2.1.2 Ergonomia no Vestuário ... 13 2.2 SUSTENTABILIDADE ... 17

2.2.1 Repensando o consumo de moda ... 19

2.2.2 Fast Fashion versus Slow Fashion ... 21

2.3 TECIDOS ... 23

2.4 A EVOLUÇÃO DO VESTUÁRIO BÁSICO ... 26

2.4.1 A camisa ... 26

2.4.2 A camiseta ... 29

2.4.3 A Calça Jeans ... 31

2.4.4. O Vestido “Pretinho Básico” ... 34

2.4.5. A Saia ... 35

2.4.6. O Cardigã e o Quimono ... 36

3 RESULTADOS ... 39

3.1 COLETA DE DADOS ... 39

3.2 ANÁLISE DOS DADOS ... 42

3.3 PROCESSO CRIATIVO ... 46 3.4 MATERIAIS E TECNOLOGIAS ... 54 3.5 EXPERIMENTAÇÃO ... 56 3.6 MODELO ... 62 3.7 VERIFICAÇÃO ... 66 CONCLUSÃO ... 82 REFERÊNCIAS ... 83

(11)

1. O “slow-fashion enxerga o consumidor e seus hábitos como parte importante da cadeia. Ao contrário do que se poderia pensar, a moda lenta não é um conceito baseado no tempo, e sim na qualidade, que no fim, evidentemente, tem alguma relação com o tempo dedicado ao produto.” (Salcedo, 2014, p.33)

2. “A moda rápida, mais conhecida como fast fashion, é uma prática de grandes empresas internacionais de moda e redes de distribuição que conseguiram seduzir sua clientela graças à atualização constante do design de suas peças e aos baixos preços de seus produtos.” (Salcedo, 2014, p.25)

1 INTRODUÇÃO

Viajar para conhecer um local, passar férias, visitar amigos, familiares, ou a negócios, torna o mercado de turismo e empresas aéreas um dos negócios mais importantes em nível mundial. E para qualquer tipo de viagem, por mais curta que seja, precisa-se levar alguns itens indispensáveis consigo e estes mudam conforme o clima, lugar, atividades que serão realizadas entre outros fatores.

Para organizar a mala desprende-se tempo, pois nela deve caber tudo o que irá se utilizar durante a estadia e ela deve ser bem prática, evitando assim levar itens desnecessários.

O público feminino acaba tendo mais dificuldade em escolher as roupas de forma prática e objetiva para levar em suas viagens, tendo em vista o grande número de opções de vestuário disponível, o que acarreta em uma mala maior e, muitas vezes, exagerada.

A solução para este problema poderia ser, roupas que podem ser usadas no dia-a-dia, mas funcionais o bastante para que o número de peças levadas na viagem seja reduzido e supra as necessidades durante o tempo fora de casa. Para obter as respostas de como desenvolver uma proposta de vestuário multifuncional para mulheres que viajam constantemente, buscou-se informações, dados e estudos na área da moda, ergonomia, tecidos e tendências.

O objetivo deste trabalho é desenvolver uma mini coleção de roupas femininas multifuncionais que possam ser usadas em diversas ocasiões, combinando-as entre si e podendo ser complementadas com outras peças do guarda-roupa, e essas farão parte do conceito de slow fashion¹, que ao contrário do fast fashion², leva em consideração a valorização dos produtos e as tradições, utilizando materiais de boa qualidade e desprendendo mais tempo em sua construção, resultando em um produto de moda bem acabado e, muitas vezes, atemporal. Alguns aspectos serão fundamentais para confeccionar a coleção deste projeto como: analisar as peças de roupas mais usadas pelas mulheres; pesquisar as tendências de estilo minimalista, cores e formas; desenvolver um fechamento que proporcione que as peças se transformarem em outras e desenvolver peças que possam ser usadas tanto no lazer quanto no trabalho.

(12)

Com peças multifuncionais, a escolha das roupas para viajar seria mais rápida, prática e fácil de organizar na mala, tendo em vista que podem ser usadas em qualquer ocasião e ambiente, as tornando peças-chave no guarda-roupa feminino.

Para o desenvolvimento deste trabalho usou-se uma abordagem indutiva usando com base principalmente a pesquisa exploratória para proporcionar maior familiaridade com o problema, envolvendo, principalmente, o levantamento bibliográfico em livros, revistas e sites que tratam sobre o universo da moda.

Para o projeto de produto será utilizada a proposta de metodologia de Picoli (2012), elaborada a partir da Metodologia de Munari (1981), com todas as suas fases e coleta de dados através de um sketchbook. Serão feitas pesquisas bibliográficas para maior conhecimento de representação de vestuário e construção do mesmo.

(13)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 DESIGN E MODA

Schneider (2010, pág.197) conceitua o design como a visualização criativa e sistemática das diferentes funções de objetos e sua adequação para suprir as necessidades dos usuários ou aos efeitos sobre os receptores:

O design confirma objetos. O design traduz em signos as funções de caráter pragmático, semântico e afetivo de um objeto de uso, de forma que eles sejam entendidos pelos usuários numa interpretação congenial. O objetivo do design é tornar um objeto “visível” e “legível”, e assim possibilitar comunicação. Design é transformação. O design contribui para que objetos e imagens tenham um efeito duradouro sobre os receptores. O design tem o poder de interpretação.

Já para Katz (2007) é a organização das partes de um todo, fazendo com que os componentes produzam o que foi planejado. Porém, o arranjo é improvável, mesmo sendo algo simples, pois é muito alto o número de modos que as partes podem ser combinadas.

Moura (2014), afirma que o design significa desenvolver um plano ou um projeto e também designar. Trabalha-se com a intenção, cenário futuro, executando a concepção e planejamento do que virá como resultado. É criar, desenvolver, implantar um projeto, significa pesquisar e usar referências culturais e estética, é lidar com a forma, feitio, configuração, elaboração, desenvolvimento e acompanhamento do projeto.

No que diz respeito à prática profissional, pode-se caracterizar o design como um procedimento, que resulta um produto. Conforme Schulmann (1994, pág.56):

[...] design é, antes de tudo, um método criador, integrador e horizontal. O designer tem uma abordagem e uma experiência multidisciplinares. Ele é o especialista de um trabalho específico para a análise e para a resolução de problemas ligados ao desenvolvimento de um novo produto. Embora não domine a universalidade das competências da vida socioeconômica, quanto mais está por dentro das diferentes facetas dessa vida, mais conhece suas evoluções, suas potencialidades e melhor é a qualidade dos resultados que pode oferecer. Frequentemente, este designer é visto como um “artista” que faz belos artefatos, mas esta visão de design limitado à linguagem estética é muito redutora. Se não é o caso de criar um objeto sem dar grande atenção a sua beleza, é preciso que o aspecto deste objeto comunique alguma mensagem, permitindo ao comprador identificar as características e as qualidades do que ele adquire, em função dos seus próprios desejos e aspirações.

(14)

Segundo Castilho (2006), a palavra moda vem do latim Modos, que significa “medida, ritmo e maneira”, e tinha como função inicial a ornamentação, decência e proteger contra as intempéries da natureza. A moda como se conhece hoje, surgiu apenas no século XV, onde os burgueses começaram a copiar roupas dos nobres, fazendo com que a nobreza inovasse suas vestimentas para diferenciar sua classe social, assim surgem os estilistas.

Para Scalzo (2009), a evolução da moda se relaciona com o “movimento, está ligada à mudança, à valorização do novo e a individualidade”, podendo ser entendida como um fenômeno sociocultural expressando e caracterizando a individualidade de cada pessoa ou grupo.

