A
PRÁTICA
DE
ENSINO
No
CURSO
DE
PEDAGOGIA
UM
OLHAR
SOBRE
A PRODUÇAO
Dos
ENDIPES
A
_
(1994
e
1996)
~
FLORIANÓPOLIS
A
PRÁTICA DE
ENSINO
No_CURso DE PEDAGOGIA:
UM
OLIIARSOBRE
A
I>RoI›UÇAo
Dos
ENDIPES
(1994
e
1996)
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado
em
Educação da Universidade Federal de Santa Catarina para obtençãodo titulo de Mestre
em
Educação, soborientação da Prof. Dr”. Vânia Beatriz Monteiro da Silva.
FLORIANÓPOLIS
uN|vERs|DADE
FEDERAL DE
sANTA
CATARINA
OENTRO
DE
cm'Nc1As_DA
EDUCAÇÃO
PROGRAMA
DE
Pós-GRADUAÇÃO
-
CURSO DE
MESTRADO
EM
EDUCAÇÃO
“A
PRÁTICA
DE
ENSINO
NO
CURSO
DE
PEDAGOGIA:
UM
OLHAR
SOBRE A
PRODUÇÃO
DOS
ENDIPES
(1994
e1996)
”.Dissertação
submetida ao
Colegiadodo
Curso de Mestrado
em
Educação do
Centrode
Ciênciasda
Educação
em
cumprimento
parcial para a
obtenção do
títulode
Mestreem
Educação.
APRQVADÚ
PELA
CÚMISSÃO
EXÀÍVÍINADÔRA
em
30/ 10/2000' _ . 1 ' 70 » I' f` 1
Dra. Vânia Beatriz Monteiro da-Silva -
UFSC
(Orientadora) rdWM
/ -O
_
Dra. Áurea Maria Paes
Leme
Goulart~
UEM/Pr
(Exmmnad~Ç
Dra. Olga Celestina Durand-
UFSC
(Examinadora)Dra.
Leda
Scheibe (Suplente)Dr
Lucídio BianchettiCoordenador
PPGE/CED/UFSC
- Silvia Pereira
Gonšaga
deMoraes
À
professora D1”.Vânia
BeatrizM.
da
Silva, orientadora dos meus'caminhos na
buscado
conhecimento.Aos
professoresdo
Mestrado, pelo nível teórico e dedicaçãoem
formarnovos
pesquisadores.Aos membros
da banca examinadora
pela seriedade e respeitocom
que
examinaram
omeu
trabalho.-~-À Longhini, pela presteza e competência
com
que
realizoua revisãodo
texto.A
À
Maurília, secretáriado Programa
dePós-Graduação da
UFSC,
pelo seu atendimento preciso.`
Aos
professoresdo Departamento
de Teoria e Prática de Educação,em
especial aos da área de Prática de Ensino, pelo apoio oferecido para a realização deste trabalho.'
Aos
funcionáriosda
Universidade Estadual de Maringá: da Secretariado Departamento
de Teoria e Práticada
Educação, da Secretaria de Graduação,da
Biblioteca Central,
do
Protocolo Geral, da Pró-Reitoria de Pesquisa - Divisão deCapacitação Docente,
que sempre
me
atenderamcom
competência
e respeito.Aos
fimcionáriosda
Bibliotecada
Vila Operária, Eliane, Fernando, Francieli, Márcio,Márcio
Oliveira, Neide, Tatiane, Viviane eZen,
pela dedicaçãono
atendimento
em
minhas
muitas horas de estudos.À
Cirlene,minha
irmã,que sempre
sorrindome
faz enxergar a vida de diferentes formas.À
D., Maria,minha
sogra, pela dedicação e carinhoem
ficar
com
meu
filho
para a realização deste estudo.Aos meus
cunhados, cunhadas, sobrinhos e sobrinhas,que
sem
perceberem, só por existirem, contribuíram parao
desenvolvimento desta pesquisa.À
Cida
e Marta,amigas
de todas as horas,que não
mediram
esforçosna
leitura deste trabalho.Aos meus
amigos, Augusta, Áurea, Daiane, Daniel, Elisete, Evanilde, Elenita, Elma, Elzinha, Ivonete, Lizete, Lia, Levon, Marina, Sônia, pelo carinhona
medida
certa.'
Para finalizar estes agradecimentos acrescento
um
pequeno
trechoda
poesia, de CarlosDrumond
de Andrade, “Residuos”De
tudoficou
um
pouco:
ÂINTRODUÇÃO
... .. II1
A
CONSTRUÇÃO
DE
UMA
ABORDAGEM À
DISCIPLINA
DE
PRÁTICA
DE
ENSINO
DO
CURSO DE PEDAGOGIA
... _. 161.1
Do
Questionamento da Disciplina de Prática de Ensino aoProblema da
Pesquisa 181.2 Delimitação da Pesquisa e Hipóteses de Trabalho ... ..
24
1.3
Em
Meio
ao Debate Pedagógico dosENDIPES
a Seleção dos Textos ... _.26
2
A
PRÁTICA
DE
ENSINO
NO
CURSO
DE
PEDAGOGIA;
UMA
DISCIPLINA
EM
CONSTRUÇÃO
... ._30
2.1
A
Constituição da disciplina Prática de Ensino (1939-1961) ... _.32
2.2
A
Disciplina de Prática de Ensinono
Plano Curricular (1962-1978) ... ..402.3
O
Conteúdo
da Disciplina de Prática de Ensinoem
Discussão (1979-1990) ... _.54
2.3.1
Os
Encontros de Prática de Ensino nos anos 80: ensaios de reorganização deuma
área curricularno
interiordo
curso de formação de professores ... _.58
«_
3
DO
DEBATE
NO
INTERIOR
DA
ÁREA
DE
PRÁTICA
DE
ENSINO
ÀS
QUESTOES
CENTRAIS
DO
PROCESSO
DE
FORMACAO
DE
PROFESSORES
... _. 743.1
Década
90: período de reavaliação das alterações cunicularesno
curso dePedagogia ... ._
76
3.2
As
Discussões Pedagógicasnos
ENDIPES:
a prática e a profissionalização docenteem
questão...- ... ..833.3
A
Prática de Ensino do Curso de Pedagogia nosENDIPES:
análise das diferentes concepções ... ..943.3.1 Prática de Ensino
com
caráter extensivo ... _. 100 3.3.2 Prática de Ensinocom
caráter investigativo ... 106U) U) U) Prática de Ensino
com
caráter interdisciplinar ... .. 1124.1
O
Enfoque
Intradisciplinarna
Prática de Ensino:uma
forma
de amenizar asdificuldades que
envolvem
a formação de professores ... ... _. 1224.2
A
Prática de EnsinoRedimensionada no
Âmbito
Curricular: a busca da unidade teoria-práticacomo
eixo norteadordo
curso de Pedagogia ... ._ 137CONSIDERAÇÕES
FINAIS
... .. 151REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ._ 162O
objetivo básico desta pesquisa concentra-se emfocalizarcomo
a literatura produzida nos Encontros Nacionais de Didática e Prática deEnsino
-
ENDIPEs
-
aborda as questões relacionadas à unidade disciplinar Prática de Ensino,no
curso de Pedagogia.A
fonte principal deste estudo consistenos
textos elaborados pelos participantes deste evento,nos
anos de 1994 e 1996. Procurou-secompreender
a Prática deEnsino
em
seu contexto históricono
interiordo
curso de Pedagogia, o qual abrange os aspectos políticos, econômicos, sociais, culturais e educacionais.O
resultadoda
investigação aponta parauma
multiplicidade de enfoques atribuídos à Prática de Ensino: extensivo, investigativo, interdisciplinar e de aplicação de conhecimentos. Esses diferentes enfoquespodem
ser .interpretadoscomo
uma
tentativa de resolver/amenizar osproblemas que
envolvem
o processo deformação
de professores,em
especial adicotomia entre teoria e prática.
