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PERFIL DO ACOMPANHANTE DA PUÉRPERA

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ISSN 2176-1396

PERFIL DO ACOMPANHANTE DA PUÉRPERA

Bárbara Hemily Cassimiro Salvaro1 - UFPR Grupo de Trabalho – Educação, Saúde e Pedagogia Hospitalar Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo

No inicio o parto era realizado nas residências, a partir do século XVI, a prevalência desses partos diminuiu ocorrendo aumento das ações médicas. A partir de 1980, houve um movimento em prol da humanização do parto, com objetivo de promover um momento mais saudável tanto para a parturiente quanto para o recém-nascido, preservando a autonomia da mulher, sua privacidade e evitando ações desnecessárias durante o trabalho de parto. Em 2005, a Lei 11.108 surgiu a fim de garantir a parturiente o direito a presença de um acompanhante de sua escolha, durante o trabalho de parto, parto e pós-parto. Estudos apontam que a participação ativa do acompanhante é de grande valia, e para que ocorram ações ativas o conhecimento prévio do acompanhante é primordial. Neste sentido, o objetivo da pesquisa é caracterizar o perfil dos acompanhantes das puérperas, os quais a acompanharam no momento de trabalho de parto e parto, em um Hospital de Ensino do Sul do Brasil. Participaram ao todo 100 acompanhantes. Trata-se de uma pesquisa de campo do tipo descritiva, com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados através de entrevistas, tendo iniciada a coleta em dezembro de 2014. Durante análise dos dados, evidenciou-se a predominância de acompanhantes do sexo masculino, entre vinte e trinta anos com ensino médio completo e renda familiar entre dois a três salários mínimos. Apesar de todos os entrevistados reconhecerem da importância de sua participação como acompanhante, a maioria não procurou informações que pudessem aprimorar suas atitudes durante o momento que estaria como acompanhante. Este estudo tem como favorecer um olhar crítico a respeito da importância da participação constante dos profissionais da saúde, tanto nas consultas do pré-natal como no centro obstétrico, orientando não só a gestante, mas também os que serão acompanhantes das mulheres durante o trabalho de parto e parto.

Palavras-chave: Parto humanizado. Acompanhante de puérperas. Enfermagem obstétrica.

Introdução

Partindo do princípio que o processo de nascer é além do biológico diversos estudos foram realizados em prol da humanização do parto, a partir da década de 1980 houve mudança no processo do parto de forma mais intensa, analisando amplamente o campo do

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trabalho de parto, mais especificamente o apoio emocional durante o parto (SANTOS, TAMBELLINI, OLIVEIRA, 2011). No Brasil, com base nos achados evidenciados, ações foram tomadas para mudança desse cenário, iniciando assim ações para a humanização do parto, e um dos pontos foi à presença de um acompanhante durante o processo de parturição. Para tal, em 2005, entrou em vigor a lei 11.108 que regulamenta: (DODOU, et. al., 2014; SANTOS, TAMBELLINI, OLIVEIRA, 2011).

“[...]art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.

§ 1o o acompanhante de que trata o caput deste artigo será indicado pela parturiente.[...]” (BRASIL, 2005, s/p).

Como citado em lei, o acompanhante é de escolha da gestante, porém nem sempre a presença é possível, pois de acordo com estudos anteriores, a demora da chegada do acompanhante, a falta de informação do direito de acompanhante e a cobrança indevida pela presença do acompanhante por algumas instituições, podem ser um possível complicador na hora do parto, por levar ao aumento de níveis de estresse, medo, ansiedade, sensação de se sentir sozinha sem alguém de vínculo familiar junto (DODOU, et. al., 2014; PALINSKI, et.al., 2012.; FRUTUOSO, BRUGGEMANN, 2013; PINHEIRO, BITTAR, 2013).

