• Nenhum resultado encontrado

Morbidade na Região Norte de Minas Gerais, 1997, 2001 e 2006

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Morbidade na Região Norte de Minas Gerais, 1997, 2001 e 2006"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

Montes Claros, v.9, n.1 – jan./jun. 2007

Morbidade na Região Norte de Minas Gerais, 1997, 2001 e 2006

1

Morbidity in northern region of the state of Minas Gerais, 1997, 2001 and 2006

Andréa Maria Eleutério Barros Lima Martins2

Maria Ivanilde Pereira Santos3

Elizabeth Ferreira de Pádua Melo Franco4

Antônio Gonçalves Maciel5

Anderson Antônio de Faria6

Mara Lúcia Fernandes do Vale7

João Felício Rodrigues-Neto8

Resumo: As principais causas de internações hospitalares, obtidas através do Sistema de Informação Hospitalar (SIH/ SUS) foram investigadas na região Norte do Estado de Minas Gerais em 1997, 2001 e 2006. Os dados foram tabulados por grupos de causas, por sexo e por faixa etária. Os principais motivos de internação em todos os anos foram as internações por gravidez, parto e puerpério; as doenças do aparelho respiratório estiveram em segundo lugar em 1997 e 2001 e em terceiro em 2006; as doenças do aparelho circulatório foram a terceira causa em 1997 e 2001 e a segunda em 2006. Até os 9 anos as principais causas foram as doenças do aparelho respiratório. Dos 10 aos 39 predominaram as complicações da gravidez, parto e puerpério e a partir dos 40 as doenças circulatórias. As internações no Norte de Minas seguem o padrão brasileiro.

Palavras-chave: Morbidade hospitalar; estatísticas de morbidade; causas de interneção.

Abstract: The main causes of hospital admissions by the Hospital Information System in the northern region of Minas Gerais state were investigated in 1997, 2001 and 2006. Data were tabulated by groups of causes, gender, and age group. The main reasons for admissions were according to the following: first of all, the hospitalizations resulting from pregnancy, childbirth and puerperium. Diseases of the respiratory system were 2nd in 1997 and 2001 and 3rd in 2006 and diseases of the circulatory system were the 3rd in 1997 and 2001 and 2nd in 2006. The analysis by age showed that up to 9 years of age the main causes were diseases of the respiratory system. From 10 to 39 years of age prevailed complications of pregnancy and childbirth. From 40 years of age on, circulatory diseases. The hospitalization in the northern Minas was similar to the rest of Brazil.

Key-words: Hospital morbidity; statistics of morbidity; causes of hospitalization.

1

Projeto financiado pela FAPEMIG.

2Professora da Universidade Estadual de Montes Claros; Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de

Montes Claros - Unimontes. E-mail: martins.andreamebl@ig.com.br

3Professor Mestre da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.

4 Professora Especialista da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.

5Professor Mestre da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.

(2)

99 .

Introdução

A saúde pública no mundo tenta, através de estudos e pesquisas, conhecer as doenças que assolam a humanidade para assim combatê-las preveni-las (MELLO -JORGE; LAURENTI, 1997). O per fil de morbidade fornece informações sobre uma região, pois ele obtém-se medidas indiretas das condições sociais e do modo de vida de uma população. No Brasil, os estudos sobre morbidade são realizados através de dados secundários, tendo como fontes o Sistema de Informação de Agravos Notificáveis (SINAN), o Sistema de Informação Ambulatorial do SUS (SIA/SUS), o Sistema de Informação sobre Morbidade (SIM) e o Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) (MELLO-JORGE; KOIZUMI, 2004; LAURENTI; MELLO- JORGE; GOTLIEB, 2005).

