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Dinâmica do Carbono na videira

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Academic year: 2021

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(1)

Jo˜

ao Teixeira Passos Coelho

Dinˆ

amica do Carbono na videira

Departamento de Matem´

atica

Faculdade de Ciˆ

encias da Universidade do Porto

(2)

Jo˜

ao Teixeira Passos Coelho

Dinˆ

amica do Carbono na videira

Tese submetida `a Faculdade de Ciˆencias da Universidade do Porto para obten¸c˜ao do grau de Mestre

em Engenharia Matem´atica

Orienta¸c˜ao: Alberto Adrego Pinto Coorienta¸c˜ao: Paulo Beleza Vasconcelos 1

Departamento de Matem´atica

Faculdade de Ciˆencias da Universidade do Porto 2013

(3)

Agradecimentos

Aproveito esta p´agina para os agradecimentos a todos os docentes, fam´ılia e amigos que foram importantes ao longo deste ano:

Ao meu orientador, o professor Alberto Pinto, pelas ideias e oportunidades concedidas; ao meu coorientador, o professor Paulo Vasconcelos, pelos apoios t´ecnicos e morais. Ao professor Jorge Queir´oz pela disponibilidade em tentar solucionar algumas d´uvidas; ao Engenheiro Fernando Alves e `a ADVID pela ideia inicial do projeto e conhecimentos vi-tivin´ıcolas transmitidos, bem como a oportunidade concedida de frequentar o workshop sobre este tema. Aos autores do artigo que serviu de base a este trabalho, os professores, B. Wermelinger e A.P. Guti´errez, pela resposta aos emails de d´uvidas enviados, bem como, pela disponibiliza¸c˜ao de mais artigos sobre o assunto. Ao INESC TEC - LIAAD pelo financiamento da participa¸c˜ao nas conferˆencias do Ano Internacional da Matem´atica no Planeta Terra, em Lisboa.

Aos meus pais, por tudo, desde sempre, em particular, ao meu Pai pelos importantes conhecimentos pr´aticos de viticultura que ajudaram a perceber certos fen´omenos estudados e `a minha M˜ae pelo apoio moral e paciˆencia em me aturar. Aos amigos e restante fam´ılia que de uma forma ou de outra se interessaram por este projeto. Seriam necess´arias muitas videiras para os nomear a todos.

E `a Carla, por todo o apoio, motiva¸c˜ao e amor com que me tem aturado, em particular, as horas perdidas `a minha espera enquanto este trabalho evolu´ıa.

Para terminar, agrade¸co a todos que, n˜ao estando fisicamente presentes, sempre estiveram no meu pensamento, em particular o meu avˆo Manuel, a quem dedico este trabalho.

A todos, um muito obrigado.

Jo˜ao Coelho, setembro de 2013.

(4)

Resumo

Utilizar a Matem´atica para modelar fen´omenos biol´ogicos, nunca foi, nem nunca ser´a, uma tarefa f´acil. Neste trabalho, pretende-se relacionar trˆes assuntos que, `a partida, n˜ao parecem relacion´aveis: A Matem´atica, a videira e o Carbono.

Ap´os uma breve revis˜ao da literatura existente nestes temas, ser´a apresentado um modelo matem´atico para a dinˆamica do Carbono na videira. Como ´e capturado pela planta? Como ´

e distribu´ıdo e consumido pelas diversas estruturas da planta?

Para testar este modelo foi usado o software MATLAB e uma base de dados de tem-peraturas e radia¸c˜ao solar para a zona de Vila Real, inserida na regi˜ao vin´ıcola do Douro, classificada pela UNESCO como Patrim´onio da Humanidade devido `a sua beleza e tradi¸c˜oes seculares.

Palavras-chave: videira, Carbono, equa¸c˜oes diferenciais.

(5)

Abstract

Using Mathematics to model biological phenomena, never was, and will never be, an easy task. In this work, we intend to relate three subjects that a priori seem not relatable: The Mathematics, the vine and the Carbon.

After a brief review of the existing literature on these subjects, will be presented a mathe-matical model for Carbon dynamics on the vine. How is it assimilated by the plant? How is it allocated and consumed in the various plant structures?

To test this model will use the MATLAB software and a database of temperature and solar radiation for the city of Vila Real, inserted in Douro wine region, classified by UNESCO as World Heritage Site due to its beauty and ancient traditions.

keywords: vineyard, carbon, differential equations.

(6)

Conte´

udo

Agradecimentos iii

Resumo iv

Abstract v

Lista de Tabelas vii

Lista de Figuras viii

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Motiva¸c˜ao . . . 1

1.2 A Matem´atica no planeta Terra . . . 1

1.3 Avalia¸c˜ao ambiental no setor vitivin´ıcola . . . 2

1.4 Resumo da literatura consultada . . . 2

2 Modelo de assimila¸c˜ao e aloca¸c˜ao do Carbono 4 2.1 Considera¸c˜oes Biol´ogicas . . . 4

2.2 Alguns modelos para o Carbono na videira . . . 7

2.3 Estrutura geral do modelo . . . 9

2.4 Submodelos . . . 14

2.4.1 Modelos para as folhas . . . 14

2.4.2 Modelos para os rebentos . . . 15

2.4.3 Modelos para as ra´ızes . . . 15

2.5 Dados e implementa¸c˜ao . . . 16

2.5.1 Altera¸c˜oes ao modelo de Wermelinger et al. . . 21

2.6 Resultados . . . 22

2.7 An´alise cr´ıtica . . . 30

3 Conclus˜oes 31 3.1 Trabalho futuro . . . 31

Anexo 32

Bibliografia 34

(7)

Lista de Tabelas

2.1 Tabela de parˆametros do modelo . . . 16 2.2 Tabela de altera¸c˜oes ao modelo de Wermelinger et al. . . 21 2.3 Tabela de parˆametros ajustados . . . 21

(8)

Lista de Figuras

2.1 Videira e suas estruturas . . . 5

2.2 Exemplo de uma inflorescˆencia . . . 5

2.3 Calend´ario anual do desenvolvimento da videira . . . 6

2.4 Prioridades no consumo do Carbono nas diversas estruturas da videira . . . 9

2.5 Temperaturas de Vila Real no ano 2012 . . . 17

2.6 Degree-days no ano 2012 . . . 18

2.7 Degree-days com apropriada mudan¸ca de escala para compara¸c˜ao com as temperaturas oC em cada dia no ano 2012 . . . . 18

2.8 Radia¸c˜ao Solar da zona de Vila Real no ano 2012 . . . 19

2.9 Temperaturas de Vila Real nos anos 2003 a 2012 . . . 19

2.10 Degree-days nos anos 2003 a 2012 . . . 20

2.11 Radia¸c˜ao Solar da zona de Vila Real para os anos desde 2003 a 2012 . . . 20

2.12 N´umero de folhas no ano 2012 . . . 22

2.13 N´umero de folhas nas 30 classes et´arias ao longo do ano 2012 . . . 22

2.14 Quantidade de Carbono nas folhas em 2012 . . . 23

2.15 Quantidade de Carbono nos rebentos em 2012 . . . 23

2.16 Quantidade de Carbono nas ra´ızes em 2012 . . . 24

2.17 Varia¸c˜ao da quantidade de Carbono nas uvas no ano 2012 . . . 24

2.18 Varia¸c˜ao da quantidade de Carbono no tronco no ano 2012 . . . 25

2.19 Quantidade de Carbono acumulada nas reservas ao longo do ano 2012 . . . . 25

2.20 Quantidade de Carbono que a planta tem para consumir ao longo do ano 2012 26 2.21 Quantidade de Carbono que a planta tem para consumir, ap´os o consumo na 1.a prioridade, ao longo do ano 2012 . . . . 26

2.22 Quantidade de Carbono que a planta tem para consumir, ap´os o consumo na 2.a prioridade, ao longo do ano 2012 . . . 27

2.23 Quantidade de Carbono que a planta n˜ao consumiu, ap´os o consumo na 3.a prioridade, e que ser´a adicionado `as reservas ao longo do ano 2012 . . . 27

2.24 Quantidade de Carbono que a planta consumiu nas 3 prioridades e o que restou ao longo do ano 2012 . . . 28

2.25 Quantidade de folhas e de Carbono nas folhas, rebentos e ra´ızes ao longo de dez anos (2003-2012) . . . 29

2.26 Varia¸c˜ao da quantidade de Carbono na fruta, estrutura e reservas ao longo de dez anos (2003-2012) . . . 29

2.27 Carbono consumido nas 3 prioridades em dez anos (2003-2012) . . . 30

(9)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸

ao

1.1

Motiva¸

ao

Desde cedo que a Matem´atica despertou em mim uma vontade enorme de aprender mais sobre esta disciplina. A par disso, e devido `a influˆencia das tradi¸c˜oes familiares, tamb´em desenvolvi um interesse na Agricultura, em particular, na Viticultura. Para este ano, tive a oportunidade de juntar estes dois interesses no desenvolvimento desta tese de mestrado.

