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Um Salto no Futuro no Ensino da Administração de Medicamentos: Desenvolvimento de um Programa Instrucional Auxiliado pelo Computador

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Um Salto no Futuro no Ensino da Administração de

Medicamentos: Desenvolvimento de um Programa

Instrucional Auxiliado pelo Computador

Silvia Helena De Bortoli Cassiani1

Flavia Borges da Silva Benfati2

Carlos Alberto Seixas3

Resumo - O estudo apresentou o desenvolvimento de um programa

instrucional pelo computador sobre administração de medicamentos, buscando facilitar programas de educação profissional sobre esse as-sunto. O programa apresenta cinco módulos: 1. Introdução Geral, 2. Evitando Erros, 3. Vias, Materiais e Intervenções, 4. Possíveis Compli-cações, 5. Orientações aos Profissionais, além do módulo de encerra-mento. O sistema totaliza 27 tópicos de estudo, 57 testes de conheci-mento, 17 vídeos e 34 fotos. A avaliação foi efetuada por 24 alunos e seis docentes do Curso de Graduação em Enfermagem através de ins-trumentos de avaliação. Os resultados estiveram entre bom e ótimo, com alguns conceitos razoáveis. Concluiu-se que este estudo represen-tou um salto no ensino em saúde e uma inovação tecnológica.

Abstract - Not only the physical distance of the student to the teacher

characterizes Long Distance Learning (LDL), but also the need of any kind of communication between them. This communication must be provided by some kind of technology. Nowadays the world wide web appears as the best tool to assure this communication, through educati-onal interactive applications. Workflow Modeling has proven to be an appropriate tool to model LDL courses, representing, specifying clearly all the activities to be executed, their relationships and the agents res-ponsible for their execution. This paper presents a method to be used in LDL courses modeling. The complete workflow to be followed with the aim of creating a new course (authoring workflow) is also presented.

Palavras-chaves - Ensino por computador, software, enfermagem.

Key-words - Computer literacy, software, nursing.

1 C

ONSIDERAÇÕES INICIAIS

Dentre as várias atividades cotidianas das enfermeiras e pessoal de enfermagem no cuidado de pacientes ou clientes sob sua responsabilidade, encontra-se a atividade terapêutica ligada aos medicamentos. Ocorre em

1 Enfermeira. Professora Associada do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP. 2 Analista de Sistemas. Bolsista de Capacitação Técnica III da FAPESP.

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diversas situações e locais, particularmente em far-mácias, ambulatórios, hospitais, clínicas e no domicí-lio. É praticada por profissionais, ocupacionais e também por práticos e leigos.

Para que o medicamento seja administrado ao paci-ente, é necessário o desenvolvimento de várias fases, sendo que algumas destas envolvem outros profissio-nais, além da enfermeira: médicos, farmacêuticos e auxiliares de enfermagem. Essas fases são a prepara-ção e administraprepara-ção, que incorporam os estágios de prescrição, distribuição ou dispensação, transcrição e administração propriamente dita.

Para tanto, esses profissionais baseiam-se em rituais profissionais e pessoais, conhecimentos técnicos e científicos, procedimentos e rotinas hospitalares e nas recomendações padronizadas pela instituição. As enfermeiras e pessoal da equipe de enfermagem estão no ponto final do sistema que se iniciou no momento da prescrição médica. Todavia, a população tem re-cebido medicações, não somente de enfermeiras, mas de auxiliares, técnicos de enfermagem e também de balconistas de farmácias que atuam, muitas vezes sozinhos, em uma organização nem sempre preocu-pada com a qualidade do cuidado à saúde que presta nem com a formação e desenvolvimento dos seus recursos humanos.

Estudos têm comprovado que complicações pós-administração de injetáveis ocorrem muitas vezes devido ao despreparo do pessoal, à falta de recicla-gem e educação em serviço, ao escasso conhecimento acerca da farmacologia, fisiologia e anatomia e, con-seqüentemente, à não observância dos procedimentos técnicos (Takakura, 1988; Oliveira & Cassiani, 1997; Rangel & Cassiani, 1997).