A importância dos estudos de morbidade está em identificar inter venções que possam prevenir ocorrências similares (AMARAL; LUZ; SOUZA, 2007). Além disso, a gestão dos serviços de saúde exige a permanente produção de informações e o seu manuseio para aprimorar as potencialidades contidas no sistema de informação e ampliar o impacto das ações no próprio nível gerencial. O Ministério da Saúde identifica como objetivos dos sistemas de informação em saúde: avaliar e apoiar o planejamento, a tomada de decisões e as ações em todos os níveis do arcabouço organizacional do sistema de saúde; apoiar o desenvolvimento científico e tecnológico do setor saúde; subsidiar a avaliação das relações de eficiência e efetividade das políticas, das estratégias e das ações de saúde; apoiar o desenvolvimento e capacitação de recursos humanos no setor saúde; e, por fim, subsidiar o processo de comunicação dos órgãos do setor saúde com a população (CÉSAR; LAURENTI; BUCHAL A et al, 2001).

Os dados do SIH/SUS possibilitam importantes análises quanto à morbidade hospitalar. Eles vêm se firmando como um importante sistema de informação para a área de saúde sendo a Autorização de Internação Hospitalar (AIH) a fonte de informação

sobre as internações (MELLO -JORGE; KOIZUMI, 2004). Com a introdução da AIH foi possível uma maior previsibilidade de gastos e um maior controle e avaliação sobre o faturamento da rede hospitalar. Em conseqüência, torna-se reduzida a possibilidade de corrupção e fraude dentro do sistema de assistência médica hospitalar do SUS (LAURENTI; MELLO-JORGE; GOTLIEB, 2004). Considerar os dados de hospitalização como perfil de morbidade de uma população, a despeito das limitações, reveste-se de especial importância por constituir aquela fração assistida que absorve maior quantidade de recursos dentro da nossa política assistencial (MELLO-JORGE, 2001). As informações em saúde são geradas de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID). A CID-9 foi modificada em 1998 (CÉSAR et al, 2001) e a partir da CID-10 foi prevista a definição recomendada para a codificação de causas de internação hospitalar:

a afecção a ser usada em análise por causa única, em morbidade, é a afecção principal tratada ou investigada durante um episódio relevante de atenção à saúde. A afecção principal é definida como aquela diagnosticada no final da consulta (internação), primariamente responsável pela necessidade de tratamento ou investigação do paciente. ( LAURENTI; MELLO-JORGE; GOTLIEB, 2004)

O SINAM fornece dados bastante consistentes quanto à confiabilidade do ponto de vista qualitativo; entretanto, quantitativamente quanto à cobertura, ainda deixa a desejar (LAURENTI; MELLO-JORGE; GOTLIEB, 2004). O SIA/SUS é bastante criticado e fornece, para o gestor, mais dados quanto ao movimento de atendimento e contas ambulatoriais do que informações epidemiológicas (MELLO-JORGE, 2001). Dessa forma, ainda que os dados não cubram a totalidade das internações que ocorrem, pois excluem os pacientes particulares e os que possuem convênio ou plano de saúde, a cobertura do SIH/SUS atinge cerca de 70% das internações (MELLO-JORGE; KOIZUMI, 2004), sendo o SUS principal financiador do sistema de saúde brasileiro. O presente estudo

(3)

Montes Claros, v.9, n.1 – jan./jun. 2007

descreve o perfil de morbidade da população da região norte do estado de Minas Gerais nos anos de 1997, 2001 e 2006 a partir dos dados do SIH/SUS. Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo sobre morbidade em que foram apresentadas séries temporais com dados referentes às principais causas de internações hospitalares da Macro-Região Norte do Estado de Minas Gerais, obtidas através do Sistema de Informação Hospitalar (SIH/SUS) do Ministério da Saúde para os anos de 1997, 2001 e 2006 escolhidas aleatoriamente. Não há, portanto, intenção de testar hipóteses, embora no contexto da interpretação dos resultados obser vados levantasse-se algumas hipóteses explicativas. Na presente investigação, o Norte de Minas Gerais refere-se a 86 municípios jurisdicionados pela Gerência Regional de Saúde – GRS de Montes Claros, utilizada pela Secretaria Estadual de Saúde para o planejamento Macro- Regional com população estimada em 1.371.187 no ano de 1997, em 1.477.597 no ano de 2001 e 1.544.268 no ano de 2006 de acordo com o site www.datasus.gov.br/tabnet.