Com
o intuito de superá-la, entende-seque
tais caracteresdemarcam
duas concepções' de Prática de Ensino:uma
se restringe à Ótica internada
disciplina, evidenciadanos
trabalhosque
concebem
a Prática deEnsino
com
caráter extensivo e investigativo; a outra,
em
um
sentidomais
amplo, abarca oâmbito
curricular
do
curso de Pedagogia, encontradanos
textosque desenvolvem
aPE
com
caráter interdisciplinar. Tais concepçõesrevelam
os esforçosempreendidos
pelos participantes dosENDIPEs
na construçãoda
identidadeda
Prática de Ensinocomo
uma
disciplina deprodução
de conhecimentos.The
basic objective of this research is to focushow
the literatureproduced
in the Encontros Nacionais de Didádica e Prática deEnsino
-ENDIPEs
- approaches thesubjects related to the subject
Teaching
Practice, in thePedagogy
course.The main
source of this study consists of texts organizedby
the participants of this event, in the years of1994 and
1996. Itwas
searched to understand theTeaching
Practice in itshistorical context within the course
of Pedagogy, which embraces
the political, economic, social, culturaland
educational aspects.The
result of the investigation points to a multiplicity of focuses attributed to theTeaching
Practice: extensive, investigative, interdisciplinaryand
of applicationof
knowledge.Those
different focuses can be interpreted as an attempt to solve or at least soften theproblems
that involve the process of teachers' formation, especially thedichotomy between
theoryand
practice.With
the purpose ofovercoming
it, it is understood thateach
other thatsuch characters demarcate
two
conceptions ofTeaching
Practice: one is limited to theoptics of the discipline, evidenced in the
works
that conceivesTeaching
Practice asof
extensive
and
investigative character; the other, in a wider sense,embraces
the curricular ambit ofPedagogy
course,found
in the texts that developsTeaching
Practice with interdisciplinary character.Such
conceptions reveal the efforts undertakenby
the participants ofENDIPES
to build the identity-ofTeaching
Practice as a discipline of production of knowledge.A
pesquisa é,em
alguma
medida,um
“acerto de contas” para opesquisador,
no
sentido de estudar questõesque
o inquietam;com
este trabalhonão
ocorreu deforma
diferente.De
certomodo,
esta investigação surgiu dealgumas
questões que
emergiram na
atuaçãocomo
professorada
disciplina de Prática deEnsino
-
1” fasedo
Ensino Fundamental,no
curso dePedagogia
da UniversidadeEstadual de
Maringá*
'
Por
isso, 0 presente trabalhotem
como
objeto de estudo a construçãode
uma
abordagem
à disciplina de Prática de Ensinodo
curso de Pedagogia, a partirda
análise de publicações dos Encontros Nacionais de Didática e Prática de
Ensino
realizados
em
1994 e 1996. Este objeto dereflexão
o integra entre os estudos da áreade
fonnação
de professores ao focalizar as propostas ereflexões
dos educadores sobreuma
unidade disciplinar situadano
centro dos dilemas, polêmicas e identidade das práticas docentes.O
trabalho foi desenvolvido sob o pressuposto deque
aPE2
éum
doscomponentes
curriculares na.fonnação do
professor ecompõe,
em
conjuntocom
asdemais
disciplinasdo
curso, as oportunidades de construçãodo
saber pedagógico1
A
cidade de Maringá localiza-se na região Noroeste do Estado do Paraná. As disciplinas do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), são ofertadas pelos Departamentos de Teoria e Prática da Educação e Fundamentos da Educação, os quais pertencem ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes.2 Na
seqüência deste trabalho será utilizada a sigla
PE
para designar a disciplina de Prática de Ensino.desse profissional. Neste âmbito, questiona-se sobre a
fonna
como
tem
sidocompreendida
e alocada nesse curso.3Entende-se
como
importante realçaralgumas
reflexões preliminaresem
relação à realidade da PE.Uma
primeira questão a ser destacada é que a disciplina,em
sua atividade principal, os estágios supervisionados, é apontada por- alguns educadorescomo
um
doscampos
demaior
fragilidadena formação
dos pedagogos.É
possível considerarque
aPE
possui deficiências, por exemplo, o desenvolvimentodos
estágios curriculares, para cumprir a exigência acadêmica, toma-se
uma
atividademeramente
burocrática e de caráter terminalno
curso.Os
estágios realizados dessaforma não proporcionam conhecimentos que
possibilitam a reconstrução e redefiniçãodas teorias
que
sustentam o trabalhodo
professor.Mesmo
considerando-se essa dificuldade, é preciso levarem
contaque
aPE
faz parte deum
currículo histórico, social e institucionalmente construído e,como
tal,não pode
ser responsabilizadaunicamente pelo preparo
do
futuro professor.Ou
seja,como
qualquer outra disciplinaela é
desenhada
e se realizaem
meio
à rede de relações curriculares. Tal perspectiva evitauma
leitura reducionista e parcialcom
relação à problemáticados
cursos deformação
de professores.Relacionada a esta leitura reducionista, verifica-se que é atribuída, quase exclusivamente, à
PE
a função de estar articulando as diferentes áreas e disciplinasdo
cursocom
aeducação
escolardo
ensino fundamental e médio, e destascom
a realidade social. Esta problemática está estreitamente relacionadacom
a anterior, pois faz-se necessário levarem
consideração os conteúdoscom
os quais asdemais
disciplinasprovêem
aformação
básica.Outro ponto importante a ser observado,
no que
diz respeito à realidade da PE, está ligado àfonna
como
acadêrnicosdo
curso dePedagogia
concebem
o ensino, o que é decididamente construído ao longo da sua trajetóriaNo
curso de Pedagogia daUEM
o regime de estudo é seriado anual e, convencionalmente, aPE
éalocada nos dois últimos anos das atividades acadêmicas, dividindo-se da seguinte forma: no 3° ano do curso de Pedagogia o aluno cursa a Prática de Ensino 1° Fase do Ensino Fundamental e no último ano estuda a Metodologia e Prática de Ensino das Disciplinas Pedagógicas do Ensino Médio. Sendo assim, a
PE
operacionaliza suas atividades dentro do modelo curricularem
que primeiro o alunoadquire os conhecimentos teóricos para depois praticá-los. Diante de tal configuração, a referida
disciplina evidencia algumas dificuldades sobre o que se pretende refletir neste trabalho.
escolar.