Já a moda para Sproles (1981), é o fenômeno cíclico adotado pelos consumidores por tempo e situação particulares. Também é o processo de adoção de símbolos que ressaltam a individualidade, segundo Miller et al (1993).

Para Wasson (1968) e Solomon (1996) há dois aspectos básicos que definem a moda: os seus aspectos mutantes e os simbólicos, que mudam o significado de localização e o que provocam as características cíclicas da moda.

Treptow (2005) afirma que a moda constitui-se em um fenômeno social temporário, que registra a aceitação e propagação de um padrão ou estilo que caracteriza o consumidor, indo até a massificação e documentando seu desuso. Ela passa a atingir inúmeros segmentos, que reflete na maneira como a maioria das pessoas vive, pensa, age e se comporta, a partir da escolha do seu vestuário.

Reunindo estas informações pode-se afirmar que o design de moda tem a função de projetar, levando em consideração todos os fatores relevantes para um projeto de vestuário, como ergonomia, funcionalidade e estética, pensando no consumidor final, suprindo suas necessidades, para que este possa expressar suas ideias através de um produto de moda.

2.1.2 Ergonomia no Vestuário

Segundo Montemezzo (2004) uma roupa será competitiva se os fatores técnicos/funcionais e de visual atrativo integrem os valores práticos e estilísticos/simbólicos. Pode-se perceber que um produto de moda planejado de forma correta traz consigo muito além do vestir, é o resultado do processo de design que atende as necessidades físicas e psíquicas do seu consumidor.

(15)

Bezerra e Martins (2006, p.4) trazem a ideia de que “os produtos de moda e vestuário convivem hoje com a multiplicidade e convivência de estilos, respeito a individualidade e avanços tecnológicos”. O vestuário deve ser versátil, confortável e promover mobilidade ao usuário, somado com a utilização de materiais tecnológicos e “inteligentes”.

Quando não há uma relação adequada entre produto e usuário a ocorrência de acidentes é maior e pode também favorecer desconforto e danos à saúde. Neste contexto, as roupas não devem ser apertadas, pois podem causar má circulação sanguínea, prejudicar a ação de movimentos, a transpiração e respiração. O vestuário deve cumprir a função de invólucro para o corpo, protegendo-o.

Uma roupa bem projetada leva em consideração as dimensões do corpo humano, devendo ter um estudo detalhado de cada peça, pois se for mal modelada “expõe o corpo a alterações físicas, até mesmo doenças”, Grave (2004, p.57).

Bezerra e Martins (2006) lembram que nem sempre os designers ou indústrias levam em consideração a movimentação do dia-a-dia das pessoas e que os desfiles são ‘lineares’ e que as roupas não são testadas no cotidiano, o que pode ocasionar desconforto se usadas ao ficar muitas horas, sentadas em um ônibus, por exemplo.

Iida (1993, p.1) afirma que ergonomia “é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento”. Já Wisner (1987, p.12) conceitua como “conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de produtos e ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia”.

Podemos afirmar que o conhecimento na área da ergonomia, como anatomia, fisiologia, antropometria, bem como psicologia e sociologia são de suma importância para o desenvolvimento de um vestuário que ofereça melhor relação com o usuário.

A antropometria é a ciência preocupada com as medidas do homem. Conforme Boueri (2004) é a aplicação de métodos científicos de medidas físicas no homem, e que busca determinar as diferenças entre indivíduos e grupos sociais, para obter informações para melhora e adequação de produtos ao usuário de projetos arquitetônicos, urbanismo, design, comunicação visual e engenharia.

(16)

Um dos objetivos da antropometria é assegurar medições precisas do corpo humano, descrevendo de forma realista as características do grupo, raça ou indivíduo para que se esteja projetando um determinado produto, Hrdlicka (1939).

Uma área importante da antropometria, segundo Boueri (2004), é a da biomecânica, que estuda a estrutura mecânica e o comportamento dos materiais biológicos, como dimensões, às articulações do corpo, à mobilidade das articulações, às reações mecânicas de força, vibração e impactos; às ações voluntárias do corpo em relação ao controle dos movimentos, a aplicação de força, torção, energia e potência, em relação a objetos externos e controle.

Boueri (2010), afirma que existem dois tipos de antropometria, a Estática ou Estrutural que mede o corpo em posições padronizadas e sem movimentar-se. É a forma de medida mais utilizada para corte e costura de uso social. A antropometria Dinâmica ou Funcional é adequada para projetos de vestuário esportivo, pois mede o corpo durante um movimento na execução de uma atividade, por exemplo.

Ainda, segundo o autor supracitado, para o projeto de vestuário não há necessidade de se ter conhecimento avançado em anatomia humana, mas deve-se saber a estrutura, articulações e a mobilidade do corpo para ter medidas exatas. “O projetista deve ter noções das possibilidades de articulação do corpo, referentes às atividades desenvolvidas, para adequar a modelagem do vestuário aos movimentos de cada atividade seja ela usual, cotidiana ou profissional [...]” (2010, p.65), conforme figura 1:

Figura 1 - Movimentos de atividade usual, cotidiana ou profissional

Fonte: Boueri, (2010, pág. 65)

Os movimentos de vestir-se e despir-se também devem ser considerados em um projeto, como ilustra a figura 2:

(17)

Figura 2 - Movimento de vestir e despir

Fonte: Boueri, (2010, pág. 66)

Boueri (2010, p.73), para melhor compreensão, elaborou um glossário das medidas corporais, e é definido como:

Quadro 1 – Medidas Corporais

(18)

Gonçalves e Lopes (2007, p.5),observam que o objetivo de tratar os aspectos ergonômicos relacionados à produtos de vestuário é dando ênfase na qualidade e conforto, para isso levaram em consideração as variáveis ergonômicas levantadas aos projetos que estão separadas por categorias de qualidade e citam:

A ergonomia considera que todos os produtos, não importando seu tamanho e complexidade, destinam-se a satisfazer certas necessidades humanas e, dessa maneira, direta ou indiretamente, entram em contato com o homem. Para que funcionem bem na sua interação com o usuário ou consumidores, esses produtos devem apresentar as seguintes características básicas:

- qualidade técnica – referem-se ao funcionamento e eficácia na execução das funções, facilidade de manutenção – limpeza e manuseio;

- qualidades ergonômicas – incluem a compatibilidade de movimentos, a adaptação

antropométrica, o fornecimento claro das informações, o conforto e a segurança oferecidos;

- qualidades estéticas – envolvem a combinação de formas, cores, materiais e

texturas, para que o produto apresente um visual agradável. (GONÇALVES E LOPES, 2007, pág. 5)

Rech (2001, p.120) por sua vez, defende que um produto de moda “é qualquer elemento e serviço que conjugue as propriedades de criação – design e tendências de moda, qualidade – conceitual e técnica, ergonômica, aparência – apresentação e preço a partir das vontades e anseios do segmento de mercado ao qual o produto se destina”

A ergonomia no vestuário está diretamente ligada ao conforto, mas para atender ao consumidor a estética deve ser agregada ao produto, pois em um primeiro momento são vistas as qualidades estéticas, como design contemporâneo, formas, cores e peças exclusivas, estes “requisitos” influenciam na qualidade do produto de moda, segundo Gonçalves e Lopes (2007).

2.2 SUSTENTABILIDADE

Sustentabilidade, segundo Ruscheinsky (2004), é um termo de origem na agricultura e sendo uma palavra dinâmica, visa manter a biodiversidade sem perder o funcionamento do ecossistema, possibilitando a sobrevivência e continuidade de todas as espécies.

