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HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

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ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

ELIANE PEREIRA ASSUNÇÃO

HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA

UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

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ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

ELIANE PEREIRA ASSUNÇÃO

HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA

UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Enfermagem da Universidade do Estado de Mato Grosso – Campus de Tangará da Serra, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem, sob a orientação do Profº. MSc. Alex Rodrigues Borges e sob Co-orientação da Enf.ª Alessandra Silva dos Santos.

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ELIANE PEREIRA ASSUNÇÃO

HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA

UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

RESULTADO:_________

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________ Orientador: Profº. MSC. Alex Rodrigues Borges

___________________________________________________________ Co-orientadora: Enf ª. Alessandra Silva dos Santos

___________________________________________________________ Examinador: Enfª. Marciani Konrad

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me permitido o dom da Enfermagem e a minha santa protetora Nossa Senhora de Aparecida por ter me acolhido nos momentos mais difíceis atendendo todas as minhas orações.

A minha família por toda dedicação a mim concedida, ao meu pai, que mesmo diante de muitas dificuldades, me possibilitou os estudos, a minha querida mãe, que mesmo com pouco estudo, sempre me ajudou nas lições de casa quando criança e continuou durante toda minha vida a me incentivar, me dando coragem para seguir em frente, e mesmo longe nunca deixou de orar por mim. A minha irmã por ter me acolhido em sua casa quase todos os meses, durante o primeiro ano de faculdade e ao meu irmão pela sua companhia, compreensão e incentivo. Ao meu esposo pelo seu amor e companheirismo, que mesmo nos momentos de tensão e estresse devido a estágios, provas e trabalhos, teve paciência e esteve ao meu lado me incentivando e me acalmando, e acima de tudo mostrando que eu sou capaz.

A Universidade do Estado de Mato Grosso-UNEMAT por disponibilizar o curso e permitir o acesso aos recursos necessários para o desenvolvimento de pesquisas; ao Departamento de Enfermagem por toda luta e conquista para que nosso curso fosse reconhecido; e aos meus professores de curso pelos ensinamentos a mim passados, pela dedicação e carinho, que aos poucos foram se transformando em uma grande amizade.

Agradeço ao meu orientador Professor Mestre Alex Rodrigues Borges pela compreensão e paciência, por ter transmitido seus conhecimentos e ensinamentos para o desenvolvimento deste trabalho e principalmente por sua disponibilidade, pois mesmo com seus compromissos à frente do Departamento de Enfermagem, sempre arrumou tempo para as orientações.

A minha Co-orientadora Enfermeira Alessandra Silva dos Santos pelos seus conhecimentos que contribuíram para enriquecer esta pesquisa, pelo auxílio nos momentos em que não conseguia mais desenvolver, pela sua amizade e principalmente por ter me socorrido em um momento de desespero, aceitando me co-orientar.

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divertindo, são momentos que se tornaram inesquecíveis e que serviram para fortalecer cada vez mais a nossa amizade. Espero que a nossa amizade seja eterna e que nem a distância possa nos separar.

E por fim, agradeço ao Hospital das Clínicas, por ter me permitido a realização da coleta de dados, a equipe de enfermagem pela disponibilidade e principalmente compreensão, pois muitas vezes atrasavam suas tarefas para que o estudo fosse realizado; e as famílias dos pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva pela colaboração, mesmo em um momento de muita dor e sofrimento.

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Humanizar é...

Humanizar é tomar para si a dor alheia num ato de amor extremo. Humanizar é dedicar-se a outrem com a pureza do coração. Humanizar é tornar-se melhor tendo como intuito apenas o amor. Humanizar é um exercício gratificante de dedicação e amor. Humanizar é enxergar o próximo com os olhos do coração. Humanizar é esmerar-se num ato de amor extremo ao próximo. Humanizar é dedicar com o melhor de si a uma causa ou a alguém. Humanizar é um ato de amor em que se doa pouco que por um milagre torna-se muito.

Humanizar é a forma de se aproximar da perfeição exalando amor e dedicação a alguém.

Humanizar é um afeto espontâneo em que o doador se sente bem e o receptor sente-se amenizado o seu infortúnio.

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LISTA DE SIGLAS

UTI – Unidade de Terapia Intensiva CTI – Centro de Terapia Intensiva

PHNAH – Programa Nacional de Humanização do Atendimento Hospitalar SUS – Sistema Único de Saúde

GM – Gabinete do Ministro

SAS – Secretaria de Atenção à Saúde PNH – Política Nacional de Humanização

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LISTA DE GRÁFICOS

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RESUMO

Este estudo trata-se de uma pesquisa de campo, de natureza quanti-qualitativa, com o tema Humanização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva, onde foram abordados aspectos relacionados ao conhecimento e prática dos profissionais de enfermagem sobre a humanização da assistência na unidade de terapia intensiva e a visão dos familiares de pacientes hospitalizados nesse setor sobre o atendimento oferecido. O estudo teve por objetivo geral evidenciar a existência e a preocupação da equipe de Enfermagem da UTI em desempenhar uma assistência humanizada. A coleta de dados foi realizada na UTI do Hospital das Clínicas, sendo esta uma instituição privada, conveniada ao Sistema Único de Saúde. Para a coleta de dados foi utilizado entrevista semi-estruturada com os profissionais de enfermagem atuantes no setor da UTI e com os familiares dos pacientes que se encontravam hospitalizados neste setor. As respostas foram gravadas e transcritas na íntegra, e posteriormente analisadas. Justifica-se a escolha do tema devido à participação em algumas palestras sobre humanização e após um levantamento bibliográfico sobre o tema, constatando o quanto é importante à humanização da saúde no ambiente hospitalar, principalmente no setor de cuidados críticos, pois é o setor que mais gera distúrbios emocionais e psicológicos aos pacientes, familiares e profissionais. A partir da análise dos dados, constatou-se que apesar de a equipe ser provida de um conhecimento pouco científico sobre o tema, demonstram a preocupação e a vontade de atuar de maneira a humanizar o cuidado prestado aos pacientes e sua família, mas que nem sempre as ações desempenhadas junto a estes são assim realizadas, ficando explicita a necessidade de especialização dos enfermeiros desse setor sobre este tema e sobre a qualificação da sua equipe. Espera-se com esta pesquisa, juntamente com outras da mesma temática, contribuir para uma reflexão sobre as estratégias que podem ser desenvolvidas nas instituições hospitalares, em especial no setor de UTI, com o intuito de humanizar a assistência de enfermagem desempenhada neste setor junto ao paciente e seus familiares nesse momento tão difícil das suas vidas.

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ABSTRACT

This study deals with a field research, quantitative and qualitative in nature, with the theme of Humanizing Nursing Care in the Intensive Care Unit, where they discussed issues related to knowledge and practice of nursing on the humanization of care in the intensive care unit and the vision of family members of patients hospitalized in the sector about the service offered. The study aimed to demonstrate the existence and the general concern of the ICU nursing team to play a humanized. Data collection was performed in the ICU of the Hospital das Clinicas, this being a private institution, convening the National Health System. To collect data was used semi-structured interviews with nurses working in the sector of the ICU and family members of patients who were hospitalized in the sector. The responses were recorded and transcribed verbatim, and analyzed. Justifies the choice of subject because of participation in some lectures on humanization and after a literature review on the subject, noting how important it is for the humanization of health care in the hospital environment, primarily in the critical care, it is the sector that generates emotional and psychological disorders to patients, families and professionals. From the data analysis, found that although the team be provided with a little scientific knowledge on the subject, demonstrate the concern and willingness to act in a way to humanize care provided to patients and their families, but that not all the actions performed along the way these are carried out, getting explains the need for specialization of nurses in this sector on this issue and on the qualifications of its staff. It is hoped that this research, along with others of the same theme, contribute to a reflection on the strategies that can be developed in hospitals, especially in the ICU sector, with the aim of humanizing nursing care performed in this field together with the patient and their families at this difficult time of their lives.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 12

