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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Castro Mendes e no Hospital Privado da Boa Nova (Grupo Trofa Saúde)

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1

FARMÁCIA CASTRO MENDES

Joana Inês Nogueira Silva

(2)

Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

2

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Castro Mendes

janeiro de 2020 a junho de 2020

Joana Inês Nogueira Silva

Orientadora : Dr.ª Silvia Varela

Tutora FFUP: Professora Doutora Manuela Morato

(3)

i

«O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem… Por

isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.»

(4)

i

D

ECLARAÇÃO DE

I

NTEGRIDADE

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 30 de Setembro 2020.

(5)

Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

ii

AGRADECIMENTOS

E assim passaram cinco anos. Foram os cinco anos mais cheios da minha (ainda curta) vida.

Cheios de aventuras, aprendizagem, lágrimas, sorrisos, esforço, dedicação, descobertas. Mas foram,

principalmente, cinco anos cheios de amor. Nada disto seria possível sem o apoio daqueles que, de

uma maneira ou outra, contribuíram para que hoje tudo que sonhei fosse realidade. Deste modo, não

posso deixar de agradecer:

À Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e todo o seu corpo docente e

funcionários, por estes cinco anos de alta exigência. Em particular, à minha tutora, Dr.ª Manuela

Morato, pela disponibilidade e por toda a paciência nesta etapa final do meu percurso académico, toda

a sua ajuda foi essencial. Agradeço todas as suas palavras, no momento certo e todo o apoio

incondicional nos momentos mais difíceis desta caminhada.

A toda a equipa da Farmácia Castro Mendes, um enorme obrigada por me integrarem tão

bem na equipa. Obrigada por todos os conselhos, por toda a simpatia, por toda a disponibilidade e por

me terem feito sentir sempre parte da equipa. Foi um prazer aprender convosco. São todos um

verdadeiro exemplo. Deixo um agradecimento especial à minha orientadora, Drª Silvia Varela, pelo

companheirismo e por toda a paciência comigo ao longo destes quatro meses. Por fim, um obrigada

enorme à Drª Cristina Castro Mendes, pela oportunidade de estagiar na sua farmácia e por me ter feito

sentir parte integrante da sua equipa, foi sem dúvida uma honra. Não podia estar mais agradecida, por

tudo o que fizeram por mim.

À minha família, por acreditarem sempre em mim. Em especial à minha mãe, que viveu tudo

comigo, chorou comigo e festejou comigo. Mesmo com todos os obstáculos da vida nunca desistiu de

mim, sempre me deu força para eu continuar e nunca me fechou a porta para nenhum sonho meu. É o

meu verdadeiro exemplo de vida e agradeço, todos os dias, a confiança. Ao meu pai, que, apesar de

não tão presente, sempre me apoiou e sempre confiou em mim. À minha irmã, que é também a minha

melhor amiga e sempre confiou que eu era capaz, sempre me deu os melhores conselhos e teve sempre

paciência para me ouvir e me amparar em todas as quedas. Sem vocês isto não era possível. Aos meus

tios, aos meus primos, ao meu padrinho, à minha madrinha, ao meu afilhado, por estarem sempre lá

para mim. Não podia esquecer aqueles que, fisicamente já cá não estão, mas que todos os dias me

deram força. O meu avô, a titi e a minha tia Esmeralda, que vibravam com o meu sucesso tanto como

eu e mesmo não estando presentes, sei que estão felizes.

Aos meus amigos, de longa data, a Francisca, a Catarina, a Bruna, a Filipa, a Inês, o Diogo e o

Fábio que compreenderam todas as minhas ausências, sempre me apoiaram, acreditaram em mim e

foram a minha força. Tenho os melhores amigos do mundo. Por fim e não menos importante, ao

Miguel. Que, sempre com muita paciência, ouviu todos os meus medos e angústias. Obrigada por

confiares em mim e me fazeres acreditar que somos sempre capazes de tudo. O nosso caminho, juntos,

ainda agora começou.

Às pessoas que levo desta faculdade, em especial à Cami por ser a melhor companheira de

casa, por nunca me abandonar e por toda a paciência nas horas de aperto, sem ela nada seria igual. À

Patrícia por ter sido o meu braço direito nos últimos meses de estágio, uma verdadeira inspiração. À

Uly por ser uma amiga tão especial e carinhosa. Obrigada às três por serem um bocadinho minhas. À

minha madrinha pelo gigante apoio, pelo mimo e por todos os abraços antes que fosse tarde. Às

minhas afilhadas pela confiança e por me deixarem fazer parte deste percurso com elas. E a todos os

outros que cruzaram o meu caminho e que guardo no coração, para sempre. Sou uma sortuda.

(6)

Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

iii

RESUMO

Terminando assim o percurso dito teórico no Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, chega a altura de aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo dos 9 semestres, na unidade curricular prática marcando assim o final da nossa formação.

O estágio profissionalizante em Farmácia Comunitária permite-nos ter o primeiro contacto com a realidade da profissão, sendo que é nesta fase que podemos aplicar alguns conhecimentos adquiridos ao longo destes cinco anos e adquirir, todos os dias, novos conhecimentos tanto a nível profissional como pessoal, uma vez que todos os dias aparecem situações novas e cada utente é diferente sendo o atendimento farmacêutico um ato individual e bastante personalizado. Deste modo, o presente relatório pretende descrever como foi o estágio curricular na Farmácia Castro Mendes, sendo que se encontra dividido em duas partes: 1) Actividades realizadas ao longo do estágio; 2) Temas desenvolvidos. Ao longo do meu estágio, sendo a Farmácia Castro Mendes uma

farmácia bastante movimentada, tive a oportunidade de ter contacto com imensos produtos que não conhecia, desde medicamentos, a suplementos alimentares, produtos de cosmética, entre outros. Pude também entender como funciona todo o backoffice de uma Farmácia Comunitária.

A segunda parte deste relatório está dividida em diferentes temas. O primeiro tema aborda um medicamento recente na Farmácia Comunitária, o Elvanse®. Este medicamento é utilizado na Perturbação da Hiperatividade e Défice de Atenção e tem tido uma utilização cada vez mais crescente. O facto de haver cada vez mais pessoas, principalmente crianças, diagnosticadas com esta doença e o facto de esta medicação ser recente, despoletaram o meu interesse neste tema. Assim, foi realizado um power-point com as principais características da doença e da medicação, tendo sido apresentada à equipa juntamente com um panfleto que continha as informações mais importantes que o utente deve saber. Para além disso, foi feita uma comparação desta nova medicação com outras medicações que já existem no mercado há mais tempo de modo a ser mais fácil etender o porquê de estar a haver um consumo crescente de Elvanse®.

O segundo tema aborda os diferentes tipos de métodos contracetivos que existem. O facto de cada vez mais os casais quererem adiar uma gravidez e o facto de nos dias de hoje os adolescentes serem mais precoces no ínicio da sua vida sexual e também a procura crescente das pilulas do dia seguinte, foram os fatores que me fizeram ganhar interesse por este tema. Assim, realizei um pequeno manual que aborda todos os tipos de métodos contracetivos, quais as suas vantagens e desvantagens, o modo de utilização de cada um deles assim como a sua eficácia. O objetivo deste manual é que a equipa tenha ao seu dispor toda a informação de modo rápido e prático, para consultarem sempre que existirem dúvidas no atendimento sobre o assunto.

