-Universidade
Nova
de Lisboa
Faculdade de
Cincias Sociais
e
Humanas
Departamento
de
Cincias
da
Educa?o
REPRESENTACES
SOCIAIS
da
Leitura
e
da Escrita
nas
Crian^as
Surdas
Dissertaco
de
Mestrado de
Amndio da Encarnaco Coutinho
Orientadora: Professora
Doutora
Maria Alcina
Lajes
--^_jl^c7^_q__^c_Q-^-Cz_
{ic*$*jtesjuL
<=-co)
^-Oo4c_iui
REPRESHNTACES
SOCIAIS
da
Leitura
eda
Escrita
naCrian^a
Surda
H^
Umversidade N'ova de L.shoa. ProvasdeMestradoapreseniad_isporAmndio Coutinhoem12deJulho de 20->2
Errata
Pgina
I.inha
Onde
sel
Deve ler-se
VI tiluio -- Jos
6 15 quesiionarttos auesttonario..
10 nota8 Me'.hde Mthotie
-i6 :o r>oae poem
20 17 desempenham Jesempeniia
yt n
emoueem emque
m r.'_a66. ] 8 essenctiamente essenctamente
i') 2 ovtnes ouvtntes
47 4 'iitrguistas,neurolmgutsias. rsicoiinnutxias iinnutsias.neuroiinauisiasenstcoiin^uisias
47 notaoo.':. :1 'briwi uue loram
47 notai.o 1 !/> /uee _._._
'4 nota 12%. 1. ! P*i peio
S" '
,ate<ionus caiegona
'l. jif.mj
._resuiiados dnsresuitados
!< 6 tuves nivets
"'X "'X '-. I\
.;_i_ii_ro 14 GntpoAtvo.total. l"n>caihu. 'n--40~ V-nwo Aho. lota, ' recoiha. in~48i luadro :-t jnwo.llvo.totai. 2"recniha. tt J0)
drupo
Alvo.iotai.2recoiha ._=/z..lUJdro 4 inpo Coniroio IS.totai. _'" ecolha.;n ->. GrupoControioiS. totai. ."'recoha. <n-JS. .i'.-ld-u 14 ' m.po(.'ottindo /S.tnla 7'recolha.
n ~ih Gmpo('.ontroiol S. toiai. 2" recoiha. n .'./
.it'smoenhr? Jesempettnos
_ . ~~
T.I7
__:*.!if.rnalitima -iimn6
i.etlura Escnta
oievona ctetona
( : '.'iiiiztt-yut-.nar:i,.E.'.i'oi-., ->., t 7.. __, ;.'i l
"Ti~i
ietlura1"'recolha Escrtta2" recoiha i 17
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.riadro2 1 tnino ilv> ioiai. I'n-fothn,<n J(h Jnipo Alvo totai. i' 'et.oihu.<n^J~S.
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720
jiuuiro2] :;....,:r,- 2 !
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.mpo llvo :otat.2' \'i<)iim. n~U~ i.IruDO Aivn. :ottn.2" rfi../.i.j. it=J~, i'm.poC.intrnio/S.oiai !" recolha. n H). imipoConiroi/.iS. :oiai. i'n'coiha,._-..-M
nwoCmtroioi S.loial. 2"'recoiha.<n=.~H.
ou-idro2 1 jnwoi'oturoto '
S.iouii.2" recoiiia.,./=-/.i
!-i 7?.. MY-o
:l)e2U No de'.emser.on->.d;:.__.__.:,
'20 22 ondesohem "._??..Je'S'- :.<ura -_.".:'' --i<ie sohem !2.:'' ../_. 7;
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.. aaru_i'r-., 2"e 24 onJesooem !2.:'>.,ie''..''' :>araft". 'ottde 'ohem "..'".. de ","B'? para *2.-?'"'.
'umuirares fcuntitare'
'du-s
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Universidade
Nova
de
Lisboa
Faculdade de Cincias Sociais
eHumanas
Departamento
de Cincias da
Educaco
REPRESENTACES
SOCIAIS
da
Leitura
e
da
Escrita
nas
Crian^as
Surdas
Dissertaclo
de Mestrado
emCincias da Educaco
naArea
de
Especializac^o
emEducaco,
Comunica^o
eLinguagem
peio
Licenciado
Amndio da
Encarnacjo
Coutinho
orientada
pela
Professora
Douora
Maria
Alcina
Lajes
Julho
de 2002
...
uma
vezsc
cfesgnou
amoyara
aue
amaojosse
uma vez o
cfscurso
suaeru
amoyara
que
amofosse
uma
vezo
dscursofoi
amo
. . .ndice:
Prefcio
VII
Introduco
1
I Parte
-PROBLEM
TICA
DO ESTUDO
8
II
Parte
-Ft
JNDAMENTACO
TERICA
Cap.
I
-Representaces
Sociais
23
Introducao
23
1.
-Teoria
das
Representacoes
Sociais
24
1.1
-Representaces
Sociais: Conceito
24
1.2
-Representaces
Sociais:
Estruturaco
27
1.3
-Representacoes
Sociais:
Fun^es
28
2.
-Representacc.es
Sociais
naCrianca
30
2.1
-Teoria das
Representa^es
Sociais/Teoria
do
Desenvolvimento
31
2.2
-Carcter
Simblico
das
Representagoes
Sociais
33
3.
O
Papel
do Meio
eda
Comunicaco
35
3.1
-Meio
Social
eRepresentacoes
Sociais
36
3.2
-Comunicaco
eRepresentaces
Sociais
37
Cap.
U
-Desenvolvimento
da
Crianca Surda
40
Introduco
40
1.
-Desenvovimento
Cognitivo
eSocial da
Crian^a
Surda
41
2.
-Desenvovimento
Lingustico
da
Crianca
Surda
47
2.1
-Criancas
Surdas
Filhas
de
Pais Surdos
47
2.2
-Crianvas
Surdas
Filhas de
Pais Ouvintes
49
111 Parte
-ESTL
DO
EXPERIMENTAL
Introduco
Cap.
I
-Metodologia
56
1.
