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FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ODONTOLOGIA NATHALIA LUERSEN MACIEL MANISFESTAÇÕES ORAIS EM PACIENTES PORTADORES DE TRANSTORNOS ALIMENTARES

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(1)

FACULDADE MERIDIONAL – IMED

ESCOLA DE ODONTOLOGIA

NATHALIA LUERSEN MACIEL

MANISFESTAÇÕES ORAIS EM PACIENTES

PORTADORES DE TRANSTORNOS ALIMENTARES

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PASSO FUNDO

2015

(2)

NATHALIA LUERSEN MACIEL

MANIFESTAÇÕES ORAIS EM PACIENTES PORTADORES DE

TRANSTORNOS ALIMENTARES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado pela acadêmica de Odontologia Nathalia Luersen Maciel da Faculdade Meridional - IMED, indispensável para a obtenção de grau em Odontologia.

PASSO FUNDO

2015

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NATHALIA LUERSEN MACIEL

MANIFESTAÇÕES ORAIS EM PACIENTES PORTADORES DE

TRANSTORNOS ALIMENTARES

Professora orientadora:

Prof. (a) Me. Larissa Cunha Cé

PASSO FUNDO

2015

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DEDICATÓRIA

À minha família, especialmente ao meu pai Antônio e à minha mãe Liler, que sempre me apoiaram não somente nestes 4 anos de curso, mas também durante minha vida

toda e ao meu irmão, que esteve sempre ao meu lado me dando abraços maravilhosos.

Dedico-lhes este trabalho. Eu amo vocês!

(5)

AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente à Deus, por iluminar-me, dar-me força e coragem para seguir em frente.

Agradeço à minha orientadora Larissa, por me ajudar a realizar este trabalho, por nossos encontros produtivos e por me aguentar enviando várias mensagens apavorada. E você ultimamente, me acalmando, dizendo que tudo daria certo.

Obrigada!

Agradeço aos meus pais por me orientarem, me apoiarem, me dando sempre carinho e amor. Sempre compreendendo minhas angústias e meus choros. Me

acolhendo nos seus braços, me confortando e me dando coragem. Nunca me deixaram desistir do sonho. Senão fosse vocês eu não chegaria até aqui e somente

vocês me entenderam nos momentos mais difíceis.

Agradeço à ti, meu irmão, por aguentar muitas vezes meus momentos de estresse, não levando a sério palavras ditas sem carinho. Agradeço mais uma vez pelos

abraços calorosos e maravilhosos.

Ao meu namorado Olavo, por também suportar meus momentos difíceis, pelo colo e pelo imenso amor de sempre. Por passar, várias vezes, o dia me ajudando com este trabalho. Me levantando toda vez que eu caía, me dando força, e muita força para não desanimar nunca. Me dizendo palavras lindas para me confortar, pois final

de faculdade é complicado.

Agradeço a minha amiga-irmã, Cerenella, por estar sempre ao meu lado durantes estes 4 anos, convivendo juntas, sendo dupla, aprendendo, passando horas estudando, trocando conhecimentos. E posso lhe dizer uma coisa, vencemos! Estamos terminando mais um ciclo das nossas vidas juntas, e peço à Deus que nos

ilumine no próximo que virá. Te desejo todo o sucesso do mundo!

À toda minha família, tios e tias, dindos e dindos, minha avó, que acompanharam de perto todo o meu esforço.

Eu realmente só tenho a agradecer a todos vocês! São tudo para mim! Eu amo vocês!

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A maior recompensa para o trabalho do homem não é o que ele ganha

com isso, mas o que ele se torna com isso. “

(John Ruskin)

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RESUMO

Os transtornos alimentares podem repercutir alterações nos dentes e nos tecidos bucais. O tratamento destes transtornos demanda de uma abordagem interdisciplinar e o cirurgião-dentista representa um importante papel na equipe multiprofissional. O objetivo deste estudo foi verificar e analisar o conhecimento dos cirurgiões-dentistas a respeito da Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa, apresentando quais são as manifestações orais causadas por estas desordens, auxiliando para um possível diagnóstico e tratamento, junto com uma equipe multidisciplinar. A pesquisa, de natureza quantitativa transversal, foi realizada através da aplicação de questionários a 100 cirurgiões-dentistas do Centro de Estudos Odontológicos CEOM, da Escola de Odontologia IMED e da Iodontus Odontologia. Como resultados, 81% dos profissionais entrevistados realizam atividades educativo-preventivas, 94% relataram que possuiam pouco conhecimento a respeito da Anorexia Nervosa e da Bulimia Nervosa, 95% acreditam na importância do diagnóstico de transtornos alimentares e 57% já teve contato “algumas vezes” com pacientes portadores de transtornos alimentares. Afirma-se, segundo os cirurgiões-dentistas, que a erosão dentária e a sensibilidade dentinária são as possíveis alterações mais encontradas em tecidos moles em pacientes anoréxicos e bulímicos. Conclui-se, dessa forma, que muitas vezes como primeiros profissionais da saúde a diagnosticar estes distúrbios, os cirurgiões-dentistas ainda necessitam obter um maior conhecimento em relação aos transtornos alimentares e suas manifestações orais, a fim de estarem aptos a realizar um correto diagnóstico e ter sucesso no tratamento odontológico dos pacientes portadores de transtornos alimentares.

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ABSTRACT

Eating disorders can reflect changes in the teeth and oral tissues. Treatment of these disorders demand an interdisciplinary approach and the dentist plays an important role in the multidisciplinary team. The objective of this study was to investigate and analyze the knowledge of dentists about Anorexia Nervosa and Bulimia Nervosa, presenting what are the oral manifestations caused by these disorders, assisting a possible diagnosis and treatment, along with a multidisciplinary team. The research, cross-quantitative, was performed by the use of questionnaires to 100 dentists from the Dental Studies Center CEOM, the School of Dentistry IMED and Iodontus Dentistry. As a result, 81% of respondents professionals perform educational and preventive activities, 94% reported that they possessed little knowledge about Anorexia Nervosa and Bulimia Nervosa, 95% believe in the importance of the diagnosis of eating disorders and 57% had contact "sometimes "with patients with eating disorders. It is stated, according to dentists, the dental erosion and dentin sensitivity are possible changes most commonly found in soft tissue in anorexic and bulimic patients. We conclude, therefore, often as the first health professionals to diagnose these disorders, dentists still need to obtain a greater knowledge regarding eating disorders and their oral manifestations, in order to be able to make a correct diagnosis and succeed in the dental treatment of patients with eating disorders.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Erosão... Figura 2. Ilha de amálgama... Figura 3. Características clínicas... Figura 4. Destruição atingindo mais de um terço da dentina... Figura 5. Alterações bucais... Figura 6. Idade dos profissionais participantes... Figura 7. Prevalência de gênero ... Figura 8. Atividades educativo-preventivo no consultório odontológico... Figura 9. Conhecimento a respeito da Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa... Figura 10. Diagnóstico de pacientes com transtornos alimentares... Figura 11. Importância do diagnóstico de transtornos alimentares... Figura 12. Contato com pacientes com transtornos alimentares... Figura 13. Conhecimento dos profissionais sobre as alterações orais em tecidos duros... Figura 14. Conhecimento dos profissionais sobre as alterações orais em tecidos moles... 35 36 36 37 38 42 43 43 44 45 45 46 47 48

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LISTA DE SIGLAS

AN – Anorexia Nervosa BN – Bulimia Nercosa

TA – Transtornos Alimentares ED – Eating Disorders

PRISMA - Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses SSPS - Statistical Package for the Social Sciences

DSM IV-R - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4º Ed OMS – Organização Mundial da Saúde

CPOD - Dentes Cariados, Perdidos e Obturados OHCP - Oral Health Care Professional

EDNOS – Eating Disorders Not Otherwise Specified IC - Intervalo De Confiança

TE - Tooth Erosion

IMED - Faculdade Meridional

CEOM – Centro de Estudos Odontológicos Meridional

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APRESENTAÇÃO

Acadêmico (a) Nathalia Luersen Maciel

Nome: Nathalia Luersen Maciel

E-mail: luersen_nathalia@hotmail.com Telefones: Residencial:

Celular: (54) 9617-4434

Área de Concentração: Clínica Odontológica

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 12 2 2.1 2.1.1 2.1.2 2.2 2.3 REVISÃO DE LITERATURA... TRANSTORNOS ALIMENTARES... ANOREXIA NERVOSA... BULIMIA NERVOSA... ESTUDOS CIENTÍFICOS... MANIFESTAÇÕES ORAIS... 14 14 16 17 19 33 3 OBJETIVOS... 39 3.1 OBJETIVOS GERAIS... 39 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 39 4 METODOLOGIA... 40

4.1 DELINEAMENTO E AMOSTRA DO ESTUDO... 40

4.2 COLETA DE DADOS... 40

4.2.1 Critérios de inclusão... 40

4.2.2 Critérios de exclusão... 40

4.3 ANÁLISE DOS DADOS... 41

4.4 QUESTOES ÉTICAS... 41 5 RESULTADOS... 42 6 DISCUSSÃO... 49 7 CONCLUSÃO... 52 REFERÊNCIAS... APÊNDICES/ANEXOS... 53 56

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1 INTRODUÇÃO

O ideal de beleza criado e enfatizado pela mídia tem criado uma obsessão por corpos magros e uma extrema preocupação com o controle de peso e consequente imagem corporal (IZIDIO; SOLIS, 2006). A sociedade contemporânea, em virtude da globalização, apresenta um número elevado e crescente de casos de transtornos alimentares como Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa, caracterizados por métodos drásticos de reduzir o peso corporal que comprometem seriamente a saúde dos sujeitos sintomáticos (BARBOZA et al., 2011). Os pacientes portadores destes distúrbios podem apresentar uma complexa desordem psiquiátrica com distintas etiologias e diferentes características no que tange à problemas médicos, dentais e formas de tratamento (NAVARRO et al., 2011).

A juventude é um período propenso ao desenvolvimento da insatisfação com o próprio corpo. Diante de muitas mudanças físicas, da pressão psicológica exercida pelo grupo e da sedução dos meios de comunicação, o jovem encontra-se numa busca pelo padrão ideal de beleza, exigindo uma readaptação à imagem corporal. Desta forma, este é o segmento da população com maior vulnerabilidade a apresentar algum tipo de transtorno alimentar, em decorrência do momento vivido de construção da identidade, e de não possuir critérios e valores próprios que lhes permitam escapar das pressões dos modelos estéticos vigentes (LIMA; COUTINHO; HOLANDA, 2012).

A idade média de ocorrência desses transtornos é entre 17 e 25 anos, em pacientes jovens, do sexo feminino, em uma proporção 10:1 quando comparada ao sexo oposto. A incidência de desordens de alimentação, exceto a obesidade, aumenta com a melhoria da condição socioeconômica (ANTUNES; AMARAL; BALBINOT, 2007).

A Anorexia Nervosa (AN) é um Transtorno Alimentar caracterizado pela recusa em manter o peso em valores normais para idade e altura, acompanhado de intenso medo de ganhar peso e distorção da imagem corporal. Já a Bulimia Nervosa (BN) é uma síndrome caracterizada por episódios recorrentes de grande consumo de alimento, num curto período de tempo, seguida de uma

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sensação de descontrole e sentimento de culpa. Nesta síndrome também há distorção da imagem corporal. A autoindução de vômito pode levar a algumas manifestações orais, tais como: erosão dentária, xerostomia, hipertrofia da glândula salivar, dentre outras (IZIDIO; SOLIS, 2006).

A bulimia nervosa possui dois subtipos: o purgativo, em que, durante o episódio bulímico, o indivíduo envolve-se regularmente na indução de vômitos ou no uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas, e o não purgativo, caracterizado pelo uso de jejuns ou exercícios excessivos. A anorexia nervosa apresenta dois subtipos: restritivo e purgativo. O primeiro caracteriza-se pela restrição dietética, enquanto no último existe um comportamento de comer compulsivamente, seguido de medidas compensatórias como indução ao vômito, uso de laxantes, diuréticos ou enemas (AMORAS et al., 2010).

Considerando que os transtornos alimentares podem repercutir nos dentes e nos tecidos bucais, através de lesões de erosão, de cárie, hipersensibilidade, hipossalivação e aumento das glândulas parótidas, o conhecimento sobre esses quadros tem despertado especial interesse da comunidade odontológica. Sendo assim, dentro de um contexto de promoção de que o tratamento destes transtornos busca uma abordagem interdisciplinar, o cirurgião-dentista representa um importante papel na equipe multiprofissional (AMORAS et al., 2010).

Dessa forma, o presente estudo visa avaliar o conhecimento dos cirurgiões-dentistas sobre os transtornos alimentares e suas manifestações orais e familiarizar-los com os transtornos, apresentando quais são as manifestações orais causadas por estas desordens, auxiliando para um possível diagnóstico e tratamento, junto com uma equipe multidisciplinar.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Transtornos Alimentares

O comportamento alimentar é definido como “respostas comportamentais ou sequenciais associadas ao ato de alimentar-se, maneira ou modos de se alimentar, padrões rítmicos da alimentação”. Esse tipo de comportamento é influenciado por condições sociais, demográficas e culturais, pela percepção individual e dos alimentos, por experiências prévias e pelo estado nutricional (GONÇALVES et al., 2013).

Quando o começo do TA (transtorno alimentare) ocorre durante a adolescência, tais transtornos prejudicam as relações sociais e familiares, e a idealização suicida torna-se mais comum. O início da atividade sexual antes dos 16 anos também é mais frequente em adolescentes com TA. Além disso, jovens do sexo feminino com histórico de TA apresentam mais chances de aborto ou gravidez. (GONÇALVES et al., 2013).

O exame de um paciente com TA baseia-se na avaliação do estado nutricional e das complicações decorrentes principalmente das práticas purgativas. O exame inclui uma investigação detalhada das alterações relacionadas com a redução do peso corporal, do padrão alimentar atual, da frequência e da gravidade dos métodos de purgação (se presentes) e da intensidade da prática de atividade física (AMARAL et al., 2011).

As manifestações orais podem aparecer de acordo com a frequência e a intensidade dos hábitos de cada transtorno, que são: autoindução de vômito, dieta hipercalórica, falta de higienização após compulsão alimentar, ansiedade, depressão e período de tempo em que o indivíduo apresenta os transtornos que levam a vários graus de problemas na saúde bucal (AMARAL et al., 2011).

Na descrição de transtornos alimentares do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, dois diagnósticos específicos são apresentados: I) Anorexia nervosa e II) Bulimia nervosa (AMORAS et al., 2010).

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2.1.1 Anorexia Nervosa

Atualmente, a AN é uma síndrome estabelecida no campo psiquiátrico entre os transtornos alimentares (TA) e representa um grande desafio para os profissionais de saúde. Os quadros atuais de AN apresentam algumas características que merecem ser destacadas. A primeira delas é que 90% dos casos ocorrem no sexo feminino, diferentemente da maioria dos quadros psiquiátricos que, em geral, não apresentam uma distribuição tão desigual entre os gêneros. Além disso, como já foi dito, a clínica evidencia que a distorção da imagem é o fenômeno central. Por último, o desencadeamento do quadro normalmente ocorre na puberdade, ou seja, em um momento da vida em que o corpo sofre importantes transformações direcionadas ao encontro sexual (VAL et al., 2014).

A distorção da auto-imagem aliada ao sentimento de negação do próprio estado patológico pode levar a um estado avançado de desnutrição responsável por um índice de 20% de mortalidade. Estudos relatam uma média de idade de maior prevalência entre 17,1 e 20,8 anos (BARBOZA et al., 2011; NAVARRO et al., 2011).

Na cavidade oral, as manifestações mais comuns são aumento de cárie, gengivites, halitose, xerostomia, bruxismo, hipersensibilidade dentinária e queilites. Em decorrência da restrição alimentar e da deficiente absorção de nutrientes no pacientes, a oferta de determinadas vitaminas podem tornar-se prejudicadas. Devido a isso, a manifestação encontrada na cavidade bucal é a presença de lesões eritematosas no palato, inflamação na língua com eritema e atrofia (AMARAL et al., 2011).

