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Avaliação e Modelação do risco de Lesões Músculo-Esqueléticas no planeamento de Cuidados Continuados ao Domicílio

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Academic year: 2021

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Sérgio Duarte da Silva Sousa

[Nome completo do autor]

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[Nome completo do autor]

Licenciado em Ciências de Engenharia Biomédica

[Habilitações Académicas] [Habilitações Académicas] [Habilitações Académicas] [Habilitações Académicas] [Habilitações Académicas] [Habilitações Académicas] [Habilitações Académicas] Outubro, 2019

Avaliação e Modelação do risco de Lesões

Músculo-Esqueléticas no planeamento de

Cuidados Continuados ao Domicílio

[Título da Tese]

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Biomédica

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

[Engenharia Informática] Co-orientadores: Doutora Maria Isabel Azevedo Rodrigues Gomes, Professora Associada, DM, FCT/UNL

Doutora Cláudia Regina Pereira Quaresma, Professora Auxiliar, DF, FCT/UNL

Júri:

Presidente: Doutor Hugo Filipe Silveira Gamboa

Arguente: Doutora Isabel Maria do Nascimento Lopes Nunes Vogal: Doutora Maria Isabel Azevedo Rodrigues Gomes

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Sérgio Duarte da Silva Sousa

Licenciado em Ciências de Engenharia Biomédica

Avaliação e Modelação do risco de Lesões

Músculo-Esqueléticas no planeamento de

Cuidados Continuados ao Domicílio

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Biomédica

Co-orientadores: Doutora Maria Isabel Azevedo Rodrigues Gomes, Professora Associada, DM, FCT/UNL

Doutora Cláudia Regina Pereira Quaresma, Professora Auxiliar, DF, FCT/UNL

Júri:

Presidente: Doutor Hugo Filipe Silveira Gamboa

Arguente: Doutora Isabel Maria do Nascimento Lopes Nunes Vogal: Doutora Maria Isabel Azevedo Rodrigues Gomes

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Avaliação e Modelação do risco de Lesões Músculo-Esqueléticas no planeamento de Cuidados Continuados ao Domicílio

Copyright © Sérgio Duarte da Silva Sousa, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa.

A Faculdade de Ciências e Tecnologia e a Universidade Nova de Lisboa têm o direito, perpétuo e sem limites geográficos, de arquivar e publicar esta dissertação através de exemplares impressos reproduzidos em papel ou de forma digital, ou por qualquer outro meio conhecido ou que venha a ser inventado, e de a divulgar através de repositórios científicos e de admitir a sua cópia e distribuição com objetivos educacionais ou de investigação, não comerciais, desde que seja dado crédito ao autor e editor.

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Aos meus pais, que continuamente cuidam de mim. Que um dia seja eu a proporcionar-lhes os melhores cuidados.

Ao meu avô, António de Nascimento Sousa.

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Agradecimentos

O primeiro agradecimento é entregue à professora Isabel Gomes, que me sugeriu o tema e aceitou fazer de mim discípulo do seu trabalho e entregar-me a missão inerente a esta dissertação, à qual tanto me dediquei, de contribuir para melhores e mais eficientes cuidados continuados ao domicílio. Obrigado pela confiança e o apoio dado ao longo deste trajeto.

Obrigado à professora Cláudia Quaresma por ter aceitado prontamente orientar-me neste trabalho, sem qualquer tipo de reservas e com o entusiasmo que lhe é característico. Ao longo destes 5 anos foi com a professora que aprendi que um engenheiro biomédico é diferente dos outros engenheiros na medida que a adequação na comunicação com qualquer pessoa, independentemente da formação, idade, nível de escolaridade ou circunstâncias da vida, é um fator integrante e decisivo na qualidade e eficácia do seu trabalho, e em particular, na elaboração dos procedimentos inerentes a esta dissertação. Obrigado por há 7 anos, quando me conheceu num estágio da Ciência Viva, me ter dito “acho que o vou ver por cá”, e realmente viu durante 5 maravilhosos anos.

À professora Carla Quintão e ao professor Ricardo Vigário quero agradecer os conselhos, sugestões, perguntas curiosas e genuíno interesse pelo meu sucesso e o dos meus colegas.

Agradeço vivamente a colaboração da equipa diretiva do Serviço de Apoio Domiciliário da Santa Casa da Misericórdia de Almada, nomeadamente à diretora do serviço, Dra. Isabel Martins, diretora do serviço oriental, Dra. Rita Vasconcelos, e diretora do serviço ocidental, Dra. Paula Pires. Não só demonstraram inteira disponibilidade para criar condições para a concretização deste trabalho como continuamente demonstraram interesse no tema desenvolvido e facilitaram todos os procedimentos associados. Obrigado pela generosidade e pragmatismo com que intervieram no meu contacto com funcionárias e utentes.

Agradeço também a toda estrutura organizacional da Santa Casa da Misericórdia de Almada, por me terem recebido e acolhido, em particular ao Sr. Provedor Joaquim Barbosa.

Sem desprestígio a quaisquer outras pessoas, o maior agradecimento é entregue às oito funcionárias, cujo anonimato devo preservar, que acompanhei e avaliei ao longo deste trabalho. Elas são o princípio, o meio e o fim deste trabalho e representam todos os profissionais que no mundo entram nos lares de pessoas com a missão de manter as suas vidas o mais próximo do que elas precisam e desejam que seja. Em meu nome, agradeço a entrega e dedicação demonstradas na colaboração deste trabalho, que, a partir de determinado momento, sei que o sentiram também

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x como vosso, e é realmente. Em nome da minha comunidade, agradeço a generosidade e profissionalismo que empregam no vosso trabalho.

Um enorme obrigado aos utentes e familiares, cujas casas eu visitei, pela confiança depositada na minha boa fé, em algumas situações sem compreender o que eu estava a fazer exatamente, mas sempre motivados por saberem que na elaboração desta dissertação estávamos a contribuir para uma melhor qualidade de vida das pessoas que fazem tanto por elas.

Obrigado à Professora Doutora Cristina Carvalho Mesquita por ter autorizado a utilização e disponibilizado a versão portuguesa do Questionário Nórdico Músculo-esquelético.

Agradeço aos meus colegas de curso, em especial aos do meu ano mas também aos mais velhos e mais novos, por todas as experiências vividas ao longo deste percurso, em particular o apoio que todos deram uns ao outros nestes últimos meses. Um agradecimento especial à minha parceira académica Linda Câmara, com quem fiz a maior parte dos trabalhos da faculdade, com quem estudei, com quem descomprimi, com quem tracei objetivos, académicos, profissionais e pessoais. Foi uma honra fazer este caminho a teu lado e sei que as nossas carreiras profissionais não nos vão impedir de continuarmos a acompanhar o caminho um do outro.

Obrigado aos meus amigos e familiares que me apoiaram, que tanto orgulho e confiança têm em mim e que mesmo ao longe conseguem perceber quando preciso deles.

Obrigado aos meus pais, por terem criado todas as condições, com muito esforço, para eu tomar as minhas decisões e fazer o meu caminho como desejava. Obrigado por me terem deixado voar, mesmo muitas vezes não compreendendo ou concordando com a minha forma de ver as coisas e agir e mesmo achando que me esforçava demais ou era demasiado ambicioso. Obrigado por me fazerem forte, pragmático e trabalhador e por confiarem sempre em mim.

Agradeço igualmente à minha irmã, por ter sido um exemplo, por me ter protegido sempre e por me fortalecer e educar. Graças a ti soube sempre o que fazer e não fazer com 9 anos de antecedência e isso foi uma grande ajuda. Obrigado a ti e ao teu marido, meu cunhado e amigo, por todo o apoio e interesse no meu caminho, e me terem dado a luz da minha vida, a minha sobrinha Mariana. Obrigado à Mariana, e aos que a ela se seguirem, pois quero que saibam que tudo o que faço na vida é também para ser um bom exemplo para vós.

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Resumo

As alterações demográficas das últimas décadas têm conduzido a uma crescente necessidade social de cuidados continuados de saúde. Com o objetivo de suprir esta necessidade, as sociedades modernas implementaram novas políticas de saúde e de segurança social, em particular a formação de equipas de Cuidados Continuados ao Domicílio. No entanto, o desenvolvimento de Lesões Músculo-esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT) neste setor profissional é uma realidade comum, que se reflete em consequências económicas, sociais e individuais.