O banco de dados utilizado foi construído com informações do SIH/SUS, a partir da consulta ao site www.datasus.gov.br/tabnet., acessado de janeiro de 2005 a julho de 2008. Os dados foram tabulados por grupos de causas de internação, por faixa etária e por sexo. As faixas etárias estudadas foram: menores de 1 ano, de 1 a 9, de 10 a 19, de 20 a 39, de 40 a 59 e maiores de 60 anos de idade. As causas foram definidas com base na CID-9, para o ano de 1997 e CID-10 para os anos de 2001 e 2006. Os efeitos da

mudança de CID -9 para CID-10 não interferiram na investigação, pois as comparações foram feitas analisando-se os grupos de causas, sem detalhar o diagnóstico específico, nos quais foram identificadas as maiores mudanças entre o CID-9 e o CID-10. Não foi possível o cálculo das taxas de internações, uma vez que a cobertura do SUS não é completa, impossibilitando a identificação da população sob risco (denominador) para este cálculo. Desse modo foram consideradas as internações proporcionais, aquelas para as quais o denominador é o total das internações no local e ano considerados. É possível que uma mesma pessoa seja internada mais de uma vez no mesmo ano; sendo assim, o número de internações ode exceder o número de pessoas internadas no local e ano considerados.

A presente avaliação, por tratar-se de análise secundária de banco de dados, de pacientes não identificados, segue todos os princípios de ética contidos na Declaração de Helsinque, preservando a confidencialidade das fontes de informação.

Resultados

O número de internações no Norte de Minas em 1997, 2001 e 2006 foi, respectivamente: 106.337, 100.297 e 101.610. As causas mais comuns de internação nesses anos foram as internações por gravidez, parto e puerpério. Em segundo lugar, em 1997 e 2001 estavam as internações por doenças do aparelho respiratório e em terceiro aquelas por doenças do aparelho circulatório. Em 2006 as doenças do aparelho circulatório foram a segunda causa mais freqüente de internações, e as enfermidades do aparelho respiratório a terceira (Tabela 01).

(4)

Tabela 01

Internações por grupo de causas em 1997, 2001 e 2006.

As mulheres foram maioria nas internações hospitalares em 1997, 2001 e 2006, com aproximadamente dois terços das internações. As complicações da gravidez, parto e puerpério e as doenças do aparelho geniturinário foram as que mais

contribuíram para a predominância feminina. As doenças do aparelho geniturinário também foram percentualmente importantes no sexo feminino. Causas externas foram importante fator de morbidade para o sexo masculino. (Tabela 02) Tabela 02

Internações por sexo e grupo de causas em 1997, 2001 e 2006.

A análise quanto à faixa etária, no ano de 1997, demonstrou que, nas crianças menores de nove anos, as doenças do aparelho respiratório e as doenças infecto-parasitárias são as que mais contribuem para as internações hospitalares. Dos 10 aos 19 anos destacaram-se as complicações da gravidez, parto e puerpério que se tornaram as causas precípuas, sendo que doenças do aparelho respiratório ocuparam a segunda colocação. Dos 20 aos 39 anos as primeiras

causas continuaram sendo as complicações relacionadas à gravidez, parto e puerpério, enquanto as segundas causas passaram a ser as doenças do aparelho geniturinário. Depois dos 40 anos, a primeira, segunda e terceira causas foram, respectivamente, doenças do aparelho circulatório, doenças do aparelho respiratório e doenças do aparelho digestivo. (Tabela 03)

(5)

Montes Claros, v.9, n.1 – jan./jun. 2007

Tabela 03

Proporção de Internações Hospitalares segundo faixa etária no Norte de Minas Gerais – 1997.