Entretanto quando o acompanhante se faz presente ele faz com que a mulher não se sinta sozinha, que haja comunicação, proporciona confiança, apoio emocional, contribuição para a humanização do parto, proporciona alívio de dor e de tensão, redução do uso de analgesia, desenvolve para a parturiente uma visão mais positiva do momento, autonomia da mulher, diminuição do trabalho de parto, redução de complicações, diminuição de cesarianas, redução do risco de depressão-pós-parto e índices maiores de Apgar aos cinco minutos (DODOU, et. al., 2014; OLIVEIRA, et. al., 2011). De todo modo, para que tais benefícios ocorram à presença de acompanhantes durante o parto deve ser ativa (ALVES, et. al., 2013).

Deste modo, a questão norteadora desde estudo é: qual o perfil dos acompanhantes das puérperas? E tem como objetivo descrever o perfil dos acompanhantes das puérperas, a partir do relato de acompanhantes entrevistados no momento de horário de visita no alojamento conjunto, em um hospital de ensino do sul do Brasil.

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Referencial teórico

Antigamente os partos eram de responsabilidade do sexo feminino, e ocorriam nas residências. Com o passar do tempo essa ação foi transformada, e no século XVI teve a participação dos médicos e começou a ser institucionalizada (ALVES, et. al., 2013). Visando à humanização, em 2005 a Lei 11.108, a qual rege o direito da mulher em ter um acompanhante durante o parto, e que seja de sua escolha, entrou em vigor, destacando que essa medida foi um marco para a humanização do parto (PALINSKI, et. al., 2012). Desde então ela vem sendo implementada, de todo modo esse direito ainda não é tão claro quanto ao seu objetivo, até mesmo oculto para algumas pessoas, e também existem instituições que não são adeptas (NAGAHAMA, SANTIAGO, 2011; ALVES, et. al., 2013; FRUTUOSO, BRUGGEMANN, 2013; SANTOS, TAMBELLINI, OLIVEIRA, 2011).

O período gravídico-puerperal é um momento marcante, com mudanças fisiológicas e físicas na mulher, afetando o biopsicossocial e espiritual. Nesse âmbito a assistência por parte do profissional é imprescindível, todavia não somente, a participação do familiar ou de pessoas próximas que sejam de confiança e que proporcionam conforto para as mulheres, deve ser levada em consideração (DODOU, et. al.,2014). O profissional não deve se impor nas opiniões pessoais diante da cultura e crenças da parturiente, usando o título de profissional da saúde a seu favor, e sim orientar e promover diálogo. Destacando que o diálogo entre profissional da saúde, a parturiente e o acompanhante dever ser iniciado desde as consultas do pré-natal (OLIVEIRA, et. al., 2011).

Por ser um direito da mulher em ter um acompanhante de sua escolha, é incontestável e necessário que os profissionais da saúde a informe da Lei 11.108. Também é preciso da humanização do profissional no processo de parto, não só de seu conhecimento científico, mas deve incluir a preocupação com o psicológico, social, e espiritual da mulher, respeitando-a. Esses são fatores essenciais para que o parto flua melhor, bem como essa ação humanista deve ser realizada com o acompanhante (ALVES, et. al., 2013; PINHEIRO, BITTAR, 2013).

Estudos apontam que deixar que a mulher tenha a possibilidade de escolher quem ela quer para ser seu acompanhante é uma ação benéfica, pelo fato dela estar com alguém de sua escolha levando ao conforto maior, devido à proximidade, confiança, fazendo com que o processo se torne mais favorável (FRUTUOSO, BRUGGEMANN, 2013; HODNETT, et. al., 2011; PALINSKI, et.al. 2012). Assim sendo, orientar a mulher a escolher, como acompanhante, alguém de sua empatia é oportuno.

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Porém, em um estudo feito por Perdomini e Bonilha (2011), constatou que o companheiro da mulher como acompanhante pode ser considerado o ideal, como também, por ser alguém conhecido da mulher e por se uma oportunidade de vivenciar o nascimento do próprio filho gerando um momento de aumento no laço familiar, pelo fato de ser um processo único para ambos, pelas emoções marcantes que os cercam (PERDOMINI, BONILHA, 2011).

