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Solvência na saúde suplementar: comparativo por modalidades, portes e regiões brasileiras

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SOLVÊNCIA NA SAÚDE SUPLEMENTAR: COMPARATIVO POR MODALIDADES, PORTES E REGIÕES BRASILEIRAS

RESUMO

Durante a última década, foi possível observar uma grande quantidade de operadoras de saúde entrando em estado de insolvência, sendo incapaz de honrar seus compromissos com devedores e beneficiários. Em busca de soluções, cada vez mais trabalhos tratam da questão de falência dessas operadoras, tanto em análises de dados como buscando realizar previsões de seus fundos de reserva na tentativa de compreender suas principais causas, efeitos e formas de serem evitadas. O objetivo deste trabalho é compreender o cenário nacional de solvência destas operadoras durantes os anos de 2012 a 2016, buscando saber em que situação elas se apresentam e o quanto de suas receitas são investidas em suas despesas. Não obstante, o presente trabalho trata de realizar essas análises considerando a modalidade, o porte e a região destas operadoras, na tentativa de reunir características e diminuir variabilidades. Os resultados demonstram que as operadoras se encontraram em estado de solvência durante os anos de estudo, mas que as receitas quase não são capazes de cobrir todas as despesas anuais, indicando baixa lucratividade e grande uso de suas reservas de risco.

Palavras-chave: Saúde suplementar. Operadoras de saúde. Risco de insolvência. Falência de operadoras de saúde. OPS.

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1. INTRODUÇÃO 1.1 PROBLEMÁTICA

Pouco se sabe sobre o crescimento do mercado de saúde suplementar no Brasil até o ano 2000 (ALBUQUERQUE et. al., 2008). Segundo Carvalho e Cecílio (2007), as maiores informações referem-se ao seu surgimento no início da década de 1930, com a implantação de assistência médica como forma de benefício para os trabalhadores e, posteriormente, a criação das Caixas de Assistência e os Institutos de Aposentadoria e Pensões (MATA, 2011).

No entanto, baseando-se na Constituição Federal de 1988, o atual sistema de saúde brasileiro divide-se em duas vertentes, a pública, a qual caracteriza-se pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e a privada, a qual engloba todo o mercado de saúde suplementar (PIETROBON; PRADO; CAETANO, 2008). Entretanto, de acordo com as ideias de Acioli (2006), apesar da grande assistência médica, o sistema público não atende uma demanda completa e integral de serviços prestados.

Assim, segundo Malta et. al. (2004, p. 434) com os “baixos investimentos em saúde e consequente queda da qualidade dos serviços, ocorreu uma progressiva migração dos setores médios para os planos e seguros privados”, principalmente no final da década de 1980 e meados da década de 1990 (SANTOS; MALTA; MERHY, 2008). Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1998, estima-se que 38,7 milhões de brasileiros eram beneficiários em um plano de saúde, o que representava quase 25% da população (IBGE, 2000).

Entretanto, “por tratar-se de um segmento não normatizado até 1998, e não regulado no âmbito da saúde até a Lei no 9.656/98, as operadoras de planos privados atuavam no atendimento aos beneficiários a partir de critérios próprios do mercado” (ALBUEQUERQUE et. al., 2008, p. 1422). Por isso, na tentativa de defender os consumidores dos altos preços dos planos de saúde, foram implantas as Lei no 9.656/98 e Lei no 9.661/00 (BRASIL, 1998; 2000a).

Consideradas o marco inicial regulatório da saúde suplementar no Brasil (MALTA et. al., 2004), as leis supracitadas foram escritas para indicar as primeiras regras de regulação para funcionamento das operadoras de saúde (BRASIL, 1998) e

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para criar o órgão que fiscaliza o funcionamento dessa regulamentação, chamado Agência Nacional de Saúde Suplementar, ANS (BRASIL, 2000a).

Conforme dados da ANS (2017), Guimarães e Alves (2009) e Dias Filho (2010), desde a implantação da legislação vigente, ocorre um número crescente de operadoras de planos de saúde (OPS) entrando em estado de falência. Em consonância, é possível perceber uma diminuição na quantidade de operadoras no país, uma vez que em dezembro de 2001 existiam 1992 operadoras contra apenas 959 OPS em junho de 2016 (SÁ; MACIEL JUNIOR; REINALDO, 2017).