(19)

Para Rodriguez (1997) a sustentabilidade é um atributo de uma entidade espaço-temporal, onde se incorpora a relação Sociedade-Natureza. Implica na harmonia na coexistência do homem e seu meio ambiente, este sendo o resultado das interações ecológicas, sociais e econômicas, capaz de provocar efeitos diretos em todos os seres vivos, devido ao uso dos recursos naturais e do seu espaço.

Rodriguez (2006) afirma que existem três tipos de sustentabilidade:

1. Sustentabilidade Fraca – onde substitui-se o capital natural pelo físico dando ênfase ao tornar sustentável o capital;

2. Sustentabilidade Forte – onde se acredita que somente parando completamente a exploração natural proporcionará o desenvolvimento;

3. Sustentabilidade Sensata – Permitindo-se a exploração dos recursos naturais, porém tendo conhecimento dos limites dos recursos.

Para Hales e Prescott-Allen (2005, p.39), a efetivação do movimento sustentável só é possível quando há “[...] uma economia robusta, sistemas naturais ricos e flexíveis e comunidades prósperas.”

Bossel (1999) define que:

Sustentar significa manter em existência, prolongar, e, se aplicado apenas nesse sentido, o conceito não tem, segundo ele, muito significado para a sociedade humana. A sociedade não pode ser mantida no mesmo “estado”. A sociedade humana é um sistema complexo, adaptativo, incluso e outro sistema complexo que é o meio ambiente. Esses sistemas co-evoluem em interação mútua, com constante mudança e evolução. Essas habilidades de mudar e evoluir devem ser mantidas na medida que se pretende um sistema que permaneça viável. (BOSSEL, 1999, pág.80)

Entende-se que a sustentabilidade é de suma importância na atualidade para se conquistar um estilo de vida e um futuro saudáveis, mas que precisa ser planejado, para se obter resultados satisfatórios. A indústria da moda está caminhando para se adaptar aos conceitos de sustentabilidade, tendo em vista que a produção de muitas peças demandam de uma grande quantidade de água e algumas formas de tingimento acabam contribuindo para a poluição.

(20)

2.2.1 Repensando o consumo de moda

Para Manzini e Vezzoli (2008) tanto o designer ou estilista do século XXI precisa pensar, comprar, produzir e vender visando um impacto ambiental baixo em todo ciclo de vida útil do produto, adaptando-se ao design para a sustentabilidade ou eco design.

A preocupação com o planeta fez com que o conceito de sustentabilidade, segundo Mesacasa (2011) se multiplicasse em diversas áreas de conhecimento, inclusive fazendo parte do universo do design de produto. Dessa forma, esta terminologia foi adicionada às especialidades da área e surgindo a expressão design sustentável. Manzini e Vezzoli (2008) dizem que o termo se refere na capacidade do sistema de produção de responder à procura de bem-estar usando menos recursos ambientais.

Segundo Salcedo (2014) nos dias atuais nosso modelo de desenvolvimento dá sinais de insustentabilidade e que não poderá ser mantido por muito tempo. Como os padrões de produção e consumo que causam grave devastação ambiental, esgotando recursos, provocando extinção de espécies, destruindo comunidades inteiras e que os benefícios alcançados pelo desenvolvimento não são divididos de forma equivalente, a distância entre ricos e pobres se torna cada vez maior.

Salcedo (2014) nos faz pensar que grande parte do problema está nos produtos que consumimos e que os impactos surgidos de seu clico de vida devem ser levados em consideração, e que podemos fazer uma avaliação do ciclo de vida de um produto, oferecido por várias empresas, onde objetiva-se avaliar o impacto ambiental desde a extração da matéria prima até o final da produção e depois até o fim de seu consumo. Esta avaliação pode ser utilizada para:

- Determinar e controlar os aspectos ambientais mais significativos; - Estabelecer uma linha-base para a comparação;

- Estabelecer os objetivos de sustentabilidade; - Comunicar as melhoras. (SALCEDO, 2014, pág.20)

Esta é uma boa alternativa para um caminho mais sustentável, onde deixamos de ver somente a satisfação individual e passamos a pensar mais na coletividade, pois tudo está conectado.

(21)

A produção de roupas acelerada no mercado com novidades sendo lançadas em curtos espaços de tempo, fazem com que as pessoas consumam além da sua necessidade e indústria têxtil acaba contribuindo para o impacto causado no meio ambiente. Dentre eles destacam-se a química utilizada para o cultivo e extração da matéria-prima para os tecidos que acabam contaminando rios e mares; a água usada de forma abundante na fabricação das peças, podendo causar a escassez deste líquido fundamental para a vida de todos; a emissão de gás carbônico que causa o efeito estufa; os resíduos sólidos tanto da produção quanto descarte das embalagens não-utilizáveis e até mesmo da própria roupa; o consumo de terra e energia e o riscos que os produtos transgênicos causam para a biodiversidade; além dos impactos sociais como a desvalorização da mão-de-obra e a química que pode causar doenças (SALCEDO, 2014).

A autora supracitada, afirma que a empresa da moda necessita de um novo direcionamento se ela realmente tem interesse em reduzir seu impacto ambiental e social e cita alguns itens fundamentais para serem repensados como o uso e tratamento corretos da água, o consumo de energia e emissões, o uso de químicos e descarte dos dejetos tóxicos, geração e gestão dos resíduos, as condições de trabalho e novos modelos de negócios. Ela descreve também, que a interação da moda com a sustentabilidade pode ser entendida de várias maneiras, por isso não é estranho ouvirmos falar de terminologias que definem esta combinação, como moda verde, moda ecológica, moda ética, slow-fashion, entre outros.

Seguindo esta perspectiva, nasce o termo ecodesign que é definido como um modelo de projeto que se orienta pelos critérios ecológicos e sintetiza vários conjuntos de atividades projetuais e enfrentam os temas pela questão ambiental, redesenhando os próprios produtos, Manzini e Vezzoli (2008).

Sorger e Udale (2009) afirmam que o bom design vem de uma investigação criativa, porém é certo considerar desde o início do projeto que matéria-prima será utilizada no produto, qual será a forma de produção, consumo e destino final. Segundo os autores, deve-se ter três preocupações: quanto será gasto dos recursos naturais, qual a proporção de agressão na natureza e que mecanismos podem ser implantados para diminuir esta situação.

Assim pensa-se que o mercado da moda está avançando aos poucos para um desenvolvimento mais sustentável alinhando matéria-prima, produção, estética e funcionalidade, mas ainda falta um longo caminho para resolver grandes problemas para acabar com o uso desenfreado dos recursos naturais.

(22)

2.2.2 Fast Fashion versus Slow Fashion

Amancio Ortega, empresário e dono da Zara, uma das redes pioneiras no modelo de negócios de fast-fashion, ao criar a loja objetivou “eliminar riscos” na sua empresa, conforme menciona Duarte (2015). Após quase falir, segundo Cline (2012, p.97) ele adotou o caminho do modelo de fast-fashion, com o timing perfeito para prever as tendências e seu lançamento certeiro, provendo aos seus clientes semanalmente novidades de alto desejo.

Um artigo lançado pelo Haward Business Review (2004) sobre a rede de lojas Zara, revelou como a empresa funciona: há sempre troca de informações entre os funcionários das diversas lojas, onde é informado o que está sendo vendido, as reações dos clientes e interesses sobre estilos novos. Com um modelo de produção e entrega a empresa distribui em suas 1770 lojas espalhadas em 86 países produtos novos a cada duas semanas. Selecionando pequenos lotes de cada modelo e simultaneamente fazem promoções de peças que ainda são lançamentos para que a frequência dos clientes que voltam nas lojas em busca de novidades, conforme afirma Harward (2004) apud Cline (2012).

