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Silva FA; Freitas MRG

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Introdução

As paraplegias podem ser de natureza funcional

ou orgânica. As de etiologia funcional englobam as

conversões e as simulações. As orgânicas envolvem

as doenças de origem cerebral, medular, dos nervos

periféricos e dos músculos. As paraplegias por doenças

medulares podem ser subdivididas em agudas e

crônicas, hereditárias e adquiridas. Abordaremos

as de natureza hereditária com espasticidade

,

denominadas paraplegias espásticas hereditárias (PEH)

ou paraplegias espásticas familiares (PEF).

A PEF foi descrita no f inal do século XIX

por Strumpell e Lorrain e caracteriza-se por ser

uma doença hereditária neurodegenerativa. Sua

manifestação clínica pode ser dividida em duas formas

de apresentação: a pura e a complexa. A forma pura

apresenta fraqueza insidiosa e progressiva dos membros

inferiores, espasticidade, aumento dos ref lexos

tendíneos, podendo vir acompanhada de clônus e

sinal de Babinski, urgência urinária e diminuição da

sensibilidade vibratória nas extremidades dos membros

inferiores. O tipo complexo apresenta as manifestações

da forma simples, acrescida de outros sinais e sintomas

neurológicos

22

.

Por ser uma doença genética de herança mendeliana,

sua atual classificação fundamenta-se na forma de

transmissão genética, ou seja, a autossômica dominante,

a autossômica recessiva ou a ligada ao cromossomo X.

Cada uma delas pode ser subclassificada, de acordo

com a forma de apresentação, em pura ou complexa.

Com a evolução da genética molecular, é possível

identificar o tipo de mutação em função do cromossomo

e do gene afetado e também os tipos de proteínas que

essas mutações transcrevem. Essas proteínas oriundas

de alelos mutantes atuam nas vias longas do feixe

córtico- espinhal e do cordão posterior através de cinco

vias fisiopatológicas principais: disfunção de proteína

da membrana da mielina, diferenciação do trato

córtico espinhal, deficiência da fosforilação oxidativa,

transporte axonal e desorganização do citoesqueleto.

O objetivo desse trabalho é contribuir para um

maior esclarecimento sobre a paraplegia espástica

familiar no meio médico, alertando sobre sua

característica clínica e sobre a importância dos estudos

genéticos para melhor elucidação da fisiopatologia e

para o aconselhamento genético.

Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica,

com temas relevantes sobre o tema, através do

site http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed, sendo

pesquisada a palavra-chave Hereditary, spastic

paraplegia sendo selecionados 80 trabalhos. Além

disso, também foram utilizados cinco capítulos do

livro virtual Gene Reviews (http://www.ncbi.nlm.nih.

gov/books?term=hereditary spastic paraplegia AND

gene[book]).

1.Revisão Histórica

Em 1880, Strumpell descreveu dois irmãos com

síndrome piramidal confinada aos membros inferiores

associada à marcha espástica. O pai destes irmãos

também apresentava marcha espástica. Em 1898,

Lorrain descreveu três casos novos e os acrescentou

aos vinte casos previamente existentes na literatura.

Harding, em 1983, classificou a Paraplegia Espástica

Familiar (PEF) nas formas pura e complexa

12

.

2.Epidemiologia

Um estudo transverso na Noruega, entre janeiro

de 2002 e fevereiro de 2008, estimou a prevalência da

PEF em 7.4/100000 habitantes. Para as formas de PEF

autossômica dominante pura e complexa, as prevalências

foram de 4.5 e 1.0/1000000, respectivamente. Já a

forma autossômica recessiva da HSP foi de 0.6/100000,

e as formas esporádicas/isoladas foram de 1.3/100000

6

.

Os diagnósticos genéticos foram realizados em

55% das PEF autossômicos dominantes, sendo a

frequência do spastic gait gen (SPG 4) de 40%, a do

SPG3 de 11%, e a do SPG 31 de 4%. Nas famílias com

PEF autossômicas recessivas, as mutações no SPG11

foram de 20%. Em apenas 15% dos casos isolados os

diagnósticos genéticos foram definidos

6, 46

.

