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Fontes de informação como determinantes da capacidade inovadora de empresas de gestão de resíduos : estudo de casos

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Academic year: 2020

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Rui Leandro Sousa Ferreira

Fontes de Informação como Determinantes

da Capacidade Inovadora de Empresas de

Gestão de Resíduos: Estudo de Casos

Rui Leandro Sousa Ferreira

F ontes de Inf or mação como De ter minantes da Capacidade Ino vadora de Em pr esas de Ges tão de R esíduos: Es tudo de Casos

Universidade do Minho

Escola de Engenharia

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Tese de Mestrado

Engenharia Industrial

Trabalho efectuado sob a orientação da

Professora Doutora Filipa Dionísio Vieira

Rui Leandro Sousa Ferreira

Fontes de Informação como Determinantes

da Capacidade Inovadora de Empresas de

Gestão de Resíduos: Estudo de Casos

Universidade do Minho

Escola de Engenharia

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Agradecimentos

A realização deste trabalho deve-se ao apoio de algumas pessoas que não posso deixar de referir.

Em primeiro lugar, agradeço à Doutora Filipa Dionísio Vieira, minha orientadora, pelo estímulo, sugestões e críticas, assim como, pela disponibilidade manifestada sempre que foi necessário o seu apoio, para a realização deste trabalho.

Agradeço ainda, aos meus colegas de Mestrado pela troca de impressões e sugestões que foram lançadas ao longo deste projecto.

Por último, mas não menos importante, os meus agradecimentos à minha família, em especial aos meus pais e irmão, pelo incentivo que me deram ao longo da realização deste trabalho e da minha vida académica.

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Resumo

Fontes de Informação como Determinantes da Capacidade Inovadora de Empresas de Gestão de Resíduos: Estudo de Casos

Com este trabalho de investigação, baseado no estudo de seis empresas do sector de gestão de resíduos, pretendeu determinar-se onde e como estas empresas, adquirem o conhecimento necessário para o desenvolvimento das suas actividades de inovação. O que implicou responder às seguintes questões de investigação: Quais são os parceiros com que as empresas se relacionam? Qual o papel diferenciado de cada um desses parceiros?

Deste modo, tomou-se como quadro conceptual as abordagens actuais sobre a temática da inovação, desenvolvendo-se um suporte teórico e empírico, que permitiu identificar e analisar os factores externos que influenciam o comportamento inovador destas empresas.

O que permitiu verificar que o padrão de relacionamentos destas empresas do sector de gestão de resíduos envolve outras empresas, nomeadamente, clientes, fornecedores e concorrentes, bem como instituições académicas e centros de investigação, e consultores e instituições de investigação privadas. Também permitiu constatar que são mais consistentes as ligações que estas empresas mantém com outras empresas, sejam estas clientes ou fornecedores, do que com instituições académicas e centros de investigação, e consultores e instituições de investigação privadas. E, confirmou-se, que apesar das ligações serem pontuais, as empresas mais inovadoras, isto é as que desenvolvem inovações do tipo “novo para o mercado” são as que mais se relacionam com instituições académicas.

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Abstract

Sources of Information as Determinants of Innovative Capacity of Companies Waste Management: Case Study

With this research work, based on a study of six companies in the sector of waste management, I have sought to determine where and how these companies acquire the necessary knowledge to develop their innovation activities. Which implies answering the following questions: What are the partners with which the firms interact? What is the specific role of each partner?

Thus, we took as a conceptual framework the current approaches on the topic of innovation, developing theoretical and empirical support, which helped identify and analyze the external factors that influence the behavior of these innovative companies.

This has shown that the pattern of relationships of these waste management businesses involves other companies, including customers, suppliers and competitors, as well as academic institutions and research centers as well as consultants and private research institutions. We also found that there are more consistent connections which keep these companies with other companies, be they customers or suppliers, than with academic institutions and research centers, and consultants and private research institutions. It was confirmed that, despite the infrequency of these connections, the most innovative companies, i.e. those that develop innovations such as "new to market" are the most related with academic institutions.

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ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ... III RESUMO ... V ABSTRACT ... VII INDÍCE GERAL ... IX ÍNDICE DE GRÁFICOS ... XIII ÍNDICE DE TABELAS ... XV ÍNDICE DE FIGURAS ... XVII LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS ... XIX

INTRODUÇÃO ... 1

CAPÍTULO 1- TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE ... 3

1.1TECNOLOGIA ... 3

1.2INOVAÇÃO ... 5

1.2.1 Fontes de informação para a inovação ... 7

1.2.2 Comunicação externa como factor determinante da inovação ... 9

1.2.3 A difusão de inovações ... 11

1.3COMPETITIVIDADE ... 12

1.3.1 Condições para a competitividade ... 15

1.3.2 Políticas de inovação e competitividade ... 16

1.3.3 Aglomeração de empresas como fonte de Competitividade ... 16

CAPÍTULO 2 - FACTORES QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO INOVADOR DAS EMPRESAS ... 19

2.1RELACIONAMENTOS EXTERNOS ESTABELECIDOS ... 20

2.2PARCEIROS EXTERNOS ... 21

2.2.1 Clientes ... 22

2.2.2 Fornecedores ... 23

2.2.3 Concorrentes ... 24

2.2.4 Instituições Académicas e Centros de Investigação ... 25

2.2.5 Consultores e Instituições de Investigação Privadas ... 27

CAPÍTULO 3 - ANÁLISE DO SECTOR DE GESTÃO DE RESÍDUOS ... 29

3.1INTRODUÇÃO ... 29

3.2CLASSIFICAÇÃO DOSRESÍDUOS POR SECTOR DE PROVENIÊNCIA ... 30

3.2.1 Resíduos de Construção e Demolição (RCD) ... 31

3.2.2 Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) ... 34

3.3PROCESSO OPERATIVO DAS EMPRESAS DE GESTÃO DE RESÍDUOS ... 42

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4.1INTRODUÇÃO ... 47

4.2METODOLOGIA UTILIZADA ... 47

4.2.1 Recolha da Informação ... 50

4.3EMPRESAS ESTUDADAS ... 51

4.4TÓPICOS DO GUIÃO ... 51

CAPÍTULO 5 - APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASOS ... 53

5.1AMAVE ... 53

5.1.1 Apresentação da Empresa ... 53

5.1.2 Tipos de Inovação ... 54

5.1.3 Actividades de Inovação ... 54

5.1.4 Objectivos da Inovação ... 54

5.1.5 Fontes de Informação para a Inovação ... 55

5.1.6 Barreiras à Inovação ... 56

5.1.7 Recursos Humanos e Formação ... 56

5.2BAVIDRO,S.A. ... 56

5.2.1 Apresentação da Empresa ... 56

5.2.2 Tipos de Inovação ... 58

5.2.3 Actividades de Inovação ... 59

5.2.4 Objectivos da Inovação ... 59

5.2.5 Fontes de Informação para a Inovação ... 59

5.2.6 Barreiras à Inovação ... 60

5.2.7 Recursos Humanos e Formação ... 61

5.3GINTEGRAL –GESTÃO AMBIENTAL,S.A. ... 62

5.3.1 Apresentação da Empresa ... 62

5.3.2 Tipos de Inovação ... 63

5.3.3 Actividades de Inovação ... 63

5.3.4 Objectivos da Inovação ... 63

5.3.5 Fontes de Informação para a Inovação ... 64

5.3.6 Barreiras à Inovação ... 65

5.3.7 Recursos Humanos e Formação ... 65

5.4IPODEC–GESTÃO DE RESÍDUOS,LDA ... 66

5.4.1 Apresentação da Empresa ... 66

5.4.2 Tipos de Inovação ... 67

5.4.3 Actividades de Inovação ... 67

5.4.4 Objectivos da Inovação ... 68

5.4.5 Fontes de Informação para a Inovação ... 68

5.4.6 Barreiras à Inovação ... 69

5.4.7 Recursos Humanos e Formação ... 70

5.5LIPOR ... 70

5.5.1 Apresentação da Empresa ... 70

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5.5.3 Actividades de Inovação ... 72