Falhas no processo de administração de medicamen-tos podem ocorrer em qualquer fase, desde a prescri-ção do medicamento até o registro da medicaprescri-ção mi-nistrada. A preocupação com os riscos potenciais, principalmente em decorrência aos erros, bem como estratégias para minimizá-los, tem merecido a aten-ção de vários pesquisadores e institutos, ativos em buscar formas de minimizar os erros (Booth, 1994).

Embora novas tecnologias estejam sendo desenvolvi-das, é o fator humano que está nas duas pontas do sistema de administração de medicamentos: o paci-ente e o profissional. As deficiências de

conheci-mento ou na execução do procediconheci-mento (ou ambos), constituem as causas de muitos erros (Cohen & Sen-ders, 1994).

Entre as várias condutas a serem tomadas para preve-ni-los, a mais importante é, sem dúvida, a educação, não se limitando somente à educação em serviço, função da instituição empregadora, mas também àquela relativa à formação profissional.

A literatura tem demonstrado uma correlação entre conhecimentos acerca dos medicamentos e a frequên-cia ou severidade de erros, sugerindo que enfermeiras responsáveis pela administração de medicamentos e ensino dos pacientes nem sempre possuem uma base de conhecimento adequada para cumprir essas res-ponsabilidades (Boggs, Brown-Molnar , Delapp, 1988).

Buscando intervir e contribuir com a formação e reci-clagem de conhecimentos de profissionais e alunos que atuam na administração de medicamentos, este estudo foi desenvolvido tendo por pressupostos: que a educação em serviço é um ponto que deve ser conti-nuamente desenvolvido, que formas inovadoras de aprendizagem que possibilitem o estudo individual acerca da administração de medicamentos, embora necessárias, são praticamente inexistentes e que a tecnologia da computação pode e deve ser aplicada na educação e formação dos profissionais da saúde.

Assim, o objetivo desse estudo foi apresentar o des-envolvimento de um programa instrucional pelo computador (software educacional) sobre administra-ção de medicamentos, para ser utilizado como recur-so auxiliar do ensino, tanto em programas de educa-ção continuada, como nos programas formais de pre-paração de profissionais.

2 D

ESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA

O desenvolvimento do Programa Instrucional pelo Computador – Administração de medicamentos, uti-lizou o modelo de três estágios de desenvolvimento de Programas CAI apresentado por Price (1991) e Steinberg (1991), cujos estágios são:

Planejamento Inicial - Seleção do tópico, análi-se do conteúdo, caracterização da população-alvo, formulação de metas, elaboração das tarefas instrucionais, elaboração dos objetivos,

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determi-nação de categorias aplicáveis de conhecimento, geração de medidas de avaliação, análise de re-cursos.

Planejamento e Desenvolvimento do Conteúdo Instrucional - Desenvolvimento do conteúdo, planejamento do formato do conteúdo, planeja-mento dos eventos de instrução, avaliação e revi-são, condução das avaliações, planejamento para manutenção e atualização, documentação.

Adicionalmente, as diretrizes para criar softwares educacionais propostos por Chabay & Sherwood (1992) foram também consultadas. Importa, ainda, destacar o referencial teórico empregado em todas as fases de construção desse programa.

Para Oliveira et al. (1987) todo software educacional reflete necessariamente uma concepção de ensino e aprendizagem, resultante de uma visão filosófica da relação sujeito-objeto. Dessa forma, concordando com essa afirmação, acredito que o desenvolvimento de um programa instrucional pelo computador não é somente baseado no desenvolvimento da tecnologia, experiências ou conteúdos instrucionais. Nesse senti-do, referenciais teóricos da área da educação podem e devem embasar, dirigir e orientar a construção desses programas instrucionais.

Dentre os vários referenciais teóricos da área da edu-cação, foram seguidas as diretrizes apresentadas por Robert M. Gagné. Vale ressaltar, entretanto, que no material consultado, não há abordagem da instrução auxiliada pelo computador, mas da aprendizagem de forma geral.

A aprendizagem, definida como um “processo do qual são capazes o homem e outros animais. Envolve a interação com o ambiente externo e ocorre quando há uma mudança ou modificação no comportamento, mudança que permanece por períodos relativamente longos durante a vida do indivíduo”(Gagné, 1980), ocorre através de oito eventos, alguns desses internos e outros externos aos alunos. Os eventos internos são denominados processos de aprendizagem e os even-tos externos são as coisas observáveis, ou seja, estí-mulos que atingem o aluno e a sua resposta.

