• Nenhum resultado encontrado

Sistema Signwriting de grafia das Línguas de Sinais: Desafios do ensino-aprendizagem em ambientes virtuais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Sistema Signwriting de grafia das Línguas de Sinais: Desafios do ensino-aprendizagem em ambientes virtuais"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

Sistema Signwriting de grafia das Línguas de Sinais: Desafios

do ensino-aprendizagem em ambientes virtuais

Severina Batista de Farias Klimsa1 (UFPB/UFPE)

Bernardo Luís Torres Klimsa2 (UFPB/IFPE)

Resumo:

As línguas de sinais são línguas naturais das pessoas surdas, sendo utilizada como forma de expressão e comunicação da comunidade surda de um determinado país. Porém, é de todo impossível escrever estas línguas através de um alfabeto comum como o da Língua Portuguesa. Em 1974, surge nos Estados Unidos o SignWriting, um sistema de escrita das línguas gestuais, contrariando a ideia de que as línguas espaço-visuais não poderiam ter uma representação gráfica. Em 2006, no Brasil, com a criação do curso de graduação em Letras/Libras, a escrita de sinais foi introduzida na matriz curricular como disciplina obrigatória para a licenciatura e o bacharelado. Surgem então os desafios do ensino-aprendizagem de uma língua tridimensional no ambiente virtual do referido curso. Assim, iniciamos uma investigação sobre processo de ensino-aprendizagem da escrita de sinais com os recursos tecnológicos disponíveis no ambiente virtual do curso de Letras/Libras da UFPB. Os resultados nos mostram que a tecnologia é um meio facilitador com inúmeras possibilidades de ensino-aprendizagem da escrita de sinais. A pesquisa contribui para a formação dos profissionais que atuarão diretamente com pessoas surdas, pois a escrita de sinais possibilita aos surdos escreverem na sua própria língua sem recorrer a uma língua oral.

Palavras-chave: Escrita de Sinais, Signwriting, Surdos,

ensino-aprendizagem

Abstract:

Sign languages are natural languages of deaf people, being used as a form of expression and communication of the deaf community in a given country. However, it is quite impossible to write these languages through a common alphabet as the Portuguese language. In 1974, the United States appears to SignWriting, a writing system of sign languages, contradicting the idea that visual-spatial language could not have a graphical representation. In 2006, in Brazil, with the creation of the undergraduate course of Letras/Libras, writing signs was introduced as mandatory in the curriculum for the bachelor's degree and discipline. Then come the challenges of teaching and learning a language in three-dimensional virtual environment that course. Thus, we initiated an investigation into the teaching and learning of writing signs with the technological resources available in the virtual environment of Letras/Libras of UFPB. The results show us that technology is a means facilitator with numerous possibilities for teaching and learning of writing signs. The research contributes to the

1 Severina Batista de Farias KLIMSA, (Profª Assistente do CE/UFPE. Doutoranda em Linguística – PROLING/UFPB) Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). E-mail: klimsafarias@yahoo.com

2

Bernardo Luís Torres KLIMSA, (Profº. do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFPE. Mestre em Ciências da Linguagem – UNICAP/PE). Instituto Federal de Pernambuco (IFPE). E-mail: bernardoklimsa@gmail.com

(2)

training of professionals who will work directly with deaf people because writing signals enables deaf write in their own language without resorting to an oral language.

Keywords: Writing Signs, Signwriting, Deaf, teaching-learning

Introdução

A escrita é uma das tecnologias de registro que revolucionou a humanidade nas esferas: histórica, econômica, jurídica, política, social, filosófica e cultural, para citar apenas algumas. O fascínio dos povos primitivos por uma forma de expressão que atravessasse as fronteiras geográficas, culturais e temporais, esteve presente em muitas civilizações, não sendo possível definir, ao certo, quem teve, pela primeira vez, essa brilhante ideia de documentar a fala, o pensamento e o sentimento do ser humano.

