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O IMPACTO DO CUSTO DE PRODUÇÃO NO LUCRO DA AGRICULTURA

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O IMPACTO DO CUSTO DE PRODUÇÃO NO LUCRO DA AGRICULTURA

Odílio Sepulcri* Este texto tem como objetivo orientar os agricultores na tomada de decisão e no planejamento da safra, optando pelas atividades que dão maior margem bruta1, frente à estrutura da propriedade que possuem e às tendências de mercado.

O foco será no processo produtivo. O primeiro passo na tomada de decisão é analisar o mercado e verificar como ele está sinalizando em relação aos preços dos produtos, olhar o mercado como se fosse um semáforo. Se o os preços estão bons, cobrem os custos totais com certa margem de lucro, o sinal é considerado verde. Se os preços cobrem somente os custos variáveis, com margem bruta positiva, porém não cobrindo todos os custos fixos, denomina-se sinal amarelo. Se os preços cobrem somente os custos variáveis sem gerar margem bruta positiva, o sinal é caracterizado como vermelho. Em função dessa sinalização deve-se adotar uma estratégia diferente para cada caso, até de não plantar, quando a sinalização estiver vermelha, a não ser que o agricultor queira correr o risco, apostando na hipótese do mercado tornar-se favorável durante o transcorrer do ciclo da cultura.

Nesse contexto, o custo juntamente com os preços de mercado são os principais sinalizadores para o planejamento de uma safra. A estimativa do custo de produção de um produto (Tabela 1) é um valioso instrumento para medir o potencial econômico das tecnologias usadas pelos agricultores. Os custos acompanhados de outros indicadores técnicos e econômicos permitem a identificação de pontos de estrangulamentos do sistema de produção.

O custo representa a fotografia monetária do processo produtivo a ser utilizado. Muitos agricultores utilizam custos médios para tomada de decisão. É bom lembrar que cada propriedade tem suas características e, conforme a sua estrutura produtiva e o processo tecnológico a ser adotado, terá custos diferentes, por isso cada agricultor deve elaborar o seu próprio custo e com isso consolidar o seu processo decisório. O agricultor, ao escolher o que plantar e que tecnologia usar, está definindo antecipadamente os seus custos de produção.

Com esse trabalho tenta-se responder as seguintes questões: Quais itens contribuem com maiores percentuais de custos? Qual o custo por unidade de produto em relação ao preço de venda? Consegue-se reduzir os custos variáveis mantendo-se as receitas? É possível reduzir os custos fixos mantendo-se as receitas? É possível adquirir insumos com a mesma qualidade a preços menores? As três variáveis responsáveis pelo aumento do lucro e do retorno do capital2 são: receita, custo e capital. Combinando eficientemente essas variáveis se atingirão os objetivos. Assim sendo, as ações gerenciais de um

* Engenheiro Agrônomo. MSc. Extensionista da EMATER. odilio@emater.pr.gov.br, www.odiliosepulcri.com.br

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Entende-se por Margem Bruta o valor obtido pela subtração dos custos variáveis da renda bruta. 2

O retorno do capital em % - é calculado dividindo o lucro líquido pelo patrimônio líquido (capital aplicado) do empreendimento, multiplicado por cem (100).

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empreendimento ou de um negócio, para maximizar o lucro e o retorno do capital, devem estar focadas na gerência desses três processos financeiros básicos: aumentar as receitas, reduzir os custos e utilizar menos capital.

TABELA 1 – ESTIMATIVA DO CUSTO DE PRODUÇÃO DE SOJA PLANTIO DIRETO

Produtividade 50 SC 60 kg/ha

Especificação R$/ha R$/60kg Participação (%) 1 - Operação de máquinas e implementos 260,27 5,21 12,00 2 - Despesas de manutenção de benfeitorias 20,20 0,40 0,93

3 - Mão-de-obra temporária 34,28 0,69 1,58 4 - Sementes/Manivas 238,00 4,76 10,98 5 - Fertilizantes 270,90 5,42 12,49 6 - Agrotóxicos 271,47 5,43 12,52 7 - Despesas gerais 22,74 0,45 1,05 8 - Transporte externo 68,50 1,37 3,16 9 - Assistência técnica 23,20 0,46 1,07 10 - PROAGRO/SEGURO 33,89 0,68 1,56 11 - Juros 60,26 1,21 2,78

