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Distribuição Espacial dos Fatores Socioambientais do Estado do Rio Grande do Norte: o que melhorou entre 1991 e 2000

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Distribuição Espacial dos Fatores Socioambientais do Estado do Rio

Grande do Norte: o que melhorou entre 1991 e 2000

*1

Paulo César Formiga Ramos UFRN/CCET/Depto. de Estatística/GED Maria Célia de Carvalho Formiga UFRN/CCET/Depto. de Estatística/GED

Iane Metzker Barboza UFRN/CCET/Depto. de Estatística/GED

Maria Aldilene Dantas UFRN/CCET/Depto. de Estatística/GED Sanara Cély Alves dos Santos Silva

UFRN/CCET/Depto. de Estatística/GED

Palavras chaves: Fatores socioambientais, distribuição espacial, fatores sociossanitários, saneamento básico.

INTRODUÇÃO

Apesar das visíveis melhorias ocorridas nos indicadores sanitários brasileiros nas últimas décadas, eles ainda apresentam grandes deficiências de cobertura em quase todo território nacional, estando longe de serem considerados satisfatórios. A Revista Rumos, em Fevereiro/2002, apresentou extensa reportagem de capa sobre a dramática condição do saneamento básico no Brasil, discutindo o “imbróglio institucional” que impede a aprovação de legislação que determine as diretrizes básicas para o setor. Enquanto isso “Menos da metade dos brasileiros têm suas casas ligadas a redes gerais

de esgoto. Perto de 16 milhões de pessoas sequer possuem banheiro ou sanitário; 42 milhões se utilizam de fossas rudimentares; e mais de 10,5 milhões lançam seus esgotos em valas, rios, lagos, no mar ou em seu próprio quintal” (Rumos – Fevereiro/2002).

Esses já são dados revelados pelo Censo 2000, recentemente divulgados pelo IBGE, diante dos quais constatam-se problemas ainda mais graves, como o fato de apenas

* Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado

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metade do esgoto coletado receber tratamento antes de retornar à natureza, o que gera conseqüências gravíssimas para o meio ambiente. Na verdade, esse é tido hoje como o maior problema ambiental urbano do país com conseqüências de caráter mundial, uma vez que a poluição leva à redução de água para consumo humano.

A preocupação com este problema é claramente percebida na afirmação do coordenador do Programa de Modernização do Setor de Saneamento da Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República (Sedu/PR), Marcos Thadeu Abicalil: “O problema ambiental é grave. São lançados, diariamente, 11

milhões de metros cúbicos de esgoto sem tratamento nos rios e no mar. Esse número exclui o que passa por fossas sépticas. Nas cidades, 8,5 milhões de famílias não têm nem mesmo fossas sépticas, ou seja, sequer afastam o esgoto de sua casa” (Rumos –

Fevereiro/2002, p. 26). Apesar do reconhecimento do problema em nível central, continua a inexistir uma política clara de saneamento para o País, por diversas razões que não cabe aqui serem discutidas, perpetuando-se esse grave problema de saúde pública, de repercussões ambientais e econômicas, prejudicando atividades como exportações e turismo.

Por outro lado, a associação entre o aparecimento de doenças e aspectos do ambiente, remonta a antigüidade, tendo sido objeto de preocupação dos povos egípcios e romanos. Segundo Câmara (2002) o estudo clássico de John Snow que associou a mortalidade por cólera em Londres à fonte abastecedora de água, ainda é referência obrigatória em qualquer texto de epidemiologia. Como bem coloca o autor: “Nos

últimos anos, o desenvolvimento do conhecimento científico, aliado a uma maior consciência das pessoas sobre a influência da qualidade ambiental na saúde, tem destacado o ambiente como um dos elementos mais importantes para o nível de saúde das populações (Câmara, 2002, p.371).

Diversos estudos nas áreas de Epidemiologia, Saúde Coletiva, Demografia e Saúde Pública, têm mostrado a relação entre a falta de saneamento e a incidência de várias doenças, bem como sua influência na redução da sobrevivência da criança. Para muitos desses estudos os Censos Demográficos e as Pesquisas Especiais realizadas pelo IBGE,

1Este trabalho é parte dos resultados de Projeto de Pesquisa desenvolvido pelo Grupo de Estudos Demográficos do qual fazem parte, além dos autores citados os pesquisadores Flávio Henrique M. de A. Freire, Francisco de Assis Medeiros da Silva da Base de Pesquisa Grupo de Estudos Demográficos-GED/DEST/CCET/UFRN

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têm se constituído em valiosas fontes de informações. Simões (1979) e Vetter e Simões (1981), utilizando dados do censo de 1970, mostraram a relação entre mortalidade e acesso à infra-estrutura de saneamento básico em algumas regiões metropolitanas do País. Em estudos posteriores, Simões e Oliveira (1984) e Simões (1997), mostram também essa relação, com respeito à mortalidade infantil, sendo o primeiro centrado na região Nordeste e o segundo, fazendo um comparativo entre as regiões Nordeste e Sudeste.

A relação entre renda e saneamento básico também tem sido freqüentemente investigada, mostrando como o problema naturalmente se agrava entre os grupos de mais baixa renda (Vetter e Simões, 1981; Wood e Carvalho, 1994, Tavares e Monteiro, 1994; IBGE, 2000).

Na maioria desses estudos comparam-se as condições entre as distintas regiões brasileiras, sendo a Norte e a Nordeste as que sempre retratam os mais perversos indicadores, reflexo imediato das grandes desigualdades sociais existentes no Brasil, decorrentes de seu modelo de desenvolvimento econômico.

Após a Segunda Guerra, a avaliação do desenvolvimento dos países se pautava em indicadores que aferissem a performance do crescimento econômico. Em muitos países, sobretudo naqueles em desenvolvimento, enquanto se promovia o crescimento econômico, promovia-se também a acumulação da riqueza sem que ocorresse a distribuição simultânea dos benefícios sociais para a melhoria da qualidade de vida da população, ocorrendo o aprofundamento das desigualdades sociais agravadas pelo processo continuado de concentração de renda. Este é o quadro típico do desenvolvimento brasileiro, claramente revelado pelas profundas desigualdades regionais. Nos países onde o desenvolvimento se deu dessa forma, verificou-se, como grave conseqüência, a expansão e agravamento da pobreza, traduzida em todos os fatores sociais, econômicos e ambientais da população, os quais são extremamente interrelacionados.