As lesões odontológicas devem ser tratatadas quando diagnosticadas. Se não forem tratadas continuarão provocando prejuízos à saúde bucal, muitas vezes irreversíveis, como o escurecimento dos dentes pela abrasão dentinária. O bruximo leva ao desgaste dental, contribuindo para a progressão do dano, podendo levar a uma redução excessiva da altura da coroa clínica, o que muitas vezes requer uma intervenção reparadora. A terapia para pacientes com distúrbio aliementar e bruxismo deve incluir métodos preventivos e não invasivos (AMARAL et al., 2011).

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2.1.2 Bulimia Nervosa

Etimologicamente, o termo “bulimia” deriva do grego “bous” (boi) e “limos” (fome), ou seja, “apetite para comer um boi”. Pacientes com Bulimia Nervosa, entretanto, não visam apenas a saciar uma fome demasiada, mas a suprir suas necessidades emocionais. O bulímico é capaz de comer quantidades absurdas, rapidamente e de forma indiscriminada, misturando doces, salgados, congelados, refrigerantes e o que encontrar pela frente, até não poder mais (AMARAL et al., 2011). É caracterizada pela ingestão alcoólica e de grandes quantidades de comida, e então eliminam estes alimentos geralmente induzindo ao vômito (NAVARRO et al., 2011). Muitos bulímicos apresentam ansiedade, dependência química e alterações de personalidade. Os episódios bulímicos provocam fortes sentimentos de vergonha, tristeza e condenação (POPOFF et al., 2010).

A Bulimia Nervosa (BN) é mais difícil de ser reconhecida, pois os indivíduos não apresentam sinais da doença e a maioria está em seu peso normal. Esta característica é a chave para o diagnóstico diferencial em relação à anorexia nervosa. A bulimia nervosa é mais comum, ocorre de 1,0% a 3,0% da população, sendo frequentes em mulheres adolescentes e adultos jovens. Cerca de 33,0% abusam de álcool e estimulantes e mais de 50,0% apresentam desordens de personalidade. Aproximadamente 40,0% a 50,0% dos pacientes com anorexia nervosa também apresentam bulimia (NAVARRO et al., 2011).

Os sinais mais comuns na cavidade bucal de um paciente com bulimia nervosa são: perimólise, cáries, doença periodontal, edema de glândulas salivares, dermatite perioral, xerostomia, queilites, glossite, úlceras na mucosa oral, fratura dos ângulos incisais, perda de dimensão vertical, bruxismo, apertamento dentário, hipersensibilidade dentinária, erosão severa do esmalte, dentes gastos e translúcidos (alterações na cor, formato e tamanho), ilhas de amálgama, halitose, lábios vermelhos, ressecados e rachados, exposição pulpar, infecções periodontais e endodônticas (AMARAL et al., 2011).

Por sua relação direta com a cavidade bucal, o cirurgião-dentista pode ser o primeiro profissional de saúde a suspeitar da BN, devidos às alterações que envolvem o complexo bucomaxilofacial. Dentre os inúmeros danos causados, destacam-se neste estudo as alterações dos tecidos duros (ex.: erosão dental,

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aumento nos índices de cárie, fratura dental, etc.) e moles (ex.: mucosite, gengivite, sialoadenite, úlceras, queilite, etc.) (MEDEIROS JUNIOR et al., 2012).

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2.2 Estudos científicos

Um estudo teve como objetivo determinar o conhecimento entre os dentistas e técnicos de saúde bucal sobre as manifestações orais e físicas de transtornos alimentares. Foi realizado um estudo transversal randomizado, os dados foram coletados através de um questionário enviado para os participantes. Foi concedida a aprovação deste estudo, pelo Institutional Review Board do principal investigador. Os procedimentos foram seguidos de acordo com os padrões éticos do Comitê de Ética e os Institutos Nacionais de Saúde, em conformidade com a Declaração de Helinski de 1975, tal como revista em 1983. A participação foi de 1.000 cirurgiões-dentistas selecionados aleatoriamente a partir da American Dental Association e 1.000 técnicos de saúde bucal selecionados aleatoriamente a partir de Membros da Associação Americana dos Higienistas Dentais. De 1.726 cirurgiões-dentistas elegíveis selecionados para participar do estudo, 576 questionários foram devolvidos, resultando em uma taxa de resposta geral de 33,4%. A três partes do questionário incluiu: 1) A prática atual em matéria de prevenção secundária de transtornos alimentares; 2) crenças em saúde (gravidade percebida de anorexia nervosa, seriedade percebida da bulimia nervosa, o conhecimento das manifestações físicas da anorexia nervosa, o conhecimento das manifestações físicas da bulimia nervosa, e conhecimento das manifestações orais de transtornos alimentares); e 3) as variáveis demográficas (sexo, raça, idade, ocupação e anos de prática). Os dados foram analisados usando SPSS V.11. Os resultados adquiridos foram a análise com Qui-quadrado revelou uma diferença estatisticamente significativa (p = 0,001) entre os cirurgiões-dentistas e técnicos de saúde bucal com um maior número de técnicos de saúde bucal que identificaram corretamente manifestações orais de transtornos alimentares. Embora a maioria dos cirurgiões-dentistas e técnicos de saúde bucal foram categorizados com baixa pontuação no que diz respeito aos sinais físicos de um (87,4%/78,9% respectivamente) e sinais físicos de BN (99,5%/94,3%, respectivamente), a análise do qui-quadrado revelou diferenças estatisticamente significativas entre

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cirurgiões-dentistas e técnicos de saúde bucal, os cirurgiões-dentistas que identificaram mais corretamente sinais físicos de AN (p = 0,010) e BN (p = 0,002) (DEBATE et al., 2005).

DeBate et al. (2006), objetivaram avaliar as diferenças de sexo relativos aos comportamentos atuais e crenças entre os cirurgiões-dentistas no que diz respeito ao seguinte: identificação das manifestações orais de distúrbios alimentares, o fornecimento de tratamento oral para aqueles com manifestações orais, encaminhamento de pacientes e gestão de casos de pacientes com comportamentos indicativos de um distúrbio alimentar. Os métodos utilizados foram, determinar o tamanho da amostra com base na significância estatística, os recursos disponíveis (como o financiamento, tempo) e uma representação adequada da população. Como parte desse estudo maior, foi utilizado um desenho transversal do estudo e uma amostra aleatória de cirurgiões-dentistas gerais que eram membros da American Dental Association e da American Association of Women Dentists, bem como técnicos de saúde bucal que eram membros da American Dental Hygienists Association. Em 2003/2004, foram coletados dados através de um questionário auto-administrado enviado para os participantes. Os participantes potenciais para o estudo consistiu de 1.000 cirurgiões-dentistas gerais selecionados aleatoriamente a partir da American Dental Association através de uma lista de membros de 2003. Destes 1.000 cirurgiões-dentistas, 111 não eram elegíveis para participar devido a endereços incorretos ou porque atualmente não estavam praticando a profissão (como observado em seus questionários devolvidos ou explicaram em chamadas telefônicas), deixando um total de 889 cirurgiões-dentistas elegíveis. Dos 889 cirurgiões-dentistas qualificados que foram selecionados para participar do estudo, 207 questionários preenchidos retornaram, obtendo-se uma taxa de resposta de 23% (seis desses, os cirurgiões-dentistas não indicaram seu sexo, e foram eliminados do estudo). Por causa da sub-representação dos dentistas do sexo feminino na amostra, foi selecionada uma segunda amostra de 628 cirurgiões-dentistas do sexo feminino que eram membros da Association of Women Dentists. Dos 628 potenciais participantes, oito não eram elegíveis devido a um endereço incorreto ou porque não estavam praticando a profissão. Um total de 149 questionários utilizáveis foram devolvidos, obtendo-se uma taxa de resposta de 24,0%. A taxa de resposta global para ambas as amostras foi de