A herança autossômica dominante representa cerca

de 70% a 80% de todas as paraplegias espásticas

familiares nos países ocidentais e manifesta-se

predominantemente com a forma pura de apresentação.

A herança autossômica recessiva é responsável por

15% a 20% de todos os tipos de PEF

20

. Embora a PEF

autossômica recessiva represente um grupo heterogêneo

da afecção, alguns fenótipos podem ser bem definidos,

quando se analisa um grande grupo de pacientes

16

.

3. Classificação

A PEF é classificada clinicamente como pura (ou

não complicada) e complexa (ou complicada).

Com o avanço da genética molecular, a melhor

classificação passa a ser pela identificação da forma de

(3)

hereditariedade

17, 21, 23, 64

, em que se identifica o lócus

cromossômico que contém o gene com o alelo mutante

responsável pela doença.

3.1. PEF Pura

Esta forma é caracterizada por fraqueza muscular

progressiva nos membros inferiores, espasticidade,

devido à degeneração do feixe córtico espinhal, além da

diminuição da sensibilidade vibratória e perda ocasional

da sensibilidade segmentar nos membros inferiores

causadas pela degeneração do cordão posterior, ambas

as degenerações localizadas na medula espinhal. Os

reflexos tendíneos estão aumentados, podendo haver

clônus e/ou sinal de Babinski. A disfunção urinária

está presente em 78% dos pacientes, sendo uma causa

importante de infecção do trato urinário

9

.

A doença

pode iniciar-se em qualquer idade, sendo a evolução

lenta e progressiva.

3.2. PEF Complexa

Esta classificação apresenta as mesmas características

clínicas da forma pura, acrescidas de outros sinais ou

sintomas neurológicos, como epilepsia

4,81

, déficits

cognitivo, de atenção e de memória

79

, retardo mental,

distúrbios de movimento, neuropatia periférica e

demência

44

.

4.Critérios Diagnósticos

Para se definir o diagnóstico da PEF, é necessária

a avaliação dos quatro critérios listados abaixo

17, 21, 22, 23, 25, 27, 31, 64

:

a) Sintomas Clínicos: baseados na forma de

apresentação clínica da PEF: pura ou complexa;

b) Exame neurológico: a forma pura deve mostrar

acometimento do feixe córtico espinhal (fraqueza,

espasticidade, hiperreflexia dos membros inferiores,

reflexo extensor plantar), bexiga neurogênica e de

acometimento do cordão posterior (diminuição

da sensibilidade vibratória). A forma complexa

deve vir associada a outros sinais e sintomas

neurológicos;

c) História Familiar: compatível com uma das

formas de transmissão: autossômica dominante,

autossômica recessiva ou ligada ao X;

d) Identificação da mutação patogênica no gene

causador da HSP.

5. Apresentações Clínicas

Com o avanço da genética molecular, fez-se necessária

uma nova classificação da PEF, baseada na forma de

transmissão da doença e na identificação das mutações

patogênicas no gene causador da PEF. Atualmente,

41 loci gênicos distintos foram mapeados e 17 genes

identificados. Esta seção aborda as características

fenotípicas de todos os loci identificados, de acordo com

a forma de transmissão da PEF: autossômica dominante,

recessiva e ligada ao X. O resumo genético e fenotípico

de cada apresentação encontra-se na Tabela 1, 2 e 3.

(4)

Tabela 1. PEF Autossômica Dominante (PEFAD). NOME

LOCUS

GENE

PROTEÍNA IDADE (anos) PAINEL GENÉTICO FENÓTIPO

SPG3A 14q11.2 ATL1 Atlastin 20 - 50 Prevalência na 2a década de vida

Representa 10 a 15%das PEFAD. Mutações predominantes: missense.

Forma Pura. Progressão mais lenta na instalação tardia35, 57. Alguns apresentam Sd Silver: espasticidade, neuropatia axonal e amiotrofia distal.