Em trabalho realizado por Formiga et al. (2000), utilizando informações do Censo de 1991, é mostrada a existência de claras evidências da associação entre a mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias em crianças menores de 5 anos de idade e a

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existência de inadequadas condições de instalações sanitárias, abastecimento de água, coleta de lixo e alfabetização nas Mesorregiões do Rio Grande do Norte.

Diante da importância que se reveste a questão do saneamento para a saúde da população, este trabalho, aproveitando a divulgação dos dados do Censo 2000 pelo IBGE, procura revelar um perfil da situação sociossanitária do Estado, por distintos níveis de desagregação espacial, cobrindo informações de suas Microrregiões e Municípios, propiciando, inclusive, a detecção das melhorias que tenham ocorrido em relação ao Censo de 1991, nesses importantes componentes do conjunto de bens e serviços coletivos da população.

Os fatores sociambientais como saneamento básico (abastecimento de água e instalações sanitárias), lixo, educação da população e renda familiar, estão diretamente associados com as condições de saúde da população, sendo de grande importância o estudo da situação desses fatores, na medida em que podem retratar uma parcela destas condições. Por outro lado, este estudo pode trazer contribuições para as priorizações de investimento no setor, no âmbito das Microrregiões e Municípios do Estado.

Estudo sobre crianças e adolescentes no Rio Grande do Norte, publicado pelo UNICEF (1993), ao abordar as condições de saneamento domiciliar em que vivem as crianças no Estado, constatam que, mesmo nas áreas urbanas, 66,7 % das crianças menores de 1 ano moravam em domicílios com condições inadequadas de saneamento, chegando a 98,2 % os domicílios nessas condições para as crianças da área rural (PNAD, 1990). Em 1990, apenas 60% dos domicílios do Estado eram ligados à rede geral de água. Os resultados desses indicadores colocam em evidência as difíceis condições de vida a que se encontrava submetida uma considerável parcela de crianças no Rio Grande do Norte, particularmente as das áreas rurais que, sem contar com as condições mínimas de salubridade, encontravam-se totalmente expostas às doenças dela decorrentes, principalmente as infecciosas e parasitárias. O estudo conclui que o baixo poder aquisitivo, o baixo nível educacional e as más condições de moradia e saneamento são, seguramente, os principais determinantes do padrão de morbidade de crianças no Estado, deixando claro que não é lícito esperar que os problemas dessas crianças sejam solucionados sem que ocorram mudanças substanciais no quadro socioeconômico do Estado.

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Formiga et al. (2000), corroboram os resultados anteriores e mostram, com base no Censo de 1991, que as condições de saneamento básico no Estado apresentavam-se altamente insatisfatórias, pois na área urbana 35,9% dos domicílios possuíam um inadequado2 abastecimento de água, chegando a 92,9% na área rural. A situação das instalações sanitárias eram ainda piores, chegando a 50,9 % de domicílios com inadequadas instalações na área urbana e 92,5 % na área rural.

Condições tão precárias de saneamento básico mostradas para o Estado em 1991, põem a descoberto esse grave problema de saúde pública vivido pela população e torna urgente a necessidade de se conhecer a realidade mostrada pelos dados mais recentes publicadados pelo IBGE, relativos ao Censo de 2000, objetivo deste trabalho, especialmente quando se propõe descrever um perfil georeferenciado dessas informações para o conjunto do Estado.

OBJETIVOS Geral:

Apresentar um perfil espacial da situação socioambiental do Estado do Rio Grande do Norte, com base nas condições dos fatores sociossanitários de seus municípios, fazendo um estudo comparativo dessas condições nos Censos Demográficos de 1991 e 2000.

Específicos:

1.

Comparar as condições dos fatores socioambientais dos Censos de 1991 e 2000 entre as micro e mesorregiões do Estado através da análise de indicadores sociossanitários relativos ao abastecimento de água, instalações sanitárias, coleta de lixo, renda familiar e da condição de alfabetização da população;

2.

Apresentar uma distribuição espacial dos indicadores estudados, com relação ao Censo de 2000.

2Considerou-se abastecimento de água adequado, aquele ligado à rede geral e com canalização interna e inadequado quando de outra forma. As instalações sanitárias foram tidas como adequadas se ligadas à rede geral de esgoto ou com fossa séptica e inadequadas quando de qualquer outra forma.

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METODOLOGIA

Área Geográfica da Pesquisa

A abrangência geográfica deste estudo corresponde às meso e microrregiões homogêneas do Estado, num total de 4 e 19, respectivamente, bem como os 166 municípios que as compõem (Censo Demográfico de 2000).

Segundo estudos realizados pelo IDEC (1992), o estado do Rio Grande do Norte, com uma população de 2.413.625 habitantes, segundo o censo de 1991, foi um dos poucos Estados nordestinos que, contrariamente às previsões estabelecidas de desaceleração no crescimento, apresentaram um incremento significativo em sua taxa, passando de 2,05% na década de 70, para 2,21% no último período intercensitário, resultando num aumento relativo de 27%. A contagem populacional de 1996 mostrou outra tendência, já esperada, em virtude da acentuada queda da fecundidade. Observou-se um decrescimento de 47,5% nas taxas de crescimento do Estado, passando de 2,21%, alcançada em 1991, para 1,16% em 1996. A Capital do Estado, Natal, com uma população de 606.798 habitantes (25% da população do Estado, segundo o censo de 1991), ao contrário do Estado, apresentou decrescimento em suas taxas na ordem de 42%, passando de uma taxa geométrica de crescimento de 4,94% (70/80) para uma de 3,47% (80/91) e, pela contagem de 1996, quando apresentou uma população de 656.037 habitantes, continuou caindo, passando para uma taxa de 1,57% de crescimento no período (91/96), significando um decrescimento de 54,8%.