O terceiro tema estuda o impacto da Covid-19 no hábito de fumar. Sendo que vivemos tempos atípicos, cada vez mais as pessoas têm procurado manterem-se saudáveis e protegidas. Ao longo do estágio, principalmente após o confinamento, o número de pessoas a procurar a farmácia para abandonar o vício de fumar aumentou e isto desencadeou o meu interesse e decidi então estudar na comunidade se isso se deveria à atual pandemia ou se poderia ser por motivos financeiros. Com isto procedi à realização de um questionário que abordava várias questões sobre o assunto. Aproveitando este estudo, achei pertinente incentivar as pessoas a abandonarem o hábito de fumar e por isso realizei uma publicação no Facebook que alertava para o facto de o tabaco poder despoletar a forma mais grave da Covid-19 através da divulgação de um estudo realizado pela «Comissão de trabalho de tabagismo» em conjunto com a «Sociedade Portuguesa de Pneumologia». Para além disto, afixei um cartaz na porta da Farmácia para conseguir chegar a um número mais elevado de pessoas.

(7)

Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

iv

L

ISTA DE

A

BREVIATURAS

AUC

Área sob a Curva

BPFFC

Boas Práticas Farmacêuticas para Farmácia Comunitária

CCF

Centro de Conferência de Faturas

Cmáx

Concentração Máxima

CNP

Código Nacional do Produto

CNPEM

Código Nacional para Prescrição Eletrónica de Medicamentos

CYP 2D6

Citocromo P450 2D6

DCI

Denominação Comum Internacional

DL

Decreto-Lei

DLX

Dimesilato de Lisdexanfetamina.

DST

Doença Sexualmente Transmissível

DT

Diretora Técnica

EUA

Estados Unidos da América

FC

Farmácia Comunitária

FCM

Farmácia Castro Mendes

FDA

Food and Drugs Administration

FEFO

First Expire, Fisrt Out

FIFO

First In, First Out

FSA

Faça Segundo a Arte

IP

Indice de Pearl

IVA

Imposto sobre o valor acrescentado

LPMM

Linha de Prescrição de Medicamentos Manipulados

MG

Medicamento Genérico

MM

Medicamento Manipulado

MNSRM

Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MNSRM-EF

Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa

Exclusiva em Farmácia

MEP

Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos

MSRM

Medicamento Sujeito a Receita Médica

PCHC

Produtos de Cosmética e Higiene Corporal

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

v

PHDA

Perturbação da Hiperatividade e Défice de Atenção

PIC

Preço Inscrito na Cartonagem

PV

Prazo de Validade

PVF

Preço de Venda à Farmácia

PVP

Preço de Venda ao Público

SA

Substância Ativa

SAMS

Serviços de Assistência Médico-Social

SNS

Serviço Nacional de Saúde

TGI

Trato Gastrointestinal

(9)

Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

vi

I

NDICE

Declaração de Integridade ... i

Agradecimentos... ii

Resumo ... iii

Lista de Abreviaturas ... iv

Indice ... vi

Índice de Tabelas ... ix

Índice de Gráfico ...x

Índice de Figuras ... xi

Parte I – Atividades realizadas durante o estágio ... 1

1. Introdução ... 1

2. Farmácia Castro Mendes ... 2

Contextualização ... 2 2.1. 2.2. Recursos Humanos ... 2 2.3. Instalações e Equipamentos ... 3 2.3.1. Espaço Exterior ... 3 2.3.2. Espaço Interior... 3 2.3.3. Espaço Virtual ... 5

2.4. Fontes de Informação e Sistema Informático ... 5

2.5. Os utentes ... 5

3. Gestão de Produtos ... 6

Gestão de Stocks ... 6

3.1. 3.2. Gestão de Encomendas ... 6

3.3. Receção e Verificação de Encomendas ... 7

3.4. Marcação de Preço ... 7

3.5. Armazenamento ... 8

3.6. Controlo de Prazos de Validade ... 8

3.7. Devoluções ... 8

4. Dispensa de produtos em Farmácia e atendimento ao público... 9

Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 9

4.1. 4.1.1. Prescrição Médica e Validação ... 10

4.1.2. Sistema de Comparticipação ... 11

4.1.3. Medicamentos Genéricos e Preços de Referência ... 12

4.1.4. Receituário e Faturação ... 12

4.1.5. Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos ... 13

4.1.6. Medicamentos Manipulados ... 14

4.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 14

4.3. Produtos Naturais ... 15

4.4. Produtos para Alimentação Especial ... 15

4.5. Suplementos Alimentares ... 16

(10)

Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

vii

4.7. Artigos de Puericultura... 16

4.8. Medicamentos de Uso Veterinário ... 17

4.9. Dispositivos Médicos ... 17

5. Outros cuidados de Saúde prestados na Farmácia ... 17

Determinação de Parâmetros Antropométricos, Bioquímicos e Fisiológicos ... 17

5.1. 5.2. Administração de Medicamentos ... 18

6. VALORMED ... 18

7. Farmacovigilância ... 18

8. Formações ... 18

Parte II – Projetos desenvolvidos ... 19

Tema I: Medicamentos recentes na Farmácia Comunitária ... 19

Elvanse® na Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção ... 19

1. Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção ... 19

2. Tratamento da Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção ... 20

2.1. Tratamento Farmacológico e Não Farmacológico ... 20

3. A importância dos Pais/Cuidadores ... 21

4. O papel dos Educadores ... 21

5. Considerações sobre o Elvanse® ... 22

5.1. Características gerais sobre o Elvanse® ... 22

5.2. Mecanismo de Ação ... 22

5.3. Farmacocinética ... 22

5.4. Composição Qualitativa e Quantitativa das cápsulas ... 23

5.5. Potencial de Abuso ... 23

5.6. Modo de administração e Posologia ... 23

5.7. Reações adversas ... 24

5.8. Contraindicações ... 25

5.9. Interações medicamentosas ... 26

5.10. Informações importantes para o utente/cuidador ... 26

6. Comparação do Elvanse® com Concerta® e Ritalina®. ... 27

7. Intervenção na Farmácia ... 28

7.1. Enquadramento/Objetivos ... 28

7.2. Métodos ... 28

7.3. Resultados ... 28

7.4. Conclusões ... 29

Tema II: Métodos contracetivos – uma escolha segura e responsável ... 29

1. Métodos Contracetivos ... 29

1.1. Classificação dos Métodos Contracetivos ... 29

1.2. Descrição dos diferentes métodos contracetivos ... 30

1.2.1. Métodos contracetivos de barreira ... 30

1.2.2. Métodos Contracetivos Hormonais ... 30

1.2.3. Métodos Contracetivos Intrauterinos ... 32

1.2.4. Métodos Contracetivos Cirúrgicos ... 33

1.2.5. Métodos Contracetivos Naturais ... 33

1.2.6. Métodos contracetivos de Emergência ... 33

2. Intervenção na Farmácia ... 34

(11)

Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

viii

2.2. Métodos ... 34

2.3. Resultados ... 34

2.4. Conclusão ... 35

Tema III: Impacto da Covid-19 no Consumo de Tabaco ... 35

1. O tabaco e a adição ... 35

2. Covid-19 e o Tabaco ... 35

3. Impacto da Covid-19 no consumo de tabaco na FCM ... 36

4. Intervenção na Farmácia ... 37 4.1. Enquadramento/Objetivos ... 37 4.2. Métodos ... 37 4.3. Resultados ... 37 4.4. Conclusão ... 40

Conclusão ... 40

Fontes Bibliográficas ... 41

Anexos ... 50

Anexo I: Organização externa do sistema farmadrive. ... 50

... 50

Anexo II: Exemplo de uma nota de devolução. ... 51

Anexo III: Preaparação de cápsulas de Minoxidil e respetiva ficha de preparação, cálculo de preço e verificação das cápsulas. ... 52

Anexo IV: Prepração da Solução Antissética de Base Alcoolica, com Álcool Isopropílico e respetiva ficha de preparação e rótulo. ... 56