SPG4 2p22-p21

SPAST

Spastin 1-74

Mais de 150 mutações e polimorfismo relatados2, 53. Os rearranjos gênicos

respondem por 25% das mutações20.

Penetrância pode estar relacionada ao gênero54 e é reduzida e incompleta nos

mais velhos. Haploinsuficiência é o mecanismo patogênico37, 71, que pode

repercutir no crescimento axonal67. A

spastin pode ter papel na replicação e modulação dos microtúbulos49, 66.

Prevalente na fase adulta. Progressão mais veloz em instalação acima de 35anos. Corresponde a 40% das PEFAD. Forma complexa de apresentação, associado a pés cavos, disartria, demência 52,56. Relatos

de esquizofrenia e desordens esquizoafetiva51. SPG6 15q11.1 NIPAI1 - 12-35 - Forma pura55. SPG8 8q23-q24 KIA0196 Strupelim

20-40 Penetrância entre 90 a 100%. Nesse mesmo lócus encontra-se o gene beta1 sintrofina, que expressa a distrofina, responsável pela distrofia de Becker65.

Forma pura. Prevalência 1 a 18:100000 habitantes80.

SPG9 10q23.3-q24.1

-- 1 - 40

-Forma complexa acompanhada de catarata, amiotrofia distal, neuropatia, baixa estatura e refluxo gastresofágico.

SPG10 12q13

KIF5A Kinesin

2 - 51 - Forma complexa, associada à atrofia

distal e neuropatia SPG12 19q13 -1 - 22 - Forma pura SPG13 2q24-q34 HSPD1 HSP60 17 - 68 - Forma complexa SPG17 11q12-q14 BSCL2 Seipin

8 - 40 Pertence ao espectro das desordens ligadas ao BSCL2: Sd Silver, Charcot-Marie-Tooth Tipo2 e neuropatia Motora Hereditária Tipo V.

Forma complexa com pés cavos e amiotrofia distal. SPG29 1p31. 1-21.1 -11-30

- Forma complexa, que inclui déficit

sensorial auditivo, hérnia hiatal, pés cavos e hiperbilirrubinemia. SPG31

2p12

REEP1

-1 - 60 Mecanismo patogênico por haploinsuficiência. Alteração na forma e dinâmica do microtúbulo59.

Representa 8% das PEFAD

Forma pura.

SPG33

--

-

Polimorfismo descrito em família alemã.

Forma complexa associada a pés cavos e espasticidade progressiva. SPG42 3q24-q26 SLC33A1 - 4 - 42 - Forma pura SAX 1 12p13 -- 10 - 20

- Forma complexa com espasticidade

e ataxia

(5)

Tabela 2. PEF Autossômica Recessiva (PEFAR). NOME LOCUS GENE PROTEÍNA IDADE

(anos) PAINEL GENÉTICO FENÓTIPO

SPG5A 8p12-q13

CYPB1

- 1-30

Haploinsuficiência da CYPB1 leva ao nível anormal de oxisterol com degeneração do neurônio motor superior8,62. Forma pura. SPG7 16q24.3 SPG7 Paraplegin 8-42

A paraplegin pode estar associada à disfunção mitocondrial50. A

proteína codificada é homóloga à ATPase mitocondrial60. Biópsias

musculares em pacientes com mutação paraplegin, mostraram defeitos mitocondriais do tipo

OXPHOS.

Ambas as forma: pura e complexa (disartria, disfagia, palidez do disco óptico, ataxia, nistagmo, estrabismo, disacusia, escoliose, pés cavos, neuropatia sensitivo-motora e amiotrofia).

SPG11 15q13-q15

KIAA1840

Spatacsin 4-21

PEFAR mais frequente na população europeia. O gene KIAA1840 codifica a proteína spatacsin,cuja função é desconhecida. As principais mutações são reconhecidas por sequenciamento encontradas nos éxons. A prevalência estimada é de 18,9% de todos os casos de PEFAR73.