O novo perfil delineado pelo Censo Demográfico de 2000 contabiliza taxas de 1,58% e 1,81% de crescimento, respectivamente, para o Estado e para a capital, no período 1991/2000, com correspondentes populações de 2.776.782 e 712.317 habitantes (IBGE, 2002). Comparando-se essa taxas com as observadas no período 91/96, acima referidas, constata-se crescimentos relativos de 36,2% e 15,3%, para o Estado e para Capital, respectivamente, em suas taxas de crescimento populacionais. Tal comportamento é decorrente de diversas razões demográficas que, no momento, não cabem serem investigadas. Contudo, é importante lembrar que alguns estudos têm sinalizado para uma possível sub-enumeração da população nordestina pela Contagem

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de 1996, de modo que esse crescimento relativo pode não ser real. A informação, porém, que se coloca de imediato, é a elevação de demanda populacional por serviços coletivos que sempre se mostraram insuficientes no Estado.

O estado do Rio Grande do Norte sofreu várias divisões regionais ao longo de sua história. A divisão mais recente, realizada pelo IBGE, ocorreu em junho de 1989 (Felipe e Carvalho, 1999), resultando em 4 grandes regiões homogêneas assim denominadas: Mesorregião do Oeste Potiguar; Mesorregião Central Potiguar; Mesorregião do Agreste Potiguar e Mesorregião do Leste Potiguar, as quais se subdividem em Microrregiões homogêneas, num total de 19, cujo número de municípios e populações correspondentes (pelo Censos de 1991 e 2000) compõem a Tabela 1. A área geográfica estudada corresponde a essas 4 mesorregiões do Estado, subdivididas em 19 microrregiões e 152 municípios, relativos ao Censo de 1991, que apresentam características bem particulares em seus aspectos socioeconômicos. Com relação ao Censo Demográfico de 2000, em virtude da criação de 14 novos municípios, conta-se atualmente com 166 municípios no Estado, criados por desmembramento. Neste trabalho, os números diferentes de municípios no Estado nos dois últimos censos não representa um problema, pois as comparações dos dados do Censo 2000 com respeito aos do Censo de 1991, serão realizadas apenas em nível de meso e microrregiões e para o Estado como um todo.

Procedimentos Metodológicos

Os dados socioambientais analisados correspondem aos fatores sociossanitários obtidos dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 (IBGE) e disponibilizados através da

homepage do DATASUS e da homepage do IBGE, sendo, portanto, dados secundários

referentes às condições do abastecimento de água, das instalações sanitárias e da coleta de lixo. Cada um destes fatores foi classificado, simplificadamente, como adequado ou inadequado. O abastecimento de água é considerado adequado, quando feito por canalização interna para pelo menos um cômodo e ligado à rede geral e inadequado, quando feito através de poço ou nascente, tendo ou não canalização interna e qualquer combinação que não satisfaça às duas primeiras citadas na categoria de adequado. As instalações sanitárias são consideradas como adequadas, quando ligadas à rede geral ou

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com fossa séptica (sendo só de um domicílio ou comum a mais de um) e inadequadas, quando feitas com fossa rudimentar, vala negra, qualquer outro tipo de escoadouro ou sem instalação sanitária. As condições de coleta de lixo são consideradas adequadas, quando realizadas diretamente ou indiretamente e inadequadas, quando o lixo for queimado, enterrado, jogado fora ou qualquer outro destino que lhe seja dado.

Tabela 1. Distribuição do número de municípios e população residente, segundo as Messorregiões e Microrregiões homogêneas do Rio Grande do Norte, 1991 e 2000

Mesorregião/ Microrregião

Número de

Municípios* População residente Censo de 1991 População residente Censo 2000

Total % Total % Total %

Oeste 62 37,3 688 776 28.5 742 054 26,7

- Mossoró 06 3,6 246 276 10,2 274 976 9,9 - Chapada do Apodi 04 2,4 67 912 2,8 70 290 2,5 - Médio Oeste 06 3,6 34 483 1,4 37 064 1,3 - Vale do Açu 09 5,4 111 902 4,6 124 753 4,5 - Serra de São Miguel 09 5,4 54 804 2,3 58 579 2,1 - Pau dos Ferros 17 10,3 107 195 4,4 112 349 4,0 - Umarizal 11 6,6 66 204 2,7 64 043 2,3 Central 37 22,3 341 854 14.2 360 547 13,0 - Macau 05 3,0 42 275 1,8 44 836 1,6 - Angicos 08 4,8 53 108 2,2 50 932 1,8 - Serra de Santana 07 4,2 55 904 2,3 60 682 2,2 - Seridó Ocidental 07 4,2 80 725 3,3 89 562 3,2 - Seridó Oriental 10 6,1 109 842 4,5 114 535 4,1 Agreste 42 25,3 353 135 14.6 388 144 14,0 - Baixa Verde 05 3,0 50 196 2,1 56 667 2,0 - Borborema 16 9,6 120 627 5,0 125 767 4,5 - Agreste Potiguar 21 12,7 182 312 7,5 205 710 7,4 Leste 25 15,1 1 031 802 42.7 1 286 037 46,3 - Litoral Nordeste 07 4,2 61 306 2,5 75 188 2,7 - Macaíba 05 3,0 183 153 7,6 240 694 8,7 - Natal 03 1,8 685 140 28,4 856 579 30,8 - Litoral Sul 10 6,1 102 203 4,2 113 576 4,1 Estado do RN 166 100,0 2 415 567 100,0 2 776 782 100,0

Fonte: IBGE - Censos Demográficos de 1991 e 2000 *Com base no Censo Demográfico de 2000

Dois outros importantes fatores sociais utilizados, referem-se ao nível de alfabetização da população e à renda média mensal. Para o fator educação foi tomada a população acima de 7 anos, classificada em alfabetizada e não alfabetizada. Com

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relação à renda foi empregado o rendimento nominal médio mensal das pessoas com rendimento, responsáveis pelos domicílios particulares permanentes.