-Caractenza^o
do
Tipo
de
lnvestigaco
56
1.1
-Modelos de
Investigaco-Acco
58
1.2
-Investigaco
na epela
Ac^o
59
2.
-Caracterizaco da
Amostra
61
2.
1
-Caracterizaco
Socio-economica
63
2.2
-Caracterizaco
Psicologica.
Social
eComunicativa
6_>
2.3
-Sntese
da
Caracterizac,o
72
3.
-Corpus
73
3.1
-Instrumento de Recolha de Dados
73
3.2
-Recolha de Dados
75
3.3
-Tratamento
de Dados
76
Cap.
U
-Descri^o
dos Resultados
79
Introduco
79
1.
-Representaces
Sociais da Leitura
81
1.1
-Grupo
Controlo
II
0
81
1.2
-GrupoAlvo
85
1.3
-Grupo
Controlo
I
S
90
1.4
-Sntese
eValidaco
Estatstica
dos
Resutados das
Representaces
Sociais da
Leitura
95
2.
-Representacoes
Sociais da Escrita
100
2.
1
-Grupo
Controlo
II 0
100
2.2
-GrupoAlvo
104
2.3
-Grupo
Controo
I
S
109
2.4
-Sntese
e
Validaco
Estatstica
dos
Resultados das
Representa^es
Sociais da
Escrita
113
3.
-Comparaco
entre osResultados dos dois
Questionrios
119
Cap.
III
-Discusso dos Resultados
126
IV
Parte
-CONCLl
SES
134
Bibliografia
142
Anexos
I - Fichas deCaracterizaco II -
Questionrio
dasRepresentaces
Sociais da LeituraIII
-Questionrio
dasRepresentaces
SociaisdaEscrita IV - ResultadosdoQuestionrio
dasRepresentaces
Sociaisda Leitura V - ResultadosdoQuestionrio
dasRepresentaces
Sociais da EscritaIndice dos
Quadros
Quadro
1
-Distribuico dos
sujeitos
dos trs grupos
da
amostrapor
anosde
escolandade
62
Quadro
2
-Habilttaces dos
pais
emes
dos
sujeitos
dos
trs
grupos
da
amostra64
Quadro
3
-Nveis
Ocupacionais
dos
pais
emes
dos
sujeitos
dos trs grupos da
amostra
64
Quadro
4
-Resultados dos
testespsicolgicos aplicados
aostrs
grupos da
amostra ....66
Quadro
5
-Distribuico
por graus
de
surdez
dos
alunos
surdos
da
amostra69
Quadro
6
-Distribuicao dos alunos surdos da
amostrapor
tipos
de
comunica^o
70
Quadro
7
-Idade do
contactocom o
educador
ou com oprofessor
surdo:
Grupos
Alvo
e
Controlo
I
S
71
Quadro
8
-Respostas
aoquestionrio
de
Representaces
Sociais da
Leitura,
Grupo
Controlo
II
0,
1
arecolha
81
Quadro
9
Respostas
aoquestionno
de
Representaces
Sociais da Leitura.
Grupo
Controlo
II
O,
2:'
recolha
83
Quadro
10
-Respostas
aoquestionrio
de
Representacoes
Sociais
da
Leitura,
Grupo
Alvo,
la
recolha
86
Quadro
1 1
-Respostas
aoquestionrio
de
Representayes
Sociais da
Leirura,
Grupo
Alvo,
2arecoIha
87
Quadro
12
-Respostas
aoquestionrio
de
Representaces
Sociais da
Leitura, Grupo
Controlo
I
S,
Trecolha
90
Quadro
13
-Respostas
aoquestionrio
de
Representa^es
Sociais da
Leitura,
Grupo
Controlo
I
S,
2a
recolha
92
Quadro
14
-Respostas
aoquestionrio
de
Representages
Sociais da
Leitura,
evoluco
dos
trs
Grupos,
diferenca
entrealaea2a recolha
98
Quadro
15
-Respostas
aoquestionno
de
Representaces
Sociais da
Escrita,
Grupo
Controlo
II
O,
I
arecolha
{
00
Quadro
16
Respostas
aoquestionrio
de
Representacoes
Sociais da
Escrita,
Grupo
Controlo
II
O,
2a
recolha
1
02
Quadro
17
-Respostas
aoquestionrio
de
Representaces
Sociais
da Escnta.
Grupo
Alvo.
larecolha
105
Quadro
18
-Respostas
aoquestionrio
de
Representaces
Sociais da
Escrita,
Grupo
Alvo,
2a
recolha
]07
Quadro
19
-Respostas
aoquestionrio
de
RepresentaQes
Sociais
da
Escrita,
Grupo
Controlo
I
S,
la recolha
109
Quadro
20
-Respostas
aoquestionrio
de
Representaces
Sociais da
Escrita,
Grupo
Controlol
S,
2"
recolha
111
Quadro
21
-Respostas
aoquestionrio
de
Representaces
Sociais da
Escrita.
evolu^ao
dos trs
Grupos,
diferen^a
entre ala
ea2a recolha
118
ndice
de
Grficos
Grafico
1
-Respostas
aoquestionno
de
Representaces
Sociais da
Leitura.
Grupo
ControloIIO,
la
e2a recolhas
85
Grfico 2
-Respostas
aoquestionrio
de
Representaces
Sociais
da
Leitura,
Grupo
Alvo,
la
e2a
recolhas
89
Grfico
3
-Respostas
aoquestionrio
de
Representaces
Sociais da
Leitura,
Grupo
ControloIS,
la
e2a
recolhas
94
Grfico
4
-Respostas
aoquestionrio
de
Representa^es
Sociais
da
Leitura,
comparaco
entre os3
grupos, la recolha
95
Grfico
5
-Questionno
de
Representaces
Sociais da
Leitura,
validacao
estatstica.
Precolha
96
Grfico
6
-Respostas
aoquestionrio
de
Representaces
Sociais da
Leitura,
comparaco
entre os3
grupos,
2a
recolha
97
Grfico
7
-Questionrio
de
Representaces
Sociais da
Leitura,
validaco
estatstica.