Na análise da morbidade hospitalar no ano de 2001, segundo faixa etária, obser vou-se que, entre as crianças menores de um ano, as doenças do aparelho respiratório, algumas afecções originadas no período perinatal e doenças infecciosas e parasitárias foram, nessa ordem, as que mais contribuíram para as internações hospitalares. Na faixa etária de 1 a 9 anos as doenças do aparelho respiratório e algumas doenças infecciosas e parasitárias continuaram sendo os principais motivos de internação. Dos 10 aos 19 anos, as complicações relacionadas a gravidez, parto e puerpério foram as mais prevalentes e as lesões e

envenenamentos (causas externas) a segunda na ordem dos motivos de internação. Na faixa etária dos 20 aos 39 as duas principais causas foram as complicações da gravidez, parto e puerpério e as doenças do aparelho geniturinário. Dos 40 aos 59 anos predominaram as doenças do aparelho circulatório e, em segundo lugar, as do aparelho digestivo. Na população acima de 60 anos as internações mais prevalentes continuaram sendo as doenças do aparelho circulatório e, em segundo lugar, as enfermidades do aparelho respiratório. (Tabela 04)

(6)

Tabela 04

Proporção de Internações Hospitalares segundo faixa etária no Norte de Minas Gerais - 2001.

Em 2006, entre os menores de 1 ano, predominaram as doenças do aparelho respiratório e algumas afecções do período neonatal. De 1 a 9 anos, a primeira causa persistiu, relacionada ao aparelho respiratório, mas as causas externas, lesões e envenenamentos ocuparam o segundo luga r, permanecendo aí também dos 10 aos 19 anos, quando a primeira causa passou a ser relacionada a

gravidez, parto ou puerpério. Dos 20 aos 39, as causas relacionadas ao aparelho digestivo ocuparam a segunda colocação e permaneceram como a principal causa de internações a gravidez, parto e puerpério. A partir dos 40 anos as causas relacionadas ao aparelho circulatório passaram a ser a causa mais freqüente de internação. (Tabela 05)

(7)

Montes Claros, v.9, n.1 – jan./jun. 2007

Tabela 05

Proporção de Internações Hospitalares segundo faixa etária no Norte de Minas Gerais - 2006.

Discussão

O SIH/SUS é caracterizado como um modelo de financiamento do tipo prospectivo, fundamentado na estimativa de custos médios aplicados a uma unidade determinada (caso ou procedimento) e tendo uma base de cálculo pré-definida. O sistema esta apoiado no conceito de que os pacientes apresentam características homogêneas, quanto a variáveis demográficas, sociais e clínicas. Portanto, reúne os pacientes em grupos conforme suas semelhanças e características. Também utilizado pelo Medicare, nos Estados Unidos, onde é denominado de Diagnosis Related Group (DRG), o mecanismo de pagamento fixo por procedimentos classifica os pacientes internados por grupos homogêneos, de acordo com o volume de recursos que consomem durante a sua permanência no hospital (MENDES; SILVA; MEDEIROS et. al., 2000). Os dados referentes às internações e ou emergências nem sempre são facilmente disponíveis, pois, muitas vezes, dependem

de estudos específicos (GAWRYSZEWSKI; KOIZUMI; MELLO-JORGE, 2004).

As principais causas de internação no Brasil, por meio do Sistema Único de Saúde, devem-se à gravidez, parto e puerpério, doenças do aparelho respiratório e do aparelho circulatório (CARMO; BARRETO; SILVA- JUNIOR, 2003; TOYOSHIMA; ITO; GOUVEIA, 2005). A morbidade materna é responsável por grande número de internações. No Brasil, aproximadamente 25% das hospitalizações são devido a partos ou a complicações relacionadas (www.datasus.gov.br/ tabnet). Isto faz com que as taxas de internação do sexo feminino sejam bem mais elevadas que as dos homens (LAURENTI; MELLO-JORGE; GOTLIEB, 2005). O mesmo foi averiguado para o Norte de Minas, onde cerca de dois terços das internações ocorreram por causas femininas, e gravidez, parto e puerpério representaram, isoladamente, cerca de um terço de todas as internações, observando-se apenas algumas diferenças dentro dos dez principais grupos de causas.