Independente se o acompanhante é do sexo feminino ou masculino, parente ou não, o momento do trabalho de parto deve ser dividido com alguém que perceba a singularidade do momento e proporcione conforto, apoio a parturiente, deixando o processo mais tranquilo, seguro, desencadeando na mulher relaxamento, conforto, bem estar, diminuição da sensação de solidão e alívio à dor, levando a parturiente se sentir amada, respeitada e importante (OLIVEIRA, et.al., 2011).

A participação ativa do acompanhante, seja emocional, físico ou informacional, desde que se faça presente, desencadeia resultados satisfatórios como o aumento do número de parto normal, diminuição na administração de medicamentos analgésicos intraparto, aumento no número de mulher que tem a perspectiva positiva do nascimento, trabalho de parto em menor tempo, diminuição do número de partos vaginais instrumentais, diminuição do número de recém-nascido com Apgar abaixo de 7 (HODNETT, et. al., 2011; ALVES, et. al., 2013). Para que o acompanhante seja ativo é necessário realizar orientações sobre o seu papel antecipadamente, incluir ele nas orientações à parturiente durante o pré-natal (ALVES, et. al., 2013).

Quando o acompanhante sabe antecipadamente que poderá acompanhar o parto ele se prepara através do uso da internet, livros, diálogo com outras pessoas, conversas com a gestante, cursos e perguntas ao profissional de saúde durante o pré-natal. De todo modo o fato de saber antecipadamente faz com que a pessoa organize a sua rotina em prol do dia em que será acompanhante (FRUTUOSO, BRUGGEMANN, 2013).

Os acompanhantes que tem conhecimento obtido por pesquisas, perguntas, discussão, leituras, observações antes de tomarem o papel, bem como experiências anteriores como acompanhante no trabalho de parto e parto, tendem a ter mais postura ativa no centro obstétrico, com questionamento, medidas e ações favoráveis nesse momento, levando ao alivio da dor, mesmo nas situações que provoquem alterações de planos (BASSO, MONTICELI, 2010).

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Entretanto há alguns acompanhantes que optam por ficarem mais observando, segundo pesquisas anteriores, na perspectiva dos que realizam, essa ação é tão válida quanto às atitudes, pelo fato de estar vivenciando o momento e não estar atrapalhando ao mesmo tempo, deixando, desse modo, que os profissionais decidam e resolvam por eles (BASSO, MONTICELI, 2010)

Essa não ação do acompanhante em certos momentos pode estar vinculada a falta de orientação antecipada, da falta de conhecimento em saber como que o trabalho de parto e parto irá proceder e como agir diante das situações (FRUTUOSO, BRUGGEMANN, 2013; PERDOMINI, BONILHA, 2011; ALVES, et. al., 2013). Nessa linha, o profissional da saúde é um exemplo para o acompanhante, quando o mesmo não sabe o que realizar, como mencionado, com a intenção de fazer o melhor possível para a parturiente, acaba repetindo, até mesmo, exatamente, as mesmas palavras que o profissional da saúde menciona, levando algumas mulheres ao desconforto (PALINSKI, et.al., 2012). Outras razões para as mulheres não se sentirem à vontade em ter acompanhante é a vergonha e constrangimento, optando algumas para que durante o parto o acompanhante se retire da sala (JAMAS, HOGA, REBERTE, 2013).

De todo modo, há os dois lados, como mostra no estudo de Palinski et. al. (2012), referente às percepções das mulheres sobre a presença do acompanhante no momento do parto, houve dois tipos de sentimentos, positivo e negativo, composto o primeiro por “segurança, tranquilidade, apoio físico, gratidão e emoção”, e o segundo por "solidão e medo em determinado momento do parto devido ausência do acompanhante” (PALINSKI, 2012, p.4). Essa ausência é referida a saída do acompanhante por alguma situação e assim, os sentimentos negativos podem ser desencadeados pela falta de espaço físico como também a ação do profissional da saúde que fica a desejar, por não interagir e incluir o acompanhante nas atividades (PALINSKI, et.al., 2012).