... 57

Anexo V: Mecanismo de hidrólise do Dimesilato de Lisdexanfetamina. ... 58

Anexo VI: Projeto I - Elvanse® na Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (power point apresentado à equipa). ... 58

Anexo VII: Projeto I - Elvanse® na Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (panfleto) ... 66

Anexo VIII: Projeto I - Elvanse® na Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (questionário de satisfação e exemplo de uma resposta por um membro da equipa). ... 68

Anexo X: Métodos contracetivos – uma escolha segura e responsável (manual) ... 70

Anexo XI: Métodos contracetivos – uma escolha segura e responsável (questionário de satisfação e exemplo de uma resposta por um membro da equipa). ... 77

... 78

... 79

Anexo XII: Projeto III- Impaacto da Covid-19 no Consumo de Tabaco (questionário) ... 80

Anexo XIII: Projeto III- Impacto da Covid-19 no Consumo de Tabaco (publicação no Facebook da FCM). .. 83

... 83

... 83

Anexo XIV: Projeto III- Impacto da Covid-19 no Consumo de Tabaco (estatísticas da publicação no Facebook da FCM). ... 84

Anexo XV: Projeto III- Impacto da Covid-19 no Consumo de Tabaco (mini cartaz)... 85

(12)

Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

ix

Í

NDICE DE

T

ABELAS

TABELA 1-CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES EFETUADAS DURANTE OS MESES DE ESTÁGIO. ... 1 TABELA 2-FORMAÇÕES REALIZADAS AO LONGO DO ESTÁGIO ... 19 TABELA 3-FREQUÊNCIA DAS DIFERENTES REAÇÕES ADVERSAS DE ELVANSE® ... 25

(13)

Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

x

Í

NDICE DE

G

RÁFICO

GRÁFICO 1- EVOLUÇÃO DAS VENDAS DE QUATRO PRODUTOS DIFERENTES PARA AJUDAR A DEIXAR DE FUMAR

(NICORETTE 2MG,NICORETTE 4MG,NIQUITIN COMPRIMIDOS PARA CHUPAR E NIQUITIN SISTÉMA

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

xi

Í

NDICE DE

F

IGURAS

FIGURA 1-RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO REALIZADO RELATIVO À IDADE E SE SÃO OU NÃO FUMADORES ... 37 FIGURA 2-RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO REALIZADO – AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA COVID-19 NO CONSUMO DE TABACO. ... 38 FIGURA 3-RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO REALIZADO: AVALIAÇÃO DO AUMENTO OU DIMINUIÇÃO DO CONSUMO

DE TABACO E AVALIAÇÃO DO DESEJO DE MANTER O CONSUMO DE TABACO OU NÃO. ... 38 FIGURA 4-RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO REALIZADO – AVALIAÇÃO DOS MOTIVOS PARA CASOS EM QUE

AUMENTARAM O CONSUMO DE TABACO DURANTE A QUARENTENA. ... 39 FIGURA 5-RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO REALIZADO – AVALIAÇÃO DOS MOTIVOS PARA CASOS EM QUE

DIMINUIRAM O CONSUMO DE TABACO DURANTE A QUARENTENA. ... 39 FIGURA 6-RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO REALIZADO: AVALIAÇÃO DA INTENÇÃO DE DEIXAR DE FUMAR E SE JÁ

PROCURARAM AJUDA PARA ISSO. ... 39 FIGURA 7-RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO REALIZADO – AVALIAÇÃO DE QUAL O LOCAL QUE PROCURAM AJUDA

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

1

P

ARTE

I

A

TIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO

1. I

NTRODUÇÃO

Um farmacêutico pode atuar em diversas áreas, porém a Farmácia Comunitária (FC) é a área dominante nesta profissão. A importância de um farmacêutico comunitário é incontestável sendo que este é muitas vezes o primeiro contacto que os utentes procuram antes do médico e é, também, o último a contactar com o utente antes do ínicio da terapêutica. O conhecimento de um farmacêutico é posto à prova todos os dias e por isso deve estar sempre preparado para solucionar problemas que surgem com frequência.

O meu estágio curricular em FC foi realizado na Farmácia Castro Mendes (FCM), em Guimarães, entre os dias 13 de janeiro e 13 de março de 2020, tendo realizado uma pausa devido à situação da COVID-19 retomando no dia 20 de abril até ao dia 13 de junho, sob a orientação da Drª Silvia Varela. A FCM é uma das farmácias de renome da cidade, sendo distinguida pelos seus serviços prestados, pela diversidade de medicamentos e outros produtos de saúde, pelo sistema inovador farmadrive e também pela Loja da Farmácia. Durante os meses de estágio o meu horário compreendia oito horas diárias, de segunda a sexta, das 9h00 até às 18h00 intercalando algumas semanas das 13h00 às 22h00, com uma hora de pausa para almoço ou para jantar.

Posto isto, este relatório encontra-se dividido em duas partes:

 Parte I – Atividades realizadas durante o estágio, onde se insere tudo o que executei ao longo destes quatros meses.

 Parte II – Projetos desenvolvidos, onde foi possível extrapolar o conhecimento científico na melhoria do aconselhamento e prestação de serviços de saúde pública.

Na tabela 1 encontra-se um cronograma com as diferentes atividades que realizei ao longo do estágio na FCM.

Tabela 1- Cronograma das atividades efetuadas durante os meses de estágio

.

JANEIRO

FEVEREIRO

ABRIL

MAIO

JUNHO

Armazenamento de produtos

Receção de encomendas

Etiquetagem

Medição de parâmetros bioquímicos

Preparação de medicamentos manipulados

Reposição de stocks

Formações

Atendimento ao público

Projeto I

Projeto II

Projeto III

(16)

Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

2

2. F

ARMÁCIA

C

ASTRO

M

ENDES

C

ONTEXTUALIZAÇÃO

2.1.

A FCM localiza-se na Rua de Moçambique Nº 98 na freguesia de Creixomil, em Guimarães. Apesar de não se encontrar situada no centro da cidade, beneficia de um acesso facilitado através de uma estrada nacional que é bastante movimentada, sendo anunciada e destacada por vários pontos desde a saída da autoestrada. Além disto, nas proximidades encontram-se estabelecimentos de interesse público como o hospital tanto público como privado, estação dos correios, postos de abastecimento de combustível, escola primária, entre outros, que contribuem para maior visibilidade e afluência.

A FCM é uma farmácia independente, que dispõe dos mais diversos recursos para os seus utentes e com o objetivo de aumentar o número de serviços prestados e acima de tudo a satisfação dos seus utentes. Desta forma, para além da venda de produtos de saúde, atendimento personalizado e aconselhamento farmacêutico, realização de testes bioquímicos e administração de injetáveis, a FCM é dotada de particularidades muito inovadoras e chamativas como é o caso do sistema farmadrive, parque de estacionamento privativo, a Loja da Farmácia online, inúmeras formações para os profissionais e um funcionamento em horário alargado. Durante a pandemia vivida, a farmácia teve de se organizar de modo a garantir a segurança de todos os trabalhadores e de todos os utentes. Com isto a farmácia esteve encerrada à entrada dos utentes durante o mês de abril sendo que trabalhavam através de 3 postos de trabalhos com postigos. Deixou de ser praticada a administração de injetáveis e a realização de testes bioquímicos assim como aceitar medicamentos já fora de validade e caixas vazias para o ValorMed. Todos os funcionários da farmácia, usavam máscaras e era fornecido gel desinfetante em cada posto e à entrada da farmácia, tanto para os funcionários como para os utentes. O atendimento era realizado de maneira diferente, havendo um distanciamento mínimo de 2 metros e não havia qualquer contacto pessoal nem com objetos do utente. Em maio a farmácia reabriu à entrada de clientes e os profissionais de saúde continuaram a usar máscaras juntando um acrílico em cada balcão, para haver o máximo afastamento, cumprindo todas as regras de segurança. A Loja da Farmácia passou a ter mais movimento devido ao aumento de compras online e o sistema farmadrive enquanto a farmácia esteve fechada era um posto de trabalho e depois voltou ao funcionamento normal.

