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COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA ENTRE ATLETAS E PARATLETAS BRASILEIROS DE ALTO RENDIMENTO

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Contato: Gabriel Lucas Morais Freire - bi88el@gmail.com

Artigo Original

Comparação da qualidade de vida entre atletas e

paratletas brasileiros de alto rendimento

Comparison of the quality of life among high performance Brazilian

athletes and parathletes

Gabriel Lucas M. Freire1 Vanthauze M. F. Torres2 Daniel V. de Oliveira3 Jose R. A. do Nascimento Junior2

1Universidade Federal do

Vale do São Francisco

2Faculdade dos Guararapes 3Centro Universitário de Maringá Recebido: 20/09/2018 Aceito: 11/03/2019

RESUMO: O objetivo do presente estudo foi comparar a percepção da qualidade de vida (QV) de atletas e

paratletas das modalidades de atletismo e natação. Tratou-se de um estudo descritivo e de corte transversal com 127 atletas com média de idade de 20,6 (±3,1) anos, que treinavam em instituições esportivas de Recife-PE e que frequentando regularmente os treinamentos e competições há mais de 2 (dois) anos. Para avaliação da QV foi utilizado o questionário de avaliação abreviado da qualidade de vida da organização mundial de saúde (WHOQOL-BREF) e um questionário sociodemográfico a fim de caracterizar a amostra. Para análise dos dados, foi utilizado o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov. Foi utilizado o teste “U” de Mann-Whitney para a comparação qualidade de vida em função dos grupos (modalidade, sexo e patrocínio). Foi adotada a significância de p < 0,05. Observou-se nos resultados uma menor percepção da Qualidade de Vida no domínio físico e de Qualidade de Vida geral entre os grupos de atletas e paratletas. Não houve diferença significativa quando comparamos os gêneros entre os grupos pesquisados. Foram constatadas diferenças significativas na percepção da Qualidade de Vida entre os atletas com e sem patrocínio, atletas e para-atletas nos domínios físico, psicológico e de Qualidade de Vida geral. Conclui-se que o estudo não revela evidências causais sobre o impacto da Qualidade de Vida em atletas e paratletas, entretanto o mesmo indica boas contribuições para uma maior preocupação das entidades esportivas com melhores condições de transporte, moradia, segurança e recursos financeiros aos atletas e paratletas.

Palavras-chave: Psicologia do esporte; Esporte paralímpico; Atletas; Qualidade de vida.

FREIRE GLM, TORRES VMF, OLIVEIRA DV, NASCIMENTO JUNIOR JRA. Comparação da qualidade de vida entre atletas e paratletas brasileiros de alto rendimento. R. bras. Ci. e Mov 2019;27(3):52-58.

ABSTRACT: The objective of the present study was to compare the perception of the quality of life (QoL)

of athletes and parathletes of athletic and swimming modalities. It was a descriptive and cross-sectional study with 127 athletes with mean age of 20.6 (± 3.1) years, who trained in sport institutions in Recife-PE and who regularly attended training and competitions for more than 2 (two) years. To evaluate the QoL, the World Health Organization (WHOQOL-BREF) quality of life assessment questionnaire and a sociodemographic questionnaire were used to characterize the sample. For data analysis, the Kolmogorov-Smirnov normality test was used. The Mann-Whitney "U" test was used to compare quality of life according to the groups (modality, sex and sponsorship). The significance of p <0.05 was adopted. The results showed a lower perception of the Quality of Life in the physical domain and of General Quality of Life among the groups of athletes and parathletes. There was no significant difference when comparing the genders among the groups studied. There were significant differences in the perception of Quality of Life among athletes with and without sponsorship, athletes and para-athletes in the physical, psychological and General Quality of Life domains. It is concluded that the study does not reveal causal evidence on the impact of Quality of Life on athletes and parathletes, however, it indicates good contributions to a greater concern of sports entities with better conditions of transportation, housing, safety and financial resources toathletes and parathletes

