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Estudo comparativo da eficiência reprodutiva em vacadas de carne da Região Sul de Portugal

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Estudo comparativo da eficiência reprodutiva em vacadas

de carne da Região Sul de Portugal

Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária

Beatriz Isabel Garcia

ORIENTADOR: Doutor Miguel Nuno Pinheiro Quaresma

COORIENTADOR: Dr. Dário Alexandre Nunes de Sá Guerreiro

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Estudo comparativo da eficiência reprodutiva em vacadas

de carne da Região Sul de Portugal

Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária

Beatriz Isabel Garcia

ORIENTADOR: Doutor Miguel Nuno Pinheiro Quaresma

COORIENTADOR: Dr. Dário Alexandre Nunes de Sá Guerreiro

Composição do Júri:

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DECLARAÇÃO

DE

RESPONSABILIDADE

PESSOAL

DAS

IDEIAS

APRESENTADAS

NOME: BEATRIZ ISABEL GARCIA

CORREIO ELECTRÓNICO: BEATRIZ_GARCIA5@HOTMAIL.COM

DESIGNAÇÃO DO MESTRADO: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM MEDICINA VETERINÁRIA:

ESTUDO COMPARATIVO DA EFICIÊNCIA REPRODUTIVA EM VACADAS DE CARNE DA REGIÃO SUL DE PORTUGAL

ORIENTADOR: DOUTOR MIGUEL NUNO PINHEIRO QUARESMA

COORIENTADOR: DR. DÁRIO ALEXANDRE NUNES DE SÁ GUERREIRO

ANO DE CONCLUSÃO: 2017

DECLARO QUE ESTA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO É RESULTADO DA MINHA PESQUISA E TRABALHO PESSOAL E DAS ORIENTAÇOES DO MEU SUPERVISOR. O SEU CONTEUDO É ORIGINAL E TODAS AS FONTES CONSULTADAS ESTÃO DEVIDAMENTE MENCIONADAS NO TEXTO, E NA BIBLIOGRAFIA FINAL. DECLARO AINDA QUE ESTE TRABALHO NÃO FOI APRESENTADO EM NENHUMA OUTRA INSTITUIÇÃO PARA OBTENÇÃO DE QUALQUER GRAU ACADÉMICO.

VILA REAL, OUTUBRO DE 2017

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Agradecimentos

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a todos os professores, técnicos, auxiliares e demais funcionários, o meu muito obrigada. Este trabalho é o ponto alto destes quase seis anos de esforço e dedicação ao longo da minha vida académica, para o concretizar de um sonho que agora se aproxima.

Especialmente ao Dr. Miguel Quaresma, meu professor, orientador e conterrâneo da Ilha do Pico, pela confiança que depositou em mim ao aceitar orientar-me na realização deste trabalho. Agradeço-lhe pela disponibilidade, paciência, atenção que me dispensou durantes os anos passados em Vila Real e durante este último ano, mesmo à distância.

Ao Dr. Dário Guerreiro, meu coorientador, pela sua disponibilidade durante os 3 meses de estágio, tendo sido um dos impulsionadores deste trabalho. Pela oportunidade que me deu de vivenciar um bocadinho da sua vasta experiência em animais de produção, principalmente vacas de carne, por todo o conhecimento, confiança e garra que me transmitiu.

Ao Dr. Bruno Moreira por me ter ajudado na execução deste trabalho. Pela paciência que teve comigo, na recolha dos dados, contacto com os produtores e por estar sempre disponível para tirar as minhas dúvidas.

Ao Dr. António Giesteira, Médico Veterinário que me orientou durante os primeiros 3 meses de estágio. Pelos ensinamentos que me transmitiu em bovinos de leite, por me mostrar diferentes métodos de trabalho e pela confiança que depositou em mim.

Ao Dr. Luís Campos, Médico Veterinário que me orientou durante um pequeno estágio em pequenos animais e que foi uma inspiração. Agradeço a boa disposição diária, a sua disponibilidade, pela confiança e por todo o conhecimento que me transmitiu. Igualmente à sua colega a Dra. Susana Carrega, que me acolheu da melhor forma, mesmo sabendo que vinha de 6 meses de estágio em animais de produção e que estava a começar do zero numa clínica de pequenos animais.

À Catarina, por me ter apoiado nestes últimos meses, pelos seus conselhos e por ter depositado toda a sua confiança em mim para ajudá-la no seu novo projeto.

Agradeço aos meus amigos e colegas da universidade, por estes anos incríveis de Medicina Veterinária, sem eles não teria sido a mesma coisa.

À Cátia que foi durante estes anos comigo um pedacinho do Pico em Vila real, que me recebeu de braços abertos no meu primeiro ano, por ter sido uma grande colega de casa, por ser uma grande amiga e por todos os momentos, de sempre e para sempre.

Um agradecimento especial ao Chico, por ser uma das melhores pessoas que conheci. Obrigada por me fazeres rir até nos piores momentos e por me aturares constantemente. Por acreditares sempre em mim e por teres estado sempre lá quando era preciso e quando não era. Obrigada do fundo do coração por seres essa pessoa incrível e que nunca a distância de um oceano consiga destruir o que 5 anos de Vila Real uniram

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À Inês e à Raquel por terem partilhado casa comigo, pelos bons momentos passados na rua direita e por aturarem o meu mau feitio, sei que não foi fácil. À Pilão e à Tuga porque gostava de ser relaxada como elas, pela sua boa disposição, por terem sempre aquela palavra de conforto, no fundo por serem as miúdas incríveis que são. À minha gémea Daniela Tavares, uma feliz coincidência na minha vida e ainda mais pelas semanas divertidas de estágio que partilhámos. À Barbosa e à Helga que chegaram com uns anos de atraso, mas que foram uma grande e boa surpresa. Ao João, o melhor pastor de Trás-os-Montes, pela pessoa que é e por todos os momentos partilhados. À Laura por ter sempre aquela palavra menos simpática na altura certa, mas que de outra forma não fazia sentido. Ao Ananias, o melhor afilhado, à Luzia melhor avó. Ao Triguinho, melhor bisavô (e professor) do mundo, por todos os momentos que tivemos a oportunidade de partilhar.

Agradeço às de sempre do Pico, à Jéssica, à Laura, à Alice, à Daniela, por todos estes anos de amizade. Ao pessoal do Monte, por me receberem sempre tão bem e por todos os momentos partilhados. A vocês todos por me fazerem sentir tão bem em casa quando regressava de férias

O agradecimento mais especial é dedicado a toda a minha família, porque sem eles nunca teria chegado aqui.

Ao meu pai por ser um dos responsáveis por este sonho, por me ter levado a ter este gosto pelos animais, por todo o esforço que tem feito por mim e à minha mãe, que viu a sua única filha sair de casa para correr atrás do seu sonho, pela paciência durante todos estes anos mesmo à distância. Um obrigado do fundo do coração, por serem os melhores pais.

À minha avó, minha estrela, que partiu sem avisar e não me deu tempo de lhe agradecer tudo aquilo que fez por mim durantes todos estes anos. Foi, é e será sempre um dos meus maiores pilares.

Aos meus dois avôs, que partiram demasiado cedo e que estariam cheios de orgulho de me ver chegar aqui.

À minha única avó, que felizmente está cá para ver a sua única neta concretizar este seu sonho.

Aos meus tios, que me apoiaram todos estes anos, mesmo no meio de todas as adversidades.

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Resumo

Estudo comparativo da eficiência reprodutiva em vacadas de carne da

Região Sul de Portugal

A produção de bovinos de carne em sistema extensivo em Portugal representa uma importante fonte económica para os produtores e para o País. A Região Sul apresenta características que propiciam a produção de bovinos de carne em extensivo, sendo a região que suporta um maior número de bovinos de carne e as explorações de maiores dimensões.

A nível mundial existem grandes diferenças nos sistemas de produção de bovinos de carne no que diz respeito ao tamanho dos efetivos, às práticas de maneio e ao nível de produtividade dos mesmos. No entanto, qualquer que seja o sistema de produção utilizado, o maneio reprodutivo e alimentar das vacadas de carne são fatores determinantes para a otimização da sua eficiência e rentabilidade.