É proposta uma metodologia de avaliação do risco físico, individual, organizacional e psicossocial de LMERT, bem como um modelo matemático de afetação cuidador-utente, aplicados no planeamento de dois serviços de apoio domiciliário. A solução determinada pelo modelo constitui o plano de afetação que minimiza o risco máximo de um qualquer recurso humano avaliado desenvolver lesões músculo-esqueléticas relacionadas com os cuidados que presta diariamente. Os resultados obtidos demonstram que o risco de LMERT associado a cada afetação cuidador-utente está mais fortemente relacionado com o utente do que com o cuidador, e que o modelo matemático formulado é eficiente a equilibrar o risco quantificado entre os recursos humanos afetos, comparando com a configuração organizacional em vigor nos serviços avaliados.

Palavras-chave: Afetação de Recursos Humanos; Avaliação de Risco; Cuidados

Continuados ao Domicílio; Lesões Músculo-esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT); Modelação Matemática.

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Abstract

The demographic changes of the last few decades have led to a growing social need for long-term healthcare. In order to meet this need, modern societies have implemented new health and social security policies, particularly the formation of Home-based Long-term Care teams. However, the development of Work-Related Musculoskeletal Disorders (WRMSDs) in this pro-fessional sector is a common reality, with economic, social and individual consequences.

This work proposes a methodology for assessing and quantifying the physical, individual, organizational and psychosocial risk of WRMSDs and a caregiver-patient assignment mathemat-ical model, applied in two long-term care services. The model solution is the assignment plan that minimizes the maximum risk of a human resource developing work-related musculoskeletal dis-orders. The results show that the risk of each caregiver-patient assignment is more strongly related with the patient than the caregiver and the mathematical model is efficient to balancing the quan-tified risk among the assigned caregivers, when compared to the current organizational configu-ration of the long-term care services.

Keywords: Human Resources Assignment; Risk Assessment; Home-based long-term

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ÍNDICE

ÍNDICE DE FIGURAS ... XIX

ÍNDICE DE TABELAS ... XXIII

ÍNDICE DE GRÁFICOS ... XXVII

LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS ... XXXI

1. INTRODUÇÃO ... 1

1.1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ... 1

1.2. OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO ... 3

1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ... 4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 5

2.1.LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS RELACIONADAS COM O TRABALHO ... 5

2.1.1. Fatores de Risco ... 6

2.1.1.1. Fatores de Risco Físicos ... 6

2.1.1.2. Fatores de Risco Organizacionais e Psicossociais ... 8

2.1.1.3. Fatores de Risco Individuais ... 10

2.1.1.4. Principais fatores de risco nos cuidados continuados ao domicílio ... 11

2.1.2. Métodos de Avaliação de Risco ...12

2.1.2.1. Nível 1: Identificação dos fatores de risco ... 13

2.1.2.2. Nível 2: Métodos observacionais simples ... 16

2.1.2.3. Nível 3: Métodos observacionais avançados ... 23

2.1.2.4. Nível 4: Métodos diretos ... 24

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2.2.MODELOS DE AFETAÇÃO ... 25

2.2.1. Enquadramento Histórico e Fundamentos Teóricos ... 25

2.2.2. O Problema de Afetação dos Cuidados Continuados ao Domicílio ... 27

2.2.3. Problemas de Afetação para a Minimização de LMERT ... 30

3. PROCESSO EXPERIMENTAL ... 33

3.1.APLICAÇÃO DO PROCESSO EXPERIMENTAL EM CONTEXTO LABORATORIAL ... 33

3.1.1. Caracterização da amostra ... 34

3.2.2. Instrumentos e Materiais utilizados ... 34

3.2.3. Procedimentos experimentais ... 38

3.2.3.1. Seleção das tarefas a avaliar... 38

3.2.3.2. Montagem experimental ... 39

3.2.3.3. Gravação em vídeo da execução dos procedimentos ... 41

3.2.3.4. Tratamento das imagens e seleção dos frames a avaliar ... 45

3.2.3.5. Quantificação do risco das posturas pelo método REBA ... 46

3.2.3.6. Tratamento das pontuações REBA ... 46

3.2.4. Demonstração e discussão de resultados ... 47

3.2.APLICAÇÃO DO PROCESSO EXPERIMENTAL EM CONTEXTO REAL ... 53

3.2.1. Casos de estudo ... 54

3.2.2. Caracterização da amostra ... 55

3.2.3. Instrumentos e Materiais utilizados ... 58

3.2.3.1. Avaliação de risco em função do utente/domicílio ... 59

3.2.3.2. Avaliação de risco em função do cuidador ... 61

3.2.3.3. Avaliação de risco em função da interação cuidador-utente ... 63

3.2.3.4. Determinação das ponderações dos critérios de avaliação de risco ... 64

3.2.4. Metodologia proposta... 65

3.2.5. Procedimentos experimentais ... 67

3.2.5.1. Primeiro momento: Acompanhamento das visitas aos domicílios ... 68

3.2.5.2. Entrevista presencial às cuidadoras ... 75

3.2.6. Demonstração e discussão de resultados ... 83

3.2.6.1. Avaliação do risco físico e profissional ... 83

3.2.6.2. Avaliação do risco organizacional e psicossocial ... 95

3.2.6.3. Avaliação do risco individual ... 97

3.2.6.4. Construção da Matriz de Risco e da Matriz de Pesos ... 99

4. MODELO DE AFETAÇÃO CUIDADOR-UTENTE ... 105

4.1. APROXIMAÇÃO AO CASO DE ESTUDO ... 105

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xvii 4.2.1. Índices e conjuntos ... 107 4.2.2. Parâmetros ... 108 4.2.3. Variáveis ... 108 4.2.4. Função objetivo ... 108 4.2.5. Restrições ... 109

4.3. DETERMINAÇÃO DAS SOLUÇÕES ÓTIMAS ... 111

5. CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS ...117

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...121

ANEXOS ...131

Anexo 1 – Questionário Nórdico Músculo-esquelético (versão portuguesa) ... 132

Anexo 2 – Consentimento informado entregue aos voluntários... 134

Anexo 3 – Pontuações atribuídas ao conjunto de imagens recolhidas na primeira fase de aplicação do processo experimental em contexto laboratorial. ... 136

Anexo 4 – Consentimento informado (SAD-SCMA) ... 137

Anexo 5 – Questionário de caracterização da amostra de utentes. ... 139

Anexo 6 - Risk Assessment for Care Workers OSHA Checklist ... 141

Anexo 7 – Questionário MOS SF-36 ... 144

Anexo 8 – Versão longa adaptada do Questionário Psicossocial de Copenhaga (COPSOQ) .... 148

Anexo 9 – Versão longa adaptada do COPSOQ com escala de resposta contínua. ... 154

Anexo 10 – Escalas de importância nominais ordinais (caso de estudo 1) ... 161

Anexo 11 – Escalas de importância contínuas (caso de estudo 2) ... 165

Anexo 12 – Questionário das atividades extraprofissionais (escala nominal ordinal) ... 167

Anexo 13 – Questionário das atividades extraprofissionais (escala contínua) ... 168

Anexo 14 – Identificação das posturas a avaliar e descrição com base na postura base ... 170