Os pictogramas, ideogramas, rebus, hieróglifos e o sistema cuneiforme mesopotâmico, foram alguns dos predecessores da escrita alfabética, utilizada na contemporaneidade, que consiste na representação dos fonemas através de grafemas. Essa escrita alfabética que, por séculos, mostrou-se prática e produtiva no registro de uma grande diversidade de Línguas Orais, revela-se, contudo, ineficiente para o registro das Línguas de Sinais.

Por isso, outros sistemas de escrita específicos para as Línguas sinalizadas vêm sendo desenvolvidos, experimentados e divulgados, tornando a Escrita de Sinais objeto de pesquisa e temática de diversas produções bibliográficas.

Bruno e Sá (2008, p. 415) enfatizam que devido aos problemas encontrados durante a sua alfabetização no ensino fundamental e médio, “a maioria dos surdos não consegue ter seu desenvolvimento linguístico assegurado”, visto que a educação oferecida a estes sujeitos ter sido prejudicada pela inadequação das aquisições “de aprendizagem e da organização do sistema de ensino”. Por isso, os surdos têm dificuldades para compreender e se comunicar usando a língua portuguesa, “pois as aulas são ministradas de forma oral, consequentemente, os

(3)

conteúdos trabalhados na sala nem sempre se tornam acessíveis para esses alunos” sendo necessário um tratamento diferenciado a esses alunos como na elaboração de material com conteúdos pedagógicos em Língua Brasileira de Sinais - Libras.

No Brasil com a criação do curso de graduação em Letras/Libras pela Universidade Federal de Santa Catarina em 2006, uma nova possibilidade surge com a inclusão da disciplina de escrita de sinais visando proporcionar aos estudantes do curso o aprendizado de uma escrita visual.

Por se tratar de um curso de formação de professores, o aprendizado da escrita da Libras por seu alunado vem suprir uma necessidade de alfabetização de crianças surdas diretamente em língua de sinais, proporcionando assim uma maior desempenho escolar visto que poderá escrever diretamente em escrita de sinais.

Pensando nesta possibilidade, a proposta deste trabalho visa analisar como se deu o processo de ensino-aprendizagem da Escrita da Língua Brasileira de Sinais no curso de graduação em Letras/Libras da UFPB Virtual por alunos surdos e ouvintes matriculados na disciplina de Escrita de Sinais I e Escrita de Sinais II.

Feita esta breve introdução, passemos, então, a fundamentação teórica deste artigo em que mostraremos como surgiu o sistema de escrita de sinais e como este sistema funciona. Em seguida, apresentamos o percurso metodológico, para, então, vir a análise dos dados. Por fim, são tecidas algumas considerações finais sobre a temática e apresentadas as referências utilizadas no artigo.

Surgimento do sistema signwriting

O sistema SignWriting para grafia de línguas de sinais no foi o único capaz de grafar fonemas de uma língua visual-gestual. William C. Stokoe foi o primeiro linguista a realizar um estudo sistemático das línguas de sinais nos Estados Unidos, na década de 60, criando uma escrita extremamente técnica capaz de descrever essas línguas. Naquela ocasião, Stokoe conseguiu legitimar o status linguístico desta

(4)

forma de comunicação/interação, uma vez que anteriormente se pensava que as línguas de sinais no eram línguas naturais. O sistema denominado “sistema de notação de sinais de Stokoe” é constituído por um conjunto de símbolos e regras de escrita, definidos para representar os diversos aspectos fonético-fonológicos das línguas de sinais.

O sistema Signwriting foi desenvolvido pela norte-americana Valerie Sutton, por volta da década de 70 e pertence ao Sistema de Escrita e Notação de Movimentos Sutton. Este abrange um variado leque de notações de movimentos estando dividido em cinco grupos, a saber: 1) DanceWriting que regista coreografias de danças; 2) SignWriting que regista línguas gestuais; 3) MimeWriting que regista mímica e pantomima; 4) SportsWriting que regista ginástica, patinagem no gelo e karaté; e, por último, 5) ScienceWriting que regista fisioterapia, movimentos das crianças autistas, linguagem corporal e movimentos de animais. (Capovilla & Raphael, 2001, p. 56).