Neste âmbito, este estudo pretendia avaliar o nível de eficiência reprodutiva das explorações na Região Sul, com base nos dados recolhidos através de inquéritos respondidos pelos produtores e com o auxílio do Médico Veterinário. Assim, foram utilizadas 6 explorações, que recorriam ao software de gestão reprodutiva da vacada. Todas as explorações apresentavam épocas reprodutivas definidas. Foram depois calculados alguns parâmetros reprodutivos para cada exploração como a distribuição dos partos nos anos de 2015 e 2016, o intervalo médio entre partos (IEP), a taxa de fertilidade, a taxa de gestação e a variação da condição corporal (CC) no ano de 2016. Os resultados indicaram que o IEP médio das explorações é em geral muito superior aos 365 dias previstos e que este parâmetro foi tanto menor quanto maior a área de pastagem e menor o número de vacas, quanto menor o encabeçamento, a época reprodutiva e a idade ao primeiro parto. Para além disso, o IEP variou significativamente com a raça, com o cruzamento Limousine/Charolês a apresentar o menor valor de IEP. As taxas de fertilidade anual de algumas explorações e as taxas de gestação foram baixas, de uma forma geral. A avaliação da CC indicou que a maior percentagem dos animais estava num nível de CC ótimo a moderado (CC 5 a 7 numa escala de 1 a 9). Estes resultados demonstraram o trabalho que tem sido realizado principalmente no âmbito do maneio reprodutivo das vacadas desta região, mas, também a possibilidade de melhorar continuamente esses resultados, privilegiando as épocas de parto na Primavera, conferindo uma suplementação adequada nos períodos de maior escassez de alimento, através da definição de épocas reprodutivas curtas e controladas e de um bom programa de desenvolvimento das novilhas de reposição.

Palavras-chave: vacadas de carne, extensivo, maneio reprodutivo, eficiência reprodutiva,

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Abstract

Comparative study of reproduction efficiency in beef cattle herds of South

Portugal

Extensive beef cattle production in Portugal represents an important source of income for the farmers and the Country. South Portugal has some characteristics that promote extensive beef cattle production, making it the region that supports the biggest number of beef cows and the biggest herds.

At a global level, there are some differences between beef cattle production systems in terms of herd size, management practices and level of output. However, regardless of the production system, the reproductive and nutritional management of beef cattle herds are paramount factors for optimizing its efficiency and profitability.

At this level, this study intended to evaluate the level of reproductive efficiency of beef cattle herds from South Portugal, based on data collected through inquires answered by the farmers and with the help of the attending Veterinarian. Thus, there were used 6 farms, which worked with herd reproductive management software. All the farms had a defined breeding season. Some reproductive parameters were calculated for each farm, like the calving pattern in the years of 2015 and 2016, average calving intervals, fertility rate, pregnancy rate and body condition variation in 2016. The results showed that the average calving interval of the farms is in general much higher than the goal of 365 days and that this parameter is somewhat shorter if the total area of the pasture is higher and the number of cows is smaller, and the livestock, breeding season and average age at first calve are lower. Besides that, the average calving interval varies significantly with the breed, with the crossbreeding between Limousine/Charolaise presenting the shortest value of calving interval. The annual fertility rates of some farms and the pregnancy rates were low in general. Body condition score indicated that the highest percentage of the animals is in the best level of body condition which is moderate to great (5 to 7 in a BSC of 1 to 9). These results demonstrate the work that has been carried out in the context of reproductive management of beef cattle herds in South Portugal, but also the possibility to improve continuously these results, privileging Spring calving seasons, checking appropriate supplementation in the periods when food availability is low, through the definite of shorts and controlled breeding seasons and a proper replacement heifer development program.

Key-words: beef cattle herds, extensive, reproductive management, reproductive efficiency,

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Índice geral

Dedicatória………...……….…….. vii

Agradecimentos……….. ix

Resumo………. xiii

Abstract………. xv

Índice geral…………..………. xvii

Índice de gráficos………... xix

Índice de figuras……….. xxi

Índice de tabelas………. xxiii

Listas de siglas e abreviaturas………...……….. xxv

1. Introdução………... 1

2. Revisão bibliográfica...……….. 3

2.1. Produção de bovinos de carne em Portugal. ………... 3

2.1.1. Caracterização da produção de bovinos de carne em extensivo na Região Sul de Portugal ... 6

2.1.2. Maneio alimentar das vacadas em extensivo ... 8

2.2. Maneio reprodutivo em vacadas de carne………...…. 11

2.2.1. Eficiência reprodutiva ... 12

2.2.2. Parâmetros reprodutivos ... 13

2.2.2.1 Intervalo entre partos (IEP) ... 13

2.2.2.2 Taxa de fertilidade ... 14

2.2.2.3. Taxa de gestação ... 15

2.2.2.4. Taxa de desmame ... 15

2.2.2.5. Idade ao primeiro parto (IPP) ... 15

2.2.3. Época reprodutiva ... 16

2.2.4. Maneio alimentar ... 18

2.2.4.1. Condição corporal... 18

2.2.5. Maneio das novilhas de reposição ... 21

2.2.5.1. Puberdade………... 22

2.2.5.2. Maneio alimentar das novilhas... 24

2.2.6. Identificação de “vacas-problema” ... 25 2.2.7. Distócias ... 26 2.2.8. Infertilidade pós-parto ... 28 2.2.8.1. Anestro pós-parto………... 29 2.2.9. Diagnóstico de gestação ... 31 2.2.9.1. Palpação transretal ... 32 2.2.9.2. Ecografia transretal ... 33

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2.2.10. Intervenção nos machos………... 34

2.2.10.1. Rácio macho:fêmea.………. 35

2.2.10.2. Exame andrológico………. 36

2.2.11. Maneio sanitário ... 40

2.2.12. Tecnologias reprodutivas ... 41

3. Objetivos do trabalho prático……… 45

4. Material e métodos………. 47

4.1. Recolha dos dados das explorações……….. 47

4.1.1. Caracterização geral das explorações em estudo………..…….. 48

4.1.2. Taxa de Fertilidade………. 55

4.1.3. Intervalo entre partos médio de cada exploração………. 55

4.1.4. Encabeçamento……….. 56

4.1.5. Taxa de gestação……… 56

4.1.6. Idade ao primeiro parto……….. 56

4.1.7. Condição corporal……….. 56

4.1.8. Exames andrológicos e rácio macho:fêmea………. 56

4.1.9. Distribuição dos partos ao longo do ano………. 57

4.2. Análise estatística……….. 57

5. Resultados e discussão……… 59

5.1. Taxa de fertilidade ... 59

5.2. Intervalo entre partos ... 60

5.2.1. IEP médio de cada exploração ... 60

5.2.2. IEP médio e encabeçamento……… 61

5.2.3. IEP médio e raça ... 62

5.2.4. IEP médio e época reprodutiva ... 64

5.2.5. IEP médio e idade ao primeiro parto ... 64

5.2.6. IEP médio e CC ... 65

5.3. Taxa de gestação………. 65

5.4. Idade ao primeiro parto (IPP) ... 67

5.5. Condição corporal ... 68

5.6. Exames andrológicos e rácio macho:fêmea ... 74

5.7. Distribuição dos partos ao longo do ano ... 75

6. Conclusões………. 81

7. Referências bibliográficas………. 83

8. Anexos………... 95

8.1. Anexo 1 – Atividades desenvolvidas durante o estágio...………. 95

(19)

Índice de gráficos

Gráfico 1 – Produção de carne de bovino nos anos de 2013, 2014, e 2015 (Adaptado

de INE, 2016). ... 3

Gráfico 2 – Representatividade dos bovinos aleitantes e explorações no total do

efetivo bovino de Portugal entre os anos de 1999 e 2009 (Adaptado de INE, 2011)…… 5

Gráfico 3 - Número de cabeças de gado por raça e cruzamento registado a

31.12.2016 na região do Alentejo (Adaptado de IFAP, 2016)………. 79

7

Gráfico 4 – Curvas de produção anual de pastagens de sequeiro e de regadio

respetivamente (Adaptado de Freixial & Barros, 2012b). ... 9

Gráfico 5 – Curva da produção de pastagem ao longo do ano (Adaptado de Serrano,

2006, citado por Conceição et al., 2012)... 9

Gráfico 6 – Evolução da fertilidade de cada raça no intervalo temporal de 2002 a

2011, no Sul de Portugal (Adaptado de Henriques, 2012)... 14

Gráfico 7 – Relação entre a fertilidade (probabilidade de ocorrência de uma gestação)

e o tempo decorrido após o parto e fatores que contribuem para a infertilidade pós-parto em vacas de carne (Adaptado de Short et al., 1990). ... 28