Para que haja sucesso no decorrer do processo de parto é necessário orientar, promover educação em saúde, ou seja, as formas verbais de orientação são cabíveis como ensinar técnicas, exercícios, orientar sobre os passos do parto e das mudanças psicológicas e fisiológicas, e dos procedimentos adotados. Contudo cada mulher, devido a suas crenças e cultura tem um significado a respeito, cabendo ao profissional da saúde trabalhar com essa questão aonde ambos saem satisfeitos (PINHEIRO, BITTAR, 2013; JAMAS, HOGA, REBERTE, 2013).

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Metodologia

Trata-se de uma pesquisa de campo do tipo descritiva, com abordagem quantitativa. Teve início a coleta em dezembro de 2014 e termino em abril de 2015, com acompanhantes de puérperas internadas em alojamento conjunto de hospital escola de referência do sul do Brasil, que as acompanharam durante o trabalho de parto e parto.

Participaram do estudo, 100 acompanhantes de trabalho de parto e parto, que estavam junto com a puérpera internadas no alojamento conjunto no período da coleta de dados. A coleta foi realizada com acompanhantes independentemente de ter acompanhando trabalho de parto e parto anteriormente.

A fim de alcançar os objetivos da pesquisa os critérios de inclusão foram: maiores de dezoito anos e ter sido o acompanhante do trabalho de parto e parto atual.

Os dados foram coletados por meio de entrevista estruturada contendo perguntas de múltipla escolha, visando caracterizar o perfil do acompanhante, o roteiro foi composto por vinte e seis perguntas para os participantes homens e vinte e sete perguntas para as participantes mulheres, a pergunta adicionada para as entrevistadas do sexo feminino foi: o número total de gestações que ela teve, sendo desse quantos foram de parto normal, cesárea e se teve algum aborto.

A análise dos dados se deu com base nos seis passos proposto por Creswell (2010). Passo 1: Organizar e preparar os dados para a análise; Passo 2: Ler todos os dados; Passo 3:

Iniciar uma análise detalhada pelo processo de codificação; Passo 4: Usar o processo de codificação para descrever o cenário ou as pessoas e as categorias ou temas para análise;

Passo 5: Informar como a descrição e os temas serão representados na narrativa qualitativa; Passo 6: Extrair significado dos dados (CRESWELL, 2010). E para uma representação clara dos dados obtidos optou-se da utilização de tabelas, modelos estatísticos, com base na média aritmética, desvio padrão da amostra, probabilidade média “p” do evento e relação em porcentagem.

A pesquisa atendeu os aspectos éticos e foi aprovada pelo Comitê de Ética do Hospital de Clinicas da UFPR, sob o registro CAAE 08200912.1.0000.0096.

Resultados

Quanto às características do perfil do acompanhante da mulher durante o trabalho de parto e parto, evidenciou-se a predominância de: acompanhantes do sexo masculino; Entre

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vinte e trinta anos; Com apenas um filho; Não é tabagista nem etilista; Encontra em união estável; Autodenominaram-se de cor branca; De religião católica; Com ensino médio completo; Tendo alguma atividade remunerada; Com renda familiar entre dois a três salários mínimos; Com naturalidade e proveniência de Curitiba/PR.