TOTAL DOS CUSTOS VARIÁVEIS (A) 1.303,71 26,08 60,12

1 - Depreciação de máquinas e implementos 210,04 4,20 9,69 2 - Depreciação de benfeitorias e instalações 27,32 0,55 1,26 3 - Sistematização e correção do solo 56,55 1,13 2,61

4 - Cultura - - -

5 - Seguro do capital 16,10 0,32 0,74

6 - Mão-de-obra permanente 120,28 2,41 5,55

SUB-TOTAL (B) 430,29 8,61 19,84

7 - Remuneração do Capital próprio 147,96 2,96 6,82

8 - Remuneração da terra 286,54 5,73 13,21

SUB-TOTAL ( C ) 434,50 8,69 20,04

TOTAL DOS CUSTOS FIXOS (B+C) 864,79 17,30 39,88 CUSTO OPERACIONAL3 (A+B) 1.734,00 34,69 79,96

CUSTO TOTAL (A+B+C) 2.168,50 43,38 100,00

FONTE: SEAB/DERA. MAIO/2013.

Ao analisar os itens que compõem os custos variáveis da cultura da soja, no sistema plantio direto, como exemplo, verifica-se que cerca de 50,5 % dos custos são devidos ao uso de insumos, referente a fertilizantes, sementes,

3

Entende-se por custo operacional o custo de todos os recursos que exigem desembolso monetário por parte da atividade produtiva para sua recomposição, incluso a depreciação. Sua finalidade na análise é a opção de decisão em casos em que os retornos financeiros sejam inferiores ao de outras alternativas, representadas pelo custo de oportunidade (REIS, 2007).

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corretivos, herbicidas, fungicidas e inseticidas. Isso demonstra que uma boa estratégia de compras poderá reduzir significativamente o custo de produção.

Ao verificar mais atentamente, outro aspecto importante a destacar no custo dessa lavoura, como poderá ser observado na figura 1, é que cerca de 65% dos custos ocorrem no início do processo produtivo, ou seja, no manejo da área (corretivos e dessecantes) e na semeadura (sementes, tratamento das sementes, inoculante e fertilizantes), o que requer um caixa reforçado, com uma boa disponibilidade financeira, para fazer frente a esses dispêndios concentrados.

Todas as fases de implantação da cultura são importantes e deverão ser executadas com precisão. Entretanto, se o agricultor errar nessa fase, irá refletir diretamente na colheita, comprometendo todo o resultado final.

FIGURA 1 - Distribuição percentual da estimativa dos custos de produção, por etapa do processo produtivo da soja (RICHETTI, julho/2012).

Continuando a análise do custo de produção, é relevante observar as variáveis que influem na produtividade do produto. Tomando por base a equação do lucro, ou seja, Lucro = Quantidade Produzida x Preço – custos, a quantidade produzida por área reflete a produtividade. Na figura 3 são apresentados os fatores ou variáveis que poderão afetar a produtividade, com maior ou menor grau de intensidade.

Quanto ao lucro, o aumento de retorno econômico da cultura da soja ou de qualquer outro produto, poderá ser realizado de três formas: com o aumento da produção (maior quantidade comercializada), com o aumento da qualidade do produto (aumento do valor econômico) e melhor uso de recursos e insumos (melhoria no processo e melhor relação custo/benefício), ou ainda com a combinação entre os três elementos. Para que se possa apresentar o resultado esperado, deve-se identificar a variável a ser controlada e os fatores que nela interferem, analisar o processo determinando os parâmetros que conferem o resultado e, finalmente, atuar para que a variável de interesse esteja na faixa desejada, não se prendendo somente ao custo.

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FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DA SOJA

ATIVIDADES HUMANAS

ATIVIDADES NATURAIS

PLANEJAMENTO Fatores de produção MANEJO DA ÁREA Corretivos Dessecantes SEMEADURA TRATOS CULTURAIS Plantas daninhas Iseto-praga Doença COLHEITA TRANSPORTE SECAGEM ARMAZENAGEM BENEFICIAMENTO COMERCIALIZAÇÃO CRESCIMENTO VEGETATIVO FLORAÇÃO FRUTIFICAÇÃO Semente Inoculante Adubo

FIGURA 2 – Fluxograma do processo produtivo da soja.