Gráfico 8 – Distribuição da condição corporal em dois momentos de avaliação no ano

de 2016, na exploração 1...…... 69

Gráfico 9 – Distribuição da condição corporal no ano de 2016, na exploração 2... 70 Gráfico 10 – Distribuição da condição corporal no ano de 2016, na exploração 3..….... 70 Gráfico 11 – Distribuição da condição corporal no ano de 2016, na exploração 4…….. 71 Gráfico 12 – Distribuição da condição corporal no ano de 2016, na exploração 5…... 71 Gráfico 13 – Distribuição da condição corporal em dois momentos de avaliação no

ano de 2016, na exploração 6... 72

Gráfico 14 – Distribuição dos partos nos anos de 2015 e 2016 para a exploração 1…. 75 Gráfico 15 – Distribuição dos partos nos anos de 2015 e 2016 para a exploração 2…. 76 Gráfico 16 – Distribuição dos partos nos anos de 2015 e 2016 para a exploração 3…. 77 Gráfico 17 – Distribuição dos partos nos anos de 2015 e 2016 para a exploração 4... 77 Gráfico 18 – Distribuição dos partos nos anos de 2015 e 2016 para a exploração 5…. 78 Gráfico 19 – Distribuição dos partos nos anos de 2015 e 2016 para a exploração 6…. 2

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Índice de figuras

Figura 1 – Distribuição dos efetivos de bovinos leiteiros e aleitantes em Portugal

(Adaptado de INE, 2011). ... 6

Figura 2 – Distribuição da dimensão dos efetivos de bovinos em Portugal (Adaptado

de INE, 2011). ... 6

Figura 3 – Vaca da raça Preta integrada em sistema extensivo no Sul de Portugal

(Fotografia gentilmente cedida por Dário Guerreiro). ... 8

Figura 4 – Vaca da raça Preta no Sul de Portugal (Fotografia gentilmente cedida por

Dário Guerreiro)……… 8

Figura 5 – Efetivo de bovinos de carne em sistema extensivo (montado) no Sul do País

(Fotografia gentilmente cedida por Dário Guerreiro). ... 10

Figura 6 – Novilhas cruzadas da raça Mertolenga na manga de contenção para

diagnóstico de gestação por ecografia transretal (Fotografia gentilmente cedida por Dário Guerreiro)... 22

Figura 7 – Parto distócico numa vaca da raça Mertolenga com apresentação posterior

do vitelo (Fotografia gentilmente cedida por Dário Guerreiro). ... 26

Figura 8 – Episiotomia realizada numa novilha da raça Limousine, no decorrer de um

parto distócico devido a desproporção feto-materna com um vitelo morto (Fotografia gentilmente cedida por Dário Guerreiro). ... 26

Figura 9 – Hematoma do pénis de um touro da raça Limousine (Fotografia gentilmente

cedida por Dário Guerreiro). ... 37

Figura 10 – Hematoma do pénis de um touro cruzado de Charolês com Blanc-Blue

Belge (Fotografia gentilmente cedida por Dário Guerreiro). ... 37

Figura 11 – Resolução cirúrgica de um hematoma do pénis num touro da raça

Limousine (Fotografia gentilmente cedida por Dário Guerreiro). ... 37

Figura 12 – Laceração no escroto de um touro raça Limousine, causada por cornada

de outro touro (Fotografia gentilmente cedida por Dário guerreiro). ... 37

Figura 13 – Recolha de sémen num touro da raça Limousine (Fotografia gentilmente

cedida por Dário Guerreiro). ... 39

Figura 14 – Análise microscópica a campo do sémen recolhido (Fotografia gentilmente

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Índice de tabelas

Tabela 1 – Efetivo bovino por região a 31.12.2016 (Adaptado de IFAP, 2016)…... 4 Tabela 2 – Descrição do sistema de classificação da condição corporal em bovinos de

carne (Escala de 1 – 9) (Adaptado de Richards et al., 1986) . ... 19

Tabela 3 – Lista de problemas em bovinos de carne que estão associados às variações

extremas da condição corporal (Adaptado de Eversole et al., 2009). ... 20

Tabela 4 – Resumo da idade à puberdade para algumas raças de bovinos (Adaptado

de Hall, 2004 citado por Diskin & Kenny, 2014). ... 23

Tabela 5 – Comparação dos métodos de diagnóstico de gestação (Adaptado de

Rodning et al., 2012; Dahlen, 2013)... 32

Tabela 6 – Identificação das características do desenvolvimento embrionário precoce

pela técnica de ecografia transretal, durante os dias 20 e 60 de gestação (Adaptado de Curran et al., 1986b). ... 34

Tabela 7 – Perímetro escrotal mínimo recomendado por idade dos touros (Adaptado

de Hopkins & Spitzer, 1997). ... 38

Tabela 8 – Perímetro escrotal por raça em touros de carne aos 2 anos de idade

(Adaptado de Barth, 2000, citado por Barth, 2007). ... 38

Tabela 9 – Avaliação da motilidade massal e progressiva do sémen de touros com a

respetiva classificação (Adaptado de Hopkins & Spitzer, 1997). ... 40

Tabela 10 – Caracterização da localização e área de pastagem das explorações. ... 52 Tabela 11 - Caracterização geral das fêmeas adultas, novilhas de reposição e machos

reprodutores das explorações……… 52

Tabela 12 – Caracterização do maneio reprodutivo das explorações. ... 53 Tabela 13 – Caracterização do maneio dos vitelos das explorações. ... 54 Tabela 14 – Caracterização do maneio alimentar das explorações. ... 54 Tabela 15 – Caracterização do maneio sanitário das explorações. ... 55 Tabela 16 – Taxa de fertilidade aparente e corrigida (anual) com base no IEP médio

de cada exploração………... 59

Tabela 17 - IEP médio das explorações e efeito da área de pastagem de cada

exploração e do número de vacas no IEP médio……… 60

Tabela 18 – Efeito do encabeçamento no IEP médio das explorações. ... 61 Tabela 19 – Influência da raça no IEP médio das explorações. ... 63 Tabela 20 – Taxa de gestação no ano de 2016... 66 Tabela 21 – Idade ao primeiro parto em meses para cada uma das explorações. ... 67 Tabela 22 – Resultados dos exames andrológicos realizados antes do inicio da última

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Lista de siglas e abreviaturas

BSE – Encefalopatia Espongiforme Bovina BVD – Diarreia Viral Bovina

CC – Condição Corporal cm - Centímetro

CN – Cabeças Normais

DAD – Deslocamento de Abomaso à Direita DAE – Deslocamento de Abomaso à Esquerda

FMV-UTL – Faculdade de Medicina Veterinária-Universidade Técnica de Lisboa ha - Hectares

IATF – Inseminação Artificial a Tempo Fixo IBR – Rinotraqueíte Infeciosa Bovina IEP – Intervalo Entre Partos

IPP – Idade ao Primeiro Parto

INE – Instituto Nacional de Estatística

MADRP – Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas PAC – Política Agrícola Comum

PDR – Programa de Desenvolvimento Rural SIA – Sistema de Identificação Animal

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1. Introdução

Portugal situa-se na região Mediterrânica e é um país heterogéneo em termos da topografia, solos, clima, agricultura e tradições, de que resultaram uma grande diversidade de recursos genéticos animais (Araújo et al., 2014). A produção de bovinos de carne a nível nacional desempenha um papel muito importante nos sistemas de agricultura sustentável (Rodrigues et al., 1998).

Nos últimos anos, o número médio de bovinos de carne por exploração, sofreu um aumento acentuado, com destaque para a Região Sul do país. O crescimento da produção de bovinos de carne, principalmente nesta região, foi motivado pelas condições propícias para a criação de bovinos em regime extensivo. A possibilidade de converter áreas de produção de cereais, pouco produtivas e com baixos rendimentos, em quotas para a introdução de bovinos e os apoios daí provenientes, foram os principais impulsionadores deste incremento da atividade pecuária no Sul do país (INE, 2011; Belo et al., 2013).