No
acompanhamento
dos estágios, amaior
parte dos estudantes, principalmente aquelessem
qualquer experiênciano
magistério, acreditamque
basta prepararuma
“boa
aula” para se alcançar sucesso junto às crianças. Entretanto, ao aplicar as atividadesprogramadas
junto aos alunos das escolasnão
vêem
correspondidas suas expectativas. Pode-se verificarque
é nessemomento
-
3”ano
-
que o alunodo
curso dePedagogia
se confrontacom
o cotidiano de sala de aulado
ensino ftmdamental e, dianteda
realidade multifacetada, sente-se incapaz deagir sobre a
mesma,
criandocom
isso,não
raro,um
sentimento de frustração.Uma
das conseqüênciasmais
nocivas desta experiência é o fortalecimentoda
idéia deque
“ateoria é urna coisa e a prática é outra”,
ou
“na prática a teoria é diferente”.Ao
contrário deuma
orientaçãoem
voga
em
muitos
cursos deformação
docente,não
se espera que,com
a PE, o futuro professor tenha capacidadepara resolver ‹¿s_problemas
da
fonnação
pedagógica,mas
acredita-se que, pormeio
dos estágios supervisionados, oacadêmico
possa conhecer e refletir sobre a “vidana
escola”, constituindo-se estes estágiosem
uma
etapa importante na construção de sua prática pedagógica futura.A
experiência docente pessoalno
'curso de
Pedagogia
tem
demonstrado
que a ação do professornão
é “estabelecida” deum
momento
para outro,como
num
“toque de mágica”.Na
verdade, éuma
construçãoque
demanda tempo
e necessita deuma
relação curricular articulada teórica emetodologicamente
entre asdisciplinas
do
cursoem
se tratando daformação
inicialdo
docente.O
envolvimentocom
estas questões ebuscando
elementosque
contribuíssem paramelhor
entendimentoda
disciplina dePE
éque
foi desenvolvido esse trabalho, cujo interesse foi focalizarcomo
a
literatura produzida nosEncontros
Nacionais de Didática e Prática de Ensino-
ENDIPES
-
aborda
as questõesrelacionadas
com
a
unidade disciplinar PE.Uma
das razões da escolha dessa fonte, para discutir as questões relacionadas àPE
no
curso de Pedagogia, estáno
fato deque
os materiais produzidos.para o
ENDIPE4
têm
tido, .nos últimos anos, grande importânciana
circulação e difusão de idéias educacionais, principahnente das ligadas às áreas de Didática e Prática de Ensino.A
maioria dos textos presentesnos Anais do
ENDIPE
entrecruza-secom
a literatura educacional utilizadano
ensinoda
disciplinaPE
eno
estágio supervisionado,compondo,
assim,um
material de circulação efundamentação dos
cursosde formação
de professores.De
todo o conjunto de trabalhosque incluem
a área de Didática, Metodologias de Ensino,bem
como
a questão da organização curricular dos cursos deformação
de professores, entre outros assuntos, o interesse recaiunos
textos relativos às temáticas sobre a
PE
e os estágios supervisionados,como
fontes relevantes para aabordagem
dessa disciplinano
curso de Pedagogia.Compreende-se que
os trabalhos desenvolvidosnos
ENDIPEs
sãoindicadores de re
P
resenta Ç ões/concepções dos pesquisadores e professores dePE
eque
os
encaminhamentos
ali propostosrevelam
diferentes concepções desta disciplinano
interior
do
curso de Pedagogia.A
abordagem
sobre a PE, utilizandocomo
fonte osAnais
dosENDIPES,
foi construída durante a investigação, pois a intenção inicial deste trabalhoera explorardiferentes
documentos
para apreender aconcepção
de ensino presenteno
curso de Pedagogia
da
Universidade de Maringá,no
período de 1992 a 1995, paraque
se pudesse
compreender
o espaço e a importânciada
disciplina de PE.O
período escolhido-
1994
a 1996-
está ligado ao estudo desenvolvido sobre o curso dePedagogia na
Universidade Estadual deMaringá
e à realização dos Encontros Nacionais de Didática e Prática de Ensino ocorridos nessemesmo
período. Essa periodização,como também
ocaminho
percorridona
construção dessaabordagem
à PE, estão explicitadosno
primeiro capítulodo
trabalho.No
segrmdo
capítulo, buscou-se recuperar as origens da PE,acompanhando
0 percurso histórico dos principaismomentos
que
influenciaramna
constituição dessa disciplina.
Tomou-se
como
ponto de partida adécada
de 30, principalmente o período de criaçãodo
curso de Pedagogiano
país-
1939
-
até a4 Na continuidade deste trabalho será utilizada a sigla
ENDIPE
para designar Encontro Nacional dedécada
de 80, a qual foimarcado
pela “explosão” dasreflexões
em
tomo
da educação
no
país,em
especial dos cursos deformação
dos professores.De
acordocom
o interesse dessa investigação,no
terceiro capítulo é apresentadauma
análise preliminar dos trabalhos produzidos para osENDIPES,
deI994
e 1996,buscando
identificar omodelo
de disciplina proposto e a suapossibilidade de realização.