Foi-me proposto modelar a a¸c˜ao do elemento qu´ımico Carbono, na videira, importante para perceber o seu impacto na pegada de Carbono de uma regi˜ao de vinhos. Esta proposta pro-veio da associa¸c˜ao ”ADVID - Associa¸c˜ao para o desenvolvimento da viticultura duriense”que tem em desenvolvimento um projeto para a sustentabilidade ambiental na regi˜ao de vinhos do Douro. ´E importante desenvolver ferramentas que avaliem o impacto ambiental de todo o processo produtivo do vinho, desde a cria¸c˜ao da vinha at´e ao consumidor final.

O objetivo deste modelo ´e perceber a dinˆamica do Carbono na videira, como ´e captado pela planta e consumido nas suas estruturas fundamentais. Ser´a constru´ıdo um modelo matem´atico para a dinˆamica do Carbono na videira, com base no modelo de Wermelinger et al [8]. Este artigo apresenta eventualmente algumas gralhas que tornam impeditiva qualquer calibra¸c˜ao objetiva dos resultados apresentados, ficando esta necess´aria calibra¸c˜ao para trabalho futuro. O modelo ser´a implementado em MATLAB e ser´a feita a interpreta¸c˜ao dos resultados obtidos.

1.2

A Matem´

atica no planeta Terra

O ano de 2013 foi considerado pela UNESCO como o Ano Internacional da Matem´atica no planeta Terra. ´E uma forte motiva¸c˜ao para o desenvolvi-mento deste modelo matem´atico aplicado `a Biologia e portanto, aplicado ao nosso planeta. No ˆambito desta comemora¸c˜ao foram realizadas duas conferˆencias na Funda¸c˜ao Calouste Gulbenkian em Lisboa, nas quais tive o prazer de apresentar vers˜oes preliminares e abreviadas do trabalho que desenvolvi para esta tese.

(10)

CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO 2

1.3

Avalia¸

ao ambiental no setor vitivin´ıcola

Participei no workshop promovido pela ADVID, na cidade do Peso da R´egua, bem no cora¸c˜ao do Douro vinhateiro, no qual diversos investigadores, t´ecnicos e produtores de vinho da regi˜ao discutiram o projeto que a associa¸c˜ao est´a a desenvolver para avaliar o impacto ambiental da produ¸c˜ao de vinhos.

Est˜ao a ser desenvolvidos modelos [12] que, a partir das quantidades de mat´erias primas, ´

agua, energia e materiais usados na produ¸c˜ao do vinho, conseguem estimar o impacto ambiental, a contribui¸c˜ao para o aquecimento global, acidifica¸c˜ao do ar, etc. A pegada de Carbono estimada num estudo realizado para a regi˜ao de vinhos verdes [12] foi de 3.5Kg.CO2

por garrafa de vinho de 0.75L.

Foram apresentados tamb´em dois projetos, um para o balan¸co de Carbono e outro sobre pr´aticas de gest˜ao do solo da vinha. O que est´a diretamente relacionado com o modelo desta tese ´e o projeto do balan¸co do Carbono na videira, onde se pretende estimar o Carbono que entra, o que fica e o que sai da planta. A quantidade que entra ´e praticamente a que sai, quer pela respira¸c˜ao, quer nas estruturas anuais que no fim de cada ´epoca saem da planta, com exce¸c˜ao de uma pequena quantidade que fica nas ra´ızes mais antigas e no tronco.

No final, concluiu-se que ainda muito est´a por fazer e que todas as contribui¸c˜oes s˜ao bem vindas para avaliar o impacto ambiental no setor vitivin´ıcola para se atingir uma produ¸c˜ao sustent´avel de vinhos na regi˜ao do Douro.

1.4

Resumo da literatura consultada

O modelo apresentado neste trabalho baseia-se no modelo elaborado em 1991 por Werme-linger et al [8]. Para introdu¸c˜ao ao tema foram lidos diversos artigos dos quais se destacam os a seguir resumidos.

O estudo Duchˆene et al [1] pretendeu avaliar os parˆametros que afetaram as mudan¸cas na produ¸c˜ao de vinho na regi˜ao de Alsace, em Fran¸ca, derivadas das mudan¸cas clim´aticas que o planeta tem sido alvo. Com isso, os autores pretendiam prever as potenciais consequˆencias na fisiologia da videira e antecipar os ajustes necess´arios na ind´ustria vin´ıcola para fazer face aos novos desafios provocados pelas altera¸c˜oes clim´aticas. Verificaram que, devido ao aumento da temperatura, as datas de abrolhamento (aparecimento dos rebentos), flora¸c˜ao (aparecimento das flores) e colora¸c˜ao dos bagos (passagem da cor verde para a cor madura) foram alteradas em 15 e 23 dias, respetivamente, comparando o ano de 2003 e o de 1965. Assim, os autores conclu´ıram que o aumento da temperatura e do CO2 na atmosfera pode

levar a um forte potencial clim´atico para a produ¸c˜ao de biomassa, mas que requer um aumento da disponibilidade de ´agua. Seria necess´ario ajustar a produ¸c˜ao de uvas na regi˜ao, como por exemplo, escolher plantas mais tolerantes `as condi¸c˜oes de seca e/ou plantar em altitudes superiores.

(11)

CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO 3

A produ¸c˜ao de vinho com pr´aticas sustent´aveis pode ser economicamente vi´avel, pois, segundo o estudo de Forbes et al [2], mais de 75% dos inquiridos prefeririam consumir vinho produzido desta forma, e que a qualidade deste n˜ao seria afetada pelas mudan¸cas na produ¸c˜ao, segundo crˆeem 53% dos entrevistados. Mesmo com um aumento de pre¸cos, 73% dos consumidores que responderam ao inqu´erito estariam dispostos a pagar mais por um vinho sustent´avel.

Dependendo da aplica¸c˜ao de fertilizantes e das pr´aticas de lavoura no terreno, a principal fonte de gases de efeito de estufa na vinha s˜ao os combust´ıveis f´osseis oriundos das opera¸c˜oes com tratores, irriga¸c˜ao e rede el´etrica, segundo o estudo de Carlisle et al no estado da Calif´ornia nos EUA [3]. As caracter´ısticas do solo, como temperatura, conte´udo de Carbono e n´ıveis de humidade e Oxig´enio, bem como o seu manejo, tamb´em influenciam as emiss˜oes destes gases pela vinha.

Segundo o estudo de Smart et al [4] desenvolvido ao longo de 7 anos em Napa Valley na Calif´ornia, EUA, o tipo de lavoura utilizada tem implica¸c˜oes na quantidade de ra´ızes que a planta produz. Neste estudo, plantaram cevada no terreno entre as filas de videiras e experimentaram dois regimes de lavoura. A m´ınima (trabalha-se a terra com uma grade de disco com 2.5 cm de profundidade no outono) e a convencional (2 vezes por ano, a 20 cm de profundidade, na primavera e no ver˜ao). Os autores conclu´ıram que, impondo a lavoura m´ınima, aumenta a produ¸c˜ao de ra´ızes e, portanto, a quantidade de Carbono abaixo do solo.

No artigo de Le Roux et al [5] em que s˜ao comparados v´arios modelos para o crescimento de plantas, a estrutura geral desses modelos engloba diferentes submodelos, cada um des-crevendo um processo do Carbono, como a produ¸c˜ao fotossint´etica, a respira¸c˜ao, as reservas e a aloca¸c˜ao (distribui¸c˜ao) e assimila¸c˜ao (capta¸c˜ao a partir meio ambiente) nas diversas estruturas da planta. A dinˆamica do Carbono e o crescimento s˜ao essencialmente idˆenticas entre as v´arias esp´ecies de plantas, diferindo apenas em parˆametros espec´ıficos. Podem ser vistos como modelos determin´ısticos que usam equa¸c˜oes diferenciais.