5.5.4 Objectivos da Inovação ... 73

5.5.5 Fontes de Informação para a Inovação ... 73

5.5.6 Barreiras à Inovação ... 75

5.5.7 Recursos Humanos e Formação ... 75

5.6SULDOURO-VALORIZAÇÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS,S.A. ... 76

5.6.1 Apresentação da Empresa ... 76

5.6.2 Tipos de Inovação ... 77

5.6.3 Actividades de Inovação ... 78

5.6.4 Objectivos da Inovação ... 78

5.6.5 Fontes de Informação para a Inovação ... 79

5.6.6 Barreiras à Inovação ... 80

5.6.7 Recursos Humanos e Formação ... 80

CAPÍTULO 6 - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 81

6.1CARACTERIZAÇÃO GERAL DAS EMPRESAS ... 81

6.2FACTORES QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO INOVADOR DAS EMPRESAS ... 82

6.2.1 Descrição e caracterização dos dados ... 82

6.2.2 A importância dos relacionamentos externos estabelecidos ... 83

6.2.2.1 Clientes ... 84

6.2.2.2 Fornecedores ... 85

6.2.2.3 Concorrentes ... 85

6.2.2.4 Instituições académicas e centros de investigação ... 85

6.2.2.5 Consultores e instituições de investigação privadas ... 86

6.2.3 Distribuição das actividades de Inovação ... 87

6.3OUTROS FACTORES PARA O DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE INOVAÇÃO ... 87

6.3.1 Objectivos da Inovação ... 87

6.3.2 Fontes de informação para a inovação ... 87

6.3.3 Barreiras à Inovação ... 88

CONCLUSÃO ... 91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 93

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Índice de Gráficos

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Índice de Tabelas

Tabela 1: Composição média dos RCD ………..33

Tabela 2: Composição média dos RSU ………36

Tabela 3: Distribuição das empresas por distrito e concelho ……….81

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Índice de Figuras

Figura 1: Sistema Local de Inovação e suas interligações ………..13 Figura 2: Factores que afectam o desempenho inovador………...14 Figura 3: Factores que influenciam o processo inovador das empresas ………..19 Figura 4: Produção per capita de resíduos sólidos urbanos (RSU) na Europa, em

1995 e 2005………36 Figura 5: Tecnossistema de gestão de resíduos: operações e processos………..38 Figura 6: Área de intervenção das empresas de RSU em Portugal ………...42

Figura 7: Fluxograma representativo do funcionamento do sector das empresas de Gestão de Resíduos………43 Figura 8: Representação da metodologia de investigação………...49 Figura 9: Constituição do grupo BA……….………..57

Figura 10: Esquema representativo dos relacionamentos externos estabelecidos pelas empresas……….……….84

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Lista de Siglas, Abreviaturas e Acrónimos

ADDC Avaliação de Desempenho no Desenvolvimento de Carreira EGF Empresa Geral de Fomento

ENERGAIA Agência de Energia de Vila Nova de Gaia EU União Europeia

FEUP Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto I&D Investigação e Desenvolvimento

ISO International Organization for Standardization LER Lista Europeia de Resíduos

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico PCB Policlorobifenilos

PERSU Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos RCD Resíduos de Construção e Demolição

RIB Resíduos Industriais Banais RIP Resíduos Industriais Perigosos RSU Resíduos Sólidos Urbanos

SIADAP Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho da Administração Pública SIRVA Sistema Inter-municipal de Resíduos do Vale do Ave

SPV Sociedade Ponto Verde TI Tecnologias de Informação USA Estados Unidos da América

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Introdução

É amplamente assumido que a inovação é um factor-chave na competitividade e que o crescimento do output e da produtividade dependem do desenvolvimento e da difusão de novas tecnologias, aí urge a necessidade de as empresas apostarem fortemente na inovação, porque, só assim, conseguirão crescer com mais conhecimento e produzir com mais valor acrescentado, tornando-se mais competitivas (Vieira, 2007).

Segundo Lundvall (1992), o conhecimento é o recurso mais importante na moderna economia e, consequentemente, a aprendizagem é o processo mais importante, sendo este predominantemente interactivo e decorre num enquadramento ou contexto institucional e cultural. Como tal, a inovação não deve ser vista como o produto de um único actor, mas sim como o resultado da interacção entre vários actores, quer institucionais quer organizacionais (Vieira, 2007).

Pretende-se com este trabalho de investigação determinar onde e como empresas nacionais de gestão de resíduos, adquirem o conhecimento necessário para o desenvolvimento das suas actividades de inovação, se internamente e/ou externamente. A ênfase do trabalho será o estudo das diversas interacções entre os vários elementos do sistema, sejam eles internos ou externos à empresa. O que sugere as seguintes questões de investigação:

- Quais são os parceiros com que as empresas se relacionam? - Qual o papel diferenciado de cada um desses parceiros?

A informação obtida com desenvolvimento deste trabalho de investigação permitiu obter um padrão de relacionamentos, que evidencia o tipo de relações existentes com os diferentes parceiros. Estes relacionamentos são estabelecidos com os clientes, os concorrentes, os fornecedores, as instituições académicas e centros de investigação e os consultores e instituições de investigação privadas.

É característico nestas empresas a cooperação com os vários parceiros envolvidos no desenvolvimento de actividades de inovação, principalmente, entre as empresas de gestão de resíduos e outras empresas, sejam elas clientes ou fornecedores. Contudo, já não se verifica nas relações com instituições de investigação e ensino, onde estas relações são menos intensas e

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frequentes. Contudo, são as empresas que introduzem inovações do tipo “novo para o mercado”, que estabelecem mais relações com instituições de ensino superior e investigação. Este trabalho está dividido em vários capítulos. No capítulo 1 e 2 faz-se a revisão bibliográfica, abordando vários temas, que foram considerados como os mais relevantes, nomeadamente, tecnologia, inovação e competitividade e os factores que influenciam o comportamento inovador das empresas.

No capítulo seguinte analisa-se o sector que é alvo de estudo. No capítulo 4 e 5 descreve-se a metodologia utilizada para obtenção da informação necessário ao desenvolvimento do trabalho e a apresenta-se os seis estudos de caso: AMAVE, BA Vidro, Gintegral, IPODEC, LIPOR e SULDOURO.

Por fim, apresenta-se a análise e discussão dos resultados obtidos.

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Capítulo 1 - Tecnologia, Inovação e Competitividade

1.1 Tecnologia

A tecnologia desempenha um papel crítico na competitividade de uma empresa e pode definir-se como o meio de transformar ideias em processos ou serviços, que permite melhorar e desenvolver os processos.

Hoje em dia é aceite que o crescimento do output e da produtividade dependem do desenvolvimento e da difusão de novas tecnologias (OCDE, 1997), isto é, o progresso tecnológico conduz ao desenvolvimento económico. Como tal é necessário que as empresas apostem fortemente na inovação para se tornarem competitivas, ou seja, as empresas para se manterem vivas têm que inovar constantemente.

Mas, antes de mais, é necessário definir tecnologia, e são várias as definições, como tal utilizar-se-á aquela que se resume aos componentes, aos produtos ou aos processos físicos, que transformam inputs em outputs e aos quais estão associados determinados métodos de gestão, de organização e procedimentos. Na realidade a tecnologia é conhecimento útil, podendo ser este prático ou teórico. A tecnologia é definida a três níveis distintos (Laranja et al., 1997):

• Tecnologia materializada em equipamentos e dispositivos. É a de uso mais imediato, podendo necessitar de adaptação às condições específicas da empresa ou do ambiente em que vai ser utilizada;

• Tecnologia documentada, acessível através de manuais de instruções, livros ou revistas da especialidade, exigindo que o utilizador seja capaz de interpretar correctamente a linguagem utilizada e requerendo por parte deste a sua assimilação. Esta disponibilidade poderá ser condicionada pela protecção através de direito de propriedade industrial, como o caso das patentes. Esta tecnologia é menos imediata, em termos de aquisição e uso, quando comparada com a tecnologia materializada, pois requer algum esforço de assimilação por parte do utilizador;

• Tecnologia imaterial é a menos disponível de todas. O seu acesso só é possível através de um processo, mais ou menos longo, de aprendizagem e assimilação. Neste caso é

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indispensável recrutar ou obter apoio de pessoas e equipas com experiência no domínio em causa, até mesmo adquirir as empresas que a detêm.

