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COMPORTAMENTO ALIMENTAR INADEQUADO E INSATISFAÇÃO CORPORAL ENTRE ATLETAS ADOLESCENTES DE DIFERENTES MODALIDADES ESPORTIVAS

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COMPORTAMENTO ALIMENTAR INADEQUADO E

INSATISFAÇÃO CORPORAL ENTRE ATLETAS ADOLESCENTES DE DIFERENTES MODALIDADES ESPORTIVAS

Leonardo de Sousa Fortes1 Juliana Fernandes Filgueiras1 Maria Elisa Caputo Ferreira1

RESUMO

Objetivo: Comparar a insatisfação corporal e o comportamento alimentar de risco para Transtornos Alimentares entre atletas adolescentes de diversas modalidades esportivas e diferentes níveis competitivos. Métodos: Participaram do estudo atletas adolescentes competitivos com idades de 10 a 19 anos, residentes em cidades dos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Foram recrutados para a amostra 580 atletas de ambos os sexos, praticantes de 14 modalidades esportivas diferentes. Para avaliar o comportamento alimentar de risco para Tas, foi aplicado o Eating Attitudes Test (EAT-26). Aplicou-se o Body Shape Questionnaire (BSQ) para avaliar a insatisfação corporal. A fim de analisar os dados, foram realizados os testes estatísticos Kolmogorov-Smirnov, Mann-Whitney e Kruskall-Wallis, sempre utilizando o software SPSS 17.0 com nível de significância de 5%. Resultados: Verificou-se que atletas do sexo masculino de basquetebol e judô são mais insatisfeitos com o corpo do que os das demais modalidades (p<0,05). Neste mesmo sexo, futebol e basquetebol foram modalidades que apresentaram maior risco para desenvolvimento de transtornos alimentares (p<0,05). Além disso, pode-se destacar que atletas que competiam em nível regional aprepode-sentaram maior frequência de comportamento alimentar inadequado do que atletas de nível estadual e nacional (p<0,05). Conclusão: Somente no sexo masculino houve diferenças de insatisfação corporal e comportamento alimentar de risco entre as modalidades esportivas, e atletas que competiam em nível regional parecem ter maior alimentação desordenada do que atletas de níveis mais elevados.

Palavras-chave: imagem corporal, transtornos alimentares, atletas.

Recebido para publicação em 10/2012 e aprovado em 02/2013.

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INTRODUÇÃO

Imagem corporal é a aparência mental que temos de nosso corpo (SLADE, 1988). Ela é um fenômeno biopsicocultural que possui vários aspectos associados em sua formação, como: crenças, pensamentos, desejos e investimentos que se tem com o próprio corpo (Id., 1988). A insatisfação corporal faz parte de um subcomponente da dimensão atitudinal da imagem corporal e diz respeito à depreciação que o sujeito tem com sua aparência física (LEPAGE; CROWTHER, 2010). Estudos mostram que a magreza veiculada pela mídia como ideal de corpo (SMOLAK et al., 200), a família, os amigos, a prática de atividade física (LEPAGE; CROWTHER, 2010) e a composição corporal podem ser fatores que influenciam a insatisfação corporal, principalmente entre os adolescentes (CONTI et al., 2005). Segundo Bonci et al. (2008), a insatisfação corporal é sintoma de primeira ordem no desencadeamento de transtornos alimentares (TAs).

TAs como a Anorexia Nervosa (AN), caracterizada por restrição alimentar, medo mórbido de engordar, baixo peso corporal, distorção da imagem corporal e uso de medicamentos para emagrecimento (PERINI et al., 2009), e a Bulimia Nervosa (BN), a qual apresenta como sintomas o uso de comportamentos compensatórios como a prática excessiva de atividade física e/ou indução de vômitos após um episódio de alimentação exagerada (Id., 2009), são os mais comumente encontrados na população (BAUN, 2006), principalmente entre adolescentes do sexo feminino (TORSTVEIT; SUNDGOT-BORGEN, 2005). Evidências científicas mostram que a prevalência dessas doenças gira em torno de 1 a 5% na população geral e entre 10 e 50% em atletas (SUNDGOT-BORGEN; TORSTVEIT, 2004).