Segundo o disposto na Portaria nº 277/2012, de 12 de setembro, a FCM opera num horário alargado das 8h30 às 23h de segunda a sexta e das 10h às 22h ao sábado e domingo, todos os dias do ano. Assim, a FCM está dispensada de participar nos turnos de serviço permanente elaborado pela Associação Nacional das Farmácias (ANF) em conjunto com a Administração Regional de Saúde do Norte.

2.2. R

ECURSOS

H

UMANOS

Enquanto farmácia comunitária, a FCM cumpre o disposto no Decreto-Lei (DL) n.º 307/2007, de 31 de agosto, modificado pela Lei n.º 26/2011, de 16 de junho, no qual o quadro farmacêutico constitui a maioria dos trabalhadores da farmácia. Assim, a FCM é composta por um quadro farmacêutico que compreende a Diretora Técnica (DT) e Proprietária, Dr.ª Cristina Castro Mendes, e quinze farmacêuticos, doze dos quais farmacêuticos substitutos (Dr.ª Ana Cristina Sousa, Dr.ª Ana Raquel Carvalho, Dr.ª Andreia Sousa, Drª Carina Pereira, Dr.ª Cláudia Fonseca, Dr.ª Diana Lima, Dr. João Miguel Machado, Dr. José Pedro Fernandes, Dr.ª Maria João Monteiro, Dr.ª Mariana Pereira, Dr.ª Sara Félix, Dr.ª Séfora Costa, Dr.ª Sílvia Varela, Dr.ª Soraia Cunha, Dr.ª

(17)

Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

3

Teresa Faria); um quadro não farmacêutico composto por quatro técnicos de farmácia (Drª Ana Isabel Ferreira, Dr.ª Catarina Ferreira, Dr. Ivo Lopes, Dr. Ivo Silva), três gestores (Eng. Ricardo Castro Mendes, Eng. Filipe Castro Mendes e Prof. Pedro Castro Mendes) , uma administrativa (Sónia Mendes) 1 gestor de marketing digital (Hugo Cunha), quatro operadores da Loja online (Maria José Jordão, Paula, Sandra, João) e, por fim, uma auxiliar de limpeza (D. Paula)3,4.

Esta equipa alia a experiência à juventude numa mistura perfeita que, com uma visão no futuro, consegue agir de acordo com as necessidades da sociedade. Aliando isto a um ambiente de cooperação total entre a equipa e a constante busca pela excelência profissional fazem da FCM um local exemplar.

2.3. I

NSTALAÇÕES E

E

QUIPAMENTOS

Segundo o indicado nas Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária (BPFFC), o principal objetivo da FC é “a cedência de medicamentos em condições que possam minimizar os riscos do uso dos medicamentos e que permitam a avaliação dos resultados clínicos dos medicamentos de modo a que possa ser reduzida a elevada morbimortalidade associada”. Deste modo e em cumprimento com o DL n.º 307/2007, de 31 de agosto, o farmacêutico, para realizar as diferentes atividades do seu dia-a-dia na FC, necessita de ter acesso a instalações e equipamentos adequados, devendo a farmácia possuir uma estrutura adequada para o cumprimento das suas funções. Assim, são necessárias as seguintes instalações: a) Sala de atendimento ao público; b) Armazéns; c) Laboratório; d) Escritório; e) Instalações sanitárias.

2.3.1. Espaço Exterior

A FCM encontra-se localizada numa zona de residências, numa antiga habitação. A entrada na farmácia localiza-se no rés-do-chão, permitindo assim uma maior acessibilidade e deste modo, permitir que os utentes com mobilidade reduzida tenham maior facilidade de acesso. A FCM encontra-se devidamente sinalizada com uma cruz verde, que se encontra ligada durante o período de funcionamento da farmácia, tal como descrito no artigo 28º do DL n.º 307/2007, de 31 de agosto. O horário de atendimento, a diretoria técnica e a lista semanal das farmácias que se encontram em regime de serviço permanente encontra-se devidamente afixado para conhecimento da comunidade. O rés-do-chão conta com um grande espaço envidraçado onde consta a publicidade relativa a diferentes produtos e/ou campanhas em vigor na farmácia. O espaço exterior da farmácia é composto por um parque privativo e o sistema de farmadrive. O sistema de farmadrive é um dos pontos mais fortes da FCM e atua através de um sistema de sensores e semáforos e um posto de atendimento particular. (anexo I).

2.3.2. Espaço Interior

De acordo com as BPFFC, documento aprovado em 2009 pelo Conselho Nacional de Qualidade, e com o descrito no DL n.º 307/2007, de 31 de agosto, o espaço interior da FCM dispõe de3,5:

Zona de atendimento ao público: amplo, composto por várias expositores com produtos maioritariamente relativos à dermocosmética e com um grande espaço envidraçado permitindo a entrada de luz natural. Logo após a entrada está localizado um dispositivo de senhas e uma balança. O utente tem ao seu dispor 7 balcões de atendimento e, ainda, uma sala de atendimento individualizada para prestar alguns serviços de saúde, tais como administração de injetáveis e medição de parâmetros bioquímicos e onde se encontra o contentor do VALORMED para a recolha dos medicamentos

(18)

Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

4

inutilizados. É também possível observar atrás dos balcões de atendimento vários Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM),Suplementos Alimentares, produtos de Higiene Oral dispostos segundo as principais patologias que levam o utente a procurar o aconselhamento farmacêutico dependendo da estação do ano. Por fim, na zona dos balcões existe um equipamento, designado

CashRoge, destinado à gestão do numerário no qual introduzimos o dinheiro que o utente nos forneceu

e o equipamento calcula automaticamente e fornece o troco correspondente.

Armazém: o armazém encontra-se dividido em duas áreas distintas. A primeira área posiciona-se próximo do local de atendimento de modo a facilitar o processo. Assim, é composto por um sistema de gavetas onde se encontram os principais medicamentos de marca sob as diferentes formas farmacêuticas organizados por ordem alfabética segundo a Denominação Comum Internacional (DCI) (comprimidos, cápsulas, xaropes, ampolas, soluções orais, supositórios e enemas, injetáveis, cremes e óvulos vaginais, carteiras, preparações oftálmicas e otológicas, antiasmáticos, anticoncecionais, formas farmacêuticas de aplicação tópica, nasal e produtos constantes no protocolo da diabetes). Imediatamente ao lado, encontram-se dispostos nas prateleiras Medicamentos Genéricos dos laboratórios com maior expressão na FCM, organizados igualmente por DCI. Neste mesmo piso, mas com acesso mais restrito encontram-se armazenados os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos (MEP) numa gaveta que possui fechadura. A segunda área, localizada no primeiro andar, divide igualmente os Medicamentos, consoante a forma ou categoria terapêutica distinguindo igualmente os medicamentos de marca dos genéricos, assim como alguns produtos de cosmética. Durante a arrumação e dispensa dos medicamentos cumpre-se, ao máximo, a regra FEFO (First Expired, First Out), garantindo a saída, em primeiro lugar, dos medicamentos com Prazo de Validade (PV) mais curto. No caso de produtos sem PV, segue-se o princípio FIFO (First In, First Out). O armazém deve encontrar-se sob condições de temperatura, humidade e proteção da luz ótimas, para garantir a estabilidade física, química e farmacológica dos produtos, para tal existem cinco aparelhos de registo de temperatura (termohigrómetro): no frigorífico, laboratório, dois no armazém do piso um e um no armazém do piso dois. Diariamente, os registos efetuados pelos aparelhos são analisados quanto à ocorrência de possíveis variações de temperatura e humidade, comparando-se ao estabelecido como ideal: 18-25ºC (ou 2-8ºC) e <60% respetivamente10. A partir deste sistema é possível garantir a manutenção das condições de conservação e assegurar a qualidade dos produtos, bem como detetar e corrigir de modo rápido eventuais complicações.