´

E importante, de facto, a modela¸c˜ao, n˜ao s´o do Carbono na videira e do crescimento da planta, mas tamb´em do seu impacto na pegada de Carbono de uma regi˜ao vin´ıcola e na produ¸c˜ao sustent´avel de vinhos.

(12)

Cap´ıtulo 2

Modelo de assimila¸

ao e aloca¸

ao do

Carbono

Neste cap´ıtulo ser´a apresentado um modelo matem´atico para a assimila¸c˜ao e aloca¸c˜ao do Carbono na videira, tendo por base o modelo de Wermelinger et al [8]. No entanto, outros modelos foram estudados e s˜ao a seguir resumidos. Mas antes, e como este trabalho ´e de Engenharia Matem´atica, e n˜ao de Viticultura, conv´em rever alguns aspetos da Biologia que s˜ao importantes para melhor o compreender.

2.1

Considera¸

oes Biol´

ogicas

O Carbono ´e um elemento qu´ımico que ´e constituinte de todos os seres vivos. Combinado com a mol´ecula de Oxig´enio, existe na atmosfera sob a forma de Di´oxido de Carbono, CO2.

Este g´as ´e captado pelas plantas nas suas folhas que, usando a energia da radia¸c˜ao solar e a ´

agua proveniente do solo, o transformam em Hidratos de Carbono e Oxig´enio, num processo denominado de Fotoss´ıntese, cuja equa¸c˜ao qu´ımica ´e a seguinte:

6CO2+ 6H2O + energia −→ C6H12O6+ 6O2 (2.1)

A videira Vitis vinifera L. ´e uma planta permanente que atinge a maturidade reprodutiva em 4 ou 5 anos [7] e mant´em-se economicamente produtiva por mais de 50 anos. Na figura 2.1 est´a esquematizada a videira e as suas estruturas fundamentais para este trabalho.

Os Hidratos de Carbono produzidos nas folhas s˜ao distribu´ıdos pela planta aos tecidos em crescimento que necessitam desta fonte de energia. A maior parte dos Hidratos s˜ao usados na respira¸c˜ao da planta e na produ¸c˜ao de fruta [3]. As videiras maiores e mais velhas requerem maiores quantidades de energia para se manterem vivas em rela¸c˜ao `as videiras jovens e de menor porte, devido `a maior quantidade de ra´ızes e madeira. A quantidade de Hidratos de Carbono dispon´ıvel ´e afetada pelas caracter´ısticas e manuten¸c˜ao da vinha, pois depende do r´acio entre a interce¸c˜ao da luz solar e a ´area n˜ao sombreada da folha.

(13)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 5

Figura 2.1: Videira e suas estruturas

O desenvolvimento da videira ao longo do ano pode ser dividido em 3 fases [1]:

1. desde o abrolhamento `a flora¸c˜ao, per´ıodo em que se desenvolvem os organismos vege-tativos (as folhas, os rebentos e as ra´ızes) e as inflorescˆencias/flores (Fig. 2.2). Ocorre desde mar¸co/abril at´e junho;

2. desde a flora¸c˜ao `a colora¸c˜ao dos bagos, ´epoca em que a planta acumula biomassa e o desenvolvimento vegetativo j´a ´e suficiente. O intervalo temporal desta fase ´e entre junho e agosto;

3. desde a colora¸c˜ao `a vindima, aquando da mudan¸ca de cor dos bagos e da acumula¸c˜ao de a¸c´ucares. Esta fase decorre entre agosto e setembro/outubro.

(14)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 6

No entanto, estas fases podem variar ligeiramente conforme a casta das videiras, o solo, as temperaturas e a radia¸c˜ao solar. A vindima pode ocorrer no intervalo de tempo entre meados de setembro at´e meados de outubro. Tudo depende do estado de matura¸c˜ao das uvas e dos seus n´ıveis de a¸c´ucar e nenhum ano ´e igual a qualquer outro anterior.

As unidades de tempo usadas neste tipo de modelos s˜ao o dia e o Degree-day (DD). Este ´

ultimo consiste na soma acumulada de temperatura di´aria que excede um determinado limiar de desenvolvimento. Para o caso das videiras, esse limiar ´e 10oC [1]. Por vezes ´e

necess´ario exprimir o tempo nesta unidade pois algumas fun¸c˜oes ou vari´aveis dependem das temperaturas ao longo do ano e n˜ao dos dias do ano. Exemplificando, o aparecimento dos primeiros rebentos n˜ao tem necessariamente que ocorrer no dia 10 de mar¸co de todos os anos, pois as condi¸c˜oes meteorol´ogicas podem n˜ao ter sido favor´aveis a essa ocorrˆencia. Mas dever´a acontecer aos 36 DD. Na g´ıria agr´ıcola, costuma-se dizer que o desenvolvimento das culturas ”este ano est´a mais atrasado”ou ”este ano est´a mais adiantado”. E isto deve-se `a acumula¸c˜ao de DD desse ano. Se for um ano mais quente, a acumula¸c˜ao de DD ´e mais intensa e as culturas desenvolvem-se mais r´apido, ao inv´es do que acontece quando o ano ´e mais frio.

Na figura 2.3 est´a esquematizado o crescimento das estruturas da videira ao longo do ano, de acordo com os Degree-days calculados para temperaturas do ano de 2012 que ser˜ao apresentadas na sec¸c˜ao 2.5.

Figura 2.3: Calend´ario anual do desenvolvimento da videira. Os valores dos Degree-days foram obtidos quer no artigo [8] (a cor de rosa), quer por c´alculos diretos (a azul), ou mesmo por conhecimento pr´oprio do momento em que cada estrutura come¸ca a emergir e da sua dura¸c˜ao (a vermelho) . Como c´alculos diretos entende-se: a assun¸c˜ao de que o aparecimento dos rebentos e das ra´ızes ocorre antes do aparecimento das flores, ou seja, n˜ao h´a flores sem que todos os rebentos estejam j´a na planta; o desenvolvimento das flores ocorre antes de aparecerem os primeiros bagos de uvas, como ´e l´ogico; no fim do ano, os Degree-days voltam a zero.

(15)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 7

2.2

Alguns modelos para o Carbono na videira

O modelo de Bindi et al [6] tem como objetivo avaliar o impacto das altera¸c˜oes clim´aticas na produ¸c˜ao de uvas. Simula as v´arias fases de desenvolvimento da videira e o comportamento do Carbono. Os processos simulados s˜ao: a) a ontogenia (conjunto das transforma¸c˜oes que um ser vivo tem ao longo da vida) e a dura¸c˜ao de cada etapa de desenvolvimento da planta; b) a ´area foliar que ´e estimada com base no n´umero de rebentos e a taxa de crescimento e expans˜ao das folhas; c) a acumula¸c˜ao de biomassa, que ´e calculada com base na eficiˆencia do uso da radia¸c˜ao solar captada pela folha que depende da ´area foliar estimada; d) o crescimento da fruta, cujo c´alculo assume que o ´ındice de biomassa da fruta aumenta linearmente durante o seu crescimento. Este ´ındice ´e calculado como o r´acio entre o peso da fruta e o peso total da planta. Os autores testaram e validaram o modelo para duas castas com dados da regi˜ao de Bolonha em It´alia. Ap´os terem feito a an´alise de sensibilidade para os parˆametros temperatura, radia¸c˜ao solar e concentra¸c˜ao de CO2, os autores testaram o

modelo para condi¸c˜oes clim´aticas atuais e futuras, produzidas por um gerador de condi¸c˜oes meteorol´ogicas. Conclu´ıram que, um aumento da temperatura reduz substancialmente a quantidade de fruta e a mat´eria seca total, uma vez que reduz a dura¸c˜ao das ´epocas de crescimento e do amadurecimento. Contudo, as temperaturas elevadas no in´ıcio da esta¸c˜ao levam a um r´apido aumento da ´area foliar com efeito positivo na acumula¸c˜ao de biomassa. Os autores concluem tamb´em que, entre outras coisas, uma mudan¸ca de 6% na quantidade de radia¸c˜ao prevista pelas condi¸c˜oes futuras quase n˜ao tem influˆencia na produ¸c˜ao de uvas.