Com este crescimento, tem-se verificado uma mudança no maneio reprodutivo em bovinos de carne, com os produtores mais interessados na obtenção de melhores níveis de eficiência produtiva para as suas vacadas. O desempenho reprodutivo de um efetivo, independentemente do sistema de produção em que se integra é uma das chaves para a sua eficiência e rentabilidade (Diskin & Kenny, 2014). O vitelo é o produto final com maior impacto nas vacadas de carne, daí que o objetivo principal seja sempre tentar maximizar o número de vitelos que são desmamados por vaca, por ano (Romão, 2014b).

A medição do desempenho reprodutivo das vacadas pode fazer-se através de uma série de parâmetros reprodutivos. O intervalo entre partos (IEP) é um dos que tem maior importância nas vacadas de carne e deve idealmente aproximar-se dos 365 dias. Entre os outros parâmetros utilizáveis, destacam-se a taxa de fertilidade, a taxa de gestação, a taxa de desmame e a idade ao primeiro parto (IPP) (Romão & Bettencourt, 2009b; Romão, 2014b).

Apesar do crescente interesse relativamente ao maneio reprodutivo, existem ainda em Portugal muitas explorações que carecem de um acompanhamento reprodutivo regular por parte dos Médicos Veterinários e outros técnicos. Esta inexistência de uma gestão reprodutiva adequada manifesta-se em parâmetros reprodutivos menos conseguidos, que em muitos dos efetivos em condições de extensivo do país se encontram abaixo dos valores esperados (Romão & Bettencourt, 2009b; Romão, 2014a, 2014b).

Com vista a melhorar a eficácia reprodutiva e a rentabilidade das vacadas é fundamental a implementação de planos de maneio, não só a nível da reprodução, mas também a nível da alimentação e profilaxia e a existência de registos atualizados para uma adequada monitorização dos resultados. Para que tal aconteça, é necessário que exista disponibilidade por parte dos produtores em colaborar e dos Médicos Veterinários, assim

(28)

como dos outros profissionais da área, em serem vetores da transmissão de informação e responsáveis pela idealização e execução dos planos ajustados a cada efetivo (Romão, 2014b).

Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo a comparação da eficiência reprodutiva em vacadas de carne da Região Sul de Portugal. O controlo reprodutivo nas vacadas em estudo tem evoluído positivamente nos últimos anos e os produtores ambicionam cada vez mais obter melhores resultados, havendo um esforço conjunto por parte deles e dos Médicos Veterinários com quem trabalham neste sentido. Existe ainda um programa de gestão de vacadas de carne que é comum a todos e que é gerido em conjunto com os médicos veterinários, para manter sempre uma base de dados completa e atualizada e ir de encontro aos objetivos definidos.

Foram estes os fatores motivadores para o desenrolar deste estudo, e que pretende mostrar não só a importância do maneio reprodutivo em vacadas de carne, mas também o trabalho de gestão que assim exige, para a obtenção de resultados que ainda não sendo os ideais, podem continuar deste a modo a ser trabalhados e melhorados com as medidas adequadas.

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2. Revisão bibliográfica

2.1.

Produção de bovinos de carne em Portugal

Nos últimos anos, tem-se intensificado a produção de alimentos de origem animal como resultado do crescente aumento da população mundial. A procura destes alimentos e a competição a nível da sua produção e venda nos mercados tem exigido cada vez mais o aumento da eficiência produtiva. Este esforço produtivo contínuo pretende satisfazer as necessidades alimentares de uma população em contínuo crescimento (Portugal, 2002).

Um pouco por todo o mundo, os bovinos de carne são uma importante fonte para a indústria da carne e seus produtos (Diskin & Kenny, 2014, 2016). O consumo de carne de bovino aumentou ao longo dos últimos anos, contrariamente ao que aconteceu no final dos anos de 1990 e início de 2000, em que o consumo diminuiu consideravelmente em Portugal, devido à crise sanitária da encefalopatia espongiforme bovina (BSE). Para além da diminuição do consumo da carne de bovino, nessa altura ocorreu também uma diminuição da oferta desta nos mercados, devido às restritivas medidas de segurança implementadas (Rodrigues et al., 1998; MADRP, 2007; INE, 2011).

Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) em relação ao ano de 2015 indicam o crescimento da produção de carne de bovino (Gráfico 1), que tinha sofrido uma descida significativa nos três anos anteriores, atingindo as 89 mil toneladas. Este aumento na produção de carne de bovinos, resultou principalmente do aumento do número de animais em 2014 (INE, 2016)

A prática de produção de bovinos a nível nacional é uma atividade com grande impacto económico, nomeadamente em zonas mais rurais do país (Rodrigues, 1997). Atualmente, dados estatísticos do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), relativamente ao número de bovinos registados em 2016 na base de dados do Sistema Nacional de

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Identificação e Registo Animal (SNIRA), indicam que o efetivo bovino total do país é de 1.657.909 cabeças (Tabela 1) (IFAP, 2016). O Alentejo é a região do país em que a produção de bovinos apresenta maior expressividade, com cerca de 39% do efetivo total do país em 2009, dedicada maioritariamente a bovinos aleitantes (INE, 2011). Seguem-se as regiões do país dedicadas maioritariamente à produção de bovinos leiteiros como Entre Douro e Minho e os Açores, que detêm cerca de 2/3 do efetivo leiteiro do país (INE, 2011).

Tabela 1 – Efetivo bovino por região a 31.12.2016 (Adaptado de IFAP, 2016).

Apesar do incremento no número de bovinos por efetivo, o número de explorações tem diminuído. Esta quebra teve como principal origem o grande abandono da atividade leiteira que se verificou nos últimos anos, devido aos custos de produção mais elevados e à queda abrupta do preço do leite. No ano de 2009, o recenseamento agrícola nacional referia aproximadamente 305 mil explorações agrícolas recenseadas em Portugal, um número substancialmente inferior a 1999, com uma diminuição de 111 mil explorações. A Superfície Agrícola Utilizada (SAU) também sofreu uma baixa entre os anos de 1999 e 2009, ainda que não tão considerável quanto o número de explorações, sendo de 3.668 mil hectares em 2009, menos 195 mil hectares do que em 1999. As pequenas explorações foram as mais afetadas, verificando-se em contrapartida um aumento de aproximadamente 6% no número de explorações com mais de 100 hectares de SAU. No território continental, o Alentejo foi das regiões menos prejudicadas com estas mudanças (INE, 2011).

Deste modo, com o crescimento da produção de bovinos e com a diminuição do número de explorações, a dimensão média das explorações de bovinos evoluiu significativamente, passando de uma média de 13,8 cabeças por exploração em 1999 para 28,6 em 2009. No Alentejo a média de SAU por exploração é cerca de 5 vezes superior à média nacional, chegando mesmo a ultrapassar os 61 hectares/exploração (INE, 2011).

Os subsídios no âmbito dos bovinos aleitantes são, de certo modo, uma fonte de motivação e incentivo à produção nacional. A PAC veio promover a produção de bovinos de

Região Número de Animais

Norte 319.958 Centro 160.244 Grande Lisboa 113.077 Alentejo 778.249 Algarve 10.215 Subtotal Continente 1.381.743 Açores 272.541 Madeira 3.625 Total 1.657.909

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carne, com a possibilidade de transformação de áreas de produção de cereais pouco produtivas em quotas para introdução de bovinos e ovinos ou caprinos (INE, 2011; Belo et al., 2013). Atualmente no âmbito do PDR 2014-2020, o novo regime da PAC, ao contrário do anterior, não impõe limites de prémio aos produtores de bovinos aleitantes e premeia as vacas aleitantes que tenham parido pelo menos uma vez nos últimos 18 meses. Tudo isto serve como estímulo, não só para o crescimento dos efetivos de bovinos de carne que se tem verificado, mas também para a melhoria dos resultados da fertilidade e produtividade das vacadas em Portugal (Catita, 2015; INE, 2016; IFAP, 2017b).