2arecolha
98
Grafico
8
-Questionrio
de
Representaces
Sociais da
Leitura,
validaco
estatstica,
la
e2a
recolhas
99
Grfico 9
-Respostas
aoquestionrio
de
Representaces
Sociais da
Escrita,
Grupo
ControIoIIO,
lae 2arecolhas
104
Grfico
10
-Respostas
aoquestionrio
de
Representacoes
Sociais da
Leitura,
Grupo
Alvo,
la
e23
recolhas
109
Grafco
11
-Respostas
aoquestionrio
de
Representaces
Sociais
da
Escrita,
Grupo
ControloIS,
la
e2a recolhas
113
Grfico 12
Respostas
aoquestionno
de
Representacoes
Sociais
da
Escrita,
comparaco
entre os3
grupos, la
recolha
114
Grfico
13
-Questionrio
de
Representaces
Sociais da
Escrita, validacjio estatstica,
larecolha
115
Grfco
14
-Respostas
aoquestionrio
de
Representaces
Sociais
da
Escrita,
comparaco
entreos3 grupos,
2a
recolha
1 1 6
Grfco
1 5
-Questionrio
de
Representaces
Sociais da
Escrita,
validaco
estatstica,
2arecolha
117
Grfico
16
-Questionrio
de
Representaces
Sociais da
Escrita,
validaco
estatstica,
lae2arecolhas
l18
Grafico
17
-Respostas
aoquestionrio
de
Representayes
Sociais da Leitura
eda
Escrita,
comparaco
entreas2
recolhas do
Grupo
Controlo
II
0
1 '9
Grfico 18
-Respostas
aoquestionrio
de
Representa^es
Sociais da Leitura
eda
Escrita,
comparayo
entre as2
recolhas do
Grupo
Alvo
'*!
Grfico 19
-Respostas
aoquestionrio
de
Representayes
Sociais
da Leitura
eda
Escrita.
comparago
entre as2
recolhas
do
Grupo
Controlo
I
S
1 23
AS
REPRESENTACES
SOCIAIS
NA
CRIANQA
SURDA
sobre
Leitura
e aEscnta
Prefcio
Tem sido
umagrande
honra
para mim trabalhar vai para
duas
dcadas
comcrian^as
surdas.
Ao
longo
destes
anos,tenho tido
oprivilgio
de
poder
contribuir
decisivamente
para desbravar
oscaminhos que
aeducaco
de
surdos
tempercorrido
nos anosmais
recentes em
Portugal: primeiro,
participando
numprojecto
de
retlexo sobre
alngua
da
populaco
surda
portuguesa
que
culminou
napublicaco
de
umlivro que haveria
de
ser ummarco
importante
noreconhecimento
pela Constitui^o Portuguesa
em1997 de
que
aLngua
Gestual
Portuguesa
alngua
de
educaco das criancas surdas
portuguesas;
depois
partilhando
aautoria
e aconstruc,o
de
umprojecto
educativo
que
ambiciona
chegar
a umasituaco
de
educaco
bilingue
para
ascriancas surdas
portuguesas
emque
aleitura
e aescrita
desempenham
umpapel
fundamental.
Estou
grato
vida
por
me terproporcionado
togrande
privilgio
etamanha honra.
Todavia.
neste momento.sentia
anecessidade
de
tornarvisveis
osresultados
conseguidos
pelas
criancas surdas
comofruto
do
esfor^o
educativo
emque
tenho
participado
activamente
evincular
cientificamente
opercurso atravs
do
qual
temostentado
proporcionar
crian^a
surda
umcrescimento
saudvel
eprximo
do das criancas
ouvintes.
A Professora
Doutora Maria Alcina
Lajes
foi
a moque
mefoi lancada
nummomento
de
grandes
dvidas
e meincentivou,
meconvidou
reflexo
cientfica
sobre
otrabalho fascinante que vnhamos realizando.
S
com aajuda
da Professora Doutora
Maria
Alcina
Lajes
foi
possvel
transformar
oque
seriam
alguns
passos
de
umasimples
avaliaco
de
umprograma
educativo
numtrabalho
ponderado,
cimentado
efundamentado
cientificamente.
Sem
osuporte
cientfico.
origor
e oincentivo
permanentemente
generoso
da
Professora Doutora Maria Alcina
Lajes
Almeida
no
teria sido
possvel
desenvolver
opresente
estudo
epor
isso lhe
agradeco
sentida
eemocionadamente.
REPRESENTACES
SOCIAIS
da
Leitura
eda
Escrita
naCrianca
Surda
Introduco
A
motivaco
para
arealizaco do
presente
estudo
prende-se
comrazes
de
ordem
pessoal,
profissional,
social
ecientifica:
asrazes
de
ordem
pessoal
ligam-se
vontade
enecessidade
de
melhorarmos
as nossascapacidades
de
apoio
ede
interv'en^o junto
da
populaco
surda;
asrazes
de ordem
profissional
prendem-se
com ofacto de
trabalharmos,
h
uma
quinzena
de
anos, naeducaco de surdos
ede
mantermoslacos
afectivos fortes
com acomunidade
surda
portuguesa,
desejando
fazer
progredir
aqualidade
das
actuais
prticas
pedaggicas
com osaiunos
surdos
portugueses;
asrazcs de ordem
social
vo
nosentido de
querermos
ajudar
ascriancas
surdas
a terem acesso a umaeducaco
cada
vezmais
digna,
que
lhes
possibilite
umaverdadeira
integraco
nasociedade
e umverdadeiro
acessoigualdade
de
oportunidades
com os seuspares
ouvintes;
asrazes
de
ordem cientfica
prendem-se
com ofacto de
termosj
realizado
alguns
estudos
nombito
da
surdez
equerermos
aprofundar
osnossos
conhecimentos
nestarea
para,
dessa
forma, podermos
conseguir
asfinaiidades
enunciadas
nas razoesprecedentes.