(8)

A CID-10 renomeou o capítulo XV, de “complicações relacionadas a gravidez, parto e puerpério” para “gravidez, parto e puerpério”, adicionou três novos agrupamentos e trinta categorias. Verificaram-se amplas modificações da CID-10, em relação à CID-9, no que tange aos agrupamentos e às categorias, com uma melhor classificação das causas referentes ao capítulo de saúde materna (Capítulo XV) (LAURENTI; BUCHAL A, 1997). Não constituiu objetivo deste trabalho analisar causas detalhadas dentro dos grupos. Portanto, essas modificações não interferiram nas análises dos resultados apresentados. O número de internações relacionadas a gravidez, parto e puerpério vem diminuindo, mas a grande freqüência de internações relacionadas a este capítulo da CID-10 merece ser destacada. Em São Paulo, os partos responderam por 83,5% e os abortos cerca de 10% em 1995 (SORRENTINO; LEBRÃO, 1998). As condições de morbidade materna grave associadas a gravidez, parto e puerpério podem representar eventos sentinela ao óbito materno, permitindo melhor estudar e identificar as situações predisponentes para o mesmo (SOUZA; CECAT TI; HARDY et al, 2006) .

As doenças do aparelho respiratório são a segunda causa de internação no Brasil (TOYOSHIMA; ITO; GOUVEIA, 2005), mas a diferença entre esta e as causas circulatórias vêm reduzindo continuamente desde 1998, quando a diferença percentual era 7,86%, atingindo em 2005 uma diferença de 3,35%. Em Minas Gerais, São Paulo e no Rio de Janeiro, em 2005, as causas circulatórias já haviam ultrapassado as respiratórias em número de internações (www.datasus.gov.br/tabnet). O mesmo pode ser dito para o Norte de Minas em 2006, com doença por causas circulatórias sendo mais freqüentes que aquelas respiratórias. Essa mudança pode refletir melhorias das condições sócio -sanitárias e preventivas.

As internações devidas às doenças infecciosas e parasitárias passaram da quarta para a quinta colocação na ordem das causas entre os anos de 1997 e 2001, e retornaram à quarta colocação em

2006 em Minas Gerais. Isso sugere que, a despeito dos progressos das políticas públicas de saneamento e do acesso da população aos ser viços de saneamento básico, a melhoria nos dados de morbidade ainda não ocorreu. As doenças infecciosas ainda representam um impacto importante sobre a morbidade, como visto nos indicadores de morbidade hospitalar, principalmente por aquelas doenças para as quais não se dispõe de mecanismos eficazes de prevenção e controle (CARMO; BARRETO; SILVA-JÚNIOR, 2003). Há que se considerar que a infra-estrutura de saneamento no país ainda é desigual, estando concentrada nas áreas urbanas e nas regiões com maior desenvolvimento. Em São Paulo e no Rio de Janeiro (www.datasus.gov.br/ tabnet), as doenças infecciosas e parasitárias representam percentual menor entre as causas de internação quando comparados com o Norte de Minas.

As internações por doenças do aparelho digestório foram a quinta causa em 1997 e 2006 e a quarta em 2001. O oposto ocorreu com as doenças infecciosas e parasitárias. As doenças endócrinas em 1997 ocuparam o 8º lugar e em 2001 e 2006 ocuparam o 10º.

As internações por causas externas foram a sétima causa nos anos de 1997, 2001 e 2006 e representaram respectivamente 5,51%, 5,52 % e 6,35% das internações nestes anos. Estas causas têm grande impacto na morbimortalidade no Brasil (GAWEYSZEWSKI; KOIZUMI; MELLO -JORGE, 2004). As neoplasias ocuparam o 10º lugar em 1997, o 9º em 2001, e 8º em 2006 no Norte de Minas, o que pode ser resultante do aumento da incidência das neoplasias, do maior número de recursos hoje disponíveis para os pacientes oncológicos na região e de uma melhor cobertura nos dados epidemiológicos. No Brasil desde 1998, as neoplasias aumentam de modo linear, passando de 2,92% das causas em 1998 para 5,26% em 2005 (www.datasus.gov.br/tabnet). No mundo, há também uma tendência de acréscimo na incidência das neoplasias (BOING; VARGAS; BOING, 2007).