Valerie Sutton era uma bailarina e o primeiro sistema que inventou foi o dancewriting que lhe permitia escrever os movimentos da dança. Este sistema despertou a curiosidade de alguns dinamarqueses que estavam, no momento, a realizar investigações com o intuito de descobrirem uma forma de escrita da língua gestual. Assim, em 1974 a Universidade de Copenhague convida Valerie Sutton a adaptar à língua gestual o sistema até então desenvolvido. Começa assim a desenvolver-se um sistema que teria por base os cinco pressupostos quirológicos 143 que compõem um gesto: configuração da mão, movimento, pontos de articulação do gesto, localização, orientação da palma da mão e componente não manual ou expressão facial.

De sistema escrito à mão, passou-se a um sistema possível de ser escrito no computador, com o programa Signwriter, criado dentro do próprio movimento Sutton para grafia das línguas visuais. Em 2004 surgiu um programa mais amistoso, facilitando o uso para pessoas com pouco conhecimento de informática, uma vez que utiliza a plataforma Windows. O programa foi desenvolvido por pesquisadores

(5)

da Universidade Católica de Pelotas e denomina-se SWEdit3. Utilizo este programa hoje e o considero muito acessível, possibilitando uso de gravuras em interface com Editores de Texto e programas de Desenho Gráfico. Embora ainda seja uma versão experimental, podemos produzir uma infinidade de materiais em Libras, com o auxílio dele, como veremos adiante.

O SignWriting entrou no Brasil em 1996, com a descoberta de novas possibilidades de uso desta escrita junto ao computador pelo professor Doutor Antônio Carlos da Rocha Costa da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Seu trabalho de pesquisa foi desenvolvido juntamente com as professoras Márcia Borba e Marianne Stumpf, esta na época Doutoranda em Informática na Educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGIE).

Quadros4 afirma que o SignWriting apresenta características de evolução da escrita alfabética, e que, em maio 1998, discutiu-se a possibilidade de padronização da escrita do mesmo sinal, pois logo que o sistema surgiu, cada pessoa escrevia da forma como entendia que um determinado sinal deveria ser escrito graficamente, ou seja, alguns eram mais detalhistas no traçado, outros mais simplistas.

Esta mesma pesquisadora esclarece ainda que processo semelhante aconteceu com a língua inglesa, quando esta começou a ser escrita. Cada pessoa escrevia a palavra de acordo com o som que ouvia, porém com a grafia que considerasse ser a correta, processo este que teve fim com o surgimento da imprensa. Com o estabelecimento de normas referentes à ortografia, passou-se a escrever de forma socialmente convencionada. Segundo Capovilla (2001a, p. 55), quando as convenções ortográficas de uma língua já estão consolidadas, o trabalho de leitura e escrita é imensamente facilitado e as ambiguidades são reduzidas. Um movimento pioneiro e de suma importância para tornar público este sistema no Brasil deve-se à divulgação do Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da

3

Projeto realizado com apoios diversos, do CNPq e da FAPERGS, durante o período 1996-2006. Projeto realizado em estreita ligação como Center for Sutton Movement Writing (http://www.signwriting.org). Disponível em: http://sign-net.ucpel.tche.br/ 4

(6)

Língua de Sinais Brasileira, de autoria dos pesquisadores Fernando Cesar Capovilla e Walkíria Duarte Raphael. Nesta obra, além das explicações formais sobre o sistema Signwriting, pode-se encontrar para cada termo em português a grafia em escrita de sinais, o que possibilita a reflexão e o exercício desta escrita. (Capovilla a, 2001, p.55).

