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A JURISPRUDÊNCIA DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS E SUA APLICAÇÃO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS NACIONAIS

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DIREITOS HUMANOS E SUA APLICAÇÃO NAS

POLÍTICAS PÚBLICAS NACIONAIS

Clovis Gorczevski1

Considerações Iniciais

A ideia de se criar um tribunal para proteger os direitos humanos na América remonta a 9° Conferência Internacional Americana realizada em Bogotá, 1948 - quando a União Pan-Ame-ricana passa a denominar-se Organização dos Estados Americanos – OEA. Na oportunidade, aprovou-se também a Resolução XXXI, denominada “Corte Interamericana para proteger os di-reitos do homem”, na qual se considerou que a proteção desses didi-reitos “deve ser garantida por um órgão jurídico, visto que não há direito devidamente garantido sem o amparo de um tribunal competente”.

Tal pretensão foi alcançada em São José da Costa Rica quando se aprovou a criação da Corte Interamericana de Direitos Humanos2 com competência consultiva e contenciosa para

conhecer sobre qualquer caso relativo a interpretação e aplicação das disposições da Conven-ção Americana sobre Direitos Humanos. A Corte tem sua sede permanente em São José (Costa Rica) e é composta por sete juízes nacionais dos Estados-membros, eleitos por votação secreta pela maioria absoluta da Assembleia Geral da OEA, dentre os juristas da mais alta autoridade e reconhecida competência em matéria de direitos humanos indicados pelos Estados.3

Sua competência consultiva é ampla, prevê que qualquer Estado membro da OEA, parte ou não da Convenção, poderá consultar a Corte sobre a interpretação da Convenção Americana

1 Advogado, doutor em Direito (Universidad de Burgos, 2001), pós-doutor em direito (CAPES – Universidad de Sevilla, 2007), pós-doutor em direito (CAPES – Fundación Carolina – Universidad de La Laguna, 2010). Professor da Universidade de Santa Cruz do Sul.

2 Os Estatutos da Corte Interamericana de Direitos Humanos foram aprovados na Assembleia Geral da OEA em La Paz, em 1979 sendo defi nida em seu artigo 1 como “uma instituição judiciária autônoma, cujo objetivo é a aplicação e a interpretação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos”. A corte instalou-se ofi cialmente em sua sede em São José, Costa Rica em 03 de setembro de 1979. Seu primeiro Regulamento, aprovado em julho de 1980, foi inspirado no Regulamento da Corte Europeia de Direitos Humanos que, por sua vez, havia ado-tado o modelo de Regulamento da Corte Internacional de Justiça. A fi m de agilizar seus procedimentos a Corte alterou seu Regulamento em 1991, mais tarde, em 16 de setembro de 1996, a Corte adotou novo Regulamento, que entrou em vigor em 1 de janeiro do ano seguinte. Como principal modifi cação, foi concedido aos representantes das vítimas ou de seus familiares o direito de apresentar seus próprios argumentos e provas na etapa de reparações. Por fi m, em 24 de novembro de 2000, nova modifi cação no Regulamento da Corte. Esta reforma entrou em vigor em 1 de janeiro de 2001 e introduziu uma série de medidas destinadas a permitir às supostas vítimas, seus familiares ou representantes a participação direta em todas as etapas do processo.

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ou de outros Tratados concernentes à proteção dos direitos humanos nos Estados Americanos. Também, por solicitação de qualquer Estado membro a OEA, a Corte emitirá parecer sobre a compatibilidade de qualquer de suas leis internas e os instrumentos jurídicos internacionais.

Quanto ao contencioso, a Corte tem competência limitada. Somente poderá atuar quan-do: (a) o Estado envolvido tenha ratifi cado a Convenção Americana de Direitos Humanos; (b) tenha reconhecido ou reconheça sua competência4; (c) quando a Comissão Interamericana

te-nha completado sua investigação e, (d) quando o caso for apresentado – pela Comissão ou pelo Estado envolvido no caso – em até três meses após a promulgação do Relatório da Comissão. Neste particular lembra Cançado Trindade5 que “os Tribunais Internacionais de Direitos

Huma-nos existentes – as Cortes Europeia e Interamericana de Direitos HumaHuma-nos – não substituem os Tribunais internos, e tampouco operam como tribunais de recursos ou cassação de decisões dos Tribunais internos. Não obstante, os atos internos dos Estados podem vir a ser objeto de exame por parte dos órgãos de supervisão internacionais”. O processo inicia com a distribuição da demanda junto à Secretaria da Corte, em qualquer idioma ofi cial da corte (espanhol, francês, inglês, português).6 Os ritos processuais são tanto escritos quanto orais. Inicialmente, tanto um

Memorial escrito quanto um Memorial de defesa são apresentados. Eles podem ser acompanha-dos de especifi cações de como os fatos serão provaacompanha-dos ou como as provas devem ser apresen-tadas. Havendo questões legais complexas, os peticionários podem requerer a participação de um amicus curiae.