Muitos tm sido
osprogressos
narea
da surdez
nasltimas dcadas.
comespecial
realce
para
os avancosproporcionados pela investigago
narea
da educaco
de
surdos
e nasreas da comunicaco
eda
lingustica
directamente relacionadas
com apessoa
surda.
sobretudo
depois
dos
anos sessenta.Foi
combase
nareflexo sobre
essesestudos
(de
entre asquais
sedestacam
aspesquisas
de
Furth, Stokoe,
Bellugi,
Klima,
Schlesinger,
Johnson
eLiddell,
entreoutros)
que
decidimos
iniciar
apresente
pesquisa
tendo
comopressuposto
principal
que
alngua
maternadas
criancas
surdas
portuguesas
aLingua
Gestual
Portuguesafl]
eque
s
essalngua
Ihes vai
proporcionar
o seudesenvolvimento
global.
Na
primeira
parte
do
presente estudo,
dedicada
Problemtica do
Estudo,
comecamospor
dar
contados variados conceitos
de
surdez inseridos
emdiferentes
correntesde estudo
sobre
asurdez
aolongo
de todo
osculo XX.
Com
ligaco
a estas correntesde
estudo,
daremos,
de
seguida,
conta,
das distintas
metodologias educativas,
comespecial
realce
para
asmetodologias
oralistas
preconizadas
para
oensino
epara
aeducaco
de
surdos
eaplicadas
emtodo
omundo,
sobretudo
apartir
do
Congresso
de Milo de
1880;
tentamos,
ainda,
debrucar--nos
sobre
arealidade
portuguesa,
constatando que
aopco
metodolgica pelo
oralismo
noensino das
crian^as
surdas
Ihes
provocou
graves
problemas,
nomeadamente
noque
serefere
ao
domnio
da
leitura
eda escrita.
Focaremos,
de
seguida,
aimportancia
que
umambiente
abundante
efuncional
de leitura
e
de
escntatm
naaprendizagem
da leitura
eda escrita
pelas
criancas
ouvintes,
bem
como nassuas
Representa^oes
Sociais,
namedida
emque
aaprendizagem
da
leitura
eda escrita
depende,
emgrande
medida,
da construco
social
que
ossujeitos
da
aprendizagem
dela
realizam.
1
Amaral, M A.. Coutinho. A..
Delgado-Martins:
M.R., Para Uma Gramtica daLingua
Gestua'lPorfnguesa.
Lisboa. Ed. Caminho. 1994.Paralelamente. acreditamos que
ascrianc-as
surdas
portuguesas
podem chegar
commais
facilidade
aprendizagem
da
leitura
eda
escrita
se seIhes
proporcionar
aconstruco
de
representacoes sobre
aleitura
e a escnta etendo
comobase
pnncipal
umambiente
comunicativo que
contemple
aaquisico
da
Lngua
Gestual
Portuguesa
e aaprendizagem
da
Lngua Portuguesa
escrita;
apartir
destes
pressupostos
que
construmos
oohjecto
do
presente
estudo,
oobjectivo
geral
e osobjectivos especficos,
ahiptese
geral
e ashipteses
especfcas,
bem
como avanvel
contacto naqual
relevamos
osseguintes
aspectos: quanto
melhor
a cnancaconhecer
autilidade
da
leitura
eda
escrita melhor
poder
vir
a ser a suaaprendizagem
destas
matrias;
quanto maior for
a suainteracco comunicativa
esocial
melhor
sero
osresultados obtidos
naconstruco
das
Representacoes
Sociais.
A
segunda
parte
tratada Fundamentaco
Terica do
nossoestudo,
com umprimeiro
momento em
que
relevamos
oestudo das
Representaces
Sociais
e umsegundo
momento emque
tratamos oestudo do
Desenvolvimento da Crianca Surda.
No estudo das
Representaces
Soaais,
baseando-nos
sobretudo
nasconcepcoes
de
Moscovici
(mas
tambm
naspropostas
de
Jodelet,
Minayo,
Duveen
eGilly,
entreoutros),
focaremos
inicialmente
osprincipais
aspectos
da
teoria das
Representa^es
Sociais,
comdestaque
para
oconceito, estruturago
efun^es
das
Representagoes
Sociais.
Em
seguida,
reflectimos
sobre
asRepresentaces
Sociais
nacrian^a,
tendo
em conta arelaco
entre ateoria das
Representaces
Sociais
(proposta
por
Moscovici)
e asteorias do Desenvolvimento
(propostas
por
Piaget
epor
Vigotsky),
bem
como ocarcter
simblico
das
Representaces
Sociais. Por
fim,
destacaremos
opapel
do meio social
eda
comunicaco
naconstruco
dinmica das
Representaces
Sociais:
quanto
aomeio
social.
destacamos
que
asRepresentaces
Sociais
sogeralmente
explicadas pelas
condiges
socio-estruturais
eRepresentaces
Sociais,
tendo
ainda
em contaque
atravs
da
comunicacao
que
asRepresentaces
Sociais
so
estruturadas.
No que
serefere
aoDesenvolvimento da
Cnanga
Surda, destacamos,
por
umlado,
odesenvolvimento
socio-cognitivo
da
crianc-a surda
e,por
outro,
o seudesenvolvimento
comunicativo
elingustico.
No estudo
do
desenvolvimento
socio-cognitivo
da
crianca
surda,
revemos os
estudos sobre
asurdez
emdiferentes
perodos
do seculo
XX,
comespecial
destaque
para
osestudos
de
orientaco
psicomtrica
que
vo
at
aos anoscinquenta, seguido
de
umperodo
maisinfluenciado
pela
correntecognitivista
dos
anoscinquenta
a setenta e,por
fm,
de
umperodo
aque
chamamos interacciomsta
entre os anos setenta eoitenta.
Nestes
periodos,
acrian^a surda
estudada
essencialmente
sob
aperspectiva
das
suasincapacidades
em
comparaco
com ascapacidades
da
crian^a ouvinte,
sem se ter emlinha de
conta as suaspotencialidades:
osestudos
de Furth
nos anos sessentaso
aexcepco,
demonstrando
que
ascriancas surdas tm
capacidade
para
sedesenvolverem da
mesmaforma
que
ascriancas
ouvintes, abrindo,
assim,
caminho para
osestudos que
defendem
que.
sefor
proporcionado
crianca
surda
umambiente
lingustico
e umainteracc-o
normal
com omeio,
esta sedesenvolver
como acrianca ouvinte.