Para os fatores citados, será realizada uma análise descritiva exploratória em nível de micro e mesorregiões e total do Estado, apresentando-se a distribuição percentual dos domicílios segundo condições de adequação, para melhor comparabilidade entre as áreas e períodos censitários envolvidos. Faz-se também uma análise espacial de modo a apresentar a informação georefenciada para os municípios do Estado relativa ao Censo de 2000. Os indicadores e índices municipais utilizados nesta análise espacial, foram estimados a partir de modelo Bayesiano empírico (a seguir, sucintamente descrito), que tem por finalidade minimizar a variabilidade que ocorre devido ao baixo contingente populacional da maioria dos municípios.

O emprego do modelo bayesiano gera os estimadores de Bayes empíricos que seguem o arcabouço teórico de Marshall (1991), apud Freire (2001). Segundo Freire (2001), esse estimador pode ser empregado sempre que o objeto de estudo referir-se a ocorrência de eventos quantificáveis por taxas, em áreas de reduzido tamanho populacional (pequenas áreas). O estimador bayesiano empírico aproxima uma taxa observada em uma área pequena, a uma taxa média global ou mesmo a uma taxa média dos vizinhos, levando em consideração o tamanho da população dessa área pequena (Freire 2001).

No caso dos dados relativos aos fatores sociossanitários sob estudo, as populações dizem respeito aos totais de domicílios particulares permanentes em cada município, classificados dentro de cada categoria dos fatores. Para a variável alfabetização a população corresponde às pessoas maiores de 7 anos classificadas como alfabetizadas e não alfabetizadas. Quanto ao rendimento nominal, não cabe a suavização pelo Bayes empírico uma vez que são utilizados valores nominais da renda e não taxas.

O método pressupõe que cada município tenha uma taxa de adequação do fator sociossanitário (ou proporção de pessoas maiores de 7 anos em categoria do fator alfabetização) desconhecida. O observado em cada um deles seria um número aleatório de domicílios na categoria de adequados ou número de pessoas na categoria de alfabetizadas, que possuiriam distribuição de Poisson com um valor estimado

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proporcional à população do município em questão (no caso a população de domicílios particulares permanentes ou ao total de pessoas maiores de 7 anos, nas condições especificadas). Dessa forma, a abordagem bayesiana do estimador tem por verossimilhança a distribuição de Poisson e, como a priori, uma distribuição não especificada cujos momentos são estimados a partir dos dados (Freire, 2001).

O modelo é operacionalizado pela seguinte expressão: θi = Tm + Ci*(ti - Tm)

para: Ci = [s2 – (Tm/Pm)]/{[s2 – (Tm/Pm)] + (Tm/Pi)} onde: θi é a taxa suavizada;

Tm é a taxa média global ou a taxa média dos vizinhos; ti é a taxa da área i;

s2 é a variância da taxa a ser medida;

Pm é a população média global ou a população média dos vizinhos; Pi é a população da área i.

Pode-se observar, na expressão acima, que o multiplicador Ci será próximo de 1 se a população Pi for grande, o que fará a taxa suavizada (θi ) tender para o mesmo valor da taxa (ti) calculada inicialmente. Por outro lado, se a área em tela possuir uma população muito pequena, então Ci, será também muito pequeno (próximo de zero), fazendo com que a taxa suavizada da pequena área aproxime-se da taxa média de referência.

O critério de referência deste trabalho, utilizado para os estimadores bayesianos empíricos foi o de mesorregiões, uma vez que apresentaram um melhor alisamento dos dados do que o critério de microrregiões, também testado.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para mostrar o comportamento dos fatores socioambientais no estado do Rio Grande do Norte entre os dois últimos levantamentos censitários será apresentada uma breve análise descritiva envolvendo as variáveis abastecimento de água, instalações sanitárias, coleta de lixo e alfabetização. Todas essas variáveis apontaram para melhorias no total do Estado, conforme poderá ser constatado a seguir. Contudo, num nível de micro, ou mesmo mesorregião, alguns problemas são apontados, especialmente com relação às instalações sanitárias que podem ser decorrentes de problemas na coleta dos dados por falhas em algum momento da pesquisa, pelo que os resultados para essa variável merecem especial atenção.

A Tabela 1 apresenta a distribuição dos domicílios particulares permanentes, segundo as condições do abastecimento de água para as micro e mesorregiões do Estado para os Censos 1991 e 2000, mostrando que houve relativa melhoria desse indicador em todo espaço analisado, com o Estado passando de 47,9% para 65,3% de domicílios com abastecimento de água adequado entre 1991 e 2000, respectivamente (Tabela 1 e Gráfico 1). Dentre as mesorregiões, a Leste, como era de se esperar, pois ela agrega a microrregião de Natal com o município da capital e outras micros que incluem importantes municípios da região metropolitana, destaca-se com maior nível de adequação, 80,2%, sendo exatamente a microrregião de Natal, que apresenta um maior percentual de domicílios servido por “água adequada”, 92% (Censo 2000).

Pelo Gráfico 1, pode-se ver que todas as mesorregiões apresentaram significativos acréscimos nos percentuais de domicílios com água adequada, entre 1991 e 2000. A mesorregião que contou com maior aumento relativo no período 1991 a 2000 (50,7%), foi a Agreste, quando passou de 20,7% para 42%, respectivamente, de domicílios com “água adequada”. Sendo, contudo, a mesorregião ainda com pior nível desse indicador no ano de 2000. Ainda com relação ao Censo 2000, depois da mesorregião Leste, a que se encontra em melhor situação é a Central que conta com 60% de seus domicílios com “água adequada”.

É importante destacar que das 19 microrregiões apenas 9 delas ultrapassam os 50% de domicílios com “água adequada” pelo Censo de 2000, destacando-se, além da

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microrregião de Natal, as do Seridó Oriental e Ocidental, a de Macaíba e a de Mossoró com 73,8%, 72,0%, 67,2% e 66,7%, respectivamente, de domicílios com “água adequada” (Tabela 1).