1 REFERENCIAL TEÓRICO ... 14

1.1 UM BREVE RELATO SOBRE A HISTÓRIA DA UTI ... 14

1.2 HUMANIZAÇÃO ... 15

1.3 A RELAÇÃO ENTRE A EQUIPE DE ENFERMAGEM E O CLIENTE HOSPITALIZADO ... 16

1.4 A RELAÇÃO ENTRE A EQUIPE DE ENFERMAGEM E A FAMÍLIA DO CLIENTE HOSPITALIZADO ... 18

1.5 O RELACIONAMENTO ENTRE A EQUIPE DE ENFERMAGEM ... 20

2 METODOLOGIA ... 22

2.1 DESENHO DO ESTUDO ... 22

2.1.1 Área de Estudo ... 22

2.1.2 Sujeitos da Pesquisa ... 23

2.1.3 Método da Investigação e Tipo de Estudo ... 23

2.1.4 Amostra ... 24

2.1.5 Análise dos Dados ... 25

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 27

3.1 VISÃO GERAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ... 27

3.1.1 Cuidado Humanizado para os Profissionais de Enfermagem ... 27

3.1.2 O Paciente como Elemento do Cuidado Humanizado ... 29

3.1.2.1 A Comunicação com o Paciente...29

3.1.2.2 Identificação de Estressores ao Paciente...32

3.1.3 A Família do Paciente Hospitalizado no Contexto da Equipe de Enfermagem da UTI ... 34

3.1.4 Cuidando de quem Cuida: Humanizando a Equipe ... 37

3.2 VISÃO GERAL DOS FAMILIARES DOS CLIENTES HOSPITALIZADOS ... 42

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 47

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 51

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INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos o sistema de prestação de serviços de saúde passou por várias mudanças, concomitantemente as unidades de cuidados críticos, desde a sua abertura na década de 60, veio se desenvolvendo e se adaptando as novas tendências da tecnologia, sofrendo com isso mudanças no atendimento ao cliente hospitalizado. A tecnologia trouxe para este setor modernos aparelhos que são essenciais à manutenção da vida e com isso o enfermeiro foi se distanciando do contato direto com o paciente, pois a praticidade para obtenção de informações veio a se tornar rotina, mas no entanto, a realidade deveria ser outra, pois à medida que o atendimento em saúde se torna cada vez mais tecnológico, as necessidades de humanização simultâneas também se tornam essenciais (MORTON, 2007).

Entende-se como cuidados críticos aqueles prestados à pacientes graves, onde estejam comprometidos um ou mais dos principais sistemas fisiológicos, sendo necessária a substituição das funções naturais pela artificial e assistência contínua. E também àqueles que apresentam estabilidade clínica, mas com risco de agravamento do quadro, necessitando de cuidados contínuos. O paciente que necessita de cuidados críticos requer assistência de enfermagem e médica permanente e especializada, pois este é tido como grave e passível a recuperação, apresentando risco iminente de morte e sujeitos à perda das funções vitais (LINO; CALIL, 2008).

A doença crítica não deve ser vista apenas como uma alteração fisiológica, mas um processo que envolve alterações sociais, psicológicas e espirituais. Portanto o profissional de enfermagem que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) deve possuir habilidades que permita que o paciente seja visto como um todo e não somente pela sua doença, analisando assim os problemas relacionados ao quadro que ele apresenta e ao ambiente de cuidados críticos, propondo intervenções apropriadas para a solução ou a melhora dos problemas. O ambiente de cuidados críticos, também expõe o enfermeiro a sensações variadas, portanto é primordial que a equipe de enfermagem se apoie, pois a rotina intensa e o comprometimento com o trabalho fazem com que a equipe se torne vulnerável ao estresse e ao esgotamento profissional, podendo até levar a um quadro depressivo.

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a equipe de saúde, resultando de forma indireta em melhoria da assistência prestada ao cliente e contribuindo em sua recuperação.

Esse estudo foi realizado no Hospital das Clínicas do município de Tangará da Serra - MT, sendo a natureza da instituição de caráter privado, onde também presta atendimento por convênio com o SUS. Os sujeitos envolvidos foram enfermeiros (as), técnicos (as) de enfermagem e familiares dos pacientes hospitalizados na UTI.

Justifica-se a escolha do tema devido à participação em algumas palestras sobre humanização e após um levantamento bibliográfico sobre o tema, constatando o quanto é importante à humanização da saúde no ambiente hospitalar, principalmente no setor de cuidados críticos, pois é o setor que mais gera distúrbios emocionais e psicológicos aos pacientes, familiares e profissionais.

O objetivo geral da pesquisa é evidenciar a existência e a preocupação da equipe de enfermagem da UTI em desempenhar uma assistência humanizada. São objetivos específicos: conhecer o significado do cuidado humanizado para os profissionais de enfermagem que trabalham na UTI; identificar se a equipe de enfermagem preconiza o cuidado humanizado durante suas ações junto ao paciente hospitalizado e seus familiares; avaliar como é o relacionamento entre a equipe de enfermagem.

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1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 UM BREVE RELATO SOBRE A HISTÓRIA DA UTI

A criação de setores especializados na recuperação de paciente com risco de vida na história da saúde é recente. Foi no século passado que se pensou em separar doentes graves dos não graves. Os primeiros modelos dos Centros de Terapia Intensiva (CTIs) apareceram entre os anos 40, durante a II Guerra Mundial e a Guerra da Coréia, onde que as salas de recuperação pós-anestésicas e/ou pós-operatória se tornaram os primeiros CTIs, pois estas centralizavam um grande número de pacientes traumatizados, provenientes das guerras, onde eram executados cuidados primordiais para o aumento da sobrevida (NUNES et al., 2004).

Uma vertente mais antiga ainda é a de que a enfermeira Florence Nightingale, durante a Guerra da Criméia, em 1800, selecionava os pacientes mais graves favorecendo-os ao cuidado imediato e a observação constante (SILVA; ARAÚJO; PUGGINA, 2010 e URIZZI, 2005).

No Brasil, a implantação das Unidades de Terapia Intensiva teve início na década de 70. Atualmente é uma unidade presente dentro do contexto hospitalar, situada em uma área restrita e sua equipe técnica e administrativa é composta de: enfermeiros; médicos técnicos de enfermagem; auxiliares de enfermagem; auxiliares administrativo, serviços gerais entre outros (FIGUEIREDO; SILVA C.; SILVA R., 2008).

Segundo a Portaria Nº 3432/98 do Ministério da Saúde, as UTIs são destinadas ao atendimento de pacientes graves ou com risco de vida, que precisam de assistência médica e de enfermagem em tempo integral, onde são necessários equipamentos específicos próprios e uma equipe especializada, e que também tenha acesso a outras tecnologias para diagnóstico e terapêutica. E deve dispor de uma equipe básica, sendo um enfermeiro coordenador, um enfermeiro para cada 10 leitos ou por turno, um médico intensivista responsável pelo setor; um médico intensivista diarista para cada 10 leitos ou por turnos; um médico plantonista exclusivo para até 10 pacientes ou por turnos; um fisioterapeuta para cada 10 leitos ou por turnos; um técnico ou auxiliar de enfermagem para cada 2 leitos ou por turnos; um funcionário, exclusivo, para realização da limpeza; e acesso a cirurgião geral (BRASIL, 1998).

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vista como um local frio e hostil cercado de dor e sofrimento, visto que as técnicas e as máquinas estão prevalecendo em relação às ações desempenhadas pelo ser humano (PINHO; SANTOS, 2008).

O uso da tecnologia vem crescendo cada vez mais, o que pode ser confirmado pelo surgimento de novas máquinas ou aperfeiçoamento das que já existem isso demonstra um avanço positivo no que se refere à saúde, pois contribui para um tratamento mais específico e efetivo e facilita à cura de doenças, entretanto, a tecnologia deve ser vista apenas como mediadora, favorecendo e aprimorando o cuidado ao paciente crítico. A assistência prestada pela enfermagem não pode ser comparada com o desempenho das máquinas, pois estas estão programadas a dar suporte apenas aos problemas patológicos apresentados pelos pacientes, já como ser humano a equipe de enfermagem deve atentar-se também às questões psicossociais, ambientais e familiares que estão intimamente ligadas à doença (DIAS et al., 2009).