Os oito eventos ou fases da aprendizagem são deno-minados: fase de Motivação, fase de Apreensão, fase de Aquisição, fase de Retenção, fase de

Rememora-ção, fase de GeneralizaRememora-ção, fase de Desempenho e fase de Feedback.

Esses oito eventos da instrução são comparados nas três formas de ensino: instrução em grupo, instrução através do tutoramento e aprendizagem individual e apresentados no quadro 1.

A instrução auxiliada pelo computador usa eventos mais dirigidos à instrução através de tutoramento, daí a modalidade tutorial. A diferença está no aspecto de ativar a motivação, exercida primeiramente pelo pro-fessor e, a seguir, pelo próprio programa, daí a im-portância da qualidade do software.

Nota-se que o tutor apresenta o mesmo grupo de eventos. Entretanto, a capacidade do aluno de tomar decisões quanto à sua aprendizagem é considerada e dirigida pelo tutor, que proporciona orientação e soli-cita o seu desempenho, quando ele se encontra prepa-rado e capaz de fornecer feedback. O software educa-tivo, pode agir como um tutor do aluno, individual-mente ou em grupo.

Discorremos agora acerca do planejamento e desen-volvimento do programa instrucional auxiliado pelo computador.

2.1 E

STÁGIO

1: P

LANEJAMENTO

I

NICIAL

2.1.1 A ESCOLHA DO TÓPICO - MOTIVAÇÃO

A motivação inicial surgiu da experiência como do-cente de curso de graduação e pós-graduação em enfermagem O conhecimento do tipo de estudante a quem o programa seria destinado, o que deveriam aprender na disciplina e como o computador poderia oferecer em termos de conteúdo foram decisivos para o planejamento. Autores individuais devem procurar trabalhar dentro de sua área de ensino pela familiari-dade com o conteúdo da disciplina e as necessifamiliari-dades dos estudantes naqueles campos (Price 1991).

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Evento da instrução Instrução em grupo Instrução através de tutoramento

Aprendizagem Individual

Ativar motivação O professor estabelece uma

motivação comum

O tutor descobre uma moti-vação individual

O estudante provê sua própria motivação

Informar o estudante a respeito do objetivo

O professor comunica o ob-jetivo ao grupo

O tutor comunica o objetivo ao estudante

O estudante confirma ou seleciona o objetivo

Estimular a rememoração O professor estimula a

aten-ção dos membros do grupo

O tutor adapta a estimulação à atenção do estudante

O estudante adota um con-junto de atenção

Estimular a rememoração O professor solicita a

reme-moração, que é feita por membros do grupo

O tutor verifica a recordação dos elementos essenciais

O estudante recupera ele-mentos essenciais

Orientar a aprendizagem O professor proporciona

indícios ou pistas aos grupos

O tutor proporciona orienta-ção, somente quando necessá-rio

O estudante provê suas pró-prias estratégias

Intensificar a retenção O professor proporciona

pistas para a recuperação ao grupo

O tutor encoraja o estudante a utilizar suas próprias pistas para recuperação

O estudante supre suas pró-prias pistas para recuperação

Promover a transferência O professor proporciona

tarefas de transferência para todos os membros

O tutor dá tarefas de transfe-rência adaptadas às capacida-des dos estudantes

O estudante formula genera-lizações

Avaliar o desempenho O professor utiliza um teste

para avaliar os desempenhos dos membros do grupo

O tutor solicita o desempenho quando o estudante está pre-parado

O estudante avalia seu pró-prio desempenho

Fornecer feedback (co-nhecimento dos resulta-dos)

O professor fornece feedback aos alunos, variando quanto às necessidades imediatas e à precisão

O tutor fornece feedback preciso e imediato

O estudante provê o seu pró-prio feedback

Quadro 1 - Comparação dos eventos da instrução para três formas de ensino: instrução em grupo, instrução através de tutoramento e aprendizagem individual

2.1.2 ANÁLISE DO CONTEÚDO

Foram fixados cinco módulos com as seguintes de-nominações: Módulo I: Introdução Geral; Módulo II: Evitando erros; Módulo III: Vias, materiais e inter-venções; Módulo IV: Possíveis complicações; e Mó-dulo V: Orientações aos profissionais.