O ambiente atlético tem fatores peculiares que parecem potencializar o risco do surgimento de TAs nos atletas. Pressão de treinadores e pais no anseio por melhores resultados, vestimentas que salientam a forma corporal, ênfase dada à magreza e perda de peso corporal são alguns deles (BAUN, 2006). Além disso, modalidades que exigem do atleta leveza de movimentos, baixa percentagem de gordura corporal e baixo peso corporal, ou aquelas que são divididas por categorias de peso ou, ainda, as que dependem de avaliações externas feitas por juízes são consideradas de risco para o desencadeamento de TAs (DENOMA et al., 2009). São elas: ginástica artística, ginástica

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rítmica, triathlon, nado sincronizado, saltos ornamentais, judô, taekwondo, esgrima, karatê, remo, patinação artística, entre outras.

Atletas possuem em seu cotidiano rotinas de treinamento sistematizado visando ao aperfeiçoamento de parâmetros fisiológicos, psicológicos e biomecânicos, com o propósito de melhorar sua performance esportiva (VIEIRA et al., 2009); contudo, esse âmbito esportivo pode provocar competitividade exacerbada em relação à estética corporal, deixando atletas mais insatisfeitos com o corpo (PERINI et al., 2009) e/ou mais suscetíveis para os TAs (BAUN, 2006). O nível competitivo também possui forte associação com o aparecimento de alimentação desordenada. Baun (2006) e Denoma et al. (2009) argumentam que atletas de alto nível competitivo podem apresentar maior risco para TAs. Apesar dessas suposições e hipóteses, os estudos já realizados não têm sido totalmente conclusivos quanto aos seus resultados, deixando ainda uma lacuna do conhecimento: se, de fato, atletas de modalidades consideradas de “alto risco” são mais insatisfeitos e se eles apresentam maior índice de comportamentos alimentares inadequados que atletas de esportes ditos de “baixo risco” para tais desfechos. Além disso, não foi encontrado na literatura estudo que tenha comparado essas variáveis entre mais de quatro modalidades esportivas e entre diferentes níveis competitivos. Diante dessas reflexões, o objetivo do presente estudo foi comparar a insatisfação corporal e o comportamento alimentar de risco para TAs entre atletas adolescentes de diversas modalidades esportivas e diferentes níveis competitivos.

MÉTODOS

Aspectos éticos

O estudo obteve aprovação do comitê de ética e pesquisa envolvendo seres humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora, com o parecer número 232/2010, de acordo com a resolução 196/96. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado pelos pais dos atletas, explicando todos os procedimentos da pesquisa, além de garantir anonimato aos participantes e total sigilo no tratamento dos dados.

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População e amostra

A população do estudo foi constituída por atletas adolescentes competitivos com idades de 10 a 19 anos, residentes em cidades dos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Para seleção da amostra, foi adotado o critério de amostragem casual simples, descrita por Perini et al. (2009). Os atletas provinham de clubes das cidades de Juiz de Fora/MG, Barbacena/MG, Três Rios/RJ e Rio de Janeiro/RJ, clubes estes pertencentes aos campeonatos nacionais, estaduais e regionais das modalidades avaliadas. Inicialmente, foram incluídos no estudo 620 atletas de ambos os sexos, porém 40 desses sujeitos foram excluídos da amostra por não responderem aos questionários em sua totalidade, chegando a uma amostra final de 580 atletas de diversas modalidades (atletismo, basquete, esgrima, futebol, ginástica artística, handebol, judô, nado sincronizado, natação, polo aquático, saltos ornamentais, taekwondo, triathlon e voleibol). O tamanho amostral por modalidade e sexo está elucidado na Tabela 1. Para inclusão de sujeitos na pesquisa, foram adotados os seguintes critérios:

1. Apresentar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

assinado pelo responsável.