Esses resultados mostram que houve significativos ganhos com relação ao abastecimento de água, entre um Censo e outro, mas também mostram a permanência em níveis ainda muito baixos, pois cerca de 35% dos domicílios do Estado não estão contemplados pelos benefícios da adequação no abastecimento de água e ainda são encontradas microrregiões, como as do Médio Oeste, Serra de Santana e Umarizal (aí incluídos 20 municípios) onde se contabiliza apenas entre 26% a 37% de seus domicílios com “água adequada”. Considerando que este é um bem coletivo da maior importância para a saúde da população, considera-se que o Estado continua distante de alcançar o nível desejável de 100% de domicílios com adequadas condições de abastecimento de água, fazendo-se necessário maiores investimentos para o setor.

Tabela 1. Distribuição percentual dos domicílios, por tipo de abastecimento de água, segundo micro e mesorregiões do Rio Grande do Norte, Censos 1991 e 2000

Adequado Inadequado Micro e Mesorregiões % % 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 Total-RN 249193 438861 47,9 65,3 271101 233132 52,1 34,7 Oeste 54255 97815 36,7 54,1 93637 83077 63,3 45,9 Mossoró 29275 43832 55,4 66,7 23527 21859 44,6 33,3 Chapada do Apodi 2194 7167 14,8 42,0 12658 9890 85,2 58,0 Médio Oeste 585 2265 8,1 25,8 6654 6513 91,9 74,2 Vale do Açu 7282 15533 30,3 56,5 16721 11980 69,7 43,5 Serra de São Miguel 3285 6340 28,5 48,2 8241 6801 71,5 51,8 Pau dos Ferros 8565 16887 37,3 62,4 14409 10160 62,7 37,6 Umarizal 3069 5791 21,2 36,6 11427 10015 78,8 63,4 Central 31813 53443 43,0 60,0 42128 35650 57,0 40,0 Macau 4146 5882 43,7 55,9 5350 4647 56,3 44,1 Angicos 2974 5402 26,9 45,2 8096 6548 73,1 54,8 Serra de Santana 1696 5003 14,5 35,3 9991 9169 85,5 64,7 Seridó Ocidental 9260 16508 52,7 73,8 8306 5847 47,3 26,2 Seridó Oriental 13737 20648 56,9 72,0 10385 8043 43,1 28,0 Agreste 15730 38433 20,7 42,0 60377 53011 79,3 58,0 Baixa Verde 2542 5322 24,3 46,5 7903 6127 75,7 53,5 Borborema Potiguar 5581 12709 21,2 42,2 20745 17393 78,8 57,8 Agreste Potiguar 7607 20402 19,3 43,9 31729 26070 80,7 56,1 Leste 147395 249170 66,3 80,2 74959 61394 33,7 19,8 Litoral Nordeste 1587 7500 12,9 55,0 10682 6139 87,1 45,0 Macaíba 14762 32270 39,0 67,2 23113 15753 61,0 32,8 Natal 124394 195798 82,1 92,0 27053 17099 17,9 8,0 Litoral Sul 6652 13602 32,0 60,9 14111 8731 68,0 39,1 Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1991 e 2000

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Gráfico 1 - Distribuição percentual dos domicílios com abastecimento de água adequado, segundo mesorregiões do Rio Grande do Norte, Censos 1991 e 2000

47.9 36.7 43.0 20.7 66.3 65.3 54.1 60.0 42.0 80.2 0.0 20.0 40.0 60.0 80.0 100.0 Total-RN Oeste Central Agreste Leste % 2000 1991

O indicador relativo às condições de instalações sanitárias é o mais problemático no Estado, mas também mostrou melhorias para o total do Estado e mesorregiões, exceto para a mesorregião Leste (Tabela 2 e Gráfico 2), o que causa grande estranheza, uma vez que esta é a mesorregião de melhores indicadores socioeconômicos em geral, sendo a que abriga o município da capital, conforme já referido. Pode-se observar que o Estado passou de 37% para 41% de domicílios com adequadas instalações sanitárias de 1991 para 2000, respectivamente, e alguma melhoria é também contabilizada nas outras mesorregiões, com exceção da Leste, que mostrou decréscimo relativo no percentual de domicílios para esse indicador, passando de 61,3% para 55,4%, do Censo de 1991 para 2000, respectivamente (Tabela 2 e Gráfico 2).

Com relação a mesorregião Leste pode ser observado (Tabela 2) que, apesar de ter havido um aumento relativo no número de domicílios com instalações sanitárias adequadas entre 1991 e 2000 (de 136386 para 171913), houve um aumento relativo muito maior no número de domicílios com instalações inadequadas (de 85968 para 138651), representando 61% de aumento contra 26% da categoria de adequadas. O maior agravante é que esse aumento foi devido à micorregião de Natal, exatamente a que sempre tem apresentado os melhores indicadores socioeconômicos no Estado.

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Pode-se constatar que entre 1991 e 2000 essa microrregião, apesar de apresentar incremento em seu número absoluto de domicílios com instalações sanitárias adequadas (de 123.351 para 153.223, representando um crescimento relativo de 24%), sofreu um aumento muito maior em seu número de domicílios com instalações inadequadas (de 28.096 para 60.927) o que expressa um aumento relativo de 117%, algo inaceitável, pois representa bairros inteiros sem adequação de instalações sanitárias na área metropolitana do Estado (Tabela 2).

Tabela 2. Distribuição percentual dos domicílios, por tipo de instalações sanitárias, segundo micro e mesorregiões do Rio Grande do Norte, Censos 1991 e 2000