Quanto à variabilidade do processo, Molin apresenta na figura 3 o grau de importância de cada fator para uma dada condição de (talhão, ambiente, cultura). No entanto, afirma que muitas das prováveis causas não permitem intervenções e sim exigem a convivência.

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FIGURA 3. Exemplo de um caso de fatores envolvidos na variabilidade espacial de uma lavoura com seus diferentes graus de probabilidade e de facilidade de correção e que devem ser definidos para cada caso (MOLIN, 2003).

1. COMO AUMENTAR A RECEITA?

Seguindo o raciocínio da equação do lucro tem-se que quantidade produzida x preço é igual a receita4. Portanto, para maximizar a receita, há necessidade de aumentar a quantidade produzida ou o preço, ou ambos.

Para cada unidade percentual de aumento de preço, impacta em 3 % no aumento do lucro, mantendo-se o custo e a quantidade produzida constantes.

1.1. COMO AUMENTAR A QUANTIDADE PRODUZIDA POR UNIDADE DE

ÁREA (PRODUTIVIDADE)?

A maior quantidade produzida, por unidade de área (produtividade), com o mesmo custo, irá reduzir o custo unitário do produto.

Uma maior quantidade produzida por unidade de área ou por fator poderá ser obtida com o aumento da produtividade através do uso de tecnologias comprovadas, de inovações ou de operações eficientes. Neste item busca-se maior eficácia operacional.

Na produção animal, a eficiência produtiva é basicamente fruto de boas práticas de produção em genética, nutrição, sanidade, manejo do rebanho e gerência.

Na produção vegetal, é obtida com melhoramento de cultivares, fertilidade do solo, fitossanidade, com o manejo e o monitoramento de pragas, doenças e plantas daninhas, monitoramento de perdas na colheita e gerência.

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Entre as alternativas para se obter maior quantidade produzida, estão:

o Utilizar processos produtivos mais eficientes em todas as fases da atividade;

o Fazer as operações nas épocas e prazos recomendados pela pesquisa; o Aplicar tecnologia com eficiência econômica comprovada e testada para as

condições edafoclimáticas locais;

o Melhorar a eficiência do trabalho, realizando operações corretas, na busca do “erro zero” e eliminando os desperdícios. Como exemplo, tem-se a quantidade e a distribuição correta de fertilizantes, o espaçamento e a densidade de sementes recomendadas por área, aplicação correta de agroquímicos, quando necessário;

o Utilizar pessoas capacitadas e habilitadas na gerência e na execução das operações, para evitar erro humano que comprometa o resultado;

o Maximizar a escala de produção;

o Utilizar máquinas e equipamentos de precisão;

1.2. ALTERNATIVAS PARA AUMENTAR O PREÇO DE VENDA DO PRODUTO Para se obter um maior valor de venda, passa-se obrigatoriamente pela observação e pesquisa de mercado para cada produto e suas tendências. O mercado é decisivo no sucesso de qualquer empreendimento.

O aumento do valor de venda induz a um posicionamento estratégico da empresa frente ao mercado e poderá ser conseguido pelo aumento do valor por unidade, pela flutuação do mercado, ou pela venda de um produto diferenciado, com maior valor agregado, em substituição às commodities. Esta agregação de valor também poderá ser feita pela utilização de marca do produto. Em muitos casos, a marca poderá ser mais importante que o produto em si.

Um maior valor de venda poderá ser obtido com uma gestão eficiente, focada nas exigências dos compradores/consumidores, através de:

o Melhorar a qualidade do produto, produzindo-o dentro das especificações exigidas pelo mercado;

o Extrair mais valor dos produtos atuais;

o Agregar valor ao produto pela integração entre diferentes atividades (transformar milho em carne), verticalização da produção (transformação e agroindustrialização da produção), diferenciação dos produtos, adicionando atributos aos mesmos que os diferenciem das commodities;

o Produzir produtos diferenciados, tais como orgânicos, produtos naturais, ecológicos, produtos com inovação tecnológica sem similar no mercado, artesanato, produtos certificados ou de origem, etc.;

o Deslocar o portifólio atual para mercadorias e serviços de maior valor agregado;

o Criar marca para os produtos e divulgar;

o Produzir produtos de maior densidade de renda por área tais como frutas, verduras, plantas medicinais, leite e outros.