2. Estar em processo de treinamento físico sistematizado com frequência mínima de três dias semanais e duração mínima de 1h/ treino.

3. Ter participação mínima de uma competição de dimensão regional no ano de 2011.

4. Ter disponibilidade para responder questionários. Instrumentos

Para avaliar o comportamento alimentar de risco para Tas, foi aplicado o Eating Attitudes Test (EAT-26). Este é um questionário com 26 questões que avaliam recusa patológica alimentar, preocupação exacerbada com aparência física, comportamentos purgativos, influência do ambiente na ingestão alimentar e autocontrole sobre os alimentos. A versão utilizada para o sexo feminino foi validada por Bighetti et al. (2004), apresentando uma análise de consistência interna de 0,82. Em adolescentes brasileiros do sexo masculino, a versão aplicada foi a de Fortes et al. (submetido). No estudo de Fortes et al. (submetido),

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o alfa cronbach encontrado foi de 0,87 e não foi identificada diferença entre os escores do teste-reteste, tendo apresentado então uma boa reprodutibilidade do questionário para essa população. A pontuação é feita pela soma dos itens. Escore igual ou maior que 21 representa indivíduos que têm comportamento alimentar de risco para TAs. Há seis opções de resposta, que variam de 0 a 3 pontos (sempre = 3, muitas vezes = 2, frequentemente = 1, poucas vezes = 0, quase nunca = 0 e nunca = 0). A única questão que apresenta pontuação em ordem invertida é a 25.

Para avaliar a insatisfação corporal, foi aplicado o Body Shape Questionnaire (BSQ). Trata-se de um teste de autopreenchimento com 34 perguntas, que procuram avaliar a preocupação que o sujeito apresenta com seu peso e com sua aparência física. A versão utilizada foi validada para adolescentes brasileiros (CONTI et al., 2009), e sua análise de consistência interna revelou um á de 0,96 para ambos os sexos e um coeficiente de correlação entre os escores do teste-reteste significativo, variando de 0,89 a 0,91 para meninas e meninos, respectivamente. O escore é dado pela soma dos itens, que classifica níveis de insatisfação a respeito do corpo, sendo: <80 pontos = livre de insatisfação corporal; entre 80 e 110 = leve insatisfação; entre 110 e 140 = insatisfação moderada; e pontuações acima de 140 = grave insatisfação corporal, ou seja, quanto maior o escore, maior a insatisfação com o corpo.

Foi aplicado um questionário qualitativo para avaliar dados demográficos, como: idade, sexo, tipo de esporte, nível competitivo e horas de treino/dia.

Procedimentos

Os atletas foram abordados em seus locais de treinamento, mediante autorização dos treinadores responsáveis pelas equipes. Foi explicado de forma sucinta o tema do estudo e o propósito deste, bem como todo o procedimento necessário para integrá-los na amostra da pesquisa. Após esse primeiro momento, os sujeitos levaram para seus responsáveis o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, sendo orientados a devolverem devidamente assinado, entregando-o nas mãos de seu treinador na semana subsequente.

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Foi realizado apenas um encontro com todos os atletas de cada equipe. Era destinado à aplicação dos questionários EAT-26 e BSQ. Todos os clubes que fizeram parte do presente estudo disponibilizaram uma sala adequada para aplicação desses instrumentos. Os questionários foram entregues aos atletas, que receberam então a mesma orientação verbal. Uma orientação escrita sobre os procedimentos adequados também estava presente neles. As eventuais dúvidas foram esclarecidas pelos responsáveis pela aplicação do BSQ e EAT-26. Os sujeitos do estudo não se comunicavam entre si. A distribuição dos instrumentos foi efetuada no momento em que os atletas adentravam o ambiente (sala), sendo seu preenchimento de caráter voluntário. Não houve limite de tempo para preenchê-los. Análise dos dados