Adequado Inadequado Micro e Mesorregiões Nº % Nº % 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 Total-RN 192544 274375 37,0 40,8 327750 397618 63,0 59,2 Oeste 22772 52080 15,4 28,8 125120 128812 84,6 71,2 Mossoró 16625 29123 31,5 43,6 36177 37720 68,5 56,4 Chapada do Apodi 452 208 3,0 1,2 14400 17235 97,0 98,8 Médio Oeste 487 77 6,7 0,9 6752 8716 93,3 99,1 Vale do Açu 4554 9594 19,0 31,7 19449 20647 81,0 68,3 Serra de São Miguel 13 211 0,1 1,5 11513 13608 99,9 98,5 Pau dos Ferros 507 7926 2,2 28,9 22467 19492 97,8 71,1 Umarizal 134 4941 0,9 30,2 14362 11394 99,1 69,8 Central 28000 35848 37,9 40,2 45941 53245 62,1 59,8 Macau 4541 1212 47,8 10,7 4955 10103 52,2 89,3 Angicos 664 2526 6,0 20,7 10406 9706 94,0 79,3 Serra de Santana 1719 2213 14,7 15,6 9968 11964 85,3 84,4 Seridó Ocidental 9646 11574 54,9 51,5 7920 10898 45,1 48,5 Seridó Oriental 11430 18323 47,4 63,4 12692 10574 52,6 36,6 Agreste 5386 14534 7,1 15,9 70721 76910 92,9 84,1 Baixa Verde 31 1419 0,3 11,3 10414 11192 99,7 88,7 Borborema Potiguar 1232 9181 4,7 30,4 25094 21011 95,3 69,6 Agreste Potiguar 4123 3934 10,5 8,1 35213 44707 89,5 91,9 Leste 136386 171913 61,3 55,4 85968 138651 38,7 44,6 Litoral Nordeste 96 749 0,8 4,7 12173 15292 99,2 95,3 Macaíba 8335 13949 22,0 25,1 29540 41528 78,0 74,9 Natal 123351 153223 81,4 71,5 28096 60927 18,6 28,5 Litoral Sul 4604 3992 22,2 16,0 16159 20904 77,8 84,0 Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1991 e 2000

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Gráfico 2 - Distribuição percentual dos domicílios com instalações sanitárias adequadas, segundo mesorregiões do Rio Grande do Norte,

Censos 1991 e 2000 37.0 15.4 37.9 7.1 61.3 40.8 28.8 40.2 15.9 55.4 0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 60.0 70.0 Total-RN Oeste Central Agreste Leste % 2000 1991

Em números globais, a microrregião de Natal teve uma redução relativa de 12% no número de domicílios com instalações sanitárias adequadas, quando passou de 81,4% para 71,5% de domicílios nessas condições entre 1991 e 2000, respectivamente (Gráfico 2). Esse resultado, em princípio inconsistente com a realidade local, pode ser resultante de falhas na coleta dos dados do Censo de 2000, conforme já referido, ou poderá, se real, expressar um quadro extremamente preocupante para o poder público, revelador da sua incompetência administrativa. Por outro lado, os problemas com as informações relativas a esse indicador, provavelmente referentes ao Censo de 2000 (pois a falha é detectada quando se faz a comparação com os dados do Censo de 1991), não se restringem apenas à microrregião de Natal, mas afetam seis outras microrregiões (Chapada do Apodi, Médio Oeste, Macau, Seridó Ocidental, Agreste Potiguar e Litoral Sul), isso só para considerar os decréscimos pouco prováveis na proporção de domicílios com instalações sanitárias adequadas, uma vez que acréscimos absurdamente altos também são observados em outras seis microrregiões. Este fato pode ser observado, comparando-se os percentuais de domicílios com instalações sanitárias adequadas entre 1991 e 2000 para as microrregiões de Pau dos Ferros, Umarizal, Angicos, Baixa Verde, Borborema Potiguar e Litoral Nordeste, onde constatam-se

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aumentos espantosos e inexplicáveis nesses percentuais, particularmente por serem microrregiões com os mais baixos indicadores socioeconômicos, onde não houve aplicação de nenhuma medida especial de saneamento básico.

Evidentemente que os problemas apresentados na informação, em nível de microrregiões, são reflexos das falhas nas unidades menores, em nível municipal, e um olhar para esses dados, relativos ao Censo de 2000, indicam muitas inconsistências. De fato, podem ser encontrados municípios onde existem indicação da existência de um número muito reduzido de domicílios ligados a rede geral de esgoto. Para se ter uma idéia, nos dados do Censo de 2000 para o Estado, contabiliza-se 68 municípios (41%, dentre os 166 existentes) onde são indicados entre 1 e 10 domicílios ligados à rede geral de esgotos, fato, no mínimo, inconsistente, uma vez que sistemas de rede de esgotos, sabidamente de elevado custo, não são construídos para atender um número tão reduzido de domicílios, especialmente em áreas carentes, como é o caso da maioria desses municípios.

Outro dado que chama a atenção nessas informações municipais do Censo 2000 para o Estado, é relativo à existência ou não de fossas sépticas nos domicílios. São encontrados muitos municípios de médio porte, com um número extremamente reduzido de fossas sépticas ou até mesmo uma drástica redução nesse número se comparado os dados dos Censos de 1991 e 2000.

Desse modo, em vista desses problemas nas informações relativas ao Censo 2000, os resultados relativos a esse indicador devem ser vistos com o maior cuidado, sendo perigosa qualquer conclusão sobre o seu comportamento, especialmente para comparação com outros períodos.

Outro indicador analisado foi o referente às condições de adequação do serviço de coleta de lixo no Estado, constatando-se que apresenta um quadro bem melhor que o dos indicadores anteriormente apresentados. Como se pode constatar pela Tabela 3 e Gráfico 3, tanto para o total do Estado quanto em nível de mesorregiões, houve uma melhoria na adequação da coleta de lixo entre os Censos considerados. O Estado passou de 57,2% para 73,7% de domicílios com coleta adequada de lixo entre 1991 e 2000, respectivamente, sendo a mesorregião Leste aquela que manteve os melhores percentuais entre os dois Censos, 71,2% e 84%, respectivamente (Gráfico 3), com a

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microrregião de Natal apresentando a maior cobertura dentre todas elas, 95%. As demais mesorregiões, assim como todas as micros que a compõem, mostraram também melhoria no indicador. Apesar dessas evidentes melhorias, sendo a coleta de lixo um serviço que mais fácil e rapidamente pode ser melhorado, considera-se que os avanços conseguidos nesse período intercensitário, para a maioria das microrregiões (Tabela 3), poderiam ter sido melhores, pois ainda continuam distante da ideal cobertura de 100%.

Tabela 3. Distribuição percentual dos domicílios, por tipo de coleta do lixo, segundo micro e mesorregiões do Rio Grande do Norte, Censos 1991 e 2000.