,
justamente,
sobre
odesenvolvimento comunicativo
elingustico
da
crianga
surda que
reflectimos
emseguida,
comdestaque,
por
umlado,
para
osestudos
realizados
com ascrian^as
surdas
filhas
de pais
surdos
e,por outro,
para
osestudos
desenvolvidos
com ascriangas
surdas
filhas
de
pais
ouvintes.Com base
naspesquisas
Ievadas
acabo
por
Stokoe,
Bellugi,
Klima,
Siple
eSchlesinger,
entreoutros, destacamos
aimportncia
fulcral
que deve
ser
dada
aquisico
da
lngua
maternapara
acrian^a
surda
- agestual
(a
Lingua
Gestuai
Portuguesa,
no casodas
cnancassurdas
portuguesas)
-para que
seprocesse
onormal
desenvoivimento da
crianca
surda,
nomeadamente
noque
respeita
construco
de
Representaces
Sociais.
Na terceira
parte
do
presente
trabalho
tratamosdo
Estudo
Experimental,
com umprimeiro captulo
emque
explicitamos
aMetodologia
adoptada,
umsegundo
emque
fazemos
a
Descrico
dos
Resultados
e umterceiro
captulo
que dedicamos
aDiscusso
dos
Resultados.
No
capitulo
dedicado
Metodologia,
tratamos,
emprimeiro lugar.
da
caracterizaco do
tipo
de
investigaco,
destacando
diferentes modelos de
investigaco-accao
econcentrando--nos no
modelo de
investigaco
na epela
acgo
proposto
por
Esteves. por
ser omodelo
que
mais
seadequa
ascaracteristicas de
investigaco
que
realizamos
nesteestudo
eque envolveu
o
investigador
naconstruco
de
umprojecto
de intervenco
pedagogica
com uma vastaequipa
formada
por
educadores
eprofessores (surdos
eouvintes),
pais
e outroselementos
da
equipa
tcnica do
Grupo
Alvo.
Fazemos,
depois,
acaracterizago
da
amostraque
composta
por
cento evinte
eseis
crian^as
surdas
eouvintes assim distribudas:
umGrupo
Alvo
(quarenta
eoito alunos surdos
sem outros
problemas
associados
surdez,
da
Pr-escola
edo 1
Ciclo do Ensino Bsico
sujeitos
a ummodelo educativo
emque
seprivilegia
aaquisico
e odesenvolvimento da
Lngua
Gestual
Portuguesa
e aaprendizagem
da
Lngua
Portuguesa
escrita);
umGrupo
de
Controlo
Surdo
(Grupo
Controlo I
S,
composto
por trinta
eoito alunos
surdos
sem outrosproblemas
associados
surdez,
da Pr-escola
edo 1 Ciclo do Ensino Bsico
no
expostos
aoambiente educativo do
Grupo Alvo);
umGrupo
de Controio Ouvinte
(Grupo
Controlo II
O,
composto
por
quarenta alunos ouvintes da Pr-escola
edo
1
Ciclo do
Ensino Bsico
do
ensino
regular
efunciona
comogrupo
de
referncia
quer
emrelaco
aoGrupo
Alvo,
quer
emrelaco
aoGrupo
Controlo I
S).
Na
caracterizaco
da
amostradestacamos,
por
umlado.
acaracterizaco
socio--economica do meio
familiar
e,por
outro,
acaractenzaco
psicolgica,
social
ecomunicativa
dados
relativos s habilitacoes acadmicas
e aosnveis
ocupacionais
dos
pais
edas
mes
dos
sujeitos
dos
trs grupos
da
amostra.Na
caracterizaco
psicolgica
damos
contados resultados
de
trs
testesaplicados
atodos
ossujeitos
da
amostra,
tendo
emvista
comparar
osresultados
obtidos
pelas
criancas surdas
com osdas ouvintes. Estes
resultados
so,
ainda,
relacionados
com os
dados relativos
distribuicao dos alunos surdos da
amostra,
tendo
em conta otipo
de
comunica^o
aque
recorrem e osdados
relativos
idade
do
primeiro
contactodos alunos
surdos
com oprofessor
surdo. para
podermos
detectar
donde resultam
asdifculdades
dos
alunos
surdos
e se osprobiemas
de
comunicaco
comque
acrianca surda
sedebate
so
determinantes
nas suasaprendizagens
e no seudesenvolvimento
global.
No terceiro
eltimo ponto da
metodologia,
que
dedicado
aocorpus,
falamos,
emprimeiro lugar,
do instrumento de
recolha de
dados
(um
questionrio
comduas
verses:
umapara
asRepresentaces
Sociais da Leitura
e outrapara
asRepresentaces
Sociais da
Escrita),
em
segundo
lugar,
da
recolha de
dados
(com
destaque
para
ofacto de
se teremfeito
duas
recolhas
com ointervalo
de
um ano atodos
ossujeitos
da
amostra tentotodas
asaplicaces
sido
gravadas
emvideo;
osquestionrios
foram
aplicados
aosalunos ouvintes
pelo
investigador
e aosalunos
surdos por
umadocente
surda
e,
posteriormente
traduzidas,
no casodos
surdos,
etranscritas,
no casodos
ouvintes);
temos, por
fim,
o tratamentode dados
que
consistiu,
essencialmente
naanlise de
contedo
das
respostas,
oque conduziu
aoagrupamento
dessas
respostas
emcinco
grandes categorias
adiante
explicitadas.
No
captulo
dedicado
Descrigo
dos
Resultados, descrevemos,
empnmeiro lugar,
osresultados
obtidos
por
cada
umdos
trs
grupos
da
amostra noquestionrio
das
Representacoes
Sociais da
Leitura,
depois
noquestionrio
das
Representaces
Sociais da
Escrtta
e,por
fm
comparamos
osresultados
obtidos
naleitura
e naescrita. Iniciamos
sempre
a
leitura
dos
resultados
pelo Grupo
Controlo II O
(o
grupo dos ouvintes que
funciona,
comoj
referimos,
comogrupo de
referncia),
seguindo-se-lhe
sempre
oGrupo
Alvo
e oGrupo
Controlo
I
S.
