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Uma análise das características econômicas, social e demográficas das empregadas domésticas: “Impactos sobre o mercado formal em 2015”

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Uma análise das características econômicas, social e

demográficas das empregadas domésticas: “Impactos sobre o

mercado formal em 2015”

RESUMO

O presente trabalho buscou verificar através do Modelo de Poisson quais as variáveis socioeconômicas e demográficas estiveram associadas à condição de formalidade das empregadas domésticas, no ano de 2015. A princípio, foi apresentado o contexto social em que essas empregadas domésticas estavam inseridas nesse período, como também o contexto econômico com ajustes econômico fiscal e monetário no qual o Brasil vivenciou no fim do ano de 2014, o que acabou impactando no mercado de trabalho. O banco de dados utilizado foi a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD referente ao ano de 2015. Os dados foram trabalhados com uso do software R nas versões 2.15.0 e 3.4.3. O Modelo utilizado foi o de Poisson que permite identificar se existe associação entre as variáveis independentes e a variável resposta, este modelo é utilizado em estudos de delineamento transversal, ou seja, para um determinado período do tempo. No presente estudo foi observado que a formalização das empregadas domésticas em 2015 esteve associada a todas as variáveis demográficas e socioeconômicas analisadas através do modelo de Regressão de Poisson. As mulheres com maior escolaridade, idade mais avançada, as que habitam em regiões mais desenvolvidas, as de cor branca e as que recebem acima de um salário representam aquelas que estavam formalizadas em 2015.

Palavras-chave: Trabalho; Mulher; Emprego doméstico; Características econômicas, sociais e demográficas; Legislação Trabalhista; Regressão Poisson; Teste Qui-Quadrado.

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INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2018), o emprego doméstico é predominantemente ocupado pelas mulheres e em 2013 existiam 55 milhões de trabalhadoras domésticas no mundo. Esta é uma ocupação que sofre considerável precarização no mercado de trabalho devido aos baixos salários, a elevada informalidade e jornadas de trabalhos extensas. De acordo com a Pesquisa Nacional de Domicílio (PNAD) em 2015 existiam 5,78 milhões de trabalhadoras domésticas no Brasil, correspondendo 14,93% do total de mulheres ocupadas no mercado de trabalho.

Nos últimos anos, no Brasil, a trabalhadora doméstica tem ganhado seu espaço no que se refere aos direitos adquiridos principalmente após a aprovação da “PEC das Domésticas” por meio da Emenda Constitucional 72/2013. Mas, nem sempre estas trabalhadoras tiveram seus direitos assegurados, isso devido à história dessa ocupação no Brasil, que se iniciou a partir da contratação de escravas recém-libertas, por parte das famílias, (TELLES, 2011).

Os primeiros direitos adquiridos por estas trabalhadoras no Brasil foi a partir de 11 de setembro de 1972 com a lei nº 5.859, que reconhece e define o empregado doméstico como “aquele que presta serviço de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito residencial destas” (art. 1º).

Com a Constituição Federal de 1988, os empregados domésticos passaram a obter mais direitos regulamentados e consequentemente a serem beneficiados com a possibilidade da carteira assinada. Porém, mesmo havendo uma evolução dos direitos adquiridos, a informalidade no trabalho doméstico continuou se fazendo presente, por não ser uma ocupação que gera fins lucrativos aos empregadores e sim mais encargos e despesas.

De acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Domicílio (PNAD), em 2004, 73,48% das empregadas domésticas, mensalistas e diaristas no Brasil não estavam contribuindo para a previdência social gerando, portanto exclusão de direitos. No país, a informalidade está presente em todas as atividades e esta fortemente ligada ao emprego doméstico, a informalidade é considerada um dos maiores problemas no mercado de trabalho, isso porque gera desproteção ao

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trabalhador como também atinge de forma direta a Previdência Social (PASTORE, 2004). Em 2014 o número de empregadas informais diminuiu cerca de 13 pontos percentuais, passando para 60,72% mostrando, portanto, que a aprovação da Emenda Constitucional 72/2013 pode ter impactado na vida dessas trabalhadoras de maneira positiva. No entanto, segundo a PNAD 2015, 69,6% das trabalhadoras domésticas estavam sem carteira assinada, ou seja, a “PEC das Domésticas” pode ter impactado apenas no primeiro momento.