Portanto é necessário que se repense até que ponto a tecnologia é saudável e importante para se manter a vida humana, pois há a tendência de valorização à técnica em detrimento do cuidado, onde o que prevalece são as ações mecânicas e rotineiras, centradas na execução de tarefas. A complexidade da rotina intensiva contribui para que a equipe esqueça ações básicas como ouvir e tocar o outro e o domínio relacionado aos aparelhos prevalece em relação às ações individuais e isso dificulta o processo de humanização (BARRA et al., 2005).

1.2 HUMANIZAÇÃO

Uma das questões mais críticas em relação à saúde pública é a qualidade da atenção ao usuário, diante disto e de experiências bem sucedidas em outros países, a partir da década de 80, o Brasil passa a investir na humanização dos serviços de saúde (SALICIO; GAIVA, 2006).

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Reconhecendo que os serviços de saúde tenham alcançado um enorme avanço científico e tecnológico, mas que não tem sido acompanhada por um correspondente desenvolvimento na qualidade do contato humano durante as ações de saúde, em 2000, o Ministério da Saúde implantou em todo o país um Programa Nacional de Humanização do Atendimento Hospitalar – PNHAH, visando atingir todos os hospitais integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS); através da portaria GM nº 881/2001 que instituiu o PNHAH no âmbito do SUS; portaria SAS nº 202/2001, que estabelece as diretrizes para implantação, desenvolvimento, sustentação e avaliação de iniciativas de humanização nos hospitais do SUS; e portaria SAS nº 210/2001, que instituiu Comitê Técnico Assessor e define competências (SOUZA, 2004).

O PNHAH faz parte de um processo de discussão e implementação de projetos de humanização do atendimento a saúde e de melhoria da qualidade do vinculo estabelecido entre trabalhador da saúde, pacientes e familiares e propõe um conjunto de ações integradas que visam mudar substancialmente o padrão de assistência ao usuário nos hospitais públicos do Brasil, melhorando a qualidade e a eficácia dos serviços hoje prestados por estas instituições. É seu objetivo fundamental aprimorar as relações entre profissional de saúde e usuário, dos profissionais entre si e do hospital com a comunidade (BRASIL, 2001).

Atualmente o programa foi substituído, constituindo agora uma política de assistência: Política Nacional de Humanização da Gestão e da Atenção (PNH), e não mais um programa específico, sendo intitulado provisoriamente de “Humaniza SUS” (DESLANDES, 2004). O PNH tem como princípios a relação entre profissionais e usuários, entre os diferentes profissionais, entre os serviços e unidades de saúde e entre as instâncias que constituem o SUS (BRASIL, 2004).

Acredita-se, então, que a solução para a humanização está na equipe de saúde, que deve mostrar seu lado humano a cada procedimento, demonstrar principalmente que tem sentimentos, e não uma equipe feita apenas de técnicas e equipamentos. E ainda, a humanização veio para valorizar as características do gênero humano, sendo imprescindível neste processo que se tenha uma equipe consciente de que ira enfrentar desafios e transpor limites (NUNES et al., 2004).

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O processo de internamento na UTI pode ser considerado como um evento estressante para os pacientes, podendo ocorrer uma série de sinais e sintomas de desestabilização física e emocional. O afastamento temporário entre a família e o paciente, o risco de vida, a incerteza da recuperação e o ambiente que os cerca, são circunstâncias que faz com que o paciente se sinta fragilizado, sozinho e abandonado. Neste ambiente estranho para o paciente, este fica totalmente dependente da equipe de enfermagem, onde que ele precisa ser respeitado e atendido em suas necessidades e direitos humanos (GALA; TELLES; SILVA, 2003).

O ambiente da UTI dificulta o repouso dos pacientes devido a várias condições, consideradas como fatores estressantes ao paciente, como a presença de dor, o medo do desconhecido, a presença de equipamentos com ruídos gerando barulho constante, luz fluorescente em tempo integral que dificulta ao paciente em discernir entre o dia e a noite, a variação da temperatura, a falta de privacidade, entre outros. Fatores como a atitude dos profissionais de saúde que atua nesse setor também pode levar o paciente a um desgaste físico e emocional, como entrar e sair, rir e falar alto. Além disso, o paciente pode desencadear uma instabilidade psicológica gerada pela perda da independência em atividades como higiene, alimentação e movimentação (MAROSTI; DANTAS, 2006 e LIMA; GUIMARÃES, BRASILEIRO, 2010).

O paciente possui três tipos de necessidades durante sua hospitalização, sendo elas o conforto emocional: oferecido sob forma de atenção, cortesia, delicadeza, prontidão, solicitações e comunicação efetiva; conforto físico: evitando o surgimento de dores ou outros estressores ao paciente; e compromisso profissional: pois um profissional compromissado estimula a convivência harmoniosa e mais produtiva em um ambiente onde predomina a negatividade (CAETANO et al., 2007).

Em um processo de interação, é fundamental que os profissionais de enfermagem tenham um compromisso emocional junto àqueles que requerem ajuda, reconhecendo e considerando importantes suas manifestações de sofrimento, medo, angústia, desespero, entre outros sentimentos (SIQUEIRA et al., 2006).

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A relação da equipe com o paciente muitas vezes é dificultada, devido às barreiras estabelecidas pela situação em que o paciente está vivendo, como exemplo, podemos citar a impossibilidade de comunicação imposta por equipamentos como tubos orotraqueais, alguns medicamentos, a própria condição clínica, a falta de tempo da equipe em decorrência da rotina da unidade, entre outros. No entanto o profissional de enfermagem poderá facilitar essa comunicação, demonstrando empatia e compromisso com o paciente, fazendo com que este passe a acreditar e confiar na equipe (SEVERO; GIRARDON-PERLINI, 2005).

Algumas estratégias podem ser usadas para aumentar a comunicação com o paciente intubado ou com difícil contato, pode-se usar de informações que proporcionem maior controle sobre a situação do paciente, como também identificar e diminuir os estressores ambientais, outro ponto a se destacar é a preocupação com o sono e com os períodos de descanso, estes podem tornar menos estressante à permanência dentro da UTI (SOUZA, 2004).

Um ato que permite todos esses esforços é o toque, apesar deste ser considerado um ato físico, ele pode ser transformado em uma atitude de aproximação e de demonstração de afeto, solidariedade e troca de emoções (GALA; TELLES; SILVA, 2003). O toque terapêutico é uma terapia alternativa, sendo considerado como uma forma de humanizar, pois pode ser usado de forma a complementar o tratamento médico (OLIVEIRA; BECKER, 2009).

O enfermeiro deve, então, reconhecer que a sua presença para o paciente é de grande importância durante o tratamento, sendo muitas vezes comparada, ou ainda mais importante que as técnicas necessárias a sua recuperação (DIAS et al. 2009).

1.4 A RELAÇÃO ENTRE A EQUIPE DE ENFERMAGEM E A FAMÍLIA DO CLIENTE HOSPITALIZADO

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A interação entre a família e o paciente no ambiente de cuidados críticos se tornou um desafio e uma grande responsabilidade para a equipe de enfermagem de cuidados críticos atual. Depois do medo e da ansiedade sobre a possível morte do membro da família, que se observa no inicio da hospitalização, outras preocupações passam a afetar a família, como a mudanças de responsabilidades e desempenho de papéis, a falta de familiaridade com as rotinas da UTI e a falta de conhecimento sobre o curso e os resultados da doença (MORTON, 2007).

A assistência humanizada à família consiste em compreender o processo vivenciado por ela, quando um de seus membros é internado na UTI, para que assim a equipe de enfermagem possa reconhecer a verdadeira condição destes familiares e as suas reais necessidades, pois os familiares têm necessidades específicas que se não forem sanadas ou amenizadas podem vir a desenvolver uma frequência elevada de estresse, distúrbios do humor e ansiedade durante o acompanhamento da internação na UTI. O cuidado ao familiar implica em perceber como ele se mostra nos seus gestos e falas, em seus conceitos e suas limitações (KNOBEL, 2006; SOARES, 2007; FREITAS, 2005).