Em contrapartida, com a defasagem do sistema de saúde pública no Brasil (MACÊDO et. al., 2007) o mercado de saúde suplementar ainda tem aumentado fortemente seu número de beneficiários ao longo dos anos e de acordo com Barros (2014; 2016) a quantidade de beneficiários cresceu mais de 40% desde 2002 até 2012.

Esse grande número de beneficiários faz influência sobre o valor de custos e despesas das operadoras de saúde, uma vez que existe o “potencial perigo de ocorrer uma reação adversa à saúde dos beneficiários” (SÁ, 2012, p. 2), ou seja, as despesas acontecem no momento em que a saúde dos beneficiários é afetada. Porém, de acordo com Macêdo et. al. (2007, p. 1), esses custos não se limitam a entrada de novos beneficiários, como também são influenciados “pela entrada de novas tecnologias de alto custo nesse mercado, pelo envelhecimento da população brasileira que com isso aumenta a utilização dos planos e pela mudança de cultura da população que está mais preocupada em cuidar da saúde”.

No que tange a literatura internacional, estudos indicam ainda que a mortalidade das operadoras de saúde é causada por diversas variáveis, tais como a exposição dos médicos aos custos e a dependência do médico em relação a OPS (HILLMAN; PAULY; KERSTEIN, 1989 apud GUIMARÃES; ALVES, 2009), falta de capital inicial e patrimônio, falta de controle na utilização de serviços, preços inadequados, insuficiência de capital permanente e lucro e estimativas erradas de sinistros (STONE; HEFFERNAN, 1989 apud GUIMARÃES; ALVES, 2009), incapacidade de administração das OPS e competição por melhores preços para participação no mercado (AHERN, 1991 apud GUIMARÃES; ALVES, 2009), entre outros.

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Por outro lado, a literatura brasileira destaca que:

Dentre os diversos fatores, sobressaem-se a transição demográfica, transição epidemiológica, novas tecnologias, seleção adversa, risco moral, reajuste do valor pago pela assistência à saúde, controle de reajustes das mensalidades, judicialização da saúde e o amplo arcabouço legal e regulatório que impõe às operadoras várias obrigações e limitam a adoção de diversas estratégias (SÁ; MACIEL JUNIOR; REINALDO, 2017, p. 90).

Apesar da importância e influência dos fatores apresentados, torna-se inviável a utilização de todas para a determinação da mortalidade das empresas, principalmente os ligados a assimetria de informação, uma vez que não apresentam respostas diretas para os problemas identificados nas OPS (ANDRADE; PORTO JÚNIOR, 2004).

No entanto, de forma geral, pode-se definir a mortalidade de operadoras de saúde como o momento que elas entram em estado de insolvência, ou seja, quando se tornam incapazes de arcar com compromissos financeiros (ALMEIDA; SANT’ANNA, 2010) ou quando o valor de seu patrimônio líquido for inferior ou igual a zero (GUIMARÃES; ALVES, 2009). Por este motivo, os trabalhos da literatura nacional, comumente utilizam-se de variáveis que servem como indicadores contábeis e financeiros para determinação da mortalidade dessas empresas (SÁ; MACIEL JUNIOR; REINALDO, 2017).

Os fatos que levaram a escolha deste tema foram os grandes números de falência destas empresas ao longo dos últimos anos e a escassez de estudos para identificar tanto as principais causas, como as possibilidades de cenários para as operadoras de saúde ainda em atividade nos próximos anos. Desta forma, o presente trabalho busca analisar a situação que estas operadoras têm se encontrado nos últimos cinco anos, com dados disponibilizados no sítio na ANS de 2012 a 2016.

1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral

Estimar os resultados financeiros das operadoras de saúde brasileiras e compará-los por modalidade, porte e região nos anos de 2012 a 2016.

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2. DADOS E MÉTODOS 2.1. DADOS

O presente trabalho é de natureza quantitativa descritiva, adotando-se como fonte de dados as informações financeiras das operadoras de planos de saúde (OPS), disponibilizadas no sítio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os anos de 2012 a 2016. A população de estudo é composta por operadoras de planos privados de saúde, com beneficiários cadastrados no Sistema de Informações de Beneficiário (SIB).