Como funciona a escrita signwriting

Ao contrário da ilustração analógica (receptiva), a escrita SignWriting é feita a partir do ponto de vista do sinalizador: na perspectiva EXPRESSIVA, como se o leitor estivesse atrás do sinalizador, facilitando assim enormemente a leitura:

Figura 01

(7)

As expressões faciais também são escritas na perspectiva expressiva: Figura 02

(8)

Os sinais são escritos na vertical, de cima para baixo: Figura 03

Fonte: Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. Volume 1 Se a linha dos ombros for necessária, ela é descrita:

Figura 04

(9)

Formas de mão básicas:

Figura 05

Fonte: Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. Volume 1 A forma manual, que é o principal parâmetro para configuração de um sinal, é descrita:

Figura 06

(10)

Orientações da mão e da palma:

Figura 07

Fonte: Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. Volume 1

A expressão fisionômica e a expressão do olhar podem ser descritos em detalhes:

Figura 08

Fonte: Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. Volume 1 Os símbolos de contato auxiliam a determinar o tipo de aproximação em relação ao ponto de contato no corpo.

Figura 09

(11)

Eixos imaginários onde ocorre o movimento, gerando todas as setas de direção:

Figura 10

Fonte: Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. Volume 1 Esta escrita possibilita a grafia da Libras preservando seus cinco parâmetros de realização do movimento (Felipe, 2005, p. 23):

a) Configuração das mãos

b) Ponto de articulação: podendo esta estar em um espaço neutro fora do corpo do sinalizador ou ancorado ao próprio corpo

c) Movimento: se existirem ou não, inclusive apontando rapidez ou lentidão do sinal, concomitância ou não das mãos na hora da realização do sinal.

d) Orientação/direcionalidade.

e) Expressões faciais e corporais (indicando inclusive marcações para os olhos, sobrancelhas, língua, etc)

(12)

Um manual deste sistema de escrita pode ser acessado gratuitamente através do site http://sign-net.ucpel.tche.br. Este material é uma tradução parcial e adaptação da versão em inglês, feito pela professora Marianne Rossi Stumpf.

Existe também a possibilidade de escrita do alfabeto manual, bem como dos números:

Figura 11

Fonte: Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. Volume 1

Materiais e Métodos

Segundo Silverman (1993 apud MARCUSCHI, 2001, p.27), o dilema não é escolher a perspectiva quantitativa ou qualitativa da pesquisa: o problema é saber o que se pretende investigar e, consequentemente, quais os melhores caminhos a serem traçados.

Esta pesquisa foi realizada pelos autores durante no período de 2012 e 2013 quando ministraram a disciplina de Escrita de Sinais I e Escrita de Sinais II no curso de graduação em Letras /Libras, curso de licenciatura, modalidade de educação à distância, da Universidade Federal da Paraíba.

Para constituição deste trabalho realizamos um estudo de caráter observacional com abordagem qualitativa, paradigma de pesquisa que trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um universo mais profundo de relações, dos processos e dos

(13)

fenômenos que não supõem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (Minayo, 1993).

Desse modo, desenvolvemos uma leitura da realidade, tendo em vista que os fenômenos apreendidos por esta pesquisa se situam num dado momento histórico e são influenciados pelo campo econômico, político e social de forma mais ampla.

Marcamos, assim, nosso fundamento epistemológico, baseado no pensamento de Morin (2000) que não vê o conhecimento de forma estática. Diz ele:

(...) Se antes as ciências se baseavam na experiência, na observação e na razão, ou seja, no procedimento empírico racional para chegar a um fundamento científico capaz de ser o espelho da realidade e do mundo (...) hoje, somos obrigados a nos situar, reconhecer-nos a nós mesmos para falar da sociedade da qual fazemos parte. Morin (2000, p. 26).

Sendo assim, o ato de produzir conhecimentos deve se constituir num exercício de reflexão que busque caminhar na direção de uma construção de conhecimentos que não esteja embasado num pensamento simplificador. É necessário, como afirma Morin (op. Cit., p. 30), pensar complexo, entendendo que “o conhecimento navega em um mar de incertezas, por entre arquipélagos de certezas”.

Como objetivo, nossa proposta buscou analisar o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem da disciplina de Escrita de Sinais I e Escrita de Sinais II no curso de licenciatura em Letras/Libras da UFPB virtual, mediado pelos recursos tecnológicos disponíveis nos AVEA’s.

O instrumento utilizado foi observações de situações de ensino-aprendizagem da escrita de sinais no ambiente virtual moodle.