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23%. As taxas de resposta para ambas as bases de amostragem foram razoáveis para este tipo de pesquisa. Cada dentista selecionado recebeu uma carta explicando o estudo e um questionário, juntamente com um envelope selado e auto-endereçado. Para aumentar a taxa de resposta, foi enviado uma carta de acompanhamento e um outro questionário para os que não responderam, duas a três semanas após o envio do inquérito inicial. Para aqueles indivíduos que não responderam a primeira ou a segunda correspondência, foi enviado um cartão postal como um terceiro lembrete, três semanas após a primeira. Os autores tiveram como resultado um baixo nível de práticas relativas à prevenção secundária de transtornos alimentares. Eles encontraram diferenças entre os sexos no que diz respeito a fatores mediadores. Cirurgiões-dentistas do sexo feminino tiveram maior conhecimento das manifestações orais de transtornos alimentares (p = 0,001), maior conhecimento dos sinais físicos da anorexia nervosa (p <0,001), maior percepção da gravidade da anorexia nervosa (p = 0,007) e maior conhecimento de sinais físicos da bulimia nervosa (p<0,001). Esse estudo concluiu que, apesar dos cirurgiões-dentistas relatarem um baixo nível de envolvimento em práticas de prevenção secundária, mais clínicos do sexo feminino do que dentistas do sexo masculino relataram que avaliaram pacientes com manifestações orais de transtornos alimentares, e deram desde instruções higiene oral específicas para paciente e encaminharam pacientes com manifestações orais dos transtornos para os médicos e outros profissionais de saúde na área de transtornos alimentares. Para aumentar o número de profissionais que estão envolvidos em práticas de prevenção secundária em relação a distúrbios alimentares, são necessárias mais pesquisas para explorar as variáveis mediadoras de comportamentos na prática para cirurgiões-dentistas de ambos os sexos.

O objetivo de Linfante-Oliva et al. (2008) foi estudar as alterações orais em um grupo de mulheres com transtornos alimentares. Dezoito pacientes hospitalizados com transtornos alimentares na Unidade do Hospital de Albacete (Espanha) foram incluídos no estudo, sendo diagnosticados de acordo com os critérios do DSM IV-R da Associação Americana de Psiquiatria. O estudo teve início ao receber a aprovação do Comitê de Ética e foi realizado entre janeiro e março de 2004. Todos os exames foram feitos pelo mesmo profissional. Um exame oral e extra-oral foram realizados (mucosa, dental, periodontal e salivar).

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A presença de cárie foi registrada de acordo com os critérios Organização Mundial da Saúde (OMS); erosões foram classificadas de acordo com a extensão e localização: vestibular, lingual, oclusal/incisal. O Índice de CPOD foi registrado; a mucosa oral e os tecidos periodontais também foram examinados. Para determinar o estado de higiene oral, um índice de higiene Loe e Silness foi realizado. A avaliação da profundidade de sondagem periodontal foi realizada utilizando uma sonda periodontal convencional. A sondagem mais profunda de cada dente foi registrada. Os autores encontraram alterações no fluxo salivar e pH, bem como aumento da glândula salivar. Concluíram que, uma alteração significativa no tecido oral ocorre e isso tem um impacto negativo sobre a saúde bucal, levando à acumulação de irritantes locais e, portanto, o risco de doenças bucais.

O principal objetivo de uma revisão foi fornecer à cirurgiões-dentistas e psiquiatras informações sobre o tratamento dentário de pacientes com transtornos alimentares. Foi realizada uma ampla revisão da literatura foi com ênfase especial do tratamento das implicações bucais de anorexia nervosa e bulimia nervosa, compartilhando o tratamento em diferentes partes. Tiveram como resultado que, as manifestações orais dos transtornos alimentares refletem um desafio para o cirurgião-dentista. A erosão dentária, cáries, xerostomia, crescimento das glândulas parótidas, mucosaoral traumatizada, e outras manifestações orais podem apresentar-se em pacientes anoréxicos e bulímicos. Os autores concluíram que muitas vezes, o dentista é o primeiro profissional de saúde a observar os sintomas de um transtorno alimentar. O tratamento odontológico deve ser realizado simultaneamente com o tratamento médico. No entanto, não estão conscientes da importância essencial da participação do cirurgião-dentista no tratamento multidisciplinar e nenhum treinamento oferecido no que diz respeito às estratégias abrangidas no tratamento odontológico (ARANHA; EDUARDO; CORDÁS, 2008).

Um estudo teve como objetivo apresentar e caracterizar os principais transtornos alimentares e associar as manifestações bucais consequentes de tais distúrbios. Os materiais e métodos utilizados foram as referências bibliográficas encontradas através de pesquisas nas bases de dados Medline (de 1991 a 2008) e Lilacs (de 2002 a 2009).Adicionalmente, foram consultados três livros textos referentes ao assunto, o periódico “Medicina de Ribeirão Preto”,

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um artigo em formato eletrônico e a 4ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. Foi concluído que os transtornos alimentares podem provocar manifestações na cavidade bucal. Todavia, limitar o tratamento aos sinais e sintomas bucais não é suficiente para a cura do indivíduo. É importante o trabalho em equipe multidisciplinar, na qual o cirurgião-dentista pode colaborar para tornar o tratamento mais completo (AMORAS et al., 2010).

Transtornos alimentares são doenças sérias que frequentemente passam despercebidas por profissionais da área da saúde. Transtornos de comportamento podem progredir para uma síndrome de disfunção alimentar parcial ou total quando fatores de pré-disposição estão presentes. Infelizmente, a disfunção alimentar é considerada uma epidemia nos Estados Unidos, devido à pressão social de “ser magro”. Adolescentes e mulheres jovens são especialmente vulneráveis a essa pressão, e a maioria dos casos desse distúrbio alimentar são diagnosticados nestes grupos. As detecções e intervenções prematuras dos transtornos comportamentais podem prevenir ou reduzir condições sérias associadas aos Eds (transtornos alimentares), incluindo manifestações orais prematuras, como trauma de tecido mole e queilite angular, além de danos irreversíveis como erosão dental e cáries. Para facilitar a detecção precoce de EDs, ferramentas de triagem foram desenvolvidas para uso no cenário clínico. O objetivo deste artigo foi examinar o papel do profissional de saúde bucal (OHCP) na triagem de pacientes com distúrbios alimentares durante consultas preventivas de rotina. O método utilizado foi o Questionário Scoff, que consiste em um questionário de 5 perguntas com respostas do tipo “sim/não”, e leva aproximadamente 30 segundos para se completar. Ele pode ser respondido oralmente ou por escrito, e deve ser adicionado ao histórico médico do paciente. Um teste positivo é observado quando a resposta “sim” é dada a duas ou mais perguntas, indicando que o paciente pode ter algum ED, e mais perguntas e conversa sobre o comportamento alimentar podem indicar a recomendação de um profissional da saúde mental para teste e diagnóstico (ou seja, Entrevista Clínica Estruturada). O OHCP deve revisar o teste de triagem com o paciente em um local privado, usando uma abordagem que demonstre apoio e uma atitude isenta de julgamentos. Em caso de menores de idade, o melhor é ter a criança presente quando o OHCP informe o responsável sobre o resultado da

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triagem e a indicação. Concluiu-se que EDs em adolescentes são associados às mais altas taxas de morbidez e mortalidade de qualquer diagnóstico de saúde intelectual. A detecção prematura é crítica, pelo motivo da eficácia dos tratamentos, ser fraca e a taxa de recuperação de AN e BN é baixa. O OHCP é o primeiro profissional da área da saúde a encontrar pacientes com possíveis EDs e tem um papel integral na detecção. OHCPs podem manter uma triagem constante no ambiente clínico, em pacientes considerados de risco, no ambiente clínico. O questionário SCOFF é um meio efetivo e eficiente de identificação de pacientes que podem ter um ED. O histórico médico do paciente e as constatações do exame oral também podem revelar informações importantes. A constatação prematura e o uso de recursos de indicações podem reduzir os riscos da saúde bucal e aumentar a probabilidade de que o paciente se recupere a longo prazo (HAGUE, 2010).