2.2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS

A partir do banco de dados com informações financeiras das OPS, foram utilizadas as seguintes variáveis para a análise do resultado financeiro líquido:

a) Receitas de contraprestações; b) Outras receitas operacionais; c) Despesas assistenciais; d) Despesas administrativas; e) Despesas de comercialização; f) Outras despesas operacionais;

g) Resultado financeiro líquido: Indicador elaborado a partir da diferença entre o somatório de todas as receitas e o somatório de todas as despesas. Uma vez que os dados sobre o Fundo inicial ou reserva de risco (μ) das OPS não se encontram disponíveis no sitio da ANS, esta variável foi utilizada como principal indicador de insolvência financeira;

h) Modalidade das OPS: As modalidades são: autogestão, cooperativa médica, filantropia e medicina de grupo;

i) Porte das OPS: O porte relaciona-se a quantidade de beneficiários que as operadoras apresentam, conforme definição da ANS (2017), com a seguinte classificação:

1) Pequeno porte: número de beneficiários inferior a 20 mil; 2) Médio porte: número de beneficiários entre 20 mil e 100 mil;

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3) Grande porte: número de beneficiários acima de 100 mil. j) Regiões: norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul.

2.3. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Analisou-se descritivamente as variáveis por meio de frequência absoluta (N) e percentual (%) para as variáveis qualitativas e por valores médios e de variabilidade para variáveis quantitativas. Construiu-se gráficos boxplot para apresentação dos resultados. Para análise dos dados foi utilizado o software R (R Development Core Team).

A seguir, os resultados financeiros são apresentados na forma de gráficos. Os gráficos criados para as análises deste trabalho apresentam o formato boxplot, pois os dados em estudo apresentaram grande variabilidade. Desta forma, o gráfico não apresenta apenas os resultados, como sua variabilidade e concentração. De acordo com a Reis e Reis (2002) os gráficos boxplot podem ser definidos de acordo com a explicação dos parágrafos abaixo.

Para a construção do boxplot são utilizados alguns percentis dos resultados, como mediana, primeiro e terceiro quartis. O gráfico possui o formato de uma caixa separada por uma linha. O fundo da caixa representa o primeiro quartil, a linha do meio a mediana e o topo da caixa representa o terceiro quartil. É importante frisar que a mediana não precisa, necessariamente estar no meio da caixa, sua posição depende da variabilidade dos dados.

Pela distância entre primeiro e terceiro quartis, pode-se compreender que a caixa compreende 50% dos dados, para a análise dos outros 50%, esses dados são representados por uma linha até 25% abaixo da caixa e até 25% acima da caixa. Os dados que apresentam maior dispersão e não se concentram na descrição acima, são definidos como outliers e interferem com mais força nos valores de variabilidade dos dados.

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3. RESULTADOS

Inicialmente foram levantadas as informações de 436 operadoras de planos de saúde. Conforme os dados da Tabela 1, 63,1% eram da modalidade cooperativa médica e 29,1% medicina de grupo. Em relação ao porte, eram majoritariamente de pequeno (46,8%) e médio porte (39,9%) e estavam concentradas principalmente nas regiões sudestes (58,0%) e sul (20,4%).

Tabela 1 – Distribuição das operadoras de planos de saúde, segundo a modalidade, porte e região, 2012 a 2016. Característica Categorias N % Modalidade Cooperativa Médica 275 63,1 Medicina de Grupo 127 29,1 Filantropia 27 6,2 Autogestão 7 1,6 Porte Pequeno 204 46,8 Médio 174 39,9 Grande 58 13,3 Região Norte 14 3,2 Nordeste 48 11,0 Centro-Oeste 32 7,4 Sudeste 253 58,0 Sul 89 20,4 Total 436 100,0

Como pode ser visto na tabela acima, existe uma pequena quantidade de OPS para as modalidades de autogestão e filantropia, sendo pouco representativas no quesito modalidade. Neste sentido, com intuito de evitar o efeito de flutuações aleatórias nas análises realizadas, optou-se por não incluir essas duas modalidades nas análises que se seguem.

Considerando-se apenas as OPS nas modalidades cooperativa médica e medicina de grupo podemos ter uma melhor visão dos dados trabalhados. De acordo

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com a Tabela 2, pode-se visualizar para as cooperativas médicas uma maior quantidade de dados distribuídos em as operadoras de pequeno (44,4%) e médio (42,9%) portes, como também em operadoras das regiões sudeste (53%) e sul (20,8%). Já para as operadoras medicina de grupo, é possível ver que a maior quantidade de dados também se concentra em operadoras de pequeno (48%) e médio (35,4%) portes, como também em operadoras das regiões sudeste (65,4%) e sul (22,1%).