Adequado Inadequado Micro e Mesorregiões Nº % Nº % 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 Total-RN 297774 495000 57,2 73.66 222520 176993 42,8 26.34 Oeste 69248 116981 46,8 64.67 78644 63911 53,2 35.33 Mossoró 35152 54597 66,6 81.68 17650 12246 33,4 18.32 Chapada do Apodi 4444 8490 29,9 48.67 10408 8953 70,1 51.33 Médio Oeste 2926 4537 40,4 51.60 4313 4256 59,6 48.40 Vale do Açu 10550 18505 44,0 61.19 13453 11736 56,0 38.81 Serra de São Miguel 3043 6525 26,4 47.22 8483 7294 73,6 52.78 Pau dos Ferros 8657 15367 37,7 56.05 14317 12051 62,3 43.95 Umarizal 4476 8960 30,9 54.85 10020 7375 69,1 45.15 Central 42158 63795 57,0 71.60 31783 25298 43,0 28.40 Macau 6256 9079 65,9 80.24 3240 2236 34,1 19.76 Angicos 4753 7588 42,9 62.03 6317 4644 57,1 37.97 Serra de Santana 3613 6688 30,9 47.18 8074 7489 69,1 52.82 Seridó Ocidental 10882 17737 61,9 78.93 6684 4735 38,1 21.07 Seridó Oriental 16654 22703 69,0 78.57 7468 6194 31,0 21.43 Agreste 27969 53452 36,7 58.45 48138 37992 63,3 41.55 Baixa Verde 3097 7650 29,7 60.66 7348 4961 70,3 39.34 Borborema Potiguar 10963 18868 41,6 62.49 15363 11324 58,4 37.51 Agreste Potiguar 13909 26934 35,4 55.37 25427 21707 64,6 44.63 Leste 158399 260772 71,2 83.97 63955 49792 28,8 16.03 Litoral Nordeste 2422 6961 19,7 43.40 9847 9080 80,3 56.60 Macaíba 16406 34780 43,3 62.69 21469 20697 56,7 37.31 Natal 131754 203829 87,0 95.18 19693 10321 13,0 4.82 Litoral Sul 7817 15202 37,6 61.06 12946 9694 62,4 38.94 Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1991 e 2000

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Gráfico 3 - Distribuição percentual dos domicílios com coleta adequada de lixo, segundo mesorregiões do Rio Grande do Norte, Censos 1991 e 2000

57.2 46.8 57.0 36.7 71.2 73.7 64.7 71.6 58.5 84.0 0.0 20.0 40.0 60.0 80.0 100.0 Total-RN Oeste Central Agreste Leste % 2000 1991

Um importante indicador socioeconômico analisado, de forte repercussão social, foi o relativo ao percentual da população de 7 anos ou mais de idade, alfabetizada. O comportamento desse indicador entre os Censos de 1991 e 2000 mostra claros avanços, muito embora ainda estejam muito aquém da universalização desejada, pois no total do Estado contabiliza-se um aumento de 52% para 65%, de pessoas (de 7 anos e mais) alfabetizada nos respectivos períodos censitários (Tabela 4 e Gráfico 4).

Nota-se ganhos importantes nos níveis de alfabetização em todas as mesos e microrregiões (Tabela 4, Gráfico 4), sendo a mesorregião Leste a que contabiliza um maior percentual de população alfabetizada, 70% pelo Censo 2000, onde a microrregião de Natal dela faz parte, apresenta 76% da população de 7 anos e mais, alfabetizada, sendo a melhor cobertura registrada dentre as microrregiões do Estado. Constata-se também a baixa velocidade no aumento dessa cobertura em todo o Estado, nesse período de nove anos.

Enquanto em 1991 a cobertura da população alfabetizada entre as microrregiões variava de um mínimo de 32% (Litoral Nordeste) a um máximo de 69% (Natal), em 2000 passou a variar entre 51% (Baixa Verde) e 76% (Natal), com o adicional de que

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apenas seis delas superam os 60% de população alfabetizada (de 7 anos e mais), mostrando a baixa cobertura ainda existente no Estado (Tabela 4).

Considerando a grande importância do fator educação para o desenvolvimento socioeconômico, de uma maneira geral, percebe-se que maiores investimentos nesse setor devem ser continuamente aumentados, de forma a estimular uma maior velocidade na cobertura educacional, ainda tão deficiente no Estado.

Tabela 4. Distribuição percentual da população (de 7 anos e mais) por condição de alfabetização, segundo micro e mesorregiões do Rio Grande do Norte, Censos 1991 e 2000.

Alfabetizado Não Alfabetizado

Micro e Mesorregiões Nº % Nº % 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 Total-RN 1247433 1802501 51,6 64,91 1168134 974281 48,4 35,09 Oeste 332982 465917 48,3 62,79 355794 276137 51,7 37,21 Mossoró 139581 190831 56,7 69,40 106695 84145 43,3 30,60 Chapada do Apodi 30797 42449 45,3 60,39 37115 27841 54,7 39,61 Médio Oeste 14059 20603 40,8 55,59 20424 16461 59,2 44,41 Vale do Açu 49126 73601 43,9 59,00 62776 51152 56,1 41,00 Serra de São Miguel 20662 31911 37,7 54,48 34142 26668 62,3 45,52 Pau dos Ferros 47320 67049 44,1 59,68 59875 45300 55,9 40,32 Umarizal 31437 39473 47,5 61,64 34767 24570 52,5 38,36 Central 172828 231817 50,6 64,30 169026 128730 49,4 35,70 Macau 21263 27865 50,3 62,15 21012 16971 49,7 37,85 Angicos 21602 29251 40,7 57,43 31506 21681 59,3 42,57 Serra de Santana 22460 35199 40,2 58,01 33444 25483 59,8 41,99 Seridó Ocidental 45011 60997 55,8 68,11 35714 28565 44,2 31,89 Seridó Oriental 62492 78505 56,9 68,54 47350 36030 43,1 31,46 Agreste 130966 205376 37,1 52,91 222169 182768 62,9 47,09 Baixa Verde 17659 28736 35,2 50,71 32537 27931 64,8 49,29 Borborema Potiguar 48475 70535 40,2 56,08 72152 55232 59,8 43,92 Agreste Potiguar 64832 106105 35,6 51,58 117480 99605 64,4 48,42 Leste 610657 899391 59,2 69,94 421145 386646 40,8 30,06 Litoral Nordeste 19391 38498 31,6 51,20 41915 36690 68,4 48,80 Macaíba 83787 145015 45,7 60,25 99366 95679 54,3 39,75 Natal 469689 654344 68,6 76,39 215451 202235 31,4 23,61 Litoral Sul 37790 61534 37,0 54,18 64413 52042 63,0 45,82 Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1991 e 2000