Nas diferentes etapas do processo produtivo: concepção, fabricação e distribuição, existem diferentes combinações de tecnologia materializada, documentada e imaterial. Ao nível da concepção e da distribuição existe maior intensidade de tecnologia imaterial e a tecnologia materializada em equipamentos, máquinas e ferramentas é característico da etapa de fabricação.

A capacidade tecnológica de uma organização, isto é, o grau de domínio e experiência no processo de aplicação de novos conhecimentos tecnológicos, também difere de empresa para empresa. Existem empresas com capacidade mínima, identificam, seleccionam e compram tecnologia materializada; empresas com alguma capacidade, conseguem modificar e adaptar a tecnologia materializada, recorrendo à tecnologia documentada e por último, empresas com capacidade tecnológica máxima, utilizando para isso uma componente tecnológica imaterial elevada.

Actualmente, são mais importantes os aspectos intangíveis da tecnologia, tais como a gestão do processo, a concepção e o design de produtos e o marketing e a distribuição, do que a tecnologia materializada. Nesse sentido, a Transferência de Tecnologia não deve ser reduzida à compra de tecnologia materializada em bens de equipamento, embora seja um dos passos na construção de capacidade tecnológica (Laranja et al., 1997).

No caso de Portugal, Laranja e al. (1997) salientaram que o atraso tecnológico que apresenta, comparativamente com outros parceiros europeus, não está propriamente relacionado com a aquisição de tecnologias, dado que máquinas, equipamentos e software são hoje facilmente adquiridos nos mercados nacionais e internacionais, a preços reduzidos. Este atraso deve-se a aspectos de natureza imaterial, ou seja, ao conjunto de conhecimentos relativos à utilização e gestão da tecnologia, à organização e gestão das empresas, à interpretação das necessidades dos consumidores e/ou clientes e às tendências dos mercados. Como tal, a tecnologia, como fonte de competitividade, depende, essencialmente, dos conhecimentos existentes nos planos da gestão, da utilização das tecnologias e da interpretação dos mercados.

As novas tecnologias são de extrema importância para empresas de sectores tradicionais, uma vez que a aplicação de novas tecnologias em produtos e processos tradicionais permite reduzir

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custos de produção, melhorar o desempenho dos produtos e manter ou aumentar as quotas de mercado, apesar de muitas empresas, principalmente as mais pequenas, terem dificuldade em adoptar essas novas tecnologias (Senker, 1997).

A aquisição de tecnologia no exterior pode permitir ultrapassar a incapacidade de conceber e desenvolver uma tecnologia de forma autónoma ou um meio de reduzir os custos, o tempo e o risco decorrente do desenvolvimento próprio. Mas, pode constituir também um instrumento de apoio à promoção do potencial tecnológico interno da empresa. Segundo Simões (1990), o know-how adquirido não deverá ser encarado como um bem de consumo, mas como um bem de investimento.

1.2 Inovação

Numa era de informação e de comunicação o conceito de inovação surge tendencialmente associado ao aparecimento de novas tecnologias (tecnologias de informação, biotecnologia, novos materiais) e ao desenvolvimento de base tecnológica. Na maior parte dos estudos sobre inovação empresarial, tende-se associar a noção de inovação às actividades de I&D (Investigação e Desenvolvimento) ou à ideia de tecnologia material, compreendendo a aquisição de novos equipamentos com vista à introdução de novos e/ou melhorados produtos ou processos (Silva, 2003).

Na realidade, o conceito de inovação não se restringe somente a estas dimensões, mas remete para uma abrangência que ultrapassa largamente a fronteira da tecnologia material e do I&D (Silva, 2003).

Segundo Kline e Rosenberg (1986) os efeitos da inovação são difíceis de medir. Não existe uma única e simples dimensão para a inovação. Há, sim, muitos tipos de dimensões abrangendo uma variedade de actividades. Pode pensar-se na inovação como um novo produto, mas também pode ser:

• Um novo processo de produção;

• A substituição de um material mais barato e/ou recentemente desenvolvido para uma determinada tarefa, num produto essencialmente não alterado;

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• A reorganização da produção, nas funções internas ou acordos de distribuição levando a uma maior eficiência, melhor suporte para um determinado produto, ou custos mais baixos;

• A melhoria dos instrumentos ou métodos para desenvolver a inovação.

Para Porter (1993: 86) “as empresas conseguem e mantêm vantagem competitiva na competição internacional por meio da melhoria, da inovação e do aperfeiçoamento” e “a inovação e o aperfeiçoamento exigem investimento constante, tanto para perceber as direcções adequadas da mudança, como para realizá-las”. Como tal “a inovação é um factor importante da competitividade, a vários níveis (Comissão Europeia, 1996: 17):

• A inovação nos processos;

• A inovação em termos de produtos (ou serviços);

• A inovação na organização do trabalho e a valorização dos recursos humanos, bem como a capacidade de antecipação das técnicas, da evolução das necessidades e dos mercados;

• O tempo de acesso ao mercado e difusão das técnicas, produtos e novos serviços”. Portanto, a inovação só terá êxito se o conjunto das competências da empresa forem mobilizadas, caso contrário, ou seja, se essa coesão não for assegurada, a inovação pode falhar. Os factores considerados relevantes para o sucesso da inovação no mercado são os que em primeiro lugar, destacam as características da inovação (exclusividade, benefício, satisfação do cliente, entre outros) e em segundo lugar, os factores de sucesso da inovação (comunicação em todos os níveis, o momento correcto para a introdução da inovação no mercado, entre outros). Ainda, segundo Silva (2003), cada vez mais se compreende o processo de inovação como um processo interactivo de aprendizagem, realizado com a contribuição de vários agentes económicos e sociais que possuem acesso a diferentes tipos de informação e conhecimentos. Este processo interactivo de aprendizagem revela-se como:

• Aprendizagem pela própria experiência no processo de produção – learning - by - doing; • Aprendizagem na comercialização e uso de produtos, maquinaria e inputs – learning - by -

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• Aprendizagem resultante da busca de novas soluções tecnológicas nas instituições de I&D e noutras menos formais – learning - by - searching;

• Aprendizagem pela interacção com fontes externas – learning - by - interacting, sejam estas os fornecedores de matérias-primas, de equipamentos ou componentes, clientes, utilizadores, consultores, universidades, instituições de investigação, prestadores de serviços tecnológicos, laboratórios públicos, organismos de apoio, entre outros.

Verifica-se assim, que a inovação corresponde a um processo interactivo e cumulativo de aprendizagem que ultrapassa as fronteiras formais da I&D e onde as relações das empresas com um vasto conjunto de parceiros podem desempenhar um papel fundamental na assimilação e difusão da inovação (Simões, 1996).

A chave do mecanismo para se obter uma posição dominante no mercado, é o crescimento e para tal é necessário apostar na inovação.

1.2.1 Fontes de informação para a inovação

Há evidências na literatura de que a informação geral sobre o mercado e as tendências tecnológicas está positivamente associada a uma alta taxa de inovação. Tais informações podem ser adquiridas de entidades públicas, consultores privados, outras empresas nacionais, contactos internacionais com distribuidores e parceiros, artigos científicos e publicações especializadas (Souitaris, 2001).

Não é suficiente olhar de forma independente para diversas fontes de informação porque o desenvolvimento e melhoria de produtos e processos não podem depender somente de uma fonte de informação, mas sim de várias fontes de informação (Amara and Landry, 2005).

Mais especificamente, espera-se que as empresas que introduzem inovações com alto grau de novidade, sejam mais propensas a usar uma maior variedade de fontes de informação para desenvolver ou melhorar os seus produtos ou processos de fabricação, do que as empresas que introduzem inovações que são primárias a nível nacional ou inovações aplicadas pela primeira vez numa empresa (Amara and Landry, 2005).