Tabela 2 – Caracterização das operadoras de planos de saúde nas modalidades cooperativa médica e medicina de grupo, segundo porte e região, 2012 a 2016.

Características Categorias

Modalidade

Cooperativa Médica Medicina de Grupo

N % N % Porte Pequeno 122 66,7 61 33,3 Médio 118 72,4 45 27,6 Grande 35 62,5 21 37,5 Região Norte 12 85,7 2 14,3 Nordeste 36 80,0 9 20,0 Centro-Oeste 24 82,8 5 17,2 Sudeste 146 63,8 83 36,2 Sul 57 67,1 28 32,9 Total 275 68,4 127 31,6

A seguir, os resultados financeiros líquidos são apresentados em seis gráficos a seguir. Os três primeiros são referentes as análises de operadoras de cooperativas médicas por porte e região, depois os três últimos são referentes as análises de operadoras de medicina de grupo.

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Gráfico 1 – Dispersão dos resultados financeiros das operadoras cooperativas médicas de pequeno porte para todas as regiões, 2012 a 2016.

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O gráfico 1 mostra as dispersões dos resultados financeiros das operadoras de saúde de modalidade cooperativa médica de pequeno porte para os anos de 2012 a 2016 em todas as regiões brasileiras. Pode-se perceber que em todas as regiões existe uma assimetria de dados, os quais podem indicar situações onde a maioria das operadoras apresenta resultado financeiro acima da média, ou mais próximos do déficit.

De acordo com o apresentado acima, pode-se inferir que a mediana dos resultados financeiros se apresenta positivo em todas as regiões, no entanto ainda existem algumas situações onde as operadoras encontram-se em déficit financeiro.

Ainda é possível enxergar que de todas as operadoras, as regiões Sudeste e Sul são as que apresentam valores inferiores mais próximos que a mediana, seguidas pela região Norte. Já comparando as figuras ano a ano, percebe-se uma maior distanciação dos valores inferiores em relação à mediana nos anos de 2015 e 2016.

A região Sudeste é aquela que apresenta maior variabilidade de dados, com diversos outliers, no entanto podemos ver que é um outliers em especial da região Sul, no ano de 2013, o que causa maior variabilidade nos dados das operadoras.

O gráfico 2 abaixo mostra as dispersões dos resultados financeiros das operadoras de saúde de modalidade cooperativa médica de médio porte por região para os anos de 2012 a 2016.

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Gráfico 2 – Dispersão dos resultados financeiros das operadoras cooperativas médicas de médio porte para todas as regiões, 2012 a 2016.

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Pode-se perceber, a partir das informações do gráfico 2, uma maior variabilidade de dados para quase todas as regiões com a presença de vários outliers, os quais demonstram uma grande variabilidade dos dados, a qual pode ser explicada pela quantidade de beneficiários destas operadoras. As operadoras de médio porte englobam um número entre 20 mil e 100 mil beneficiários, um intervalo bem maior que o apresentado anteriormente para as operadoras de pequeno porte.

Assim, o resultado financeiro apresentado por operadoras com 20 mil beneficiários é extremamente inferior ao valor do resultado financeiro apresentado por operadora com 100 mil beneficiários.

Ainda é possível visualizar a presença de resultados de operadoras que apresentam valores negativos, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste.

O gráfico 3 abaixo mostra as dispersões dos resultados financeiros das operadoras de saúde de modalidade cooperativa médica de grande porte por região para os anos de 2012 a 2016.

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Gráfico 3 – Dispersão dos resultados financeiros das operadoras cooperativas médicas de grande porte para todas as regiões, 2012 a 2016.

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De acordo com as informações apresentadas no gráfico 3, é possível notar uma maior concentração de dados em algumas regiões, Norte, Nordeste e Centro-Oeste, enquanto outras apresentam uma grande variabilidade de dados, Sudeste e Sul.

Enquanto as regiões com menor variabilidade de dados apresentam operadoras de grande porte com número de beneficiários mais concentrados, aquelas com maior variabilidade apresentam maiores dispersões na quantidade de contratantes de seus serviços.

Por último, em quase todas as regiões é possível notar operadoras de saúde apresentando resultados financeiros negativos.