O modelo de Guti´errez et al [7], algo parecido com o modelo de Wermelinger et al [8], tem como objetivo descrever o crescimento de algumas partes da planta ao longo do ano. Usa dados recolhidos na Calif´ornia, EUA. Os produtos derivados da Fotoss´ıntese que est˜ao dispon´ıveis para a planta consumir em cada dia, Q(t), s˜ao modelados pela equa¸c˜ao di-ferencial dQ(t)

dt =

dP (t) dt −

dD(t)

dt , onde P (t) ´e a quantidade de produtos fotossint´eticos produzida pelas folhas em cada dia e D(t) a necessidade que a videira tem destes produtos para o seu normal funcionamento e crescimento, que combina as necessidades de todas as partes da videira. Estes produtos dispon´ıveis v˜ao sendo consumidos pela planta de acordo com um esquema de prioridades, come¸cando na respira¸c˜ao, passando pela reprodu¸c˜ao e terminando no crescimento vegetativo. As equa¸c˜oes que modelam o crescimento das diversas partes da planta s˜ao dadas por: ∂i

∂t + ∂i

∂a = −µi(t, a) i (t, a), para as massas de i = {L - folhas, S - rebentos, R - raizes e F - fruta} onde µi(t, a) representa a taxa de

mortalidade para idade a e dia t. Os autores aplicaram este modelo aos dados referidos e, apesar das dificuldades encontradas na estima¸c˜ao de parˆametros, este modelo simulou de uma forma convincente o essencial dos padr˜oes de crescimento das plantas do tipo da videira.

No artigo de Le Roux et al [5] s˜ao revistos 27 modelos de Carbono para diversas esp´ecies entre os quais o modelo de Wermelinger et al [8]. S˜ao apresentadas v´arias formula¸c˜oes para os diversos processos da vida do Carbono, resumindo o que se encontra nos modelos analisados.

(16)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 8

Em Wermelinger et al [8], o modelo que serve de base a este trabalho, os autores constru´ıram um modelo combinado de assimila¸c˜ao e aloca¸c˜ao do Carbono e do Nitrog´enio nas videiras, usando dados da cidade de Zurique, na Su´ı¸ca. ´E um modelo demogr´afico pois modela a quantidade de mat´eria seca (Carbono) e de Nitrog´enio em cada classe et´aria do estado de desenvolvimento das v´arias estruturas da planta, atrav´es de equa¸c˜oes diferenciais. Como os autores sugerem, este modelo pode ser aplicado sem ser considerado o Nitrog´enio. Com isto, foi criado e implementado um modelo semelhante a [8], mas apenas para o Carbono, que a seguir se descreve. As principais diferen¸cas encontram-se na reescrita de algumas express˜oes, novas interpreta¸c˜oes de vari´aveis, implementa¸c˜ao num software apropriado e aplica¸c˜ao a dados da regi˜ao vin´ıcola do Douro.

(17)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 9

2.3

Estrutura geral do modelo

Com este modelo pretende-se perceber, modelando matem´aticamente, de que forma ´e o Carbono assimilado por uma videira, em que estruturas da planta ´e consumido, como varia a sua quantidade na fruta e qual a quantidade armazenada nas reservas para a ´epoca seguinte. Como j´a foi referido para o modelo de Guti´errez et al [7], os Hidratos de Carbono ser˜ao consumidos respeitando um conjunto de prioridades que est˜ao esquematizadas na figura 2.4.

Figura 2.4: Prioridades no consumo do Carbono nas diversas estruturas da videira

Em primeiro lugar no consumo de Carbono est´a a respira¸c˜ao, essencial para assegurar as fun¸c˜oes vitais da planta. Quando n˜ao houver Carbono para a respira¸c˜ao a planta morre. Depois, o crescimento reprodutivo consome Hidratos de Carbono para formar e desenvolver as inflorescˆencias que originar˜ao o fruto. O crescimento vegetativo ´e respons´avel pelo desenvolvimento da parte vegetativa da planta que s˜ao as folhas, as ra´ızes, e os rebentos e constitu´ı a 3.a e ´ultima prioridade, finda a qual o restante Carbono n˜ao usado ´e acumulado nas reservas para o dia seguinte.

O principal foco deste modelo ´e a quantidade de Carbono nas folhas, que, uma vez realizada a Fotoss´ıntese, vai ser consumido, sob forma de Hidratos de Carbono, nas outras partes fundamentais da planta, as ra´ızes, os rebentos e a fruta.

Segundo Wermelinger et al [8], a longevidade das folhas ´e cerca de τL = 750DD, a dos

rebentos ´e τS = 600DD e a das ra´ızes ´e τR = 150DD. Ou seja, durante esse tempo est˜ao

em desenvolvimento. Quando atingem esta idade assume-se que est˜ao mortas e n˜ao se desenvolvem mais.

Seja Qj a popula¸c˜ao correspondente `a estrutura j = L, S ou R, respetivamente, Folhas (L,

da palavra inglesa Leaves), Rebentos (S, da palavra inglesa Shoots) e Ra´ızes (R, tamb´em da palavra inglesa Roots). As folhas s˜ao representadas por dois atributos: o n´umero de folhas e a quantidade de Carbono, em gramas. O rebentos e as ra´ızes apenas se representam pela quantidade de Carbono, em gramas. Cada Qj associa-se a um vetor de tamanho cl cuja

i-´

esima entrada representa a i-´esima classe et´aria do desenvolvimento da planta. Como classe et´aria entende-se um estado de desenvolvimento de cada popula¸c˜ao considerada, agrupando-se os individuos de acordo com as suas caracter´ısticas. Por exemplo, quando come¸cam a crescer, as folhas pertencem `as primeiras classes et´arias. Depois v˜ao-se desenvolvendo e, de acordo com as suas caracter´ısticas, passam a pertencer `as classes et´arias seguintes. No fim da ´epoca, quando as folhas j´a est˜ao acastanhadas, pertencem `as ´ultimas classes et´arias de

(18)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 10

desenvolvimento. Para todas as popula¸c˜oes foram consideradas cl = 30 classes et´arias [8]. Para cada popula¸c˜ao e para cada instante de tempo, ´e necess´ario calcular:

• o input Ij de novos membros (novas folhas e quantidades de Carbono que entram no

sistema);

• as taxas de transi¸c˜ao Tj,i entre as sucessivas classes et´arias de acordo com o

desenvol-vimento de cada individuo da popula¸c˜ao;

• as taxas de crescimento Dj,i dos indiv´ıduos em cada classe et´aria;

• o output Oj, ou seja, o fim do ciclo, quando ocorre a desfolha e a poda.

Qj,1(t) Dj,1(t) ... Qj,i(t) Dj,i(t) ... Qj,cl(t) Dj,cl(t) Tj,1(t) Tj,i−1(t) Tj,i(t) Tj,cl−1(t) Oj(t) Ij(t)

O diagrama anterior pode ser escrito sob forma de sistema dinˆamico, que corresponde `a estrutura geral deste modelo:

                               dQj,1 dt = Ij(t) − Tj,1(t) + Dj,1(t)Qj,1(t) dQj,2 dt = Tj,1(t) − Tj,2(t) + Dj,2(t)Qj,2(t) .. . dQj,i

dt = Tj,i−1(t) − Tj,i(t) + Dj,i(t)Qj,i(t) ..

. dQj,cl

dt = Tj,cl−1(t) − Oj(t) + Dj,cl(t)Qj,cl(t)

(2.2)

Na pr´oxima sec¸c˜ao, este sistema ´e particularizado para cada estrutura da videira. Para calcular cada uma das parcelas referidas e assim alimentar esses sistemas ´e necess´ario introduzir as express˜oes para a necessidade de Carbono, disponibilidade de Carbono e r´acios de crescimento.