As deliberações da Corte são secretas e confi denciais, seus julgamentos e opiniões, contudo, são publicados. Quando a Corte decidir que houve violação a um direito ou liberdade protegido pela Convenção, determinará que se garanta ao prejudicado o gozo de seu direito ou liberdade violados. Poderá também, determinar que sejam reparadas as consequências da me-dida, mediante o pagamento de justa indenização à parte lesada, entretanto, a Corte não possui competência para determinar coerções punitivas. Como ensina Belli7, a Corte não é um tribunal

penal e não substitui as ações penais relativas às violações cometidas nos Estados, ela apenas julga se o Estado é ou não responsável por violação à Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Sendo considerado responsável, a consequência é a obrigação de fazer cessar a violação e indenizar a vítima.

As sentenças devem ser fundamentadas, admitindo-se a juntada de voto vencido8; são

defi nitivas e inapeláveis, contudo, havendo divergência quanto ao seu alcance, podem as partes pedir, no prazo de 90 dias, interpretação9 (análogo a embargos declaratórios). A sentença será

lida em audiência pública depois de notifi cadas as partes, e será dado conhecimento a todos

4 O Brasil reconheceu a competência da Corte em 10 de dezembro de 1998.

5 Apud PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 4 ed. São Paulo: Max Limonad, 2000, p. 222. 6 Somente os Estados-Partes e a Comissão têm direito de submeter caso à decisão da corte. Artigo 61

7 BELLI, Benoni. “O Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos”. In: SILVA, Reinaldo Pereira e. Direitos Humanos como Educação para a Justiça. São Paulo: LTr. 1998, p. 166.

8 Estatuto da Corte, artigo 66. 9 Estatuto da Corte, artigo 67.

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Estado-partes da Convenção. Havendo indenização compensatória, a parte interessada poderá executar a sentença no seu respectivo país, pelo processo vigente para a execução de senten-ças contra o Estado.10

No caso do um Estado não dar cumprimento às decisões da Corte esta, “de maneira especial e com as recomendações pertinentes”,11 em seu relatório anual, indicará o caso, e

sub-meterá a consideração da Assembleia Geral da OEA.

O Brasil estava dentre os primeiros Estados a aderir a Convenção Interamericana de Direitos Humanos - Pacto de São José da Costa Rica - aprovado no dia 21 de novembro de 1969 e aberto para assinaturas no dia seguinte, 22 de novembro. Este instrumento entrou em vigor no dia 18 de julho de 1978, quando 11 Estados haviam depositado na Secretaria Geral da OEA seus respectivos instrumentos de retifi cação. O depósito brasileiro ocorreu somente em 25 de setembro de 1992.

Entretanto, ainda que a Constituição Brasileira, denominada de “Constituição Cidadã”, promulgada em 05 de outubro de 1988, se apresente como a mais extensa, democrática e preo-cupada com a concretização dos direitos humanos e fundamentais de toda história nacional; ainda que tenhamos elegido como fundamento do nosso Estado a dignidade da pessoa humana e como princípio a prevalência dos direitos humanos, tornando o país um baluarte dos direito hu-manos, sendo efetivamente, em termos formais, referência a qualquer Estado contemporâneo, enfrentamos sérias difi culdades para concretizar estes ideais. Bem demonstram as Políticas Publicas (ou a falta delas) além do domínio ideológico sobre os valores humanos.

Boas políticas públicas para concretização dos direitos humanos têm sido desenvolvidas a partir de acordos realizados junto a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Neste trabalho, contudo, temos o objetivo de trazer a tona as medidas, atos e ações brasileiras decor-rentes de sentenças propaladas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos condenando o Estado brasileiro por violações. O Brasil foi condenado, pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, em 4 oportunidades:

Caso Ximenes Lopes, (sentença em 04 de julho de 2006)12

Trata-se da primeira condenação do Brasil pela Corte. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciou o Brasil como responsável pela morte violenta de Damião Ximenes Lopes, ocorrida em 04 de outubro de 1999, nas dependências da Casa de Repouso Guararapes, em Sobral, Ceará (instituição psiquiátrica credenciada pelo Sistema Único de Saúde - SUS).