O
objetivo desta etapa foi tentarcompreender
aconfiguração
daPE
na década
de 90.No
quarto capítulo,com
o objetivo deaprofimdar
algimstemas
destacados pelos professores/participantes
do
VII e VIIIENDIPES,
busca-se realizaruma
reflexão teórica sobre a relação teoria-prática, considerada, deuma
fonna
geral,uma
das principais problemáticasque
interferena definição
e desenvolvimentoda
PE
no
interior dos cursos deformação
de professores.Por
fim, é apresentadauma
síntese desse estudo, tentando recuperar as principais indicações sobre os possíveis avanços epermanências
na
constituiçãoda
PE
no
interiordo
curso de Pedagogia.O
trabalho de investigação possibilitou ao pesquisador a inserçãoem
uma
complexa
trama deargumentos
técnicos e acadêmicos, os quaisprocuram
dimensionar o desejável e o legítimo para a
formação
docente. Espera-se ter alcançadocom
esta pesquisa, aindaque
provisoriamente, urna elaboraçãoque
contribua para o debate da problemática, enquanto análisedo
papelda
PE
nos
cursos deformação
de professores, considerando as relações entre educação e sociedade.A
escolha deum
caminho
para abordar a disciplina dePE
no
curso dePedagogia
foi sinuosa epermeada
de obstáculos. Acredita-seque
esse processofaz parte da trajetória
da
pesquisa, pois se amesma
fosse linear e o trabalhodo
pesquisador apenas o deconfinnar
suas hipóteses, a investigação se tomaria limitada e predeterministalfrente ao seu Imiverso de problematização. Confirma-se, nesse percurso, oargumento
de Laville e Dione,em
seu livroA
construção
do
saber
(1999, p.46):“Na
realidade;cada
uma
dasgrandes
etapasdo
processo de pesquisasupõe
um
certonúmero
de outras operações intelectuais”.Segundo
esses autores, ocaminho
da pesquisanão
é continuo, ele se fazcom
vários “vaivéns”,Nesse
capítuloserá exposto
como
ocorreu a definição deuma
abordagem
àPE
no
curso de Pedagogia, isto é, os “vaivéns”do
processo de pesquisa.A
intenção inicial era aabordagem
da
PE
no
curso dePedagogia
pormeio do
exame
e análise de diferentesdocumentos
para apreender aconcepção
deensino presente
no
curso dePedagogia
daUEM,
no
período de 1992 a 1995,na
expectativa de
compreender
o seu espaço e importância.O
pressuposto eraque
uma
determinada
concepção
de ensino veiculadano
curso constituiria elemento centralna
Entretanto, após o levantamento e avaliação de alguns
documentos,
como
0 projeto político-pedagógicodo
cursos,programas
e critérios de avaliação das disciplinasõ e algrms materiais utilizados pelos alunos nesse período, constatou-seque
osmesmos
apresentavam
lirnitações quanto à potencialidade de expressarem oque
se pretendia estudar. Certamente, tais fontesrevelam dados
importantes sobre 0 curso,porém
elasnão
semostraram
suficientes parauma
abordagem
mais
segurada
concepção
de ensinono
curso supracitado.Os
materiais disponíveis para análiseapresentavam-se
como
declarações7 parciais e genéricas, dificultando urna possívelaproximação da concepção
de ensino presente,bem
como
o significadoda
PE
no
cursode Pedagogia.
Vários fatores impossibilitaram a continuidade da investigação proposta, inicialmente, por essa via. Dentre esses destacam-se a limitação das fontes,
já
mencionadag
como também
a exigüidadedo
tempo
para acrescentar ao trabalhooutros instrumentos de pesquisa
que
ascomplementariam;
por exemplo, entrevistas sistematizadas, as quaisfomeceriam
elementos para acompreensão
daconcepção
de ensino veiculadano
curso dePedagogia da
UEM
edo
papelda
disciplina dePE
nesse curso.De
outro lado, o estudo inicial ofereceu subsídiosque foram
utilizados para questionar aprodução da
área de Prática deEnsino
-
ENDIPES
-,demarcando
aconfiguração do problema da
pesquisa.5
UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE
MARINGÁ.
Pró-Reitoria de Ensino. Implantação doRegime
Seriado
Anual-
Curso de Pedagogia (Processo n.° 1691/91). Maringá, 1991.6
UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE MARINGÁ
-DEG
-SCG.
Programas e critérios de avaliaçãodas disciplinas do Curso de Pedagogia. Maringá, 1992 - 1995.
7
Este termo é aqui utilizado
com
o sentido empregado por Chervel (1990) .O
autor defende queem
momentos de reforma e' proposições de inovação encontram-se interrogações, argumentos que
constituem importantes expressões do repertório pelo qual se está desenhando a realidade de
um
dado movimento educativo; seriam pois as declarações dos envolvidoscom
os processosem
1.1
Do
Questionamento da
Disciplinade
Práticade Ensino ao
Problema
da
Pesquisa
A
reflexão
sobre PE_ implica pensar a naturezada
prática de ensinar.Na
continuidade, são apresentadasalgumas
considerações deordem
preliminarque
auxiliam a situar oproblema da
pesquisa. Este estudo partedo
pressuposto deque
a prática de ensinarnão
é estabelecida exclusivamente pelo professor,mas
éuma
prática social.Segundo
Gimeno
Sacristán (1998, p.166), o professornão
decidesua
ação
no
vazio,mas
no
contextoda
realidadede
um
local .de trabalho,numa
instituiçãoNeste
sentido, pressupõe-seque
as diversas circunstâncias e relaçõesque
o professormantém
em
sua vida contribuem para a efetivação de sua prática.No
que se refere à PE, pode-se considerarque
as experiências vivenciadas pelos alunosno
curso dePedagogia
constituem-seem
um
campo
fértilpara a observação sobre
como
vem
sendo
concebida a prática de ensinar.Desta forma, acredita-se que, para a consolidação
do
trabalho de ensinar, a trajetória estudantilocupa
lugar marcante,em
especial o cursode
graduação.Não
se quer dizercom
issoque
o curso de preparação de professores seja o único responsável pelo traballio deste profissional,mas
é preciso reconhecer suafimção
epoder
de subsidiar a atividade docente e sua efetiva participação nas experiências aserem
integradas pelos futuros/atuais docentes, permitindo-lhes insnumentalização denaturezas determinadas
em
relação àeducação
escolar.Pode-se considerar
que
a prática de ensinardo
professor écomposta
pela
formação
básica e aformação
pedagógica.No
curso dePedagogia
à primeira cabe fornecer osfundamentos da
educação, enquanto nosdemais
cursos de licenciatura aformação
básica informa os saberes de referência dos conteúdos curriculares; e a segimda, afonnação
pedagógica, dispõe-se afomecer
ferramentas teórico-metodológicas para desenvolver o ensino dos conteúdos.O
grandedilema
enfrentado pelos cursos de
formação
de professores écomo
articular-
ou
mesmo
Diferentes pesquisasg sobre este assunto
têm
reveladoque
omodelo
dominante da
organização curricular dos cursos deformação
de professores, sesustenta
na
desaniculação entre aformação
básica e a pedagógica, traduzindo-se,no
agrupamento
das disciplinas.Aquelas que
integram aformação
básica constituem o“bloco teórico”,
em
geral distribuidasno
iniciodo
curso,ficando
para ofmal
as disciplinasque
compõem
aformação
pedagógica, consideradascomo
o “bloco prático”.Ou
seja, primeiro o aluno recebe afonnação
básica e, de posse dessesconhecimentos, ele recebe a
formação
pedagógicaque
o habilitará ao exercícioda
docência. ,
Inúmeros
estudiosos, entre os quaisSchön
(apud
PérezGómez,
1992)advogam
que
esse tipo de formação, recebida pelo futuro professor, enquadra-seno
modelo
da
racionalidade técnica,no
qual primeiramente o profissional necessitadominar
osconhecimentos
científicos, as regras, os princípios gerais das ciênciasbásicas, para depois aplicá-los.