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R. bras. Ci. e Mov 2019;27(3):52-58. Introdução

A Qualidade de Vida (QV) é um conceito que está em constante mudança na sociedade, uma vez que os fatores que influenciam o dia-a-dia dos indivíduos são multideterminados1. O conceito refere-se diretamente com a satisfação do indivíduo nos vários domínios, físico, psicológico e social2. A QV é definida também como a percepção do indivíduo em relação a sua posição na vida, contexto cultural e sistema de valores, consideram-se suas metas, expectativas, padrões e preocupações3. Dentro desse conceito mais abrangente, naturalmente, crianças, adolescentes, adultos e idosos percebem de maneira diferente sua QV, bem como os atletas1,4 e paratletas de alto rendimento5.

Na perspectiva do esporte de alto rendimento, é fundamental que a preparação dos atletas seja oriunda de uma atividade sistemática que vise promover adaptações morfológicas, metabólicas e funcionais, para que os atletas consigam ter um desempenho ótimo na competição6. Nesse sentido, a dedicação do atleta é um pressuposto fundamental na prática do esporte de alto rendimento, pois exige ao mesmo uma abdicação de sua vida social e por muitas vezes esta prática traz consigo limitações de ordem física que podem influenciar a sua percepção da QV7. Entretanto, Miranda e Bara Filho8 ressaltam a necessidade de o esporte competitivo gerar alterações no bem-estar psicológico do atleta. Além dos fatores supracitados, os atletas enfrentam uma série de fatores de sobrecarga mecânica, fisiológica, emocional e psicossocial exercidos pelo esporte e vida cotidiana. Com isso, indicadores de QV são importantes para o atleta, pois podem influenciar o seu desempenho e os resultados obtidos em competições9.

Yazicioglu et al.10, por exemplo, compararam a QV em atletas com e sem deficiência e constataram que os atletas com deficiência tiveram uma maior percepção e satisfação da QV. Já Samsoiene et al.11 comparou os mesmos grupos e verificaram que os paratletas apresentaram uma menor percepção de QV nos domínios psicológicos e sociais quando comparados aos atletas.

Apesar de vários estudos internacionais abordarem a QV em atletas/paratletas sobre vários aspectos e populações, evidenciou-se uma escassez de estudos sobre esta temática no Brasil4,10,12,13. O detalhamento dessa análise por questões sociodemográficas e o rendimento esportivo pode contribuir na identificação de aspectos mais críticos e grupos mais vulneráveis, o que por sua vez, pode auxiliar na determinação de planos de treinamento mais eficazes. Assim, este estudo teve como objetivo de comparar a percepção da QV em atletas e paratletas brasileiros de alto rendimento praticantes das modalidades de atletismo e natação.

Materiais e métodos Participantes

Fizeram parte deste estudo transversal, 127 atletas (n=54) e paratletas (n=73) de ambos os sexos (92 homens e 35 mulheres), com média de idade de 20,6 (±3,1) anos, da cidade do Recife-PE. A amostra foi selecionada de forma não probabilística e intencional, visto que foram selecionados os sujeitos das equipes da cidade do Recife-PR que possuíam um maior número de atletas/paratletas destas modalidades.

Foram incluídos no estudo atletas/paratletas com registros válidos por sua entidade esportiva, frequentando regularmente os treinamentos e competições há mais de 2 (dois) anos. Somente participaram do estudo os atletas que responderam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelos treinadores (responsáveis pelos atletas na competição), e que verbalmente manifestaram o desejo de participar do teste.

Instrumentos

Foi utilizado para coleta dos dados demográficos, um questionário elaborado pelos autores, abrangendo questões sócio demográficas. Em seguida foi utilizado o instrumento para a avaliação da QV (WHOQOL-BREF).