É importante reconhecer que a frequência da informalidade também depende do contexto econômico, e o Brasil vivenciou uma mudança considerável neste contexto de 2014 para 2015. Os custos com o contrato formal de um empregado doméstico pode ter pesado no orçamento de uma parcela de empregadores, contribuindo para o aumento da informalidade da ocupação nesse período de crise.

No final do ano de 2014 políticas de ajuste econômico foi adotado no país, o que acabou impactando no mercado de trabalho. Ajuste fiscal com cortes de gastos em áreas de investimento e programas sociais e ajuste monetário com a elevação das taxas de juros contribuiu para que houvesse uma recessão na economia do país. Pois, o corte no gasto público acabou reduzindo o nível de atividade na economia impactando na redução da arrecadação de impostos e consequentemente atingindo o desempenho no mercado de trabalho. Esses ajustes elevou a taxa de desemprego principalmente das mulheres, (POCHMANN, 2015).

Portanto, como a crise econômica afetou a indústria e o setor de serviços, a falta de oportunidades no mercado de trabalho formal como um todo fez com que trabalhadoras de outras ocupações ofertassem serviços domésticos, aumentando a representatividade do emprego doméstico no mercado de trabalho feminino bem como da informalidade nessa ocupação (IBGE, 2017).

Diante desse cenário de direitos adquiridos pelas empregadas domésticas e um contexto de crise econômica, o objetivo do trabalho é verificar através da utilização do Modelo de Poisson quais características demográficas e socioeconômicas das mulheres empregadas domésticas estão associadas à prevalência da formalidade no emprego doméstico. A razão de prevalência busca mensurar a relação de um desfecho binário e variável de exposição em estudos de delineamento transversal em um determinado período do tempo, a partir disto

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descobrem-se quais foram as variáveis econômicas, sociais e demográficas que influenciaram as empregadas domésticas estarem ou não formalizadas no ano de 2015. Dado que mais de 90 % do emprego doméstico é ocupado pelas mulheres, este estudo refere-se apenas ao gênero feminino.

METODOLOGIA

No presente trabalho foi utilizado o banco dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Anual) referente ao ano de 2015, sendo utilizada a semana de referência que compreende de 20 a 26 de setembro do ano citado. Foi utilizado um plano amostral considerando apenas as empregadas domésticas que correspondem ao total de 183.681 mil observações, sendo 30,4% empregadas domésticas formais e 69,6% informais.

Para a análise, foi realizada primeiramente a ponderação dos dados através da variável peso do dicionário de pessoas “V4729”, ao expandir a amostra o número de mulheres empregadas domésticas passou a ser de 5,78 milhões. Estimou-se a associação entre a formalização da empregada doméstica segundo variáveis econômicas, sociais e demográficas. Procurando identificar o elenco de fatores independentemente associados ao desfecho de interesse (formalização). As variáveis independentes utilizadas foram: regiões, idade, condição no domicílio, cor e raça, escolaridade, e rendimento mensal recebido.

Os dados foram trabalhados com uso do software R nas versões 2.15.0 e 3.4.3, tanto para análise descritiva como na construção do Modelo de Regressão Poisson. De inicio foram feitas as análises descritivas univariada e bivariadas de todas variáveis. Através da análise bivariada foi feito o Teste Qui-Quadrado, esse tipo de teste é usado para descobrir se existe uma associação entre essas variáveis, a partir do teste encontra-se o p-valor determinado por α = 0,05. Caso o p-valor seja menor do que 0,05 rejeita-se a hipótese nula do teste de significância. Ou seja, a variável explicativa, em questão, é dita estatisticamente significante.