Duarte (2015) afirma que para vender uma roupa de baixo custo e “na última moda” e que seja de produção rápida, a marca Zara trabalha três parâmetros: criação baseada na cópia, mão-de-obra desvalorizada e baixa durabilidade das peças. E que o foco do fast-fashion é a reposição de roupas de forma rápida e barata, trazendo como referência as peças que mais chamaram a atenção e mais aceitos pelo público durante as semanas de moda. O fast-fashion economiza dinheiro e tempo otimizando a etapa de criação, tirando o risco que a inovação traz no tema “mudança de estilo”, conforme Crane (2005).

Com base nessas informações podemos entender que o princípio deste movimento é a exposição rápida de novidades do vestuário em um curto espaço de tempo, com preços baixos e qualidade não tão boa, mas aceita pelo público consumidor que vê vantagem neste tipo de compra, já que muitas peças compradas neste tipo de loja são de tendências passageiras, e que podem ser descartadas sem peso na consciência tendo em vista que o preço pago pela roupa compensa.

Indo contra os princípios do fast-fashion nasce o slow-fashion que surgiu para se opor ao consumismo e do estilo de vida pautada em tendências passageiras. O movimento associa-se a uma manifestação na década de 1980 em Roma, que era contra a abertura de uma franquia da empresa Mc Donald’s, a favor do conceito de slow-food e em oposição à comida industrializada

(23)

e importada defendendo a alimentação natural e apoiando a produção local de alimentos, a estilista sueca Sandra Backlund foi sua precursora, conforme Ferreira e Martins (2014).

Ultrapassando as barreiras da área alimentícia o movimento estendeu-se a outros setores de produção como o vestuário e moda, com a intenção de desacelerar o ritmo de consumo, substituindo-o por um processo lento e reflexivo, democratizando o processo de criação e design, tendo o mercado local em primeiro plano, depois o global, segundo Reis (2010).

O slow-fashion promove uma produção com menos impacto ambiental, mas não necessariamente em baixa produtividade, mas uma produção melhor, tendo a qualidade do produto final como principal preocupação, tornando o processo numa proposta sustentável, de acordo com Livni (2011).

As autoras Fletcher e Grose (2011, p.128) defendem que o movimento não usa o termo “lento” com sentido de velocidade, mas promove a importância da moda dentro dos limites de cultura local. No processo o projeto é focado na pessoa e não no comércio, preocupando-se com as transformações socioculturais e ambientais.

Ferreira e Martins (2014) afirmam que o slow-fashion prioriza o consumo responsável, a qualidade da matéria prima e nos processos de fabricação. Acredita que o produto deve preservar suas características em seu ciclo de vida, ter uma vida útil mais longa, e preocupa-se na preservação da natureza e social. Esta é uma moda mais duradoura, com maior tempo de projeção e conscientização para um consumo mais sustentável. Elas ainda defendem que este conceito tem se expandindo e ganhando importância através de inovações no processo de criação, da ergonomia e tempo de produção.

Conforme Silva e Rech (2012) as roupas são produzidas com valores agregados e conceito, sendo peças limitadas, pois seu acabamento é impecável o que demanda tempo de produção. As roupas criadas a partir deste conceito podem ser usadas por várias estações, pois sua qualidade e fatores estéticos não se prendem às tendências sazonais.

Gonçalves e Sampaio (2012) trazem o exemplo dos designers Ana Livni e Fernando Scuder, precursores do slow-fashion, trabalham procurando o bem-estar social e mesmo com esta ótica continuam fazendo parte do Sistema da Moda, que valoriza a produção local, pois segundo Anicet, Bessa e Broega (2011), este movimento é um projeto de foco nas pessoas, tendo em segundo plano a comercialização.

(24)

Manzini e Vezzoli (2008) afirmam que é preciso considerar a satisfação que os produtos sustentáveis trazem para o consumidor. O mesmo é defendido por Valente (2008) que destaca junto com a funcionalidade a emoção é decisiva para o sucesso do projeto. Percebe-se então que a preocupação com o fator humano, não está presente só na produção, mas no produto e no consumidor final.

O projeto de vestuário com o conceito de slow-fashion, segundo Neves; Oenning e Refosco (2011) carregam o conceito de um novo luxo, pois o acesso a essas peças é mais restrito e atende o desejo por personalização.

2.3 TECIDOS

Conforme o Grande Livro da Costura (1980), as fibras constituem os tecidos e, cada uma transmite uma caracterísca a ela inerente. Segundo a obra, as fibras naturais apresentam irregularidades e sutilezas, características presentes em tudo que é natural. Essas qualidades contribuem para a beleza dos tecidos. A absorção e a porosidade são próprias das fibras naturais, se tornando um tecido agradável de usar em diversas condições climáticas. São elas: algodão que tem como características resistente, bom condutor de calor, amassa facilmente, seu tingimento é fácil de se fazer, pode encolher se não for tratado corretamente e perde resistência pela ação da luz do sol. Tecidos deste tipo são versáteis em peso e estrutura, usado em roupas de verão e trabalho, são exemplos o veludo, cotelê, sarja e turca. As características e aplicações de alguns expemplos são apresentadas no quadro 2, a seguir:

(25)

Quadro 2: Algodão

Fonte: Adaptado de O Grande Livro da Costura, 1980.

As fibras sintéticas são criadas a partir de processos químicos, são estremamente elásticas, não amassam, apresentam pouca porosidade e baixa capacidade de absorção. São, na maioria, termoplásticas, isto é, podem ser moldadas com condições de temperatura e pressão, permitindo obter variações interessantes, alguns exemplos são apresentados no quadro 3:

(26)

Quadro 3: Fibras Sintéticas

Fonte: Adaptado de O Grande Livro da Costura, 1980.

Quando o tecido não é adequado, a produção se torna inviável, o modelo não fica como o idealizado, pelas suas características técnicas ou estrutura. Não é apenas pelo visual, mas pelo caimento e peso. Jones (2002) explica que o tecido deve se adequar à criação de moda, e surge

(27)

da combinação de fios, peso, construção, cor, textura e estampa, aliando a isso também podem ser quentes, resistentes e de fácil manutenção.

A valorização do tecido e modelo, provém do acabamento, que se constitui de processos aplicados enquanto se dá a construção dos tecidos e também depois, e serve para obter um tecido estável, tornando-o à prova de fogo ou à água, que não amasse, ou como forma de embelezamento, com bordados ou aplicação de contas (JONES, 2005).

Pode-se entender que existem uma grande variedade de tecidos, tanto naturais quanto sintéticos e que cada um tem suas aplicações e finalidades. O tecido pode transformar o modelo idealizado pelo designer ou estilista, ele dá forma, cor e conforto ao produto final.

2.4 A EVOLUÇÃO DO VESTUÁRIO BÁSICO

Para confeccionar a mini coleção de roupas femininas para viagem, foram selecionadas para estudo inicial as peças consideradas básicas presentes no dia a dia da mulher, por serem de modelagem simples, atemporais e confortáveis: como camisa, calça jeans, camiseta, vestido preto, saia e cardigã. A seguir apresenta-se o histórico de cada delas.

