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AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM ÁGUAS DE ABASTECIMENTO DOMÉSTICO NO ESTADO DO PIAUÍ

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Academic year: 2021

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1 AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM ÁGUAS DE ABASTECIMENTO DOMÉSTICO NO ESTADO DO PIAUÍ

Kerlane Alves Fernandes1, Marcus Brandão Melo1, Thiago Teles Álvaro 2, Zuleica Carmen Castilhos3

1

Bolsistas CNPq/CATER (Rua João Cabral, 2231, Pirajá, Bloco GERATEC kalves@cetem.gov.br e mmelo@cetem.gov.br); 2Bolsista CNPq/UFRJ (Avenida Pedro Calmon, 550, Cidade Universitária, Rio de Janeiro; thteal@gmail.com); 3Pesquisadora Sênior/CETEM (Avenida Pedro Calmon, 900, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro; zcastilhos@cetem.gov.br)

Resumo

O objetivo geral deste trabalho é estimar o potencial risco à saúde publica por doenças veiculadas pelos recursos hídricos, por meio da avaliação da contaminação microbiológica de águas de consumo doméstico, em cinco municípios piauienses localizados no Vale do Gurguéia: Uruçuí, Baixa Grande do Ribeiro, Ribeiro Gonçalves, Bom Jesus e Cristino Castro. Foram coletadas 30 amostras, sendo 24 de águas subterrâneas, captadas antes do sistema de cloração, e 6 de águas superficiais, que não contam com cloração. Para a investigação da presença de coliformes totais e

Escherichia coli foi utilizado o método baseado na tecnologia de substrato definido. Os

resultados mostraram que a grande maioria das amostras está contaminada por bactérias fecais e/ou de E. coli, tanto subterrâneas quanto superficiais e portanto, mostram-se impróprias ao consumo humano, representando risco à saúde pública. Embora alguns poços tenham sistema de cloração após a captação foram constatados problemas operacionais em vários destes sistemas durante o trabalho de campo. Há urgência em se tratar as águas dos municípios e todos os esforços devem ser direcionados para o fornecimento de água potável para as populações humanas.

(2)

2 INTRODUÇÃO

O relatório do Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas, em 2010, revelou que mais pessoas morrem, anualmente, devido à água contaminada e poluída, do que por todas as formas de violência (ANA, 2011). A falta de água limpa mata, anualmente, 1,8 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade e mais da metade dos leitos de hospitais no mundo são ocupados por pessoas com doenças relacionadas à água contaminada. O documento conclui que, agregar metodologias que avaliem a qualidade da água para consumo humano se faz necessário, em todo o mundo.

A determinação de coliformes totais é utilizada como indicador higiênico. A presença de coliformes fecais indica que algum material fecal entrou em contato com a água e ou alimento, direta ou indiretamente, e que outros patógenos entéricos podem também ter chegado ao mesmo e, portanto, representar riscos à saúde pública.

No Estado do Piauí, composto por 224 municípios, grande parte do abastecimento de água para consumo humano está a cargo da Agência de Águas e Esgotos do Estado do Piauí-AGESPISA na área urbana, enquanto que na área rural, o abastecimento é de responsabilidade das Prefeituras municipais. Em alguns municípios, a Prefeitura opta por alternativas para o abastecimento público, sendo responsável pelo abastecimento inclusive na área urbana.

Nos municípios do Vale do Gurguéia, sob o domínio geológico sedimentar, as águas subterrâneas tem grande importância no abastecimento doméstico. Contudo, nas áreas rurais, a carência de energia elétrica muitas vezes impede a utilização deste recurso e as águas superficiais tornam-se a alternativa para o consumo humano e animal.

O objetivo geral deste trabalho é estimar o potencial risco à saúde pública por doenças veiculadas pelos recursos hídricos, por meio da avaliação da contaminação microbiológica de águas de consumo doméstico, em cinco (5) municípios piauienses, localizados no Vale do Gurguéia.

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostragem das Águas Subterrâneas

As coletas de águas para análise bacteriológica foram realizadas de 04 a 10 de dezembro de 2012, e seguiram procedimentos da CETESB (1997).