Entende-se por necessidade de Carbono a quantidade deste elemento que cada estrutura necessita e procura para o seu bom desenvolvimento:

• nas novas folhas da primeira classe et´aria, a necessidade de Carbono ´e proporcional ao n´umero potencial de novas folhas:

(19)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 11

– e o n´umero potencial de novas folhas nω, em cada instante de tempo (dia), ´e

calculado pelo produto entre a taxa de produ¸c˜ao di´aria de folhas por rebento (ω(t)), o n´umero de rebentos (nS) e a varia¸c˜ao t´ermica di´aria (∆D). Esta ´ultima

vari´avel corresponde `a quantidade de Degree-days de cada dia t. A taxa ω ´e proporcional ao valor dos DD acumulados at´e esse dia [8], ω(t) = γ × DD(t);

nω(t) = ω(t) · nS· ∆D (2.4)

• nas folhas existentes em cada classe et´aria, a necessidade ´e a soma, sobre todas as classes et´arias, do produto entre a taxa de crescimento potencial das folhas em cada classe et´aria, a varia¸c˜ao t´ermica di´aria e o n´umero de folhas em cada classe (nL,i):

bL2 = cl

X

i=1

δL,i· nL,i· ∆D (2.5)

– A taxa de crescimento potencial das folhas em cada classe et´aria, δL,i, varia com

a idade das folhas. Se a idade for inferior a 250 DD, δL,i = 0.003gDD−1. Caso

contr´ario, δL,i = 0.0006gDD−1 [8];

• nos rebentos, ra´ızes anuais, tronco (engloba todas as partes permanentes da planta ao longo dos anos, ou seja, o tronco e os ramos e ra´ızes de madeira mais antigos) e reservas, a necessidade de Carbono ´e proporcional `a necessidade das folhas:

bS = c2(bL1+ bL2)

bR= c3(bL1+ bL2)

bT r = c4(bL1+ bL2)

bRes = c5(bL1+ bL2)

(2.6)

• no caso das inflorescˆencias, a necessidade depende da existˆencia de fruta:

– ´e proporcional `a necessidade das folhas at´e ao aparecimento dos primeiros bagos de uva, o que ocorre cerca dos 536 DD [8]:

bF = c6(bL1+ bL2) (2.7)

– Quando os bagos de uva crescem, a necessidade da fruta corresponde ao produto entre o n´umero de bagos de uva (nF), a sua necessidade de Carbono individual 1

e a varia¸c˜ao t´ermica di´aria:

bF = δF · nF · ∆D (2.8)

– Ap´os a vindima, a necessidade de Carbono na fruta ´e nula pois esta j´a n˜ao existe na videira.

1 δ

F = −0.002 + 6.15 + 6t1− 3.85 × 10−9t21 onde t1 corresponde ao tempo que passou, em DD, desde o

(20)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 12

Al´em das estruturas, e como j´a foi referido no esquema da figura 2.4, a planta necessita de Carbono para a sua respira¸c˜ao. Considera-se que ´e constante esse valor bM r = 0.03. [8]

Converter os produtos fotossint´eticos em mat´eria tem um custo energ´etico associado [8], β = 0.3. O complementar 1 − β = 0.7 ser´a o custo da convers˜ao do Carbono necess´ario nas diversas estruturas.

Assim, a necessidade di´aria total de Carbono ´e dada por:

bT ot = (bF + bL1+ bL2+ bR+ bS + bT r) / (1 − β) + bRes+ bM r (2.9)

Para abreviar, define-se a necessidade vegetativa como sendo a soma de todas as necessidades das partes vegetativas (folhas, ra´ızes, rebentos e tronco), ou seja,

bV eg = bL1+ bL2+ bR+ bS+ bT r (2.10)

Como j´a foi referido na sec¸c˜ao 2.1, o Carbono entra na planta atrav´es da Fotoss´ıntese e a sua quantidade depende da radia¸c˜ao que as folhas recebem em cada dia. Assim, os recursos de Carbono em fun¸c˜ao da radia¸c˜ao (rad) podem ser modelados [8] por,

M = 4.14 · c7· Ω · rad (2.11)

onde Ω ´e a densidade de planta¸c˜ao das videiras e c7 a propor¸c˜ao da ´area das folhas que n˜ao

est´a sombreada. A luz que ´e intercetada pela folha obedece `a seguinte express˜ao:

a = 1 − e−λ·LAI (2.12)

onde λ ´e o coeficiente de extin¸c˜ao da luz, que corresponde `a for¸ca com que esta ´e absorvida pela folha e LAI ´e o ´ındice ´area-folha que caracteriza toda a folhagem da planta e pode ser modelado pela seguinte express˜ao:

LAI =

cl

X

i=1

(QLc,i· SLAi· LEi) / (c7· Ω) (2.13)

onde QLc,i´e a quantidade de Carbono das folhas da classe et´aria i, SLAi 2´e a ´area especifica

da folha que corresponde ao r´acio entre a ´area e o peso da folha em mat´eria seca e LEi 3 ´e

o coeficiente de eficiˆencia energ´etica que ´e a fra¸c˜ao da energia da luz solar que ´e convertida em material fotossint´etico [8].

Com estes parˆametros relativos `a luz captada pelas folhas da videira, pode ser calculada a disponibilidade de Carbono que corresponde `a produ¸c˜ao efetiva de Carbono pelas folhas tendo em conta, n˜ao s´o os parˆametros da luz, mas tamb´em a necessidade total de Carbono:

S = bT ot1 − e−aM/bT ot  (2.14) 2 SLA i= ( 8.26 × 10−3+ 1.74 × 10−4t − 5.46 × 10−7t2 m2g−1, se t ≤ 250DD 1.95 × 10−2− 5.37 × 10−6t m2g−1, se t > 250DD 3 LE i= 1.43t2 1.05t2, onde t2= t 10DD

(21)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 13

Com esta disponibilidade, pode ser calculado o Carbono efetivo que ser´a distribu´ıdo pela planta seguindo as prioridades referidas (figura 2.4). Assim, a quantidade de Hidratos de Carbono dispon´ıveis para o crescimento di´ario da planta ´e a soma entre a disponibilidade de Carbono e uma fra¸c˜ao de Carbono armazenada nas reservas, que n˜ao fora usado nos dias anteriores:

C1 = S + αZ (2.15)

A partir daqui entra em ac¸c˜ao o esquema de prioridades. A primeira prioridade consome bM r = 0.03 gramas do Carbono dispon´ıvel, restando para a 2.a prioridade,

C2 = C1− bM r (2.16)

O consumo para a reprodu¸c˜ao (flores e fruta - 2.a prioridade), corresponde a uma fra¸c˜ao do

Carbono dispon´ıvel C2. Essa fra¸c˜ao ´e o coeficiente de crescimento da fruta, que pode ser

dado por,

φF = β

bF

bT ot

(2.17)

Assim, resta para a 3.a prioridade,

C3 = C2− φFC2 (2.18)

Analogamente, calcula-se um outro coeficiente de crescimento, neste caso o vegetativo, que se usa nos submodelos apresentados na sec¸c˜ao seguinte, e corresponde `a fra¸c˜ao de Carbono que ´e consumida na 3.a prioridade.

φV = β

bV eg

bT ot

(2.19)

O ´ultimo consumo ´e ent˜ao φVC3, sendo adicionada `as reservas a quantidade

C4 = C3− φVC3 (2.20)

de Carbono n˜ao consumido em cada dia.

Por fim, resta referir que o incremento di´ario em Carbono na massa das inflorescˆencias ´e o produto entre a necessidade de Carbono e o coeficiente de crescimento, ambos da fruta, e que, o incremento di´ario no tronco ´e tamb´em produto da necessidade do tronco e do coeficiente vegetativo:

∆F = bF · φF

∆T r = bT r· φV

(22)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 14

2.4

Submodelos

2.4.1

Modelos para as folhas

Como foi referido na sec¸c˜ao anterior, as folhas s˜ao representadas pelo seu n´umero e pela sua quantidade de Carbono. Assim, ser˜ao necess´arios dois sistemas dinˆamicos para esta estrutura: no folhas                          dQLn,1 dt = nw(t) × φV ∆D − TLQLn,1 .. . dQLn,i dt = TL(QLn,i−1− QLn,i) .. . dQLn,30 dt = TLQLn,29− QLn,30 (2.22)

A varia¸c˜ao do n´umero de folhas na videira ao longo do tempo, na primeira classe et´aria contempla a quantidade de novas folhas que ser˜ao formadas nesse intervalo de tempo `a qual ´

e subtra´ıda uma fra¸c˜ao que transita para a classe et´aria seguinte. Nas classes interm´edias a sua varia¸c˜ao corresponde apenas `a diferen¸ca entre o n´umero de folhas que prov´em da classe anterior e o que transita para a seguinte, pois assume-se que esse n´umero de folhas n˜ao sofre altera¸c˜oes significativas derivadas de acontecimentos espor´adicos como ventos fortes ou queda de granizo que levam ao desaparecimento de algumas unidades. Na ´ultima classe et´aria assume-se que todas as folhas desaparecem pois no fim do ano, no outono, a videira perde todas as folhas.