2.1.3 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO - ALVO

O programa foi delineado para ser utilizado no ensino de estudantes do curso de graduação em enfermagem, em cursos de educação continuada do pessoal de enfermagem: nível médio e superior e em outros cur-sos profissionais.

O programa pressupõe que o estudante já tenha co-nhecimentos de anatomia, fisiologia, microbiologia e farmacologia, ainda que iniciais; está destinado, por-tanto, a estudantes que tiveram esse conhecimento em outras disciplinas.

Não são necessárias habilidades no uso do computa-dor, além das básicas de ligar/desligar a máquina e usar o mouse. Entretanto, mesmo o estudante que não tenha esses pré-requisitos, pode utilizar o equipa-mento, já que o mesmo requer procedimentos simples para sua execução, apresentando orientações para instalação e execução.

2.1.4 FORMULAÇÃO DE METAS

Objetivos instrucionais foram planejados em termos do comportamento esperado do estudante, ou seja, o de fornecer aos alunos um entendimento claro acerca do que era esperado de cada um deles, após comple-tar os módulos.

Para tanto, os objetivos instrucionais de cada módulo, foram, conseqüentemente, inseridos no conteúdo do programa, conforme apresentado no quadro 2.

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OBJETIVOS INSTRUCIONAIS

Módulo 1 - Introdução geral

Diferenciar remédio de medicamento

Identificar e definir a apresentação dos medicamentos Identificar as vias de administração de medicamentos Identificar a prescrição médicas: tipos e partes

Identificar os princípios gerais da administração de medicamentos Identificar as fases envolvidas no preparo das medicações Módulo 2 - Evitando erros

Classificar os erros

Identificar atos ou atitudes que possam ocasionar erros Identificar atos administrativos na ocorrência de erros Listar os procedimentos seguros para evitar erros Módulo 3: Vias, materiais e intervenções

Identificar as vantagens e desvantagens da administração de medicamentos Listar os cuidados a serem tomados

Citar os materiais necessários para administrar medicamentos

Citar os cuidados a serem tomados no preparo e na administração dos medicamentos Módulo 4 - Possíveis complicações

Identificar possíveis complicações pós injeções intramusculares Identificar as causas das complicações e cuidados para evitá-las

Quadro 2 - Objetivos Instrucionais

2.1.5 ANÁLISE DOS RECURSOS

Foram adquiridos dois microcomputadores, uma im-pressora, um scanner de mesa, uma máquina fotográ-fica digital, placa de captura de vídeo e uma torre de CD-ROM.

Foi necessária uma equipe multidisciplinar para des-envolver o projeto em questão, além dos especialistas em informática e alunos de graduação e pós-graduação em enfermagem. Dessa forma, a equipe foi composta por quatro alunos de graduação, uma en-fermeira, uma aluna de pós-graduação e dois analistas de sistema. Colaboraram, ainda, na fase de planeja-mento, uma docente do curso de graduação e dois técnicos-programadores.

2.1.6 DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE

Optou-se por utilizar o Authorware Professional ver-são 4.0, que possui um controle de avaliação sobre os exercícios realizados durante a navegação pelo siste-ma.

O sistema é composto por um módulo de abertura, cinco módulos de estudos, 57 testes de conhecimento e um módulo de avaliação final.

No módulo de abertura são apresentados os princípios básicos de administração de medicamentos, desta-cando a responsabilidade da função, ficha técnica da equipe, e, em seguida, é chamado o módulo contendo o menu principal de opções que possibilita o acesso aos outros cinco módulos de estudo e ao módulo de encerramento.