Para a regressão de Poisson, a variável dependente (Y) assume dois valores binários, sendo eles 0 e 1, que foram denominados de “empregada doméstica sem carteira assinada” e “empregada doméstica com carteira assinada”,

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respectivamente, sendo assim a “a formalização da empregada doméstica” o evento de interesse.

Para finalizar, foi feito o modelo de regressão univariado e o modelo de regressão múltipla, com objetivo de analisar suas relações de forma individual e conjunta com a variável resposta. Uma vez ajustado o modelo, fez-se necessário testar a significância, dado a razão de prevalência encontrada, através de um intervalo de confiança.

RESULTADOS

Em relação às características da amostra, através da análise descritiva univariada, como já mencionado as empregadas domésticas formais representavam apenas 30,4% (1.75 milhões de casos) e informais 69,6% (4.02 milhões de casos), entre o nível escolar a maior porcentagem apresentada estavam às empregadas domésticas que tinham entre 10 a 12 anos de estudo representados por 26,5%. As mulheres que mais ocupavam esse tipo de serviço estão nas faixas etárias que compreende entre 14-23 anos com 19,10%, um resultado já esperado já que grande parte das mulheres que ofertam esse tipo de trabalho está nas primeiras faixas etárias, como uma maneira mais fácil de inserir no mercado de trabalho, já que não exige elevada qualificação (MYRRHA et al, 2015).

Segundo as regiões, a região sudeste se destaca na maior quantidade de empregadas domésticas apresentando 42,30%, isso devido ao grande número populacional que está inserido nessa região, em contra partida a região Norte é onde reside a menor parcela das empregadas domésticas brasileiras, apenas 8,2%. Essa distribuição reflete as desigualdades regionais, uma vez que a frequência do emprego doméstico está diretamente ligado ao poder aquisitivo da população, quanto mais rica é a população mais frequentes são os contratos de emprego doméstico.

A maior parte das empregadas domésticas recebe entre 1 a 2 salários mínimos mensais representados por 38,40%, o que leva a dizer que grande maioria dessas mulheres não aceita receber remuneração menor o salário mínimo vigente. Com relação à raça e cor as mulheres que se destacavam em ocupar esta atividade estavam as de cor não branca com 53,6%, reflexo dado através da história dessa

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ocupação no Brasil. Na ocupação dentro do domicilio 54,9% delas eram cônjuges, segundo a literatura, as mulheres que buscam esse tipo de atividade geralmente são donas de casa que vê como uma opção para aumentar a renda da família. A tabela 1 apresenta o percentual das empregadas doméstica segundo as características econômicas, sociais e demográficas separadas por categorias, no Brasil em 2015. Tabela 1 – Percentual das empregadas domésticas segundo as características econômicas, sociais e demográficas, Brasil, 2015.

Variáveis Categorias %

Posição de Ocupação

Empregada Doméstica C/ carteira

assinada 30,40%

Empregada Doméstica S/ carteira

assinada 69,60%

Nível de Escolaridade

Sem instrução e menos de 1 ano 17,60%

1 a 3 anos 10,50% 10 a 12 anos 26,50% 13 anos ou mais 13,00% 4 a 9 anos 32,10% Não Determinados 0,20% Faixa etária 14-23 19,10% 24-33 18,40% 34-43 18,70% 44-53 16,50% 54-63 13,00% 64+ 14,30% Regiões Centro-Oeste 7,50% Nordeste 27,70% Norte 8,20% Sudeste 42,30% Sul 14,20%

Cor e raça Brancas 46,40%

Não Brancas 53,60%

Renda Mensal

Até 1/2 salário 18,50% Mais de 1 até 2 salários 38,40% Mais de 1/2 salário até 1 salário 22,20% Mais de 2 até 3 salários 9,70%

Ocupação no Domicilio

Pessoa de Referência 44,20%

Cônjuge 54,90%

Agregado 0,80%

Empregado Doméstico 0,10%

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Na análise bivariada observou-se que existe associação entre todas as variáveis aplicadas no modelo, pois através do Teste Qui-Quadrado todos os resultados deram p < 0,05 e, portanto, sendo significantes ao modelo. Dessa forma a hipótese nula foi rejeitada, já que ela representa as empregadas domésticas não formalizadas. A tabela 2 apresenta o resultado bivariado e resultado do teste.