A família pode contribuir muito para a recuperação do paciente, só que para isso acontecer, ela precisa ser orientada sobre as rotinas da UTI, a função dos aparelhos e sobre o que está acontecendo com o seu familiar, se sentindo acolhida, respeitada e principalmente cuidada. Devido à necessidade de intervenções imediatas no momento da internação, muitas vezes, é difícil um contato inicial com os familiares, e isso contribui para que entendam a UTI como um local frio e com atuação desumana e distante, por isso a interação com as famílias deve se dar no momento da internação do paciente, onde é proporcionada a família atenção e oportunidade de dialogar e de esclarecer dúvidas (SILVEIRA et al., 2005).

A comunicação entre a família e a equipe de enfermagem é de extrema importância para uma assistência humanizada e de qualidade, mas existem muitos obstáculos que interferem na comunicação da equipe de enfermagem com os familiares, como o ritmo acelerado das tarefas, a atuação contínua na assistência a clientes graves, e até mesmo a ausência de local apropriado para conversar com a família, portanto é preciso haver atenção para não desperdiçar as oportunidades durante os encontros com os familiares (MATSUDA et al., 2002, SILVA e CONTRIN, 2007; SOARES, 2007).

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adequada para os familiares é conversar e receber informações relacionadas ao que o indivíduo quer saber; é entender o que a equipe quer transmitir e sentir-se bem atendido, é ser tratado também com carinho e paciência. Devido a isso a equipe de enfermagem deve atentar aos diferentes tipos de comunicação, lembrando que também pode ser usada a linguagem não verbal, através de gestos, expressões faciais e movimentos do corpo (BEZERRA et al., 1998; INABA; SILVA e TELLES, 2005; MAZZA, 1998).

A afetividade proporcionada entre os familiares e o paciente é de suma importância para a sua recuperação, sendo até mais importante do que qualquer relação profissional, portanto a equipe de enfermagem não pode negar o núcleo ao qual o paciente vive, sendo o familiar muito importante no papel de reequilibrar e reharmonizar o doente. O contato entre a família e o paciente hospitalizado, além de benefício para o paciente diminui o sentimento de desamparo da família diante do sofrimento de seu ente, e ainda o principal meio que favorece a interação entre a equipe de enfermagem, familiares e pacientes é a comunicação (SIQUEIRA et al., 2006; OLIVEIRA e CASARIL, 2008; COSTA, 2009).

1.5 O RELACIONAMENTO ENTRE A EQUIPE DE ENFERMAGEM

Antes de ajudar a família e o paciente, é importante que a equipe de enfermagem reconheça suas próprias necessidades, limitações e potencialidades e que ao cuidar de pessoas, primeiramente, devem perceber e compreender seus próprios sentimentos, bem como trilhar caminhos que os levem ao enfrentamento de suas dificuldades como pessoas e profissionais que cuidam, nesse contexto é relevante que os profissionais de enfermagem desenvolvam o auto-conhecimento e busque intervenções que os auxiliem a assistir o paciente e familiares diante do processo de uma doença grave, minimizando o seu próprio sofrimento psíquico e auxiliando no desenvolvimento de estratégias coletivas de enfrentamento. (SILVEIRA et al., 2005; GUTIERREZ e CIAMPONE, 2007; SARAIVA, 2009).

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humanização se voltem para as condições de trabalho dos profissionais de saúde (BACKES; LUNARDI; LUNARDI FILHO, 2006).

A UTI é caracterizada por ter um ambiente de trabalho que envolve uma forte carga emocional, onde a profissional lida ao mesmo tempo com a vida e com a morte, compondo um cenário desgastante e, muitas vezes, frustrante (RIBEIRO, 2005). Os fatores considerados estressantes para o trabalho da enfermagem são o lidar com o sofrimento do paciente e da família, o fazer específico da profissão onde requer agilidade, atenção e renovação dos conhecimentos técnicos, a necessidade de saber improvisar, as questões de ordem burocrática e o relacionamento entre a equipe (SALÍCIO; GAIVA, 2006).

As reações emocionais desencadeadas nos profissionais devido ao contato contínuo com pacientes em situação de crise ou em fase terminal podem implicar no desenvolvimento de sintomas patológicos, especialmente os transtornos depressivos e de ansiedade. O sofrimento agravado pelo despreparo profissional aliado a sobrecarga no trabalho e a insatisfação, pode representar em maior dificuldade no relacionamento com os pacientes, gerando uma menor satisfação deste, podendo inclusive alterar o resultado desejado durante a terapia (KNOBEL, 2006).

É importante desenvolver ações dentro do ambiente de UTI que resgate no profissional a realização pessoal, a alegria e o prazer no trabalho, oferecendo espaço para falar e ser ouvido e também refletir sobre o seu trabalho. É necessário que se enfatize a cada um dos membros da equipe o que é esperado de seu trabalho, encorajando os profissionais a serem responsáveis pelos seus próprios atos, deixando claro o impacto que o trabalho de um membro tem sobre o trabalho da equipe como um todo (SILVA; ARAÚJO; PUGGINA, 2010).

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2 METODOLOGIA

2.1 DESENHO DO ESTUDO

2.1.1 Área de Estudo

Município de Tangará da Serra, localizado na região Sudoeste do Estado de Mato Grosso conhecida como Médio Norte e está a 240 quilômetros da capital Cuiabá. Latitude 14º 04' 38'' S - Longitude 57º 03' 45'' W, possui uma área territorial (Km²) de 11.566, e a população estimada em 2010 é de 83.431 habitantes (IBGE, 2010, PREFEITURA MUNICIPAL DE TANGARÁ DA SERRA, 2011). Atualmente o município possui quatro unidades hospitalares, duas de atendimento exclusivamente privado e outra além de atendimento privado é conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS) sendo esta a única instituição que possui uma Unidade de Terapia Intensiva adulto, e também o município conta com uma Unidade Mista de Saúde.

A coleta de dados para a pesquisa foi realizada nas dependências da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas, onde, também, presta atendimento aos pacientes do SUS.

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Figura 1 - Mapa do município de Tangará da Serra mostrando os limites, localização no mapa do estado e vias de acesso (PORTAL MATO GROSSO, 2008).

2.1.2 Sujeitos da Pesquisa

Os sujeitos da pesquisa foram enfermeiros (as), técnicos (as) de enfermagem e familiares dos pacientes hospitalizados na UTI. A pesquisa não ofereceu nenhum tipo de risco, e buscou trazer como benefício o conhecimento sobre o processo de humanização, auxiliando a equipe na aplicação destes conhecimentos durante o exercício profissional, favorecendo um cuidado efetivo ao cliente e maior atenção a sua família. Foi aplicado a todos os sujeitos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, de acordo com o formulário sugerido pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), garantindo o anonimato dos sujeitos investigados, sendo assegurado à liberdade de recusar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa sem penalidade e sem prejuízo para si ou para o cuidado do familiar hospitalizado.

2.1.3 Método da Investigação e Tipo de Estudo

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pesquisa possibilita uma aproximação com aquilo que desejamos conhecer e estudar e também criar um conhecimento, partindo da realidade presente no campo (MINAYO, 1994).

A pesquisa de campo abordou aspectos relacionados ao conhecimento e prática dos profissionais de enfermagem sobre a Humanização da Assistência na Unidade de Terapia Intensiva e a visão dos familiares de pacientes hospitalizados nesse setor sobre o atendimento oferecido.

A coleta de dados foi realizada mediante entrevista semi-estruturada, seguindo o roteiro de um questionário desenvolvido pelos pesquisadores, constituído de 10 questões abertas para os profissionais de enfermagem, sendo 05 enfermeiros e 13 técnicos de enfermagem e inicialmente 07 questões abertas para os familiares de pacientes hospitalizados, sendo a amostra constituída de 10 familiares. Durante a pesquisa de campo notou-se a necessidade de adequações em relação ao questionário, onde que algumas questões foram melhor estruturadas e acrescentadas 03 questões, ficando assim o questionário aplicado aos familiares com 10 questões ao todo. As respostas foram gravadas e transcritas na íntegra e posteriormente analisadas. Foi escolhido a entrevista semi-estruturada por proporcionar uma combinação de perguntas fechadas (ou estruturadas) e abertas, onde o entrevistado tem a possibilidade de discorrer o tema proposto, sem respostas ou condições prefixadas pelo pesquisador (MINAYO, 2004).