Utilizou-se a estatística descritiva (média, desvio-padrão) para as variáveis comportamento alimentar de risco para TAs (EAT-26) e insatisfação corporal (BSQ). Foram agrupadas modalidades esportivas consideradas de risco para TAs (esgrima, ginástica artística, judô, nado sincronizado, saltos ornamentais, taekwondo e triathlon) no grupo “modalidades de risco”, e o restante foi integrado no grupo “modalidades sem risco”. O teste de normalidade aplicado foi o Kolmogorov-Smirnov para modalidades com n>50, para os grupos de sexo (masculino, feminino), para os grupos “modalidades de risco” e “modalidades sem risco” e nos grupos de níveis competitivos (regional, estadual e brasileiro); já o teste Shapiro-Wilk foi realizado com esportes com n<50, para verificar se os dados eram paramétricos ou não. Como a normalidade foi violada em algumas modalidades, grupos de níveis competitivos e entre os grupos de sexo, o risco de TAs e a insatisfação corporal foram comparados entre as modalidades esportivas e os grupos de níveis competitivos por intermédio do teste de Kruskall-Wallis com post hoc de Scheffé para identificar diferenças, e estas mesmas variáveis foram comparadas entre os sexos por meio do teste de Mann-Whitney. A avaliação da existência de diferença dessas variáveis entre os grupos “modalidades de risco” e “modalidades sem risco” foi realizada através do teste t de Student, pois esses dados apresentaram distribuição normal. Todos os dados foram analisados no software SPSS 17.0, considerando-se o nível de significância de 5%.

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RESULTADOS

As frequências absolutas do tamanho amostral de cada modalidade, dividida por sexo, dos grupos “modalidades de risco” e “modalidades sem risco” e dos grupos de níveis competitivos estão ilustradas na Tabela 1. A maioria da amostra do presente estudo era do sexo masculino (80%), pertencente ao grupo “modalidades sem risco” (84,65%) e competindo em nível regional (45,86%).

Tabela 1 - Distribuição de frequência de atletas adolescentes competitivos brasileiros por modalidade, sexo, grupo de modalidade e nível competitivo

M = masculino; F = feminino.

Foi encontrada diferença nas pontuações do BSQ entre meninos e meninas (Tabela 2). Atletas do sexo feminino apresentaram escores de insatisfação corporal superiores em relação aos dos seus pares (p<0,05). A Tabela 2 elucida a comparação dessa mesma variável entre os grupos “modalidades de risco” e “modalidades sem risco”. Não se identificou diferença de insatisfação corporal entre esses grupos.

Em relação ao comportamento alimentar de risco para TAs, atletas femininas apresentaram pontuações no EAT-26 superiores comparadas às do sexo masculino (Tabela 2). Por intermédio do teste de Mann-Whitney, foi identificada diferença desta variável entre os sexos

S e x o / M o d a lid a d e Na ta ç ã o Fut e b o l H a n d ebol Ba s q u e te b o l V o le ibol At le ti s m o T ria th lo n Jud ô Ta ek w o n d o Es g ri m a G in á s ti c a A rtís ti c a N a d o S incr o n iz a do Po lo Aqu á ti c o S a lt o s O rn a m e nt ai s To ta l M 42 271 16 56 6 10 14 14 6 8 - - 16 5 464 F 22 - 20 16 16 - - - 5 - 14 18 - 5 116

Grupo Modalidades de risco Modalidades sem risco Total

Frequência 89 491 580

Nível Competitivo Regional Estadual Nacional Total

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(p<0,05); já o teste t de Student apresentou diferença entre os grupos “modalidades de risco” e “modalidades sem risco” (Tabela 2). O grupo “modalidades sem risco” mostrou maior pontuação (p<0,05) nesse instrumento, comparado ao grupo “modalidades de risco”.