Um dos pontos positivos de utilização desta técnica, como observa Richardson (1999), é a possibilidade de obter a informação no momento em que acontece o fato, o que possibilita a verificação detalhada da situação que, se passado algum tempo, poderia ser esquecido pelos elementos que observaram ou vivenciaram o acontecimento.

(14)

Participaram do estudos alunos surdos e ouvintes, matriculados na disciplina de Escrita de Sinais I e Escrita de Sinais II no primeiro e segundo semestre de 2012 e no primeiro semestre de 2013.

O corpus constituiu-se a partir do mapeamento da prática pedagógica dos professores ministrantes das disciplinas citadas e do material didático disponível para o ensino-aprendizagem da disciplina de Escrita de Sinais I e Escrita de Sinais II no AVEA do curso.

Resultados e discussões

O objetivo de visualizar as possibilidades de ensino-aprendizagem da escrita de sinais em ambientes virtuais foi contemplado, pois percebemos que os alunos assimilam à escrita e compreendem bem seus mecanismos de funcionamento mesmo que virtualmente.

Através da escrita, os alunos puderam deixar aflorar sua criatividade, uma vez que estavam livres da necessidade de tradução. Eles usaram a Escrita de Sinais para grafar vocabulários e termos da língua portuguesa, como auxiliares na tradução.

Ao aprender a escrita de Libras, os alunos adquirem uma ferramenta que proporciona e estabelece acesso ao conhecimento aos surdos quando em processo de alfabetização.

Percebemos que o mecanismo de aprendizagem da escrita de sinais foi melhor assimilado pelos estudantes surdos usuários de Libras, visto que a não obrigatoriedade de conhecimento em Língua Brasileira de Sinais para o acesso ao curso, fez com que os discentes sem um mínimo domínio da Libras tivesse maior dificuldade com o aprendizado da escrita.

Os conteúdos das disciplinas foram organizados em unidades temáticas e foi utilizado e software libres SWEdit para a produção de vocabulários, frases e pequenos textos.

(15)

A percepção gramatical da estrutura da Libras foi ampliada, visto que os alunos passaram a se preocupar mais com a forma correta da configuração de mão na hora da realização escrita de um sinal: escrevendo corretamente, passaram a sinalizar melhor.

O tempo disponibilizado para o aprendizado no ambiente, durante o período em que a disciplina foi ministrada dificultou um trabalho mais efetivo de continuidade de uso do sistema. Os alunos foram bastante enfáticos ao narrarem a necessidade de um tempo maior para o aprendizado da escrita e mais aulas presenciais.

A falta de conhecimento que outros profissionais que lidavam diretamente com esses alunos tinham em relação à Escrita de Sinais dificultou muito a expansão do trabalho, visto que os alunos só tinham os professores da disciplina para recorrer.

A Lei de Libras - 10.436, de 24 de abril de 2002 - e sua normatização através do Decreto 5.626, publicada em dezembro de 2005, instituiu, entre outras coisas, que esta língua de sinais deva “ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior – em todas as licenciaturas – e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.

As implicações legais destas determinações foram muitas: novos cursos superiores e de pós-graduação, para dar conta da formação desses professores que estarão atuando nesses espaços; nova reestruturação das escolas que recebem alunos surdos, entre outros. Porém na prática, pouca coisa mudou, havendo a necessidade de se efetivarem práticas pedagógicas reflexivas, que girem realmente em torno das necessidades específicas dos alunos surdos, falantes de Libras. Um novo profissional, principalmente da área de Letras, que irá lidar especificamente com o ensino de línguas, necessitará ser formado para que se atenda a esta demanda existente na escola regular.

(16)

Considerações Finais

As discussões sobre a inclusão do ensino de Escrita de Sinais para alunos surdos ainda é recente e faltam profissionais com este tipo de conhecimento específico, alguns deles ainda em processo de formação.

Graças à tecnologia, a escrita da língua de sinais também pode ser utilizada no computador com o software SW-Edit. Pensa-se que no futuro a escrita da língua de sinais pode chegar até aos celulares e/ou outros programas de computadores e outros novos meios de comunicação.