Segundo Souza e Afonso (2011), o objetivo do trabalho foi realizar uma revisão da literatura sobre a erosão dental de origem intrínseca, levantando para o cirurgião-dentista a importância de se realizar um diagnóstico precoce, identificar os fatores etiológicos, classificar a lesão e os possíveis tratamentos para minimizar as sequelas do esmalte e dentina, aumentando as possibilidades de sucesso do tratamento e reduzindo as complicações relacionadas com as intervenções necessárias. Com as informações coletadas, concluíram que os ácidos de etiologia intrínseca são provenientes de distúrbios alimentares e refluxo gastroesofágico, o que corrobora com outros estudos realizados por demais autores. Vários autores concordam que a bulimia nervosa caracteriza-se por frequentes episódios de consumo compulsivo e excessivo de alimentos, seguidos por um ou mais métodos compensatórios inadequados para prevenir o ganho de peso como o vômito, uso abusivo de laxantes e jejuns prolongados. Entre as causas da erosão intrínseca está o refluxo gastroesofágico, cuja definição é o relaxamento involuntário do músculo do esfíncter esofágico superior, permitindo o movimento de refluxo ácido do estômago, através do esôfago até a cavidade oral. A questão da frequente procura pela vida saudável e corpo ideal, presente na sociedade contemporânea, tem sido apontada como um dos motivos para o aumento da incidência da erosão dentária. Pacientes que apresentam doenças como bulimia nervosa, anorexia nervosa, refluxo e outras que tem como característica frequente a regurgitação, devem adiar o tratamento

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que envolva procedimentos complexos antes que o fator causal seja eliminado ou estabilizado. É essencial resolver primeiro a condição médica antes de iniciar o tratamento dental definitivo, devolvendo ao dente sua estética e função, uma vez que o estabelecimento da saúde como um todo e da estabilidade mental e corporal antes do tratamento definitivo é um requisito do sucesso.De acordo com Machado et al., o cirurgião dentista é geralmente o primeiro profissional a diagnosticar doenças sistêmicas com manifestações clínicas orais. É importante para o clínico geral conhecer os sinais e sintomas dessas patologias e exercer deforma integrada com uma equipe multidisciplinar.

Outro estudo de Amaral et al. (2011) objetivou apresentar definições, etiologia, características gerais, manifestações bucais e as estratégias de tratamento para as implicações na saúde odontológica de pessoas portadoras dos seguintes transtornos alimentares: anorexia nervosa, bulimia nervosa, vigorexia, ortorexia, pica, ruminação, transtorno compulsivo alimentar periódico (TCAP) e alcoorexia. Na metodologia, foram empregadas fontes de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) (Bireme) – Lilacs, Medline, Ibecs e BBO; PubMed; SciELO; Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD); e a base Periódicos Capes. As estratégias de buscas utilizadas incluíram as seguintes expressões: “transtornos alimentares”, “manifestações bucais”, “anorexia nervosa”, “bulimia nervosa” e “pica”. Foram selecionadas 46 referências entre os anos de 1991 e 2011 como base para o desenvolvimento do presente trabalho. As principais manifestações orais associadas aos transtornos alimentares mencionadas nos artigos estudados foram: cáries, doença periodontal, halitose, xerostomia, queilites, fratura dental, bruxismo, apertamento dentário, hipersensibilidade dentinária, perimólise, ilhas de amálgama, úlceras e lesões eritematosas na mucosa bucal. O cirurgião-dentista deve agir com o intuito de preservar a saúde bucal e a estrutura dental, minimizando os danos que aparecem na cavidade bucal. Deve ser apto a diagnosticar as manifestações relacionadas às desordens alimentares e detectar as lesõesnos tecidos bucais em estágios iniciais. Esse profissional deve instituir estratégias preventivas contra o desenvolvimento de novas lesões bucais, controlar a progressão daquelas já presentes e auxiliar para o tratamento completo do indivíduo.

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Um trabalho realizou uma revisão da literatura à cerca das publicações sobre as manifestações bucomaxilofaciais secundárias à bulimia nervosa, demonstrando as alterações mais comuns e avisando o cirurgião-dentista para o diagnóstico precoce da doença. Foram utilizados um total de 54 artigos científicos que relacionaram a Odontologia com a bulimia nervosa, os quais foram encontrados através de uma busca virtual. Os critérios de inclusão para este trabalho abrangeram: artigos indexados nas bibliotecas virtuais e bases de dados do Medline, Lilacs, Scielo e Ibecs. Foram excluídos aqueles artigos que não consideraram nem citaram pelo menos uma manifestação maxilofacial secundária à bulimia nervosa, bem como os publicados em línguas diferentes do português, inglês ou espanhol. A partir desses critérios de inclusão eexclusão, 31 artigos que falavam especificamente acerca das manifestações bucomaxilofaciais secundárias à Bulimia Nervosa, foram selecionados. Então, foi realizada uma leitura crítica deles, a partir da qual o pesquisador compôs um questionário próprio, direcionado para a aquisição de informações contidas de interesse para o estudo. Concluiu-se que as manifestações bucomaxilofaciais secundárias à Bulimia Nervosa podem comprometer tanto os tecidos duros como os moles dessa região anatômica. As alterações mais prevalentes encontradas no estudo foram a erosão dentária e a mucosite. Assim, o reconhecimento por parte do cirurgião-dentista destas manifestações se esse profissional estiver atento, souber reconhecer e tratar adequadamente os pacientes, não esquecendo que na maioria das vezes uma abordagem multidisciplinar deverá ser instituída (MEDEIROS JUNIOR et al., 2012).

Um estudo teve como objetivo investigar a relação entre saúde oral e transtornos alimentares entre adolescentes a partir de uma revisão da literatura. Tratou-se de um estudo exploratório descritivo e bibliográfico, construído mediante publicações de artigos em periódicos nacionais e internacionais relacionados à temática saúde bucal e transtornos alimentares na adolescência. A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida através da consulta à Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), identificando-se artigos publicados nas revistas indexadas nas seguintes bases de dados: Medline, Lilacs e SciELO. De forma combinada foram utilizados os descritores: “adolescente”, “transtornos da alimentação” e “saúde oral”, reconhecidos pelo vocabulário DeCS (Descritores em Ciências da Saúde). Ao associar os descritores, foram recuperados artigos das bases de dados Lilacs

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(2) e Medline (10). Após a análise crítica da literatura, excluíram-se publicações que não apresentavam relevância para o tema: A saúde bucal e os transtornos

alimentares entre adolescentes. Desta forma, foram selecionadas seis

publicações que atenderam aos critérios de inclusão definidos neste estudo. Adicionalmente, foram consultados sete artigos, nas suas formas eletrônicas, que foram referenciados nos artigos selecionados das bases de dados, bem como dados da Organização Mundial de Saúde e da 4ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, atingindo um total de 15 artigos. Nos artigos analisados, observou-se uma prevalência de 33,1% para possíveis transtornos alimentares entre adolescentes, sendo mais frequente a bulimia nervosa (38,2%). Observaram ainda uma relação significante entre sintomas de transtorno alimentar e gênero, evidenciando-se o gênero feminino em 90 a 95% doscasos. Os autores concluíram que os transtornos alimentares de ordem comportamental têm consequências na saúde bucal e aparecem principalmente entre os adolescentes, que fazem parte de um grupo etário vulnerável. A alteração oral de maior frequência entre os pacientes com transtornos alimentares é a erosão dental, principalmente relacionada a episódios de regurgitação. A abordagem multiprofissional se faz necessária para uma intervenção adequada, visando o estabelecimento da saúde futura. Na equipe de saúde, em decorrência das alterações orais causadas pelos transtornos alimentares, os cirurgiões-dentistas podem ser, os primeiros profissionais a realizarem o diagnóstico, contribuindo significativamente para o tratamento dos transtornos alimentares (LIMA; COUTINHO; HOLANDA, 2012).