Notou-se através da tabela 2 que a maior proporção entre as empregadas formalizadas em 2015 eram aquelas que estavam entre a faixa etária 44-53 anos com 35,81% por se tratar de mulheres com idade mais avançada e, portanto já estarem estabilizadas na profissão como também pelo fato de garantir os seus direitos devido à idade. De acordo com o nível escolar percebe-se que as que estão entre as mais escolarizadas são as que apresentam maior prevalência de estarem formalizadas devido ao aumento do conhecimento dos seus direitos, em 2015 36,83% que estudaram 13 anos ou mais estavam formalizadas.

As empregadas domésticas que residem nas Regiões Sudestes e Sul estão entre aquelas mais formalizadas, por serem duas regiões desenvolvidas na qual as mulheres têm mais acesso às informações e consequentemente aos seus direitos, a prevalência de estarem formalizadas nessas regiões foi de 35,24% e 33,94% respectivamente.

Segundo a cor, a maior prevalência das empregadas domésticas que estavam formalizadas em 2015 foi a de cor branca, apresentando 32,48%, isso devido a condição histórica vivenciado pelas mulheres não brancas no Brasil, que tem sido caracterizadas por vivenciarem condições de trabalho com menores remunerações e consequentemente inseridas no mercado de trabalho informal.

A maior prevalência das empregadas domésticas estarem formalizadas em 2015 segundo o rendimento mensal estavam aquelas que recebiam mais de ½ até 1 salário mínimo representadas por 48,18%, o que pode levar ao pensamento de que esse resultado se direciona às empregadas que recebem um salário mínimo mensal, pois de acordo com a lei que garante os direitos das empregadas domésticas, estas quando formalizadas não recebem pagamento inferior a um salário mínimo. E por último está a condição no domicilio, no qual a prevalência foi maior na categoria empregado doméstico com 58,61%.

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Tabela 2 – Características econômicas, sociais e demográficas das empregadas domésticas formais e informais e Teste Qui-Quadrado, Brasil, 2015.

Escolaridade Formal Informal Valor de

P*

Sem instrução e menos de 1 ano 23,78% 76,22%

= 0,001 De 1 a 3 anos 23,86% 76,14% De 4 a 9 anos 30,59% 69,41% De 10 a 12 anos 33,76% 66,24% 13 anos ou mais 36,83% 63,17% Não determinados 39,79% 60,21% Idade Valor de P* 14-23 11,51% 88,49% < 0,001 24-33 26,72% 73,28% 34-43 34,24% 65,76% 44-53 35,81% 64,19% 54-63 29,30% 70,70% 64+ 21,10% 78,90% Região Valor de P* Centro-Oeste 37,67% 62,33% < 0,001 Nordeste 19,56% 80,44% Norte 19,79% 80,21% Sudeste 35,24% 64,76% Sul 33,94% 66,06% Cor Valor de P* Branca 32,48% 67,52% = 0,001 Não Branca 29,30% 70,70%

Rendimento Mensal Valor de

P*

Até 1/2 salário 0,78% 99,22%

< 0,001 Mais de 1/2 até 1 salário 48,18% 51,82%

Mais de 1 até 2 salários 30,88% 69,12% Mais de 2 até 3 salários 43,57% 56,43%

Condição no Domicilio Valor de

P* Pessoa de Referência 28,89% 71,11% = 0,001 Cônjuge 33,40% 66,60% Agregado 46,75% 53,25% Empregado Doméstico 58,61% 41,39%

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Na fase analítica foi utilizada a Regressão de Poisson para a obtenção das Razões de Prevalência (RP) univariada e múltipla que foram estudadas por intervalo de confiança (IC 95%). A tabela 3 apresenta os resultados obtidos através do modelo univariado e múltiplo, e, portanto sendo possível observar a razão de prevalência (RP) com a possível ocorrência da empregada doméstica está ou não formalizada no ano de 2015. A tabela também informa quais são as variáveis independentes de referência das empregadas domésticas que tem a menor prevalência de estarem formalizadas.