Anexo 15 – Cálculos da extrapolação linear das pontuações REBA. ... 193

Anexo 16 – Resultados do Questionário Psicossocial de Copenhaga (COPSOQ) ... 195

Anexo 17 – Matrizes de risco obtidas... 197

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(19)

xix

Índice de figuras

Figura 1.1 – Esquema resumo do trabalho desenvolvido... 4 Figura 2.1 - Folha de pontuação do método REBA, desenvolvida por Alan Hedge e

adaptada pela empresa ErgoPlus™………... 19 Figura 2.2 - Exemplo explicativo do preenchimento do grupo A da folha de

pontuação

REBA………... 20

Figura 2.3 - Exemplo explicativo do preenchimento dos grupos B e C da folha de

pontuação REBA ……… 21

Figura 3.1 - Interface gráfica desenvolvida em MATLAB para cálculo e registo das

pontuações REBA……… 37 Figura 3.2 - Montagem experimental da 1ª fase de aplicação do processo

experimental em contexto laboratorial.……… 39 Figura 3.3 - Montagem experimental da 2ª fase de aplicação do processo

experimental em contexto laboratorial……… 40 Figura 3.4 - Da esquerda para a direita, exemplos da configuração esquerda, direita e posterior, respetivamente.………... 42 Figura 3.5 - Posicionamento dos membros inferiores do "utente" em duas

perspetivas.……… 42

Figura 3.6 - Movimentação do "utente" do decúbito lateral para a posição de sentado

em duas perspetivas……… 43

Figura 3.7 - Preparação para o levante do "utente" em duas perspetivas.……….. 43 Figura 3.8 - Apanhar um objeto do chão, com acentuada flexão do tronco, gravado

(20)

xx Figura 3.9 - Apanhar um objeto do chão, com acentuada flexão dos joelhos, sob duas

perspetivas………... 44

Figura 3.10 - Apanhar um objeto a uma altura acima da cabeça………. 45

Figura 3.11 - Tabela C do método REBA………... 49

Figura 3.12 - Tarefa C gravada pela câmara X, à esquerda, e Y, à direita…………... 52

Figura 3.13 - Tarefa M gravada pela câmara X, à esquerda, e Y, à direita…………... 53

Figura 3.14 - Exemplo ilustrativo de uma escala ordinal de resposta, num item do Questionário Psicossocial de Copenhaga……… 59

Figura 3.15 - Exemplo ilustrativo de uma escala quantitativa contínua……….... 59

Figura 3.16 - Modelo fatorial de duas componentes do SF-36……….. 62

Figura 3.17 - Modelo fatorial de três componentes do SF-36……….... 62

Figura 3.18 - Escala ordinal de importância……….. 64

Figura 3.19 - Escala contínua de importância……….... 65

Figura 3.20 - Esquema em árvore ilustrativo dos critérios de risco de LMERT adotados………. 66

Figura 3.21 - Exemplo de um levante………... 70

Figura 3.22 - Exemplo de uma transferência de um utente muito alto e resistente ao movimento.………. 71

Figura 3.23 - Posturas "estranhas" adotadas na higiene a acamadas. ……… 72

Figura 3.24 - Exemplos de posturas adotadas na higiene a semi-dependentes. ………. 73

Figura 3.25 - Ilustração indicativa das regiões anatómicas avaliadas com o Questionário Nórdico Músculo-esquelético……… 76

Figura 3.26 - Diagrama do sistema de pontuação do MOS SF-36………. 79

Figura 3.27 - Quadro informativo do sistema de pontuação do MOS SF-36………... 80

Figura 3.28 - Escala nominal ordinal para aferição da frequência de realização de atividades extraprofissionais……… 82

Figura 3.29 - Escala contínua para aferição da frequência de realização de atividades extraprofissionais……… 82

(21)
(22)
(23)

xxiii

Índice de tabelas

Tabela 2.1 - Áreas da gestão do trabalho e respetivos fatores de risco organizacionais e

psicossociais………... 9

Tabela 2.2 - Fatores de risco individuais……… 10 Tabela 2.3 - Variáveis incluídas no modelo estatístico, relativas aos principais fatores de risco associados à sintomática músculo-esquelética da região lombar em prestadores de

cuidados domiciliários……… 12

Tabela 2.4 - Quadro resumo dos quatro níveis de Malchaire………. 13 Tabela 2.5- Dimensões avaliadas pelo instrumento OSHA Risk Assessment for Care

Workers Checklist……… 15 Tabela 2.6 - Principais métodos observacionais simples de análise e avaliação do risco de LMERT por ordem cronológica de publicação……….

18 Tabela 2.7 - Níveis de ação do REBA……… 22 Tabela 2.8 - Situações de risco características dos postos de trabalho……… 31 Tabela 2.9 - Regiões anatómicas utilizadas na execução das tarefas………. 32 Tabela 3.1 - Coeficientes médios de correlação intraclasse entre medições do mesmo avaliador (intra-avaliador) e entre avaliadores (inter-avaliador) para a flexão e extensão

da cervical e punho dominante……… 37

Tabela 3.2 - Índices de concordância registadas nos conjuntos de avaliações da 1ª fase de aplicação do processo experimental em contexto laboratorial………. 48 Tabela 3.3 - Índice de concordância em função da configuração adotada………. 49 Tabela 3.4 - Índice de concordância em função do indivíduo avaliado……….. 50 Tabela 3.5 - Tarefas/posturas avaliadas……….. 51 Tabela 3.6 - Tabela-resumo das afetações cuidador-utente avaliadas no caso de estudo 1 55 Tabela 3.7 - Tabela-resumo das afetações cuidador-utente avaliadas no caso de estudo 2 55

(24)

xxiv Tabela 3.8 - Caracterização da amostra de cuidadoras do caso 1 e 2, respetivamente…… 56 Tabela 3.9 - Caracterização da amostra de utentes do caso 1 e 2, respetivamente………. 57 Tabela 3.10 - Índice de Katz para as tarefas da vida diária………. 60 Tabela 3.11 - Medidas sumárias para avaliação e quantificação dos fatores psicossociais

e dimensões avaliada……… 63

Tabela 3.12 - Critérios de risco de LMERT adotados (k) , medidas que as quantificam em função dos índices i (cuidadores) e j (utentes) e instrumentos utilizados………. 67 Tabela 3.13 - Método de registo das posturas de risco identificadas, tempos de adoção e

pontuações REBA………... 72

Tabela 3.14 - Mínimo e máximos considerados para a formulação da função de valor linear de bitola externa e interna para a pontuação REBA, respetivamente……… 74 Tabela 3.15 - Mínimo e máximos considerados para a formulação da função de valor linear de bitola externa e interna para a pontuação do Risk Assessment for Care Workers

OSHA Checklist, respetivamente……… 75 Tabela 3.16 - Mínimo e máximos considerados para a formulação da função de valor linear de bitola externa e interna para a pontuação do Índice de Katz ADL,

respetivamente……… 75

Tabela 3.17 - Mínimo e máximos considerados para a formulação da função de valor linear de bitola interna para as pontuações resultantes dos 4 critérios de risco psicossocial 79 Tabela 3.18 - Mínimo e máximos considerados para a formulação da função de valor linear de bitola interna para as pontuações resultantes dos 3 critérios de risco adotados para avaliar a situação de saúde das cuidadoras……….. 81 Tabela 3.19 - Sistema de pontuação para a frequência das atividades extraprofissionais. 82 Tabela 3.20 - Itens com resposta comum para todos os utentes/domicílio. 83 Tabela 3.21 - Pontuações REBA médias obtidas no caso de estudo 1 e desvios médios associados aos utentes e cuidadoras……… 89 Tabela 3.22 - Pontuações REBA médias obtidas no caso de estudo 2 e desvios médios associados aos utentes e cuidadoras……… 89 Tabela 3.23 - Pontuações REBA médias do caso de estudo 1……….. 90

(25)

xxv Tabela 3.24 - Pontuações REBA médias do caso de estudo 2………. 90 Tabela 3.25 - Ponderações atribuídas aos critérios de risco em cada um dos casos de

estudo……….. 100

Tabela 4.1 - Solução ótima determinada para o caso de estudo 1 com os parâmetros de avaliação de risco por bitola externa………... 112 Tabela 4.2 - Solução ótima determinada para o caso de estudo 1 com os parâmetros de avaliação de risco por bitola interna……… 112 Tabela 4.3 - Solução ótima determinada para o caso de estudo 2 com os parâmetros de avaliação de risco por bitola externa………... 114 Tabela 4.4 - Solução ótima determinada para o caso de estudo 2 com os parâmetros de avaliação de risco por bitola interna……… 116