Silva e Basílio (2013) realizaram um estudo com o objetivo de demonstrar uma abordagem multidisciplinar em que, após a conclusão do tratamento médico da paciente, foi realizada a reabilitação estética e funcional de todos os elementos dentários acometidos pela erosão. Foi realizado um relato de caso clínico, em um paciente do sexo feminino, 29 anos de idade, apresentou-se com o objetivo de melhorar a estética de seu sorriso, desejando que ao final do tratamento seus dentes se tornassem mais visíveis. A paciente relatou ter apresentado bulimia por cerca de seis anos,observou-se boa higiene oral,perda de estrutura dentária generalizada, principalmente na região lingual dos dentes anteriores e oclusal dos posteriores, entretanto, sem qualquer tipo de sintomatologia dolorosa. Foram verificadas, a perda da dimensão vertical e

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ausência de proporção correta dos dentes entre si, e a comparação com a face da paciente. Após análise criteriosa de modelos de estudo e radiografias, realizou-se um planejamento multidisciplinar. Ocaso foi iniciado com a profilaxia de todos os dentes, seguida da remoção de todas as restaurações posteriores superiores. Esses dentes foram preenchidos com resina composta fotopolimerizável, preparados para onlays/overlays moldados com silicone de adição e, em seguida, foram confeccionados provisórios para esses elementos. Foi realizada a cimentação das onlays/overlays. Restaurações incisais provisórias com resina composta foram feitas nos elementos anteriores superiores, devido à dimensão vertical ter sido restabelecida. Executou-se à gengivoplastia com osteotomia mínima aproximadamente um mm nos elementos anterossuperiores. Posteriormente a cicatrização inicial de seis dias, facetas diretas com resina composta, sem desgaste dentário, através da técnica adesiva, em que foi feito ocondicionamento do esmalte com ácido fosfórico 37% e aplicação de adesivo, foram realizadas do elemento 15 ao 25. Restaurações dos dentes postero-inferiores foram removidas e as cavidades ocupadas com resina composta. Todos oselementos foram preparados para onlays/inlays em cerômero. Apenas os elementos 37 e 47 foram preparados para coroas totais metalocerâmicas, pois já apresentravam coroas totais. Foi realizada moldagem com silicone de adição e confecção de provisórios para esses elementos. Realizou-se a cimentação das inlays/onlays inferiores em cerômero, com cimento resinoso autocondicionante dual. As coroas metalocerâmicas foram cimentadas diretamente sobre os preparos com cimento fosfato de zinco, realizando apenas uma profilaxia prévia dos dentes e daspeças. Realizaram-se facetas diretas com resina composta sem desgaste dental através da técnica adesiva, dos elementos 33 ao 43. Após acabamento e polimento final, foram fornecidas orientações de higiene para a paciente e uma placa miorrelaxante em acrílico foi instalada. Os autores concluíram que a situação clínica relatada mostra que as evoluções no desenvolvimento dos materiais adesivos, junto com uma anamnese correta, diagnóstico precoce, orientação de dieta e com as técnicas de preparo pouco invasivas, possibilitam a resolução de situações clínicas com deficiência estética e funcional, como nos casos de lesões ácidas, possibilitando a conclusão do tratamento em poucas sessões clínicas.

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O objetivo do presente estudo foi examinar o estado de saúde oral e para avaliar a prevalência de sintomas auto-relatados em pacientes com a EDS com tratamento em curso em uma clínica especializada ambulatorial. Durante um período de 12 meses (1 de janeiro 2005-31 Dezembro de 2005), um total de 65 pacientes concordaram em se submeter ao tratamento ambulatorial psiquiátrico/médico para transtornos alimentares na Eating Disorders Clinic, Eriksbergsga˚ rden (O¨ rebro County Council, O¨ rebro, Sweden). Todos os 65 pacientes foram convidados a participar do estudo no momento do seu exame físico e 54 (83%) concordaram. Onze dos pacientes convidados que tinham algum transtorno alimentar (quatro com AN, sete com EDNOS; idade = 20,5 anos, faixa de 14-38 anos, todas mulheres) se recusaram a participar do estudo. As razões apontadas para a não participação foram: não se considerava ter qualquer problema dentário (n = 1); não conseguiu chegar à nomeação (n = 1); não tem tempo (n = 3); e não estava confortável com a participação (por exemplo, o tempo de viagem longa ou não gostava de responder a perguntas) (n = 6). Não houve diferença significante em relação à idade, sexo, diagnósticos e transtornos alimentares entre os não participantes e do grupo de estudo. Um questionário foi construído com a colaboração do pessoal da clínica com o objetivo de detectar e avaliar possíveis fatores do estado de saúde oral. Depois de ser testado em um grupo de cinco indivíduos, o questionário foi re-avaliado e melhorado, e foi composto de 196 questões, incluindo fatores socio-demográficos e de saúde geral e bucal. O questionário foi dado tanto para o grupo de estudo e os controles, com exceção de 20 questões que foram especificamente relacionadas com os pacientes com transtornos alimentares e, portanto, não dadas aos controles. A análise multivariada identificou significativamente ORs mais elevados para os pacientes com transtornos alimentares, apresentaram problemas dentários (OR = 4,1), queimação na língua (OR = 14,2), os lábios secos/rachados (OR = 9,6), erosão dentária (OR = 8,5), e menor hemorragia gengival (OR = 1,1), em comparação com controles saudáveis. A sensibilidade e especificidade para a classificação correta de pacientes e controles usando cada cinco variáveis foi de 83% e 79%, respectivamente. Os pacientes com transtornos alimentares com comportamentos de vômitos/compulsivos relataram pior percepção da saúde bucal (OR = 6,0) e apresentaram maior erosão dental (OR = 5,5) do que aqueles sem tal comportamento. Em pacientes com

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transtornos alimentares com maior duração da doença, a erosão dental foi significantemente mais comum. Concluíram que, os problemas de saúde oral, frequentemente, afetam mais pacientes com transtornos alimentares, e isso precisa ser considerado nas decisões de avaliação e tratamento de pacientes (JOHANSSON; NORRING; JOHANSSON, 2012).

Outro estudo teve como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre a etiologia, características, manifestações orais, e tratamento das lesões orais decorrentes das desordens alimentares. A pesquisa foi realizada nas bases de dados PubMed, SciELO, Bireme, durante o período de 1987 a 2013. Os autores concluíram que é muito importante que haja também um tratamento mul-tidisciplinar envolvendo vários profissionais da área médica, como psiquiatras e psicólogos, para que através da associação dos conhecimentos específicos de cada profissional, consigam elaborar juntos um plano de tratamento que se adapte a cada paciente, sendo que assistência nutricional é também de grande importância para que se estabeleça uma reeducação alimentar, tendo consciência da importância do consumo de alimentos saudáveis, com uma dieta equilibrada associada a atividades físicas, para que, de uma maneira disciplinada, os pacientes possam ter a aparência física que desejam (TOLEDO; OLIVEIRA; CAPOTE, 2013).

Jugale et al. (2014) realizaram um estudo com o objetivo de detectar a presença de transtornos alimentares e manifestações clínicas em mulheres entre 20 e 25 anos de idade que residem em albergues universitários profissionais na cidade de Bangalore. A amostra desse estudo transversal foram, 128 mulheres na faixa etária de 20-25 anos foram selecionadas como participantes do estudo, dos quais 117 participaram. O tamanho da amostra foi calculada usando a taxa de prevalência de estudos anteriores (7,12,13); mantido o nível de significância de 5% (p = 0,05) e IC em intervalos de confiança de 95% (IC). A base de amostragem foi uma lista de todos os albergues universitários profissionais em Bangalore. Dos 60 albergues listados, 10 albergues estavam dentro dos critérios de inclusão, de serem albergues profissionais universitários para mulheres. Desses 10 albergues profissionais universitários para mulheres, 5 foram selecionados. O questionário SCOFF auto-administrado foi utilizado para a triagem dos participantes do estudo para AN e BN. A permissão foi obtida a partir do Comitê de Ética Institucional da MR Ambedkar Dental College and Hospital,

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Bangalore e as autoridades dos albergues em causa para a realização do estudo. O termo de consentimento foi assinado por cada participante depois de explicar o objetivo do estudo. Somente aqueles que concordaram em participar foram incluídos no estudo. Como resultado tiveram a taxa de resposta de 71,3%, dos quais 42,7% eram suspeitas de ter transtornos alimentares pelo SCOFF. O exame mostrou prevalência significativamente maior de perimólise (p = 0,004), cárie dentária (p = 0,004) e sensibilidade dentária (p = 0,001) em casos suspeitos. O estudo teve sucesso no 'caso de averiguação' de transtornos alimentares, com uma prevalência significativa de manifestações orais em casos suspeitos. Assim, os dentistas têm um papel importante para a detecção precoce e ainda posterior encaminhamento de transtornos co-mórbidos, como transtornos alimentares. Concluíram que, o estudo nos direcionou para a arena de detecção de casos de transtornos alimentares, que geralmente passam despercebidos. A investigação baseada na teoria ainda é necessária para explorar os precursores e os parâmetros dos transtornos alimentares, para "a detecção precoce e proteção específica" por prestadores de cuidados dentários. A identificação destes parâmetros pode facilitar o desenvolvimento de currículo universitário melhorado e, subsequentemente, prevenção primária e secundária de distúrbios alimentares.