Também foi utilizada a pesquisa bibliográfica, desenvolvida baseando-se em trabalhos realizados anteriormente sobre o mesmo tema estudado, principalmente de livros, artigos científicos e Trabalhos de Conclusão de Curso de acadêmicos do curso de Enfermagem.

2.1.4 Amostra

Para a realização do estudo foi escolhido o método de amostragem de não-probabilidade, onde os elementos são selecionados por métodos não aleatórios, do tipo acidental, onde é usado o grupo de pessoas mais disponíveis ou mais conveniente para a amostra (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004).

(26)

este deverá ser o cônjuge ou possuir um grau de parentesco mais próximo possível e ter seu familiar internado a mais de 24 horas na UTI.

A coleta dos dados foi realizada nos meses de outubro e novembro de 2011, sendo que os horários foram pré-agendados com os enfermeiros e os técnicos, os locais de realização das entrevistas foram na unidade hospitalar, durante o expediente, em um local reservado, e em suas residências após o horário de expediente e com os familiares dos pacientes foram realizadas antes e durante o horário de visitas. As entrevistas foram realizadas conforme a disponibilidade de cada um em participar da pesquisa e esclarecimentos sobre o propósito e a justificativa do estudo, sendo assegurado o anonimato, mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

2.1.5 Análise dos Dados

Os dados foram analisados quanti-qualitativamente, e as análises foram divididos em três etapas: pré-análise, fase de organização propriamente dita, é um período de intuição que direcionam as idéias iniciais; exploração do material, sendo utilizada a análise qualitativa das falas, onde as verbalizações explícitas foram transcritas em um caderno, onde foram realizadas inúmeras leituras para identificação das unidades de significados das falas, que constituíam-se de uma palavra-chave que poderia resumir o conteúdo da fala; e tratamento dos resultados obtidos e interpretação, onde os resultados obtidos possibilitaram uma abordagem quanti-qualitativa, sendo que o aspecto quantitativo veio enriquecer e contribuir com a discussão qualitativa dos dados (GUIMARÃES, 2004).

A análise de dados de natureza quanti-qualitativa integra dados qualitativos e quantitativos em um único estudo, permitindo que cada método ofereça o que tem de melhor e evitando as limitações de cada abordagem. Este método associa análise estatística, com investigação dos significados das relações humanas, privilegiando a melhor compreensão do tema a ser estudado, facilitando assim a interpretação dos dados obtidos.

(27)

onde o conhecimento é fundamentado na experiência ao invés de coletar dados para comprovar teorias, hipóteses e princípios preestabelecidos (RODRIGUES, 2007).

(28)

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados obtidos nesse trabalho são resultantes de entrevista realizada com cinco enfermeiros, sendo 80% do sexo feminino e 20% do sexo masculino, com idade entre 25 e 29 anos e com tempo de atuação na área profissional variando entre um ano e quatro meses a seis anos; 13 técnicos de enfermagem, sendo 62% do sexo feminino e 38% do sexo masculino, com idade entre 21 e 47 anos e que atuam na área entre oito meses e 20 anos; 10 familiares de pacientes hospitalizados na UTI, sendo estes parentes mais próximos ou cônjuge, todos maiores de idade e com grau de escolaridade entre alfabetizados a ensino superior completo.

Para investigação e coleta dos dados foram construídos questionários semi-estruturados específicos para cada categoria envolvida no processo (APÊNDICES A e B). Para melhor compreensão dos dados obtidos, estes foram classificados e agrupados em duas categorias: 1) Visão Geral dos Profissionais de Enfermagem, sendo dividida em quatro subcategorias: a) Cuidado Humanizado para os Profissionais de Enfermagem; b) O Paciente como Elemento do Cuidado Humanizado, subdividida em: A comunicação com o paciente e Identificação de estressores ao paciente; c) A Família do Paciente Hospitalizado no Contexto da Equipe de Enfermagem da UTI; d) Cuidando de quem Cuida: Humanização da Equipe; 2) Visão Geral dos Familiares dos Clientes Hospitalizados.

Todas as partes envolvidas foram classificadas de forma a respeitar a metodologia adotada e preservar a identidade de ambos, pois o foco central da pesquisa esta em revelar pensamentos e práticas. Nesse sentido todos os sujeitos foram identificados com nomes fictícios, a fim de preservar suas identidades, sendo os enfermeiros classificados com nomes de pedras preciosas, os técnicos de enfermagem com nomes de flores e os familiares de pacientes hospitalizados na UTI com nomes de pássaros.

3.1 VISÃO GERAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

3.1.1 Cuidado Humanizado para os Profissionais de Enfermagem

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conhecimento mais científico sobre esse tema, o que pode ser evidenciado nos discursos a seguir:

“Cuidado humanizado! É uma importância, porque você... quando você cuida e que você tem um êxito, que você tem um sucesso, você se sente realizado, um profissional realizado.” (Téc. Lírio).

“É... amor ao próximo” (Téc. Margarida).

“[...] cuidado humanizado seria quando eu trato o paciente bem né [...] como se ele tivesse em casa, fazer as vontades na medida do possível [...] fazer o que o paciente quer”. (Enf. Topázio).

Ao serem questionados sobre o significado de cuidado humanizado, notamos que entre os profissionais que responderam com maior embasamento científico, a maioria destacou apenas o cuidado em relação ao paciente em si, principalmente no que se diz a realização de procedimentos, mas sabemos que para se conseguir desempenhar um cuidado de forma mais humana são necessárias várias medidas, que englobam não apenas o paciente.

Para Silva (2007) e Martins e Ribeiro (2011), a humanização nos procedimentos passa pelas atitudes tomadas junto ao paciente, seus familiares e a equipe de atendimento, pois a humanização é um conjunto de medidas que tem como objetivos o conciliamento entre os cuidados prestados e as tecnologias, assim como um espaço físico favorável e a satisfação dos profissionais da equipe e do usuário, e ainda cuidar do paciente de forma integral, individualizando a assistência frente às necessidades de cada um.

Diante disso destacamos alguns dos relatos que mais se enquadraram com o ponto de vista da maioria dos autores:

“Cuidado humanizado, na minha opinião, é você tentar proporcionar ao paciente uma melhora, tanto assim, psicológica quanto física, pelo ambiente hospitalar já não ser tão confortável pra ele, você tenta proporcionar pra ele a situação mais agradável possível, né.” (Téc. Begônia).

“Cuidado humanizado? Acho que dá todos os cuidados que ele precisa e, tipo, da patologia né, cada tipo tem um cuidado que tem que ser feito né [...] desde que seja a enfermagem uma equipe completa né, que cuide mesmo ne um plantão, passando pro outro plantão, é..., determinada né.” (Téc. Crisântemo).

“Cuidado humanizado... vamos lá, acho que é assim, acho que é agente pensar primeiramente que ali tem uma pessoa, que tem um familiar envolvido, que tem uma série de fatores ali, que não é só um simples paciente [...] e também não deixar só que a técnica e a ciência leve a situação.” (Enf. Rubi).

(30)

Com estes relatos, podemos observar que alguns dos profissionais entrevistados preocupam-se em desempenhar um cuidado mais humano a seus pacientes e que para isso eles se atentam a outros fatores, como um ambiente mais favorável, o envolvimento da família, o bom desempenho da equipe de enfermagem e a conciliação da tecnologia ao bem-estar do paciente.

Encontramos uma contradição no que se refere ao depoimento de um dos profissionais entrevistados (Enf. Esmeralda), pois para o Ministério da Saúde, humanizar o atendimento não é somente chamar o paciente pelo nome, nem ter um sorriso nos lábios constantemente, é ir, além disso, buscar compreender seus medos, angústias e incertezas, dando-lhe apoio e atenção permanente, é também buscar o reconhecimento da natureza humana em sua essência e elaborar diretrizes de conduta ética e de atitudes profissionais condizentes com valores humanos (BRASIL, 2004; RIOS, 2009).