(26)
(27)

xxvii

Índice de gráficos

Gráfico 2.1 - Número de modelos uni-período identificadas em função do

objetivo a otimizar……… 28

Gráfico 2.2 - Número de modelos uni-período identificadas em função do

objetivo a otimizar.………... 29 Gráfico 2.3 - Número de modelos que incluem cada tipo de restrição………… 30 Gráfico 3.1 - Índice de Concordância em função do item pontuado………... 51 Gráfico 3.2 - Índice de Concordância em função da tarefa avaliada…………... 52 Gráfico 3.3 - Funções de valor lineares para a conversão da pontuação REBA na Escala de Risco………... 74 Gráfico 3.4 - Número de Utentes/domicílios identificados……… 84 Gráfico 3.5 - Somatórios dos fatores de risco identificados para cada

utente/domicílio……….. 86

Gráfico 3.6 - Conversão das pontuações do caso de estudo 1 para a Escala de

Risco………. 86

Gráfico 3.7 - Conversão das pontuações do caso de estudo 2 para a Escala de

Risco……… 86

Gráfico 3.8 - Número de utentes em função do nível de independência Katz

ADL………. 87

Gráfico 3.9 - Número de dependentes (em percentagem) em cada atividade da

vida diária……… 87

Gráfico 3.10 - Conversão dos níveis de dependência do caso de estudo 1 para a

(28)

xxviii Gráfico 3.11 - Conversão dos níveis de dependência do caso de estudo 2 para a

Escala de Risco………. 88

Gráfico 3.12 - Conversão das pontuações REBA do caso de estudo 1 para a

Escala de Risco……… 91

Gráfico 3.13 - Conversão das pontuações REBA do caso de estudo 2 para a

Escala de Risco……… 92

Gráfico 3.14 - Número de respostas "Sim" aos três itens do Questionário

Nórdico Músculo-esquelético em função da região anatómica……… 93 Gráfico 3.15 - Pontuação REBA em função do peso dos utentes……… 93 Gráfico 3.16 - Pontuação REBA em função da altura dos utentes……….. 94 Gráfico 3.17 - Pontuações REBA em função do peso e altura dos utentes……. 94 Gráfico 3.18 - Avaliação por bitola externa dos critérios WR, DL e WH em

função dos utentes……… 95

Gráfico 3.19 - Avaliação por bitola externa dos critérios de risco psicossociais. 96 Gráfico 3.20 - Resultados do MOS SF-36………... 97 Gráfico 3.21 - Conversão dos resultados do MOS SF-36 do caso de estudo 2

para a Escala de Risco………. 98

Gráfico 3.22 - Conversão dos resultados do MOS SF-36 do caso de estudo 2

para a Escala de Risco……….. 98

Gráfico 3.23 - Frequência média registada, em percentagem, de realização de 9

atividades extraprofissionais………. 99

Gráfico 3.24 - Pesos atribuídos aos critérios de risco no caso de estudo 1…….. 100 Gráfico 3.25 - Pesos atribuídos aos critérios de risco no caso de estudo 2…….. 100 Gráfico 3.26 - Risco de LMERT médio das afetações cuidador-utente do caso

de estudo 1 (bitola externa)……….. 102 Gráfico 3.27 - Risco de LMERT médio das afetações cuidador-utente do caso

de estudo 1 (bitola interna)……….. 102 Gráfico 3.28 - Risco de LMERT médio das afetações cuidador-utente do caso

(29)

xxix Gráfico 3.29 - Risco de LMERT médio das afetações cuidador-utente do caso

de estudo 2 (bitola interna).………. 103 Gráfico 4.1 - Risco acumulado de cada cuidador sobre o risco acumulado

máximo das soluções ótimas do caso 1 segundo a avaliação de bitola externa e

interna………. 113 Gráfico 4.2 - Risco acumulado das cuidadoras do caso de estudo 1 na solução

organizativa atual………. 114

Gráfico 4.3 - Risco acumulado de cada cuidadora do caso 2 sobre o risco acumulado máximo das soluções ótimas segundo a avaliação de bitola externa e

interna………... 113

Gráfico 4.4 -Risco acumulado das cuidadoras do caso de estudo 2 na solução

(30)
(31)

xxxi

Lista de abreviaturas e acrónimos

CCD – Cuidados Continuados ao Domicílio CPF - Caregiver-related Psychosocial Factors

CCI – Cuidados Continuados Integrados

COPSOQ - Copenhagen Psychosocial Questionnaire

CPPF - Caregiver-Patient Interface-related Psychosocial Factors

DC - Dor Física

DE - Desempenho Emocional DF - Desempenho Físico DL – Dependence Level

ECCI – Equipas de Cuidados Continuados Integrados EMG – Eletromiografia

EPA – Extraprofessional Activities

EU-OSHA – Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho FF - Função Física

FS - Função Social

GAMS - General Algebraic Modeling System GHO – General Health Outcomes

ICC - Intraclass Correlation Coefficient IMC – Índice de Massa Corporal IO – Investigação Operacional

(32)

xxxii IPSS - Instituições Particulares de Solidariedade Social

Katz ADL – Katz Index of Independence in Activities of Daily Living

LMERT (ou LMELT) – Lesões Músculo-esqueléticas relacionadas com o (ou ligadas ao) trabalho

MHO – Mental Health Outcomes

MMC – Movimentação Manual de Cargas

MOS SF-36 - Medical Outcomes Study: Short Form 36 Items NORA - National Occupational Research Agenda

NP – Norma Portuguesa MS - Mudança na Sáude

OCRA - Occupational Repetitive Actions

OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series OPF - Organization-related Psychosocial Factors

OSHA – Occupational Safety and Health Administration OWAS - Ovako Working-Postures Analysis System

PA – Postural Assessment

PHO – Physical Health Outcomes PIB – Produto Interno Bruto

PII - Plano Individual de Intervenção PL – Programação Linear

QEC – Quick Exposure Checklist

QNM – Questionário Nórdico Músculo-esquelético REBA – Rapid Entire Body Assessment

RNCCI – Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados RULA - Rapid Upper Load Assessment

(33)

xxxiii SCMA – Santa Casa da Misericórdia de Almada

SG - Saúde Geral SI – Strain Index SM - Saúde Mental

SNS – Serviço Nacional de Saúde

SRPF - Social Relations-related Psychosocial Factors

VT - Vitalidade

WH – Weight and Height WR – Workplace Risk

(34)
(35)

1

Introdução

1.1.

Enquadramento teórico

Em 2000, a Organização Mundial de Saúde estimou que 9,9% da população mundial dos países desenvolvidos eram constituídos por indivíduos em situação de dependência [1]. Estes indivíduos são aqueles que “por falta ou perda de autonomia física, psíquica e intelectual, resultante ou agravada por doença crónica, demência orgânica, sequelas pós-traumáticas, deficiência, doença severa e/ou incurável em fase avançada, ausência ou escassez de apoio familiar ou de outra natureza, não conseguem, por si só, realizar as atividades da vida diária” [2].

Tradicionalmente, a autonomia e qualidade de vida das pessoas em situação de dependência é assegurada por cuidadores informais, principalmente familiares, mas também amigos e membros da comunidade em que se inserem. No entanto, as alterações demográficas das últimas décadas, nos países desenvolvidos, têm desafiado os mecanismos tradicionais de cuidados continuados. Realçam-se dois fenómenos em particular: o aumento da longevidade que leva ao crescimento do número de pessoas em situação de dependência; e a diminuição do número de cuidadores informais disponíveis, consequência de as famílias serem menos numerosas e do aumento do número de mulheres ativas no mercado de trabalho ( [3], [4]). Para suprir a crescente necessidade de cuidados a estas pessoas, as sociedades civis desenvolveram e implementaram políticas de Cuidados Continuados Integrados (CCI) [5].

Em Portugal, a solução passou por criar a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) em 2006. Os CCI são definidos como “o conjunto de intervenções de saúde e de apoio social, decorrente de avaliação conjunta, centrado na recuperação global entendida

1

(36)

2 como o processo terapêutico e de apoio social, ativo e contínuo, que visa promover a autonomia melhorando a funcionalidade da pessoa em situação de dependência, através da sua reabilitação, readaptação e reinserção familiar e social” [2].