A
leitura dos dados
de cada grupo
efeita
com oapoio
de
umquadro
para
cada
recolha
ede
umgrfico
fmal
para
acomparaco
dos
resultados
obtidos
naprimeira
e nasegunda
recolha.
No
tinal
da
descrigo
dos
dados de cada
umdos trs
grupos
relativos quer
aoquestionno
das
Representaces
Sociais da
Leitura,
quer
aoquestionrio
das
Representacoes
Sociais
da
Escrita,
apresentamos
asntese
global
e avalidaco
estatstica dos resultados
(com
o
apoio
dos
respectivos
grfcos
equadros)
quer
da
primeira,
quer
da
segunda
recolha,
quer,
ainda,
da
progresso
dos resultados
entre aprimeira
e asegunda
recolha.
A
validaco
estatstica dos
resultados
apoia-se
emtestespost-hoc
de
comparages
mltiplas
de
Scheff.
No
capitulo
dedicado
Discusso
dos
Resultados,
analisamos
aprogresso
dos
resuitados
conseguida
pelos sujeitos
da
amostratendo
em conta aprimeira
e asegunda
recolha,
quer
noquestionrio
das
Representaces
Sociais
da
Leitura,
quer
noquestionrio
das
Representa^es
Sociais da
Escnta,
confrmando
ouinfrmando
ashipteses
apresentadas
naprimeira
parte
do presente estudo relativa
kproblemtica
do estitdo.
Na
quarta
eltima
parte
dedicada s Concluses
do estudo.
damos
conadas
prmcipais
concluses
a retirardo
presente
estudo
(papel
que
oambiente comunicativo
composto
pela
Lngua
Gestual
Portuguesa
epela Lngua Portuguesa
escrita
pode
representar
para
acrianga
surda,
nomeadamente
naconstruco
de
representaces
sobre
aleitura
e aescrita),
damos,
ainda.
contadas limitacoes
do estudo
edeixamos
algumas
recomendaces
de carcter
cientfico,
pedaggico,
social
epolitico
que
achamos
mais
pertmentes.
IParte
PROBLEMTICA
D0 ESTUDO
A
educaco
(em
sentido
lato)
da cranca surda
temvanado
aolongo
do
tempo
com aevoluco
do
conceito de
surdez
edos
mtodos
de
educago
que
lhe foram sendo associados.
Quanto
aoconceito de
surdez,
podemos
identifcar
asprincipais
correntesinseridas
nasrespectivas pocas:
-perodo
psicomtrico,
emque
seconsidera
asurdez
como umaanormalidade
eque
sesitua
entre oinicio do sculo
XX
e os anoscinquenta,
perodo
que
secaracteriza
pela
aplicaco
de
testespsicologicos
ede
valorizaco do Coefciente de
Inteligncia (QI);
-perodo
cl'inico,
emque
seconsidera
asurdez
como umapatologia
de
origem
fsiolgica,
periodo
que
sesitua
entre os anos sessenta e setenta;
-perodo
interaccionista,
emque
seconsidera
asurdez
como umdfice
provocado pela
ausncia
de
nterac^o
social
eque
tem a suavigncia
entreos anos setenta e oitenta.O denommador
comum aostrs
periodos
que acabamos
de enunciar
ofacto de
sedefender
que
atecnologia
(amplifcadores
de
som,
entreoutros)
contribua
decisivamente para
que
mesmo ossurdos
profundos
passassem
aouvir.
Com
base
naconfianca
posta
nopoder
da
tecnologia,
osmtodos educativos
aplicados
aossurdos
severos eprofundos
so
fundamentalmente
oralistas,
ouseja, pretende-se,
apartir
da
amplificago
sonora,fazer
comque
ascriancas
surdas
aprendam
aIngua
oral
comoprimeira
lngua.
Quando
nosreferimos
aosmtodos
oralistas,
recuamos ate aoCongresso
de
Milo de
1880
{"Segundo
Congresso
Intemacional sobre
aInstrugo
dos
Surdomudos
")'
emque
aprincipal
resoluco
remetepara
aproibico
de utilizaco de
gestos
ede mmtca
naeducaco
dos surdos
e"declara
cpte
omtodo oral
puro
deve
serpreferido
"! .A
partir
da,
os"gestos"
so banidos da
educa^o
de surdos
eprofessores
epedagogos
procuram
mtodos
que
seajustem
aresolucao
aprovada
noCongresso
de Milo. Desses
mtodos sintetisamos
osque
seapresentaram
mais
relevantes:
-
Mtodo
Oral
Puro:
o ensino
dos surdos
"
oralista,
privilegtando
o treinode
faa
e otreino
audttivo,
cotn vista ctutilizaqo
exclusiva
da
Imguagem
verbal'
; estemtodo,
apesar de
tersido
onico mtodo admitido
peio Congresso
de
Milo,
sofoi
introduzido
emPortugal
em1905
como"mtodo
intuitivooraP'^i
passando
posteriormente
a serdenominado
como"mtodo orai
puro"'"'
e,mais
tarde,
como 7~r\"mtodo
tradicionaI"[:,
tendo
vigorado
emPortugal
at
aos anos setenta eaplicado
por
praticamente
todas
asescolas de
surdos
existentesento
emPortugai;
-
Mtodo
Suvag
(tambm conhecido
comoMtodo Verbo-tonal
eMctodo
de
Guberina):
foi criado
apartir
da
teorizago
do
linguista jugoslavo Guberina^
que
"estrutura
a suametodoiogta
combase
natcnica
dos
chamados
ritmosfoniicos:
ritmo
corporal
e ntmomusical"
pretendendo possibiiitar
crian^a
surda
"vir aadquirir
alinguagem
por
viaauditiva,
atravs de bandas Iimitadas de
frequncia,
'
Barber. F. Laensetkinzadel Sordomudo. Valncia.Ed.
Inprenta
de ManuelAlufre. 1895.?Idem.pp.
193-197.4
Delgado-Martins.
M. R.Siiuago
EducattvaActual,
In: Pinho e Melo.Delgado-Martins.