Esse instrumento foi desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e possui versão validada e adaptada para o Brasil por Fleck et al.14, composto de 26 questões, sendo duas delas gerais e 24 distribuídas em quatro

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domínios da QV. Cada domínio tem por objetivo analisar, respectivamente: a capacidade física, o bem-estar psicológico, as relações sociais e o meio ambiente onde o indivíduo está inserido. Os domínios são representados por várias facetas e suas questões foram formuladas para uma escala de respostas do tipo Likert, com escala de intensidade, cujas pontuações das respostas variam entre 1 e 5. Os escores finais de cada domínio são calculados por uma sintaxe, que considera as respostas de cada questão que compõe o domínio, resultando em escores finais em escala de 0 a 100. De acordo com Fleck et al.15, o instrumento é autoexplicativo e pode ser auto administrado, assistido pelo entrevistador ou, ainda, administrado pelo entrevistador.

Procedimentos

Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedeceram aos critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução n°466/12 do Conselho Nacional de Saúde. O estudo está integrado ao projeto institucional aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estácio de Sá (CAAE 25927114.1.0000.5284).

Inicialmente foi realizado contato com os treinadores responsáveis pelas equipes para solicitação da autorização para realização das coletas de dados com os atletas/paratletas das equipes. As coletas foram realizadas nas dependências dos clubes. A aplicação dos questionários foi realizada de forma coletiva, em uma sala privativa, com a ausência dos treinadores, e o preenchimento dos questionários teve duração de aproximadamente 20 minutos. A ordem dos questionários foi aleatorizada entre os participantes.

Análise de dados

A análise dos dados foi realizada por meio do Software SPSS versão 22.0, mediante uma abordagem de estatística descritiva e inferencial. A análise preliminar dos dados foi realizada por meio do teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov. Foi utilizado o teste “U” de Mann-Whitney para a comparação qualidade de vida em função dos grupos (modalidade, sexo e patrocínio). Foi adotada a significância de p < 0,05. A correlação da qualidade de vida e a duração e tempo de treino foi efetuada por meio do Coeficiente de Correlação de Speraman.

Resultados

Os participantes eram praticantes das modalidades de atletismo (n=78) e natação (n=49). Dos 54 atletas, 87,0% eram praticantes de atletismo, enquanto que dos 73 paratletas, 57,5% era praticante de natação. Os atletas apresentaram média de tempo de prática de 3,60 (dp=3,61) anos e tempo de treino médio de treino de 2,31 (dp=0,89) horas. Já os paratletas apresentaram média de tempo de prática de 8,42 (dp=6,30) anos e tempo de treino médio de treino de 2,16 (dp=0,62) horas.

A Tabela 1 apresenta a comparação dos domínios de qualidade de vida entre atletas e paratletas do estado de Pernambuco. Verificou-se diferença significativa entre os grupos no domínio físico (p = 0,031) e na QV total (p = 0,026), evidenciando que os atletas apresentaram escore superior (melhor) nas duas variáveis.

Tabela 1. Comparação da qualidade de vida entre atletas e paratletas do estado de Pernambuco.

VARIÁVEIS Atletas (n=54) Paratletas (n=73) P Md (Q1-Q3) Md (Q1-Q3) Domínio Físico 67,8 (60,7-75,8) 64,3 (51,8-75,0) 0,031* Domínio Psicológico 75,0 (70,8-84,3) 75,0 (62,5-83,3) 0,065 Domínio Social 75,0 (66,6-91,6) 75,0 (50,0-91,7) 0,386 Domínio Ambiental 56,2 (46,8-65,6) 56,2 (48,5-64,0) 0,945 QV Total 70,5 (64,0-75,9) 66,5 (57,3-73,9) 0,026*

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R. bras. Ci. e Mov 2019;27(3):52-58. Ao comparar os domínios de QV dos atletas e paratletas da cidade do Recife-PE, em função do sexo (Tabela2), não foi encontrada diferença significativa entre os sexos em ambos os grupos.

Tabela 2. Comparação da qualidade de vida dos atletas e paratletas da cidade do Recife, Pernambuco, em função do sexo.

*Diferença significativa (p<0,05) – Teste “U” de Mann-Whitney. QV: qualidade de vida.