Os Cuidados Continuados ao Domicílio (CCD) são uma das modalidades dos CCI e são aplicados no plano de intervenção individual sempre que possível, uma vez que um dos objetivos principais da RNCCI é manter ou reinserir o utente no seu ambiente familiar e social. Entende-se por domicílio “a residência particular ou estabelecimento onde habitualmente reside a pessoa em situação de dependência” [2]. O decreto-lei Nº101/2006 [2] prevê que as equipas domiciliárias sejam multidisciplinares, prestem serviços de apoio psicossocial e ocupacional envolvendo familiares ou outros cuidadores na satisfação das necessidades básicas, na execução das tarefas da vida diária e na educação para a saúde e prestem também cuidados médicos e de enfermagem (curativos, preventivos, reabilitadores ou paliativos).

Os utentes da RNCCI são indivíduos que, independentemente da idade, se encontrem em situação de dependência. No entanto, dados de 2016 mostram que cerca de 85% dos utentes eram pessoas com 65 anos ou mais, pelo que importa compreender a tendência demográfica referente a esta faixa etária [3]. Em 1972, cerca de 10% da população portuguesa era idosa, em 2001 subira para cerca de 15% e no último recenseamento populacional, em 2011, já havia ultrapassado os 19% [6]. Em 40 anos, o índice de envelhecimento (quociente entre o número de pessoas com 65 anos ou mais e o número de pessoas com menos de 15 anos) passou de 34 para 128, ou seja, atualmente habitam em Portugal cerca de 13 idosos para cada 10 jovens, o que representa um indicador da crescente necessidade de implementação de políticas de cuidados continuados [6].

As Equipas de Cuidados Continuados Integrados (ECCI) constituem a estrutura organizacional de entidades públicas, Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), entidades privadas com fins lucrativos e centros de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS) [7]. Além dos desafios impostos pelas alterações demográficas, as ECCI registam uma alta incidência de lesões músculo-esqueléticas nos prestadores de cuidados continuados ao domicílio, associadas principalmente à manipulação manual de utentes, entre outros fatores de risco [8]. Prestar cuidados continuados é considerado uma atividade de risco com uma alta prevalência de sintomas músculo-esqueléticos, principalmente ao nível da região posterior do tronco ( [8], [9]). A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho tem registado um aumento acentuado da incidência de LMERT em vários setores profissionais em todos os Estados-Membros da União Europeia, que vem na sequência do envelhecimento da população ativa e da precariedade no trabalho, principalmente nas atividades profissionais em que a ação humana é indispensável e não pode ser substituída, como é o caso dos cuidados de saúde ( [10], [11], [12]).

(37)

3 Estas patologias têm efeitos negativos quer ao nível económico, quer social e pessoal. No que diz respeito à economia, as LMERT acarretam custos diretos (indeminizações pagas aos trabalhadores, seguros) e indiretos (absentismo, presentismo ou diminuição da produtividade, substituição de trabalhadores e formação aos substitutos). Dados relativos aos países do norte da Europa revelam que estes custos representam 0,5% a 2% do PIB [13]. Para além disso, estas lesões condicionam a situação de saúde e qualidade vida dos indivíduos lesionados uma vez que, geralmente, se manifestam em sensação de desconforto, dor e/ou dormência, podendo inclusivamente promover situações de incapacidade física e/ou mental ( [14], [15], [16]). Os efeitos económicos e individuais refletem-se a nível social na carência dos serviços prestados à comunidade e, em particular nos cuidados continuados ao domicílio, na promoção de um clima de insatisfação e insegurança comum aos funcionários, organizações, utentes e comunidade envolvente.

Os cuidados de saúde, ou de apoio a utentes, caracterizam-se por uma combinação de múltiplos fatores de risco que variam com a atividade exercida e as características de cada local de trabalho, o que torna difícil a avaliação e quantificação do risco, quando comparados, por exemplo, ao setor industrial [15]. No primeiro caso, os trabalhadores lidam com as especificidades de diferentes utentes enquanto no segundo caso os trabalhadores lidam sobretudo com matérias primas e as atividades são mais controladas e estandardizadas. Nos cuidados continuados ao domicílio, o número de fatores de risco aos quais os trabalhadores são expostos é ainda maior uma vez que, para além das atividades serem personalizadas a cada utente, o ambiente de trabalho não é controlado nem estandardizado [8]. Nestas condições, efetuar um planeamento justo e preventivo de um serviço de cuidados continuados ao domicílio é uma tarefa não trivial pois é difícil avaliar todos os fatores de risco simultaneamente para todos os casos.

1.2.

Objetivos da investigação

A investigação levada a cabo no âmbito desta dissertação segue uma abordagem preventiva, ao invés de reativa, ao desenvolvimento de LMERT em cuidados continuados ao domicílio. Os objetivos principais deste trabalho são avaliar o risco de LMERT num serviço de apoio domiciliário e desenvolver um modelo matemático de afetação cuidador-utente que o minimize. O modelo é parametrizado por pontuações numéricas atribuídas através da aplicação de métodos de avaliação de risco de LMERT e de uma escala de risco qualitativa normalizada, proposta neste trabalho.

Este trabalho surge na interseção de duas linhas de investigação: por um lado, no âmbito da análise ergonómica do trabalho tem sido investigada a natureza multifatorial do risco de LMERT e desenvolvidos inúmeros métodos de análise, avaliação e/ou quantificação, aplicados

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4 nos mais variados contextos profissionais. Por outro, no ramo da investigação operacional são desenvolvidos há décadas modelos matemáticos que permitem afetar conjuntos de indivíduos a conjuntos de tarefas, com vista ao cumprimento de um determinado objetivo que se pretende otimizar. Em particular, vários autores desenvolveram modelos matemáticos para o planeamento de afetações de prestadores de cuidados continuados ao domicílio a utentes em função da sua localização geográfica, nível de competência dos trabalhadores, entre outros critérios.

1.3.

Estrutura da dissertação

O capítulo 2 inclui a revisão bibliográfica e o estado da arte das duas linhas de investigação exploradas neste trabalho: i) as lesões músculo-esqueléticas relacionadas com trabalho (LMERT), em particular os seus fatores de risco e métodos de avaliação de risco, numa perspetiva genérica e na perspetiva específica no contexto dos cuidados continuados ao domicílio; ii) modelos de afetação no âmbito da investigação operacional, mais concretamente os desenvolvidos para o planeamento de cuidados continuados ao domicílio.

No capítulo 3 é descrito todo o processo experimental de avaliação e modelação do risco de LMERT, realizado em contexto laboratorial e em contexto real em dois serviços de apoio domiciliário. Inclui os materiais e métodos utilizados, a metodologia proposta no âmbito desta investigação, os procedimentos utilizados e a demonstração e discussão de resultados. A formulação do modelo de afetação cuidador-utente proposto, a solução determinada para os dois casos de estudo e a sua interpretação são apresentadas no capítulo 4.

Figura 1.1 - Esquema resumo do trabalho desenvolvido.

As conclusões finais e perspetivas futuras constituem o quinto e último capítulo desta dissertação. A seguir às conclusões, pode ser consultada a bibliografia pesquisada no âmbito da realização desta dissertação e ainda os anexos, onde figuram os instrumentos utilizados, nomeadamente questionários, dados recolhidos e respetiva informação extraída.

(39)

5

2

Revisão Bibliográfica

2.1. Lesões Músculo-esqueléticas Relacionadas com o Trabalho

Ao conjunto das doenças inflamatórias e degenerativas do sistema locomotor que resultam ou são agravadas por fatores de risco profissionais, como por exemplo a repetibilidade, a sobrecarga mecânica ou as posturas adotadas durante as atividades executadas em contexto laboral, dá-se o nome de lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho (LMERT) ou ligadas ao trabalho (LMELT) [14]. Nesta dissertação é utilizado o primeiro termo, que é a tradução literal do termo internacional mais frequente – Work-related musculoskeletal disorders (WRMSDs ou WMSDs) [15].