(9)

Montes Claros, v.9, n.1 – jan./jun. 2007

De modo geral, as mulheres utilizam mais os serviços de saúde do que os homens. Esse diferencial explica-se em parte pelas variações no perfil de necessidades de saúde entre os sexos, incluindo-se as demandas associadas à gravidez e ao parto (PINHEIRO; VIACAVA; TRAVASSOS, 2002). Dos dez grupos de causas analisadas, em 1997, as mulheres estiveram em maior número em sete delas. Em 2001, em metade das causas predominaram os homens e na outra metade as mulheres. Em 2006, também entre as dez primeiras causas e em número absoluto, as mulheres foram maioria em 4 delas. A despeito da redução da predominância feminina entre os grupos de causas, a maior prevalência de internações no sexo feminino permanece.

Considerando as internações por causas respiratórias e circulatórias, em números absolutos, as mulheres foram maioria em 1997. Em 2001, elas permaneceram maioria nas causas circulatórias e, em 2006, os homens foram maioria nas duas causas. Nos três anos analisados as mulheres foram maioria nas doenças do aparelho geniturinário e os homens nas causas externas, lesões e envenenamentos. No Brasil e no mundo, de uma maneira geral, enquanto nas análises de morbidade as mulheres predominam em diversas causas, naquelas de mortalidade os homens são preponderantes (PINHEIRO; VIACAVA; TRAVASSOS, 2002). A predominância de internações por causas externas entre os homens, sugere a necessidade de investigações neste estrato, visto que os acidentes podem deixar seqüelas e causar sofrimento aos pacientes e seus familiares. Estudos sobre diferenças de gênero na saúde em sociedades industrializadas apontam que, embora vivam mais que os homens, as mulheres apresentam mais morbidade, problemas psicológicos e utilizam mais ser viços de saúde (PINHEIRO; VIACAVA; TRAVASSOS, 2002).

As causas de internação por faixa etária no norte de Minas são semelhantes às causas no Brasil em geral. A análise demonstrou que abaixo de nove anos predominaram as internações por doenças respiratórias, infecciosas e parasitárias e aquelas originadas no período neonatal. Dos 10 aos 39 as

afecções relacionadas a gravidez, parto e puerpério foram mais de 50% das causas de internação. A partir dos 40 anos, tanto no Brasil, quanto na macro-região analisada, as causas circulatórias passam a ser as mais freqüentes (www.datasus.gov.br/tabnet).

A morbidade relacionada a doenças do aparelho respiratório entre idosos reduziram devido a medidas preventivas (COSTA; GUERRA; BARRETO, 2000). No estado de São Paulo, de 1995 a 2002 também verificou-se a redução das internações relacionadas a essa causa (FRANCISCO; DONALÍSIO; LATORRE, 2004). Algumas hipóteses foram levantadas para explicar essa tendência, sendo a principal a intervenção vacinal contra influenza a partir de abril de 1999, determinante mais evidente, mesmo considerando -se as variadas etiologias das infecções respiratórias entre os idosos (FRANCISCO; DONALÍSIO; LATORRE, 2004). A continuidade da avaliação da tendência da morbidade e mortalidade do idoso nos próximos anos, na região Norte de Minas Gerais, poderá contribuir para a verificação mais consistente acerca do impacto das campanhas vacinais. Em poucos anos, esses dados poderão refletir mais claramente os benefícios da imunização contra a influenza na população idosa.