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o Aumentar o poder de negociação dos agricultores, utilizando-se do efeito escala, vendendo em maior volume, reduzindo preços, custos operacionais, administrativos e de logística, organizando-se redes de comercialização através de condomínios, associações, cooperativas, grupos comerciais e similares;

o Criar produtos e serviços novos;

o Vender parte da produção no mercado futuro para aproveitar os preços de mercado e financiar a produção;

o Comercializar via Internet para reduzir os custos operacionais, administrativos e de logística;

o Organizar o setor de marketing na empresa.

2. COMO OBTER UM MENOR CUSTO DE PRODUÇÃO MANTENDO A PRODUTIVIDADE DOS FATORES?

É possível reduzir os custos de produção mantendo as receitas constantes, ou aumentando-as sem afetar a produtividade dos fatores?

O controle do custo de produção, num primeiro momento, para efeito de planejamento, deverá estar voltado para o futuro com a elaboração do custo meta5 e posterior monitoramento no presente, em tempo real, durante a implantação da lavoura, para controlar os custos e alimentar o processo de tomada de decisão.

Um menor custo unitário de produção poderá ser obtido com um menor preço de compra dos insumos, pela redução do consumo desses com aumento da eficiência, não afetando a produtividade e cortando-se os custos ruins, pela redução ou melhor utilização do capital de giro e do capital imobilizado (ativo fixo).

Para racionalizar os custos não se deve fazer um corte linear em todos os itens do mesmo e, sim, proceder a uma análise vertical de cada um e identificar aqueles que agregam valor ao produto, que são os custos bons e os que não agregam, denominados de custos ruins, para, então, realizar os cortes sobre os últimos. Portanto esta análise deve ser sobre o impacto do valor agregado e a produtividade e não sobre o custo em si.

Para cada unidade percentual de redução do custo impacta em 2 % no aumento do lucro, mantendo-se o preço e a quantidade produzida constantes. 2.1. COMO OBTER UM MENOR VALOR DE COMPRA DOS INSUMOS?

Comprar mais com menos ou obter um menor valor de compra dos insumos, serviços e materiais, mantendo a qualidade, necessita de uma forte negociação com os fornecedores, pois é a maneira menos dolorida de se cortar custos.

5 Custo meta: usa-se o preço de mercado como foco para verificar o custo que esse mercado irá admitir. O preço de mercado conduz aos custos, determinando o limite de custo suportado pelo negócio, ao contrário do conceito anterior onde os custos levavam ao preço.

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Para se comprar mais barato e com qualidade poderão ser usadas as estratégias a seguir:

o Pesquisar preços junto aos fornecedores e procurar aumentar o poder de negociação dos agricultores na compra dos insumos, utilizando-se do efeito escala, via organização, adquirindo em maior volume, reduzindo preços, custos operacionais, administrativos e de logística, associando-se ou em parceria com cooperativas, condomínios, grupos comerciais e outras associações;

o Comprar via Internet para reduzir a intermediação e os custos operacionais, administrativos e de logística;

o Reduzir os estoques no mínimo possível, até o limite de não faltar para as operações semanais e imediatas;

o Melhorar o processo de negociação de compras de insumos e serviços com acompanhamento de preços, orçamentos prévios e abertura de concorrência;

o Utilizar insumos substitutivos e práticas alternativas de comprovada eficiência, quando for o caso, tais como o controle biológico de pragas, manejo de ervas daninhas, manejo de pragas e doenças, monitoramento de perdas;

o Negociar com os fornecedores a compra de insumos na entressafra ou nos meses mais favoráveis do ano, em relação aos preços;

2.2. COMO OBTER UM MENOR CUSTO UNITÁRIO PELA EFICIÊNCIA OPERACIONAL?

Além das medidas citadas no item anterior, para se obter um menor custo unitário na operação, é necessário:

o Monitorar processos críticos de maior custo e de maior influência na produtividade como a cobertura e permeabilidade do solo, fertilização, plantio correto, manejo de pragas, doenças e plantas daninhas;

o Substituir o trabalho por capital, a exemplo da colheita mecanizada e outras.