Espasticidade progressiva, fraqueza nos membros inferiores e leve retardo mental, com dificuldade de aprendizagem na infância e declínio cognitivo progressivo70. Achados menos frequentes incluem nistagmo, movimentos oculares sacádicos, pés cavos, escoliose, envolvimento pseudobulbar, com disartria e disfagia, além de bexiga neurogênica e neuropatia sensitivo-motora. Há relato de casos de síndrome parkinsoniana associada ao SPG11 com baixa resposta a Levodopa5. A SPG11 é a PEFAR associada a corpo caloso fino, mais frequente nos povos do Mediterrâneo75.

SPG14 3q27-q28

-- 30

- Forma complexa com retardo mental e

neuropatia motora distal.

SPG15 14q22-q24

ZFYVE2

Spastizin 8-35

Segunda forma mais frequente de PEF complexa associada ao corpo caloso fino.

Forma complexa, associada à Síndrome de Kjellin: maculopatia pigmentada, amiotrofia distal, disartria, retardo mental, ataxia cerebelar, atrofia cerebral e corpo caloso fino, evoluindo para cadeiras de rodas32.

SPG20 13q12.3

SPG20

Spartin 1-10

A spartin contém domínio MIT, cuja localização pode ser mitocondrial, nuclear ou citoplasmática45.

Também conhecida como Síndrome de Troyer, é caracterizada por tetraparesia espástica, disartria, amiotrofia distal, baixa estatura e dificuldade de aprendizagem, com atraso do desenvolvimento psicomotor. Além dos Amishs, também foi identificada em outras regiões, como em Omani47.

SPG21 15q22.31

SPG21

Maspardin 1-30

- Associada à Síndrome “Mast”: demência,

sinais cerebelares, extrapiramidalismo, corpo caloso fino e lesões na substância branca. Alterações na marcha e disfunção cognitiva desde infância

SPG23 1q24-q32

-- 1

- Conhecida como Síndrome de Lison, tem

início na infância com pigmentação anormal da pele, dismorfismo facial e esquelético, declínio cognitivo e tremor.

(6)

NOME LOCUS

GENE PROTEÍNA

IDADE

(anos) PAINEL GENÉTICO FENÓTIPO

SPG24 13q14

-- 1

- Forma pura, associada a sinais

pseudobulbar e disartria. SPG25

6q23-q24.1

-- 30-46

- Associada à catarata e ao prolapso dos

discos intervertebrais. SPG26 12p11.1-12q14 -- 6-11

- Forma complexa com paraparesia distal

progressiva, disartria, amiotrofia distal nos quatro membros e déficit cognitivo. SPG27

10q22.1-10q24.1

-- 25-45

- Forma complexa, associada a sinais

cerebelares, neuropatia, retardo mental, microcefalia e disartria. SPG28 14q21. 3-q22.3 -- 6-15

- Forma pura de manifestação

SPG30 2q37.3

-- 12-21

- Início na adolescência com forma pura,

evoluindo com neuropatia sensitiva e ataxia secundária à atrofia cerebelar42. SPG32

14q12-q21

-- 6-7

- Forma complexa associada a retardo

mental e corpo caloso fino SPG35

16q21-q23

-- 6-11

- Forma complexa apresentando declínio

cognitivo e epilepsia. SPG39

19p13.3

PNPLA6

- Infância

- Fraqueza nas extremidades dos quatro

membros ARSACS

13q12

SACS

Sacsin 1-70

- Forma complexa de apresentação, ligada à

ataxia, disartria, fraqueza distal, nistagmo, retinopatia e neuropatia.

IAHSP 2q33

ALS2

Alsin 1-2

- Forma complexa de manifestação,

associada à tetraplegia, disfagia e disartria. ARSAL

-- Variável

- Forma complexa com ataxia e

leucodistrofia. SAX2

-- Variável

- Associada a ataxia cerebelar e disartria

SPOAN

--

Infância

Forma complexa, caracterizada por paraplegia espástica, atrofia óptica e neuropatia, e está associada à contratura progressiva das articulações e à deformidade da coluna vertebral. Evolui com neuropatia progressiva até a adolescência e disartria até a 3ª década de vida33.