M.R.. et aln. ACrianfa
Defciente Auditiva-Situaco Educativa em
Portugai.
Lisboa. Ed.Fundafo
CalousteGulbenkian, 1985. p 16.Delgado-Martins.
M.R.,
Breve. simeseHisirica,
In: Pinho e Melo.Delgado-Martins,
M.R., et alii. A CriancaDe.cienteAuditiva- SituacoEducativa em
Porrugal.
obracitada,
pp. 9a 1 1.
Idem
Ibidem.
Gubenna P. LaMeihde Audto-visuel'ie
Sinicttiro-^lobai.
In: RevuedePhonetique Appliqu.
n'' 1, Parts.1965,
pp. 1campos
optimais,
emque
ossonsemit'tdos
possuem
maiorinteligibilidade,
tendo
sido
aaparelhagem
sonoraque
usa nareabilitago
concebida
de modo
apermitir
apesquisa
desses
campos
opiimats
e aapiic-los
naprtica
nacorrecqCto
fontica
"' ,este
mtodo
foi
introduzido definitivamente
emPortugal
em1977
pela APECDA[
u| e,mais
tarde,
adoptado
tambm
pelo
Instituto Jacob
Rodrigues
Pereira
da
Casa Pia
deLisboa;
-
Mtodo
Materno-reflexivo: foi criado
no
fnal
dos
anoscinquenta
por
Van
L'den
do
Instituto
Voor
Doven
(Sint-Michielsgestel,
Holanda),
destinando-se s
cnancassurdas
pr-linguais
(criangas
que
ensurdecem
entre os zero e osdezoito
meses,segundo
Van
Uden)
epretende
desenvolver
"uma
educaco
monolingusttca
dos
surdos
pr-lmgusticos,
de
forma
aque
afala
rtmica
e aieitura
labta
compercepco
do
som se torne a suamaneira
directa
eautomattzada de conversar"-'
\
defendendo
que,
com esseobjectivo,
aconversaco
deve
ser omeio
de
comunicaco
fundamental
edecisivo
tanto naaquisi^o,
como nodesenvolvimento
da
hngua,
bem
como na sua
utilizaco
pedaggica;
estemtodo
foi
introduzido
emPortugal
em1977
pela
Divisao do Ensino
especia
do Ministrio da Educacao
que
realizou vrios
"seminrios de
formago
eactualtzago
com acolaboraco
predomtnante
do
Instituto
Sint-Mtchielsgestel,
cuja
prtica sefilia
nas teoriasde
Van
Uden
"''"';
Delgado-Martins,
M. R.. Breve sintese Histnca. In: Pinho e Melo.Delgado-Martins.
M.R.. et alii. A CnancaDeficienteAuditiva- Situaco Educativa
em
Ponugal.
obracitada.. p. 12. 10Associacode Pais paraaEducaco deCnancasdefcientes Auditivas. !:
Uden. A.
V.,
A Woridof language for
deaf children: a MatemalReflexive
Method. Amsterdam. Ed. Sweets andZeitling.
Amsterdam andLisse.1977,
pp. 21-22.12
Delgado-Martins.
M. R. Breve sinteseHtstnca,
In: Pinho e Melo.Delgado-Martms.
M.R.. et aiii. ACriana
Deficiente Auditiva-Situato
EducativaemPortugal.
obracitada..pp. 10-11.
Comunicaco
Total:
trata-seQ"uma
ftlosofia
de educaco dos .surdos"*''1 que,
em1970. foi
radicada
nodireito da crianca surda
de
"aprender
autilizar fodas
asfonnas
de educacao
disponveis
para
desenvoiver
acompetncia
lingustica,
oque inclui
umespectro
amplo
de
meios:
gestos
espontneos
realizados
pela
crianca,fala,
lngua
gestual, dacttlologta,
ieitura
lahial, leitura,
escrita,
assim como outrosmtodos que
possam
desenvolver-se
nofuturo; segundo
estaftlosofia
educattva
deve.
ainda,
dar--se a
todas
as criancassurdas
aoportuntdade
de
aprenderem
autilizar
quaisquer
restos
audttivos que possam
ter,empregando
omelhor
equipamento
eiectrnico
possvel
para
ampiificar
o _.om"i!,
noestudo reaiizado
em1986,
41,5o
dos
professores
portugueses
que
trabalhavam
comsurdos afirmavam
praticar
acomunicaco
totai'1'"'1;
-
Sistema Bimodal. tambm conhecido
como
Mtodo Simultneo
ou como"lnguas
codificadas
gestualmente"-
. estesistema
utiliza para
acomunicacio
o recursosimultneo
fala
e agestos da
lngua
gestual.
ouseja,
tendo
por
base
alngua
oral.
rocorreaos
gestos
que
submete
asregras
gramaticais
da
lingua
oral;
estametodologia
apresenta
aprimeira
aplica^o
emPortugal
nos anosoitenta
naescola de Paranhos
noPorto"7';
Em
suma, osdiferentes
periodos
e osdiferentes
mtodos acima
referidos
tentamencontrar
formas de educaco dos surdos
que
oslevem
aquisico
da
lngua
oral.
Mesmo
sistemas
como oBimodal
ou aComunicaco
Total
-que,
primeira
vista,
parecem
favorecer
Niza. S.. A
Ltngua
gestual
naEducago
dosSurdos,
In: Gestuario-Lngua
GestualPortuguesa
Lisboa. Ed. Secretanado Nacional deReabililaco. 1991 .2"edi^o
1995).p. 1 1.14
Denton. D. M.. Remarks in
Supporl ofa System
ofTotal Communtcationfor
Deaf
Chddren. In: CommunicationS>
mposium.Maryland.
Ed. Fredenck: Marvland School for the Deaf. 1970. p. 12 !5PinhoeMelo.
Delgado-Martins.
M.R.etalii.ACnan^a
Deficiente Auditiva- SituacoEducativaemPortugal.
obra citada.. p. 139.''
Delgado-Martins.