(3)

3 As amostras de água subterrânea foram coletadas nos poços selecionados, após cerca de 10 a 15 minutos de esgotamento, ou em alguns casos, a coleta se deu em sistema de esgotamento contínuo. Cerca de 100 ml foram coletados e armazenados em recipientes estéreis e mantidos em gelo, para análise microbiológica em até 6 horas após a amostragem. A amostragem de água superficiais/riachos foi realizada seguindo o mesmo procedimento.

Análises microbiológicas

Para a investigação da presença de coliformes totais e Escherichia coli foi utilizado um método que utiliza a tecnologia de substrato definido (Defined Substrate Technology - DST), denominado comercialmente de Colilert. A tecnologia DST é aprovada pelas organizações norte-americanas: American Public Health Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Federation (WEF) e aceito como método rápido padrão de avaliação da qualidade da água no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 17ª edição.

Basicamente, o método Colilert é composto de dois nutrientes indicadores. O primeiro, o o-nitrofenil-β-D-galactopiranosídeo (ONPG), capaz de ser degradado pela enzima de composição dos coliformes totais, a β-D-galactosidase, produz, então, o-nitrofenol, produto de coloração amarela. O segundo nutriente indicador presente é o 4-metil-umberiferil-β-d-glucoronideo (MUG) que possui a capacidade de ser degradado pela enzima β-glucuronidase da E.coli resultando na formação do produto fluorescente, a 4-metil-umbeliferona. Já que a maioria dos não coliformes não conta com estas enzimas, eles não podem interferir nos resultados (IDEXX, 2002).

A análise quantitativa através do método Colilert se dá com o uso da cartela Quanti-tray com a qual, após a selagem, incubação e contagem dos cubos (amarelos para Coliformes totais e azuis fluorescente com o auxilio de uma luz ultravioleta, de 365 nm, para E.coli) obtém-se o número mais provável (NMP) que permite calcular o número de microorganismos específicos numa amostra de água, utilizando tabela de probabilidade com limite de confiança de 95%.

RESULTADOS & DISCUSSÃO

Foram coletadas 30 amostras, sendo 24 de águas subterrâneas e 6 de águas superficiais, nos municípios Urucuí, Baixa Grande do Ribeiro, Ribeiro Gonçalves e

(4)

4 Bom Jesus, sendo que em Cristino Castro foi amostrado apenas o poço Violeto. A Tabela 1 apresenta a localidade amostrada, o tipo de amostra (águas subterrâneas ou superficiais) e os resultados obtidos quanto à presença de Coliformes Totais e de

Escherichia coli.

Tabela 1 - Resultado das análises microbiológicas das amostras de águas subterrâneas e superficiais coletadas em municípios do Vale do Gurguéia.

Município Localidade Tipo de Amostra Coliformes Totais (NMP*) Escherichia coli (NMP*) Uruçuí Sede 1 ASb 46,2 <1 Sede 2 ASb 270,0 5,0 Vaquejada ASb 6,3 <1 Aeroporto ASb 27,1 <1 Tucuns ASb 1011,2 5,0 Sangue ASb 360,9 33,2 Estiva AS 1011,2 1011,2 Pratinha AS 829,7 829,7 Ribeiro Gonçalves Vão do Negro AS 509,9 689,3 Jacu AS 478,6 478,6 Galeota AS 1011,2 1011,2 Água Branca AS 272,3 98,0

Boa Vista ASb 1011,2 <1

Sape ASb 1011,2 1011,2

Sede 2 ASb 437,4 616,7

Sede 1 ASb 1011,2 77,1

Sede (Serrinha) ASb 1011,2 1011,2

Baixa Grande do

Ribeiro

Sede 1 ASb 1011,2 241,1

Sede (Bairro Fátima) ASb 82,4 82,4

Cristino

Castro Violeto ASb 157,0 2,0

Bom Jesus

Eugeanópolis ASb 142,3 <1

Resfriado ASb 145,9 17,5

Matões ASb 157,0 <1

Sede 6 (São João) ASb 142,3 <1

Sede 3 (Penitenciária) ASb 157,0 1,0 Centro 2 (poço Marcos

Aurélio)

ASb

157,0 <1

Centro 1 ASb 157,0 7,5

Sede 7 (Josué Parente) ASb 149,5 2,0

Piripiri ASb 149,5 <1

Assentamento Conceição

ASb

157,0 2,0

(5)

5 De acordo com estes resultados, verificou-se que as amostras coletadas não estão de acordo com o padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano estabelecido pela legislação brasileira, que exige ausência de Coliformes totais e de

Escherichia coli em 100 ml de amostra de águas (BRASIL, 2011).