C nas folhas                          dQLc,1 dt = bL1(t) × φV ∆D − TLQLc,1+ δL,1× QLn,1(t) × φV ∆D .. . dQLc,i dt = TL(QLc,i−1− QLc,i) + δL,i× QLn,i(t) × φV ∆D .. . dQLc,30 dt = TLQLc,29+ δL,30× QLn,30(t) × φV ∆D − QLc,30 (2.23)

A varia¸c˜ao, por unidade de tempo, da quantidade de Carbono nas folhas da videira na primeira classe et´aria, depende da necessidade de Carbono, do n´umero de folhas (QLn,1)

nesta classe em cada dia do ano e da respetiva taxa de crescimento. Nas classes interm´edias, ao contr´ario do que acontece no sistema anterior, as folhas v˜ao-se desenvolvendo, e, portanto, a sua varia¸c˜ao de Carbono depende do crescimento que cada folha tem, al´em da diferen¸ca entre a quantidade de Carbono nas folhas que entram, vindas da classe et´aria anterior, e das que saem para a seguinte. Na ´ultima classe ´e an´alogo, mantendo-se as perdas totais de folhas que ocorrer˜ao no outono.

(23)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 15

2.4.2

Modelos para os rebentos

C nos rebentos                          dQS,1 dt = bS(t) × φV ∆D − TSQS,1 .. . dQS,i dt = TS(QS,i−1− QS,i) .. . dQS,30 dt = TSQS,29− QS,30 (2.24)

Relativamente `a quantidade de rebentos, a sua varia¸c˜ao ao longo do tempo ´e an´aloga `a varia¸c˜ao para o n´umero de folhas [8]. Na primeira classe et´aria depende da necessidade de Carbono e do coeficiente de crescimento vegetativo, nas classes interm´edias assume-se que n˜ao ocorre consumo de Carbono acrescido pelo aumento do tamanho dos rebentos [8] e na ´

ultima classe et´aria, mais uma vez, a quantidade de Carbono nos rebentos vai para zero pois no outono ocorre a poda que despe a planta de qualquer rebento, nesta fase j´a chamado de vide/ramo.

2.4.3

Modelos para as ra´ızes

C nas ra´ızes                          dQR,1 dt = bR(t) × φV ∆D − TRQR,1 .. . dQR,i dt = TR(QR,i−1− QR,i) .. . dQR,30 dt = TRQR,29− QR,30 (2.25)

O modelo para a quantidade de Carbono nas ra´ızes ´e igual ao dos rebentos com a necess´aria altera¸c˜ao da necessidade de Carbono, que passa a ser a das ra´ızes. Volta-se a assumir que nas classes interm´edias n˜ao ocorre consumo significativo de Carbono com o desenvolvimento das ra´ızes [8] e que no outono todas estas ra´ızes anuais desaparecem, passando a ser ra´ızes de madeira e a fazer parte da estrutura fixa da planta, o tronco.

(24)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 16

2.5

Dados e implementa¸

ao

Apresentado que est´a o modelo, h´a que implement´a-lo. Mas antes disso, ´e necess´ario referir quais os valores das constantes que aparecem no modelo, e que s˜ao, na maioria, as mesmas do artigo de Wermelinger et al [8] Na tabela seguinte, est˜ao listadas todas as constantes e os referidos valores.

nS n´umero inicial de rebentos 14.2

Fr peso inicial da estrutura 865 gramas

c9 fra¸c˜ao do peso da estrutura para a reserva inicial 0.1

γ constante de w 0.005 c1 constante de bL1 0.005 c2 constante de bS 0.6 c3 constante de bR 0.2 c4 constante de bT r 0.1 c5 constante de bRes 0.7 c6 constante de bF 0.1

nF n´umero de inflorescˆencias 470

c7 propor¸c˜ao de ´area da folha n˜ao sombreada 0.75

λ constante taxa interse¸c˜ao da luz 0.6 TL taxa de transi¸c˜ao entre as classes et´arias cl/τL

para os modelos das folhas

QS taxa de transi¸c˜ao entre as classes et´arias cl/τS

para o modelo dos rebentos

QR taxa de transi¸c˜ao entre as classes et´arias cl/τR

para o modelo das ra´ızes

α por¸c˜ao das reservas usada em cada dia 0.02

Tabela 2.1: Tabela de parˆametros

Para a implementa¸c˜ao escolheu-se, entre outras possibilidades, o software MATLAB. ´E uma linguagem de alto n´ıvel e um ambiente interativo para computa¸c˜ao num´erica, visua-liza¸c˜ao e programa¸c˜ao. Permite a resolu¸c˜ao de problemas complexos atrav´es da combina¸c˜ao consertada de m´etodos num´ericos ”state of the art”eficientes.

A implementa¸c˜ao foi uma tarefa ´ardua, n˜ao pela dificuldade de programar, mas sim devido a todos os sistemas e express˜oes j´a referidas estarem interligados. Para resolver os sistemas, usou-se o m´etodo ode45 do MATLAB. Este m´etodo pr´e-definido no sistema usa os m´etodos de Runge-Kutta de 4.a e 5.a ordens 4 para resolver numericamente o sistema das equa¸c˜oes diferenciais. 5

4 Par (4,5) de Dormand-Prince, que usa seis avalia¸oes da fun¸ao para calcular as solu¸oes exatas de 4.a

e 5.a ordens. A diferen¸ca entre estas solu¸c˜oes ´e depois tomada como sendo o erro da solu¸c˜ao de 4.a ordem. Esta estimativa de erro ´e muito conveniente para algoritmos de integra¸c˜ao adaptativa a um passo. Para mais detalhe, cf. [9].

5Adicionalmente, e como experiˆencia, foi usado o m´etodo para problemas stiff ode23s. Os resultados s˜ao

(25)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 17

O programa est´a escrito de tal forma que, a qualquer momento, podem ser alterados os valores dos parˆametros referidos na tabela 2.1, sem alterar a estrutura do programa de forma a facilitar a altera¸c˜ao de parˆametros, independentemente da localiza¸c˜ao no c´odigo das express˜oes onde estes s˜ao requeridos.

A base de dados necess´aria para que o modelo funcione tem de conter as temperaturas ambiente e a radia¸c˜ao solar dos anos e do local onde se quer testar. Os dados utilizados foram retirados da Internet, na referˆencia [10] para as temperaturas e [11] para a radia¸c˜ao solar. Como o objetivo deste modelo ´e a aplica¸c˜ao `a regi˜ao vin´ıcola do Douro, foram escolhidas as temperaturas e radia¸c˜ao solar da zona de Vila Real, a capital de distrito de Portugal mais pr´oxima da regi˜ao do Douro. Na figura 2.5 podem ver-se as temperaturas para o ano de 2012 dessa cidade.

A unidade Degree-days foi calculada para as temperaturas da base de dados e o seu gr´afico mostra-se na figura 2.6. Para melhor compreens˜ao fez-se uma mudan¸ca de escala apropriada a esta vari´avel de forma a poder comparar com os graus Celsius da temperatura di´aria (figura 2.7).

Relativamente `a radia¸c˜ao solar, os valores obtidos s˜ao valores m´edios mensais. N˜ao foi poss´ıvel encontrar valores di´arios. Da´ı o formato do gr´afico da figura 2.8.

Figura 2.5: Temperaturas m´axima, m´ınima e m´edia e amplitude di´aria para Vila Real no ano 2012

(26)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 18

Figura 2.6: Degree-days no ano 2012

Figura 2.7: Degree-days com apropriada mudan¸ca de escala para compara¸c˜ao com as temperaturas oC em cada dia no ano 2012

(27)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 19

Figura 2.8: Radia¸c˜ao solar para a zona de Vila Real no ano 2012

Al´em dos dados para o ano 2012, foi igualmente testado o modelo para 10 anos (de 2003 a 2012), cujas temperaturas m´edias est˜ao representadas no gr´afico 2.9 e a unidade DD na figura 2.10. Quanto `a radia¸c˜ao solar, assume-se que n˜ao tem altera¸c˜oes significativas de um ano para o outro e portanto ´e estendida para o teste nos 10 anos (Figura 2.11).