Os autores através da revisão sistemática e meta-análise, objetivaram com presente revisão buscar evidências científicas da seguinte questão clínica: Os transtornos alimentares aumentam o risco de erosão dentária. O metódo utilizado foi uma busca eletrônica abordando transtornos alimentares e erosão dentária, foi realizada a busca em oito bases de dados. Dois revisores independentes selecionaram os estudos, abstraíram informações e avaliaram a sua qualidade. Os dados foram extraídos para a meta-análise comparando a erosão dentária em pacientes do grupo controle (sem transtornos alimentares) vs. pacientes com transtornos alimentares; e pacientes com transtorno de comportamento alimentar de risco versus pacientes sem tais comportamentos de risco. Os critérios de inclusão desta revisão sistemática foram: estudos epidemiológicos (transversal, caso-controle, de coorte e ensaios clínicos) sobre fatores etiológicos e/ou a prevalência de TE (erosão dentária) e sua associação a qualquer tipo de desreguladores endócrinos (bulimia, anorexia, compulsão alimentar, dismórfico corporal desordem, vômitos, hiperfagia) em humanos

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(Checklist S1 apresenta a lista de verificação PRISMA para revisões sistemáticas). Os critérios de exclusão foram: estudos epidemiológicos independentes (outro resultado, em vez de TE), revisões, estudos relatando hábitos (vômito não relacionados à transtornos alimentares), relatos de casos série /caso/cartas ao editor, estudos laboratoriais (estudos in vitro, dentes extraídos, fósseis), estudos relatando tratamento odontológico, materiais dentários, conhecimento sobre erosão dentária, estudos epidemiológicos que não associavam transtornos alimentares com erosão dentária, os estudos com a auto relatório de erosão dentária e inviabilidade de extração de dados. Práticas de purga parece aumentar o risco de TE. É importante a realização de estudos de coorte prospectivos nesta área, a fim de investigar tais provas. Os resultados obtidos foram que, os pacientes com transtornos alimentares tinham mais risco de erosão dentária (OR = 12,4, IC 95% = 4,1-37,5). Os pacientes com distúrbios alimentares que praticavam vômitos auto-induzido tinham mais risco de erosão dentária do que aqueles pacientes que não faziam vômito auto-induzido (OR = 19,6, IC 95% = 5,6-68,8). Os pacientes com comportamento de risco de transtorno alimentar tinham mais risco de erosão dentária do que pacientes sem tais comportamentos de risco (OR = Resumo 11,6, IC 95% = 3.2-41,7). Os autores concluíram que deverá ser dada uma atenção especial aos estudos sobre transtornos alimentares, como objetivo principal, deve ser o de detecção de casos subclínicos e evitar o aparecimento de transtornos alimentares e outras comorbidades (HERMONT, 2014).

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2.3 Manifestações Orais

A prática do vômito induzido, unida a movimentos habituais da língua sobre os dentes, provoca problemas bucais e o cirurgião-dentista é potencialmente o primeiro profissional de saúde a diagnosticar a doença devido a perda de substância dental. Tais perdas de substâncial dental são chamadas de erosão dental (BARBOZA et al., 2011).

O sintoma mais comum das manifestações orais é a perimólise (erosão dental), caracterizada pela perda de esmalte com margem circular, superfícies incisais dos dentes anteriores superiores com aspecto serrilhado, restaurações de amálgama parecem estar desprendidas das superfícies oclusais e perda de contorno de dentes hígidos. Atinge principalmente a superfície palatina dos incisivos superiores como resultado do efeito químico-mecânico pela regurgitação do ácido clorídrico vindo do estômago, ativada pelos movimentos da língua. Erosões podem ser detectadas dentro de 6 meses após o início da indução de vômitos (NAVARRO et al.,2011).Outra característica deste tipo de erosão são as restaurações de amálgama permanecem intactas e se projetam acima das superfícies dentais, dando à restauração o aspecto de “ilha” (BARBOZA et al., 2011).

Indivíduos que bebem e ingerem comidas doces aumentam o risco de desenvolver lesões de cárie. Porém, este risco é individual. Dependerá da higiene bucal de cada paciente e presença de xerostomia. Os depressivos que negligenciam a higiene do corpo podem ter alto risco à cárie (NAVARRO et al., 2011). A presença significativa de cáries no paciente bulímico, e, de acordo com a teoria acidogênica, os carboidratos ao serem ingeridos sofrem uma ruptura causada pelo ataque de microorganismos - em especial os Streptococcus

mutans - daí resultando na produção de ácidos que, com o tempo, podem causar

desmineralização do esmalte dentário com a formação de cavidade até a destruição total do dente (POPOFF et al., 2010).

É comum e frequente os pacientes procurarem tratamento para solucionar o problema de erosões de esmalte que quando severas resultam na exposição da dentina. Dessa forma, a hipersensibilidade dentinária aparece como uma manifestação da bulimia em 47% dos pacientes de acordo com Spigset (NAVARRO et al., 2011).

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Devido à perda de substâncias dentárias, o paciente pode apresentar bordas incisais finas ou fraturadas, diastemas e pseudomordida aberta, podendo ocorrer perda de dimensão vertical devido ao desgaste das superfícies oclusais dos dentes posteriores (POPOFF et al., 2010). Os dentes mais acometidos por trauma são os dentes anteriores, e está relacionado com a colocação de objetos na boca para forçar o vômito (NAVARRO et al., 2011).

Como distúrbio psicossomático, a bulimia gera um quadro de ansiedade, sendo um fator iniciador ou pertubador do bruxismo. Esta manifestação clínica, segundo Oliveira & Carmo tem sido definida como uma atrição rítmica dos dentes em movimentos não mastigatórios da mandíbula, ocorridos especialmente durante o sono, que acontece geralmente de forma inconsciente e espontânea. Alguns problemas clínicos causados por esta parafunção podem resultar em desgaste excessivo dos dentes, dor e sensibilidade muscular, como também alterações da Articulação Temporomandibular (ATM) e dor de cabeça (POPOFF et al., 2010).

O quadro das desordens alimentares ainda pode ser acompanhado de outras alterações bucais, como hipertrofia de glândulas salivares (particularmente a parótida), xerostomia, doença periodontal, mucosite (principalmente no palato), traumas da mucosa, candidíase oral e quielite angular. Os casos de mucosites estão associados, portanto, a irritação provocada peçla força de regurgitação, medicação e ainda traumas causados pela rápida ingestão de alimentos e/ou pelo ato de vômito induzido por objetos ou dedo que podem causar ferimentos e conduzir ao desenvolvimento de cicatrizes e calos característicos na mucosa e dedos. Ademais, a deficiência nutricional de ferro ou ácido fólico e possíveis traumas podem failitar a invasão epitelial por hifas de C. albicans, favorecendo, prinicipamente, o desenvolvimento do tipo queilite angular, a qual se caracteriza por fissuras nas comissuras labiais (BARBOZA et al., 2011).

Quiloses podem ocorrer como resultados da desidratação da membrana bucal ou deficiência de vitamina do complexo B. O pH ácido da saliva pode ser um irritante local. A vermelhidão da mucosa pode ser o resultado da irritação crônica dos tecidos pelos ácidos gástricos. Os tecidos periodontais e a mucosa bucal são afetadas pela desidratação, devido à redução da produção da saliva e deficiência de higiene oral (NAVARRO et al., 2011).

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A xerostomia está associada a longos períodos de jejum por parte dos indivíduos portadores da anorexia ou ao fato dos praticantes da bulimia deglutirem rapidamente, durantes ataques de hiperfagia, reduzindo a estimulação das glândulas salivares (BARBOZA et at., 2011). Depressão, uso de antidepressivos e outras medicações e o mau uso de diuréticos e modeladores de apetite, causam um decréscimo do volume total de fluídos em alguns pacientes, portanto contribuíndo para redução do fluxo salivar (NAVARRO et al., 2011).