As LMERT são consideradas consequências do “efeito cumulativo do desequilíbrio entre as solicitações mecânicas repetidas e as capacidades de adaptação da zona atingida, ao longo de um período de tempo em que a recuperação da fadiga foi insuficiente” [17]. Entre os diagnósticos associados a lesão músculo-esquelética, os mais frequentes são inflamações nos tendões ou condições relacionadas (tendinite, tenossinuvite, epicondilite, bursite), lesões compressivas de nervos periféricos (dor ciática, síndrome do canal cárpico), osteoartrose e mialgias ou outras síndromes dolorosas sem patologia identificada (sendo a mais comum a dor ou desconforto na região posterior do tronco) [18]. As regiões anatómicas onde é registada maior incidência de LMERT são a região posterior do tronco e membros superiores [18].

No sentido de agir na prevenção de LMERT é fulcral conhecer, identificar e avaliar os diferentes fatores de risco. Na secção 2.1.1. são abordados os fatores de risco de LMERT identificados na literatura pesquisada e na secção 2.1.2 são explorados os principais métodos de avaliação de risco e a forma como são aplicados em contexto profissional.

(40)

6

2.1.1. Fatores de Risco

Os sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho constituem as entidades responsáveis por atuar na prevenção e gestão de risco de LMERT, entre outras atividades. Segundo a norma OHSAS 18001:2007 | NP 4397:2008 [19], relativa aos requisitos dos sistemas de gestão da segurança e saúde do trabalho, define-se risco como “a combinação da probabilidade de ocorrência de um acontecimento, ou da exposição a determinados perigos, com a gravidade das lesões ou afeções de saúde que possam ser causadas pelo acontecimento ou pela exposição ao perigo”. Neste sentido, entende-se por perigo ou fator de risco qualquer “fonte, situação, ato ou combinação destes, decorrentes de uma ou mais atividades da organização, com potencial para causar lesão ou afeção de saúde” [19]. No entanto, note-se que a exposição a um fator de risco não se significa necessariamente o desenvolvimento de uma lesão ou doença pois depende de outros fatores adicionais tais com a intensidade, frequência e duração da exposição ao risco e com a combinação com outros fatores de risco [14].

No que diz respeito especificamente às LMERT, o risco é de natureza multifatorial e pode estar associado à prática da atividade profissional, ao contexto social, familiar e organizacional em que o indivíduo se insere e/ou às suas características individuais. Deste modo, na literatura os fatores de risco de LMERT estão agrupados consoante a origem do perigo, existindo diversas nomenclaturas, na sua maioria equivalentes [15].

2.1.1.1. Fatores de Risco Físicos

Os perigos ou fatores de risco de LMERT diretamente associados às tarefas executadas durante a atividade profissional são designados fatores de risco físicos ( [14], [20]). Entre eles incluem-se a aplicação de força, repetibilidade, posturas ou posições extremas e/ou imprevisíveis e exposição a elementos mecânicos e constituem aspetos característicos das atividades profissionais de diversos setores.

Aplicação de Força

A aplicação da força implica trabalho muscular e é caracterizada, no estudo das LMERT, pela sua duração, intensidade, distribuição e nível de repetibilidade (frequência de realização da tarefa) ( [14], [15], [20]). Quanto mais prolongada no tempo, mais intensa, mais localizada (só um segmento anatómico exerce força ao invés de a aplicação de força ser distribuída por mais regiões corporais) e mais frequente, maior o risco.

Alguns autores também fazem a distinção entre força dinâmica e força estática, isto é, se a força é aplicada enquanto o corpo exerce movimento ou enquanto se encontra parado ( [21], [22]). Por exemplo, a força exercida por um prestador de cuidados continuados ao domicílio numa

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7 mudança de decúbito é dinâmica, mas se estiver a sustentá-lo para não cair enquanto este faz a higiene a força é estática. Tipicamente, a aplicação de força estática contra uma resistência fixa é considerada mais perigosa por estar associada a ausência ou défice de períodos de recuperação muscular [23].

Repetibilidade

Considera-se que existe repetibilidade quando (i) se realiza movimentos ou posturas idênticas mais de duas a quatro vezes por minuto, num tempo superior a 50% do tempo de ciclo de trabalho (correspondente a uma tarefa), em ciclos de duração inferior a 30 segundos, ou (ii) se efetuam os mesmos movimentos e aplicações de força com as mesmas regiões anatómicas, durante mais de 4 horas no total de um dia de trabalho [15]. Para avaliar a repetibilidade analisa-se o tempo de ciclo (duração de um ciclo de trabalho) e a frequência (número de ciclos de trabalho, movimentos ou aplicações de força por unidade de tempo, geralmente o minuto) [24].

Posturas ou posições corporais extremas e/ou imprevisíveis

A postura compreende vários aspetos de análise não trivial, tais como o alinhamento biomecânico, a orientação espacial das várias zonas corporais e a posição relativa dos segmentos anatómicos [24]. O risco de LMERT aumenta nas situações em que se verifica a adoção de postura nos limites articulares (posturas extremas), postura inadequada tendo em conta a tarefa exercida ou postura estática (a força aplicada é constante e sem movimento) durante um longo período. Uma postura inadequada é aquela que provoca um desfavorecimento biomecânico no sistema músculo-esquelético implicando utilização excessiva ou desnecessária de força muscular e alinhamentos disfuncionais [25].

Posturas imprevisíveis são comuns em atividades profissionais e/ou locais de trabalho com um determinado grau de imprevisibilidade. Nos cuidados continuados ao domicílio, a resistência ao movimento de um utente ou as condições do domicílio, como por exemplo, a disposição do mobiliário ou a presença de superfícies escorregadias, podem condicionar as tarefas dos prestadores de cuidados e favorecer a adoção de posturas que não são as recomendadas no âmbito dos programas de formação e prevenção de risco [8].

Exposição a elementos mecânicos

No exercício da sua atividade profissional os trabalhadores interagem com materiais ou superfícies de trabalho que podem aumentar o risco de LMERT, se estiverem associados por exemplo a vibrações ou temperaturas extremas, como é comum no setor industrial ( [14], [15]). Nos cuidados continuados ao domicílio, a exposição a elementos mecânicos está relacionada com as condições inerentes aos domicílio (chão escorregadio ou molhado, presença de desníveis,

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8 espaços apertados e mobiliário desadequado, camas muito baixas ou inapropriadas para a prestação de cuidados) que podem promover choques ou adoção de posturas extremas ou imprevisíveis ( [4], [8]).

Note-se que os quatro fatores acima explicitados não são independentes entre si e que é a combinação entre eles que contribui para o desenvolvimento de LMERT num determinado contexto laboral [20]. Uma das principais situações de risco destacadas na literatura é a Movimentação Manual de Cargas (MMC), que se trata de “qualquer atividade executada por um ou mais operadores que envolva empurrar, levantar, agarrar, abaixar, transportar ou deslocar uma carga animada (pessoas ou animais) ou inanimada” [26]. Nos cuidados de saúde em geral e nos cuidados continuados ao domicílio, em particular, a MMC corresponde a conjuntos de atividades necessárias e muito frequentes, tais como mudanças de decúbitos, transferências e banhos, que implicam aplicação de força, repetibilidade das tarefas, adoção de posturas extremas e imprevisíveis e a exposição a elementos mecânicos presentes nos domicílios ( [8], [20], [27], [28]).

2.1.1.2. Fatores de Risco Organizacionais e Psicossociais

Fatores psicossociais e organizacionais são amplamente abordados no âmbito da gestão de organizações, como parte de estratégias para se conseguir o máximo desempenho de cada colaborador e atingir a produtividade máxima do grupo [29]. Referem-se a características inerentes à interação do indivíduo com as suas condições de vida e as condições do local de trabalho, nomeadamente o modelo de gestão, as relações sociais no trabalho e a natureza das atividades desempenhadas, que podem comprometer a saúde dos indivíduos ao nível fisiológico, emocional, cognitivo, social e comportamental [30].

Na Agenda Nacional da Investigação Ocupacional de 2018 [31] (National Occupational

Research Agenda - NORA) consta que vários estudos indicam que os fatores psicossociais como

a satisfação no trabalho, as exigências cognitivas e emocionais, a monotonia, o apoio de colegas e superiores, entre outros, podem mediar ou até mesmo modificar a relação entre os fatores de risco físicos e saúde músculo-esquelética dos trabalhadores. Esta afirmação é feita com base em investigações realizadas nas últimas décadas na quais foram encontradas associações entre os fatores psicossociais acima enunciados e a prevalência de sintomas músculo-esqueléticos. No entanto ainda é necessário mais trabalho científico no sentido de compreender o papel destes fatores no desenvolvimento de LMERT [31].