Os módulos de estudo e o seu conteúdo são os se-guintes:

Módulo I - Introdução Geral: esse módulo contém: 6 tópicos de estudo, 8 testes de conhecimentos, 4 vídeos explicativos e 5 fotos digitalizadas. O Módulo 2 - Evitando erros contém 4 tópicos de estudo; 5 testes de conhecimento, 3 vídeos explicativos e 2 fotos digitalizadas. O Módulo 3 - Vias, materiais e intervenções contém 5 tópicos de estudo, 37 testes de conhecimento, 7 vídeos explicativos e 17 fotos digi-talizadas. O Módulo 4 - Possíveis complicações

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contém 5 tópicos de estudo, 7 testes de conhecimento e 7 fotos digitalizadas. O Módulo 5 - Orientações aos profissionais contém 7 tópicos de estudo, 3 vídeos explicativos e 3 fotos digitalizadas. O sistema totaliza assim, 27 tópicos de estudo, 57 testes de conheci-mento, 17 vídeos e 34 fotos. As telas do módulo de abertura, menu de entrada e módulo 1 estão exempli-ficadas nas figuras 1, 2 e 3.

No menu de entrada, o aluno deve decidir qual dos módulos estudará. Interessa que os módulos sejam percorridos até o final; entretanto, o aluno poderá sair desse no momento em que desejar. Para iniciar a navegação no CD-ROM, porém, o usuário precisa necessariamente passar pelo módulo inicial de abertu-ra e apresentação do sistema; em seguida, são mos-tradas as opções de estudo divididas nos cinco mó-dulos.

Figura 1 - Módulo de abertura

Figura 2 - Menu de entrada

Figura 3 - Módulo 1

Esse produto está registrado sob n.º 157.046, livro 259 e folha 170 na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, desde agosto de 1998.

3 A

VALIAÇÃO

Após o desenvolvimento do programa, fazia-se ne-cessária, a avaliação do mesmo com o objetivo de proporcionar à equipe que desenvolveu o programa, um feedback em termos da necessidade de correções e aperfeiçoamentos, bem como avaliar, mesmo que em pequena escala, a repercussão do produto no ensi-no de enfermagem.

A literatura apresenta alguns estudos que avaliam o computador em termos de recurso para a aprendiza-gem (Billings, 1984, Sitting et al., 1995); entretanto, estes comparam a aprendizagem de alunos com pro-gramas CAI e outras estratégias de ensino. Esse não foi, nesse momento, o objetivo da presente avaliação. A meta futura é a de analisar e comparar o emprego desse programa instrucional com outras técnicas no ensino da administração de medicamentos.

A avaliação foi dividida em duas fases: a primeira, foi a avaliação realizada com alunos do curso de gra-duação e a segunda foi aquela realizada com os do-centes responsáveis pela disciplina cuja temática, abordada no Programa é ministrada.

Vinte e quatro alunos e seis docente participaram do processo de avaliação, através de um instrumento de avaliação com questões abertas. A maioria gastou de 45 a 75 minutos avaliando o Programa. As respostas revelaram:

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♦ Tempo razoável para uma aula interativa e deve ser sempre acompanhado do professor ou moni-tor;

♦ O tempo gasto é mínimo se comparado ao de uma aula convencional;

♦ O inicio do estudo, requer tempo maior do que a revisão;

♦ É demorado mas nem se vê a hora passar, se dis-trai e quando percebe, já se passou mais de uma hora e você ainda quer mais;

♦ Tempo grande, e uma hora não é suficiente, devi-do ao grande número de informações;

♦ É perfeito para quem está estudando, só que, para consulta, é um pouco demorado.

As críticas foram poucas, entretanto pertinentes: uma aluna comentou ter ficado indecisa ao acionar para seguir a seqüência, pois o início das instruções tinha muitas opções; outra considerou as respostas dos testes óbvias; outra aluna apontou que um teste apre-sentava uma incorreção na resposta e outra, ainda, considerou o conteúdo do módulo 4 repetitivo.

Os pontos positivos mencionados foram decorrentes da aprendizagem e da apresentação do Programa. Com relação à aprendizagem, manifestaram a possi-bilidade da auto aprendizagem com uma ampla capa-cidade de recursos audiovisuais, apropriados para o tema; cada aluno é capaz de manipular seu próprio tempo de aprendizagem, é uma técnica instrucional que complementa uma aula ou pré-lição sobre o as-sunto e serve para reforçar e ajudar a reter o conhe-cimento antes lido ou ouvido, embora tenham afir-mado que o Programa serviu como revisão do conte-údo e reforço dos conhecimentos teóricos.