Laboratório: Este local destina-se à preparação de medicamentos manipulados (MM), bem como à elaboração de preparações extemporâneas. É constituído por duas bancadas e dois armários - um armário superior e um armário inferior com gavetas, destinados não só ao armazenamento das matérias-primas e equipamentos, bem como a toda a documentação indispensável para a preparação de MM. Para além disso, é no laboratório que se encontra localizado o frigorífico para armazenar todos os produtos que necessitam de ser conservados a uma temperatura inferior à temperatura ambiente, como por exemplo as vacinas e algumas insulinas. Neste momento o laboratório encontra-se sob a organização da Dr.ª Soraia Cunha com a ajuda da Dr.ª Cláudia Fonseca.

(19)

Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

5

Escritórios: são dois os escritórios disponíveis, destinados à realização de trabalhos de gestão farmacêutica. Este espaço dispõe de material informático necessário e os arquivos com a informação mais importante e recente. Num dos escritórios encontra-se todo o trabalho da Loja da Farmácia.  Instalações sanitárias;

2.3.3. Espaço Virtual

Hoje em dia, o contacto virtual arca uma importância enorme e é já uma maneira de prestação de serviços de saúde. Deste modo, a FCM dispõe de várias formas não presenciais de contactar e auxiliar os seus utentes não só através de chamadas telefónicas, mas também através de um serviço de e-mail, de uma página de Facebook e uma conta de Instagram, onde há o constante empenho em informar os utentes não só sobre promoções, como também sobre os assuntos de saúde mais relevantes.

2.4. F

ONTES DE

I

NFORMAÇÃO E

S

ISTEMA

I

NFORMÁTICO

De modo a facilitar e otimizar a prestação de serviços de saúde, são necessários recursos que possuam informação pertinente e atualizada acerca das características dos medicamentos (indicações terapêuticas, posologia, interações, contraindicações, etc) e que contribuam para a dispensa segura dos mesmos. Deste modo, em muito contribuem as fontes de informação disponíveis, sendo obrigatório a presença da Farmacopeia Portuguesa, Prontuário Terapêutico e Resumo das Caraterísticas dos Medicamentos em formato papel, digital ou online3,5. Além disto, o sistema informático utilizado para auxiliar a dispensa de medicação contém, informações extremamente úteis ao farmacêutico relativamente a quase toda a medicação existente.

Na FCM, o sistema em vigor é o Sifarma® 2000 e apresenta-se como um software altamente completo e que suporta todas as funções básicas de gestão e prestação de serviços de saúde numa FC. É através deste sistema que se registam e rececionam encomendas, que se controlam e corrigem stocks e PV, que se procede a devoluções e outras regularizações, entre outros procedimentos de gestão. Quanto ao atendimento ao público, está ao dispor do profissional de saúde uma ficha do produto com várias informações pertinentes não só relativamente a grupo farmacoterapêutico, indicações, posologia, interações, contraindicações, mas também sobre aconselhamentos úteis a prestar ao doente. As diversas funções do sistema permitem, também, a existência de fichas para cada utente, onde é possível anotar várias informações (por exemplo, resultados de testes bioquímicos) e onde há registo automático de todos os produtos comprados na farmácia6.

2.5. O

S UTENTES

A localização, dimensão e recursos característicos da FCM conduz a uma evidente heterogeneidade etária e socioeconómica no que diz respeito aos seus utentes. Visto estar incluída numa zona habitacional, conta com vários utentes habituais que se deslocam à FCM para renovar a sua medicação habitual. Contudo, e pospondo do comum, este perfil não representa a maioria dos utentes, existindo uma grande contribuição por parte daqueles que, ocasionalmente, procuram Produtos de Cosmética e Higiene Corporal (PCHC), suplementos alimentares e até medicamentos veterinários. Por fim, e devido ao que já foi mencionado, conta também com vários utentes pontuais devido à comodidade de acesso.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

6

3. G

ESTÃO DE

P

RODUTOS

A FCM para além de ser um local de prestação de serviços de saúde, é, inevitavelmente, um espaço comercial para o público. O bom funcionamento deste tipo de estabelecimentos depende sempre de uma gestão apropriada dos produtos, pessoas e recursos7.

G

ESTÃO DE

S

TOCKS

3.1.

Uma boa gestão do stock de medicamentos e de outros produtos de saúde é fundamental na FC para assegurar que as necessidades dos utentes são satisfeitas. Para além disso, é importante para a farmácia evitar as ruturas de stock e a acumulação de produtos sem rotatividade uma vez que poderão ser indicativos de prejuízo para a farmácia. Assim, é necessário ter em consideração vários aspetos aquando da aquisição de determinados produtos de modo a garantir uma gestão sustentável de produtos e recursos. Esta atividade requer uma análise minuciosa de inúmeros fatores intrínsecos e extrínsecos à farmácia e à comunidade, como é o caso do perfil de compra dos utentes habituais e pontuais, da sazonalidade, da publicitação de produtos, do espaço disponível, dos prazos de validade e até aspetos de caráter regulamentar que indicam que as farmácias devem dispor ao utente um stock mínimo de três dos cinco medicamentos mais baratos dentro de cada grupo homogéneo8.

Na FCM, os procedimentos de gestão são efetuados com recurso ao Sifarma®, que permite analisar ao detalhe os perfis de compra e venda de produtos de modo a definir stocks mínimos e máximos para os diferentes produtos farmacêuticos. Este sistema facilita a gestão de encomendas, uma vez que, quando é atingido o stock mínimo, é gerado de modo automático uma sugestão de encomenda para o produto.

3.2. G

ESTÃO DE

E

NCOMENDAS

As FC só podem adquirir medicamentos a fabricantes e distribuidores grossistas autorizados pelo INFARMED, segundo o artigo n.º 34 do DL 307/2007. Na FCM, a maioria das encomendas são efetuadas diretamente aos fabricantes ou aos laboratórios, uma vez que adquire produtos em grandes quantidades, desfrutando de condições mais favoráveis de compra, como por exemplo alguns descontos e garantindo a satisfação do cliente. Estas encomendas podem ser registadas através do Sifarma®, por via telefónica ou presencialmente com a directora técnica (DT) (ou farmacêutico substituto) e um delegado de informação médica.

Na FCM, ao longo do dia, são realizadas alguns tipos de encomendas. As encomendas diárias permitem a reposição de produtos que atingem o stock mínimo e não provêm de fornecedores diretos. Neste caso, o sistema informático gera uma proposta de encomenda que é estudada pelo farmacêutico, produto a produto, quanto ao perfil de venda e condições de compra, podendo este adicionar ou excluir produtos ou até transferir produtos para outros armazenistas. Após aprovação a encomenda é enviada diretamente ao fornecedor, via internet. Já as encomendas instantâneas têm como objetivo satisfazer a procura momentânea e rápida de produtos indisponíveis na FC. Após avaliação da disponibilidade e hora de entrega do produto por comunicação com o armazenista através do Sifarma® ou via telefónica, informa-se de imediato o utente acerca da hora de entrega. O projeto Via Verde do Medicamento é um tipo de encomenda instantânea que aperfeiçoou a aquisição de medicamentos de distribuição intracomunitária de notificação ao INFARMED.