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É importante salientar que a circulação de informação e tecnologia entre recursos humanos, empresas e instituições é a chave do processo de inovação, sendo essencial uma forte cooperação e uma boa comunicação (Freeman and Soete, 1997).

No que diz respeito a fontes internas de inovação estão em causa, as actividades de I&D, os recursos humanos e financeiros das empresas, as inovadoras práticas e as peculiaridades das indústrias ou regiões, pois todos trazem um determinado stock de informações e conhecimentos às empresas. Ao longo do tempo, esta base de conhecimento é ainda maior através da aprendizagem interna (Amara and Landry, 2005).

Também, estudos de inovação, há muito tempo, que reconhecem a importância das fontes de informação externas como determinantes da inovação nos vários sectores da indústria. Mais particularmente, a importância dos clientes como fontes de informação para desenvolver ou melhorar produtos e processos tem sido destaque desde 1970 (Amara and Landry, 2005). Uma sondagem realizada no Reino Unido para analisar a inovação, mostra que as empresas que introduziram inovações com maior grau de novidade, são aquelas que mais provavelmente recorrem a fontes externas de informação para desenvolver ou melhorar os seus produtos ou processos de produção (Amara and Landry, 2005).

Baranano (2000) considerou, com base em doze estudos realizados, que os factores não-tecnológicos para organizações inovadoras de sucesso seriam os seguintes:

1. Canais de comunicação efectivos; 2. Orientação para o consumidor; 3. Visão corporativa da inovação; 4. Capacidade material e humana; 5. Indivíduos-chave;

6. Estrutura organizacional.

Do mesmo modo, salientou que os factores que são mais vezes referidos como os responsáveis pelo sucesso de inovações tecnológicas são os canais de comunicação efectivos e orientação para o consumidor.

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1.2.2 Comunicação externa como factor determinante da inovação

A comunicação externa como factor determinante da inovação pode ser agrupada em quatro grupos principais: a exploração das informações externas, nomeadamente a obtenção de informação específica de outras empresas (clientes, fornecedores e concorrentes); o acompanhamento geral do mercado e de informação tecnológica; a cooperação com as organizações externas, isto é, cooperação com outras organizações; a cooperação com organizações de apoio (Souitaris, 2001).

Obtenção de informação específica de outras empresas (clientes, fornecedores e concorrentes): - Reuniões presenciais com clientes;

- Debates com os painéis de clientes;

- Feedback dos clientes através de e-mail ou por telefone; - Consulta de fornecedores de matérias-primas;

- Consulta de fornecedores de equipamentos; - Utilização de pesquisas de mercado; - Acompanhamento dos concorrentes.

Acompanhamento geral do mercado e de informação tecnológica: - Contactos com consultores públicos e privados;

- Contactos com outras empresas nacionais; - Contactos internacionais;

- Contactos com membros de associações profissionais; - Subscrição de revistas científicas e de comércio; - Participação em feiras;

- Acesso e utilização da Internet;

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Cooperação com outras organizações:

- Instituições financeiras (empréstimos para I& D); - Joint-venture com outras empresas;

- Licenciamento de outras empresas. Cooperação com organizações de apoio: - Universidades e instituições de investigação; - Consultores privados;

- Instituições públicas;

- Obtenção de fundos públicos para tecnologia.

Portanto, segundo Amara e Landry (2005) pode concluir-se que as inovações não resultam de eventos discretos, mas sim, através de processos de resolução de problemas e que estas não são apenas determinadas por factores internos às empresas, mas também por processos interactivos que envolvam relações entre as empresas e os diferentes actores do seu ambiente. Estes autores acrescentam, ainda, que as inovações não são apenas determinadas por um período adicional de produtividade das operações, mas também por uma sistémica produtividade das relações, gerando diversificados processos de aprendizagem, que foram referidos anteriormente. As inovações não são apenas determinadas pela aprendizagem isolada, mas igualmente por processos sociais de intercâmbio de conhecimento, gerando um sistema inovador.

Do mesmo modo Barata (1992) considera que os inovadores de sucesso, para além de estabelecerem boas comunicações dentro da empresa, estabelecem fortes ligações e contactos com a comunidade científica e tecnológica, bem como analisam de forma cuidada ideias potencialmente úteis, criadas no exterior da empresa. O contacto com potenciais clientes, desde o início do processo de inovação, é extremamente importante, pois permite compreender e interiorizar as necessidades dos consumidores.

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Relativamente ao segundo factor, o autor refere que 75% dos casos de sucesso acontecem como resposta ao reconhecimento de necessidades por parte dos consumidores em oposição ao reconhecimento de um novo potencial científico-tecnológico.

1.2.3 A difusão de inovações

A forma mais tradicional de circulação de conhecimento nos sistemas de inovação de novas tecnologias ocorre através da difusão de novos equipamentos e máquinas, a partir de clientes, fornecedores e até mesmo de empresas concorrentes e institutos públicos, levando que a empresa adapte e use essa nova tecnologia (Vieira, 2007).

Para Kline e Rosenberg (1986) em geral, a difusão de uma técnica nova e importante tende a ser um processo lento. Por vezes, leva décadas para as empresas instalarem uma nova técnica. Contudo, noutros casos imitam o inovador muito rapidamente. Em certa medida, estas diferenças podem reflectir uma tendência para que o processo de difusão de inovações tenha um ritmo mais rápido nas épocas mais recentes do que no passado.

No entanto, é importante mencionar que existem barreiras à adopção de novas tecnologias tais como:

- Falta de informação; - Falta de financiamento; - Falta de técnicos experientes.

As empresas precisam de todo um conjunto de capacidades para que a implantação da tecnologia tenha sucesso.

Na verdade, só parte do conhecimento é que é assimilado porque a capacidade de absorção de conhecimento das empresas nunca é perfeita, limitando, assim a assimilação e aplicação de novos conhecimentos (Cohen and Levinthal, 1990).

Contudo, as empresas mais inovadoras são aquelas que têm capacidade de aceder ao conhecimento, por exemplo através de relações com fornecedores e clientes, e que facilmente adaptam o conhecimento e a tecnologia às suas próprias necessidades (Vieira, 2007).

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1.3 Competitividade

Com base no trabalho realizado por Molero e Buesa (1996) pode definir-se empresa inovadora como aquela que tenta criar a sua própria tecnologia, isto é, a tecnologia que será utilizada na actividade produtiva, manifestando uma alocação deliberada de recursos nos diferentes tipos de actividades tais como: I&D, design de produto, engenharia ou acumulação e formalização da experiência de produção. A partir do qual este know-how tecnológico adquirido funciona como uma fonte importante de conhecimento tecnológico fundamental para a introdução de novos produtos ou novos processos de produção no mercado.

Há fortes evidências para apoiar a visão de que a inovação tecnológica em empresas de fabricação é uma das principais razões para a competitividade industrial e para o desenvolvimento nacional (Freeman and Soete, 1997).

De facto, a concorrência global é cada vez maior, logo para se ser competitivo no mercado, é necessário que as organizações melhorem o seu desempenho, o que será conseguido através da inovação. A inovação está a tornar-se, rapidamente, o aspecto mais importante da competitividade.

Torna-se assim, amplamente assumido que a inovação é um factor-chave na competitividade e que o crescimento do output e da produtividade dependem do desenvolvimento e da difusão de novas tecnologias (OCDE, 1997). Daí urge a necessidade de as empresas apostarem fortemente na inovação, porque, só assim, conseguirão crescer com mais conhecimento e produzir com mais valor acrescentado, tornando-se mais competitivas.