(7)

6.Fisiopatologia

Os mecanismos fisiopatológicos que explicam

a degeneração a xona l na PEF são diversos e

ainda pouco compreendidos. Os cincos processos

fisiopatológicos e moleculares envolvidos são:

24, 28, 38, 63, 74

1º Mutação de gene de proteínas que compõem a

membrana da mielina;

2º Diferenciação embrionária do feixe córtico

espinhal;

3º Deficiência da fosforilação oxidativa;

4º Transporte axonal;

5º Desorganização do citoesqueleto.

7. Neuropatologia

O exame neuropatológico da PEF revela degeneração

axonal primária na medula espinhal, que é máxima na

parte terminal dos feixes córtico espinhais (na região

tóraco-lombar) e das fibras da coluna dorsal (na região

cervico-bulbar). Fibras espino-cerebelares podem

estar envolvidas em menor extensão

12, 27

. Os números

de neurônios motores corticais, de células da ponta

anterior da medula, dos gânglios das raízes dorsais, as

raízes posteriores e os nervos periféricos são normais

na PEF pura

12

.

Dois relatos de autópsia de pacientes com PEF

associado a corpo caloso fino mostraram atrofia

cerebral importante, atrofia do córtex cerebral e da

substância branca. Na microscopia, foram observadas

a perda neuronal, a gliose na substância branca, e a

neurodegeneração do feixe córtico-espinhal, do tálamo

e da substância branca.

Na medula espinhal, observou-se a degeneração tanto

dos feixes piramidais quanto da coluna dorsal, associada

à perda importante de células da ponta anterior

43, 58

(Figura 1 e 2).

NOME LOCUS GENE PROTEÍNA IDADE

(anos) PAINEL GENÉTICO FENÓTIPO

SPG1 Xq28

L1-CAM

-1-5

-

Caracterizada por hidrocefalia, retardo mental,

espasticidade das pernas e adução do polegar. Pertence ao espectro fenotípico da Síndrome L1, que inclui: hidrocefalia com estenose do aqueduto de Sylvius ligado ao X, Síndrome “MASA” (retardo mental, afasia, paraplegia espástica e adução do polegar) e agenesia do corpo caloso ligado ao X.

SPG2 Xq21

PLP

-1-18 Mutações (duplicações) deste gene também originam a doença de Pelizaeus-Merzbacher. A variação fenotípica entre as doenças de Pelizaeus-Merzbacher e SPG2 PEF é resultado da expressão fenotípica de duas proteínas de conformação similar: proteolipoproteína 1 (PLP1) e a DM20.

Forma complexa de apresentação, associada

à neuropatia periférica e a lesões da

substância branca na neuroimagem.

SPG16

Xq11.2

-

-1-5 - Associada à afasia, visão reduzida, retardo mental

e disfunção esfincteriana. AHDS

Xq13.2

-Infância - Caracterizada por hipotonia da musculatura

cervical na infância, retardo mental, disartria, ataxia e paraplegia.

(8)

8. Exames Complementares

8.1. Avaliação Laboratorial

Estudos laboratoriais de rotina, incluindo a vitamina

B12, sorologia para ácidos graxos de cadeia longa, lactato,

piruvato e exame de rotina líquido cefalorraquidiano,

são normais na PEF pura.

8.2. Neuroimagem

A ressonância magnética (RM) da medula espinhal

pode ser normal ou mostrar atrofia

40

especialmente nos

segmentos cervical e torácico

72

, sendo a atrofia mais

intensa nas formas SPG6 e SPG8

39,80

(Figura 3). A RM

do cérebro é geralmente normal na PEF pura, podendo

haver atrofia cerebral global nas formas complexas de

apresentação

41

. Indivíduos com a forma autossômica

recessiva da PEF podem apresentar corpo caloso fino,

conforme descrito no Japão e também no Brasil

77

, além

de redução volumétrica cerebral e cerebelar

29

.