Sua
prática se resumiria apenasem
escolher osmeios
e os procedimentos aserem
aplicadosno
ensino,tomando-se
uma
atividademeramente
instrumental-.Gimeno
Sacristán (1998, p.l73)também
discute esta importante edecisiva problemática:
O
conhecimentonão
controla rigorosamentea
prática do ensino, porquenão
existeum
saber especifico e inequívoco que assegure esse controle (...).Realidade que se choca
com
a
racionalidade técnica que pretensamente quer desenhar as práticas pedagógicas apoiadasnum
conhecimento instrumental firme e seguro.Sobre esta questão pode-se observar
que
a base intelectualdo
profissional de ensino é desuma
importância,mas
considera-seque
osconhecimentos
que
acompõem
não
podem
estar desprovidos dos seus significados educativos e de seusfundamentos
sociais e históricos. Assim, a justaposição deconhecimentos
B
Vários autores desenvolveram estudos neste campo, dentre eles: Azevedo, 1980; Carvalho, 1988;
estruturados sob a lógica
da
racionalidade técnicavem
sendo questionada emesmo
mostrando-se inadequada para a habilitaçãopedagógica
dos futuros/atuais professores~
em
suaformaçao
inicial.9Perrenoud (1993, p. 1 18) destaca a relevância de bases teóricas sólidas
na formação do
professor e,também, que
essesconhecimentos não
sejam concebidoscomo
“... abstratasou modelos
prescritivos,mas
simcomo
recursos e 'grelhas deleitura'
da
experiênciano
terrenoEste dilema
-
a articulação entre oformação
básicaea
formação
pedagógica
-
foi colocado ao se pretender analisar a PE,no
curso de Pedagogia.É
inequívoco
que
elavem
sendo
localizadana fonnação
pedagógica.Mas
como
ela é concebidano
interior dessaformação?
Na
análisedo
Projeto Político-Pedagógicodo Curso
dePedagogia da
UEM”,
verifica-seque
a disciplina dePE
é abordada deforma
resumida: a) sua atividade principal são os “estágios supervisionados”; b) os locais de realizaçãondos estágios são as escolas estaduais, municipais e particulares; e c) a disciplinadeve
submeter-se à regulamentação própria.”Para
melhor compreender
esse tratamentoempregado
àPE
disciplina, pode-se observarcomo
tais questões sãomencionadas nos
documentos:“Para
possibilitar atuação profissional
mais
efetiva, 0 curso desenvolverá estágios-
nos últimos doisanos
-
nas
instituições educativasonde
sedesenvolvem
o ensino e asfimções
técnicas nos níveis previstos pelas habilitações 129 Perrenoud (1993) distingue duas modalidades de formação de professores: fonnação inicial e
continua.
A
formação inicial é a preparação que os futuros profissionais recebem e que possibilitaingressar na profissão. Nesta modalidade enquadram-se o curso de graduação
em
Pedagogia e ocurso de ensino médio - Habilitação Magistério.
A
formação continua ou permanente é aquela que osprofissionais desenvolvem no exercício da função.
°
UNlVERSlDADE
ESTADUAL DE
MARlNGA.
Pró Reitoria de Ensino. Implantaçãodo Regime
Seriado
Anual-
Curso de Pedagogia (Processo n.° 1697/91). Maringá, 1991.“Em
1992 foi aprovado o Regulamento Unico para as disciplinas de Prática de Ensino daUniversidade Estadual de Maringá. I
12
UNlVERSlDADE
ESTADUAL
DE
MARINGA.
Pró Reitoria de Ensino.. Implantaçãodo Regime
Seriado Anual
-
Cursode
Pedagogia (Processo n.° 1697/91). Maringá, 1991. fls. 24 (grifos no original).Por sua vez, o
Regimento
Geralda
UEM,
pormeio da Resolução
n.l23/91-CEP
determina: “As disciplinas de Estágios Supervisionados e Práticade
Ensino
submeter-se-ãoà
regulamentação
própria 13É
destamesma
forma que
aPE
éapresentada
no
Projeto Político-Pedagógicodo
Curso,ou
seja, é tratadaem
terrnos de sua operacionalidade formal.Para aprofimdar esta análise sobre a
PE
e obter outros elementos necessários àcompreensão do
espaçoda
referida disciplinano
curso de Pedagogia, foiexaminado
como
aComissão do Conselho
Estadual deEducação
avaliou o cursoem
pauta.” Observou-se
que
a verificação realizada deteve-se especialmentenos
aspectos qualidadeacadêmica
e recursos materiais. Essacomissão
criticou a organização das disciplinasna
grade curricular,argumentando que
as disciplinas de Filosofia,Estrutura, Sociologia Geral e Sociologia
da Educação
são organizadas demaneira
descontinua. Apresentadas as justificativas dos professores sobre a ordenação das disciplinas
na
grade curricular, acomissão chegou
à conclusão de que a organicidadecurricular estava garantida, sugerindo
que
tal situação fosse avaliada junto aos alunosformandos.
O
que
chama
a atençãona
avaliação realizada por essa comissão é que,em
nenhum
momento,
amereceu
um
enfoque curricular talcomo
oempregado
àsdisciplinas de
fundamentos
da educação.Outro ponto
que merece
destaque é a concordância dosmembros
da
comissão quanto ao perfil
do pedagogo
delineado para o curso, o qual informa~
ÉISPCCÍOS QUE IIIBICCCIII ã1Í€I1ÇaOI
O
cursoformará
opedagogo
habilitado fundamentalmentena
áreado
ensino. Pode-se dizer que para isso impõe-se,
num
primeiro momento,uma
formação
generalista que o capacitea
analisar,com
rigor,a
realidadeeducacional, seus problemas e necessidades
para
posicionar-se frentea
elade
forma
compreensiva. ç13
UNNERSIDADE ESTADUAL DE
MARiNGÁ.
Estatuto, regimento geral e normas internas/UEM.
Maringá, 1998. p.95. '
14
UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE
MARINGA.