López (2000) reconhece a interdependência entre inovação, competitividade e crescimento económico no âmbito de um sistema nacional de inovação, apesar de considerar a inovação directamente ligada ao desenvolvimento económico, como se pode constatar pela análise da figura 1( página seguinte). Por isso, alguns aspectos foram tidos em consideração, tais como: - Noção de inovação e representação esquemática de um sistema local de inovação;

- As relações estabelecidas entre a inovação e as instituições; - Capital social relacionado com a inovação;

(34)

Figura 1: Sistema Local de Inovação e suas interligações

Fonte: López (2000)

O progresso tecnológico aumenta o bem-estar dos países. É responsável, em grande parte, pelo crescimento das modernas economias, uma vez que permite o desenvolvimento e/ou a aplicação de novos produtos e processos produtivos, que constituem um elemento fundamental na concorrência entre empresas de um determinado mercado. Como a competitividade das indústrias nos mercados internacionais é extremamente dependente da capacidade de desenvolver novas tecnologias, a necessidade de recorrer à aquisição de tecnologias externas é inevitável, sendo assim primordial ver a tecnologia obtida no exterior como um meio de estimular o desenvolvimento da capacidade inovadora das empresas receptoras.

Na verdade, a inovação e a difusão de tecnologia entre sectores são os aspectos mais impulsionadores para a competitividade.

Políticas

Aprendizagem da Economia Global   Sistema Nacional de Inovação

      Conhecimento de           Infra-estruturas

    Sistema Local de Inovação Empresa Empresa Estrutura Produtiva Empresa Estrutura Institucional

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A competitividade para Carayannis e Gonzalez, (2003: 588) "é a capacidade das pessoas, organizações e nações alcançarem resultados superiores e, em particular, agregar mais valor, utilizando as mesmas ou menores quantidades de inputs”, conforme se pode verificar na figura 2, a seguir apresentada.

Figura 2: Factores que afectam o desempenho inovador Fornecedores Competição Desempenho Inovador Empresas Tecnologia Organização Estratégia Liderança Ferramentas & Técnicas Processos Etapas Pessoas Mercado

Fonte: Carayannis e Gonzalez (2003: 597).

São diversos os factores que contribuem para que as empresas sejam competitivas e a inovação é um deles, permitindo o aumento da produtividade devido à melhoria dos processos de

produção, diferenciando-se assim no mercado.

Tecnologia Regulamentos Política e ambiente social Economia Clientes

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Segundo Clark e Guy (1998) na tradicional teoria económica, os custos comparativos de produção determinam a competitividade ao nível das empresas. O caminho para se tornar mais competitivo é o de produzir mais barato: por exemplo, encontrar maneira de reduzir os custos de produção. No entanto, estudos recentes têm apontado constantemente para factores não monetários, sendo pelo menos tão importantes, se não os mais importantes factores determinantes da competitividade.

O conjunto de factores não monetários é muito variado. Estes incluem: - Capacidades naturais, tais como habilidades e motivação dos trabalhadores;

- Factores técnicos como as capacidades de I&D e a capacidade de adaptar novas tecnologias; - Factores de gestão e organizacionais, tanto internos à empresa como as relações externas com outras entidades: clientes, fornecedores, institutos de investigação públicos e privados, e outras empresas.

1.3.1 Condições para a competitividade

De acordo com Porter (1993), há quatro atributos, interdependentes, existentes numa nação, que determinam se esta fornece ou não, um ambiente que permite que empresas de um sector específico possam competir com sucesso. E são eles os seguintes:

- Factores condicionais, tais como a disponibilidade de mão-de-obra especializada e infra-estruturas;

- Condições de procura para os produtos e serviços da indústria;

- Indústrias de apoio, incluindo a presença de fornecedores competitivos; - Estratégia empresarial, estrutura e rivalidade.

Porter descreve estes factores como aqueles que, individualmente ou como um sistema, criam o contexto no qual as empresas de um país nascem e competem. Este autor considera que a questão mais importante da competitividade reside na pressão que estes factores exercem sobre as empresas a investir e inovar.

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Perspectivas evolucionistas também sugerem que, embora a necessidade de inovar não seja um imperativo para a sobrevivência de empresas individuais, a inovação é uma necessidade colectiva para o bem-estar económico (Clark and Guy, 1998).

1.3.2 Políticas de inovação e competitividade

Ao longo dos últimos 30 anos ou mais, as políticas de desenvolvimento industrial e económico, cada vez mais, incluem medidas destinadas a apoiar e incentivar a mudança tecnológica. A forma como essas medidas são tomadas, por sua vez, evoluiu com a nossa compreensão das relações entre a inovação e a competitividade, aumentou.

Várias tipologias de políticas de inovação são possíveis, entre as quais se destacam as mais pertinentes para este trabalho:

- Incentivar a colaboração entre as empresas. A colaboração entre as empresas com o objectivo de realizar actividades de I&D conjuntamente, tem vantagens potenciais na redução de custos, reduzindo assim a duplicação de esforços, dividindo o risco associado e permitindo a criação de economias de escala.

- Ligações com infra-estrutura e redes. São esperados benefícios a partir da cooperação com universidades, que inclui o estímulo à inovação através do acesso aos resultados de investigação das universidades e da investigação mais orientado para a indústria por parte das universidades (Clark and Guy, 1998).

1.3.3 Aglomeração de empresas como fonte de Competitividade

Segundo Muscio (2006), as regiões podem desempenhar um importante papel na coordenação do processo de inovação, que resulta da forte interacção entre os diferentes actores (empresas, instituições de investigação, centros de formação e associações industriais) envolvidos no processo de aprendizagem interactiva.

Clark e Guy (1998) observaram que o crescimento de núcleos que envolvem a aglomeração, a sinergia e a expansão das empresas denotam-se, por:

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- Aumento do número de empresas na economia local;

- Alargamento das relações a outras empresas e a outros actores; - Expansão e crescimento de membros individuais no cluster.

Os benefícios da aglomeração e sinergias criadas estão muitas vezes relacionados com a interacção tecnológica, quer entre empresas e centros de saber ou entre as próprias empresas. As empresas do cluster juntam-se para estar próximo dos clientes e fornecedores e para obter os benefícios da imagem já criada, do ambiente de negócios atraente e de outros recursos e infra-estruturas. Contudo, em muitos parques de ciência, uma premissa subjacente é que os parques oferecem um mecanismo que permite bases de conhecimento a ser explorado pelas empresas através de:

- Recrutamento;

- Spin-offs de universidades e institutos de investigação; - Interacção Tecnológica.

Sendo assim consensual, ao estar apoiado por evidências empíricas fortes, de que a inovação tem um efeito positivo importante sobre a melhoria da competitividade das empresas e consequentemente das economias.

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Capítulo 2 - Factores que influenciam o comportamento inovador das empresas

A realização de actividades de inovação proporciona à empresa uma fonte inesgotável de vantagens competitivas. As empresas, conscientes deste facto, esforçam-se por inovar, desenvolvendo novos produtos e processos, ou melhorando os já existentes. Contudo, a capacidade inovadora varia de empresa para empresa, e é determinada por um vasto e complexo número de factores, internos, externos e relacionais (Silva, 2003; Vieira, 2007), como se pode verificar na figura 3 abaixo apresentada.

Figura 3: Factores que influenciam o processo inovador das empresas ANÁLISE DE

FACTORES

INTERNOS RELACIONAIS EXTERNOS

Fonte: Elaboração Própria

As perguntas: (1) porque é que algumas empresas são tecnologicamente mais inovadoras do que outras e (2) que factores afectam a capacidade inovadora de uma empresa, são fundamentais para orientar uma investigação deste género. Os elementos característicos que afectam a taxa de inovação de uma empresa derivam de uma ampla gama de funções de gestão e são muitas vezes referidos como os determinantes da inovação (Souitaris, 2001).

Verifica-se a existência de uma vasta referência aos factores condicionadores da actividade inovadora empresarial. Não obstante, através da revisão da literatura efectuada pretende-se com este trabalho colocar em destaque os relacionamentos externos estabelecidos entre as empresas e os diferentes actores intervenientes no processo de inovação.

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2.1 Relacionamentos Externos Estabelecidos

A inovação não é compreendida como algo de esporádico e fruto do acaso, nem como algo que resulta da acção isolada de um único actor. A inovação é vista como o resultado de um processo de aprendizagem interactiva, envolvendo quer a interacção entre utilizadores e produtores (Lundvall, 1992), quer as interacções entre empresas e outras instituições fornecedoras de conhecimento e de formação (universidades e instituições de ensino superior, consultores, laboratórios comerciais e empresas de I&D, laboratórios do Estado e institutos de I&D governamentais), entre outros parceiros (Amara and Landry, 2005).