Segundo o grupo de trabalho do NORA, a organização do trabalho envolve seis grandes áreas de gestão, às quais estão associados determinados fatores de risco organizacionais e

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9 psicossociais: horário de trabalho, natureza das tarefas, relações interpessoais, progressão na carreira, estilo de liderança e características inerentes à organização (tabela 2.1).

Tabela 2.1 - Áreas da gestão do trabalho e respetivos fatores de risco organizacionais e psicossociais. Adaptado de [32].

Áreas de gestão organizacional Fatores organizacionais e psicossociais

Horário de trabalho Ritmo de trabalho, pausas, horários por turnos Natureza das tarefas Complexidade, monotonia, exigências cognitivas,

influência no trabalho desempenhado

Relações interpessoais Apoio dos colegas e superiores, comunidade social no trabalho

Progressão na carreira Possibilidades de desenvolvimento

Estilo de liderança Qualidade da liderança, trabalho em equipa, gestão participativa

Características inerentes à organização Cultura organizacional, recompensas

Note-se que estes fatores, por si só, não são suficientes para promover o aparecimento de LMERT e que a evidência científica de que o modelo organizacional e os seus efeitos psicossociais contribuem no desenvolvimento de lesões foi de difícil aceitação e lento desenvolvimento ( [32], [33]).

Com o objetivo de fornecer um instrumento para avaliação dos fatores psicossociais, Kristensen e Borg [34] desenvolveram o Questionário Psicossocial de Copenhaga (Copenhagen

Psychosocial Questionnaire, COPSOQ). Trata-se de um questionário validado, versátil e

amplamente utilizado na avaliação de fatores psicossociais em contexto laboral. Este questionário tem três versões: as versões curta e média foram desenvolvidas para autoavaliação dos trabalhadores ou a avaliação por parte dos profissionais de saúde ocupacional em contexto de inspeção ou planificação de intervenções, respetivamente, enquanto que a versão longa foi especialmente desenvolvida para fins de investigação, sendo por isso mais completa, fornecendo uma maior quantidade de resultados [30].

O questionário foi validado para uma amostra de 1858 profissionais de 32 profissões diferentes, entre elas a de prestador de cuidados ao domicílio. Numa análise comparativa entre

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10 profissões, o estudo concluiu que os prestadores de cuidados ao domicílio são os que sentem mais exigência emocionais e exigências em esconder as emoções [34].

2.1.1.3. Fatores de Risco Individuais

Sabe-se que num grupo de profissionais que desempenham a mesma atividade na mesma organização, que vivem num contexto social idêntico e que estão sujeitos a cargas de trabalho semelhantes, o desenvolvimento de LMERT não é igual [35]. Esta variabilidade é explicada pelas características individuais, tais como a idade, sexo, peso, altura e outras características antropométricas, estilo de vida, história clínica e atividades extraprofissionais ( [14], [15]).

Tabela 2.2 - Fatores de risco individuais. (Adaptado de [14])

Aspeto Explicação

Idade A diminuição da força máxima voluntária e as alterações na mobilidade articular associadas ao envelhecimento são fatores de risco para o desenvolvimento de lesões.

Sexo As mulheres têm, em média, menos força muscular. Todavia, quando sujeito à exposição dos mesmos fatores de risco, não se regista diferença entre homens e mulheres.

Características antropométricas A incompatibilidade entre as características dos trabalhadores e as exigências do trabalho constitui um fator de risco. Os indivíduos que têm medidas antropométricas afastadas dos valores médios enfrentam postos de trabalho não ajustáveis e dimensionados para a média dos trabalhadores.

Situação de saúde Determinadas doenças crónicas e antecedentes de lesões ou doenças ou gravidez podem constituir uma suscetibilidade acrescida.

Atividades extraprofissionais O estilo de vida e as atividades que exercem fora do local de trabalho também contribuem para a variação entre os indivíduos uma vez que podem estar expostos a fatores de risco de LMERT fora do trabalho, ou por outro lado, podem ter boas práticas que contribuem para a prevenção de lesões, tais como a prática orientada e regular de exercício físico.

(45)

11

2.1.1.4. Principais fatores de risco nos cuidados continuados ao domicílio

Carneiro et al. [8] identificaram a região anatómica mais afetada por alterações músculo-esqueléticas nos cuidados de saúde domiciliários e desenvolveram um modelo estatístico que inclui os principais fatores de risco na previsão de sintomas músculo-esqueléticos na região identificada. As autoras concluíram que a região lombar é a zona do corpo com maior incidência de alterações músculo-esqueléticas, sendo que os enfermeiros prestadores de cuidados ao domicílio têm três vezes mais probabilidade de sentir dor, desconforto ou dormência na região lombar do que os que somente trabalhem nos centros de saúde.

Entre 24 fatores de risco, físicos, psicossociais e individuais, candidatos a variáveis do modelo estatístico, foram selecionados sete deles como os principais fatores de risco na previsão de alterações músculo-esqueléticas na região lombar de prestadores de cuidados domiciliário: posturas do antebraço e do braço, posturas estáticas, braços apoiados, altura da cama do utente, satisfação no trabalho e equipamentos de apoio na movimentação e transferência dos utentes [8]. As sete variáveis são binária e representam ausência ou presença de risco, respetivamente (tabela 2.3).

Note-se que seis das variáveis selecionadas refletem fatores de risco físicos. A postura dos braços, antebraços e a existência de posturas estáticas ou de apoio dos braços são aspetos que caracterizam diretamente as posturas adotadas, que constitui um dos fatores de risco físicos. A altura da cama tem influência direta na adoção de posturas extremas: se a cama for muito baixa o indivíduo precisa de fletir mais o tronco e/ou os joelhos para exercer as tarefas necessárias. Os equipamentos de apoio têm o objetivo de diminuir a força necessária para a movimentação e transferência de utentes, promover a adoção de posturas corretas e evitar posturas imprevisíveis. Por fim, é contemplado um fator de riso psicossocial que diz respeito à satisfação no trabalho. Neste trabalho, não foi selecionado nenhum fator de risco individual para constituir o modelo estatístico desenvolvido.

Refira-se que o modelo explicitado acima tem como objeto de estudo a incidência de alterações músculo-esqueléticos de uma região anatómica especifica, e não a incidência de lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho de uma forma genérica, objeto de estudo da presente dissertação.

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12 Tabela 2.3 - Variáveis incluídas no modelo estatístico, relativas aos principais fatores de risco associados à sintomática músculo-esquelética da região lombar em prestadores de cuidados domiciliários. (Adaptado de [8])

Variável (Xi) Xi=0 (ausência de risco) Xi=1 (presença

de risco) X1: Postura do antebraço

(X1(1) e X1(2))

Obedece à postura de referência (flexão 60°-100°) Caso contrário

X2: Postura do braço (X2(1) e

X2(2))

Obedece à postura de referência (flexão 20°-45°) Caso contrário

X3: Posturas estáticas Não se registam posturas estáticas durante mais do

que 1 minuto

Caso contrário

X4: Braços apoiados Os braços estão apoiados. Caso contrário

X5: Altura da cama A altura da cama é ajustável ou fixa mas adequada

para os cuidados prestados

A cama é muito baixa

X6: Satisfação O prestador de cuidados está satisfeito com o seu

trabalho

Caso contrário

X7: Equipamentos de apoio Existem no domicílio equipamentos de apoio

ergonómico para a movimentação e transferência de utentes.

Caso contrário

2.1.2. Métodos de Avaliação de Risco

Malchaire [36] sistematizou as várias etapas e métodos de avaliação de risco de LMERT num plano com quatro níveis de diagnóstico de risco com dificuldade de aplicação crescente. O primeiro nível é o diagnóstico preliminar de risco, que consiste na identificação dos fatores de risco, os segundo e terceiro níveis envolvem a aplicação de métodos observacionais (simples e avançados, respetivamente) e, por fim, o nível 4, que deve ser efetuado por especialistas, e engloba métodos diretos. Na tabela 2.4. é apresentado um quadro resumo da estratégia de Malchaire, o qual indica quando, como, e por quem é feito, que custos acarreta e quais as competências no posto de trabalho analisado e em ergonomia necessárias para aplicar cada um dos níveis.