Os resultados mostram que as águas dos poços e riachos estão impróprias ao consumo humano, uma vez que todas as amostras indicaram a presença de coliformes fecais, e que 21 delas apontaram a presença de Escherichia coli em 100 ml (Tabela 1).

Todas as águas subterrâneas foram coletadas antes dos processos de cloração. Portanto, em alguns pontos amostrados, as águas seguiriam para um tratamento de cloração. Entretanto, na maioria destes locais, os sistemas de cloração mostravam problemas operacionais na oportunidade da coleta. Desta forma, pode-se sugerir que a população estava potencialmente exposta à contaminação microbiológica via água de beber. Esta contaminação microbiológica, entretanto, pode (e deve) ser anulada após o tratamento com cloro, para não representar riscos à saúde humana.

Para os poços atendidos pela Agespisa - Uruçuí (Sede 1, Sede 2, Vaquejada, Aeroporto), Ribeiro Gonçalves (Sede1, Sede 2, Sede – Serrinha), Baixa Grande do Ribeiro (Sede 1, Sede-Bairro Fátima) e Bom Jesus (Sede 6 – São João, Sede 3 – Penitenciária, Centro 2 - poço Marcos Aurélio, Centro 1, Sede 7 - Josué Parente) - possuem sistema de tratamento, amostramos antes do tratamento, alguns estavam com os sistemas quebrados.

CONCLUSÃO

A presença de coliformes totais em todas as amostras de água indica que as mesmas são inadequadas ao consumo humano. Ainda mais preocupante é a presença de E.coli, indicando a possibilidade da presença de outras bactérias patogênicas. Esta contaminação microbiológica, entretanto, pode ser anulada após o tratamento com cloro, para não representar riscos à saúde humana. Há urgência em se tratar as águas dos municípios e também, de manter em permanente funcionamento os sistemas de cloração, pois todos os esforços devem ser direcionados para o fornecimento de água potável para as populações humanas.

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6 AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Dr. Adão B. da Luz, pelo apoio e orientações logísticas; às Prefeituras municipais de Uruçuí, Ribeiro Gonçalves e Bom Jesus, e à AGESPISA, bem como ao CNPq pelas bolsas concedidas e ao CATER, vinculado ao CETEM em Teresina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANA Agência Nacional de Águas (Brasil). Cuidando das águas: soluções para melhorar a qualidade dos recursos hídricos / Agência Nacional de Águas; Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. -- Brasília: ANA, 2011. 154 p.

BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria Nº 2914, de 12 de dezembro de 2011. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Diário oficial da Republica Federativa do Brasil.

CETESB, Companhia Estadual de Tecnologia e Saneamento Ambiental. Controle da qualidade da água para consumo humano: bases conceituais e operacionais. São Paulo. p. 152-4. 1997.

CETESB, Resolução 195/2005, p.1-4 In: www.cetesb.sp.gov.br. CONAMA, Resolução 396/2008, p. 308-318.

BRASIL, Plano Nacional de Recursos Hídricos - PNRH. 2006.

ARIDAS- GT II – Recursos Hídricos - GT 2.6 - Água Subterrânea e o Desenvolvimento Sustentável do Semi-Árido Nordestino, 60p.

CETESB. Companhia Estadual de Tecnologia e Saneamento Ambiental. Controle da qualidade da água para consumo humano: bases conceituais e operacionais. São Paulo. p. 152-4. 1997.

DEXX Laboratories Inc.. Cartilha explicativa do método colilert, Tecnologia do Substrado Definido. Disponível no site www.idexx .com.br. 2002.

Standard Methods for the examinantion of Water and Wastewater. Washington, D.C., American Public Health Association. 20. P. 1998.

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