3.1.2 O Paciente como Elemento do Cuidado Humanizado

3.1.2.1 A Comunicação com o Paciente

(31)

Gráfico 1 – Porcentagem de profissionais que costumam comunicar aos pacientes sobre os procedimentos a serem desenvolvidos

Verificamos que 89% dos profissionais de enfermagem que atua na UTI costumam comunicar sobre os procedimentos desenvolvidos, antes e/ou durante os mesmos, 5% responderam que nem sempre comunicam e 6% que depende do estado do paciente.

Para Salomé e Espósito (2010) comunicação em saúde é toda e qualquer prática destinada à incorporação de conhecimento útil e a adoção de modos de agir que possibilitem a promover o autocuidado à saúde individual, coletiva e ambiental. Os autores ressaltam, ainda, que a percepção do que foi dito e/ou do que foi expresso pelo corpo, o ouvir atento, poucas vezes acontece, resultando em uma lacuna no cuidado de enfermagem.

O Programa Nacional de Humanização do Ministério da Saúde dispõe sobre o valor que a comunicação representa para a humanização, e relata que o sofrimento humano e as percepções de dor ou de prazer no corpo, para serem humanizados, precisam tanto, que as palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas, quanto esse sujeito precisa ouvir do outro palavras de seu reconhecimento (BRASIL, 2001).

Ao questionarmos a maneira como é feita a comunicação entre os profissionais de enfermagem e o paciente observamos que todos relataram aderir à forma verbal de comunicação, como podemos observar no gráfico abaixo:

Gráfico 2 - Formas de comunicação usada pelos profissionais de enfermagem com o paciente.

89% 5% 6%

Sim

Nem sempre

Depende

33%

17% 17%

33% 0 1 2 3 4 5 6 7 verbal independente do estado de

consciência

verbal somente se

estiver consciente outras formas alémde verbal: visual, gestos e toque

(32)

Notamos que 33% relataram que usam a forma verbal, mas não houve especificações quanto ao estado de consciência do paciente, 33% usam a forma verbal mesmo o paciente estando inconsciente, 17% responderam verbal somente se o paciente estiver consciente e outros 17% responderam que além da forma verbal usam outras maneiras de se comunicarem, como gestos, toque e visualmente.

Sobre a comunicação e suas diferentes formas Camargos e Dias (2002) relatam ser esta um elemento primordial para obtenção de uma assistência humanizada, contribui para a prática da enfermagem e cria oportunidade de aprendizagem para o paciente despertando sentimento de confiança entre paciente e equipe de enfermagem permitindo ao paciente experimentar a sensação de segurança e satisfação. Siqueira (2006) complementa dizendo que para haver um cuidado eficaz, ambos os sujeitos precisam compreender os sinais que determinam as relações entre eles, seja por gestos, expressões e palavras, ou ainda com o toque que é um meio de comunicação não-verbal essencial, pois transmite afeto, segurança e proteção, e na doença, ele ainda pode expressar uma atitude de aproximação, apoio, amparo, troca de emoções, solidariedade e valorização da pessoa.

Quanto à importância da comunicação para a humanização do cuidado de enfermagem as respostas foram variadas, como podemos certificar pelo gráfico a seguir:

Gráfico 3 – Importância da comunicação como instrumento para humanizar o cuidado

No gráfico acima podemos observar que 36% dos profissionais entrevistados acham que é importante se comunicar com o paciente para a conscientização dele sobre o tratamento e os procedimentos realizados, 32% acreditam que ao comunicar-se com o paciente o tranquiliza, 14% acreditam que a comunicação favorece o tratamento do paciente, 9% referem

36%

32% 14%

9% 9%

conscientização do paciente

tranquiliza o paciente

ajuda no tratamento do paciente

melhora o relacionamento entre equipe de

(33)

que a comunicação melhora o relacionamento entre a equipe de enfermagem e o paciente e 9% relatam outros tipos de importância.

Sobre a importância da comunicação Gondim, Souza e Albuquerque (2007) comentam que esta é importante por ser um meio utilizado para amenizar as angústias daqueles em recuperação e de seus familiares, devendo ser utilizada de maneira objetiva, simples e no momento apropriado. Para Nunes et al. (2004) a comunicação entre a equipe de saúde possibilita esclarecimentos e favorece trocas de informações e conhecimentos, e ainda permite aos profissionais uma melhor preparação do paciente, com informações esclarecedoras.

3.1.2.2 Identificação de Estressores ao Paciente

Sabe-se que a internação hospitalar é um fator estressante para o paciente em terapia intensiva, alterações de ordens psicológica e afetiva, como ansiedade e medo, são frequentemente encontrados entre estes pacientes, necessitando de estratégias de enfrentamento que tragam respostas adaptativas. Pensando nisso questionamos aos profissionais de enfermagem quais dos procedimentos realizados ao cliente mais causam estresse e ansiedade nestes.

Gráfico 4 – Procedimentos que mais causam estresse e ansiedade ao paciente na visão da equipe de enfermagem da UTI.

No gráfico acima podemos observar que todos citaram procedimentos invasivos como sendo os maiores causadores de estresse e ansiedade ao paciente. Destes 29% citaram a punção venosa como principal causa, 29% citaram os processos de sondagens, tanto vesical quanto naso ou orogástrica, 9% citaram curativos de grande porte, 9% citaram o processo de aspiração e 24% citaram outros tipos de procedimentos.

29%

29% 9%

9% 24%

Punção venosa

processos de sondagens

curativos de grande porte

aspiração

(34)

Vários são os motivos causadores de estresse ao paciente em terapia intensiva, Lima, Guimarães e Brasileiro (2010) em um estudo sobre a análise de fatores estressores para o paciente em unidade de terapia intensiva revelaram que esses motivos podem estar relacionados com estressores ambientais como a estrutura física, estressores físicos como a dor e estressores psicológicos como a ausência da família, depressão, e outros.

Para Martins e Ribeiro (2011) a própria UTI já provoca sobrecarga emocional para o paciente, pois a existência de vários equipamentos e controles rigorosos associados ao afastamento da pessoa de seu ambiente, o confronto com o sofrimento, a possibilidade de morte, entre outras coisas podem ser considerados como elementos estressores. Nesse contexto a enfermagem tem um papel fundamental no sentido de identificar e minimizar os estressores, contribuindo assim com a recuperação do paciente.

Sendo assim, é necessário que após a identificação dos estressores ao paciente a equipe busque intervenções que possam minimizar os efeitos causados por esses fatores. Diante disso, questionamos também a equipe de enfermagem que intervenções poderiam ser desenvolvidas para minimizar o estresse do cliente hospitalizado, as respostas poderão ser analisadas pelo gráfico e depoimentos a seguir:

Gráfico 5 – Intervenções que ajudam a minimizar o estresse do paciente

“Ah! É o dialogo mesmo, é o diálogo”. (Téc. Azaléia).

“Conversar, conversa com ele, conversando com eles e pedindo engole, me ajuda que vai ser rápido, mas mesmo assim é estressante”. (Téc. Bromélia).

“Ah... ai tem que... geralmente agente conversa ai passa bastante segurança, se não tiver conseguindo mesmo agente... tem várias medicações né, o médico receita uma medicação, sedação, essas coisas, ele fica bom, tranquilo, consegue o procedimento né, a medicação conforme na prescrição, né”. (Téc. Girassol).

68% 9%

14% 9%

(35)

“[...] bom agente ali dentro da UTI agente procura que... os pacientes que estão conscientes, ligar a TV, tentar deixar no... uma musiquinha ambiente [...] falar sobre a hora, falar que ta dia, falar que ta noite, explicar pro nosso paciente, tipo assim, hoje é dia tal, hoje é terça-feira, é... olha você viu que ta sol, nossa ta chovendo lá fora, orientá-lo então, ah ta passando o jornal, você viu? [...] mas também tem o momento que agente pede pra enfermagem, geralmente no plantão da noite onde a equipe tem que ficar acordada, pra manter o máximo de silêncio pra eles poderem repousar [...]”. (Enf. Diamante).

Pelo gráfico podemos observar que 68% dos profissionais entrevistados citaram a comunicação em suas várias formas como uma intervenção que vem a minimizar o estresse do cliente, 14% citou o uso de medicações como analgésicos e/ou sedativos, 9% citou adequações no ambiente físico, e 5% citaram outras medidas. Notamos a confirmação desses dados através dos depoimentos dispostos logo em seguida.

