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CURSO DE MESTRADO EM DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA BREVE COMENTÁRIO ÀS CONCLUSÕES DA ADVOGADA- GERAL NOS PROCS. C-261/07 E c-299/07 (OFERTAS CONJUNTAS)

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CURSO DE MESTRADO EM DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA

BREVE COMENTÁRIO ÀS CONCLUSÕES DA ADVOGADA-GERAL NOS PROCS. C-261/07 E c-299/07 (OFERTAS CONJUNTAS)

1. Introdução

2. Desenvolvimento 3. Conclusão

1. Introdução

As referidas Conclusões e posterior Acórdão incidem sobre um tema candente, nos dias de hoje, ao nível do direito de consumo e relacionado com a prática comercial de venda associada a ofertas conjuntas ou mesmo ofertas emparelhadas.

Basta passar por um simples quiosque de bairro ou por uma pequena ou grande superfície de cidade e logo somos confrontados com a venda

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multiplicidade de berloques (pulseiras, anéis, capas para a chuva etc…), de serviços de limpeza da pele, de tratamento do corpo, numa qualquer clínica de estética ou SPA.

Ou então, no caso dos supermercados ou hipermercados, a oferta de senhas que proporcionam desconto em combustível adquirido num determinado posto de vendas de combustíveis.

Enfim, dir-se-á que, sendo, por um lado, o engenho e a agressividade do comércio nestes tempos de consumo, importará também, por outro lado, acautelar os direitos do consumidor, relativamente à tentação de práticas comerciais abusivas ou desleais.

2. Desenvolvimento

Em tais conclusões, as quais foram confirmadas ou adoptadas pelo Acórdão – Acórdão “Total Belgium “ e “ Sanoma Magazines Belgium” – que se lhe seguiu, são abordados temas tão importantes e abrangentes para o direito europeu como sejam:

• o reenvio prejudicial e o objecto de interpretação admissível; • a interpretação conforme a directiva ( no caso a Directiva

2005/29/CE, de 11.05, relativa às práticas comerciais desleais das empresas face aos consumidores no mercado interno );

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• A livre circulação de mercadorias e modalidades de venda (como sejam as ofertas conjuntas);

• Livre prestação de serviços e as práticas comerciais desleais; • Protecção dos consumidores;

• Liberdades fundamentais concorrentes;

• Interpretação da directiva antes do termo do prazo de transposição;

• Harmonização da legislação nacional ao direito comunitário como garante da segurança jurídica entre todos os Estados-Membros e salvaguarda de um nível elevado de protecção dos direitos dos consumidores.

Desde logo se atentarmos neste último parâmetro, podemos constatar que, quer na apontada Directiva 2005/29/CE (veja-se os seus

considerandos 11 a 15), quer nas conclusões em análise ( e posterior

Acórdão) houve a preocupação de assegurar e ter presente um quadro jurídico único baseado em conceitos legais claramente definidos, regulando todos os aspectos das práticas comerciais desleais na União Europeia.

Em resumo, entendeu-se, e no nosso modesto entendimento bem, que, em ambos os processos, o artº 54º da Lei Belga, de 14.07.1991,

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consumidores, colidia com a Directiva 2005/29/CE, relativa às prática comerciais desleais e o artº 49º da CE, relativo à livre prestação de serviços.

Nos casos em apreço, estava em causa dois pedidos de decisão prejudicial, submetidos nos termos do artº 234ºCE, ao Tribunal de Justiça, tendo em conta que a dita legislação nacional belga por princípio, proibia ofertas conjuntas, excepcionando-as apenas em algumas situações taxativamente enumeradas.

Concretamente, no proc. C-261/07, a “Total Belgium” oferecia ao consumidor por cada abastecimento de combustível três semanas de serviços de assistência automóvel gratuitos, insurgindo-se a “VTB”, empresa que presta serviços na área da assistência em caso de acidente ou avaria automóvel, por considerar que tal prática comercial representava uma oferta conjunta proibida pelo artº 54º da lei belga.

No proc. C-299/07, a BVBA Galatea, uma empresa que explora uma loja de lingerie, opunha-se a que a empresa “Sanoma Magazines Belgium”, editora de revistas, oferecesse com a compra de uma revista descontos de 15 a 25% em diversas lojas de roupa lingerie, por entender que tal violava o citado artº 54º da lei belga.

De realçar que, grosso modo, o Governo Português tom ou posição conforme a que foi acolhida nas conclusões e no acórdão, ou seja, considerar que a directiva em causa se opunha a uma proibição das

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ofertas conjuntas, tal como era prevista, regra geral, pelo referido artº 54º da lei belga.

Nas reditas conclusões da advogada-geral, não obstante se asseverar que, em sede de liberdade de circulação de mercadorias, a proibição de ofertas conjuntas constante do artº 54º da lei belga não pode ser classificada como medida de efeito equivalente, na acepção do artº 28º CE [que reza assim: São proibidas, entre os Estados-Membros, as

restrições quantitativas à importação, bem como todas as medidas de

efeito equivalente( sublinhado nosso)], acaba por afirmar que aquela

norma da lei belga afronta o disposto no artº 49º CE, por se verificar uma restrição desproporcionada da livre prestação de serviços.

Isto, porque se entende que uma proibição geral ou de princípio de ofertas conjuntas ultrapassa aquilo que é necessário para realizar o objectivo de protecção dos consumidores. O mesmo é dizer, aquele dispositivo legal belga viola os princípios de necessidade e proporcionalidade.

De sublinhar que na interpretação às excepções à liberdade de serviços (e de estabelecimento) devem presidir princípios como o da racionalidade, proporcionalidade e integração restritiva.

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3. Conclusão

Finalmente, em jeito de destaque, cumpre assinalar que, no campo da hermenêutica do direito comunitário, por via de tais conclusões e acórdão, o Tribunal de Justiça rejeitou os argumentos do estado belga de que o juiz nacional não pode afastar a aplicação do direito nacional antes do fim da data de transposição de uma directiva.

Antes, proclamou que o juiz nacional pode desaplicar a norma nacional, quando contrária à directiva, mesmo que ainda não tenha decorrido o prazo para a sua transposição.

Enfim, é o primado do direito comunitário no seu esplendor, enquanto “ O poder de fazer, no momento dessa aplicação (do direito comunitário) tudo o que é necessário para afastar as disposições

legislativas nacionais que poderão constituis obstáculo à plena eficácia

da norma comunitária”1.

António Sobrinho, aluno nº 15170

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Referências

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