Com referência à apresentação, foram vários os pon-tos positivos avaliados: linguagem clara, objetiva e simples, bom audiovisual, principalmente na escolha de cores e forma de exposição, tamanho, letras; con-sideraram a divisão por assuntos ótima, pois todos são tratados com profundidade; a apresentação de casos reais com breve estudo foi interessante e “não viu o tempo passar”.

Com referência aos pontos negativos citaram:

1. A falta de som. Seria interessante uma voz ao fundo explicando os vídeos e fotos, o que esti-mularia ainda mais o estudo;

2. Módulos extensos e dificuldades para se voltar ao menu anterior; também mais rapidez para voltar aos menus;

3. Criar um meio de se especificar o caminho a ser seguido nos tópicos, ao invés de permitir que os tópicos sejam escolhidos aleatoriamente;

4. Os testes incorretos não apresentam a resposta correta e deveria haver uma forma de a resposta correta aparecer na tela, se solicitada;

5. As telas para a leitura das explicações das fotos são pequenas;

6. Tempo longo, possibilitando a ocorrência de cansaço e desinteresse.

Realmente, tais pontos devem ser melhorados em uma nova versão. Os avaliadores também sugeriram acrescentar detalhes específicos sobre alguns medi-camentos; apresentar alguns medicamentos impor-tantes no que se referia à administração, efeitos cola-terais, interações, ações etc.; acesso automático ao próximo módulo ao término do anterior; divulgar mais o programa para outras instituições de ensino e hospitais; aumentar o tamanho das fotos.

Sugeriram aspectos interessantes: acrescentar o ende-reço eletrônico do responsável, a fim de trocar infor-mações e sugestões; realizar o estudo num ambiente sem ruídos; acrescentar a abordagem de medicações em aspectos farmacocinéticos e farmacodinâmicos, como antibióticos e antipiréticos.

A dificuldade na leitura das telas foi identificada pelos docentes, o que sugere revisão nesse aspecto. Além disso, as telas mudam de acordo com os mó-dulos, em termos de cor do fundo, embora todas te-nham o mesmo formato, com exceção das fotos. A possibilidade de renovar as telas de acordo com os assuntos ou módulos precisará ser revista.

As avaliações acima conduzidas, tanto por docentes quanto por alunos, indicaram os pontos que precisam ser aperfeiçoados para uma revisão desse material e uma nova versão. Embora considerassem o programa ótimo em alguns pontos mencionados acima, outros

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mereceram destaques porque necessitam de altera-ções. Um deles refere-se ao conteúdo dos módulos, considerados longos pela maioria; supressão de locu-ção dos textos, o que aumentaria a motivalocu-ção; escla-recimentos em todos os passos do programa – já que, para alguns, é a primeira vez que se deparam com um programa educacional nesse formato – e ampliar as imagens.

Essas avaliações levaram-nos a decidir por redigir instruções mais detalhadas, através de um manual ou no próprio programa, por ser este um aspecto impor-tante, pois o aluno poderá utilizar o programa, en-contrando as mesmas dificuldades.

O manual do usuário (professor e aluno) conterá as-pectos técnicos em relação à máquina e ao software e aspectos didáticos, como o conteúdo, os pré-requisitos, a orientação de uso, inclusive para grupos de alunos, sugestões para trabalhos e previsão do retorno contínuo de sugestões dos usuários para me-lhoria do produto, como por exemplo, através do endereço eletrônico da autora.

Destaca-se que essa avaliação realizada é denomina-da por Price (1991) – Avaliação de Campo, conduzi-da após o protótipo CAI ter sido completado, e ocorre em versões mais formais e finais. O grupo de avalia-dores deve ser verdadeiramente representativo e sele-cionados de forma aleatória e não escolhidos pelo autor.

Essa avaliação oferece ao autor a oportunidade final de encontrar os problemas e fazer as mudanças antes do estágio de implementação do programa.

Embora todos os pontos identificados mereçam con-siderações e indiquem as mudanças que serão efetua-das, numa próxima versão, importa valorizar, funda-mentalmente, o aspecto educacional e, conforme Oli-veira et al. (1987) explicitam, submeter a ele todos os demais conteúdos de apuração da qualidade e perti-nência desses softwares.