Curriculo do Curso de Pedagogia -Regime
Por
outro lado, não é possível 'abrirmão'
de sua atuação de especialista já que deverá intervir nessa prática educativa concretacomo
professor e/ounuma
função técnica, evitando portanto,a
reprodução de práticas. alíenadas. Esse perjil, é, assim, orientado pelo conceito
da
competência . desejada e socialmente requerida.15
-
É
possível observar que, enquanto se discute a importânciada
unidadeteoria-prática, esta.
não
é destacadanos documentos
consultadosem
relação à organização das disciplinasna
grade curncular,nem mesmo
em
relação ao perfildo
pedagogo,
que
apresenta essa clara dualidade.Como
sepode
perceber, o curso foi separadoem
formação
geral (teoria) e profissionalizante (prática); entende-se,com
talencaminhamento que
a teoria oferecerá subsídios para implementar a prática.Essa
divisão
pode
também
ser interpretadada
seguinte forma: a primeira etapado
curso constitui-seem
disciplinasque
possibilitam a compreensão, e a segunda, asque
possibilitam a ação, condicionadas à
compreensão
obtidana
primeira fase. Tal formulação expressa omodelo
da “racionalidade técnica”, fortemente instaladono
curso de
formação
de professores,em
que
supõe-seque
o profissional aplica as regras básicas deum
saber científico acumulado. _Examinando
oprograma
dePE
verifica-seque
ela acaba se ajustandoa essas condições propostas
para
o curso. Istopode
ser observadono programa da
disciplina de
PE
do
l° Graulõ,em
que
o objetivo geral constitui-seem
“Propiciarao
uturoeda
o oa
utilizaçãodo
re erencial teórico-metodoló icoad
uirido durante o_
P g 8
8
Q
curso,
em
situação real de sala de aula,em
nível de 1°grau”
(grifos meus).l7 Este objetivo revela a direçãodada
à referida disciplina,congmente
com
omodelo
defonnação
tratado anteriormente,ou
seja, énos
estágios (prática)que
oacadêmico
pode
aplicar os
conhecimentos
teóricos obtidos ao longodo
curso.Os
documentos
consultadossugerem que
a articulação curricular e aforma
como
é entendida a disciplina dePE
proporcionam
a dissociação destacom
as15
UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE
MARINGÁ.
Currículodo
Curso de Pedagogia -Regime
Seriado Anual. Maringá, 1991. fls. 161.
15
A
partir de 1997 essa disciplina é denominada de Prática de Ensino - 1° Fase do EnsinoFundamentai. I
17
UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE MARINGA
-DEG
-SCG.
Programas e critérios de avaliaçãodemais disciplinas,
como
também,
a dissociação das disciplinas deFundamentos
da
Educação
das Teórico-Metodológicas voltadas para o ensino. E, ainda, pode-se inferirque
aPE
acabaficando
isoladano
curso.É
possível concluirque
no
interiorda
configuraçãodo
curso dePedagogia
fica
atribuída apenas àPE
a tarefa de inserçãodo
alunono
mundo
“concreto
da
escola”, de transfonnaçãodo
alunoem
professor.A
mesma
fonte-
Projeto PolíticoPedagógico
-
fornece ainda indicadores sobre organização curricular, evidenciando a existência de blocosdisciplinares
~
bloco teórico e bloco prático-
e, nesse modelo, a disciplinade
PE
acaba
ficando
isoladano
processo deformação
de professores.A
leiturada
documentação
sugereque compete
àPE
focalizar a atividade de docênciaem
sala deaula e
também
procederuma
certa síntesedo
curso.A
situação da disciplina dePE
no
curso dePedagogia
da
UEM
não
é única, pelo contrário, pareceque
esta éuma
concepção
curricular muito freqüente sobre asPES
nos
cursos deformação
de professores.Os
dados colhidos junto ao curso dePedagogia da
UEM
indicam, pois, a importânciaem
se veiificarcomo
as pesquisas, os estudos e as experiênciasna
área lidamcom
as questões vivenciadas pela disciplina de PE, que desde a sua oficialização, pelo Parecer n.292/62-
CFEI8,vem
tentando definir seu espaçonos
cursos deformação
de professores. Acredita-seque
diferentes estudos realizados nessecampo
deconhecimento
fomecem
importantes contribuições para redefiniçãoda
PE
no
interior dos curriculos deformação
de professores.Diante dos vários aspectos apresentados sobre a referida disciplina, configura-se da seguinte
fonna
oproblema do
presente estudo:Como
a
literaturaproduzida
nosENDIPEs
trata as questões relacionadascom
a
disciplina dePE
no
curso
de Pedagogia?
1° BRASIL, conselho Federer de Educação. Parecer n. 292, de 14 de novembro de 1962. Treta da
parte pedagógica dos currículos mínimos de conteúdo e duração para o curso de graduação
em
Para abordar esse problema, defme-se
como
objetivo geral, analisar os materiais escritos produzidospara
o
ENDIPE,
no
período de1994
e 1996,para
apreender
como
estefórum
acadêmico
focalizaa
unidade disciplinar Prática deEnsino.
Considerando
tal objetivo e os estudos já desenvolvidosformulam-se
os seguintes questionamentos iniciais:
0
Como
os textos apresentadosno
ENDIPE
identificam aPE?
Qual
0 seu objeto?0
Quais
são osencaminhamentos
em
relação àPE
e a sua articulaçãocom
asdemais
disciplinasdo Curso?
0
Qual
o significadoda
experiência “estágio supervisionado”na
PE?
0
Qual
o papeldo
professor dePE?
1.2
Delimitação
da
Pesquisa
e Hipótesesde Trabalho
A
justificativa para a escolhado
período para desenvolver esta pesquisa-
1994 e1996
-
pautou-seem
dois aspectos. Primeiramente, foi levadoem
consideração o estudo realizado sobreo
curso dePedagogia
(1992-1995)”,o
qual focalizou a alteração curricular, ocorrida para a implantaçãodo regime
de estudos seriado anualna
UEM.”
19
A
escolha do período de quatro anos teve
como
base a duração mínima do curso. Neste estudotrabalhou-se
com
as duas habilitações básicas oferecidas pelo curso, ou seja, Magistério das Matérias Pedagógicas do 2° Grau e Magistério de 1° a 4* séries do 1° Grau. Não foram abordadas ashabilitações específicas que o aluno pudesse realizar para complementar seus estudos: Orientação Educacional, Supervisão Escolar, Administração Escolar e Educação Pré-Escolar.
2°
O
Regime de estudos seriado anualvem
substituir o regime de créditos semestral. Para aimplantação desse regime único, no ano de 1992,
em
todos os cursos de graduação daUEM,
foram realizados estudos desde 1983. Nesse regime, o aluno se matriculauma
vez por anoem
blocos predeterrninados de disciplinas; estas são organizadasem
séries de tal fonna que as disciplinas deOutro aspecto considerado foi a data de realização
dos
ENDIPES
nesse período.