Quando o nível competitivo foi comparado por meio do teste Kruskall-Wallis, foi identificada diferença de pontuação do EAT-26 entre atletas que competem em nível regional e atletas competidores de níveis estadual e nacional (p<0,05) (Tabela 2). Não houve diferença de insatisfação corporal entre esses três grupos de nível competitivo. Tabela 2 - Comparação da insatisfação corporal e do comportamento

alimentar inadequado entre sexo, grupo de modalidade e nível competitivo de atletas adolescentes competitivos

ap<0,05 em relação ao sexo feminino; bp<0,05 em relação ao sexo masculino. cp<0,05 em relação ao grupo de risco; dp<0,05 em relação ao grupo sem risco.

ep<0,05 em relação ao nível nacional; fp<0,05 em relação ao nível estadual; gp<0,05 em relação

ao nível regional.

As comparações da insatisfação corporal e do comportamento alimentar de risco para desenvolvimento de TAs entre modalidades esportivas divididas por sexo estão apresentadas na Tabela 3. No sexo masculino, as pontuações do BSQ diferiram na modalidade de handebol em relação a basquetebol e judô apenas. Já para o EAT-26, houve diferença entre muitos esportes (p<0,05), com basquetebol e futebol apresentando as maiores pontuações. Não foram encontradas diferenças de insatisfação corporal nem de comportamento alimentar de risco para TAs entre as modalidades esportivas do sexo feminino.

BSQ EAT Sexo Masculino 59,75 (±21,90)a 11,59 (±11,78)a Feminino 75,45 (±28,81)b 11,89 (±7,92)b Grupo de Modalidade Sem risco 62,53 (±24,64) 12,02 (±11,57) De risco 64,88 (±21,97) 9,63 (±7,91) Nível competitivo Regional 63,69 (±26,01) 13,78 (±13,43) e, f Estadual 62,11 (±24,37) 9,83 (±7,66)g Nacional 62,29 (±21,46) 9,87 (±8,71)g

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Tabela 3 - Comparação da insatisfação corporal e do comportamento alimentar de risco para TAs entre modalidades esportivas de acordo com o sexo em atletas adolescentes competitivos

*p<0,05 Natação; #p<0,05 Futebol; p<0,05 Handebol; p<0,05 Basquetebol; ðp<0,05 Voleibol;p<0,05 Atletismo; Šp<0,05 Triathlon; £p<0,05 Judô; áp<0,05 Taekwondo; ©p<0,05 Esgrima; p<0,05

Ginástica Artística; k&p<0,05 Nado Sincronizado; w,p<0,05 Polo Aquático; ¦ p<0,05 Saltos

Ornamentais.

DISCUSSÃO

Este estudou buscou comparar taxas de insatisfação corporal e pontuações de frequência de comportamento alimentar de risco para TAs entre modalidades esportivas com características e exigências diferentes, além de averiguar se existe diferença entre essas variáveis de acordo com o nível competitivo, por meio da comparação de pontuações dos questionários BSQ e EAT-26. Os resultados evidenciaram que: atletas femininas são mais insatisfeitas com o corpo do que atletas masculinos (p<0,05) (Tabela 2); não houve diferença de insatisfação corporal entre os grupos “modalidades de risco” e “modalidades sem risco” (Tabela 2); meninas atletas possuíam maior

