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A utilização de atividades lúdicas, socioeducativas e intergeracionais na comemoração do Dia dos Avós

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Academic year: 2021

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A utilização de atividades lúdicas, socioeducativas e

intergeracionais na comemoração do Dia dos Avós

Debora Lee Vianna Paulo e Gabriela Silva Neves(*)

O envelhecimento populacional tem se dado de forma bastante veloz em todo o mundo. No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que no ano 2000 a população com idades entre 0 e 14 anos representava cerca de 30% da população brasileira, já os idosos, indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos (OMS) representava apenas 5% desta população. No entanto, a população continua envelhecendo e projeções feitas pelo IBGE para o ano 2050 indicam que os dois grupos etários citados terão a mesma representatividade, 18% cada um. Nota-se que, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2007, o número de idosos chegou a quase 20 milhões de pessoas.

Esse crescente número de idosos tem grande impacto na sociedade, já que o envelhecimento populacional trás consigo mudanças em diversas áreas de atenção como, por exemplo, saúde e social (MOTTA, 2001), tornando-se necessárias políticas públicas que garantam melhores condições de vida a esta população. De acordo com o Estatuto do Idoso, “é obrigação do Estado garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade” (Estatuto do Idoso, 2003, Capitulo I, Do direito à Vida, Art. 9º). Contudo, o Estatuto também preconiza que a família, a comunidade e a sociedade devem assegurar a efetivação dos direitos dos idosos. Por isso, faz-se necessário estimular a participação de toda a sociedade civil em eventos que desmistifiquem estereótipos relacionados à velhice.

Justificativa

O crescente envelhecimento da população exige discussões sobre temas referentes ao envelhecimento humano, à velhice e à qualidade de vida dos idosos. A divulgação de informações sobre como tornar o envelhecimento um processo orientado e bem assistido pode favorecer a reflexão de estratégias pessoais, sociais e coletivas que estimulem a participação e a promoção da saúde.

Comemora-se no dia 26 de julho o Dia da Avó, o que faz desta uma data estratégica para estimular a interação social entre diferentes gerações e, com isso, possibilitar reflexões acerca do envelhecimento humano e da velhice. Um evento organizado pela Associação Brasileira de Gerontologia (ABG) de caráter multicêntrico, e que contou com a parceria de diversas instituições, dentre elas o Centro de Referência da Cidadania do Idoso (CRECI@), é o foco deste artigo.

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56 Aqui apresentaremos as atividades desenvolvidas, relatos de idosos e as

percepções de todos os colaboradores deste evento, sobre esta nova proposta. Objetivos

Nossos objetivos ao comemorar o Dia dos Avós foram:

• Realizar atividades socioeducativas e de cunho gerontológico, que proporcionem reflexões sobre o processo de envelhecimento humano e a velhice;

• Orientar os participantes sobre atividades e atitudes que permitam melhorar a saúde e a qualidade de vida;

• Promover a integração entre diferentes gerações, especialmente entre avós e netos;

• Divulgar o profissional gerontólogo.

Metodologia

Organização das atividades

As atividades foram organizadas e realizadas por profissionais gerontólogos e foram compostas por: grupos de discussão, dinâmicas que integram pessoas de diferentes faixas etárias, jogos recreativos, exercícios de memória e atenção, e orientações individuais sobre o processo de envelhecimento e a saúde.

As atividades foram desenvolvidas concomitantemente, e várias vezes ao longo do dia, para que o idoso e todas as pessoas interessadas em participar pudessem exercer sua autonomia.

Público alvo

Pessoas com 60 anos ou mais de idade; avós e netos; e pessoas de diferentes faixas etárias interessadas nos temas abordados.

Local e Período de realização

O evento foi realizado na terça-feira, 26 de julho de 2011, no horário das 9hs às 16hs, no CRECI@ - Centro de Referência da Cidadania do Idoso – Rua Formosa, 215 - Anhangabaú, São Paulo/ SP, um serviço da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), sob gestão da Coordenação Regional das Obras de Promoção Humana (CROPH), uma ONG sem fins lucrativos.

Síntese das Atividades

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57 Objetivo: abordar as alterações que ocorrem na memória ao longo do processo

de envelhecimento saudável e discutir estratégias para aumentar a eficiência da capacidade de memorização no dia-a-dia, realizando exercícios de memorização e atenção.