Em alguns casos pode haver a hipertrofia das glândulas parótidas, cuja incidência unilateral ou bilateral oscila de 10 a 50%. O inchaço é gerlamente assintomático e intermitente e sua etiologia não é definida, podendo ser atribuída a vários mecanismos como: a alcalose metabólica, a regurgitação do contéudo gástrico ácido, ao rápido consumo e de maciças quantidadesde comida, além da desnutrição (BARBOZA et al., 2011). Nos pacientes com características purgativas pode-se observar eritema do palato, faringe e gengiva (ASSUMPÇÃO; CABRAL, 2002).

Figura 1. Erosão.

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Figura 2. Ilha de amálgama.

FONTE: (GUEDES; BUSSADOR; MUTARELLI, 2007).

Figura 3. Características clínicas.

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Figura 4. Destruição atingindo mais de um terço da dentina FONTE: (GUEDES; BUSSADOR; MUTARELLI, 2007).

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Figura 5. Alterações bucais.

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3 OBJETIVOS 3.1 Objetivos Gerais

Este trabalho objetiva verificar e analisar através de questionários quais são os conhecimentos dos cirurgiões-dentistas a respeito dos pacientes portadores de transtornos alimentares e suas manifestações orais.

3.2 Objetivos Específicos

Dentre os transtornos alimentares, estão destacadas a Bulimia Nervosa e Anorexia Nervosa e suas manifestações orais visando orientar o cirurgião-dentista para diagnosticar esses problemas de ordem comportamental através de suas manifestações orais.

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4 METODOLOGIA

4. 1 Delineamento e Amostra do Estudo

A pesquisa foi realizada com cirurgiões-dentistas da Unidade de Pós-Graduaçãp da Escola de Odontologia da Faculdade Meridional/IMED (CEOM/PF), da Escola de Odontologia IMED e da Iodontus Odontologia, de natureza quantitativa transversal. Dessa forma, foram aplicados questionários para verificar qual o conhecimento dos participantes em relação aos transtornos alimentares: Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa e as manifestações orais mais prevalentes em pacientes portadores destes transtornos alimentares.

A amostra foi realizada com 19 cirurgiões-dentistas atuantes na Escola de Odontologia da Faculdade Meridional/IMED, 22 cirurgiões-dentistas na Iodontus Odontologia e 59 cirurgiões-dentistas no Centro de Estudos Odontológicos Meridional (CEOM/PF), somando um total de 100 participantes.

4.2 Coleta de Dados

Os dados foram coletados por meio de questionários aplicados aos cirurgiões-dentistas na Escola de Odontologia da Faculdade Meridional/IMED, Iodontus Odontologia e Centro Meridional de Estudos Odontológicos (CEOM). Verificou-se idade, sexo, prevenção, conhecimento sobre Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa, capacidade de diagnóstico, importância do cirurgião-dentista diagnosticar, contato com pacientes portadores destes transtornos alimentares, alterações orais que podem ser encontradas em tecidos duros e moles.

4.2.1 Critérios de inclusão

Cirurgiões-dentistas que aceitaram participar do estudo.

4.2.2 Critérios de exclusão

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4.3 Análise dos Dados

Realizou-se uma análise descritiva de dados.

4.4 Questões Éticas

O presente estudo foi submetido e aprovado pelo CEP/IMED da Escola Faculdade de Odontologia da Faculdade Meridional/IMED sob número 1.096.044. Foram utilizados o Termo de Confidencialidade dos Dados e Termo de Autorização de Local para poder realizar a pesquisa.

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5 RESULTADOS

Os resultados dessa pesquisa estão elencados a seguir, segundo a metodologia apresentada no item anterior.

A Figura 6, apresenta a idade dos profissionais entrevistados. Sendo mais prevalente os profissionais entre 20 e 30 anos (56%), seguido dos profissionais com idades entre 30 a 40 anos (32%), 40 a 50 anos (9%) e 50 a 60 anos (3%). Não houve profissionais com idade entre 60 a 70 anos.

Figura 6. Idade dos profissionais participantes.

A Figura 7, mostra a prevalência do gênero feminino entre os profissionais entrevistados (64%), assim sendo o gênero masculino apresentou número inferior (36%). 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

20 a 30 anos 30 a 40 anos 40 a 50 anos 50 a 60 anos 56%

32%

9%

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Figura 7. Prevalência de Gênero.

Segundo a Figura 8, que mostra a realização ou não de atividades educativo-preventivas no consultório odontológico, 81% dos profissionais entrevistados responderam “sim” ao questionário, portanto esses relataram que realizam atividades de caráter educativo-preventivo. Como segunda opção, 17% dos profissonais responderam “não”, relatando então, que não realizam atividades educativo-preventivas. E o restante, 2% dos profissionais não responderam a esta questão.

Figura 8. Atividades educativo-preventivo no consultório odontológico.

A Figura 9 é referente ao nível de conhecimento que cada profissional indicou possuir em relação a Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa sendo que

36% 64% Masculino Feminino 81% 17% 2% Sim Não Não respondeu

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94% dos profissionais relataram que possuiam pouco conhecimento a respeito e os profissionais que relataram ter muito conhecimento foi de 4%. E, 2% dos profissionais relataram não ter nenhum conhecimento em relação a esses dois Transtornos Alimentares.

Figura 9. Conhecimento a respeito da Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa.

A Figura 10, relaciona os profissionais entrevistados em relação a capacidade de diagnosticar os referidos transtornos alimentares. Sendo que 4% indicaram que “não” saberiam dar o diagnóstico, 22% indicaram que “sim”, que saberiam dar o diagnóstico e 74% indicaram que “talvez” saberiam diagnosticar estes pacientes.

2%

94%

4%

Não tem conhecimento Possui pouco conhecimento Possui muito conhecimento

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Figura 10. Diagnóstico de pacientes com transtornos alimentares.

A Figura 11 relata que 95% dos profissionais entrevistados considerou ser importante e 5% considerou que talvez seja importante diagnosticar os pacientes com transtornos alimentares.

Figura 11. Importância do diagnóstico de transtornos alimentares.

A Figura 12, apresenta a frequência do contato dos profissionais com pacientes com Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa. Dos 100 profissionais avaliados, 57% já teve contato “algumas vezes”, 44% “nenhuma vez” e 1% “várias vezes”. 22% 74% 4% Sim Talvez Não 95% 5% Sim Talvez

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Figura 12. Contato com pacientes com transtornos alimentares.

A Figura 13, representa a porcentagem do conhecimento dos profissionais sobre as alterações orais encontradas nos tecidos duros (dentes) em pacientes portadores de Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa, sendo que todas as alternativas dessa questão (nº 10) estavam corretas, conforme apêndice F. Dos 100 profissionais entrevistados: 97% indicou erosão dental; 64% indicou sensibilidade; 31% indicou nível elevado de cárie; 26% indicou ilhas de amálgama; 26% indicou bruxismo; 22% indicou apertamento dentário; 18% indicou fratura dental como alterações orais. E, 1% dos entrevistados não respondeu à questão. 44% 1% 57% Nenhuma vez Algumas vezes Várias vezes

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Figura 13. Conhecimento dos profissionais sobre as alterações orais encontradas nos tecidos duros (dentes).

A Figura 14, representa a porcentagem do conhecimento dos profissionais sobre as alterações orais encontradas em tecidos moles em pacientes portadores de Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa, sendo que todas as alternativas dessa questão (nº 11) estavam corretas, conforme o apêndice F. Dos 100 profissionais entrevistados 58% indicou úlceras; 51% indicou eritema de palato; 50% indicou eritema de faringe; 43% indicou eritema de gengiva; 40% indicou mucosite; 38% indicou xerostomia; 23% indicou queilite angular; 20% indicou doença periodontal; 15% indicou o aumento das glândulas parótidas; 8% indicou sialodenite como alterações orais encontradas em tecidos moles. E 5% dos profissionais não responderam à essa questão.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 97% 31% 64% 26% 26% 22% 18% 1%

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Figura 14. Conhecimento dos profissionais sobre as alterações orais encontradas em tecidos moles. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 38% 15% 50% 43% 23% 58% 51% 8% 20% 40% 5%

Referências

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