BSQ EAT Masculino Natação 56,95 ± 19,66 9,02 ± 10,38#, ∞, ₦ Futebol 59,49 ± 22,00 12,67 ± 12,46*, †, ∞, π, ʊ, £, α, Ʃ, ⱷ, ₦ Handebol 44,25 ± 10,33∞, £ 8,38 ± 6,77#, ∞ Basquetebol 68,98 ± 26,60† 15,70 ± 14,07*, #, †, π, ∆, ʊ, £, Ʃ, ⱷ, ₦ Voleibol 53,67 ± 13,06 6,50 ± 6,28#, ∞ Atletismo 63,70 ± 16,65 9,50 ± 9,61∞ Triatlon 55,86 ± 10,57 5,29 ± 3,31#, ∞ Judô 71,86 ± 29,35† 8,43 ± 6,56#, ∞ Taekwondo 53,00 ± 13,20 11,67 ± 9,64₦ Esgrima 55,75 ± 13,02 6,00 ± 3,96#, ∞ Polo aquático 55,25 ± 15,03 6,44 ± 4,19#, ∞ Saltos ornamentais 48,80 ± 11,09 1,60 ± 1,14*, #, ∞, α Feminino Natação 81,59 ± 32,41 12,41 ± 7,43 Handebol 82,45 ± 39,79 12,70 ± 8,73 Basquetebol 79,06 ± 29,28 11,06 ± 8,52 Voleibol 66,56 ± 18,70 8,50 ± 3,72 Taekwondo 85,20 ± 32,69 17,60 ± 15,61 Ginástica artística 66,93 ± 20,52 11,71 ± 7,91 Nado sincronizado 73,00 ± 22,27 13,89 ± 7,66 Saltos ornamentais 60,20 ± 15,64 7,40 ± 3,50

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frequência de comportamento alimentar de risco para TAs comparadas aos meninos (p<0,05) (Tabela 3); atletas do grupo “modalidades sem rico” apresentaram maior frequência de comportamento alimentar desordenado do que o grupo “modalidades de risco” (p<0,05) (Tabela 4); atletas do sexo masculino de basquetebol e judô são mais insatisfeitos com o corpo que atletas das demais modalidades (p<0,05) (Tabela 3); não foi encontrada diferença de insatisfação corporal entre modalidades esportivas do sexo feminino (Tabela 3); futebol e basquetebol foram modalidades que apresentaram maiores riscos para desenvolvimento de TAs no sexo masculino (p<0,05) (Tabela 3); não foi identificada diferença de comportamento alimentar de risco para TAs entre esportes no sexo feminino (Tabela 3); a insatisfação corporal não se alterou, independentemente do nível competitivo (Tabela 2); e atletas que competiam em nível regional apresentaram maior frequência de comportamentos alimentares desordenados que os de nível estadual e nacional (p<0,05) (Tabela 2).

Vários estudos de âmbito nacional (CONTI et al., 2005; MARTINS et al., 2010) e internacional (HAUSENBLAS; DOWNS, 2001; SMOLAK et al., 2000) têm mostrado que meninas adolescentes são mais insatisfeitas com o corpo, comparadas com indivíduos da mesma faixa etária do sexo masculino. Em atletas isso parece não ser diferente (SUNDGOT-BORGEN; TORSTVEIT, 2004). Os resultados do presente estudo corroboram os achados mencionados, já que foi identificada diferença de pontuação do BSQ entre meninas e meninos (Tabela 2). Reiking e Alexander (2005) estudaram atletas universitárias e as dividiram em dois grupos: esportes de magreza e esportes de não magreza. Esses autores identificaram que atletas de esportes de magreza são mais insatisfeitas com peso e aparência corporal do que atletas de esportes de não magreza. No entanto, McGehee et al. (2009) não encontraram diferença de insatisfação corporal entre grupo de risco e grupo sem risco. Nos resultados do presente estudo não foi identificada diferença estatística de insatisfação corporal entre os grupos “modalidades de risco” e “modalidades sem risco” (Tabela 2), assim como nos achados destes últimos autores.

Raros estudos compararam a insatisfação corporal entre esportes com características distintas. Além disso, não foi encontrado nenhum estudo que tenha comparado esse fenômeno entre mais de duas modalidades esportivas. Filaire et al. (2007),comparando

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autoestima, perfeccionismo e insatisfação corporal entre judocas e ciclistas do sexo masculino, não identificaram diferenças de insatisfação corporal entre esses esportes. Os resultados do presente estudo mostram que judocas e basquetebolistas são mais insatisfeitos com o corpo que atletas dos demais esportes. Em relação ao sexo feminino, os resultados de Monthuy-Blanc et al. (2010)corroboram a hipótese que a literatura expõe, pois esses autores mostraram que atletas de ballet são mais preocupadas com peso e aparência corporal do que atletas praticantes de basquetebol. No presente estudo não foram encontradas diferenças estatísticas de pontuações do BSQ entre as modalidades esportivas femininas.