o Incrementar os custos bons que agregam produtividade ao produto, tais como genética, fertilizantes, e cortar os custos ruins;

o Melhorar a eficiência dos processos produtivos como quantidades, densidade de plantas, plantio em épocas recomendadas;

o Eliminar os custos com ociosidade, ineficiência, perdas, devoluções, pedidos não atendidos e outros;

o Reduzir os custos administrativos ao mínimo indispensável, como propriedades localizadas distante entre si, deslocamentos excessivos à sede do município e custos administrativos não essenciais à produção; o Diminuir os custos de logística ao essencial, a exemplo de estoque,

transporte, armazenagem;

o Substituir máquinas e equipamentos de baixa eficiência; o Melhorar o uso e a eficiência dos ativos.

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2.3. COMO DIMINUIR O CAPITAL DE GIRO?

A redução do capital de giro6 e de sua remuneração, de uma forma geral, sem diminuir a produtividade, diminui o custo de produção.

O segredo do capital de giro está na redução de seu valor e no seu tempo de uso. Na agricultura, isso poderá ser feito de várias formas, entre elas, reduzindo-se o ciclo das atividades para que o dinheiro saia e retorne mais rapidamente no caixa da propriedade. Poderá ser obtido com a utilização de variedades e animais precoces, reduzindo o tempo de armazenagem, vendendo mais rapidamente, diminuindo os estoques de insumos, materiais e produtos, para que se consiga girar mais rápido e funcionar sem a interrupção de suas atividades.

Os insumos e materiais, em função de seus altos custos financeiros, devem estar estocados nos fornecedores ou na cooperativa, devendo ser adquiridos pelo produtor no momento adequado de sua utilização ou, oportunamente, conforme o comportamento dos preços de mercado, para que não se tenha efeito negativo nos custos.

A armazenagem da produção, sempre que possível, deverá ser nas cooperativas, para evitar que o produtor não tenha alto capital imobilizado em estrutura, principalmente de armazéns, o que poderá acarretar maiores custos e a redução do retorno de seu capital.

A saúde financeira do empreendimento compreende a sua capacidade de honrar os compromissos assumidos e obter lucro. Em geral, são seis as causas de uma má gestão financeira:

o Vendas menores que não cobrem os custos e despesas;

o Prazos de contas a pagar menores do que os de contas a receber; o Estoques excessivos;

o Gastos extras operacionais, tais como investimentos maiores do que o lucro possa financiar, retiradas e distribuição de lucros;

o Passivos (dívidas) insustentáveis adquiridos ao longo do tempo; o A combinação de todos os itens anteriores.

2.4. COMO DIMINUIR O ATIVO FIXO (CAPITAL IMOBILIZADO)?

O ativo fixo compreende o dinheiro imobilizado na estrutura produtiva: terras, armazéns, máquinas, equipamentos, instalações e outros. O importante para o empresário é manter imobilizado somente o capital essencial para atender a emergência do processo produtivo. Deixar, também, na mão de terceiros tudo o que poderá ser alugado, arrendado e terceirizado, dessa forma transformando o custo fixo em variável. Aplicar recursos em setores que gerem valores mais altos, como no incremento do volume de produção, reduzindo o ativo fixo do negócio e com isso aumentando o lucro e o retorno do capital.

6Capital de giro - compreende o dinheiro aplicado em recursos próprios ou de terceiros (financiado), utilizados pela empresa para financiar o giro dos negócios (produção, vendas, estoque, etc.).

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A Empresa Argentina “Los Grobo Agropecuária” que cultiva 745 mil hectares de grãos na Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, com 900 funcionários e uma receita 560 milhões de dólares em 2008, produz tudo em área arrendada (REVISTA EXAME: edição 492).

3. RETORNO DO CAPITAL

O aumento do retorno do capital aplicado é obtido com a otimização de todas as operações citadas nos itens anteriores (itens 1 a 2).