Figura 2.9: Temperaturas m´axima, m´ınima e m´edia e amplitude di´aria para Vila Real nos anos 2003 a 2012

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CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 20

Figura 2.10: Degree-days nos anos 2003 a 2012

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CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 21

2.5.1

Altera¸

oes ao modelo de Wermelinger et al.

Ao longo do ano de trabalho foram detetadas algumas poss´ıveis gralhas no artigo e modelo que serviu de base a este trabalho. Infelizmente n˜ao se conseguiu, atempadamente, obter esclarecimentos com os autores do artigo [8], para a devida corre¸c˜ao das poss´ıveis gralhas encontradas.

Assim, na tabela 2.2 apresenta-se uma corre¸c˜ao dessas poss´ıveis gralhas da forma que parece ser mais razo´avel.

Wermelinger et al. altera¸c˜ao

δF −0.002 + 6.15 − 6t1− 3.85 × 10−9t21 −0.002 + 6.15 + 6t1− 3.85 × 10−9t21

φF C2/ (bF/ (1 − β)) β (bF/bT ot)

φV C3/ (bV eg/ (1 − β)) β (bV eg/bT ot)

C3 C2− φF · bF/ (1 − β) C2− φFC2

C4 C3− φV · bV eg/ (1 − β) C3− φVC3

Tabela 2.2: Tabela de altera¸c˜oes ao modelo de Wermelinger et al.

Notou-se que estas imprecis˜oes e poss´ıveis erros de implementa¸c˜ao no software referido, n˜ao permitiram a calibra¸c˜ao quantitativa do modelo para os dados de Vila Real. Na tabela 2.3 est˜ao listados os ajustamentos aos parˆametros que foram efetuados para os dados de Vila Real e que foram introduzidas neste modelo.

Wermelinger et al. altera¸c˜ao

γ 0.05 0.005

c1 0.004 0.005

c2 1.1 0.6

c3 0.1 0.2

Tabela 2.3: Tabela de parˆametros ajustados

Assim, os resultados apresentados podem estar desfasados da realidade, ficando essa ne-cess´aria calibra¸c˜ao para trabalho futuro.

(30)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 22

2.6

Resultados

Com estes dados e com os parˆametros definidos na tabela 2.1, foi executado o modelo com os seus 4 sistemas de equa¸c˜oes diferenciais resolvidos com a fun¸c˜ao ode45 do MATLAB.

Figura 2.12: N´umero de folhas no ano 2012

No gr´afico 2.12, pode ver-se a quantidade de folhas que aparecem na videira ao longo do ano. A escala temporal parece adequada pois sabe-se que as folhas aparecem todas, ou quase todas, at´e julho (entre os dias 150 e 200) e que depois n˜ao ser˜ao formadas novas folhas. Como este gr´afico representa apenas a 1.a classe et´aria, o n´umero de folhas diminui

uma vez que transitam para as classes et´arias seguintes, como se pode ver na figura 2.13. Nestes gr´aficos, n˜ao aparecem as 30 curvas para as 30 classes et´arias, o que sugere que este valor ´e superior ao necess´ario para modelar o desenvolvimento da videira ao longo do ano. Tem-se ent˜ao 100 folhas, no m´aximo, na 1.a classe et´aria e 200 no total ao longo do ano, somando todas as classes et´arias.

(31)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 23

A quantidade de Carbono nas folhas da videira ao longo do ano est´a representada na figura 2.14. De igual modo, a escala temporal parece adequada. N˜ao se sabe se os valores resultantes est˜ao, ou n˜ao, de acordo com a realidade, pelo menos n˜ao ´e do conhecimento das fontes que foram consultadas.

Figura 2.14: Quantidade de Carbono nas folhas em 2012

Para os rebentos e ra´ızes, figuras 2.15 e 2.16 respetivamente, verifica-se um grande aumento da quantidade de Carbono no segundo trimestre do ano (entre os dias 100 a 150) e depois uma diminui¸c˜ao desta quantidade at´e ao fim da ´epoca `a medida que v˜ao passando de uma classe et´aria para a seguinte. Comparando os valores para os rebentos e para as ra´ızes, estes s˜ao aceit´aveis. De facto, as ra´ızes tˆem menos massa do que os rebentos/ramos da videira.

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CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 24

Figura 2.16: Quantidade de Carbono nas ra´ızes em 2012

Nos gr´aficos 2.17 e 2.18 s˜ao mostradas as varia¸c˜oes da quantidade de Carbono na fruta e no tronco ao longo do ano. Pode-se verificar que existe um per´ıodo de tempo em que h´a uma ligeira varia¸c˜ao na fruta, pois ´e o momento em que se come¸cam a desenvolver as inflorescˆencias. Depois, h´a varia¸c˜ao de maior amplitude, que decorre do in´ıcio da matura¸c˜ao das uvas. Os valores parecem exagerados, concerteza que a varia¸c˜ao do Carbono n˜ao ´e 106 gramas. Relativamente `a estrutura, ap´os a forma¸c˜ao das partes anuais da planta,

praticamente n˜ao haver´a varia¸c˜ao na sua quantidade de Carbono, como se vˆe no gr´afico 2.18. Os valores parecem adequados.

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CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 25

Figura 2.18: Varia¸c˜ao da quantidade de Carbono no tronco no ano 2012

Na figura 2.19 pode ver-se a quantidade de Carbono acumulada nas reservas. Come¸ca com 10% do peso da estrutura. No in´ıcio a acumula¸c˜ao ´e reduzida por duas raz˜oes: primeiro, a planta n˜ao produz muitos Hidratos de Carbono, pois a quantidade de energia solar recebida ´

e mais reduzida, uma vez que ´e inverno; segundo, porque as diversas partes da planta come¸cam a crescer e a consumir o pouco que a planta produz. Depois, a planta produz mais do que o necess´ario, e vai acumulando. Com esta acumula¸c˜ao a planta estar´a preparada para a nova ´epoca.

(34)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 26

Nas figuras seguintes s˜ao mostrados os consumos de Carbono pela planta de acordo com as diversas prioridades. Come¸cando pela quantidade dispon´ıvel para gastar, figura 2.20, e ap´os cada consumo, figuras 2.21, 2.22 e 2.23. Este ´ultimo representa tamb´em a quantidade n˜ao consumida e que ser´a adiciona `as reservas. Os gr´aficos s˜ao muito parecidos, mas n˜ao s˜ao iguais, como se comprova na figura 2.24. N˜ao parece, mas todos est˜ao abaixo da linha azul, do Carbono total dispon´ıvel, que n˜ao ´e vis´ıvel no gr´afico pois a amarela est´a muito pr´oxima uma vez que s´o muda 0.03 valores. A vermelha est´a abaixo da verde, pois ´e a ´ultima, a que vai ser adicionada `as reservas. Mais uma vez, n˜ao se sabe se estes valores est˜ao corretos ou n˜ao. No entanto, parecem exagerados. 10Kg de Carbono armazenado...´e muito Carbono.

Figura 2.20: Quantidade de Carbono que a planta tem para consumir ao longo do ano 2012

Figura 2.21: Quantidade de Carbono que a planta tem para consumir, ap´os o consumo na 1.a prioridade, ao longo do ano 2012

(35)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 27

Figura 2.22: Quantidade de Carbono que a planta tem para consumir, ap´os o consumo na 2.a prioridade, ao longo do ano 2012

Figura 2.23: Quantidade de Carbono que a planta n˜ao consumiu, ap´os o consumo na 3.a

(36)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 28

Figura 2.24: Quantidade de Carbono que a planta consumiu nas 3 prioridades e o que restou ao longo do ano 2012

Por fim, nas figuras 2.25, 2.26 e 2.27, est˜ao representados os resultados para a base de dados composta de temperaturas e radia¸c˜ao de uma d´ecada (2003 a 2012). Pode ver-se que, de facto, na Biologia, n˜ao h´a anos iguais. Alguns produzem mais folhas, e por isso, mais Carbono nessas folhas e nas restantes estruturas vegetativas. As varia¸c˜oes da quantidade de Carbono na fruta e no tronco tˆem o mesmo comportamento em todos os anos, embora alguns variem ligeiramente mais do que outros. Nos anos em que se verifica uma maior produ¸c˜ao de folhas verifica-se tamb´em um maior consumo de Carbono, pois, como j´a foi referido, a existˆencia de mais folhas implica maior capacidade da planta de produzir os Hidratos de Carbono pela Fotoss´ıntese. N˜ao se pode concluir que estes aumentos de produ¸c˜ao foliar se devam `as temperaturas, pois, como se vˆe pelo gr´afico da figura 2.9 as temperaturas m´edias ao longo dos anos n˜ao s˜ao significativamente diferentes.