2.4.1 A camisa

Segundo Cardoso (2015) a camisa era usada por baixo de outras peças desde o século IV para proteger as roupas de cima do suor, pois os tecidos destas eram muito adornados, com bordados de ouro, prata e pedras preciosas, o que dificultava a lavagem. Isso transcorreu até o século XIX, onde as camisas eram apenas peças íntimas e ficavam escondidas embaixo dos trajes mostrando apenas os colarinhos e punhos. O colarinho era alto e sem dobras e antes da Primeira Guerra Mundial foi inserido no desenho da camisa o punho duplo, como representado na figura 3:

(28)

Figura 3 - Camisa no Século XIX

Fonte: Max, 2015

Segundo a autora supracitada, foi graças a Coco Chanel que a camisa branca se tornou indispensável no guarda roupas feminino, representada pela figura 4. Ela foi uma das primeiras mulheres a reconhecer a simplicidade atrativa da camisa. Em 1950 a camisa branca mais usada era pregueada, engomada e muito bem passada, com gola abotoada na altura do pescoço. Em 1952 a mulher começa a ter mais independência, nesta mesma época surge a camisa conhecida como blusa Bettina, com gola reversível e mangas largas com babados, conforme figura 5. No início dos anos 60 a camisa branca ganha o estilo colegial, como na figura 6; e na década de 80 ela ganha ombreiras e volta a ser usada para trabalhar, representada pela figura 7. Ao longo do século XX a camisa aderiu mais predominantemente os estilos sociais com colarinho e também românticos, com mangas bufantes.

Figura 4 - Camisa de Coco Chanel

(29)

Figura 5 - Blusa Bettina, 1952

Fonte: Bagunça de Quarto, 2013 Figura 6 - Camisa Colegial nos anos 60

Fonte: Ana Ramalho, 2013 Figura 7 - Camisa com ombreiras, anos 80

(30)

2.4.2 A camiseta

Candido (2016), afirma que não há uma data certa que marque a origem da camiseta, mas que existem indícios de que na Antiguidade já se usavam peças parecidas com ela. Os romanos usavam a camisia, um tipo de túnica dupla feita de linho branco e usadas para proteger as outras roupas da transpiração, já que as túnicas de cima não podiam ser lavadas constantemente devido aos seus adornos, tendo então, a mesma função primária da camisa.

Ainda segundo o autor supracitado, há uma disputa entre os exércitos europeu e americano pela origem da camiseta, pois segundo historiadores os Estados Unidos copiaram as camisetas do exército europeu, pois eles as usavam devido ao calor nos campos de concentração. Então os americanos levaram consigo as camisetas e lhes deram o nome de T-shirts, devido ao formato em “T” da peça, conforme figura 8:

Figura 8 - Camisetas na Primeira Guerra Mundial

Fonte: Candido, 2016

Dualibi (2005) defende que a camiseta começou a ser vista com outros olhos devido a Clark Gable no filme “Aconteceu Naquela Noite”, onde seu personagem tira a camisa e não está usando nada por baixo, esta cena foi o suficiente para que as vendas da camiseta caísse 40%. Mas em 1955 a camiseta se torna famosa devido o filme “Juventude Transviada” estrelado pelo ator James Dean, onde no final do filme exibe a peça com jeans, sem nada a cobrindo. Foi através de galãs que a camiseta passou a ser associada sutilmente ao erotismo.

Segundo Candido (2016), nos anos 60 as T-shirts se tornaram unissex, usadas por diversos grupos, dos Hippies aos Punks como forma de comunicação com frases estampadas. Nos anos 70, as camisetas se aliam a publicidade em forma de protestos e estampas de grandes bandas. John Lennon, aderiu a moda de “jeans, camiseta e tênis” transformando a estampa “New York City” famosa, como representada pela figura 9:

(31)

Figura 9 - Camiseta "New York City" de John Lenon

Fonte: Candido, 2016

Dualibi (2005) afirma que a camiseta significou mais que um simples tema para a música, principalmente o rock. Para este estilo musical a peça surge como uma bandeira cultural, tanto que na década de 80 a revista Rolling Stone, registrou: “As camisetas são os trajes definitivos do rock. São os tambores falantes dos anos 70 e 80, significadores de dez dólares, identificadores ideológicos.” (Dualibi, 2005, pág. 4)

Candido (2016) defende que surgem novas influências nos anos 80, como tecidos brilhosos, peças estruturadas e uso de modelagens amplas e volumosas, fazendo que as camisetas passassem a ser consideradas peças básicas do dia a dia. A tribo conhecida por “yuppies”, voltada o consumismo e individualismo trouxe para o mercado a logomania, onde grifes de luxo tinham suas logos estampadas em T-shirts, como mostrado na figura 10:

Figura 10 – Camiseta do movimento Yuppie e logomania

(32)

O autor acima citado ainda afirma que a camiseta se tornou indispensável através dos anos 2000 e que ela está presente até hoje, como uma peça atemporal, básica e bastante prática. Atualmente o Street Style (moda de rua) domina as composições feitas com camisetas, elas são vistas em diversos estilos, mais despojado ou social, presente em todos os armários e com modelagens diferenciadas como os top croppeds além de tecidos que vão do couro ao jeans. A figura 11 apresenta um exemplo da camiseta usada nos dias atuais:

Figura 11 - Camiseta nos dias atuais no estilo Street Style

Fonte: Pinterest, 2016

2.4.3 A Calça Jeans

Segundo Almeida e Emidio (2012), a calça jeans inicialmente foi criada para suportar o trabalho nas minas de ouro no oeste americano e se tornou um dos tecidos mais populares do mundo.

Pezollo (2003) afirma que Levi Strauss saiu da Alemanha em 1947 rumo aos Estados Unidos querendo fazer fortuna. Abriu uma alfaiataria em Nova York, e durante a colonização do Oeste americano empolgou-se com a “corrida do ouro” e decidiu ir para lá vender aos mineradores uma lona resistente para cobrir as carruagens e barracas. Ele observou os catadores de ouro e notou que eles ficavam ajoelhados por muito tempo em terra rústica, e precisavam de uma calça que fosse resistente o bastante para suportar tal esforço. Então Levi teve a ideia de confeccionar calças com a lona que vendia. Foi assim que surgiu a marca de calças Levi’s pants.

(33)

Laver (2003), defende que a incorporação da calça jeans na moda urbana se deu pelos jovens da época, principalmente na Europa, onde o uso da peça simbolizava o rompimento com as normas impostas pela sociedade que era conservadora, associando o traje a liberdade, flexibilidade e sedução. O jeans também é visto de forma ilógica, pois sua introdução no mercado não foi aplicada para as classes superiores, mas atinge sua fama vestindo as classes menos favorecidas.

Segundo Pezzolo (2003), a introdução do jeans como parte do vestuário acontece nos anos 50, quando o rock and roll estoura com Elvis Presley, que era visto usando a peça. Na época, muitos artistas consagrados começaram a aparecer vestindo calças jeans, como James Dean e Marlon Brando que fizeram fama com o filme “Juventude Transviada” que influenciou os costumes da época marcada pela repressão, e o denim foi atribuído com toque final da sua eternidade, como apresentado na figura 12:

Figura 12 - Elvis Presley usando Jeans

Fonte: Itapema, 2014

Laver (2003), afirma que os anos 50 representa o início de uma nova maneira de vestir-se livremente. As principais características das calças da época eram jeans escuros de cintura alta, T-shirts, suéteres e jaquetas de couro, as mulheres usavam saias rodadas e cigarretes. Nos anos 60 a modelagem é marcada pelas calças skinny de cintura baixa e justa, bem parecidas com os modelos atuais. No final da década, os jovens começaram a compras as calças em brechós, já com remendos e rasgadas. Nos anos 70 as calças ganharam novos modelos, como as pantalonas e “boca-de-sino”, devido a influência hippie da época, como mostrado na figura 13. O jeans

(34)

passou a ser usados por todas as faixas etárias e a serem confeccionados com diversos acabamentos, como sujo, manchado e escrito, afim de atender todas as demandas.