Outros dados foram extraídos durante as entrevistas, desse foi observado que ocorreu predominância, nos seguintes quesitos: 95 (95%) entrevistados queria ser acompanhantes; 50 (50%) alegaram que se prontificaram em ser acompanhante; 68 (68,00%), não se prepararam com cursos, leituras, vivência anterior de parentes e amigos, para ser acompanhante; Ao perguntar o que o acompanhante proporciona para a mulher, foram: 98 (98%) calma, 58 (58%) nervosismo, 32 (32%) irritação, 12 (12%) que não faz diferença a presença do acompanhante, 72 (72%) animação, 58 (58%) ansiedade, 51 (51%) preocupação e 100 (100%) cuidado e 67 (67%) alegaram outras ações em que um acompanhante proporciona para a mulher como: segurança, confiança e tranquilidade; Já ao perguntar o que ele, o entrevistado, proporcionou para a mulher, foram mencionados: 86 (86%) apoio físico, 98 (98%) apoio emocional, 99 (99%) confiança para a mulher, 96 (96%) encorajamento, 89 (89%) melhora na conduta do parto em si, 88 (88%) conforto, 92 (92%) cuidado, 92 (92%) suporte, 48 (48%) alívio da dor e 81 (81%) alegaram outras atividades que proporcionaram como: apoio psicológico, calma/tranquilidade e segurança.

Para critério de conhecimento, entre os acompanhantes 84 (84%) não foram acompanhantes em outro parto. Por fim, 88 (88%) acompanharam a puérpera no pré-natal, sendo desses, 85 (85%) em consulta, 79 (79%) em exames, 82 (82%) em ecografia, 51 (51%) em visita a maternidade e 19 (19%) em outras ocasiões tais como: hospital, unidade de saúde, consultas médicas complementares e internação hospitalar extra.

Discussão

A caracterização do perfil do acompanhante da puérpera revelou, em sua maioria, serem do sexo masculino, com um filho, idade média de todos os entrevistados foi de 42,18 anos, em união estável, são namorados das puérperas que acompanharam durante o parto, se autodenominara brancos, de religião católica, com atividade remunerada, com renda familiar de dois a três salários mínimos, com ensino médio completo (E.M.C.), natural e procedente da cidade de Curitiba/PR, sendo que a última informação é referente ao local da própria instituição pesquisada.

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Os dados referentes à união consensual, ensino médio completo, e taxa de fecundidade aproximada são dados contingentes aos apresentados pelo IBGE, no censo demográfico de 2000/2010, em que o índice de casamento civil e religioso diminuiu, em contra partida a união consensual aumentou o percentual de pessoas com pelo menos ensino médio completo cresceu mais que 10% de 2000 para 2010, e a média de fecundidade no Brasil é 1,90, e os dados coletados apontaram 1,92 aproximadamente (IBGE, 2012).

Dito sobre, ser do sexo masculino os acompanhantes, é que são os companheiros das puérperas, pessoas os quais acreditam ser mais preparadas para assistir o trabalho de parto, afinal é o próprio filho que está para nascer, até mesmo, em muitos casos seria o primogênito, uma oportunidade indispensável, fato esse em que a maioria dos acompanhantes se prontificou, alguns em até comum acordo com a puérpera. Apesar disso nem todos se prepararam para a atuação, de todo modo confiança, apoio físico e emocional foram mencionados como ações executadas.

Aquelas que foram acompanhes, do sexo feminino, em minoria, a razão foi à escolha da puérpera por acreditar que seria melhor para ela ter uma mulher, ser que gera vida como ela, dando maior confiança no momento. Este dado vai ao encontro de outros trabalhos, onde as acompanhantes do sexo feminino tendem a ser mais bem vistas pelas parturientes pela razão de serem mulheres, provedoras, algumas, de vivência própria anterior, ecoando, por vezes, conduta maternal (PALINSKI, et.al, 2012). Houve casos em que o profissional da saúde interviu na decisão, situação essa não admissível, até mesmo por lei, fato em que o acompanhante é de escolha da parturiente.