(37)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 29

Figura 2.25: Quantidade de folhas e de Carbono nas folhas, rebentos e ra´ızes ao longo de dez anos (2003-2012)

Figura 2.26: Varia¸c˜ao da quantidade de Carbono na fruta, estrutura e reservas ao longo de dez anos (2003-2012)

(38)

CAP´ITULO 2. MODELO DE ASSIMILAC¸ ˜AO E ALOCAC¸ ˜AO DO CARBONO 30

Figura 2.27: Carbono consumido nas 3 prioridades em dez anos (2003-2012)

2.7

An´

alise cr´ıtica

Este modelo n˜ao ´e um modelo perfeito, nem era esse o objetivo. Tentou-se ao longo do ano melhorar o modelo `a medida que se ia percebendo mais sobre o assunto.

Alguns dos pontos a melhorar prendem-se com o facto de algumas quantidades resultantes do modelo, que se podem ver nos gr´aficos anteriores, estarem desfasadas face `a realidade.

O artigo que serviu de base a este trabalho cont´em, eventualmente, algumas gralhas, quer de natureza matem´atica, quer de natureza explicativa das express˜oes usadas, e, muitas vezes, contradit´orias. Os autores do artigo foram contactados e com eles foi estabelecida intera¸c˜ao; no entanto, n˜ao foi ainda poss´ıvel esclarecer estas poss´ıveis gralhas. Tentou-se reescrever essas express˜oes com gralhas, da maneira mais l´ogica e adequada `a realidade da forma que parecesse mais razo´avel. As altera¸c˜oes introduzidas neste trabalho est˜ao listadas nas tabelas 2.2 e 2.3 para facilitar eventuais corre¸c˜oes no futuro. A estas poss´ıveis gralhas, deve-se ter em conta tamb´em os poss´ıveis erros de implementa¸c˜ao no software, que poder´a ser melhorado. E com isto, n˜ao foi poss´ıvel comparar os resultados deste modelo com o modelo do artigo.

Ser´a interessante o desenvolvimento de uma base de dados de v´arias castas e regi˜oes viti-vin´ıcolas em Portugal, que, entre outros dados, forne¸cam informa¸c˜ao que permita calibrar devidamente este modelo.

(39)

Cap´ıtulo 3

Conclus˜

oes

Os objetivos deste trabalho de tese foram parcialmente cumpridos: Construiu-se um modelo matem´atico para a dinˆamica do Carbono na videira, com base no modelo de Wermelinger et al [8]; Implementou-se em MATLAB esse modelo; Foram interpretados todos os resultados.

Conclui-se que ´e poss´ıvel modelar a assimila¸c˜ao e aloca¸c˜ao do Carbono na Videira. E´ igualmente poss´ıvel para outras plantas, ajustando os parˆametros e os consumos de Carbono.

Os resultados n˜ao s˜ao totalmente satisfat´orios. Apesar de, na sua grande maioria, parecerem estar de acordo com a realidade, outros s˜ao desajustados. ´E poss´ıvel melhorar o modelo, estimando outras constantes de acordo com a videira em estudo. A falta de informa¸c˜ao n˜ao permitiu calibrar o modelo da melhor forma.

No entanto, ´e um modelo que ser´a importante para modelar o balan¸co de Carbono numa vinha, assunto que ainda est´a a dar os primeiros passos.

3.1

Trabalho futuro

Partindo do modelo de assimila¸c˜ao e aloca¸c˜ao do Carbono, ser´a interessante construir um modelo que calcule a pegada de Carbono de uma regi˜ao vin´ıcola. Isso n˜ao foi feito neste trabalho pois exige mais do que um ano de investiga¸c˜ao e um apoio institucional para o fornecimento de todos os dados necess´arios. Com esse modelo seria poss´ıvel estimar economicamente o impacto da produ¸c˜ao de vinhos sustent´avel.

A aplica¸c˜ao de alguma estocasticidade a este modelo ser´a interessante para um melhor ajustamento `a realidade a fim de se analisar a imprevisibilidade nos resultados do modelo.

Na impossibilidade de se obter dados para estima¸c˜ao dos parˆametros do modelo sugere-se a experiˆencia de crescimento de videiras em vasos num ambiente controlado, de forma a que seja poss´ıvel auferir as transforma¸c˜oes no desenvolvimento da videira de acordo com as condi¸c˜oes ambientais a que a planta esteve sujeita. Como se percebe, esta experiˆencia exige mais do que um ano de trabalho para obten¸c˜ao dos dados necess´arios `a estima¸c˜ao de parˆametros.

(40)
(41)

Anexo

Declara¸

ao do j´

uri

(42)
(43)

Bibliografia

(44)

Bibliografia

[1] Duchˆene E., Schneider C., ”Grapevine and climatic changes: a glance at the situation in Alsace”, Agron. Sustain. Dev., vol.25 (2005), 93-99.

[2] Forbes S.L, Cohen D.A., Cullen R., Wratten S.D., Fountain J., ”Consumer attitudes regarding environmentally sustainable wine: an exploratory study of the New Zealand marketplace”, Journal of cleaner production, vol.17 (2009), 1195-1199.

[3] Carlisle E., Smart D., Williams L.E., Summers M., ”California Vineyard Greenhouse Gas Emissions: Assessment of the available literature and determination of research needs”, California Sustainable Winegrowing Alliance, 2010.

[4] Smart D.R., Wolf M.W., Carlisle E., Marti M.A., ”Reducing Greenhouse Gas emissions in the vineyard: advances in the search to develop more sustainable pratices”.

[5] Le Roux X., Lacointe A., Escobar-Guti´errez A., Le Diz`es S., ”Carbon-based models of individual tree growth: a critical appraisal”, Ann. For. Sci., vol. 58 (2001), 469-509.

[6] Bindi M., Fibbi L., Gozzini B., Orlandini S., Miglietta F., ”Modelling the impact of future climate scenarios on yield and yield variability of grapevine”Climate Research vol. 7 (1996), 213-224.

[7] Gutierrez A.P., Williams D.W., Kido H., ”A model of grape growth and development: the mathematical structure and biological considerations”, Crop Science, vol. 25 (1985), 721-728.

[8] Wermelinger B., Baumg¨artner J., Gutierrez A.P., ”A demographic model of assimila-tion and allocaassimila-tion of carbon and nitrogen in grapevines”, Ecological Modelling, vol.53 (1991), 1-26.

[9] Butcher J.C., Numerical methods for ordinary differential equations, 2nd ed., Wiley, 2008.

[10] Fonte da Internet para a base de dados das temperaturas (consultada pela ´ultima vez em setembro de 2013): http://www.freemeteo.com

[11] Fonte da Internet para a base de dados da radia¸c˜ao solar (consultada pela ´ultima vez em setembro de 2013): http://re.jrc.ec.europa.eu/pvgis/apps4/pvest.php

(45)

BIBLIOGRAFIA 37

[12] Neto B., Dias A.C., Machado, M, ”Life cycle assessment of the supply chain of a Portuguese wine: from viticulture to distribution”, International Journal of Life Cycle Assessment, Vol.DOI: 10.1007/s11367-012-0518-4 (2012).

Imagem

Figura 2.1: Videira e suas estruturas
Figura 2.3: Calend´ ario anual do desenvolvimento da videira. Os valores dos Degree-days foram obtidos quer no artigo [8] (a cor de rosa), quer por c´ alculos diretos (a azul), ou mesmo por conhecimento pr´ oprio do momento em que cada estrutura come¸ca a
Figura 2.4: Prioridades no consumo do Carbono nas diversas estruturas da videira Em primeiro lugar no consumo de Carbono est´ a a respira¸c˜ ao, essencial para assegurar as fun¸c˜ oes vitais da planta
Figura 2.5: Temperaturas m´ axima, m´ınima e m´ edia e amplitude di´ aria para Vila Real no ano 2012
+7

Referências

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