Ao longo do meu estágio tive oportunidade de contactar com o procedimento de realização dos três tipos de encomendas acima indicadas aos principais fornecedores da FCM, sendo que as que realizei com mais frequência foram as encomendas instantâneas, uma vez que são rapidamente realizadas ao balcão aquando do

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7

atendimento. No caso de encomendas diárias, devido à responsabilidade inerente, apenas observei a realização, com orientação.

3.3. R

ECEÇÃO E

V

ERIFICAÇÃO DE

E

NCOMENDAS

Os produtos encomendados são entregues em caixas de cartão ou em contentores (ou banheiras), cada uma identificada com o fornecedor e acompanhadas pela fatura ou pela guia de remessa (caso ainda não esteja faturada). No caso de existirem produtos que necessitem de condições de conservação entre os 2-8ºC, estes são entregues em contentores térmicos identificados e são os primeiros a serem conferidos e armazenados. Na verificação da encomenda deve-se sempre validar os seguintes critérios:

• Fornecedor;

• As condições dos produtos rececionados (se estão ou não danificados); • Número de unidades (pedidas e enviadas);

• O próprio produto (se corresponde ao produto encomendado); • Prazo de validade (PV);

• Preço de faturação;

• Preço Inscrito na Cartonagem (PIC), quando aplicável.

É essencial confrontar o Preço de Venda ao Público (PVP) do produto que temos em stock naquele momento com o PIC do produto que recebemos. No caso do valor do PIC ser diferente daquele que está a ser naquele momento comercializado na FCM, são colocado dois elásticos à volta da cartonagem de modo a diferenciar o produto mais recente do que já estava em circulação na farmácia. Este método tem como principal objetivo escoar os produtos com o preço antigo. No caso de haver alteração do preço e não houver produto em stock, o PVP deverá ser atualizado. Nos produtos sem PIC, como os MNSRM e os cosméticos, o preço é atribuído pela própria farmácia, estabelecendo margens de lucro relativamente ao preço de fautração.

Muitas vezes, para simplificar a identificação do produto recorre-se ao Código Nacional do Produto (CNP). Para além dos parâmetros acima referidos, verifica-se ainda o número da fatura e da encomenda, o valor total da fatura com a taxa de imposto de valor acrescentado (IVA), o preço de venda à farmácia (PVF) e os descontos aplicados. No caso de existirem produtos encomendados que não foram enviados, no final da fatura é feita uma referência a estes justificando a razão pela qual não foram entregues. Todos os parâmetros verificados deverão ser introduzidos no sistema informático durante a receção da encomenda, devendo sempre coincidir com o discriminado na fatura. Quando se termina a receção, os produtos que não foram rececionados podem ser transferidos para outro fornecedor, retirados, adicionados à encomenda diária ou serem reportados ao INFARMED. Sempre que conste na encomenda benzodiazepinas ou MPE, o sistema informático obriga a introdução do número da fatura ou do número da requisição associada à fatura.

Ao longo dos 4 meses de estágio, tive a oportunidade de conferir várias encomendas e rececioná-las, permitindo um primeiro contacto com o sistema informático e, ainda, uma visão geral dos principais produtos da FCM.

3.4. M

ARCAÇÃO DE

P

REÇO

A Lei n.º 25/2011, de 16 de junho, refere que todos os produtos disponíveis na FC devem apresentar o PVP marcado com “impressão, etiqueta ou carimbo”, o que faz com que todos os produtos sem PIC sejam sujeitos a taxas definidas pela farmácia e cujo preço final deve ser marcado no próprio estabelecimento. Durante a

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8

marcação dos preços é necessário ter em atenção que não se oculta nenhuma informação importante, tal como o PV e a informação científica.9

Durante o estágio, realizei a marcação e remarcação do preço de diversos produtos tendo os cuidados

referidos acima. Esta atividade contribuiu para ter uma visão geral dos produtos que têm PIC e os que necessitam de marcação do preço, o que possibilitou uma melhor distinção entre eles posteriormente.

3.5. A

RMAZENAMENTO

Como já foi referido anteriormente, no armazém da farmácia devem ser garantidas as condições necessárias para proporcionar uma correta conservação dos produtos, tal como as condições de iluminação, temperatura, humidade e ventilação. (ver secção 2.3.2 da Parte I deste relatório)

Na FCM, durante a receção das encomendas os produtos são separados segundo o seu stock pré-existente na farmácia (0,1,2,3,4 e +5) de modo a conferir o stock informático durante a arrumação destes e, assim, conseguir detetar possíveis erros. De realçar, que durante o armazenamento dos produtos existe o cuidado de colocar os produtos com PV mais curto mais acessíveis de modo a serem vendidos em primeiro lugar (FEFO). Para além disso, também se segue o princípio FIFO de modo a escoar primeiro os produtos que estão há mais tempo na farmácia. Este último princípio tem particular interesse nos produtos que não têm PV.

O armazenamento dos produtos foi a primeira atividade que realizei. Apesar de parecer uma atividade pouco apelativa, fez com que conhecesse melhor os locais e os produtos disponíveis na farmácia, o que demonstrou ter uma elevada importância uma vez que posteriormente me facilitou o atendimento ao utente.

3.6. C

ONTROLO DE

P

RAZOS DE

V

ALIDADE

Segundo o DL n.º307/2007, de 31 de agosto “as farmácias não podem fornecer medicamentos, ou outros produtos, que excedam o prazo de validade ou que hajam sido objeto de decisão, ou alerta, que implique a sua retirada do mercado”. Deste modo, o controlo do PV na farmácia possui uma elevada importância, uma vez que fora do PV não se pode assegurar que o produto possui as mesmas caraterísticas3.

O controlo dos PV na FCM é feito, pelo menos, em 2 momentos. O primeiro controlo é feito no momento da receção das encomendas em que se compara o PV do produto que chegou com o que já existia na farmácia. No caso de o produto recentemente rececionado ter um PV inferior ou o stock na farmácia ser zero, a informação do Sifarma® é atualizada. O segundo controlo consiste na emissão de Listas de Controlo de Prazos de Validade pelo sistema informático dos artigos cujo PV termina em seis meses. Cada farmacêutico ou técnico fica responsável por um mês para realizar o controlo e, ao mesmo tempo, contar os stocks e de seguida, se necessário, atualizar esses prazos de validade no sistema. No caso de existirem Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) tenta-se vender primeiramente estes, tendo sempre o consentimento do utente. Já no caso dos cosméticos, suplementos alimentares, entre outros, aplica-se um desconto por validade curta, estando estes produtos expostos em locais estratégicos. Quando os produtos não podem ser vendidos, a farmácia deve iniciar o processo de devolução aos respetivos laboratórios ou armazenistas.

3.7. D

EVOLUÇÕES

Existem vários motivos para a realização de devoluções de produtos, como por exemplo quando está com o PV expirado, embalagem danificada ou quando há suspensão da comercialização de um lote/produto pelo

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INFARMED. A devolução dos produtos é processada através do Sifarma®, sendo obrigatório justificar a razão pelo qual o produto será devolvido. Com isto, será emitida uma nota de devolução que será enviada ao respetivo fornecedor juntamente com o produto3. (anexo II)

Segundo o DL n.º 307/2007, de 31 de agosto, “os medicamentos, ou outros produtos, que aguardem devolução ao fornecedor ou encaminhamento para destruição, devem estar segregados dos demais produtos e devidamente identificados”. É importante saber que devemos evitar este processo de devolução, pois pode ser um risco económico para a farmácia uma vez que envolve perdas monetárias e a possibilidade de a devolução não ser aceite. No caso de o fornecedor aceitar a devolução poderá enviar à farmácia um produto substituto ou então emitir uma nota de crédito no mesmo valor. Pelo contrário, se o fornecedor não aceitar a devolução este deve registar o motivo e procede-se à quebra do stock do produto. Posteriormente o produto é recolhido pelo VALORMED.