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Gráfico 4 - Distribuição percentual da população alfabetizada, segundo mesorregiões do Rio Grande do Norte, Censo 1991 e 2000

51.6 48.3 50.6 37.1 59.2 64.91 62.79 64.30 52.91 69.94 0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 60.0 70.0 80.0 Total-RN Oeste Central Agreste Leste % 2000 1991

Distribuição espacial dos fatores socioambientais

Com o objetivo de mostrar uma distribuição espacial dos fatores socioambientais para o estado do Rio Grande do Norte, são apresentados os Mapas 1 a 4 com os fatores acima analisados relativos ao Censo de 2000 e o Mapa 5 com a distribuição espacial do rendimento médio do responsável pelo domicílio (valor nominal médio mensal das pessoas com rendimento, responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, em R$).

Conforme referido na metodologia, as proporções de domicílios, segundo os níveis de adequação de cada um dos fatores socioambientais analisados, foram alisados pelo modelo bayesiano empírico, para minimizar as flutuações decorrentes das grandes flutuações do número de domicílios em cada categoria do fator. O critério de vizinhança adotado foi o de mesorregião por ter apresentado um melhor alisamento que o critério de microrregião.

Pode-se perceber pelo Mapa 1, que os domicílios com abastecimento de água adequado superior a 48% não chegam a cobrir nem metade do Estado, sendo ainda freqüente os municípios onde essa cobertura é inferior a 32%.

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N

E W

S

Mapa 1 - Percentual de domicílios com abastecimento de água adequado

% D_Ag_Ad

1 - 15

15 - 32

32 - 48

48 - 65

65 - 93

Fonte: Censo Demográfico 2000

Com relação as instalações sanitárias adequadas (Mapa 2), ressalvados os problemas já comentados, a situação é ainda mais grave, pois apenas uma pequena porção de municípios possui mais de 43% de seus domicílios nestas condições, sendo alarmante o número de municípios com cobertura inferior a 7%. Esse é o reflexo claro de problemas nas informações do Censo 2000 relativos ao indicador para o Estado, como já demonstrado.

Por outro lado, sabe-se que o quadro desse indicador para o Estado é muito ruim, sendo totalmente inaceitável e não condizente com o grau de desenvolvimento que o mesmo vem apresentando no contexto da Região Nordeste, nem com o destaque que seu litoral apresenta como importante polo turístico. São necessários porém, dados confiáveis para um verdadeiro conhecimento da realidade, não cabendo portanto nesse ponto, nenhuma análise conclusiva.

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N E W

S

Mapa 2 - Percentual

de domi

l

i

os com i

nstal

ações sani

tári

as adequadas

% D_San_Ad

0 - 7

7 - 21

21 - 43

43 - 66

66 - 93

Fonte: Censo Demográfico 2000

O Mapa 3 apresenta a distribuição espacial da adequação dos serviços de coleta de lixo no Estado e, embora seja melhor que a dos indicadores anteriores, ainda deixa muito a desejar na medida que encontra-se distante do desejável nível de 100% de cobertura. Pode-se observar que uma cobertura superior a 63% só é alcançada por poucos municípios, sendo também freqüente os municípios com percentuais inferiores a 47% de domicílios com adequada coleta de lixo.

Esses três mapas apenas evidenciam, espacialmente, o deficiente quadro detectado nos fatores socioambientais do Estado quando das análises anteriormente realizadas.

Com o Mapa 4 pode ser feita uma correspondência entre aqueles municípios que apresentam uma maior proporção da população de 7 anos ou mais, alfabetizada, com aqueles com melhores coberturas dos indicadores sociambientais apresentados, exceto com as instalações sanitárias pelas razões colocadas.

Confirmando o que foi visto em nível de microrregiões, a distribuição espacial, segundo a proporção de alfabetização, é ainda muito deficiente no Estado (Mapa 4).

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N E W

S

Mapa 3 - Percentual

de domi

l

i

os com col

eta de l

i

xo adequada

% D_Lixo_Ad 1 - 28 28 - 47 47 - 63 63 - 77 77 - 98

Fonte: Censo Demográfico 2000

N

E W

S

Mapa 4 - Percentual

da popul

ação al

fabeti

zada

% Pop_Alf 56 - 61 61 - 66 66 - 70 70 - 76 76 - 89

Fonte: Censo Demográfico 2000

Complementa-se essa análise apresentando o Mapa 5, relativo ao rendimento nominal médio mensal das pessoas com rendimento, responsáveis pelos domicílios

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particulares permanentes. Devido à desigual distribuição de renda observada para o Estado, a maioria de seus municípios apresentaram em 2000 esse rendimento médio inferior a R$ 279,00, de modo que essa variável é pouco discriminante para correspondência com os fatores analisados.

N E W

S

Mapa 5 - Renda médi

a fami

l

i

ar

Rend_Fam (R$) 152 - 225 225 - 279 279 - 350 350 - 523 523 - 919

Fonte: Censo Demográfico 2000

CONCLUSÕES

Os resultados mostraram que, apesar das melhorias alcançadas no período intercensitário, ainda são grandes as deficiências dos indicadores socioambientais no Estado, evidenciando a urgente necessidade de maiores investimentos no setor.

A análise permitiu também detectar problemas decorrentes da coleta de dados do Censo 2000 para o Estado, pondo em questão os resultados referentes ao indicador de condições das instalações sanitárias.

Conclui-se que o perfil da situação socioambiental no Estado, embora incompleto, mediante o problema apresentado pelo citado indicador, permite um melhor conhecimento da realidade local, apontando importantes questões merecedoras de atenção pelos poderes constituídos.

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BIBLIOGRAFIA

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Referências

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