O modelo univariado tem por objetivo verificar a relação individual das variáveis independentes com a ocorrência do sucesso da variável resposta. De inicio foi escolhido as variáveis independentes de referencia das empregadas, no qual são consideradas aquelas com a menor prevalência de estarem formalizadas.

De acordo com o modelo univariado, comparando com as categorias de referência, quase todas elas apresentaram significância para que as empregadas domésticas estivessem formalizadas em 2015, com exceção daquelas que tinham de 1 a 3 anos de escolaridade e as empregadas domésticas da Região Norte. A categoria com 13 anos ou mais de estudos impactou de forma positiva 55%, indicando o que já foi mencionado no presente estudo de que quanto maior a escolaridade maior a prevalência da formalização.

Segundo a faixa etária a prevalência entre 44-53 anos é 3,11 vezes maior entre as empregadas domésticas formalizada, esta faixa de idade estão as mulheres mais velhas e consequentemente possuem conhecimento dos seus direitos, embora muitas ainda aceitem trabalhar sem garantias devido as condições sociais que estão inseridas. Por regiões o Centro-Oeste e o Sudeste apresentaram ser significantes ao modelo, impactando de forma positiva em 93% e 80%, respectivamente das mulheres estarem formalizadas em 2015 comparados à categoria de referência Região Nordeste.

A categoria branca apresentou ser significativa ao modelo e impactou de forma positiva em 11% das empregadas que estavam formalizadas em 2015. Em relação ao salário mensal a maior prevalência estava as que recebiam mais de um até dois salários mínimos, sendo 61,67 vezes maior entre as empregadas domésticas formalizada, tendo por referencia as empregadas que tinham como renda mensal de meio salario mínimo. Por último na variável condição no domicílio a

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categoria empregada doméstica foi de 2,03 vezes maiores a prevalência das que estavam formalizadas em 2015.

Tabela 3 - Razões de prevalência univariado e múltiplo, com respectivos intervalos de confiança de 95%, conforme variáveis explicativas das empregadas domésticas, Brasil, 2015.

Variáveis Explicativas Categorias Modelo Univariado Modelo Múltiplo

RP I.C. de 95% RP I.C. de 95%

Nível de Escolaridade (Ref. Sem instrução e

menos de 1 ano) De 1 a 3 anos 1,00 [0,84-1,20] 1,01 [0,87-1,19] De 4 a 9 anos 1,29 [1,11-1,49]* 1,14 [1,00-1,29] De 10 a 12 anos 1,42 [1,22-1,65]* 1,17 [1,03-1,34]* 13 anos ou mais 1,55 [1,25-1,91]* 1,07 [0,83-1,37] Não determinados 1,67 [1,12-2,50]* 1,55 [1,14-2,11]* Faixa Etária (Ref. 14-34 anos) 24-33 2,32 [1,87-2,89]* 1,19 [0,92-1,52] 34-43 2,98 [2,41-3,67]* 1,35 [1,07-1,69]* 44-53 3,11 [2,50-3,87]* 1,36 [1,07-1,74]* 54-63 2,55 [2,04-3,18]* 1,14 [0,88-1,47] 64+ 1,83 [1,35-2,50]* 0,77 [0,55-1,08] Regiões (Ref. Nordeste) Norte 1,01 [0,76-1,35] 0,85 [0,71-1,00] Sudeste 1,80 [1,45-2,23]* 1,10 [0,97-1,25] Sul 1,73 [1,39-2,17]* 1,13 [0,97-1,30] Centro-Oeste 1,93 [1,53-2,42]* 1,25 [1,10-1,42]* Cor e Raça

(Ref. Não Branca) Branca 1,11 [1,03-1,19]* 0,96 [0,89-1,02]

Renda Mensal (Ref. Até 1/2 salário)