Metodologia: Apresentação das alterações da memória no processo de envelhecimento saudável; Levantamento das principais queixas de memorização entre os participantes; Discussão sobre as estratégias internas (aplicadas ao idoso) e externas (aplicadas ao ambiente) que podem ser utilizadas para aumentar a eficiência da capacidade de memorização; e Exercícios de atenção, concentração e de memória episódica.

b) Qual é a música?

Objetivo: trabalhar com habilidades de atenção auditiva, assim como oferecer lazer e momentos lúdicos.

Metodologia: o jogo consiste em tocar diversas músicas antigas e no meio da música pausá-la para um participante completa-la. Foram oferecidos prêmios aos participantes que conseguirem vencer a prova.

c) Dinâmica da Teia

Objetivo: trabalhar a importância das relações sociais e integração dos idosos usuários do CRECI@.

Metodologia: idosos se apresentam e vão passando o rolo de barbante uns para os outros até formar uma teia, ao final é discutido a importância das relações sociais, e como no envelhecimento essas relações tendem a diminuir. d) Orientação Gerontológica

Objetivo: acolher os participantes idosos em relação às questões que se relacionam aos aspectos biopsicossociais, levantando dados sobre a saúde física, bem-estar psicológico e rede de suporte social, e oferecendo orientações individuais para dúvidas, encaminhamentos aos serviços da região e atividades que são oferecidas no dia do evento;

Metodologia: Preenchimento do Plano de Atenção Gerontológica - PAGe; Orientações baseadas no acolhimento, abordando a saúde e qualidade de vida dos participantes; e Divulgação dos serviços de atendimento na região e veiculação de informações sobre as atividades.

e) Verificação da Pressão Arterial e da Glicemia Capilar

Com parceria da Unidade Básica de Saúde – UBS – República, aferir a pressão arterial e realizar o teste de glicemia capilar dos participantes, oferecendo orientações de saúde aos indivíduos que possuem pressão arterial e/ ou glicemia alterados.

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58 Metodologia: Medidas de Pressão Arterial e Teste de Glicemia Capilar e

orientações de saúde abordando: - a hipertensão, o diabetes, o estilo de vida e a importância dos temas para o envelhecimento saudável.

f) Para quem você tira o chapéu?

Objetivo: estimular a autoestima, o autoconhecimento e o crescimento pessoal. Materiais: um chapéu e um espelho, O espelho deve estar colocado no fundo do chapéu.

Metodologia: O coordenador escolhe uma pessoa do grupo e pergunta se ela tiraria o chapéu para a pessoa que ver e o porquê, sem dizer o nome da pessoa. Pode ser feito em qualquer tamanho de grupo e o coordenador deve fingir que trocou a foto do chapéu antes de chamar o próximo participante. No fim da dinâmica perguntar ao grupo se sentiram dificuldades de falar de si, como anda a autoestima. E pontuar a questão que falamos com mais facilidade dos outros do que de nós mesmos.

g) Corpo, Heterogeneidade e Envelhecimento

Objetivo: Discussão sobre as diferentes “faces do envelhecimento”, trabalhando a importância deste idoso heterogêneo.

Metodologia: o participante montou um corpo através de peças com imãs (olhos, bocas, cabelos, corpos variados). Montado o primeiro corpo, outro participante monta um segundo corpo - nesse momento é trabalhado o conceito de heterogeneidade solicitando aos participantes que falem sobre as diferenças dos corpos, da expressão de sentimentos. Depois, apresentar a exposição fotográfica com imagens retratando o processo do envelhecimento de pessoas reais, destacando a heterogeneidade no corpo que se modifica com o tempo. Como encerramento, o participante deixará sua marca num painel no qual desenharia ou escreveria algo que o represente como indivíduo heterogêneo.

h) Atividades Intergeracionais

Objetivo: Integrar idosos e crianças abordando temas que sensibilizem os participantes para a importância do respeito às diferenças e para a promoção da cidadania. Contamos com a visita de 32 crianças da Creche Jardim São Paulo, localizada próximo ao CRECI@.

Metodologia: Apresentação de dança country das crianças para os idosos e entrega de “lembrancinhas” para os idosos em comemoração ao Dia dos Avós; Apresentação de dança do ventre dos idosos para as crianças; Brincadeiras e atividades com as crianças estimulando os idosos a acompanhar e brincar, especialmente brincadeiras que envolvam peteca, passa anel, entre outros.

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59 Programação

A programação do evento permitiu aos participantes escolher o horário e a atividade, afirmando a autonomia de cada indivíduo em escolher.