Martins et al. (2010)argumentam que a insatisfação corporal é um dos sintomas avaliados no desenvolvimento dos TAs. Pacientes com diagnóstico clínico/subclínico para tais síndromes apresentam altas pontuações em instrumentos como o BSQ (CONTI et al., 2009). Pesquisas mostram que atletas apresentam baixas pontuações no BSQ (PERINI et al., 2009; VIEIRA et al., 2009), o que remete à ideia de que esses indivíduos não apresentam riscos para AN e BN. No entanto, vários autores têm encontrado altas pontuações utilizando instrumentos de rastreamento para essas psicopatologias em atletas (DENOMA et al., 2009; PERINI et al., 2009), considerando-se os atletas então uma população que possui alto risco para desencadeamento de TAs (BAUN, 2006). Além disso, existem modalidades que preconizam aspectos morfológicos fora da realidade genética humana (TORSTVEIT; SUNDGOT-BORGEN, 2005), levando alguns desses atletas a adquirir hábitos alimentares inadequados. Esses esportes são considerados de alto risco para a instalação da gênese dos TAs (PERINI et al., 2009). Quando nos remetemos ao comportamento alimentar de risco para TAs, os achados deste estudo mostram que atletas femininas têm maior frequência de comportamento alimentar desordenado do que atletas do sexo masculino (p<0,05) (Tabela 2), o que já era esperado, pois essa tendência vem sendo encontrada em diversos estudos (DENOMA et al., 2009; TORSTVEIT; SUNDGOT-BORGEN, 2005; SUNDGOT-BORGEN; TORSTVEIT, 2004). Por outro lado, pesquisas mostram que atletas praticantes de modalidades que exigem baixa percentagem de gordura, leveza de movimentos, divisão por categoria de peso e estética corporal, independentemente do sexo e da faixa etária, possuem maior frequência de comportamento alimentar

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desordenado do que atletas dos demais esportes (BAUN, 2006); contudo, os resultados do presente estudo divergem dessa tendência, já que o grupo “modalidades sem risco” apresentou pontuação significativamente superior (p<0,05) no EAT-26, em relação ao grupo “modalidades de risco” (Tabela 2).

Utilizando um instrumento autoaplicável para rastreamento de TAs diferente do EAT-26, Filaire et al. (2007) mostraram que judocas tinham maior frequência de comportamentos inadequados, como indução de vômitos, uso de diuréticos e pílulas, do que atletas de ciclismo. O presente estudo apresenta resultados conflitantes com os da literatura (BAUN, 2006; PERINI et al., 2009), pois, apesar de terem sido identificadas diferenças de comportamento alimentar de risco para TAs entre esportes do sexo masculino, as modalidades com maiores pontuações no EAT-26 foram esportes de equipe com bola (basquetebol e futebol), como pode ser visualizado na Tabela 2. Já no sexo feminino, não foram encontradas diferenças de comportamento alimentar desordenado entre modalidades esportivas (Tabela 3). No entanto, autores como Sundgot-Borgen e Torstveit (2005) mencionam que é mais comum encontrar maior frequência de comportamento alimentar de risco para TAs em atletas de esportes que exigem baixo peso corporal, como ginástica artística, nado sincronizado e saltos ornamentais.

Um dos fatores de risco para o desencadeamento de psicopatologias como AN e BN em atletas pode ser o nível competitivo (DENOMA et al., 2009). Atletas com alto nível de competitividade podem ter maior risco para transtornos alimentares, devido à pressão exercida pelo ambiente esportivo, principalmente entre os adolescentes (PERINI et al., 2009). Segundo Denoma et al. (2009), atletas de elite apresentam forte componente psicológico de adaptação, porém parecem apresentar maior frequência de comportamentos alimentares desordenados. Estes autores constataram que o nível em que o atleta compete influencia tanto na insatisfação corporal quanto na frequência de comportamento alimentar inadequado. O presente estudo não encontrou diferença de insatisfação corporal entre os diferentes níveis competitivos, mas identificou que atletas que competem em âmbito regional mostraram pontuações significativamente superiores no EAT-26 do que as de atletas que competem em outros graus competitivos (Tabela 2).