Para o melhor entendimento dos fatores estressores ao paciente e o que pode ser feito pela equipe de enfermagem para minimiza-los Bitencourt et al. (2007), Fleury (2010) e Silva (2007) em seus estudos sobre a UTI e a sua influência para os pacientes ali hospitalizados apontam ser fundamental que os estressores apontados sejam discutidos, no sentido de melhorar a qualidade da assistência prestada aos pacientes. A humanização na UTI está ligada a atuação dos profissionais de saúde frente a esses estressores, sendo assim, vários são os fatores que podem ajudar a amenizar o estresse do cliente hospitalizado, como possibilita-los a receber apoio dos familiares e dos amigos para enfrentar as dificuldades, dar atenção ao paciente, controlar a dor e a ansiedade, explicar sobre sua doença e tratamento, preservar a qualidade do sono, respeitar a privacidade e oferecer conforto. O ambiente da UTI necessita ainda de elementos essenciais como o acesso a luz natural, para que o paciente possa distinguir entre o dia e a noite e presença de relógios e calendários próximos aos leitos, e como elementos recomendáveis é importante que o paciente possa ter acesso a visualização de vegetações, a televisão, rádio, cd player, entre outros recursos.

3.1.3 A Família do Paciente Hospitalizado no Contexto da Equipe de Enfermagem da UTI

(36)

Diante disso foi questionado aos profissionais de enfermagem se eles acham importante a presença da família durante a hospitalização do cliente.

Gráfico 6 – Importância da família durante a hospitalização do paciente no contexto da equipe de enfermagem

Dada à análise do gráfico podemos verificar que 67% dos entrevistados responderam que sim, que é importante a presença da família durante a hospitalização do paciente, 22% disseram que às vezes e 11% responderam que não.

O cuidado dos familiares é uma das principais partes do cuidado aos pacientes internados na unidade de terapia intensiva, a presença da família é muito importante para aliviar a ansiedade, o desconforto e a insegurança do paciente. Silveira et al. (2005) e Soares (2007) afirmam que a afetividade proporcionada entre familiares e paciente é fundamental para a sua recuperação, sendo até mais eficaz do que qualquer relação profissional e o principal meio para favorecer a interação entre a equipe de enfermagem, familiares e pacientes é a comunicação. Ressaltam ainda que estratégias voltadas para os familiares como a melhoria da comunicação, da prevenção de conflitos e do conforto espiritual resultam em maiores satisfação e percepção da qualidade da assistência prestada ao paciente na UTI.

A permanência ou não de familiares dentro da UTI é um tema controverso, por isso perguntamos também quais são as vantagens e as desvantagens da participação da família durante a hospitalização do paciente. As respostas poderão ser analisadas através do gráfico a seguir e evidenciadas por alguns relatos apresentados posteriormente.

67% 11%

22%

(37)

Gráfico 7 – Vantagens e desvantagens da participação da família na visão da equipe de enfermagem da UTI

Pelo gráfico podemos notar que 35% dos profissionais entrevistados acreditam que a presença da família pode ajudar na recuperação ou melhora do paciente hospitalizado, 20% acreditam que a presença da família tranquiliza e conforta o paciente, outros 20% já acreditam que a presença da família tranquiliza os próprios familiares do paciente e 25% tiveram respostas divergentes. Destes 35% citaram como desvantagem que a família atrapalha o tratamento do paciente, muitas vezes devido ao desespero do familiar, 40% que a família interfere no serviço da enfermagem, e 25% citaram outras desvantagens.

“[...] A desvantagem é que as vezes que agente vai fazer um procedimento né, e tem que fazer aquele procedimento, a família as vezes ela interfere né, no procedimento, e... a vantagem é que o... a família quando ta ao lado do paciente ele se sente mais seguro, se sente mais né, tranquilo.” (Téc. Margarida).

“[...] isso faz com que a pessoa se sinta mais tranquila, mais... em um ambiente menos frio, que no caso é a UTI e... e faz com que a família também fique mais calma e passe menos ansiedade nos momentos da visita pro próprio paciente.” (Enf. Esmeralda).

“[...] olhando como... como pes...é... uma técnica de enfermagem [...] ele não ajudaria, porque o familiar ele estressaria mais o paciente, que ele iria ficar perguntando toda hora o que que é, o que que é essa medicação, o que que é isso, o que que é aquilo, porque o monitor ta apitando, por causa disso, por causa daquilo, ia passar mais medo pro paciente né, é isso que acontece aqui, que nós vemos aqui na rotina do hospital, quando tem algum familiar aqui [...].” (Téc. Violeta).

“[...] por mais que a pessoa esteja entubada em ventilação mecânica [...] não tenha consciência do que está acontecendo, a... eu falo que ele sente, novamente. Então, a pessoa te tocar, olha a tua mãe, olha a tua esposa, olha sou eu, eu vim aqui te ver né, eu acho que é primordial, agente tem... não temos como provar, mas vemos muito isso dentro da UTI, paciente que consegue, quando a pessoa ta, mudar uma

35%

20% 20% 25%

35% 40% 25% 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 recuperação ou melhora do paciente tranquiliza o

(38)

frequência, mudar um ritmo, as vezes ta ali com uma bradicardia que a pessoa só de encostar, de chegar próximo, cê vê que aumenta a frequência [...].” (Enf. Diamante).

Identificar os fatores que influenciam negativamente ou positivamente no processo de interação entre equipe de enfermagem e familiares é de fundamental importância, os familiares hoje participam do cuidado, opinam, ajudam a decidir, e isso exige preparo da equipe de enfermagem em aceitar e participar dessa interação. As dificuldades de comunicação e entrosamento entre a equipe de saúde e o familiar estão relacionadas com fatores como a diferença de concepções dos membros envolvidos ou pouco tempo de contato entre as pessoas, portanto cabe ao enfermeiro preparar sua equipe para o recebimento do familiar na unidade, pois atender as necessidades dos familiares é uma das responsabilidades da equipe da UTI e a avaliação dessas necessidades fornece subsídios importantes para a melhoria da compreensão, da satisfação e da capacidade da família em participar das decisões relacionadas ao cuidado de seu ente hospitalizado (KNOBEL, 2006; MAZZA, 1998; SOARES, 2007; SILVA e CONTRIN, 2007).

3.1.4 Cuidando de quem Cuida: Humanizando a Equipe

Consideramos que primeiramente, para se ter um ambiente humanizado o profissional de enfermagem que atua na UTI deve ter, no mínimo, afinidade com este setor. Diante disso perguntamos aos membros das equipes de enfermagem se consideravam que para trabalhar na UTI é necessário ter afinidade e gostar do setor que trabalha. 100% dos profissionais entrevistados afirmaram que tem ou que deve sim ter afinidade com o setor, como podemos observar em alguns relatos.

“Com certeza, tem que ter toda afinidade. [...] enfermagem você não pode ter por dinheiro, ou porque teu pai, tua mãe, tua vó quer, tem que fazer porque você quer, porque você gosta, porque a partir do momento que você não gosta você trata mal o paciente, você desconta nele.” (Enf. Topázio).

“Considero. Olha sem amor não dá, tem que gostar.” (Téc. Azaleia).

“Muito, tem que gostar muito [...] porque eles ficam totalmente... como é que fala... eles dependem totalmente da gente, desde a evacuação até o vômito, e tem gente que tem o estômago fraco né, você tem que gostar muito da profissão.” (Téc. Bromélia).

(39)

A equipe de enfermagem deve ter afinidade com o setor onde trabalham, principalmente na UTI, pois o cuidado prestado ao paciente necessita ser transformado em uma experiência significativa, um profissional insatisfeito e desmotivado pode afetar de forma marcante o clima organizacional de uma unidade hospitalar, podendo até influenciar outros membros da equipe a adotarem uma postura semelhante, ou desempenhar suas funções de forma inadequada e pouco eficiente (CAMARGOS e DIAS, 2002).