Figura 1. Corte transversal de medula cervical. Degeneração dos feixes espino-cerebelar e do feixe lateral córtico espinhal e do fascículo grácil (Fonte: Nomura et al., 2001)

Figura 2. Achado macroscópico do cérebro. Achado macroscópico do cérebro. (a) Atrofia difusa do cérebro. (b) e (c) Cortes coronal e horizontal mostrando redução do volume da substância branca e afilamento do corpo caloso (setas brancas) (Fonte: Nomura et al., 2001).

(9)

Na PEF SPG4, já foram descritos na RM de crânio

atrofia leve do vermis cerebelar e atrofia do corpo

caloso

20

.

A RM ajuda a distinguir a SPG11 de outras formas

de PEF. A atrofia do corpo caloso é a característica

mais constante, não progressiva e, entretanto não

patognomônica na neuroimagem. Além disso, também

são observadas atrofias do córtex, do tronco cerebral e

do cerebelo, além de sinais hiperintensos na substância

branca periventricular

13 73

. Não há diferença aparente

entre a perda volumétrica do corpo caloso na SPG 11 e

na SPG15, sendo essa perda bem pronunciada no joelho

e no tronco do corpo caloso. As lesões de substância

branca e a atrofia cortical são comuns em ambas as

formas

70

(Figura 4).

A análise do metabolismo cerebral através do PET

pode ajudar a delimitar a área de hipometabolismo na

PEF e encontrar pontos de lesão cerebral. No Japão,

pacientes com PEF autossômica recessiva associada a

corpo caloso fino apresentaram baixo metabolismo

na região anterior do tálamo, responsável pelo

declínio cognitivo nessas formas de apresentação

78

.

O PET também detectou hipometabolismo na região

paracentral do lobo frontal.

68

Na PEF autossômica recessiva associada a corpo

caloso fino, a análise de espectroscopia da substância

branca apresentou alterações metabólicas, com redução

das concentrações do N-acetil-aspartil-glutamato,

da creatina, da fosfocreatina e da colina, além de

níveis elevados de mio-inositol. A imagem do tensor

de difusão (ITD) mostrou aumento na difusão e

redução da anisotropia fracionada na substância

branca periventricular. Essas alterações metabólicas

e estruturais são condizentes com perda neuroaxonal

na substância branca e proliferação astrocitária, o que

corrobora a hipótese de disfunção do transporte axonal

como mecanismo patológico da PEF associada a corpo

caloso fino

19

.

8.3. Biópsia Muscular

Alguns indivíduos com PEF autossômica recessiva,

devido a mutações do gene paraplegin mostraram

fibras vermelhas rasgadas e fibras C citocromo oxidase

negativas. Biópsias de músculo em PEF autossômica

dominante vinculada a cromossomos 2 p, 8q, 14q e 15q

foram normais

25

.

8.4. Avaliação Eletrofisiológica

Estudos eletromiográficos e da condução nervosa

são geralmente normais na PEF pura. As alterações

Figura 3. RM coluna torácica. Corte Sagital em T1 mostrando atrofia difusa da medula espinhal torácica (setas) (Fonte: Biancheri et al., 2009).

Figura 4. RM crânio em SPG 15. Corte Sagital em T1 mosatrando atrofia de corpo caloso (Fonte: Schüle et al., 2009).

(10)

eletrofisiológicas encontradas são as do potencial

evocado motor (PEM) dos membros inferiores, que

está ausente, reduzido ou prolongado

18,61,69

(Figura 5).

Também ocorrem alterações do potencial evocado

somato-sensitivo (PESS) nestes membros, com resposta

ausente, reduzida ou lentificação da velocidade de

condução motora, enquanto os das extremidades

superiores são geralmente normais. O PESS dos

membros inferiores tem os valores da amplitude e da

velocidade de condução significativamente diferentes

quando se compara com a população em geral

75

. No

entanto, não se pode estabelecer uma relação entre

os achados do PESS e a gravidade da fraqueza e da

espasticidade, não se devendo utilizá-lo como teste

neurológico quantitativo na avaliação nos pacientes

1

.