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Diante das reflexões apresentadas, conclui-se, em relação ao sexo masculino, que: atletas de basquetebol e judô foram mais insatisfeitos que os demais; e futebolistas e basquetebolistas apresentaram maiores pontuações de frequência de comportamento alimentar desordenado do que atletas dos demais esportes. No sexo feminino, não houve diferença de insatisfação corporal e comportamento alimentar de risco para TAs entre as modalidades esportivas. No que se refere ao nível competitivo, identificou-se que competidores de âmbito regional possuíam maiores riscos para TAs do que atletas de níveis estadual e nacional.

Ambiente atlético, âmbito competitivo e modalidades esportivas ainda permanecem como importantes tópicos de estudo de risco para TAs em atletas, uma vez que os resultados de pesquisas ainda não têm sido totalmente conclusivos, além de divergirem em vários aspectos.

Recomenda-se que haja padronização no uso de instrumentos de rastreamento dessas síndromes em diversas populações a fim de favorecer tais comparações.

São encorajados estudos que associem, comparem e avaliem possíveis indicadores antropométricos para predição de insatisfação corporal e comportamento alimentar de risco para TAs em atletas.

ABSTRACT

INAPPROPRIATE EATING BEHAVIOUR AND BODY DISSASFACTION BETWEEN ADOLESCENT ATHLETES

DIFFERENT SPORTS

Objective: Compare body dissatisfaction and eating behavior risk for eating disorders among adolescent athletes in many sports and competitive levels. Methods: Adolescent competitive athletes participated of the study aged between 10-19 years living in cities in the states of Rio de Janeiro and Minas Gerais. It was drafted for the sample 580 athletes of both sexes, practicing 14 different sports. To evaluate eating risk behavior for Tas, we applied the Eating Attitudes Test (EAT-26). We used the Body Shape Questionnaire (BSQ) to evaluate body dissatisfaction. In order to analyze the data, the Kolmogorov-Smirnov, Mann-Whitney and Kruskal-Wallis statistical tests were performed,

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always using the SPSS 17.0 software with a significance level of 5%. Results: It was evidenced that male basketball and judo athletes are more dissatisfied with their body than the other sports practitioners (p <0.05). In this same sex, soccer and basketball were the sports that showed higher risk for developing eating disorders (p <0.05). Moreover, it can be highlighted that athletes who competed at the regional level had a higher frequency of inappropriate eating behavior than state and national level athletes (p <0.05). Conclusion: Only in males there were differences in body dissatisfaction and eating risk behavior between the sports and athletes who competed at the regional level seem to have more disordered eating than higher level athletes.

Keywords: body image, eating disorders, athletes.

REFERÊNCIAS

BAUN, A. Eating disorders in the male athletes. Sports Medicine, v. 36, n. 1, p. 1-6, 2006.

BIGHETTI, F. et al. Tradução e avaliação do Eating Attitudes Test em adolescentes do sexo feminino de Ribeirão Preto, São Paulo. Jornal

Brasileiro de Psiquiatria, v. 56, n. 6, p. 339-346, 2004.

BONCI, C. M. et al. National athletic trainers’ association position statement: preventing, detecting, and managing disordered eating in athletes. Journal of Athletic Training, v. 43, n. 1, p. 80-108, 2008. CONTI, M. A.; CORDÁS, T. A.; LATORRE, M. R. D. O. Estudo de validade e confiabilidade da versão brasileira do body shape questionnaire (bsq) para adolescentes. Revista Brasileira de Saúde Materna e Infantil, v. 9, n. 3, p. 331-338, 2009.

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