Figura 13 - Calça Jeans "Boca-de-Sino" dos anos 70

Fonte: Just Lia, 2012

De acordo com Pezzolo (2003) a moda prêt-à-porter marca a década de 1980. O que marcou esta época foi a volta da concepção do vestir-se bem, o resgate da elegância e classe ao vestir-se. Surgem grandes marcas que são conhecidas até hoje pela qualidade e design. A tendência que era apresentada nas passarelas foi o preto, surgindo assim o jeans black. O modelagem usada era cintura alta, o modelo baggy (quadril mais largo e perna afinalada), como representado na figura 14. São introduzidas no mercados calças com elastano, onde a modelagem se tornou mais ajustada ao corpo com a influência das academias de ginástica, o pop e disco, que demostravam ousadia.

Figura 14 - Calça Baggy

(35)

As novas tecnologias dos anos 1990 ampliaram a diversidade de tecidos sintéticos, tornando as roupas práticas e confortáveis. Pezzolo (2003), afirma que as mulheres começaram a usar calças mais justas e com a cintura mais baixa, entrando na moda o jeans strech.

Segundo Catoira (2006), as mulheres dos anos 90 apresentavam um estilo de vida diferente, devido sua conquista de liberdade. Elas se tornaram dinâmicas, ativas, esportivas, trabalhadoras e sensuais. Tendo um cotidiano atarefado a praticidade da calça jeans trouxe conforto para realizar estas tarefas diariamente.

A autora supracitada ainda afirma que a realidade do mercado do jeans no século XXI é apresentado com marcas globais de jeanswear e que algumas de suas peças, consideradas premium, chegam a custar tanto quanto uma joia, fazendo com que a peça que nasceu com apelo proletário passou a ser até um artigo de luxo.

2.4.4. O Vestido “Pretinho Básico”

Gaeta (2015) defende que o vestido pretinho básico foi criado nos anos 20 por Coco Chanel e Jean Patou, o que revolucionou o mundo da moda, pois antes o preto era apenas usado para luto, mas rapidamente se tornou chique e indispensável, como representado na figura 15.

Figura 15 - Croqui do vestido criado por Coco Chanel

(36)

Nunes (2016) afirma que a moda nos vestidos foi marcada por ombros arredondados, cintura marcada e silhueta estreita. Nessa época, devido a guerra, as roupas passaram a ser recicladas e feitas em casa, o que tornou o armário menor, mas versátil, pois as peças eram mais básicas. Para enfeitar os vestidos eram usados botões.

Segundo a autora supracitada, após a guerra, nos anos 50 as mulheres foram incentivadas a voltar para casa, cuidar do marido e dos filhos. Os vestidos tornam-se rodados e com cintura marcada. Nos anos 60, o comportamento passa a influenciar o modo de se vestir, devido ao início do rock and roll e Elvis Presley. Foi nesta época que surgiu o vestido tubinho, criado por Saint Laurent.

Nunes (2016), afirma que nos anos 70, devido a cultura hippie influenciou a forma de se vestir, os vestidos eram curtos e com mangas largas. A influência da música disco marcou a moda nos anos 80, as roupas ficaram mais ousadas, com ombreiras, pérolas, pregas, drapeados e cintura marcada eram as grandes tendências da época. A década de 90 foi o completo oposto aos anos 80, pois a maneira de se vestir se tornou minimalista, com modelagens amplas, cropped e plataforma, que deixavam as roupas discretas, mas sensuais e elegância ao mesmo tempo.

2.4.5. A Saia

Segundo Gomes (2016), a saia é umas das peças mais utilizadas desde a antiguidade e que na pré-história os homens a usavam, amarrando peles de animais na cintura, dando o aspecto de “tanga”. A saia só começou a ser usada quase que exclusivamente por mulheres no século XII. No século XVI as saias com cintura marcada eram usadas para a sedução, foi nesse período que o conceito de moda surgiu e usado pelas mulheres com a intenção de conquistar os homens.

Braga (2016), afirma que nos anos 20 Coco Chanel criou as saias na altura das canelas, charmosas e elegantes, as famosas saias mídi. Estas saias deveriam proteger os joelhos quando a mulher se ajoelhasse, assim como na figura 16.

(37)

Figura 16 - Saias usadas nos anos 20

Fonte: Marina Jasper, 2015

Gomes (2016), defende que após a guerra as saias voltaram na década de 40, pois Dior havia lançado os modelos balonê, lápis e rodado. E na década de 60 Mary Quant criou a primeira minissaia com apenas trinta centímetros de comprimento, causando polêmica entre as mulheres mais conservadoras da época, como mostrado na figura 17.

Figura 17 - Minissaia criada por Mary Quant

Fonte: Mulheres do Mundo Chic, 2016

2.4.6. O Cardigã e o Quimono

A blogueira Caroline (2015), defende que o nome Cardigan proveniente do nobre general James Thomas Brudenell, o 7º Conde de Cardigan, que liderou a ação de seiscentos soldados na guerra da Crimeria em 1854. Na época a peça era um paletó de manga comprida e feito de malha de lã grossa, usado por militares durante a batalha devido ao frio rigoroso. Após, até os anos 20 o cardigã era usado para praticar tênis e golfe. Entre os anos 20 e 30 Coco Chanel adaptou o casaco para si, o que influenciou o resto do mundo a fazer o mesmo. Eles passaram

(38)

a ser assimétricos, de lã leve e tinham comprimento até o quadril, como representado na figura 18, a seguir.

Figura 18 - Cardigã de Coco Chanel

Fonte: Pinterest, 2016

Segundo a autora supracitada, nos anos 90 quem mais utilizava a peça eram os jovens que antes a viam como roupa de avó. Depois de algumas alterações o cardigã hoje é disponível em diferentes cores, estampas, tecidos e tamanhos se transformando em um item “coringa” pois é simples e confortável.

Segundo Sato (2007), Kimono em japonês significa literalmente “coisa de vestir”. A palavra foi adotada pelos navegantes ocidentais que ao chegarem no Japão perguntaram a eles como se chamavam a roupa que vestiam, e que literalmente significa “roupa”, como mostrado na figura 19.

Figura 19 - Kimono Tradicional

(39)

Sato (2007) ainda afirma que antes os quimonos usados diariamente eram adornados e de acordo com os adereços usados definiam as classes sociais. Com o tempo eles foram se transformaram, se tornaram mais leves e simples. No final da Primeira Guerra Mundial a maioria da população passou a usar roupas ocidentais e hoje os quimonos são usados em ocasiões especiais como casamentos e festivais.

Atualmente existem peças ocidentais que tem modelagem parecida com os quimonos japoneses, normalmente usados por cima de diversos estilos de vestuário. Zaquine (2014) defende que a primeira vez que o quimono foi introduzido na moda foi no século XX por Paul Poiret, que fez releituras próximas dos originais japoneses. Mais tarde outros estilistas passaram a se inspirar na peça, como Pierre Cardin, Saint Laurent e John Galiano.

Segundo Zaquine (2014) o quimono sofreu releituras mais modernas e que pode ser encontrado em diferentes modelos e tipos, como estampados, lisos, longos, curtos com transparência ou de tecidos mais grossos. Eles se tornaram uma peça coringa, pois tem corte reto, é solto e possuem mangas largas, e que podem ser usados tanto no calor quanto em dias frios, como apresentado na figura 20.