Esta evolução na produção de bovinos de carne em Portugal (Gráfico 2) desempenha um papel fundamental na importância que as diferentes raças apresentam (Fernandes et al., 2005). Existem a nível nacional 15 raças bovinas autóctones reconhecidas, contudo o número de bovinos por raça tem sofrido grandes oscilações ao longo do tempo (Rodrigues, 1997; Horta et al., 2014). Estas variações devem-se essencialmente ao cruzamento das raças autóctones com raças exóticas ou mesmo núcleos puros de raças exóticas, tendo como objetivo obter níveis de produtividade superiores (Matos, 2000; Fernandes et al., 2005). As raças autóctones desempenham, no entanto, ainda um papel muito importante no desenvolvimento das áreas rurais e conservação das paisagens tradicionais. São raças com um património genético único, mas que em termos de produtividade ainda não conseguem atingir os níveis produtivos das raças importadas (Rodrigues, 1997; Rodrigues et al., 1998). Daí ser de extrema importância a sua preservação, ainda que para tal seja necessária uma maior valorização dos seus produtos no mercado e maiores e melhores apoios aos produtores para a manutenção destas raças (Rodrigues et al., 1998; Horta et al., 2014).

Gráfico 2 - Representatividade dos bovinos aleitantes e explorações no total do efetivo bovino de Portugal entre os anos de 1999 e 2009 (Adaptado de INE, 2011).

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Figura 2 - Distribuição da dimensão dos efetivos de bovinos em Portugal (Adaptado de INE, 2011).

De forma a preservar estas raças, as fêmeas reprodutoras devem ser utilizadas para manter uma linha mãe, para desenvolver núcleos de raça pura ou para cruzamentos com raças exóticas de bovinos de carne, com vista a obtenção de uma maior produtividade (Rodrigues, 1997). O PDR 2014-2020 desenvolveu uma medida de apoio para os produtores das raças de bovinos autóctones que estejam em risco. O objetivo é incentivar a manutenção de linhas puras de raças autóctones que estejam classificadas como raças em risco de erosão genética, sendo o valor diferenciado consoante o grau de ameaça de cada raça em questão. Este grau de ameaça é determinado através de três categorias que estão definidas A, B e C, em que a categoria A representa as raças em maior risco de erosão e C as com menor risco (IFAP, 2017a).

2.1.1. Caracterização da produção de bovinos de carne em extensivo na Região Sul de Portugal

O efetivo bovino no Alentejo é composto por 778.249 cabeças de gado (IFAP, 2016) e esta é a região do país que suporta o maior número de bovinos de carne em regime extensivo (Figuras 1 e 2) (INE, 2011). Os sistemas de produção em extensivo são considerados sistemas mais naturais, que apresentam vantagens em termos de sustentabilidade ecológica (Rodrigues et al., 1998). Permitem o aproveitamento dos recursos endógenos, perfeitamente adaptados às condições disponíveis, para a produção de alimentos de origem animal (Portugal, 2002). Uma grande percentagem da produção nacional de bovinos de carne é feita sobretudo em regime extensivo, com vista a maximizar os recursos alimentares disponíveis através do pastoreio (Matos, 2000; Romão, 2014b).

Figura 1 - Distribuição dos efetivos de bovinos leiteiros e aleitantes em Portugal (Adaptado de INE, 2011).

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Atualmente o efetivo bovino de carne no sul do país em extensivo é composto na sua maioria por animais cruzados de raças autóctones com raças exóticas (Gráfico 3). O Alentejo apresenta as duas raças autóctones com o maior número de fêmeas registadas no livro genealógico, a raça Alentejana e a raça Mertolenga (Horta et al., 2014).

Os animais de raças autóctones (Figura 3 e 4) apresentam uma rusticidade característica, adaptam-se melhor ao ambiente em que se inserem, conseguindo um melhor aproveitamento dos alimentos mais grosseiros com menos valor nutritivo e têm ainda uma grande capacidade de variação da condição corporal ao longo de todo o ano, mesmo em regimes alimentares mais pobres (Rodrigues, 1997; Rodrigues et al., 1998; Freixial & Barros, 2012b). Conseguem manter a regularidade da atividade reprodutiva ao longo do ano, com um desempenho reprodutivo notável que se exprime em taxas de fertilidade elevadas e intervalos entre partos mais curtos. Apresentam uma grande facilidade de parto e possuem ótimas qualidades maternais que se transpõem para o peso desmamado por vaca e para a longa longevidade produtiva que estas raças atingem. As raças autóctones, ao serem melhoradas e trabalhadas do ponto de vista produtivo, podem ser uma forma sustentável de aumentar a potencialidade produtiva dos sistemas de produção de bovinos de carne no Sul de Portugal (Freixial & Barros, 2012b). Em certos casos podem mesmo contribuir para o crescimento dos rendimentos das explorações agrícolas e fixação da população nas zonas rurais mais desfavorecidas (Rodrigues, 1997).

O sistema de produção de bovinos de carne em Portugal apresenta essencialmente duas finalidades distintas. A primeira é a produção de vitelos, na qual as explorações são constituídas por vacas reprodutoras, as fêmeas de reposição e os vitelos a desmamar e a

36.664 35.830 21.945 5.926 16.189 3.216 404.893 101.063 28.272 0 100.000 200.000 300.000 400.000 Mertolenga Alentejana Brava de Lide Preta Limousine Charolês Cruzados de carne Cruzados de Limousine Cruzados de Charolês

Efetivo bovino por raça no Alentejo

Gráfico 3 – Número de cabeças de gado por raça e cruzamento registado a 31.12.2016 na região do Alentejo (Adaptado de IFAP, 2016).

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segunda é a recria e engorda, em que as explorações têm por base novilhas e novilhos, destinados a recria e acabamento (MADRP, 2007). As duas opções são praticadas no Sul do país, mas o principal modelo continua a ser a produção em extensivo e venda dos vitelos de carne ao desmame (Conceição et al., 2012).

2.1.2. Maneio alimentar das vacadas em extensivo

As pastagens e forragens são a base da alimentação dos ruminantes…”, este conceito enquadra-se no facto de nos sistemas de produção de bovinos de carne em extensivo, o principal objetivo das pastagens e forragens ser fornecer alimento aos animais (Freixial & Barros, 2012b). Assim, o nível de produtividade dos bovinos de carne em extensivo não pode ser pré-determinado, uma vez que está diretamente dependente da capacidade de produção de alimento por parte das pastagens, o que por sua vez tem como fator limitante primordial as condições climatéricas (Rodrigues et al., 1998). A produção de bovinos de carne no montado Alentejano caracteriza-se por uma produção extensiva em pastagens de sequeiro Mediterrânico e pastoreio em amplas áreas de montado de sobreiro ou azinho, com pastagens naturais onde predominam as gramíneas (Mira, 2016).

O pastoreio que se realiza a Sul do País é um meio natural e mais eficiente de utilizar os recursos disponíveis produzidos pelas pastagens (Freixial & Barros, 2012b). Existem diversos sistemas de pastoreio que podem ser aplicados aos bovinos de carne. Um desses sistemas é o pastoreio contínuo, em que os animais permanecem numa só parcela todo o ano, sendo desvantajoso devido ao maior desperdício que gera e também porque a determinada altura acaba por prevalecer o alimento menos desejável. Outro dos sistemas é o rotacional, em que a pastagem é dividia em várias parcelas e os animais vão passando de uma para a outra consoante o alimento disponível. Esto último permite uma melhor recuperação das pastagens de cada parcela. Para além das pastagens de sequeiro, também

Figura 3 - Vaca da raça Preta integrada em sistema extensivo no Sul de Portugal (Fotografia gentilmente cedida por Dário Guerreiro).

Figura 4 - Vaca da raça Preta no Sul de Portugal (Fotografia gentilmente cedida por Dário Guerreiro).

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existem as de regadio, quando estão disponíveis condições para rega nas explorações (Freixial & Barros, 2012b; Mira, 2016;).

As curvas de crescimento médio das pastagens (Gráfico 4) ao longo do ano confirmam a irregularidade da sua produção quer nas pastagens de sequeiro, quer nas de regadio, sendo que o período em que a erva está disponível em maior quantidade e melhor qualidade (Gráfico 5) é relativamente curto nas pastagens de sequeiro da Região Sul (Rodrigues et al., 1998; Conceição et al., 2012; Freixial & Barros, 2012b).

A produção de erva atinge o seu pico na Primavera, período no qual as temperaturas começam a subir e os solos ainda estão húmidos, proporcionando um maior crescimento e desenvolvimento (Rodrigues, 1997; Rodrigues et al., 1998; Conceição et al., 2012; Freixial & Barros, 2012b). A qualidade das pastagens nesta estação é a mais elevada, com teores em proteína bruta superiores e inferiores em fibra (Conceição et al., 2012). Esta alimentação de melhor qualidade privilegia a produção de leite por parte das mães, conseguindo vitelos com

Gráfico 5 – Curva da produção de pastagem ao longo do ano (Adaptado de Serrano, 2006, citado por Conceição et al., 2012).