Quando comparada a QV dos atletas e paratletas em função do recebimento de patrocínio (Tabela 3), foi encontrada diferença significativa nos domínios físico (p = 0,044), psicológico (p = 0,045) e QV total (p = 0,035) para os paratletas, indicando que os paratletas que possuem patrocínio relataram maior QV nos domínios citados. Não houve diferença significativa (p > 0,05) para o grupo de atletas.

Tabela 3. Comparação da qualidade de vida dos atletas e paratletas do estado de Pernambuco em função do recebimento de patrocínio.

*Diferença significativa (p<0,05) – Teste “U” de Mann-Whitney. QV: qualidade de vida.

Verificou-se (Tabela 4) as seguintes correlações significativas entre os paratletas: domínio físico com tempo de treino (r=-0,44) e QV total com tempo de treino (r=-0,30). Enquanto que para o grupo de atleta não houve correlações significativas (p > 0,05).

Tabela 4. Correlação da qualidade de vida e a duração e tempo de treino dos atletas e paratletas do estado de Pernambuco.

VARIÁVEIS Atletas Paratletas

Duração do treino Tempo de treino Duração do treino Tempo de treino

Domínio Físico -0,15 0,06 -0,12 -0,44*

Domínio Psicológico -0,18 0,11 -0,16 -0,23

Domínio Social 0,04 0,17 0,03 0,01

Domínio Ambiental 0,21 0,20 -0,13 -0,21

QV Total -0,01 0,22 -0,08 -0,30*

*Correlação significativa (p < 0,05) – Correlação de Spearman. QV: qualidade de vida.

VARIÁVEIS Atletas Atletas P Paratletas Paratletas P Homens (n=37) Mulheres (n=17) Homens (n=55) Mulheres (n=18) Md (Q1-Q3) Md (Q1-Q3) Md (Q1-Q3) Md (Q1-Q3) D. Físico 67,8 (60,7-76,7) 71,4 (64,3-78,6) 0,326 64,3 (57,1-75,0) 57,1 (46,4-65,2) 0,144 D. Psicológico 79,2 (70,8-83,3) 75,0 (70,8-83,3) 0,518 79,2 (62,5-83,3) 70,8 (65,6-75,0) 0,521 D. Social 75,0 (62,5-91,7) 75,0 (66,7-91,7) 0,706 58,3 (50,0-91,7) 75,0 (72,9-100,0) 0,147 D. Ambiental 56,3 (50,0-65,6) 50,0 (40,6-61,0) 0,098 56,3 (50,0-65,6) 53,1 (46,9-61,0) 0,653 QV Total 72,6 (64,0-76,7) 67,2 (63,8-72,5) 0,280 68,4 (56,5-77,8) 64,8 (59,7-66,9) 0,730 VARIÁVEIS Atletas Atletas P Paratletas Paratletas P

Sim (n=15) Não (n=39) Sim (n=34) Não (n=39)

Md (Q1-Q3) Md (Q1-Q3) Md (Q1-Q3) Md (Q1-Q3) D. Físico 71,4 (60,7-85,7) 67,9 (60,7-75,0) 0,491 67,9 (57,1-75,0) 60,7 (42,9-78,6) 0,044* D. Psicológico 79,2 (70,8-83,3) 75,0 (70,8-87,5) 0,786 79,2 (62,5-83,3) 62,5 (50,0-83,3) 0,045* D. Social 75,0 (66,7-91,7) 75,0 (66,7-91,7) 0,837 75,0 (58,3-91,7) 75,0 (50,0-91,7) 0,301 D. Ambiental 56,3 (46,9-75,0) 53,1 (46,9-65,6) 0,433 56,3 (50,0-63,3) 53,1 (43,8-65,6) 0,468 QV Total 69,5 (66,3-83,0) 71,7 (63,8-75,0) 0,530 68,9 (69,7-73,9) 59,4 (47,3-78,5) 0,035*

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Discussão

Esse estudo teve como objetivo comparar a percepção da QV de atletas/paratletas de alto rendimento das modalidades de atletismo e natação. Os principais achados deste estudo são que os atletas apresentaram melhor QV geral e no domínio físico que os paratletas; os paratletas que possuem patrocínio possuem melhor QV geral e no domínio psicológico do que os atletas; e que quanto maior o tempo de treino dos paratletas, menor a percepção de QV no domínio físico e na QV geral.