Em Portugal, diversos estudos evidenciaram a importância dos relacionamentos externos para a melhoria da capacidade inovadora (Silva, 2003; Simões, 1997; Vieira, 2007). Os resultados obtidos pela investigação testemunham a importância dos relacionamentos externos com outras empresas (clientes, fornecedores, concorrentes) e com instituições de conhecimento (instituições académicas, centros de investigação) como factores determinantes do desempenho inovador das empresas.

Também Tidd et al. (1997) analisaram um grande número de estudos empíricos e sugeriram que as empresas mais inovadoras eram aquelas que estabeleciam vínculos com clientes, mercados, fornecedores, concorrentes e outras fontes externas de conhecimento.

Apesar desta temática já ter sido abordada em anteriores investigações, realizadas em alguns sectores da indústria nacional, continua a ser pertinente a sua análise em outros sectores. Portanto, é relevante para compreender o processo de inovação das empresas nacionais, tentar responder às seguintes perguntas de investigação, nomeadamente:

- Quais são os parceiros com que as empresas se relacionam? - Qual o papel diferenciado de cada um desses parceiros?

As empresas necessitam de ter uma participação activa na interacção com os vários parceiros no âmbito da inovação. Estas só se estabelecem se existir um clima de confiança entre os parceiros, permitindo a redução do risco associado à inovação (Von Hippel, 1988). Estas interacções podem ter como objectivo a obtenção de informação sobre tecnologias e mercados e também, obter outras informações complementares ao processo de aprendizagem interno, que a empresa por si não consegue desenvolver.

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Chung e Kim (2003) referem a importância das interacções entre empresas e o ambiente social e económico onde estas se encontram inseridas, uma vez que desencadeiam ligações com clientes e fornecedores, com empresas de consultadoria e com infra-estruturas de ciência e tecnologia, salientando a importância dos centros de I&D e das instituições de ensino e formação. A optimização destas ligações e das competências associadas favorece o estabelecimento de redes (de inovação e de negócio) que assentam na complementaridade de competências ou de activos, na dependência mútua e em novas formas de organização económica, não primordialmente regidas por vínculos contratuais mas principalmente por relações de confiança e de partilha de riscos e de benefícios (Vieira, 2007).

As interacções entre os diferentes actores, sejam eles as empresas, as universidades e os institutos de investigação públicos ou privados, que estão envolvidos no processo de desenvolvimento tecnológico, são tão importantes quanto as despesas em actividades de I&D, como quantificadores da capacidade inovadora de um sector industrial.

Para Vieira (2007) são várias as razões que levam as empresas a colaborar. Umas estão relacionadas com a investigação básica e aplicada, que permite aumentar a complexidade das tecnologias utilizadas e criar sinergias com o objectivo de reduzir, minimizar e partilhar o risco e o custo associados às actividades de I&D. Outras, estão relacionadas com o processo de inovação, que permite a aquisição de conhecimento tácito dos parceiros e uma redução dos ciclos de vida dos produtos que é conseguida através da redução do período de tempo entre a invenção e a sua introdução no mercado.

Contudo, em Portugal, existe uma debilidade ou inexistência de relações entre vários intervenientes do sistema de inovação. Esta debilidade é essencialmente devida à: (1) falta de cooperativismo (aspecto cultural); (2) desconfiança dos outros parceiros, relacionada com a falta de qualificações e pouca visão estratégica e (3) pouca credibilidade de alguns actores (Simões, 2003).

2.2 Parceiros Externos

Existem muitas razões pelas quais as empresas estabelecem relacionamentos com vários parceiros externos no âmbito da inovação. Em geral, considera-se que as empresas estabelecem tais relacionamentos porque não têm internamente todos os recursos e capacidades necessárias

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e também porque estes relacionamentos lhes permitem reduzir o risco associado à inovação (Tether, 2002).

São vários os parceiros com que as empresas mantêm relações, nomeadamente fornecedores, clientes e concorrentes. Além destes acrescenta-se ainda as instituições académicas e centros de investigação, assim como os consultores e instituições de investigação privadas. Para melhor entender-se a importância das relações existentes com estes diferentes parceiros, vejamos quais os efeitos de tais relacionamentos no processo de inovação.

2.2.1 Clientes

Os relacionamentos externos com os clientes são muito importantes, dado que permitem conhecer as necessidades dos mesmos e, consequentemente, satisfazê-las através de inovações de produto ou de processo, como também permitem a redução do risco associado à introdução de novos produtos no mercado (Kline and Rosenberg, 1986; Lundvall, 1992; Von Hippel, 1988). Os estudos de Von Hippel (1988) sobre a importância dos clientes, como uma fonte de informação para o desenvolvimento de inovações, sugerem que o cliente pode ser uma importante fonte de know-how tecnológico para novas empresas de base tecnológica.

Amara e Landry (2005) e Shaw (1994) defendem que os clientes influenciam o desenvolvimento ou melhoria de produtos ou processos porque: (1) fornecem conhecimento complementar, permitindo inclusive fornecer conhecimento técnico na óptica do utilizador; (2) proporcionam uma percepção do comportamento do consumidor que pode ser importante para o refinamento da inovação e (3) adequam as alterações efectuadas em produtos ou processos, para que as inovações possam ser aceites e adoptadas por clientes e outras empresas dentro da mesma comunidade de utilizadores.

As vantagens apresentadas pelos clientes e utilizadores, fontes de informação para desenvolver a inovação, sugerem que os mesmos são susceptíveis de ser utilizados com maior frequência pelas empresas, quando as inovações em desenvolvimento são realizadas com um maior grau de novidade, como as inovações que são introduzidas ao nível de topo mundial, ao contrário de inovações que oferecem pequenas mudanças incrementais (Amara and Landry, 2005).

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Simões (1997) menciona que em Portugal, os relacionamentos com os clientes têm efeitos significativos no potencial inovador das empresas. Este mesmo investigador defende que os clientes são os grandes dinamizadores das acções inovadoras, apresentando um papel decisivo no processo de concepção e desenvolvimento dos produtos.

A difusão em termos de interacção tecnológica com os clientes era esperada. Em diferentes áreas tecnológicas, as formas e mecanismos de interacção com os clientes pode representar grandes diferenças. A biotecnologia, por exemplo, é bem conhecida pela investigação e desenvolvimento de ligações intensas entre fornecedores e clientes (Autio, 1997).

2.2.2 Fornecedores

Os clientes são importantes como indutores de avanços tecnológicos, graças às suas exigências, contudo os fornecedores de equipamentos e inputs são muitas vezes a principal fonte de inovação (Miotti and Sachwald, 2003; Nelson, 1993).

Nos EUA (Estados Unidos da América) e no Reino Unido a recente tendência das grandes empresas para o “downsize” e a focalização nas suas próprias competências também encorajou uma maior actividade colaborativa com os fornecedores (outsourcing). Neste contexto, as relações que se estabelecem com os fornecedores no âmbito da inovação tendem a complementar os esforços de I&D internos em vez de os substituir (Silva, 2003).

Os fornecedores são fontes de informação, que partilham muitas das vantagens geradas pelos clientes, como fontes de informação utilizadas para desenvolver ou melhorar os produtos ou processos. No entanto, a relação entre as empresas e os fornecedores tem sido quase sempre considerada sob o ângulo de "fazer ou comprar" decisões. A tendência da década de 90, em que as grandes empresas concentraram-se, mais fortemente, nas suas competências essenciais, tornou susceptível o aumento da importância dos fornecedores no processo de inovação das empresas (Amara and Landry, 2005).

Actualmente, a gestão de fornecedores está a ficar mais importante para os grandes fabricantes de indústrias de alta intensidade tecnológica, como os sectores automóvel, electrónica, telecomunicações, aeroespaciais, computadores e software. Uma grande tendência da gestão de fornecedores para os fabricantes dessas indústrias é envolver os seus fornecedores nos seus

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segredos de processos de desenvolvimento de novos produtos, que é justamente designado de

"supplier involvement in new product development” ou envolvimento dos fornecedores no

desenvolvimento de novos produtos, abreviado como SINPD (Chung and Kim, 2003).