Na PEF SPG11 os estudos eletrofisiológicos mostram

presença de neuropatia sensitivo-motora axonal,

observada principalmente após 10 anos de evolução

73

.

A avaliação da condução motora central pela

estimulação magnética cerebral transcraniana é

considerada normal na PEF pura

14

.

8.5. Diagnóstico Molecular

Esta seção apresenta a diretriz da European Federation

of Neurological Societies, de 2010, para o uso apropriado

da genética molecular no diagnóstico da PEF, de acordo

com as seguintes formas

31

:

8.5.1. Formas dominantes

1º Pacientes com PEF pura e histórico familiar de

paraparesia espástica devem ser testados para SPG4

(nível B de evidência). Devido à grande variabilidade

de mutações neste gene, faz-se necessário o seu

escaneamento completo

48

.

2º Aplicar ensaio com a sonda de amplificação

(MLPA) para avaliar as deleções genômicas (nível

B), caso sequenciamento direto do gene SPAST seja

negativo

7, 37

. Se o ensaio com a sonda for negativo, o

sequenciamento

do SPG7 pode ser proposto (nível C).

3º Em indivíduos com a forma pura e início antes dos

20 anos, é recomendado o sequenciamento da Atlastin

(SPG3) (nível B).

Os sequenciamentos do REEP1 e KIF5A podem

ser considerados nas famílias com forma dominante

de transmissão, particularmente quando há neuropatia

presente, mas com resultados negativos nos testes de

mutação acima referidos (nível C de evidência).

8.5.2. Formas ligadas ao X e formas recessivas

1º Testes de mutações para L1-CAM e PLP (SPG1

e SPG2) devem ser propostos no início precoce das

formas complexas de PEF com achados radiológicos

típicos (nível B).

2º Testes moleculares primeiramente para SPG11 e

depois para SPG15 são recomendados em PEF recessivo

associado a corpo caloso fino (nível B).

3º O SPG7 pode ser testado, especialmente quando

sinais cerebelares estão presentes (nível C).

Para outras formas recessivas ou ligadas ao X,

nenhuma recomendação geral pode ser dada.

9. Diagnósticos Diferenciais

A maioria dos casos, a PEF é um diagnóstico de

exclusão e devem ser afastadas as principais doenças

listadas no painel abaixo, que podem mimetizar a

doença em questão (Painel).

A PEF SPG3 deve ser diferenciada da PEF SPG4.

Os principais diagnósticos diferenciais da SPG11 são

as PEF com presença de corpo caloso fino no exame de

RM cerebral (SPG15, SPG21, SPG32, SPG4 e SPG7).

10. Tratamento

Até o momento, não há tratamento específico para

a PEF. O estudo molecular das mutações genéticas

relacionadas à PEF fornece ferramentas importantes

para o desenvolvimento farmacogenético na descoberta

de novas drogas para o tratamento da PEF

15, 82

.

No entanto, medidas terapêuticas devem ser tomadas

para melhorar a qualidade de vida, principalmente

Figura 5. PEM de membro inferior. Estimulação transcraniana do córtex com registro de PEM em membro inferior. A resposta da amplitude é baixa e a latência lentificada (Fonte: Pelosi et al., 1991).

(11)

d) Uso de drogas para reduzir o clônus e a espasticidade

muscular:

l

Benzodiazepínicos ou tizanidina,

l

Baclofeno intratecal

3

,

l

Dantroleno,

l

Injeção de Botox para desnervação química

34

.

11. Prognóstico

Embora a PEF pura não encurte o tempo de vida,

a maioria dos indivíduos experimenta um distúrbio

lento e progressivo da marcha, especialmente aqueles

cujos sintomas iniciaram na infância, sendo que alguns

casos, principalmente os de herança recessiva, podem ir

precocemente para cadeira de rodas.

12. Aconselhamento Genético

A PEF é transmitida por herança genética, através das

formas autossômica dominante, autossômica recessiva

ou ligada ao X.