Contudo, aos acompanhantes que não se embasaram em teorias e fontes externas em prol da atuação, houve certa tentativa e esforço para ajudar a mulher durante o trabalho de parto e parto, razão essa pelo fato de todos acreditarem em ter proporcionado algo gratificante. As experiências anteriores são fatores influenciadores, por vezes, nas decisões a serem tomadas como acompanhante pela segunda vez ou mais. Evidenciou-se nas respostas que a experiência anterior quando traumática provocou medo para a próxima vivencia, fazendo com que alguns ficassem com receio em ser acompanhante por outra vez. Todavia mesmo esse medo estando presente o pensamento de que deveriam ajudar a mulher, proporcionando segurança, calma, tranquilidade, dentro outros fatores positivos, prevaleceram. E aos que não vivenciaram uma experiência traumática interferiu significativamente de forma positiva na atual.

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Pesquisas anteriores pontuam que pelo fato de receber o título de acompanhante, gera no indivíduo o sentimento de ser provedor de apoio, não devendo deixar que os medos se tornem um fator prejudicial na sua participação, tentando não demonstrar preocupação, relacionando esse com a incerteza de qual seria o final do nascimento (FRUTUOSO, BRUGGEMANN, 2013).

Considerações Finais

Existem fatores que influenciam no processo de parto, tanto positivamente como negativamente, o que leva a satisfação e insatisfação. Os principais quesitos para satisfação são as informações prestadas durante o transcorrer do processo de parto e atenção singularizada proporcionada pelos profissionais. Já as causas da insatisfação são: uso de procedimentos desnecessários, resistência por parte de alguns funcionários, falta de infraestrutura para acomodar o acompanhante, falta de funcionários, comunicação interpessoal inadequada, carência de informação, bem como carência de suporte emocional e de recursos de alívio de dor à parturiente.

As razões desfavoráveis levam, por vezes, ao desconforto dos acompanhantes interferindo diretamente na parturiente. A favor dos fatores positivos se sobressaírem à relação horizontal e respeitosa entre profissional e acompanhante deve existir, pelo fato de desencadear um clima harmonioso, tranquilo, composto por dialogo, aonde ambos são atuantes, fazendo com que esse momento seja mais prazeroso.

O saber qual é o perfil do acompanhante da puérpera é imprescindível, o fato de mostrar interesse em saber sobre ele interfere diretamente no cuidado, a razão é pelo evento de criação de vínculo profissional, saber quais são os pontos que necessitam ser reforçados, a melhor linguagem a ser pronunciada, dúvidas a sanar, os medos virem a ser superados, tabus e crenças esclarecidos. Essa ação deve ser atuada desde o pré-natal, o conhecimento adquirido nesse período influenciará nas ações tomadas, pelo acompanhante, durante o trabalho de parto e parto.

Percebeu-se que as atividades do acompanhante são maiores durante o pré-parto comparado ao momento do parto, algo não viável, para que o acompanhante não se sinta com perda completa de autonomia deve receber orientações dos profissionais para que ele compreenda a sua posição no momento do parto. Ou seja, a equipe da enfermagem tem papel, dentre tantos, o de provedor, para que o cuidado seja mais humanizado, para tal a participação, apoio, atitudes fortalecedoras, demonstrar interesse, promover, educar, prevenir

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são ações que devem ser executadas, e quando já efetuadas devem ser mantidas ou melhoradas, visando na humanização executada em seu pleno. Como também, para tal a equipe de saúde do centro obstétrico deve estar preparada para receber o acompanhante, fazendo que ele seja ativo, realizando essa ação através de orientação, estímulo e promoção, a tal ação influencia diretamente à mulher, afinal ambos estarão mais seguros.

Nesse quesito não só a estrutura deve ser conivente, mas o profissional também deve fazer a sua parte, com base em suas atitudes e palavras, levando ao acompanhante se sentir acolhido e respeitado, não o enxergando como um vigia, alguém que irá mais atrapalhar do que ajudar. Os fatores benéficos devem ser levados em consideração a favor de inspirar essa ação.

REFERÊNCIAS

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