A partir de agora, os gráficos e análises apresentadas se referem as operadoras de medicinas de grupo por porte e região.

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Gráfico 4 – Dispersão dos resultados financeiros das operadoras medicina de grupo de pequeno porte para todas as regiões, 2012 a 2016.

O gráfico 4 mostra as dispersões dos resultados financeiros das operadoras de saúde de modalidade medicina de grupo de pequeno porte para os anos de 2012 a 2016. Pode-se perceber uma grande presença de outliers e variabilidade de dados nas regiões Sudeste e Sul.

Também é possível notar a presença vários de resultados financeiros deficitários em todas as regiões. É interessante notar que este fenômeno ocorre em quase todos os anos nas regiões apresentadas.

Por último, não existiam dados suficientes para apresentar a distribuição da região Norte e por isso a mesma não apresenta gráfico.

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O gráfico 5 abaixo mostra as dispersões dos resultados financeiros das operadoras de saúde de modalidade medicina de grupo de médio porte por região para os anos de 2012 a 2016.

Gráfico 5 – Dispersão dos resultados financeiros das operadoras medicina de grupo de médio porte para todas as regiões, 2012 a 2016.

Pode-se notar, a partir das informações do gráfico 5, uma grande variabilidade de dados em todas as regiões, principalmente na região Sudeste. Essa variabilidade, muitas vezes, não interfere diretamente no valor da mediana. Ou seja, mesmo quando as operadoras apresentam valores superavitários, a mediana encontra-se bem abaixo desses valores, indicando que existe uma grande concentração de operadoras com resultados financeiros bem mais baixos e podendo ser várias vezes negativo.

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Quanto às regiões Norte e Centro-Oeste, as mesmas não apresentaram dados para cálculo do resultado financeiro.

O gráfico 6 abaixo mostra as dispersões dos resultados financeiros das operadoras de saúde de modalidade medicina de grupo de grande porte por região para os anos de 2012 a 2016. Não se tiveram dados de operadoras em todas as regiões.

Gráfico 6 – Dispersão dos resultados financeiros das operadoras medicina de grupo de grande porte para todas as regiões, 2012 a 2016.

Por fim, pode-se ver que as operadoras de medicina de grupo de grande porte apresentaram grande variabilidade de dados na região Sudeste, enquanto menor variabilidade na região Sul. Também pode-se perceber que, em alguns anos, a região Sul apresentou vários resultados financeiros deficitários, mas que no ano de 2016, todos se tornaram superavitários.

Por outro lado, é possível ver que a região Sudeste apresentou resultados que puxaram a mediana dos resultados para baixo, porém outros bem positivos. Provavelmente a maioria dos resultados encontrem-se mais próximos ou abaixo do valor nulo.

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Por último, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste não apresentaram dados para a formulação do resultado financeiro, não aparecendo, portanto, no Gráfico acima.

5. DISCUSSÃO

Conclui-se que existem indícios para acreditar que a grande maioria das operadoras tem apresentado solvência ao longo dos últimos cinco anos e as mesmas tem apresentado baixos lucros ao comprometer grande parte de suas receitas para o pagamento de dívidas.

Percebe-se que as regiões com mais possibilidades de se fazer análises para compreender as situações das operadoras de saúde são as Sudeste, Sul e Nordeste, respectivamente, como também as operadoras de modalidade de cooperativa médica apresentam dados sobre as suas receitas e despesas.

Pode-se notar ainda que a grande maioria dos gráficos apresenta medianas mais próximas aos valores dos resultados financeiros inferiores, o que pode indicar um grande número de operadoras apresentando baixos lucros anuais ou ainda nenhum lucro (déficit).

Outro ponto importante de ser notado é que, como a análise deste trabalho se limita ao cálculo dos resultados financeiros apenas com os valores de receitas e despesas e estes resultados tem se apresentados bastante próximos de zero, as operadoras podem estar utilizando frequentemente da reserva de risco a fim de saldar suas dívidas. Desta forma, uma hipótese do que pode estar acontecendo são as ocorrências de mais saídas de dinheiro da reserva de risco do que entrada. Assim, esta prática pode levar as operadoras a uma situação de insolvência no futuro.

Portanto, ainda aparecem como sugestões para continuação deste trabalho a determinação dos excedentes das operadoras com a presença de reservas de risco e análise destes excedentes a longo prazo, buscando identificar a situação de solvência nos próximos anos das operadoras.

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