Gráfico 4 – Curvas de produção anual de pastagens de sequeiro e de regadio respetivamente (Adaptado de Freixial & Barros, 2012b).

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maior peso vivo ao desmame (Rodrigues, 1997). No final da Primavera/Verão, a erva completa o seu ciclo vegetativo, a partir daqui deixa de haver produção e os animais alimentam-se nas pastagens de baixa qualidade que tenham permanecido da estação anterior e restolhos de cereais (Rodrigues, 1997; Rodrigues et al., 1998; Conceição et al., 2012; Freixial & Barros, 2012b). No Outono, a precipitação começa a aumentar e pode desencadear um pico mais suave de crescimento das pastagens, com uma qualidade variável (Conceição et al., 2012; Freixial & Barros, 2012b). No Inverno, com as temperaturas mais baixas e os dias mais curtos, a produção de erva é mantida a níveis mínimos (Rodrigues et al., 1998; Conceição et al., 2012; Freixial & Barros, 2012b).

As estratégias de suplementação alimentar nos efetivos de bovinos de carne em regime extensivo estão reservadas para os períodos de escassez das pastagens (Romão, 2014b). No Verão, o crescimento das pastagens é quase nulo e no Inverno a produção é baixa, pelo que é de extrema importância suplementar os animais nestas alturas. As vacas paridas são as que mais beneficiam com a suplementação nestas estações do ano, porque a produção de leite tem tendência a baixar devido à alimentação de menor qualidade e assim os vitelos não atingem um peso vivo ao desmame tão elevado (Rodrigues, 1997).

As forragens ou culturas forrageiras desempenham um papel fundamental no maneio alimentar das vacadas em extensivo nos períodos mais críticos (Figura 5). As forragens destinam-se à alimentação dos animais, não só no seu local de pastoreio, mas aproveitadas na sua maioria para corte-mecânico e posterior armazenamento. Existem sob a forma de erva verde, palha, feno, silagem e feno-silagem (Freixial & Barros, 2012a).

Figura 5 - Efetivo de bovinos de carne em sistema extensivo (montado) no Sul do País (Fotografia gentilmente cedida por Dário Guerreiro).

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Outro ponto a considerar quando se fala do maneio alimentar das vacadas de carne em extensivo é a utilização de encabeçamentos muito elevados. O encabeçamento da exploração é o número de Cabeças Normais (CN), que é suportável ao longo do ano por cada unidade de pastagem (hectare), sem suplementação fibrosa externa e com restrição ao nível dos concentrados (Romão, 2014b; Mira, 2016). Cabeça normal, segundo a Portaria nº 56/2015 de

27 de Fevereiro é definida como “a unidade padrão de equivalência usada para comparar e

agregar números de animais de diferentes espécies ou categorias, tendo em consideração a espécie animal, a idade, o peso vivo e a vocação produtiva, relativamente às necessidades alimentares e à produção de efluentes pecuários”. Quando maior a relação forragens/áreas de pastagens de uma exploração, maior poderá vir a ser o encabeçamento (Mira, 2016).

2.2. Maneio reprodutivo em vacadas de carne

Em vacadas de carne, o que se pretende é obter a máxima rentabilidade, a qual está diretamente dependente do desempenho produtivo e reprodutivo das mesmas (Vinatea & Madrigal, 2010). Do ponto de vista produtivo, o produto final que se destaca é o vitelo, daí que o objetivo principal para o produtor de carne deva ser maximizar o número de vitelos que são desmamados, com o maior peso possível ao desmame (Ball & Peters, 2004; Romão & Bettencourt, 2008, 2009b). A nível reprodutivo, a eficiência de uma vacada é a componente mais importante dos sistemas de produção de bovinos de carne, já que é determinante para a produção de vitelos (Romão & Bettencourt, 2009b; Dyer, 2012).

Sabe-se que em Portugal muitas das explorações de bovinos de carne ainda não têm uma estratégia reprodutiva definida. Isto faz com que não existam na maioria delas registos atualizados que permitam fazer uma análise dos parâmetros reprodutivos básicos (Romão, 2014a). Já há muitos anos que o maneio reprodutivo em explorações leiteiras desempenha um papel importante. Hoje em dia, é objetivo dos profissionais da área que os produtores de bovinos de carne comecem também a empenhar-se mais nesse sentido, para que consigam cada vez mais melhores resultados nas suas vacadas (Caldow et al., 2005). Ao trabalhar e melhorar o desempenho reprodutivo através de um maneio reprodutivo mais cuidado, consegue-se aumentar o número de vitelos produzidos (Dyer, 2012). Isto requer por parte dos produtores, Médicos Veterinários e técnicos da área um trabalho de equipa, no conhecimento detalhado das vacadas, identificação dos problemas e o estabelecimento de um plano reprodutivo sólido para cada uma. Este plano deve definir com clareza os objetivos, as estratégias para atingir estes mesmo objetivos e um registo de dados completo e atualizado.

Ao longo do ano, as decisões podem ser tomadas com base nos registos efetuados e os objetivos e estratégias podem ser adaptados consoante os resultados (Romão & Bettencourt, 2009b; Romão, 2014b). No entanto, é necessário compreender os diversos

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fatores que interagem entre si e influenciam a produtividade dos efetivos, incluindo a genética, nutrição, saúde geral dos animais e fertilidade dos touros (Diskin & Kenny, 2014). Deste modo, existem uma série de práticas de maneio relacionadas com a gestão reprodutiva das vacadas de carne nas quais se pode intervir para otimizar a eficiência produtiva e o desempenho produtivo. Algumas dessas práticas são (Valle et al., 1998; Romão & Bettencourt, 2008, 2009a, 2009b; Jimenez et al., 2013; Romão, 2014a, 2014b):

o Identificação dos animais e registo das ocorrências (nascimentos, abortos, mortes, entre outros);

o Seleção das épocas de cobrição e de parto; o Maneio alimentar da vacada;

o Maneio das novilhas de reposição; o Diagnóstico de gestação;

o Identificação de “vacas-problema”; o Maneio sanitário;

o Avaliação dos machos reprodutores (exame andrológico); o Utilização de tecnologias reprodutivas.

2.2.1. Eficiência reprodutiva

A eficiência reprodutiva desempenha um papel relevante na produção animal a nível mundial. Deste modo, independentemente dos sistemas de produção, é uma das principais determinantes da produtividade e rentabilidade dos efetivos de bovinos de carne (Diskin & Kenny, 2014, 2016). O parâmetro mais importante na determinação da eficiência reprodutiva é o número de vitelos que é produzido anualmente por cada vaca que é colocada à cobrição. Pode assim descrever-se a eficiência reprodutiva como a medida da capacidade de uma vaca em ficar gestante e produzir um vitelo que seja viável (Ball & Peters, 2004; Caldow et al., 2005).

A vida produtiva de uma vaca de carne inicia-se com a entrada na puberdade e é determinada por uma série de eventos críticos, relacionados com a reprodução que ocorrem posteriormente. Estes eventos incluem a idade ao primeiro parto, a duração do anestro pós-parto e as taxas de conceção e gestação que, no geral, se vão expressar na duração dos intervalos entre partos e no número de vitelos desmamados por cada vaca ao longo da sua vida produtiva (Diskin & Kenny, 2014, 2016).

Existem uma série de determinantes que vão afetar o desempenho e eficiência reprodutiva nos bovinos de carne ao longo da sua vida (Caldow et al., 2005). De entre estes fatores, destacam-se a época reprodutiva (Wiltbank, 1970), a entrada na puberdade (Day & Nogueira, 2013), o anestro pós parto (Crowe et al., 2014), a data do parto na respetiva época

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reprodutiva (Burris & Priode, 1958), a idade e número de partos das fêmeas (Wiltbank, 1970) e o maneiro alimentar e condição corporal (Richards et al., 1986).