Após essa avaliação o produto tem sido utilizado em uma variedade de cursos de formação profissional: da área médica e de enfermagem, bem como cursos de técnico e auxiliares de enfermagem, sempre com avaliações positivas de docentes e alunos. A possibi-lidade do estudo a qualquer momento bem como uma revisão de conhecimentos é um aspecto positivo e

favorável para os profissionais da saúde, principal-mente aqueles responsáveis pela educação continua-da.

4 C

ONSIDERAÇÕES FINAIS

Utilizar a informática como parte da tecnologia edu-cacional é hoje uma questão de sobrevivência cultural e de tentativa de chegarmos à consciência da revolu-ção mais importante da civilizarevolu-ção humana. Não há mais questionamentos sobre a sua utilização, já que, ou a utilizamos ou “seremos recolonizados antes de nos termos libertado inteiramente de nossas arcaicas heranças coloniais, que tanto nos pesam, para avançar nos caminhos da modernidade” (Mascarenhas, 1997).

A utilização da tecnologia da informação no ensino em saúde é o ponto-chave abordado neste estudo. Importa observar que esta é uma atividade muito nova e, mesmo nos lugares mais avançados do ponto de vista da informática, ainda é incipiente e encontra-se em estágio de experimentação e deencontra-senvolvimento (Delyra, 1997). Há, entretanto, um clima de urgência em relação ao desenvolvimento da área, motivado por uma crescente noção de que o uso da tecnologia de informação será essencial para que possamos enfren-tar os desafios que se antevêem num futuro não muito distante.

Impõe-se, assim, um novo papel para o supervisor e profissional responsável pela educação continuada, o de orientador que precisará dominar a tecnologia para medir a relação do aluno com a tecnologia, ajudando-o a lajudando-ocalizar e a filtrar a infajudando-ormaçãajudando-o. A autajudando-oridade mais pedagógica que existe é aquela que não se im-põe, mas convence pelo exemplo (Demo, 1996).

O computador é um instrumento que facilita e amplia o processo de interação em todas as direções. É um instrumento de aprendizagem que pode ser bem ou mal usado, não estando restrito a certas áreas de co-nhecimento, como instrumento, não é fonte de apren-dizagem, mas um canal de comunicação por onde ela passa.

É nesse contexto que se insere este estudo cujo obje-tivo foi o desenvolvimento de um software educaobje-tivo sobre Administração de Medicamentos, constituindo um desafio, que, agora, finalmente, podemos descre-ver.

(9)

A experiência adquirida indica que uma das conveni-ências do programa é a de permitir ao aprendiz pro-gramar seus momentos de estudo. Há de se atentar, ainda, à originalidade da proposta de construção de software educativo, haja vista ser uma tecnologia em processo de introdução no Brasil, com custo ainda dispendioso e pouco material disponível; a pouca experiência em desenvolvê-los é uma realidade, o que implica, ainda, numa criação dos próprios aplicativos.

Ao final dessa empreitada podemos concluir que não é uma tarefa simples desenvolver programas instruci-onais auxiliados pelo computador, e nessa primeira experiência, é de se esperar que este necessite de revisões.

O computador, no ensino em saúde, permitirá, entre outros aspectos, a realização de simulações, teste de aprendizagem e de conhecimentos antes do contato com o paciente, especialmente interessante para ati-vidades de treinamento.

Nesse sentido, qualquer mecanismo que possibilite assegurar um cuidado de qualidade aos pacientes, precisa ser considerado e efetivamente utilizado.

5 R

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6 E

NDEREÇO DOS AUTORES

Profa. Dra. Silvia Helena De Bortoli Cassiani

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP Avenida dos Bandeirantes, 3900

14040-902 - Ribeirão Preto, SP

Fone: (0xx16) 602 3420 - Fax: (0xx16) 633 3271 E-mail: shbcassi@eerp.usp.br

Flavia Borges da Silva Benfati

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP Avenida dos Bandeirantes, 3900

14040-902 - Ribeirão Preto, SP

Fone: (0xx16) 602 3420 - Fax: (0xx16) 633 3271 E-mail: flaviaborges@hotmail.com

Carlos Alberto Seixas

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP Avenida dos Bandeirantes, 3900

14040-902 - Ribeirão Preto, SP

Fone: (0xx16) 602 3443 - Fax: (0xx16) 633 3271

Imagem

Figura 1 - Módulo de abertura

Referências

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