Figura 20 – Peça inspirada no Quimono Oriental

(40)

3 RESULTADOS

Para desenvolver o projeto de vestuário feminino multifuncional para viagem a metodologia aplicada foi de Picoli (2012), fazendo-se o uso de um caderno chamado scketchbook onde é inserida todas as fases de planejamento, segundo a autora este caderno é uma ferramenta importante para o designer, pois pode ser registrado todo o processo criativo, podendo acompanhar a evolução e andamento do projeto. Esta metodologia é guiada pelo estudo de Munari (1998) onde o designer deve definir o problema como um todo, para depois definir os limites para serem trabalhados.

Para desenvolver uma coleção os componentes do problema são: marca, análise das coleções anteriores da marca, público-alvo, tema, tendências, concorrentes e materiais. A etapas do projeto deverão ser, conforme figura 21:

Figura 21 – Etapas de Desenvolvimento da Metodologia de Picoli (2012)

Fonte:Picoli, 2012, pág.5

3.1 COLETA DE DADOS

Nesta etapa fez-se o estudo de marcas, coleções passadas no que se refere a cores, formas, texturas, repetições, matéria-prima e princípios de design.

(41)

Para este estudo analisou-se a marca VETTA Capsule, uma empresa norte-amaricana que disponibiliza cinco peças-chave para a primavera e verão que segundo a marca podem ser montados trinta composições diferentes com estas roupas. Cada peça pode ser usada, pelo menos, de duas formas diferentes, o que proporciona tantos looks com poucas peças.

A empresa também diz que suas roupas são confeccionadas com tecidos ecológicos e sobras descartadas por outras empresas, e feitas em uma fábrica familiar em Nova York. A figura 22 a seguir mostra as peças disponibilizadas pela empresa:

Figura 22 – Modelos de peças da empresa VETTA Capsule

Fonte: Adaptado de VETTA, 2016

A coleção cápsula da empresa conta com uma blusa, uma calça, um colete, uma túnica e um vestido “em duas peças”. Todas as roupas combinam entre si, pois são feitas em tons neutros e modelagem “simples” o que facilita a sobreposição das mesmas para compor diferentes combinações. As figuras 23, 24 e 25 apresentam as combinações sugeridas pela marca:

(42)

Figura 23 – Combinações Sugeridas pela VETTA Capsule, 01

Fonte: Adaptado de VETTA, 2016

Figura 24 – Combinações Sugeridas pela VETTA Capsule, 02

(43)

Figura 25 – Combinações Sugeridas pela VETTA Capsule, 03

Fonte: Adaptado de VETTA, 2016

Como pode-se perceber as peças são realmente versáteis e fáceis de usar, não utilizando tanto a tendência, mas sim a usabilidade de cada peça que podem ser usadas em diversas ocasiões.

3.2 ANÁLISE DOS DADOS

Nesta fase monta-se um painel de conexões, ou seja, escrevem uma ou duas palavras que definem o conceito do tema e, então, escreve-se, desenha-se ou cola-se imagens que remetam a ele, numa espécie de mapa mental do conceito. Com base nesse mapa, são criados três painéis de inspiração que servirão de apoio ao longo de todo o processo criativo.

Sorger e Udale (2009, p. 26) afirmam que “painéis de inspiração, temáticos e conceituais, são essencialmente uma destilação da pesquisa”. Quanto mais elaborados os painéis, mais dados obtidos para criação das peças. Após a realização dos painéis, alguns elementos do tema devem ser selecionados para serem usados na criação, e também são escolhidos dois ou três princípios do design, para serem desenvolvidos na coleção.

(44)

A partir destas etapas deve-se montar uma cartela de cores, segundo o tema, dos painéis de inspiração e das tendências. A cartela também vai para o sketchbook, em alguns casos, pode-se montar uma cartela de bordados e estampas, entre outros.

Para o projeto da mini coleção, as palavras escolhidas para representar o tema foram minimalismo e slow fashion, caracterizando os requisitos para o produto final, tanto como estilo e como peças atemporais.

Para os painéis de inspirações foram escolhidas imagens que retratassem peças-chave e que fossem de modelagem relativamente simples, o que torna a combinação entre as peças mais fácil e em tons de cores neutras com o mesmo propósito.

Primeiramente foram selecionadas as imagens para os painéis e estes foram organizados por cor em quatro painéis (figuras 26 a 29), como mostrado a seguir:

Figura 26 – Painel 01: Minimalismo e Slow Fashion em preto.

(45)

Figura 27 – Painel 02: Minimalismo e Slow Fashion em branco.

Fonte: Imagens retiradas de Pinterest, 2016

Figura 28 – Painel 03: Minimalismo e Slow Fashion em cinza e azul.

. Fonte: Imagens retiradas de Pinterest, 2016

(46)

Figura 29 – Painel 04: Minimalismo e Slow Fashion em marrom e cor de rosa.

Fonte: Imagens retiradas de Pinterest, 2016

A partir deste estudo foram selecionadas as cores que mais se encaixam no projeto da mini coleção de roupas para mulheres que viajam, estas estão representadas na figura 30, com esta paleta pode-se fazer o estudo em croquis e a procura dos melhores tecidos para a confecção das roupas.

Figura 30 – Paleta de Cores

(47)

3.3 PROCESSO CRIATIVO

É nesta etapa que o designer tem como suporte o tema e o sketchbook para assim iniciar a criação, ou seja, possui todas as etapas anteriores organizadas para se guiar.

Para Gomes (2001, p. 47), “criar é resultado de dois fatores bem distintos nos seres humanos: os sentidos perceptivos e a qualidade de conexões que o cérebro produz”. Com isso o uso das perguntas, dos sentidos e do mapa mental das ideias, tem-se subsídios para começar a criação, pois pode-se fazer um link entre todas as etapas do trabalho.

Depois faz-se o estudo de corpo, forma, função e modelagem do vestuário, que devem ser registrados no sketchobook. Nesta etapa a coleção vai tomando forma avalia-se as melhores soluções em termos de modelagem, escolha de matéria-prima, entre outros.

Na fase da criação, são realizados muitos croquis e é feito o estudo para a seleção dos melhores looks que vão compor a coleção.

Inicialmente a mini coleção será composta de camisa, calça jeans, vestido, blusa, saia e cardigã, por serem peças-chave do guarda-roupa feminino, dando ênfase no conceito de roupas atemporais.

Os croquis desenvolvidos representam as peças escolhidas para a coleção, junto estão anotações de como as roupas se transformariam, a figura 31 representa um vestido preto com “peplum”, que é um volume extra na peça em formato de babado na cintura. O vestido se transformaria em uma blusa e uma saia, e ambas poderiam ser usadas com o babado e unidas com botões de pressão.

(48)

Figura 31 - Croqui Vestido Multifuncional

Fonte: Da autora, 2016

A figura 32 representa a composição de jeans, camisa e colete. A calça jeans teria modelagem de alfaiataria e de cintura alta. A camisa teria botões até metade do comprimento e mangas removíveis através de zíperes que estariam escondidos por “abas” de tecidos que se transformaria em uma camisa sem mangas. O colete seria um blazer com mangas removíveis por botões de pressão, o que proporcionaria ser usado em dias mais quentes como incremento do visual.

(49)

Figura 32 - Croqui Jeans, camisa e colete

Fonte: Da autora, 2016

A partir deste primeiro estudo gerou-se outras possibilidades de encaixe das peças que facilitariam a confecção e manuseio das roupas pelo usuário. A figura 33 representa um conjunto de blusa e saia pretos, com detalhe na gola na cor creme e zíper nas costas, a saia é reta com elástico na cintura. As duas peças juntas se transformam num vestido de “duas peças”.