Conclusões

O presente trabalho constitui um esforço para realizar de forma sistemática o diagnóstico de saúde da população do norte de Minas Gerais, utilizando- se informações existentes nos bancos de dados nacionais sobre internações hospitalares. As vantagens de estudos como este são o seu baixo custo, a possibilidade de inferência para a região e comparações ao longo do tempo. Por outro lado, os dados fornecidos pelo SIH/SUS são limitados ao ser viço público, pois não existe no país um documento único padronizado para se declarar o motivo da internação ou o diagnóstico de saída. Há que se considerar também que, para a morbidade, estudam-se as lesões como diagnóstico principal e os tipos do acidente/violência que as produziram como causa associada; para a mortalidade, os tipos

(10)

de acidente e violências é que aparecem como causa básica e as lesões como causa associada (MELLO- JORGE; LAURENTI, 1997). Além disso, deve-se considerar a ausência de um denominador adequado para o cálculo das taxas de internações hospitalares públicas, uma vez que a cobertura do SUS não é completa (MELLO -JORGE, 2004). Apesar dessas limitações, os resultados do presente trabalho mostram consistência interna e coerência com os conhecimentos existentes sobre a população Norte- mineira, reforçando a necessidade de maior utilização das informações existentes sobre essa população. As principais causas de internações hospitalares foram: causas maternas, doenças do aparelho respiratório e circulatório, segundo dados do DATASUS. Verificou-se, de um modo geral, uma tendência de morbidade próxima à observada no país. Os resultados encontrados podem nortear as inter venções sobre o processo saúde-doença da população norte-mineira. É fundamental que exista um trabalho contínuo de investigação e análise da situação de saúde desta região e que ela seja, cada vez mais, considerada na política e no processo de gestão da saúde. Portanto, são necessárias investigações mais profundas sobre as condições de saúde dessa população, suas demandas por atenção e promoção à saúde e o montante necessário para atender a essas demandas.

Agradecimentos

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, que forneceu os recursos financeiros necessários para realização deste trabalho, através do edital conjunto FAPEMIG/SUS 01/2003, sob o termo de outorga nº EDT 1763/2003.

Referências Bibliográficas

AMARAL, E.; LUZ, A.G.; SOUZA, J.P.D. A morbidade materna grave na qualificação da assistência: utopia

ou necessidade? Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Rio de Janeiro, v. 29, n.9, p. 484-489, janeiro de 2007.

BOING, A.F.; VARGAS, S.A.L.; BOING, A.C. A carga das neoplasias no Brasil: mortalidade e morbidade hospitalar entre 2002-2004. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v.53,n.4, p. 317-322, jul./ago. 2007. CARMO, E.H.; BARRETO M.L.; SILVA JUNIOR, J.B. Mudanças nos padrões de morbimortalidade da população brasileira: os desafios para um novo século. Epidemiologia e Ser viços de Saúde, Brasília, v.12, n.2, p. 63-75, junho de 2003.

CESAR, C.L.G.; L AURENTI, R.; BUCHAL A, C.M.; FIGUEIREDO, G.M.; CARVALHO W.O.; CARATIN, C.V.S. Uso da Classificação Internacional de Doenças em inquéritos de saúde. Revista Brasileira de Epidemiologia, Rio de Janeiro, v. 4, n.2, p. 120-130, agosto de 2001.

COSTA, M.F.F.; GUERRA, H.L.; BARRETO, S.M., GUIMARÃES, R.M. Diagnóstico da situação de saúde da população idosa brasileira: um estudo de mortalidade e das internações hospitalares públicas. Informe epidemiológico do SUS, Brasília, v. 9, n.1, p. 23-41, março de 2000.

FRANCISCO, P.M.S.B.; DONALÍSIO, M.R.; L ATORRE, M.R.D.O. Internações por doenças respiratórias em idosos e a intervenção vacinal contra influenza no Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Epidemiologia, Rio de Janeiro, v.7, n.2, p. 220-227, junho de 2004.

GAWRYSZEWSKI, V.P.; KOIZUMI, M.S.; MELLO JORGE, M.H.P. As causas externas no Brasil no ano 2000: comparando a mortalidade e a morbidade. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.20, n.4, p. 995-1003, julho/agosto de 2004.

LAURENTI, R.; BUCHALA, C.M. Indicadores da saúde materna e infantil: implicações da décima revisão da Classificação Internacional de Doenças. Revista

(11)

Montes Claros, v.9, n.1 – jan./jun. 2007

Panamericana Salud Publica/ Pan American Journal Public Health, Washington, v.1, n.1, janeiro de1997. MELLO JORGE, M.H.P.; L AURENTI, R. Apresentação. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v.31, n. 4, suppl 1-4, agosto de 1997.