Pela primeira vez no Brasil, as especificidades linguísticas dos surdos são considerada e tornan-se importantes. A iniciativa deste curso é nova no país e mostra um certo grau de pionerismo. A fortificação da Língua Brasileira de Sinais com a identificação de diferenças regionais é vista como um dos resultados deste curso.

Este curso tem sido um grande sucesso e possibilitou o reconhecimento do MEC que agora apóia sua expansão para uma segunda edição através de um novo vestibular. Esta nova edição deve abranger mais pólos, possibilitando novas áreas do Brasil terem a mesma oportunidade.

Para Belloni (2001, p.74) uma das mudanças proporcionadas pela EAD é a transformação do professor de uma entidade individual para uma entidade coletiva. Na EAD não há um único professor, mas equipes responsáveis pelo planejamento e pela operacionalização da disciplina.

Vale destacar que o uso das tecnologias da comunicação e da informação no ensino da escrita de uma língua espaço-visual, favorece a interação e, consequentemente, o aprendizado e o desenvolvimento nessa língua. Nesse sentido, a construção da disciplina no AVEA contribuí com o processo de ensino-aprendizagem da Libras no Ensino Superior Brasileiro, avançando em relação às práticas tradicionalmente construídas.

(17)

Referências

BELLONI, M. L. Educação a distância. Campinas: Associados, 2001.

BRUNO, Marilda Moraes Garcia; e SÁ, Michele Aparecida. A inclusão de alunos surdos no sistema regular de ensino: uma análise das concepções e reflexões dos professores. In: 9º Encontro de Pesquisa em Educação da ANPED - Centro Oeste. CD ROM nos Anais do 9º

Encontro de Pesquisa em Educação da ANPED - Centro Oeste, Brasília, p. 415-429, 2008.

CAPOVILLA, F. C. e RAPHAEL, W. D. Dicionário Enciclopédico Trilíngue da Língua de

Sinais Brasileira, Volumes I e II. São Paulo: Editora da Universidade São Paulo, 2001.

FELIPE, T. A. e MONTEIRO, M. S. Libras em Contexto – curso básico. 5ª ed. Livro do Professor. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2005.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo. Hucitex, 1993.

MORIN, E. Os setes saberes necessários à educação do Futuro. São Paulo: Cortez. 2000. MARCHUSCHI, Luiz Antônio. Aspectos da questão metodológica na análise verbal: o continuum qualitativo-quantitativo. Revista Latinoamericana de Estúdios Del Discurso 1(1): 2001, p.23-42.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas / Roberto Jarry Richarson; colaboradores. José Augusto de Sousa Peres, (et. Al). São Paulo. Atlas, 1999.

Referências

Documentos relacionados

Após a colheita, normalmente é necessário aguar- dar alguns dias, cerca de 10 a 15 dias dependendo da cultivar e das condições meteorológicas, para que a pele dos tubérculos continue

Por lo tanto, RD no solo debe reconocer su nacionalidad dominicana para disminuir su vulnerabilidad (CIDH, 2005, párr. 25)), pero también restituirlos por el daño inmaterial

E, quando se trata de saúde, a falta de informação, a informação incompleta e, em especial, a informação falsa (fake news) pode gerar danos irreparáveis. A informação é

O objetivo deste trabalho foi estudar a evaporação por meio da transferência de massa no solo, em uma barragem subterrânea submetida às diferentes profundidades do lençol

Tomando-se como base o período de 112 dias de confinamento, também foi calculado o ganho médio de carcaça (GMC), expresso em kg dia -1 , que é obtido pela razão entre GCC

publicação em que Machado de Assis estava inserido, as formulações originais de suas obras e as condições e disposições do regime de produção oferecido pela interação entre

Colhi e elaborei autonomamente a história clínica de uma das doentes internadas no serviço, o que constituiu uma atividade de importância ímpar na minha formação, uma vez

No âmbito da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014) ambiciona-se uma escola renovada, capaz de direccionar a humanidade para um caminho