Vários autores analisaram o efeito que a data de parto numa determinada época reprodutiva tem no desempenho reprodutivo e produtividade das vacas nas épocas seguintes (Burris & Priode, 1958; Wiltbank, 1970; Mousel et al., 2014). Um dos estudos que foi realizado por Burris e Priode (1958), com base em datas de parto de bovinos de carne com uma época reprodutiva restringida a 90 dias, concluiu que vacas que parem mais tarde num ano, tendem a ter partos mais tardios também nos anos seguintes ou então a não parir de todo. A data de parto no ano seguinte das vacas que pariram foi de 0,27 a 0,45 dias mais tardia por cada dia a mais em relação à data de parto do ano anterior. Assim, é muito importante tentar aumentar o número de vacas a ser cobertas mais cedo na época reprodutiva. Isto vai depender de alguns fatores como a idade dos animais, dos intervalos entre o parto e o reinício da atividade reprodutiva e do nível de nutrição dos animais antes e depois do parto (Wiltbank, 1970).

Desta forma, para um melhor controlo e melhoramento da produtividade dos animais da vacada é fundamental fazer uma boa monitorização desta atividade reprodutiva, para que se consiga identificar e corrigir atempadamente os problemas reprodutivos que possam existir (Parish et al., 2015).

2.2.2. Parâmetros reprodutivos

No âmbito do seguimento do desempenho reprodutivo das vacadas de carne, podem ser avaliados uma série de indicadores que são de certo modo influenciados pelos vários fatores já anteriormente referidos. Estes indicadores, designados de parâmetros reprodutivos expressam o nível de eficiência reprodutiva dos efetivos e devem estar integrados no plano reprodutivo de cada exploração. Medidas como a taxa de gestação, distribuição dos partos ao longo da época reprodutiva e a percentagem de vitelos produzidos afetam diretamente os quilos que são produzidos por cada uma das vacas colocada em reprodução. Dentro dos vários parâmetros que existem, os seguintes são os considerados mais importantes relativamente aos bovinos de carne (Caldow et al., 2005; Engelken et al., 2007; Romão & Bettencourt, 2009b; Romão, 2014b; Parish et al., 2015).

2.2.2.1. Intervalo entre partos (IEP)

O intervalo entre partos é definido como o número de dias que decorrem entre dois partos consecutivos. É uma medida simples e eficaz que traduz o desempenho reprodutivo ao longo do ano, porque o IEP médio da vacada influencia diretamente o número de vitelos que vão ser produzidos. O objetivo que se pretende do ponto de vista produtivo e reprodutivo para uma vacada de carne é um IEP individual e médio o mais próximo possível de 365 dias

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14 (Carolino et al., 2000; Madureira, 2001; Caldow et al., 2005; Romão & Bettencourt, 2009b; Vinatea & Madrigal, 2010; Diskin & Kenny, 2014, 2016; Romão, 2014b; Parish et al., 2015).

O IEP é um parâmetro que resulta da combinação de várias componentes, uma vez que representa os efeitos que estão relacionados com a vaca, o vitelo, o touro e com todo o maneio da exploração. É afetado de forma determinante por quatro períodos diferentes: duração do anestro pós-parto (intervalo parto-1ºcio pós-parto), duração do ciclo éstrico, duração do intervalo parto-conceção e ainda a duração da gestação (Carolino et al., 2000; Ball & Peters, 2004; Vinatea & Madrigal, 2010; Belo et al., 2013). A duração média de gestação de um bovino é aproximadamente 280 a 290 dias e varia principalmente devido à influência genética quer por parte da mãe, quer por parte do vitelo. Sendo assim, de modo a obter um IEP de 365 dias, uma vaca no pós-parto tem um período restrito para ficar gestante. Este período que corresponde ao intervalo parto-conceção ideal e compreende a fase de involução uterina e retorno ao cio, sendo uma componente determinante do IEP (Ball & Peters, 2004; Caldow et al., 2005; Romão & Bettencourt, 2008, 2009b).

2.2.2.2. Taxa de fertilidade

A taxa de fertilidade de uma vacada de carne é definida como o número de vacas paridas sobre o total de vacas que foram colocados à cobrição e é um parâmetro que depende diretamente do IEP médio da exploração. O objetivo passa por obter uma taxa de fertilidade de 95% (Romão & Bettencourt, 2008, 2009a, 2009b, Diskin & Kenny, 2014, 2016; Romão, 2014b).

Estudos realizados em Portugal, principalmente na região Sul do país, apresentam resultados para a taxa de fertilidade média das explorações de 74% (Belo et al., 2013) e em bovinos da raça Preta de 81,29% (Gonçalves & Rodrigues, 2002). Resultados semelhantes são encontrados por Henriques (2012) que apresenta a variação da taxa de fertilidade das diferenças raças para os anos de 2002 a 2011 (Gráfico 6).

Gráfico 6 – Evolução da fertilidade de cada raça no intervalo temporal de 2002 a 2011, no Sul de Portugal (Adaptado de Henriques, 2012).

Tabela 2 – Descrição do sistema de classificação da condição corporal em bovinos de carne (Escala de 1 – 9) (Adaptado de Richards et al., 1986) .Gráfico 9 – Variação da fertilidade anual

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2.2.2.3. Taxa de gestação

A taxa de gestação corresponde ao número de fêmeas gestantes no ato do exame de diagnóstico de gestação em relação ao número de fêmeas elegíveis para uma possível gestação. É considerada uma medida representativa do sucesso da época reprodutiva. Pode ser calculada no final da época de cobrição, consoante a duração da mesma ou, como alternativa, após a realização de um programa de IA ou cerca de 30 a 60 dias após o início da época reprodutiva (Madureira, 2001; Caldow et al., 2005; Romão, 2014b; Parish et al., 2015).

Outra medida do desempenho reprodutivo é a taxa de conceção. Esta taxa corresponde ao número de fêmeas em que ocorreu conceção relativamente ao total de animais colocados à cobrição e apresenta uma relação direta com a taxa de gestação. Contudo, e uma vez que é difícil de determinar se numa fêmea após a cobrição ocorreu a conceção ou não, na maioria dos efetivos de vacas de carne este parâmetro não é calculado. Na realidade uma vaca que fique gestante e sofra mortalidade embrionária precoce, não consegue ser distinguida das fêmeas nas quais não ocorreu a conceção (Madureira, 2001; Parish et al., 2015; Perry, 2017).

2.2.2.4. Taxa de desmame

A taxa de desmame é o parâmetro reprodutivo que melhor representa a rentabilidade e o desempenho reprodutivo das vacadas de carne. Define-se como o número de vitelos desmamados sobre o total de vacas que são colocadas em reprodução. Permite avaliar num só parâmetro o sucesso ou insucesso de outros indicadores reprodutivos da vacada como a fertilidade, conceção, gestação e o período pré-desmame. É esperado que num efetivo de vacas de carne, 90 a 95% das vacas consigam produzir um vitelo viável para o desmamar (Valle et al., 1998; Madureira, 2001; Caldow et al., 2005; Dyer, 2012; Romão, 2014b). Existem ainda alguns fatores que fazem variar a taxa de desmame numa vacada de carne como distócias, doenças entéricas e respiratórias, que tendem a aumentar a mortalidade dos vitelos e um desempenho produtivo inferior, originando pesos ao desmame mais reduzidos, mesmo nos que sobrevivem e são desmamados (Engelken et al., 2007). O peso dos vitelos ao desmame também deve ser destacado. Deve-se procurar otimizar os quilos produzidos por cada vaca colocada em reprodução, por ano (Valle et al., 1998).

2.2.2.5. Idade ao primeiro parto (IPP)

A idade ao primeiro parto corresponde à idade média das novilhas no seu primeiro parto. Devido ao carácter sazonal dos partos nos efetivos de bovinos de carne, as fêmeas acabam por ter uma idade entre 2 e 3 anos ao primeiro parto. A idade de entrada na puberdade

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das novilhas é um dos principais fatores responsáveis pela variação da IPP e pelo momento da conceção em vacas primíparas na sua primeira época reprodutiva (Day & Nogueira, 2013; Diskin & Kenny, 2014, 2016; Romão, 2014b; Day, 2015). Em Portugal, no panorama geral das raças autóctones, a IPP tem tendência a ser superior, uma vez que são consideradas raças menos precoces do que as raças importadas. Contudo, a IPP quer de bovinos de raças autóctones, quer de raças importadas, acaba por ser ligeiramente superior nos sistemas extensivos de produção que são praticados a nível nacional (Gonçalves & Rodrigues, 2002; Carolino, 2006 citado por Romão, 2014b; Romão, 2014b).