LAURENTI, R.; MELLO JORGE, M.H.P.; GOTLIED, S.L.D. A Confiabilidade dos dados de mortalidade e morbidade por doenças crônicas não transmissíveis. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.9, n.4, p. 909-20, dezembro de 2004.

LAURENTI, R.; MELLO JORGE, M.H.P.; GOTLIEB S.L.D. Perfil epidemiológico da morbi-mortalidade masculina. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.10, n.1, p. 35-46, janeiro/março de 2005. MELLO JORGE, M.H.P. A saúde no Brasil: análise do período de 1996 a 1999. In.: MELLO JORGE, M.H.P.; GOTLIEB, S.L.D.; L AURENTI, R. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2001.

MELLO JORGE, M.H.P.; KOIZUMI, M.S. Gastos governamentais do SUS com internações hospitalares por causas externas: análise no Estado de São Paulo, 2000. Revista Brasileira de Epidemiologia, Rio de Janeiro, v.7, n.2, p. 51, junho de 2004.

MENDES, A.C.G.; SILVA JR, J.B.; MEDEIROS, K.R.; LYRA, T.M.; MELO FILHO D.A.; SÁ, D.A. Avaliação do

Sistema de Informações Hospitalares SIH-SUS como fonte complementar na vigilância e monitoramento de Doenças de Notificação Compulsória. Informe Epidemiológico do SUS, Brasília v. 9, n. 2, p. 67-86, junho de 2000.

PINHEIRO, R.S.; VIACAVA, F.; TRAVASSOS, C.; BRITO, A.S. Gênero, morbidade, acesso e utilização de ser viços de saúde no Brasil. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 7, n. 4, p. 687-708, 2002. SORRENTINO, S.R.; LEBRÃO, M.L. Os abortos no atendimento hospitalar no Estado de São Paulo, 1995. Revista Brasileira de Epidemiologia, Rio de Janeiro, v.1, n.3, p. 256-267, dezembro de 1998. SOUZA, M.H.; CECAT TI, J.G,; HARDY, E.E.; AMARAL, E.; SOUZA, J.P.D,; SERRUYA, S. Sistema de informação em saúde e monitoramento de morbidade materna grave e mortalidade materna. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil Recife, v.6, n.2, p. 161-168, abril/junho de 2006.

TO YOSHIMA, M. T.K.; ITO, G.M.; GOUVEIA N. Morbidade por doenças respiratórias em pacientes hospitalizados em São P aulo/S P. Revista da Associação Médica Brasileira , São Paulo, v.51, n.4, p. 209-13, julho/agosto de 2005.

www.datasus.gov.br/tabnet (acesso de janeiro de 2005 a julho 2008).

Referências

Documentos relacionados

Em seguida aborda-se estresse e seu contexto geral: tipologias de estresse, estresse ocupacional, fontes de tensão no trabalho, sintomas de estresse, estratégias de

Um ambiente, interface dentro deste site, uma plata- forma para denúncias e até mesmo para tirar dúvidas, porque pode ter pro- blemas no seu setor que não seja assédio moral, se for

Assim, o presente trabalho surgiu com o objetivo de analisar e refletir sobre como o uso de novas tecnologias, em especial o data show, no ensino de Geografia nos dias atuais

Essas informações são de caráter cadastral (técnico responsável pela equipe, logradouro, etc.), posicionamento da árvore (local na rua, dimensões da gola, distância da

O objetivo deste trabalho foi realizar o inventário florestal em floresta em restauração no município de São Sebastião da Vargem Alegre, para posterior

xii) número de alunos matriculados classificados de acordo com a renda per capita familiar. b) encaminhem à Setec/MEC, até o dia 31 de janeiro de cada exercício, para a alimentação de

Objetivou-se com esse trabalho avaliar a ação cicatrizante de extrato etanólico de própolis verde em lesões cutâneas com presença e ausência de Staphylococcus