(50)

Figura 33 - Croqui composição saia e blusa

Fonte: Da autora, 2016

A figura 34 apresenta a combinação de camisa e calça jeans, aqui continuou-se com a ideia inicial de a camisa ter mangas removíveis por zíperes, porém ele seria visível, o que o transformaria em um detalhe decorativo para a peça também, os botões vão em todo o comprimento da camisa. A calça jeans continuou como no primeiro estudo, tendo modelagem de alfaiataria e cintura alta.

(51)

Figura 34 - Croqui Calça jeans e camisa

Fonte: Da autora, 2016

Na figura 35 tem-se a representação da composição da blusa do conjunto apresentado pela figura 33 e calça jeans com cardigã. O cardigã é baseado em um quimono na cor rosa claro, para destacar as composições criadas com ele, possui bolsos e ao dobrar-se as mangas pode-se prende-las por botões posicionados nos ombros transformando o casaco em um colete.

(52)

Figura 35 - Croqui Quimono/Cardigã

Fonte: Da autora, 2016

Após fazer este novo estudo decidiu-se utilizar os croquis representados pelas figuras 33, 34 e 35 para andamento do projeto da coleção, por serem peças simples de confeccionar e combinam bem entre si, e também combinam com vários tipos de roupas. Porém algumas das peças tiveram alterações, como a saia que inicialmente reta tornou-se evasê e o quimono terá as mangas apenas presas por botons ou broches, deixando a manga mais curta, mas não como um colete.

A figura 36 mostra o croqui final da calça jeans de alfaiataria e da camisa com as mangas removíveis por zíperes.

(53)

Figura 36 - Croqui Calça e Camisa

Fonte: Da autora, 2016

Na figura 37 apresenta-se o desenho final da idealização da blusa preta com detalhe na gola de cor champanhe e zíper nas costas, junto com a saia evasê e elástico na cintura.

(54)

Figura 37 - Croqui Blusa e saia

Fonte: Da autora, 2016

A figura 38 mostra a composição de calça jeans, blusa e quimono, o croqui da direita apresenta o desenho do casaco solta e na imagem à esquerda mostra como a manga fica presa através da tira de tecido e broche.

(55)

Figura 38 - Croqui Quimono

Fonte: Da autora, 2016

3.4 MATERIAIS E TECNOLOGIAS

Com a coleção pronta, deverá ser feito outro painel, com os materiais que foram utilizados, contendo identificações de nome, composição e, também, especificação de estampas, lavagens, bordados e outras intervenções que a coleção tem.

(56)

A figura 39 mostra os materiais utilizados para a confecção da mini coleção. Para a camisa o tecido escolhido foi o Oxfordine, por ser leve e fácil de manter, pois não amassa com facilidade, botões prateados e dois zíperes de metal prateado com 50 centímetros para as mangas removíveis. O casaco será confeccionado com Malha Jacquard, por ser um pouco encorpada para proteger do frio e não ter a necessidade de passar. Para a calça, jeans azul, zíper de metal com 18 centímetros e botão de plástico prateado antigo com detalhe de um brasão. A blusa será feita com Scuba Neoprene preto, viés de 25 milímetros na cor champanhe para fazer o detalhe da gola e zíper prateado de 18 centímetros. A saia será confeccionada com Scuba Neoprene preto e elástico na cintura de 24 milímetros.

Figura 39 - Materiais Utilizados

Fonte: Da autora, 2016

As roupas serão confeccionadas por uma costureira, que participou da escolha dos materiais que se adaptariam melhor em cada peça, ela utilizará a fita métrica para tirar as medidas da modelo, papel pardo, lápis, réguas, tesouras, carretilha e giz para fazer e marcar os moldes, alfinetes para prender os pedaços de tecidos para alinhavo e costura, agulhas e linha de costura, máquina de costura e máquina overloque para confeccionar todas as peças da mini coleção, como mostra a figura 40.

(57)

Figura 40 - Tecnologias

Fonte: Da autora, 2016

3.5 EXPERIMENTAÇÃO

Esta fase do projeto consiste na realização das fichas técnicas. Que segundo Treptow (2006) é o documento descritivo das peças de uma coleção. Nesta fase, deve-se ter em mente todos os acabamentos das criações e transpor isso para o desenho técnico. O desenho técnico tem papel importante no processo de desenvolvimento de produtos, pois, além de servir como instrumento para a representação da peça de vestuário, é também responsável pela comunicação entre designer e modelista (FULCO; SILVA, 2003, apud SUONO 2007).

Nesta fase foram elaborados cinco fichas técnicas, uma para cada peça da coleção, todas contendo detalhes das peças, com vistas frontal e posterior, indicação de aviamentos, tecido e sua composição, cor, fornecedor do tecido, amostra do material, designer responsável, modelista e data.

A figura 41 representa a ficha técnica da blusa, onde é indicada que ela tem modelo de camiseta, com zíper nas costas e aplicação de viés na gola.

(58)

Figura 41 - Ficha Técnica Blusa

Fonte: Da autora, 2016

Na figura 42 é apresentada a ficha técnica da saia onde mostra onde deve ser a aplicação do elástico, a barra e a costura na parte posterior.

(59)

Figura 42 - Ficha Técnica Saia

Fonte: Da autora, 2016

A ficha técnica da calça é mostrada na figura 43, onde indica a posição dos passa cinto, botão, vinco e pences.

(60)

Figura 43 - Ficha Técnica Calça

Fonte: Da autora, 2016

Na figura 44 representa a ficha técnica da camisa, onde indica o zíper removível, os botões e os pences, a quantidade de botões e o tamanho do zíper.

(61)

Figura 44 - Ficha Técnica Camisa

Fonte: Da autora, 2016

Para o quimono a figura 45 apresenta a ficha técnica da peça, onde indica a posição de bolsos e como funcionará o mecanismo da tira de tecido para encurtar as mangas.

(62)

Figura 45 - Ficha Técnica Quimono

Fonte: Da autora, 2016

Com as fichas prontas, a costureira previamente consultada poderá confeccionar as peças com maior segurança e as peças poderão ser mais fiéis ao projeto inicial.

Referências

Documentos relacionados

ed è una delle cause della permanente ostilità contro il potere da parte dell’opinione pubblica. 2) Oggi non basta più il semplice decentramento amministrativo.

Se você tiver, no mínimo, três anos de vinculação ao Plano, terá direito ao Benefício Proporcional Diferido (BPD), que consiste em manter o saldo de Conta de

▪ Quanto a solução para os conflitos entre os pais e a escola, houve um grande número de pais que não responderam, o que pode nos revelar que os pais não fizeram

Para a produção sintética de metabólitos fúngicos bioativos, alguns parâmetros podem ser analisados, como a composição do meio de cultivo, pois as características

Avaliação do impacto do processo de envelhecimento sobre a capacidade funcional de adultos mais velhos fisicamente ativos.. ConScientiae

Por padrão, o EX/i Print Server contém vários perfis RGB e CMYK que podem ser utilizados para impressão por meio das configurações Origem RGB, Origem CMYK/Escala de cinza e Perfil

esta espécie foi encontrada em borda de mata ciliar, savana graminosa, savana parque e área de transição mata ciliar e savana.. Observações: Esta espécie ocorre

O primeiro passo para introduzir o MTT como procedimento para mudança do comportamento alimentar consiste no profissional psicoeducar o paciente a todo o processo,