É importante referir que ao facilitar-se a entrada dos fornecedores no local de trabalho dos fabricantes permitiu a resolução de grandes desafios produtivos.

Von Hippel (1988) também aponta que é comum para empresas de base tecnológica compartilhar tecnologia com os seus fornecedores e às vezes, até com os seus concorrentes. Para Simões (1997), em Portugal as relações estabelecidas com fornecedores têm efeitos significativos sobre o seu potencial inovador. Este autor adiciona ainda, que as relações com fornecedores de equipamento dizem respeito sobretudo à introdução de adaptações ou melhorias dos equipamentos existentes. Constituindo uma das principais vias de actualização tecnológica das empresas portuguesas, principalmente nos sectores tradicionais.

Deste modo, o envolvimento dos fornecedores no desenvolvimento de produtos, torna-se o principal motor de inovação contínua (Chung and Kim, 2003). Estes autores mostram que fortes ligações com fornecedores resultam em inovações tecnológicas de sucesso, contribuindo para o desempenho inovador das empresas.

2.2.3 Concorrentes

Os relacionamentos com os concorrentes são os mais suspeitosos, porque podem potenciar comportamentos anti-competitivos (Tether, 2002). Este autor indica que a colaboração entre empresas concorrentes pode relacionar-se com o estabelecimento de padrões, pelos quais as empresas combinam introduzir produtos ou serviços baseados em desenvolvimentos conjuntos e em critérios comuns. A partilha de critérios pode também ser uma estratégia usada em pequenas e novas empresas para aproveitarem uma situação dominante do mercado.

As relações informais entre empresas concorrentes, apesar de serem mais difíceis de medir, são de extrema importância, pois estimulam a inovação (Miotti and Sachwald, 2003), bem como as relações que as empresas vão mantendo com clientes e fornecedores, como foi referido anteriormente.

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Também, uma série de estudos têm reconhecido a importância do papel de partilha de conhecimentos e recursos entre as empresas inovadoras (Chung and Kim, 2003).

Através do processo competitivo das empresas, parte destas constrói um entendimento das forças e fraquezas das concorrentes. As empresas podem encontrar áreas onde os seus pontos fortes se complementam com o desenvolvimento de novos produtos ou serviços de outras empresas concorrentes. Essas forças referidas acima, traduzem-se em competências que, quer pelo dispêndio de tempo, quer pelo custo envolvido, conduzem à colaboração em vez de procurar replicar as competências das outras empresas. As empresas procuram a colaboração com os seus concorrentes para aprenderem mais acerca dos seus rivais (Hamel et al., 1989). Beeby e Booth (2000) mostram que as redes e outras formas de colaboração permitem a transferência e a troca de conhecimento entre organizações. As empresas entram em alianças estratégicas por diferentes razões, mas principalmente pelas resultantes da mudança económica e tecnológica. A percepção dos benefícios provenientes dessas alianças pode ser dividida em duas principais categorias: uma relacionada com a realização de novos negócios ou a introdução de novos produtos e a outra, relacionada com a melhoria do negócio já existente.

Segundo os mesmos autores, as principais razões para a formação de alianças prendem-se com: (1) a obtenção de economias de escala e conhecimento; (2) a acessibilidade a benefícios de outras empresas, como a capacidade de produção, a tecnologia, o acesso a mercados, o capital, os produtos e os recursos humanos; (3) a redução do risco pela partilha de capital necessário ao desenvolvimento de novos produtos e (4) a conquista de novos mercados.

As empresas concorrentes, também colaboram entre si, quando têm problemas comuns, em especial quando esses problemas não estão relacionados com o domínio da concorrência, como por exemplo, a colaboração para o regulamento de leis.

2.2.4 Instituições Académicas e Centros de Investigação

Segundo Lundvall (1992) e Nelson (1993), as instituições de conhecimentos, instituições académicas e centros de investigação, contribuem de modo significativo para o fornecimento de novo conhecimento científico e tecnológico.

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Kaufman e Todtling (2001) salientam o papel crucial das universidades no estímulo de avanços inovadores. Também Fritsch e Schwirten (1999) referem que as instituições de conhecimento são importantes fontes de fornecimento de “inputs” para as actividades inovadoras do sector privado. Estes últimos investigadores, salientam ainda, que estas instituições absorvem e acumulam conhecimento criado em si mesmas, geram novo conhecimento porque conduzem as suas próprias investigações e difundem o conhecimento na economia de várias formas.

As empresas interagem com as universidades e institutos de investigação, tendo como objectivo investigar, patentear e publicar conjuntamente e favorecer outro tipo de ligações informais. As relações entre o sector público (constituído principalmente pelos institutos de investigação públicos e universidades) e o sector privado (constituído pelas empresas privadas) constituem outro canal de circulação de conhecimento, que funciona, de igual modo, como um elemento importante no suporte da inovação (Vieira, 2007).

A partir do século XIX, as universidades começaram a ter cada vez mais, um papel importante, sendo reconhecidas como repositórios de conhecimento científico e tecnológico.

Os principais canais de transmissão do conhecimento destas instituições para a economia em geral e para as empresas em particular são:

- Formação dos estudantes;

- Realização de pesquisa contratada, através da produção de conhecimentos científicos comercializáveis;

- Realização de serviços relacionados com inovação, tais como, testes, consultoria e formação pessoal;

- Projectos conjuntos de I&D entre empresas privadas e instituições de conhecimento;

- Troca informal de conhecimento, através de ligações, frequentemente, de conhecimentos estabelecidos com antigos alunos que perduram após a conclusão dos cursos.

Em Portugal, a realização de projectos conjuntos de I&D é encarada com alguma reserva (Simões, 1997). Este autor acrescenta ainda que “tal participação parece ser utilizada pelas empresas, mais como um meio de melhorarem a sua imagem e credibilidade e/ou como um instrumento de abertura de “janelas de oportunidade” sobre desenvolvimentos tecnológicos

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futuros. Esta realização de projectos conjuntos de I&D, raramente é vista como uma fonte imediata de tecnologia ou como um mecanismo de solução de problemas tecnológicos presentes” (Simões, 1997: 231).

Na óptica empresarial, Tether (2002) refere que os relacionamentos com as instituições de conhecimento trazem diversas vantagens, tais como: a empresa pode aceder a conhecimentos técnicos, tecnológicos e científicos e também ao apoio de especialistas e técnicos, como complemento da I&D interna. Por outro lado, as empresas consideram as despesas de inovação demasiado elevadas para levar a cabo isoladas e usando somente os seus próprios recursos financeiros. Com a colaboração de instituições de conhecimento permite a redução desses custos.

Mas, não só as empresas beneficiam da cooperação, como também as instituições de conhecimento, uma vez que existe uma troca de conhecimento bidireccional, incluindo a transferência de conhecimento da indústria para a universidade.

Contudo, existem problemas no relacionamento entre empresas e universidades em particular e, também, com as outras instituições de conhecimento, em geral. Estas instituições são vistas, frequentemente, como lentas para a acção e pouco receptivas às necessidades da indústria (Tether, 2002). Os empresários desejam que as novas soluções estejam disponíveis num curto prazo de tempo, enquanto as universidades necessitam de tempo para amadurecer decisões e tentar novas soluções.

As divergências entre estes dois actores do sistema de inovação resultam, também por vezes, da ausência de confiança entre ambos.

Mas, nos últimos anos, as instituições de conhecimento, e sobretudo as universidades, têm sido sujeitas a uma considerável pressão para se aproximarem das indústrias. Os governantes tentam encorajar essas instituições a empreender investigação relevante para a indústria, tendo em vista a competitividade da indústria nacional.

2.2.5 Consultores e Instituições de Investigação Privadas

Consultores privados e instituições de investigação privadas são fontes alternativas de informação e conhecimentos para a inovação. Podem fornecer conhecimento científico e

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conhecimento tecnológico, apesar de ser mais frequente fornecerem conhecimento aplicado, competências específicas e informação (Silva, 2003).