M. R.. Breve sintese Hisiorica, In: Pinho e Melo.Delgado-Martins.
M R. et alii. A Cnanca Deficiente Auditiva- Situaco EducativaemPortugal.
obracitada.. pp. 23-24.a
aquisi$o
da
lingua gestual
-visam
sobretudo
aoralidade'18',
fazendo
comque
as"opces.
feitas
em nomeda
inovaco
pedaggica
"- aaceitaco
dos
gestos
-no
facam mais do que
prolongar
"as
resistncias
dos
profissionais
de educaco
"! yj emprocurar
outroscammhos
para
aeduca^o
de
surdos que
no
sejam
osda oralidade.
No so
conhecidas
avaliaces sistemticas
dos resultados
de
qualquer
dos
mtodos
refendos,
no entanto.estudos realizados
em1992tJ>l
demonstram
que
aeduca^o
e oensino
mimstrados
s
crian^as
ejovens surdos
no
lhes
proporcionavam
aaquisico
de instrumentos
que
Ihes
permitissem
integrar-se
nomundo maioritarimente ouvinte
que
osrodeava,
facto
tanto mais
preocupante quanto
sedefendia
que
oobjectivo principal subjacente
aosmtodos
oralistas
erajustamente, proporcionar-lhes
aaquisico
da
Lngua Portuguesa
oral
e odomnio
da leitura
eda
escrita,
enquanto instrumentos essenciais
para
o sucessodos surdos
no meioouvinte
epara
arespectiva integraco
social
plena.
Todavia,
osestudos atrs
focados
levados
acabo
comcriancas
ejovens
surdos
portugueses
chamaram
aatenco
para
a nossarealidade tal
como outrosinvestigadores
j
haviam
feito
noutrospases'211;
aconcluso
era a mesma:fruto
das
metodologias
oralistas,
osDelgado-Martins.
M. R.. Breve sinteseHistrica,
In: Pinho e Melo.Delgado-Manms.
M.R.. eialii,
ACnan^a
Deficiente Auditiva-
Situago
EducativaemPortugaJ.
obracitada.,
p. 23.Ni/a,
S.;
ALngua
gesfual
rmEducago
dosSurdos.In: Gesturio-Lngua
GestualPortuguesa,
obra citada. p. 12. Coutinho. A.,Avaliago
do Uso daLingua
GestualPonuguesa
numGrupo
de Surdos. In: Para Alm do Silencio.n 1. 1992.
Babbini. B.
Quigley,
S.,
.-_Siudy
of
the Growth Patterns inLanguage.
Communication and Educaiional Achievement tn Six Residential Schools forDeaf
Students.Umversily
of Illinois. Institute for Research onExceptional
Children. n. 46208. 1970; Conrad. R.Speech
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Ed. Mit Press. 1972. DiFrancesca,
S., Academic Achtevement 'l'esi Resulisof'
a NationaiTesiing Program
f'or
Heartng-lmpaired
Students-United States.
Washington.
Ed. GallaudetCoIIege.
n. 9.1972;
Arnold. P.. Walter.G.?
CommunicationandReasoning
SkillsofDeafand
Hearing
Signers
Perceptual
undMolorSkills,
n49, 1979,
Bredart. S.. Rondal. J.A.,L
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DuLangage
Chez LEnfant,
Bruxelas, Ed. PierreMardaga.
1982; Pinhoe Melo.Delgado-Martins.
M.R..etaln. A
Crianga
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de los NiFiosSordos. Madrid. Ed.Alianza,
19X7;Sacks, 0.,
Vendo Vozes. Rio de Janeiro, Ed.Imago,
1990: Grmion, J . LaPlante Des Sourds. Paris, Ed. Presses Pocket. 1991.Bishop.
D.Mogford.
K...Lnnguage
Deveiopment
inExceptional
Ctrcumstances.Edimburgo.
Ed. Lawrence Erlbaum Associates Publishers.surdos apresentavam graves
problemas
de
comunicagao,
comespecial
nfase para
ofraco
domnio da
lngua
oral
eescrita,
que
acabavam
por
serepercutir
nodesenvolvimento
global
da
crian^a
surda,
acarretando graves
problemas
para
o seudesenvoivimento
social,
afectivo
ecognitivo.
As
metodologias
oralistas
encaravam ossurdos
comoportadores
de
umproblema
auditivo
que
erapreciso
resolver,
recorrendo
para isso
ameios tcnicos
como aamplifcago
sonora,
por
exemplo,
com afinalidade
de
pr
ossurdos
aouvir
e afalar
para que, deste
modo.
se
mtegrassem
nacomumdade
ouvinte/falante maiontna.
Aleitura
e a escntaseriam
aprendidas,
tal
como acontece com ascriancas
ouvintes,
nasequncia
da
aquisico
da
oralidade.
Na
verdade,
aspessoas
com umaperda
auditiva
igual
ousuperior
a90
dB
(surdos
profundos'"')
no
tm
qualquer possibilidade
de aceder de
forma
natural
lngua
oral
e astentativas educativas
para
osfazerem aceder
oralidade
fracassaram,
sendo
umaexcepcjio
oscasos
de
surdos
profundos
que
apresentaram
sucesso naaprendizagem
da
lingua
oral.
Assim,
dentro do
contextoeducativo
descrito,
osproblemas
de leitura
ede
escrita'23
acima referidos
que
ascrianc.as
ejovens
surdos apresentam
derivam,
principalmente,
da
suamcapacidade
para
adquirirem
alngua
oral
(a
nica
lingua
que Ihes
erapermitido
adquirir/aprender),
e esefacto
ofulcro
de
todos
osproblemas
comunicativos.afectivos,
sociais
ecognitivos
que
secolocam
s
criancas
surdas
eque
seagudizam
medida
que
acnanca cresce, se torna
adolescente
eadulto.
Bouvet
refere
mesmoque
ascrian^as
surdas
estiveram
sujeitas
durante
longos
anos a umatentativa
de "dolorosa desmutizaco,'~
que
asafastaram,
emmuitos
casosdefnitivamente,
da leitura
eda escrita.
~2
Recommendanon BLAP02 BS:
Classijicaiion Audiomirique
desDficientes Auditives. Lisboa. Maio 1997.3
Trataremos mais
profundamente
estesproblemas
nosegundo
captulo
dasegunda
pare deste trabaiho.~4