O retorno é medido pela relação entre o lucro e o investimento, conforme mostra a equação (Retorno do capital = lucro dividido pelo capital aplicado). O maior retorno do capital resume o objetivo final de tudo o que se tratou no presente trabalho, pois mede a produtividade global dos fatores de produção, não só o impacto do custo de produção no lucro. O retorno é crescente à medida que se reduz o capital, chegando a 25% de aumento com a diminuição do capital em 20% e a 100 % com a redução do capital em 50 %, mantendo-se as demais variáveis da equação da renda constantes.

O resultado obtido poderá ser comparado com o custo oportunidade7 do capital, com os retornos médios anuais de outros tipos de investimento, como a caderneta de poupança, bolsa de mercadorias e outras aplicações financeiras de interesse do agricultor e, com isso, tirar suas próprias conclusões.

O agricultor deverá estar atento para evitar essas causas de má gestão e tendo como conseqüência o aumento dos custos e a redução do lucro e do retorno de capital.

4. EXECUÇÃO E RESULTADOS

Até aqui se discutiu o planejamento da lavoura e o auxílio à tomada de decisão. Como será a execução e a aferição final dos resultados?

Se as condições climáticas forem favoráveis à germinação, crescimento vegetativo, floração e frutificação, o agricultor poderá tomar medidas gerenciais de controle que lhe garantam que esse ciclo se complete com sucesso (Figura 4), elegendo etapas críticas dentro do processo produtivo e monitorá-las.

O controle é efetuado através de indicadores de processo e indicadores de resultado. Os indicadores de processo são utilizados para mensurações durante o desenvolvimento ou execução da atividade e, uma vez identificado o desvio e corrigido, modifica a saída do processo, ou seja, o resultado. Nesse item, os principais são a adubação, semeadura, calagem, controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

7 Custo oportunidade: refere-se ao custo alternativo do capital, ou seja, a remuneração que o capital empregado na produção poderia ter se aplicado em outra atividade.

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FIGURA 4 – Ciclo de planejamento da empresa rural

O indicador de resultado mede a saída do processo, a exemplo da colheita, que embora identificado e medido, não poderá mais alterar o resultado, somente na safra seguinte. Também estão incluídos nesse item os resultados físicos de produção e produtividade e os econômicos financeiros como a margem bruta, renda bruta, lucro, e retorno do capital.

Na sequencia se faz a avaliação da safra e programa-se a próxima, agregando o aprendizado do ano anterior.

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REFERÊNCIAS.

DERAL/SEAB. Estimativa de custo de produção de soja, plantio direto. Disponível

em: http://www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/deral/newcp.xls, acesso em

20/06/2012.

HOFFMANN, Rodolfo; ENGLER, Joaquim de Camargo; SERRANO, Ondalva; THAMER, Antonio C. de Menezes; NEVES, Evaristo Marzabal. Administração de Empresa Agrícola. São Paulo: Pioneira, 1984.

KATO, J. M. Curso de Finanças empresariais – Fundamentos de gestão

financeira em empresas. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda. 2012.

308p.

MOLIN, J. P. Agricultura de precisão: situação atual e perspectiva. ESALQ/USP. Disponível em:

http://br.monografias.com/trabalhos901/agricultura-precisao-situacao/agricultura-precisao-situacao.pdf, acesso em 24/06/2013.

MOLIN, J.P. Desafios da Agricultura Brasileira a Partir da Agricultura de

Precisão. ESALQ/USP. Piracicaba, SP. 9 p. Disponível em

www.ipni.net/ppiweb/pbrazil.nsf/.../Anais%20Jose%20Paulo%20Molin.doc, acesso

em 24/06/2013.

RICHETTI, A. Comunicado Técnico 177. Viabilidade econômica da cultura da

soja, na safra 2012/2013, em Mato Grosso do Sul. Disponível em

http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/929100/1/COT20121771.pdf,

acesso em 28/06/2013.

SEPULCRI, O. A maximização do lucro e o retorno do capital. Disponível em:

www.odiliosepulcri.com.br, acesso em 03/07/2013.

SEPULCRI, O. O que plantar na próxima safra. Anais do III Seminário ABAR-Sul. Curitiba, 2006. Disponível em: www.odiliosepulcri.com.br, acesso em 03/07/2013.

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