Em um processo de humanização, é de fundamental importância, o entendimento entre a equipe, agindo de forma a potencializar as ações entre si e respeitando o potencial de cada um. Perguntamos aos profissionais entrevistados como é o relacionamento entre a equipe de enfermagem do seu setor e se compreendem e apoiam seus colegas quando necessário:

Gráfico 8 – Relacionamento entre a equipe de enfermagem da UTI. Apoio e compreensão aos colegas.

No gráfico acima observamos que 47% dos entrevistados classificam o relacionamento entre a equipe de enfermagem do seu setor como sendo bom e que 3% relatou que há momentos de conflitos entre si, 47% relataram apoiar os colegas, pois trabalham em equipe e 3% relataram que somente quando eles estão certos.

Sobre a equipe de enfermagem e suas maneiras de se relacionarem Morton (2007) revela que a harmonia do ambiente de cuidados críticos é estabelecida pelo grau de coleguismo, colaboração e atenção que a equipe demonstra um com os outros e que a natureza desse ambiente expõe a equipe a emoções intensas por isso é necessário que os membros da equipe de enfermagem se apoiem, principalmente ouvindo de forma compreensiva a confissão do colega, que muitas vezes pode ser interpretada de maneira inaceitável.

94%

6%

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

bom/apoiam os colegas ocorrem conflitos/ apoiam os colegas

(40)

Para Souza (2004) muitas vezes há necessidade de esclarecimentos, trocas de informações e conhecimentos entre a equipe, isso permite ao profissional um melhor preparo do paciente com informações esclarecedoras, e para o profissional favorece a troca de conhecimentos e revela soluções. O relacionamento e o contato direto fazem crescer e, é neste momento de troca, que ocorre a humanização, porque desse modo o profissional de enfermagem irá se identificar como ser humano.

Outro fator relevante na construção de um caminho mais humanizado é o estresse e o sofrimento vivenciados pelos profissionais de saúde que atuam na UTI, a importância de se estender a atenção à equipe de enfermagem é uma condição necessária para melhorar a qualidade do cuidado na UTI. Diante disso, perguntamos a equipe de enfermagem se concordavam que a presença de trabalhadores estressados na UTI pode refletir no cuidado prestado ao paciente.

Gráfico 9 – Opinião da equipe de enfermagem sobre o estresse do profissional refletir na qualidade do cuidado prestado ao paciente.

Como podemos verificar no gráfico acima, a maioria dos entrevistados relatou que sim, o estresse do profissional pode refletir na qualidade do cuidado prestado aos pacientes, sendo que apenas 6% dos entrevistados relataram que depende com o que o profissional está estressado. A seguir estão dispostos alguns relatos que evidenciam estes pontos de vista:

“Com certeza. Você já pensou... se coloca ai, você ta doente, vem uma pessoa estressada, ele vai te tratar mal, não vai? Acho que uma pessoa estressada ele... estressa todo mundo né [...].” (Téc. Rosa).

“E muito, muito mesmo.” (Téc. Jasmim).

“Pode, pode refletir sim né, mas acho que a pessoa também tem que saber separar, ela pode ta estressada com uma vida pessoal, do outro lado, mas ela tem que ter consciência que ta numa UTI né, e que ta ali pra poder ajudar, independente do que ele ta passando em casa.” (Téc. Orquídea).

94% 6%

(41)

“Acho que sim, a pessoa que ta já estressada acho que não deve cuidar de um paciente né, ai é complicado, maltrata, Deus me livre, acho que não deve.” (Téc. Gérbera).

“[...] depende né, o que se trata né, depende de que, o porquê que ele está estressado, se é... é referente ao trabalho ali [...] quando digamos que na UTI tenha onze pacientes né, é... normalmente é cinco funcionários, as vezes só vem quatro, sobrecarrega e aí, as vezes você trabalha meio na pressão ali, um monte de serviço pra você fazer sem... é ... ai acaba ficando nervoso né, ai acaba influenciando né, ou direto ou indireto, acaba influenciando.” (Téc. Crisântemo).

“Totalmente, totalmente, totalmente. Às vezes a pessoa traz o estresse pro seu serviço e acaba, por exemplo, o paciente entubado ta totalmente dependente dele, se ele chegar estressado, não quiser fazer o serviço dele, não quiser dar banho de leito corretamente, ele vai deixar o paciente lá mijado, evacuado, o dia inteiro por causa que ah não! Hoje eu não cheguei com saco para trabalhar!” (Enf. Safira).

O estresse é um dos principais motivos que prejudicam o rendimento da equipe de enfermagem no trabalho e em sua qualidade de vida e pode ser definido como a soma de respostas físicas e mentais causadas por determinados estímulos externos e que permitem ao indivíduo superar determinadas exigências do meio ambiente (SIQUEIRA, LEÃO e CARPENTIERI, 2002). O estado emocional da equipe de enfermagem é um fator que influencia no desempenho de seus papéis frente a UTI e na qualidade da assistência prestada ao cliente, por mais que este profissional seja dedicado e tecnicamente capaz.

Para Silveira et al. (2009) antes de ajudar o paciente e sua família, é importante que cada membro da equipe de enfermagem reconheça suas próprias necessidades e limitações para depois poder compreender o outro, pois cuidar de pessoas implica, antes de tudo, olhar para si mesmo e compreender os próprios sentimentos, para trilhar caminhos que levem ao enfrentamento das dificuldades como profissionais que cuidam.

(42)

Gráfico 10 – Resposta dos profissionais se já tiveram ou não problemas patológicos por trabalharem na UTI

Pelo gráfico podemos observar que 94% dos profissionais entrevistados nunca tiveram problemas psicológicos ou outro tipo de patologia devido ao fato de trabalhar no setor de UTI, e que somente 6% relataram já ter passado por problemas psicológicos, mas devido à hospitalização de familiares.

Para Morton (2007) e Knobel (2006) as demandas decorrentes de emoções intensas e do comprometimento com o trabalho fazem da enfermagem de cuidados críticos profissionais vulneráveis ao desenvolvimento de sintomas patológicos, especialmente os transtornos depressivos e de ansiedade.

As reações emocionais desencadeadas nos profissionais através do contato contínuo com pacientes em terminalidade também influenciam no desenvolvimento de problemas patológicos, pensando nisso questionamos aos profissionais de enfermagem da UTI como lidam com essa questão da vida e da morte:

“[...] na verdade agente na UTI, que falece ai uma ou duas pessoas por semana, ou três dependendo da época, vira um pouco de rotina, entendeu [...].” (Téc. Lírio).

“Olha, por eu ter uma crença né, eu acredito assim que tudo tem um tempo determinado né, é... até certo ponto a medicina e a enfermagem ela pode ajudar né, mas chega um certo ponto que você não pode mais fazer nada, então acredito assim que o que está ao nosso alcance de fazer agente faz né, o que não está ai você tem que deixar a cargo de uma força superior.” (Téc. Begônia).

“[...] Olha no começo pra mim foi um pouco difícil porque eu cheguei e já dei de cara com gente morrendo e gente entrando todo dia, só que hoje não, hoje eu vejo assim que... é um processo, um dia todo mundo vai morrer [...].” (Enf. Safira).

“[...] eu não sou assim uma pessoa desesperada, eu acredito que todo mundo tem o dia de nascer e tem o dia de morrer, então eu sou assim, bem conformada [...].” (Téc. Tulípas).

“[...] Olha é uma pergunta meio complicada assim, porque pra gente é di... é importante a vida né, agente luta pra que o doente sai vivo contando estória né, mas se não houver sucesso durante o tratamento é triste, qualquer forma você as... agente sai triste daqui, é uma sensação de perca, né.” (Téc. Azaleia).

94% 6%

Imagem

Figura 1 - Mapa do município de Tangará da Serra mostrando os limites,  localização  no  mapa  do  estado  e  vias  de  acesso  (PORTAL  MATO  GROSSO, 2008)
Gráfico  1  –  Porcentagem  de  profissionais  que  costumam  comunicar aos  pacientes sobre os procedimentos a serem desenvolvidos
Gráfico 3 – Importância da comunicação como instrumento para humanizar o cuidado
Gráfico 6 – Importância da família durante a hospitalização do paciente no  contexto da equipe de enfermagem
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