Segundo Tether (2002), durante as décadas de 80 e 90, o número de consultores cresceu assustadoramente no Reino Unido, principalmente, empresas com actividades especializadas em desenho de sistemas de informação e sua implementação. As vantagens de trabalho com estes consultores resultaram, não só, na economia de custos, mas também permitiram às empresas um apoio adicional, pelo que estas, em vez de se apoiarem totalmente nas suas capacidades internas, dependem das capacidades desses consultores.

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Capítulo 3 - Análise do Sector de Gestão de Resíduos

3.1 Introdução

O conceito de desenvolvimento sustentável estende-se às gerações futuras e à sobrevivência do planeta em que vivemos. Torna-se imprescindível o uso racional dos recursos naturais, da energia e da implantação de uma lógica coerente na gestão de resíduos(John, 2000).

Actualmente, a gestão de resíduos resultantes dos mais diversos processos de produção e os respectivos impactos ambientais, são questões amplamente debatidas pela sociedade, mas ainda estão longe de ser resolvidas. A dificuldade de gerir o enorme volume de resíduos1,

produzidos diariamente, é um dos principais problemas/desafios das câmaras municipais do país. Também a colocação irregular de RCD (Resíduos de Construção e Demolição) em áreas inadequadas conduz a gravíssimos problemas ambientais.

Os resíduos (ou lixo) são tudo aquilo que se deita fora. Antes da revolução industrial, a variedade de produtos era muito menor. Hoje em dia, a diversidade de produtos é enorme, quase tudo o que se faz no dia-a-dia produz resíduos, o prazo para utilização de produtos é cada vez menor e as próprias embalagens são feitas com o objectivo de durarem pouco tempo antes de serem deitadas fora. Consequentemente é enorme a quantidade de resíduos produzidos.

Portanto, se, por um lado, o aumento do consumo pode ser sinónimo de prosperidade e desenvolvimento, por outro representa normalmente, um acréscimo significativo da produção e, como tal, de resíduos. Uma maior produção de resíduos aumenta a necessidade em se disponibilizarem soluções adequadas para o seu destino. A actual política de resíduos da União Europeia baseia-se na “hierarquia de gestão de resíduos”. O que significa que, preferencialmente, deve optar-se pela redução, e que os resíduos cuja produção não se possa evitar, sejam reutilizados, reciclados ou valorizados, tanto quanto possível, sendo a sua eliminação em aterro reduzida ao mínimo indispensável.

      

1 “Qualquer substância ou objecto que o detentor se desfaz ou tem a intenção ou a obrigação de se desfazer, nomeadamente os identificados na

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Bastante mais problemática era a eliminação dos resíduos em lixeiras, situação que há cerca de 10 anos era generalizada em Portugal. Desde então grandes progressos foram efectuados, todas as lixeiras foram encerradas, construíram-se aterros sanitários e incineradoras (duas) e organizou-se o país em Sistemas de Gestão de RSU (Resíduos Sólidos Urbanos). No entanto, há que realçar que qualquer que seja o seu destino ou a combinação de destinos, os resíduos são sempre um problema, uma vez que, para além de representarem um desperdício de energia e de matérias-primas, a sua gestão também poderá originar impactos ambientais negativos (Agência Portuguesa do Ambiente, 2008).

É consensual, que deitar coisas fora (lixo) é desperdiçar as matérias-primas e a energia que foram consumidas na produção desses produtos. Na verdade, quando se deita algo fora não se considera que esse lixo não é apenas lixo, mas um recurso. O aproveitamento desses recursos faz cada vez mais sentido, tanto em termos ambientais, como económicos. O lixo é aquilo que não tem valor. O que ainda pode ser aproveitado não deve ser tratado como lixo. E, na realidade, quase tudo o que faz parte do lixo pode ser aproveitado ou pode mesmo não ser produzido. Portanto, tal como foi referido anteriormente, o principal objectivo da política de gestão de resíduos é a prevenção, que significa a minimização da quantidade e/ou perigosidade dos resíduos, isto é, a prevenção abrange a redução, e esta engloba a reutilização e a reciclagem de resíduos. Há que tentar reduzir a produção de resíduos, reutilizando-os e reciclando-os, sendo fundamental a promoção de acções de sensibilização e divulgação em matéria de resíduos.

3.2 Classificação dos resíduos por sector de proveniência

A seguir, apresenta-se uma possível classificação de resíduos, segundo a sua proveniência: • Resíduos Industriais: são os resíduos criados no decorrer dos processos produtivos

industriais, bem como os que resultam de actividades de produção e de distribuição de electricidade, gás e água (Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro).

• Resíduos de Construção e Demolição (RCD): são os resíduos da construção civil que popularmente se designam por entulhos. Os RCD provêm de novas obras de construção,

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reconstrução, ampliação, alteração, trabalhos hidráulicos, demolições de edifícios, obras de reabilitação, como também de construção de estradas ou reabilitação das mesmas. • Resíduos Sólidos Urbanos (RSU): são resíduos provenientes de habitações, bem como

outros resíduos, que pela sua natureza ou composição, sejam semelhantes aos resíduos provenientes de habitações.

• Resíduos Hospitalares: são os resíduos resultantes de actividades médicas desenvolvidas em unidades de prestação de cuidados de saúde, em actividades de prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e investigação, relacionada com seres humanos ou animais, em farmácias, em actividades médico-legais, de ensino e em quaisquer outras que envolvam procedimentos invasivos, tais como acupunctura, piercings e tatuagens (Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro).

• Resíduos Agrícolas: são os resíduos provenientes de explorações agrícolas e/ou pecuárias ou similares (Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro).

• Outros: fazem parte os Policlorobifenilos (PCB), que representam um grupo de produtos químicos que possuem uma utilização industrial elevada e diversificada, sendo largamente utilizados em equipamentos eléctricos como transformadores e condensadores.

Os resíduos de construção e demolição (RCD) e os resíduos sólidos urbanos (RSU) serão a seguir melhor identificados e caracterizados, devido ao facto de serem os resíduos associados às empresas que foram estudadas para o desenvolvimento deste trabalho de investigação.

3.2.1 Resíduos de Construção e Demolição (RCD)

O sector da construção civil é conhecido como sendo um dos mais importantes para o desenvolvimento económico e social do país. No entanto, ainda produz impactos ambientais negativos resultantes, não só, do consumo de recursos naturais, mas também das alterações de paisagens e da produção de enorme quantidade de resíduos.

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Na verdade, este sector de actividade é uma fonte de grandes quantidades de resíduos, que emergem de variados processos, desde a limpeza do local de obras e movimentação de terras (vegetações e terras), até sobras, materiais inutilizados e desperdícios na construção de obras e ainda, as demolições e operações de manutenção, restauro e reabilitação de construções previamente existentes.

Segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente, a produção anual de resíduos de construção e demolição na UE (União Europeia) é 100 milhões de toneladas e em Portugal, com base na proporção apresentada pela UE, estima-se uma produção de 7,5 milhões de toneladas, relativas ao ano de 2005.

Importa referir, que os resíduos inerentes à construção, como os produzidos em estaleiro central ou em local anexo são RCD, contudo não estão englobados os resíduos dos escritórios localizados na obra. E, ainda neste contexto é importante clarificar que os resíduos urbanos ou similares não se incluem na definição de resíduos de construção e demolição.

É variada a composição dos RCD, uma vez que engloba vários materiais, tais como betão em geral, tijolos, telhas, materiais cerâmicos, madeira, vidro, misturas betuminosas, solos e rochas de escavação, entre outros. A tabela 1, a seguir apresentada na página seguinte, mostra a relação entre os diferentes resíduos e a % de massa que constituem os RCD.

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Figura 1: Sistema Local de Inovação e suas interligações
Figura 2: Factores que afectam o desempenho inovador     Fornecedores  Competição  Desempenho Inovador Empresas Tecnologia Organização Estratégia  Lideran ça  Ferramentas &  Técnicas Processos Etapas Pessoas Mercado
Figura 3: Factores que influenciam o processo inovador das empresas
Tabela 1: Composição média dos RCD
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