Os
encontros realizados foram:-
1994
~
viiENDiPE
-
Goiás
-
Go”
. 1996
_
viiiENDIPE
_
Florianópolis-
sc”
Inicialmente estava previsto trabalhar
também
com
aprodução do
VI
ENDIPE,
oconido
em
1991na
Universidade Federal de Porto Alegre,no
Rio
Grande
do
Sul, oque não
foi possível,dada
as condiçõesque
se encontra esse material.A
falta de financiamento impossibilitou a publicação dos textosem
Anais.”Os
Encontros Nacionais de Didática e Prática deEnsino
têm
sido realizados a cada dois anos,em
média,em
diferentes localidadesdo
país,com
a cobertura fmanceira das Universidadesque
os sediam, das agências fmanciadoras ecom
os recursos dos participantes.Nesses
eventos reúnem-se, principalmente, professores de Didática,de
Práticas de Ensino, Metodologias Especificas, Curriculos e outras disciplinas afins,
com
o objetivo depromover
a divulgação de experiências pedagógicas e o debate relacionado ao ensino,bem
como
à pesquisa nessas áreas de prática e deconhecimento
pedagógico.
Definido o período de estudo, realizou-se tuna busca das fontes
documentais
junto às entidades organizadoras dos encontros.Os
principaisdocumentos examidados foram
osAnais
e osdemais
materiais produzidosno
VII eVIII
ENDIPES,
ocorridosem
1994 e 1996.Para o desenvolvimento
da
investigação e da análiseforam
consideradas as seguintes hipóteses:
21 ' ' ~
VII
ENCONTRO
NACIONAL
DE
DIDATICA EPRATICA
DE
ENSINO. Produçaodo
conhecimentoe trabalho docente. Goiânia-GO, 1994.
r ,
22
v|||
ENCONTRO
NACIONAL
DE
DIDATICA EPRATICA
DE
ENSINO. ,Formação eprofissionalização
do
educador. Florianópolis-SC, 1996.3 Por meio de contatos
orais mantidos
com
uma
das coordenadoras deste encontro, foi infonnado0 os
problemas
e o significadoda
PE
estão relacionadoscom
a organizaçãodo
trabalho pedagógico,com uma
determinada concepção- de escola, de ensino eda
relação entre a teoria e a práticano
curso de Pedagogia-
questões estas estreitamente ligadas ao desenvolvimento curricular;0 entende-se
que
as discussões/debates/experiências realizadas pelos educadores durante a década de80
estão presentes nos debates dosENDIPES,
sugerindo
avanços
em
relação àconcepção
dePE
como
terreno de aplicação de saberes acumulados.Cabe
realçar,novamente, que
a razão principal da escolha dessa fontedocumental, para discutir as questões relacionadas à PE,
no
curso de Pedagogia, deve- se ao fatoque
os materiais produzidos parao
ENDIPE
têm
tido nos últimos anosuma
grande importânciana
circulação e difusão de idéias educacionais, principalmente das ligadas às áreas de Didática e Prática de Ensino.A
literatura educacional resultantedos
trabalhos de diferentes tipos
que
são apresentadosno
ENDIPE
forma
um
conjimto apreciável de textos sobre afonnação dos
professoresno
âmbito da Didática eda
PE.Embora
os diferentes textosnão
abordem
exclusivamente as unidades disciplinares Didática e PE, estas são objeto de apreciaçãoem
inúmeros
trabalhos.H
1.3
Em
Meio
ao
Debate
Pedagógico dos
ENDIPES
a Seleção dosTextos
Verificando-se a quantidade de textos
que
compõem
cadaENDIPE,
é possívelafinnar que
estaprodução
educacional constitui-seem
uma
fonte rica para pesquisa nas áreas de Didática e Prática de Ensino. Tiballi eChaves
(1996, p.2) referem-se a esse evento da seguinte forma:não
sepode
ignorar que oENDIPE
éum
encontro de profissionaisda
trabalhos inscrevem-se no âmbito
da
produção acadêmica e que,por
esta razão, exigem o crivo teórico-metodológico necessárioà
avaliação de trabalhos dessa natureza.,J .
Sendo
assim, para selecionar os textosque
serão pertinentes aotema
proposto para essa pesquisa, foi preciso fazer
um
recorte dessa produção.Por
meio
do
quadro abaixo será possível verificar o total de textos produzidos para o VII e VIII
ENDIPE.
TABELA
1Trabalhos apresentados
no
VH
eVIII
ENDIPE
FORIVIAS
DE
VII N”de
VIIIN”
DE
APRESENTAÇÃO
¡ENDIPE
.
TEXTOS
ENDIPE
TEXTOS
1- Conferências 02 O2 01 01 2-
Mesas
- redondas 02 06 05 13 3- Simpósios ` 12 32 09 ` 27 4- Painéis 70 70 62 62 5- Sessões de Comunicações 29 140 47 311 6-Workshops
- - 09 09TOTAL
ll5 250 , 133 423Fonte: Anais do VII e VIII ENDIPE
De
acordocom
o objetivo desta pesquisa-
analisarcomo
estefórum
aborda àPE
-, buscou-se incluir todos os textos cujotema ou
assunto tenha sido a disciplinaem
questãono
curso de Pedagogia.Ao
limitar-se àPE
no
curso de Pedagogia, excluem-se os trabalhos relacionadoscom
as disciplinas de Prática de Ensino de outras licenciaturas. Essa exclusão foi necessária, tendo-seem
vistaque
a Prática de Ensino sob aforma
de estágios curriculares é obrigatóriaem
todas as licenciaturas. Vale esclarecer,do
ponto de vista metodológico,que
podem
ser encontrados pressupostos econcepções
em
açãocomuns
entre o curso dePedagogia
e outras licenciaturas quanto a problemática da PE; entretanto, é propósitoda
pesquisa apanhar as especificidades dos debates relativos aum
cursoque
se distinguepor
tratar a questãoda
educação desde suas primeiras experiências acadêmicas. _Do
total geral dos textos-
673
-
foram
selecionados67
trabalhos,dos
quais 21
correspondem
a painéis,40
a comunicações, 01 a workshop, O3 são textosque
compuseram
asmesas-redondas
e O2, textosque
compuseram
os simpósios.Para o
exame
preliminar desses textos, serviu de suporte o trabalho realizado porRocha
(1999), a qual desenvolveuuma
“pesquisa sobre as pesquisas”em
educação
infantilno
Brasil.A
metodologia
empregada
pela autora foi utilizada paraordenação dos textos selecionados.