Ao longo do meu estágio tive a oportunidade de proceder à devolução de alguns produtos ao respetivo fornecedor através do sistema informático, sendo que era uma tarefa que realizava apenas com orientação. Dos produtos que mais devolvi foram leites adaptados ou de substituição e outros produtos que vinham com embalagem danificada ou estavam prestes a terminar o PV.

4. D

ISPENSA DE PRODUTOS EM

F

ARMÁCIA E ATENDIMENTO AO PÚBLICO

Um farmacêutico tem sempre que ter como principal objetivo a saúde e o bem estar “do cidadão em geral e do doente em particular”, sendo que deve sempre estar atento a todas as necessidades do utente. Este deve escolher dentro de todos os produtos disponíveis na FC o que melhor se adequa, de modo a possibilitar um tratamento com eficácia e a máxima segurança5,7. Para tal, segundo o artigo n.º33 do DL n.º 307/2007, de 31 de agosto: “as farmácias podem fornecer ao público os seguintes produtos: a) Medicamentos; b) Substâncias medicamentosas; c) Medicamentos e produtos veterinários; d) Medicamentos e produtos homeopáticos; e) Produtos naturais; f) Dispositivos médicos; g) Suplementos alimentares e produtos de alimentação especial; h) Produtos fitofarmacêuticos; i) Produtos cosméticos e de higiene corporal; j) Artigos de puericultura; k) Produtos de conforto”3. Durante a dispensa dos medicamentos, o farmacêutico não se deve limitar a ceder os medicamentos mas também avaliar a medicação dispensada, se é adequado ao utente (contraindicações, interações, alergias, intolerâncias, etc), se a posologia é adequada (dose, frequência e duração do tratamento) e se o doente tem condições para administrar o medicamento. Para além disso, o farmacêutico deve fornecer toda a informação necessária de modo a promover o uso correto, seguro e eficaz dos medicamentos por parte do utente4,7.

M

EDICAMENTOS

S

UJEITOS A

R

ECEITA

M

ÉDICA

4.1.

De acordo com o DL n.º 176/2006, de 30 de agosto, os MSRM devem preencher uma das seguintes condições:

 “Possam constituir, direta ou indiretamente, um risco, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

 Sejam com frequência utilizados em quantidade considerável para fins diferentes daquele a que se destinam, se daí puder resultar qualquer risco, direto ou indireto, para a saúde;

 Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade e ou efeitos secundários seja indispensável aprofundar;

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10

 Sejam prescritos pelo médico para serem administrados por via parentérica”.

A dispensa destes produtos só pode ser realizada mediante a apresentação de receita médica em modelo ou formato aprovado pelo Ministro da Saúde11 . É necessário salientar que as receitas médicas possuem validade, consoante o tratamento a realizar. Em situações crónicas as receitas possuem maior validade e em caso de situações agudas ou até mesmo espontâneas a validade é mais reduzida8.

4.1.1. Prescrição Médica e Validação

Atualmente, existem três tipos de prescrição:

1. Prescrição Eletrónica Materializada que é a prescrição impressa8;

2. Prescrição Eletrónica Desmaterializada ou Receita sem papel, ou seja, a prescrição é acessível por equipamentos eletrónicos, como por exemplo por mensagem ou na aplicação do Serviço Nacional de Saúde (SNS)8,11;

3. Prescrição Manual que é uma prescrição feita à mão pelo médico num documento pré-impresso, devendo este tipo de prescrição ser feita em casos excecionais8,11.

Um farmacêutico antes de dispensar qualquer medicamento deve ter em conta que a prescrição contem as seguintes informações (no caso da prescrição manual e materializada)8,11:

 Número da receita;  Local de prescrição;

 Identificação do médico prescritor;

 Identificação do utente (nome, número de beneficiário, regime especial de comparticipação de medicamentos);

 Entidade financeira responsável pela comparticipação da receita;

 Identificação do medicamento (a prescrição pode ser feita por DCI ou, excecionalmente, por marca no caso de não existir similar ou então, não existir um medicamento genérico similar comparticipado. No caso de não ser devido ao motivo apresentado previamente, o prescritor deve incluir uma das seguintes justificações técnicas:

1) Medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito; 2) Reação adversa prévia;

3) Continuidade de tratamento superior a 28 dias).  Posologia e duração do tratamento;

 Comparticipações Especiais (indicado pela sigla “O” e o despacho correspondente ao regime especial, junto do medicamento prescrito);

 Data da prescrição;

 Validade da prescrição8 e número de embalagens;

 Assinatura do médico prescritor é obrigatória e manuscrita (exceto na prescrição eletrónica desmaterializada em que é assinada digitalmente)

Para além das informações acima referidas, no caso das receitas manuais é necessário validar igualmente os seguintes parâmetros:

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11

 Identificação da exceção (falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no

domicílio ou até 40 receitas/mês);

 Local da prescrição deve ser identificado com a respetiva vinheta;  Vinheta do médico prescritor8.

Neste tipo de receitas, o farmacêutico tem ainda de ter em atenção que estas não podem ter rasuras, caligrafias diferentes ou mesmo prescrição com canetas diferentes ou lápis, sendo todos estes critérios mencionados motivo para a não comparticipação das receitas8,13. Quando o farmacêutico recebe uma prescrição, no caso de esta não poder ser aviada deve procurar ajudar o utente. Para além disso, deve interpretar a prescrição tentando entender o tipo de tratamentos e as intenções do prescritor, bem como confirmar se todos os parâmetros prescritos relativamente ao medicamento se encontram adequados ao utente12 (forma farmacêutica, posologia, método de administração, duração do tratamento, etc.).

Na FCM as receitas são validadas durante a dispensa dos medicamentos e, posteriormente, por dois farmacêuticos antes do processo de faturação. Sempre que haja alguma irregularidade na receita, primeiramente o farmacêutico deve falar com o médico e tentar resolver o mais depressa possível de modo a satisfazer as necessidades e expectativas do utente. No caso de haver alguma dúvida também entram em contacto com o Centro de Conferência de Faturas (CCF). De destacar que, em casos de incumprimento dos requisitos da prescrição, a farmácia pode recusar a sua dispensa uma vez que estes erros implicam a rejeição da devolução do valor da comparticipação à farmácia.

No meu estágio, inicialmente foi um pouco difícil encarar e validar todos os aspetos importantes das receitas, contudo, com o tempo foi melhorando. De qualquer forma, pedia sempre uma segunda validação por alguém da equipa de modo a ter a certeza que poderia proceder à dispensa dos medicamentos prescritos. Pude observar que durante todo este processo, principalmente nas receitas manuais, é muito importante estarmos atentos, uma vez que existem muitos erros de prescrição e também vários planos que podem estar associados à receita.