Uma gama de estudos tem visto que a prática esportiva é capaz de induzir melhoras tanto na perspectiva física como cognitiva, elevando a percepção da QV entre os praticantes16-18. Entretanto, em alguns casos essa atividade sistemática pode conduzir alterações negativas na percepção de QV, podendo assim ter intervenção no rendimento dos atletas nos treinamentos e competições5,19.

Neste sentindo, quando comparamos a QV entre os atletas e paratletas, observamos que o domínio físico e de QV geral foram os menores scores avaliado quando comparado aos outros domínios. Este fato está relacionado às sensações de dor, desconforto e fadiga provocadas pelo treinamento de alto rendimento e seus possíveis efeitos em relação à má qualidade de sono, dependência de medicamentos e tratamentos fisioterápicos ocasionados em virtude das lesões esportivas ao longo da carreira do atleta, resultando assim numa menor percepção de QV20,21. Porém, comparando estes menores escores entre os grupos, verificou-se que os atletas possuem ainda melhor QV geral e no domínio físico do que os paratletas.

Em mais uma análise, quando correlacionamos QV e a duração e tempo de treino dos atletas e paratletas brasileiros é possível encontrar diferença no domínio físico e de QV geral, nos paratletas com mais tempo de treinamento. Uma provável explicação é que a população com deficiência tem dificuldade de acessibilidade a lugares públicos e transporte e uma provável explicação é a arquitetura/manutenção de muitas construções não ser configurada para atender às pessoas com deficiência. Essa não configuração de acessibilidade não só dificulta a locomoção para os treinamentos, mas também gera um desgaste físico aos atletas podendo assim, estar influenciando na forma de avaliação de QV19,22.

Quando separamos o grupo de atletas e paratletas por sexo, verificamos que mesmo sem diferença significativa, as mulheres possuem as menores avaliações, principalmente no domínio ambiental, sugerindo uma maior sensibilidade as condições ambientais precárias, afetando assim a QV23.

Por sua vez, quando comparamos a QV dos atletas e paratletas em função do recebimento de patrocínio encontramos diferenças significativas no paratletas nos domínios físico e psicológico da QV. Esses valores mostram que no esporte paralímpico ainda não conta com muitos patrocinadores, podendo assim gerar dificuldades na sua prática e também nos resultados, sendo este um dos principais desafios dos paratletas24.

No entanto, os achados deste trabalho apresentam algumas consideráveis limitações que precisam ser abordadas. Em primeiro, é importante salientar que o instrumento WHOQOL-bref é utilizado, na maioria das vezes, apenas em pesquisas que avaliam a QV de indivíduos não atletas. Entretanto, se tratando de atletas e paratletas de alto rendimento, há relatos na literatura da utilização do WHOQOL com essa população10,12,25. Segundo, não se observou o calendário esportivo, período de treinamento, competições e lesões, principalmente entre os atletas de nível nacional e internacional. Com isso, próximas investigações devem explorar essas limitações.

Conclusões

Apesar do presente estudo não revelar evidências causais sobre o impacto da QV em atletas e paratletas, o mesmo indica boas contribuições para uma maior preocupação das entidades esportivas com melhores condições de transporte, moradia, segurança e recursos financeiros aos atletas e paratletas. Neste mesmo sentido os atletas devem

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R. bras. Ci. e Mov 2019;27(3):52-58. estabelecer hábitos saudáveis em relação ao sono, repouso, relacionamentos pessoais e espiritualidade para uma melhor percepção de sua QV.

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