Dessa
primeira etapa, resultou a elaboração deuma
listagemcom
os textos contendo os seguintes dados: título eresumo dos
trabalhos,dados
dos autores,ano
e tipo de apresentação.Da
maioria dos trabalhos apresentadosna forma
de painéis e comunicações,foram examinados somente
osresumos
(76%),conforme foram
publicados.A
configuração
dosresumos
foi bastante variada:uma
minoria apresentou- os de maneira sintética ecom
poucas
informações sobre os trabalhos;no
entanto, grande parte dosresumos
permitiu apanhar elementos sobre o significado, aforma
de desenvolvimento e o espaçoda
PE
no
interiordo
curso de Pedagogia.Os
textos dos painéis produzidos para o VIIIENDIPE
foram
examinados
integralmente, pois esses trabalhos encontram-se publicados à partena
“Série
Documentos”
da Universidade Federal de Santa Catarina etambém
estão agrupados em- oito disquetes. Tal recurso facilitou oexame
desse material.Os
textos das mesas-redondas e simpósiosforam
analisados integralmente,confonne
sua publicaçãoem
anais.,
Os
textos selecionados representam10%
do
totaldos
trabalhosapresentados
no
VII e VIIIENDIPE,
os quais trataram especialmenteda
disciplina de Prática de Ensinodo
curso de Pedagogia.Como
essa disciplina faz partedo
currículo de todos os cursos deformação
de professores e o Encontro reúne duas áreas deconhecimento
-
Didática e Prática deEnsino
-
a quantidade de trabalhos dedicados adiscutir especificamente a
PE
no
curso dePedagogia
é expressiva e, aomesmo
tempo,
Considera-se, outrossim,
que
as questões levantadas por esta pesquisa sópodem
sercompreendidas
seforem
historicizadas, pois aPE
se constitui e se desenvolvenum
contexto,que
éconfigurado
de acordocom
cada
momento
histórico.Assim
sendo, para acompreensão do
movimento
de constituiçãoda
PE
etomar
presentes aspectos
que
marcam
a sua configuração, é apresentada,no
próximo
capítulo, Luna breve retrospectiva histórica,no
intuito de identificar a disciplinaem
diferentes períodos. Acredita-seque
este estudo de caráter histórico fornecerá elementos para entender a' problemática atualque
envolve essa disciplinano
processoNessa
etapado
trabalho será realizadauma
breve retrospectiva histórica sobre a disciplina de Prática de Ensino,no
contexto educacional brasileiro,na
tentativa de captar
momentos
importantes de sua constituiçãono
curso de Pedagogia.A
necessidade de se fazer esta retrospectivaadvém
do fato deque
aconcepção
dePE
pode
variar de acordocom
omomento
histórico,ou
seja, os seusobjetivos educacionais
no
interiordo
curso, as metodologias de ensino, asfonnas
de avaliação entre outros elementos,sofrem
transformações. Isto revela emarca
O caráter das disciplinas escolarescomo
invençõesno
interiordo
atendimento escolar.A
partir deste ponto de vista, a análiseda
PE
exigeuma
reflexão
ampla.Segundo
Saviani (1980, p.24) “...oproblema
não
pode
serexaminado
demodo
parcial,
mas
numa
perspectivade
conjunto, relacionando-se o aspectoem
questãocom
osdemais
aspectosdo
contextoem
que
está inserido Assim, acompreensão
dasquestões relativas à
PE
exigeuma
reflexão que
transcenda a sua expressão imediata,no
interior deum
currículo eque
reflita sobre osfundamentos
teóricos e históricosnos
quais ela está inserida,ou
seja, a sua totalidade.”24
A
discussão da
PE
sob o conceito de totalidade não significaum
estudo da totalidade da realidade,mas uma
reflexão socialcomo
um
todo orgânico, estruturado, no qual não se pode entenderum
A
históriada
PE
está estreitamente relacionadacom
a históriado
curso de Pedagogia, oque
pennite afirmar que paracompreender
aPE
é necessário entender a constituiçãodo
curso de Pedagogia. gNo
que
se refere ao curso dePedagogia
é necessário salientarque
este, nos últimos anos,vem
passando pormais
um
momento
de discussões, avaliações e rearticulações,como
sepode
observarnos
eventos realizados pelaANFOPE
ena
literatura educacional produzida por diferentes pesquisadores. Entretanto
não
convém
pensar que estes processos sefazem
em
um
movimento
isolado, estanque,sem
conexão
com
outrosmomentos
da históriado
curso.Ao
contrário, as discussõesefetuadas atualmente, resultam de
um
processogerminado
no
passado.O
historiadorThompson
(1981, p.58)argumenta
nesta perspectiva:“Qualquer
momento
histórico éao
mesmo
tempo
resultado de processosanteriores eum
índiceda
direção de seufluxofuturo
Ao
considerar essa relação entre passado e presente, pode-seafirmar
que
osencaminhamentos dados
àPE
nos
ENDIPES, no
período de 1994 e 1996,não
estão separados e
muito
menos
desprendidos da históriada
educação brasileira edo
curso de Pedagogia. São, portanto, produtos sociais. É, pois,com
essa perspectivaque
se pretende apreender aorigem
e o desenvolvimentoda
PE, pormeio da
utilização deuma
literatura brasileira sobre a constituiçãodo Curso
dePedagogia
eda
PE
em
seu interior.Muitos
são os autoresque
se dispuseram a escrever sobre a trajetóriada
PE
entre os quaispodem-se
destacar Fracalanza (1982),Nadai
(1985), Sambatti (1990) e Carvalho (1992).A
atençãodada
a estes estudiosos se faz pelafonna
sistemáticacomo
trabalharam a relaçãoformação
de professores e a sociedade.Para
Nadai
(1985), aformação do
professor para o ensino fundamental e médio,em
nível superior, está ligada à criação das universidadesno
país,em
especialcom
a fundação da Universidade deSão
Pauloem
1934.Com
base nos estudos desta autora, pode-se afirmar que o desenvolvimento históricoda
PE como
disciplina curricular
no
Brasil é constituído por três etapas importantes, quepodem
ser traduzidasna
seguinte periodização:la) de
1939
a 1961-
periodo da constituiçãodo
curso dePedagogia
até a oficialização
da
PE
na
organização curricular;23) de
1962
a 1978-
émarcado
pelo Parecer 292/62,que
introduz aPE
no
plano curricular; até as propostas de VahiirChagas
1975/ 1976;H
33) de
1979
a1990
-
quando
se constitui omovimento
dos educadorescom
o objetivo de refletir sobre os cursos deformação
de professoresem
diferentes eventos realizados pelo pais,em
especial os Encontros de Prática de Ensino.A
periodização aqui apresentadanão
é rígida, estaforma
foi escolhida por relacionar-secom
marcos
da constituição históricada
disciplinano
interiordo
curso de Pedagogia. _
2.11
A
Constituiçãoda
disciplina Práticade Ensino
(1939-1961)Durante as três primeiras décadas deste século, várias
foram
as tentativas de criaçãodo
curso defonnação
de professoresem
nível superior, entretanto a irnplantaçãodo
curso dePedagogia
só ocorreuno
fmalda década
de 30.É
de se considerarque 1930
éum
marco na
história daeducação
brasileira, porque apesar das discussões anteriores,somente
nesse período apreocupação
em
constmirum
sistema nacional deeducação assume
“caráter demovimento
que se propaga por todos os- 25
'
setores da sociedade”. _
25 ver Favorero