4.1.2. Sistema de Comparticipação

Atualmente, a legislação prevê a comparticipação de medicamentos através de dois regimes principais: Regime Geral e Regime Especial. O regime geral abrange a comparticipação pelo Estado no PVP de acordo com escalões distintos. Estes escalões são atribuídos dependendo das indicações terapêuticas do medicamento, a sua utilização, quem o prescreve e o consumo acrescido para os doentes que sofram de determinadas patologias, sendo os medicamentos utilizados em doenças incapacitantes ou crónicas alvo de uma comparticipação superior, diminuindo o encargo financeiro do doente15 (Escalão A –90%, Escalão B –69%, Escalão C –37%, Escalão D – 15%)13,14. O regime especial abrange um grupo de doentes, como pensionistas em que o “rendimento total anual seja igual ou inferior a catorze vezes a retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano civil transato ou catorze vezes o valor do indexante dos apoios sociais em vigor, quando este ultrapassar aquele montante” ou os cidadãos estrangeiros com estatuto de refugiados ou com direito de abrigo em Portugal8,18. No regime especial existem outros despachos que definem certas patologias como a Psoríase, Dor oncológica moderada a forte e Doença de Alzheimer. Neste caso, o despacho deve estar indicado na prescrição8,18. Adicionalmente, existem outros produtos que são igualmente comparticipados pelo Estado, tais como:

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12

 tiras-teste para determinação de glicemia, cetonemia e cetonúria (em 85%) e agulhas, seringas e

lancetas (em 100%) destinadas ao autocontrolo da diabetes mellitus19;

 produtos dietéticos com carácter terapêutico (100%) apenas no Instituto de Genética Médica Dr. Jacinto Magalhães ou nos centros de tratamento dos hospitais protocolados com o Instituto;

 câmaras expansoras (CE) (em 80%, até 28€ e apenas uma/ano/utente)21;

 dispositivos médicos de apoio a doentes ostomizados e /ou com incontinência / retenção urinária, em 100%8.

Para além disto, existem também sistemas de complementaridade que podem ser adicionais aos regimes de comparticipação assegurados pelo Estado, como por exemplo os Serviços de Assistência Médico-Social (SAMS) e a Caixa Geral de Depósitos. O comprovativo de venda e as receitas deste tipo de comparticipação são comunicadas, para além do SNS, à entidade correspondente de modo a poder reembolsar a farmácia. Os seguros de saúde também exigem procedimentos similares para proceder ao reembolso da farmácia. Para inserir o sistema de complementaridade em causa, o próprio sistema informático já possui uma lista de todos os planos de comparticipação devendo ser selecionado no ato da dispensa o sistema correto.

4.1.3. Medicamentos Genéricos e Preços de Referência

O sistema de preços de referência é um sistema de comparticipação aplicado quando existem medicamentos genéricos (MG) comparticipados. Um MG apresenta “a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência como medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados” e deve ser identificado pela DCI, dosagem e sigla MG7. O preço de referência é definido como o valor de comparticipação do estado no PVP dos medicamentos, de acordo com o escalão13,15,17. Este simboliza o preço médio dos cinco medicamentos com PVP mais baixo do mercado. No ato da dispensa do medicamento, o farmacêutico deve informar da existência de medicamentos que pertençam ao mesmo grupo homogéneo de comparticipados e também de outros preços. O doente pode optar pelo medicamento mais caro, sendo que paga o total da diferença do valor escrito na receita, exercendo assim um direito de opção8,17.

Ao longo do meu estágio, foi realizada uma atividade informativa sobre a diferença de um MG e de um medicamento de marca, uma vez que muitos utentes ainda não sabem bem a diferença de ambos e na hora de decidir por qual optar ainda não confiam muito nos medicamentos genéricos. A atividade resumiu-se à entrega de panfletos informativos a todos as utentes que sentiam dúvidas sobre o assunto e também a existência de alguns cartazes espalhados pela farmácia para informar de modo claro todos os utentes.

4.1.4. Receituário e Faturação

A farmácia dispensa vários medicamentos comparticipados. Para reaver a percentagem do PVP assegurada pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou outros sistemas de comparticipação é necessário organizar o receituário e verificar que tudo se encontra em conformidade. As receitas eletrónicas desmaterializadas são comunicadas diretamente aos centros de faturação. Contudo, uma vez que existem receitas materializadas, estas necessitam de ser validadas antes da dispensa ao utente, tal como foi referido anteriormente. Para além disso, no final da dispensa é colocada na parte de trás da receita informações importantes tais como: o valor da comparticipação do Estado por cada medicamento e na totalidade da receita, valor ao encargo do utente por cada

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13

medicamento e o total, impressão do código do medicamento em caracteres e códigos de barras e impressão de informação relativa ao exercício do direito de opção por medicamento. A receita deve ser assinada pelo utente e ainda pelo responsável pela dispensa com o carimbo da farmácia e data da dispensa16. As receitas médicas são divididas consoante o organismo de comparticipação e organizadas por lotes, contendo cada lote no máximo 30 receitas (organizadas numericamente). Quando se termina o lote, as receitas do lote são verificadas comparando o valor da comparticipação impresso com o indicado no sistema informático. Após esta verificação é impresso um verbete do lote que é carimbado e guardado junto dos outros lotes referentes ao mesmo organismo e mês.

Na FCM, no último dia de cada mês, os lotes são fechados e é emitido a Relação de Resumo de Lotes e a Fatura Final Mensal de cada organismo de comparticipação, devendo toda a documentação ser carimbada, datada e assinada pela Diretora Técnica ou pelo farmacêutico substituto. Até ao dia 10 do mês seguinte, um responsável enviado pelo SNS dirige-se à farmácia e os farmacêuticos enviam a documentação necessária para efeitos de faturação. No caso de outros organismos de comparticipação, a documentação deve ser enviada para a ANF, também até ao dia 10 do mês seguinte. No caso de estar tudo em conformidade, o valor das comparticipações é reembolsado à farmácia. Pelo contrário, no caso de haver inconformidades, pode haver devolução do documento à farmácia para que esta possa efetuar a correção do erro ou poderá haver correção do valor a pagar à farmácia16.

Ao longo do meu estágio tive a oportunidade de, para além de analisar todos os critérios necessários para que uma receita seja válida, realizar de forma independente todos os procedimentos para o fecho do lote. Para além disso, assisti a um fecho da faturação no último dia do mês de abril.

4.1.5. Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos

Os MEP são medicamentos que contêm substâncias que podem causar habituação e dependência, quer física quer psicológica e estão, muitas vezes associados a atos ilegais. Por estes motivos estão sujeitos a uma legislação especial e monotorização adicional22,23.

As substâncias medicamentosas que são classificadas como MPE encontram-se listadas nas tabelas I e II do Decreto-Lei n.º 15/2020 de 29 de maio do Diário da República n.º 105/2020, série I de 2020-05-2924,25. A compra deste tipo de medicamentos exige que a encomenda seja acompanhada de um documento de solicitação de MPE, em duplicado, no entanto alguns armazenistas optam por enviar um resumo mensal das solicitações. Estes documentos deverão ser datados, assinados e carimbados pelo DT ou farmacêutico substituto, sendo o duplicado redirecionado ao distribuidor e o original arquivado na farmácia durante, pelo menos, três anos8.

A dispensa deste tipo de medicamentos exige procedimentos excecionais e só pode ser feita mediante apresentação de receita médica na qual não constem outros medicamentos. Durante o processo, o sistema informático exige o preenchimento de um quadro com dados que identificam o médico prescritor, o número da receita, o utente (nome e morada) e o adquirente (que poderá ser ou não o utente, através do nome, morada, idade, número e validade do documento de identificação). Sendo assim, a venda destes medicamentos só pode ser feita através da apresentação de um documento de identificação (cartão de cidadão, bilhete de identidade, carta de condução ou passaporte)11. No final da venda, é impresso um documento com um número sequencial único que contém os dados relativos à venda e que deverá ser anexado a uma fotocópia da receita no caso de receitas manuais e arquivado durante, pelo menos, três anos. Em caso de dispensa com receita manual, deverá também ser enviada uma cópia da receita ao INFARMED.

Referências

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