2.2.3. Época reprodutiva

Atualmente, em Portugal são estabelecidos diversos planos de épocas de cobrição e de parto consoante o maneio reprodutivo que mais se adequa a cada vacada de carne. Porém, existem dois sistemas tradicionais de maneio reprodutivo em regime extensivo no Sul do País: o primeiro baseia-se numa época reprodutiva única, na qual os machos entram na vacada entre Outubro e Novembro e são retirados entre Maio e Junho e o segundo, o método mais antigo, em que os machos permanecem o ano todo na vacada. Outros planos que se utilizam têm por base períodos de, por exemplo, 3 a 4 meses, ou até mesmo períodos restritos de 2 meses no caso de sistemas que desenvolvem esquemas reprodutivos melhorados (Romão & Bettencourt, 2009b; Romão, 2014b).

Os métodos tradicionais, com a permanência do macho durante todo o ano na vacada, estão normalmente associados a um maneio mais fácil. No entanto, em sistemas de produção extensiva de bovinos de carne, as épocas reprodutivas longas são um dos principais problemas do maneio reprodutivo. O que acontece nestes casos é a distribuição dos partos por todos os meses do ano, o que dificulta o controlo do maneio nutricional e sanitário quer das mães quer dos vitelos. Os vitelos que nascem nas épocas de maior escassez de recursos alimentares são prejudicados em termos de crescimento e a fertilidade das mães também fica comprometida, o que aumenta a probabilidade de as vacas apresentarem um IEP individual superior a 365 dias (Wiltbank, 1970; Valle et al., 1998; Jimenez et al., 2013; Romão, 2014b). Na época reprodutiva podem ser destacados dois períodos que correspondem ao período de cobrições e ao período de partos e que estão diretamente relacionados um com o outro (Romão & Bettencourt, 2009b).

A época de partos é um dos fatores mais importante nas vacadas de carne. Afeta a rentabilidade e a eficiência reprodutiva através da influência que desempenha na ocorrência de outros acontecimentos reprodutivos como o pico de lactação, a capacidade de as vacas ficarem novamente gestantes e o desmame. A escolha da melhor época de partos para cada vacada implica a análise de diversos fatores, salientando-se o sistema de produção, a região

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geográfica e as condições ambientais, biológicas e económicas (Funston et al., 2016). A nível económico, as variações do preço dos vitelos no mercado são determinantes para o estabelecimento da época de partos por parte dos produtores (Romão & Bettencourt, 2009b). O estabelecimento de uma época de cobrição é uma ferramenta que visa facilitar e melhorar o maneio reprodutivo das explorações e a sua produtividade porque, em sistemas de produção extensivos, a fertilidade das vacas de carne apresenta variações associadas às condições ambientais. Tem ainda a vantagem de prevenir, de certo modo, o desgaste dos machos reprodutores nos sistemas de cobrição natural, nos períodos em que as pastagens são menos produtivas (Valle et al., 1998; Jimenez et al., 2013; Romão, 2014b). Para o sucesso de uma época de cobrição é fundamental assegurar em cada vacada o rácio macho:fêmea mais adequado, machos reprodutores com fertilidade comprovada, vacas com condição corporal apropriada e vacas sem problemas reprodutivos (Romão & Bettencourt, 2009b). Deutscher et al. (1991), num estudo realizado durante 5 anos para avaliar os efeitos da duração época reprodutiva com base em épocas de 30, 45 e 70 dias no desempenho reprodutivo de bovinos de carne, referem que a produtividade geral das vacas foi superior quando estas eram cobertas durante um período de 70 dias, com uma taxa de gestação e de desmame mais elevada.

Muitos estudos realizados em efetivos com épocas curtas e controladas, quer com vacas multíparas quer com primíparas, demonstraram que vacas que têm partos mais cedo na respetiva época de partos apresentam uma vida produtiva mais longa, tendem a parir mais cedo nas épocas de parto seguintes e os seus vitelos apresentam taxas de crescimentos mais rápidas e pesos ao desmame superiores. Estas vacas permanecem mais tempo com o macho reprodutor, daí que caso não fiquem gestantes no primeiro cio pós-parto, têm ainda outras oportunidades de serem de novo cobertas na época em questão. Sabe-se também que vacas que apresentam datas de parto mais tardias, têm tendência a produzir um menor número de vitelos (Burris & Priode, 1958; Wiltbank, 1970; Lesmeister et al., 1973 citado por Cushman et al., 2013; Mousel et al., 2014). A taxa de gestação é um parâmetro reprodutivo que também pode sofrer oscilações consoante a data de parto durante a época reprodutiva, vacas multíparas e primíparas com datas de parto mais precoces na época de partos e que consequentemente apresentam uma data de conceção mais precoce na época reprodutiva apresentam taxas de gestação mais elevadas na época reprodutiva seguinte. No entanto, mesmo com partos mais precoces, as condições climatéricas e a disponibilidade de alimento são fatores que podem provocar uma redução da taxa de gestação (Wiltbank, 1970; Deutscher et al., 1991; Osoro & Wright, 1992; Reinher et al., 2010).

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2.2.4. Maneio alimentar

A eficiência reprodutiva dos efetivos de bovinos de carne está depende de diversos fatores ambientais como o fotoperíodo, a temperatura e a nutrição. Entre estes, a nutrição é a que mais se destaca, uma vez que nos sistemas extensivos de produção os produtores podem intervir e controlar o maneio nutricional das suas vacadas, contrariamente aos outros fatores (Dunn & Moss, 1992). A reprodução e a nutrição representam duas das mais importantes componentes da produção animal, que se influenciam e alteram mutuamente. Os nutrientes que as vacas ingerem diariamente alteram a função reprodutiva, assim como o estado do ciclo reprodutivo das vacas modifica as suas necessidades nutricionais (Swecker & Kasimanickam, 2007). Desta forma, um nível nutricional adequado para as vacadas de carne é fundamental para que se atinjam os objetivos reprodutivos e produtivos pretendidos (Hess et al., 2005).

Nos bovinos de carne, a energia e a proteína são os nutrientes que assumem uma maior importância, sendo necessários em maior quantidade e tendo um papel prioritário nos planos nutricionais incluídos no maneio reprodutivo. Dietas pobres em energia e proteína podem colocar o animal num estado de balanço energético negativo, quando os níveis necessários destes nutrientes para manutenção das funções fisiológicas do organismo como a locomoção, lactação e reprodução são superiores aos que são ingeridos com o alimento. O peso corporal e a condição corporal são afetados por este balanço energético negativo (Wiltbank, 1970; Dunn & Moss, 1992; Rasby & Funston, 2016).

Ao longo das várias fases do ciclo reprodutivo as exigências em termos de energia, proteína, vitaminas e minerais são diferentes. Durante o período do parto até à conceção, as exigências nutricionais são mais elevadas devido à involução uterina, retorno da atividade cíclica e lactação. Muitas vezes os animais acabam por recorrer às suas reservas corporais porque não conseguem obter o necessário através da dieta. Do mesmo modo que durante a lactação as necessidades são superiores, o aumento da ingestão de nutrientes não só mantém uma boa produção de leite, como também promove o crescimento do vitelo. A meio da gestação as necessidades decrescem, ao contrário do que ocorre no final da gestação em que aumentam consideravelmente (Wiltbank, 1970; Corah, 1988 citado por Swecker & Kasimanickam, 2007; Hess et al., 2005; Jimenez et al., 2013).

2.2.4.1. Condição corporal

A classificação da condição corporal é considerada a medida mais adequada e prática para avaliação do estado nutricional e eficiência do maneio alimentar em bovinos de carne. Estima o nível de reservas corporais dos animais sob a forma de músculo e gordura de modo mais preciso do que o peso corporal, uma vez que o peso ideal varia largamente de vaca para

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Gráfico 3 – Número de cabeças de gado por raça e cruzamento registado a 31.12.2016  na região do Alentejo (Adaptado de IFAP, 2016)
Gráfico  4  –  Curvas  de  produção  anual  de  pastagens  de  sequeiro  e  de  regadio  respetivamente  (Adaptado de Freixial & Barros, 2012b)
Gráfico 6 – Evolução da fertilidade de cada raça no intervalo temporal de 2002 a 2011, no Sul  de Portugal (Adaptado de Henriques, 2012)
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