Horário Atividades

9:00 Abertura

9:15 – 10:00 Dinâmica da Teia

9:30 – 10:30 Atividade “Corpo, Heterogeneidade e Envelhecimento

10:00 – 11:00 Como anda sua memória? 10:30 – 11:30 Pra quem você tira o chapéu? 13:00 – 14:00 Dinâmica da Teia

13:30 – 14:30 Atividade “Corpo, Heterogeneidade e Envelhecimento

14:00 – 15:00 Como anda sua memória? 14:00 – 16:00 Atividades intergeracionais

14:00 – 15:00 Visita de 32 crianças da Creche Jardim São Paulo com apresentação de dança country e atividades intergeracionais

14:30 – 15:30 Pra quem você tira o chapéu?

15:00 – 15:30 Apresentação de Dança do Ventre dos idosos para as crianças

15:00 – 16:00 Qual é a música?

* As atividades a. Orientação Gerontológica foi realizada durante todo o evento; * A verificação da Pressão Arterial e Glicêmica foi realizada no período da manhã.

Resultados

Consideramos o Dia dos Avós um evento estratégico que permite utilizar atividades socioeducativas e lúdicas na manutenção da saúde, qualidade de vida e bem-estar do idoso, e também facilitar a intergeracionalidade.

Através dessas atividades pode-se trabalhar a quebra de mitos e estereótipos existentes em relação à velhice e ao processo de envelhecimento humano, além de possibilitar uma troca de conhecimentos, afetos, e a socialização entre pessoas de diferentes faixas etárias.

Na atividade acima descrita participaram, ao longo do dia e nas diferentes atividades, cerca de 245 idosos, além das 32 crianças da creche do Jardim São Paulo. Salientamos que cerca de 10 mil idosos, em média, frequentam mensalmente o CRECI@.

As crianças convidadas, com idades entre 4 e 5 anos, foram participar das atividades e apresentar uma coreografia para os idosos. Com isso, percebemos uma interação única e espontânea entre as duas gerações, já que

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60 os idosos também quiseram apresentar uma coreografia para as crianças. O

mais interessante foi a possibilidade que essas crianças tiveram de conhecer idosos ativos, pois isso, certamente, contribuirá para a ideia de velhice que essas crianças terão quando forem adultas.

Os idosos participantes relataram que o evento foi importantíssimo na vida deles, pois trouxe o “sentir-se vivo”, que pertencem a algum grupo, que são úteis, além de ter contribuído com conhecimento, já que tiveram atividades sobre memória, por exemplo.

Acreditamos que as atividades puderam contribuir com a qualidade de vida dos participantes, pois possibilitou a interação social, inclusive entre diversas gerações, a obtenção de novas informações, diversão e sentimentos como de pertencimento e utilidade.

Esperamos que iniciativas como esta possam ser ampliadas para outras localidades, como: parques, centros de saúde, serviços sociais e instituições interessadas em discutir os temas abordados no evento. As experiências obtidas foram avaliadas e sistematizadas pelos envolvidos, comprometendo-se a divulgar e ampliar as atividades.

(*) Agradecemos aos colaboradores graduandos da Gerontologia EACH-USP: Angélica Simões Augusto de Araújo, Gabriela Carvalho, Larissa Monteiro, Monique Alves de Oliveira, Natália Correa Salsman, Priscila Pedrico do Nascimento Pascarelli e Wesley Turci da Silva; Da Gerontologia UFSCAR: Estela Barbosa Ribeiro; Nosso colaborador Diego Henrique José Oliveira; E da Unidade Básica de Saúde: Margarete Cleonice da Silva e Vivian Pereira Franco.

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Débora Lee Vianna Paulo - Bacharel em Gerontologia (USP); Especialista e Neurologia do Adulto (Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein); Pesquisadora do Núcleo de Estudo (CNPQ), Pesquisa e Extensão em Gerontologia – Linha Neuropsicologia do Envelhecimento (USP); Bolsista de Apoio Técnico à Pesquisa 1ª (CNPQ). Técnica em Gerontologia (Centro de Referência da Cidadania do Idoso – CRECI@). E-mail: deboraleevp@yahoo.com.br

Gabriela Silva Neves - Bacharel em Gerontologia (USP); Especialista em Administração Hospitalar pelo Centro Universitário São Camilo; Vice Diretora Geral da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG – Gestão 2011 / 2013). E-mail: gabriela_neves@hotmail.com

Referências

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