Mais de 1/2 salário até 1 salário 39,52 [23,92- 65,30]* 33,90 [19,36-59,36]* Mais de 1 até 2 salários 61,67 [37,43-101,59]* 50,72 [28,98-88,78]* Mais de 2 até 3 salários 55,78 [33,10-93,97]* 44,34 [24,83-79,18]* Condição no domicilio (Ref. Pessoa de referência) Cônjuge 1,16 [1,05-1,27]* 1,11 [1,03-1,20]* Agregado 1,62 [1,21-2,17]* 1,59 [1,20-2,09]* Empregado Doméstico 2,03 [1,67-2,46]* 1,98 [1,65-2,37]*

Ref.: Indicativa da categoria de referência para a análise da razão de prevalência da variável. *Significante à nível de 0,05.

Fonte: Microdados PNAD Anual, 2015.

Na construção do modelo múltiplo também apresentou todas as variáveis explicativas com o objetivo de verificar se, em havendo relação com uma variável

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explicativa, esta permaneceria com a presença das demais variáveis explicativas no modelo, neste modelo poucas foram às categorias que apresentaram ser significantes. As variáveis que apresentou significância em todas as categorias foram apenas a de renda mensal e na condição no domicilio, assim como observado no modelo univariado.

No modelo múltiplo foi observado que a maior prevalência das empregadas domésticas que estavam formalizadas no ano de 2015 foi quase as mesmas apresentadas no modelo univariado, com exceção da categoria de 10 a 12 anos de estudos que apresentou ser significante e impactou de forma positiva em 17% das mulheres que estavam formalizadas em 2015.

DISCUSSÃO

O emprego doméstico é uma ocupação que ainda assume uma posição de precarização no mercado de trabalho em todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento, além disso, essa atividade esta fortemente ligada ao sexo feminino que por sua vez desde sempre tem sofrido preconceitos dentro do mercado de trabalho, o que leva grande parte dessas mulheres a aceitar baixos salários e assumir a condição de informalidade.

Porém, no Brasil ocorreram muitas mudanças com relação aos direitos adquiridos pelas empregadas domésticas, visto que foi algo conquistado gradativamente por estas trabalhadoras tendo seus primeiros direitos adquiridos através da lei nº 5.859 de 11 de setembro de 1972.

Logo após a aprovação da “PEC das Domésticas” em 2013, muitas empregadas passaram a viver formalmente, no entanto, os dados apresentados para o ano de 2015 o número de empregadas domésticas que estavam formalizadas eram de apenas 30,4%, por isso o objetivo do trabalho foi verificar através da utilização do Modelo de Poisson quais características demográficas e socioeconômicas das mulheres empregadas domésticas estavam associadas à prevalência da formalidade no emprego doméstico no ano de 2015.

No presente estudo foi observado que a formalização das empregadas domésticas em 2015 esteve associada a todas as variáveis demográficas e socioeconômicas analisadas através do modelo de Regressão de Poisson. As

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mulheres com maior escolaridade, idade mais avançada, as que habitam em regiões mais desenvolvidas, as de cor branca e as que recebem acima de um salario representam aquelas que estavam formalizadas em 2015. Esse resultado pode estar associado ao nível de conhecimento que essas mulheres tem tido em relação aos seus direitos, embora a porcentagem das empregadas domésticas formalizadas em 2015 tenha sido de apenas 30,4%.Percebe-se que mesmo diante dos novos direitos e regulamentações a formalidade ainda é pouco vivenciada pelas empregadas domésticas e que a informalidade persiste no emprego doméstico, no qual muitas mulheres veem nessa ocupação uma opção para o aumento da renda familiar.

Devido a crise econômica que se instaurou no Brasil dado através das políticas de ajuste econômico, houve um crescimento no desemprego e muitas mulheres empregadas em outros setores tiveram que migrar para o serviço doméstico, no qual grande parte aceitam a condição de viver informalmente. Vale salientar que a informalidade não apenas exclui o individuo de receber os seus benefícios, como também prejudica na arrecadação da Previdência Social, caso este não esteja contribuindo.

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Referências

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