Deve-se tomar muito cuidado ao aconselhar um

indivíduo com suspeita de PEF, mas sem história

familiar prévia. Alguns desses indivíduos podem ter

um dos diagnósticos diferenciais listados anteriormente.

Existe também a possibilidade deste indivíduo

apresentar a forma autossômica dominante, mas com

baixa penetrância familiar, ou de ter uma mutação de

novo, ter falsa paternidade ou ainda de ser adotado

22

.

A Tabela 4 mostra o risco dos parentes de primeiro

grau do indivíduo com PEF de também terem ou

herdarem a mutação para PEF

22

.

13. Teste Pré-natal

A avaliação pré-natal é possível através da análise

do DNA extraído de células fetais, obtidas por

amniocentese, que é realizada entre a 15

a

e a 18ª semana

gestacional; ou através da biopsia do vilo coriônico, entre

a 10ª e a 12ª semana gestacional.

Conclusão

A PEF é uma doença hereditária e degenerativa, de

transmissão mendeliana, que acomete principalmente

as vias distais do feixe córtico espinhal e do cordão

posterior, através de mecanismos fisiopatológicos que

necessitam de maior elucidação.

Esta doença apresenta uma riqueza de manifestações,

principalmente as formas clínicas complexas. Essa

variedade de apresentações clínicas deve-se a diversas

formas de mutações gênicas que vêm sendo descritas

Painel. Diagnósticos Diferenciais da PEF INÍCIO NA INFÂNCIA

Distonia responsiva a Levodopa Esclerose Múltipla

Estrutural

Malformação de Chiari, subluxação atlanto-axial Infecções

Mielite Leucodistrofia

Doença de Krabbe, adrenomieloneuropatia, leucodistrofia metacromática

Metabólico

Deficiência de arginase, abetalipoproteinemia Paralisia Cerebral

INÍCIO NA IDADE ADULTA Adrenoleucodistrofia Ataxia de Friedreich Ataxias Espinocerebelares30,36 Deficiência de cobre Deficiência de vitamina B12, E

Distonia responsiva à Levodopa Esclerose lateral amiotrófica26, 76 Esclerose lateral primária11, 26,76 Esclerose Múltipla

Infecção

Mielite, Sífilis, HTLV, HIV Malformação arteriovenosa dural Malformação de Chiari

Neoplasia

Tumor primário/secundário medular Meningioma parasagital

quanto à espasticidade, que atua diretamente na

amplitude e velocidade dos movimentos dos membros

10

:

a) Regime diário de atividades físicas direcionadas para

a melhoria do condicionamento cardiovascular,

da força muscular e da marcha. Redução da

espasticidade através do alongamento muscular.

b) Terapia ocupacional.

c) Uso de apoio para caminhar e órtese para tornozelo

e pé.

(12)

através de testes genéticos e moleculares, o que tem

contribuído para o esclarecimento da fisiopatologia da

doença.

Dessa forma, para o diagnóstico definitivo da PEF,

não basta apenas o diagnóstico clínico, mas também

o teste genético confirmatório, que ajuda a identificar

o alelo mutante e sua respectiva proteína causadora da

doença.

Tabela 4. Risco de herança da mutação dos familiares do portador da PEF.

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PEFAD PEFAR PEFX

Pais do portador Um dos pais tem PEF Pais são heterozigotos Mãe heterozigota

Irmãos do portador 50% se apenas um dos pais tem a mutação.

25% para PEF, 50% para portador assintomático e 25% de não ser carreador da mutação.

50% para cada irmão, sendo que irmão apresenta a doença, enquanto que a irmã é carreadora assintomática.

Filhos do portador 50% para cada filho Obrigatoriamente heterozigoto.

Todas as filhas são carreadoras e todos os filhos são assintomáticos.

PEFAD: Paraplegia Espástica Familiar Autossômica Recessiva; PEFAR: Paraplegia Espástica Familiar Autossômica Recessiva; PEFX:

Paraplegia Espástica Familiar Ligada ao X.

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