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13 Tabela 2.4 - Quadro resumo dos quatro níveis de Malchaire (Adaptado de [36])

Nível 1: Identificação de fatores de risco Nível 2: Métodos Observacionais Simples Nível 3: Métodos Observacionais Avançados Nível 4: Métodos Diretos

Quando? Todos os casos Risco provável Risco elevado Situações

complexas Como? Observações simples Questionários Observações com avaliação (qualitativa, quantitativa e semi-quantitativa) Avaliação quantitativa Medições especializadas

Que custos? Negligenciáveis

10 minutos/ posto Baixos 1 hora/posto Moderados 1-2 dias/posto Elevados 1-2 semanas/ posto

Por quem? Trabalhadores Trabalhadores +

Técnicos externos Técnicos externos Técnicos especializados Competências: -Trabalho -Ergonomia Muito elevadas Baixas Elevadas Médias Médias Elevadas Baixas Especializadas

2.1.2.1. Nível 1: Identificação dos fatores de risco

A primeira etapa deve ser aplicada em todos os postos de trabalho e contar com a colaboração dos trabalhadores de modo fazer o levantamento dos fatores de risco aos quais estão expostos e da sintomatologia músculo-esquelética ( [15], [36]). Os instrumentos tipicamente utilizados são questionários de autoavaliação e listas de verificação de itens (em inglês, checklists) adequados para o efeito. As vantagens destes instrumentos são o baixo custo e a fácil e rápida implementação, quando comparados aos métodos mais complexos, o que permite estudar grandes amostras populacionais num curto espaço temporal [24]. A desvantagem prende-se com a subjetividade das respostas, uma vez que estas podem ser influenciadas por fatores pessoais ou relativos ao ambiente de trabalho e produzir informação pouco fiável [37].

(48)

14 O Nordic Musculoskeletal Questionnaire é o questionário mais utilizado para avaliar a prevalência de sintomas músculo-esqueléticos em nove zonas corporais: pescoço, ombros, cotovelo, punho e mãos, tornozelos e pés, região torácica, ancas e coxas, região lombar e joelhos [38]. Note-se que não foi desenvolvido para efetuar diagnóstico clínico. É amplamente utilizado como “ferramenta de triagem” em estudos focados em problemas músculo-esqueléticos relacionados com o trabalho uma vez que permite selecionar os métodos mais adequados a aplicar na amostra nas etapas seguintes da metodologia de Malchaire ( [24], [39]). Este questionário está traduzido e validado para a língua portuguesa com o título “Questionário Nórdico Músculo-esquelético” [39] (anexo 1).

Entre as listas de verificação de fatores de risco, as mais utilizadas são o Quick Exposure

Checklist (QEC) e as OSHA Checklist (listas de verificação de itens disponibilizadas pela Agência

Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, específicas para diferentes setores profissionais) ( [24], [40], [41], [42]). A maioria dos instrumentos estão focados principalmente em situações de risco que incidam nos membros superiores e coluna vertebral, devido à maior prevalência de LMERT nestas estruturas anatómicas.

A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA) disponibiliza uma

checklist para a identificação dos fatores de risco para o contexto específico dos cuidados

continuados ao domicílio chamada Risk Assessment for Care Workers Checklist (em tradução livre para português, lista de verificação de itens para a avaliação de risco em prestadores de cuidados) [4]. Este instrumento é constituído por 87 perguntas de resposta “Sim” ou “Não” que refletem a ausência ou presença de risco nos domicílios dos utentes, relativamente a nove dimensões diferentes, que englobam não só o risco associado a LMERT mas também o risco biológico e risco de exposição à criminalidade. As dimensões que não avaliam diretamente o risco físico de LMERT (dimensões 5 e 6 da tabela 2.5), identificam situações que contribuem para a insegurança laboral, insatisfação no trabalho ou más relações sociais, que constituem fatores de risco organizacionais e psicossociais.

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15 Tabela 2.5- Dimensões avaliadas pelo instrumento OSHA Risk Assessment for Care Workers Checklist. (Adaptado de [4]).

Dimensão

O que avalia?

Que fatores de risco identifica?

1. Viagem até a casa dos utentes

Os acidentes rodoviários durante as viagens até aos domicílios são dos acidentes no trabalho mais frequentes dos prestadores de CCD. O uso de cinto de segurança e ter a manutenção do veículo em dia são algumas das práticas recomendadas.

Avalia se o utente ou familiares esperam a visita do prestador de cuidados, para poderem notificar a organização se não aparecer no horário combinado.

2. Ambiente físico no exterior do domicílio

Identifica perigos nos pavimentos, tais como buracos, desníveis ou zonas escorregadias. Para além disso, avalia se o domicílio se encontra numa área com elevada taxa de criminalidade ou não.

3. Ambiente físico no interior do domicílio

Identifica fatores de risco relacionados com a disposição do mobiliário, a limpeza e a arrumação do domicílio, essenciais para promover a segurança do espaço para o prestador de cuidados e para o utente.

Avalia o risco associado a fogo, explosão e choques elétricos, verificando se existem bilhas de gás, equipamentos elétricos avariados e tomadas ou fios mal isolados.

4. Materiais de trabalho Avalia se são utilizadas luvas, vestuário adequado, elástico para o cabelo e material médico adequado no caso de existir prestação de cuidados de enfermagem, que são essenciais para salvaguardar a saúde e segurança dos prestadores de cuidados e utentes.

5. Atividades da vida diária Identifica os fatores de risco de LMERT associados às atividades executadas pelos prestadores de cuidados,

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16 nomeadamente os banhos, transferência e movimentações, assistência a vestir e alimentação. Os itens a avaliar são: posturas estranhas ou imprevisíveis, posturas nos limites articulares, posturas estáticas durante mais do que um minuto, manipulação manual do utente, flexão acentuada ou rotação do tronco, choques ou pressão do corpo contra as superfícies de trabalho e existência de equipamentos de apoio ergonómico.

6. Atividades domésticas Á semelhança da dimensão anterior, identifica os fatores de risco de LMERT mas, desta feita, os associados às atividades domésticas ligadas à higiene habitacional (varrer, lavar, tratamento de roupas).

7. Condições de saúde e comportamentos do utente

Avalia a possível exposição do cuidador a doenças infeciosas do utente, tais como hepatite, VIH, tuberculose, entre outros, e a comportamentos de risco, motivados por exemplo por condições de saúde mental, tais como demências.

8. Interação com familiares ou relacionados

Identifica situações de violência, física e/ou verbal, nas quais os prestadores de cuidados são vítimas de familiares ou relacionados que vivem situações de frustração, vulnerabilidade ou descontrolo emocional devido à situação de saúde do utente.

9. Plano de emergência Identifica se existe ou não um plano de emergência associado ao domicílio em caso de incêndio, fuga de gás ou emergência médica.

2.1.2.2. Nível 2: Métodos observacionais simples

Como o nome indica, métodos observacionais simples são métodos de avaliação do risco de LMERT baseados na observação das tarefas, sem recorrer a instrumentos ou metodologias complexas. Desde o século XVII que têm sido desenvolvidos métodos de avaliação de posturas com recursos a desenhos e fotografia [43]. Os métodos observacionais simples mais recentes apenas requerem registos com lápis e papel, podendo também recorrer-se a imagem de vídeo. O número de fatores de risco por eles avaliados varia: alguns avaliam somente posturas de várias zonas anatómicas e outros avaliam quase todos os fatores físicos referidos na literatura (aplicação

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Figura 2.1 - Folha de pontuação do método REBA, desenvolvida por Alan Hedge e adaptada  pela empresa ErgoPlus™ [55]
Figura 2.3 - Exemplo explicativo do preenchimento dos grupos B e C da folha de pontuação  REBA [55]
Gráfico 2.1 - Número de modelos uni-período identificados em função do objetivo a otimizar
Gráfico 2.2 - Número de modelos uni-período identificadas em função do objetivo a otimizar
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Referências

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