A Comissão alegou que as condições de internação, desumanas e degradantes, além

10 Estatuto da Corte, artigo 68. 11 Estatuto da Corte, artigo 65.

12 Para aprofundar ver: BORGES, Nadine. DAMIÃO XIMENES. Primeira Condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Huma-nos. Rio de Janeiro: Revan, 2009. Sentença integral disponível em http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_149_por.pdf.

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dos maus tratos ali sofridos, levaram Damião, um pobre doente mental, a óbito. Denunciou o Estado brasileiro pela falta de investigação e garantias judiciais no tratamento do caso, além da gravidade dos fatos, não somente pela situação de vulnerabilidade da vítima, mas também em razão da obrigação especial do Estado de garantir proteção às pessoas que estejam sob seus cuidados em clinicas de saúde.

Considerando os fatos retratados, em especial por ser a vítima portadora de doença mental onde o Estado tem a obrigação não somente de impedir violações, mas também de tomar medidas adicionais para sua proteção; a demora do judiciário brasileiro nos processos criminais e cíveis ajuizados pela família, o que denota denegação de justiça, a Corte, por unanimidade, condenou o Brasil por violação do direito à vida, à integridade pessoal, à proteção judicial e as garantias judiciais ao não proporcionar a família da vítima um recurso efetivo para garantir aces-so a justiça, a apuração da verdade, a identifi cação e a punição dos responsáveis.

Determinou ao Estado brasileiro (1) garantir a celeridade da justiça para investigar e pu-nir os responsáveis pela morte de Damião; (2) desenvolver um programa de formação e capaci-tação de profi ssionais voltados ao atendimento de enfermos mentais; (3) pagar uma indenização aos familiares de Damião; (4) publicar a sentença no Diário Ofi cial ou em jornal de circulação nacional.

O Estado providenciou o pagamento da indenização e a publicação da sentença. A fi m de investigar e punir os responsáveis pela morte de Damião, o Estado, em seu Relatório sobre as Medidas Adotadas para o Cumprimento da Sentença informou a Corte que acionou o Conselho Nacional de Justiça – CNJ solicitando que este, dentro de suas competências, tome as providên-cias pertinentes para assegurar maior celeridade à ação penal. Efetivamente, em 2008, a justiça da Comarca de Sobral da por procedente o pedido de indenização por danos morais, à mãe de Damião, condenando a Casa de Repouso Guararapes, o Médico responsável e o diretor da Casa ao pagamento de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). Em 2010 a 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará confi rmou a sentença, dando por improcedente o recurso interposto pelos réus. Recurso ao STJ foi negado em 05 de dezembro de 2012.13

No âmbito penal, foram denunciados pelo crime de maus tratos seguido de morte: o Di-retor da Casa de Repouso, Sergio Antunes Ferreira Gomes; os auxiliares de enfermagem Carlos Alberto Rodrigues dos Santos, Elias Gomes Coimbra e André Tavares do Nascimento; a enfer-meira-chefe Maria Salete Moraes Melo de Mesquita e o médico Francisco Ivo de Vasconcelos, todos condenados em 2009 a seis anos de reclusão cumpridos em regime semiaberto.

Quanto ao desenvolvimento de um programa de formação e capacitação de profi ssionais voltados ao atendimento de enfermos mentais, expressa que realizou grandes mudanças no mo-delo de atenção à saúde mental expandindo signifi cativamente os serviços abertos, comunitários e substitutivos de hospitais psiquiátricos. Instituiu um programa de redução gradual e planejada de leitos, permitindo uma redução signifi cativa de leitos hospitalares e o fechamento de vários hospitais psiquiátricos em péssimas condições de funcionamento. Anunciava que somente entre os anos de 2003 e 2006 desativou 11.826 leitos. Efetivamente foi promulgada a Lei 10.216/2001

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que institui a mudança do modelo de assistência em instituições psiquiátricas por uma rede aberta e localizada na comunidade e o controle externo da internação involuntária. De fato, na realidade limitou-se a cortar a destinação de verbas, fechar hospitais e limitar drasticamente os leitos de internação. Efetivas políticas públicas para o atendimento aos necessitados foram es-quecidas; as executadas são tão tímidas que imperceptíveis. Tudo isso levou a Corte, em 17 de maio de 2010, decidir por manter em aberto o procedimento de supervisão de cumprimento da sentença.

A Casa de Repouso Guararapes sofreu interdição de 120 dias sendo posteriormente fechada, em junho de 2000.

Em termos gerais a condenação do Brasil neste processo serviu para, além de propiciar uma indenização aos familiares de Damião, expor à sociedade nacional e mesmo a internacional o arcaico e medieval tratamento dispensado aos portadores de transtorno mental, bem como pressionar o Estado a empreender reformas nas políticas publicas de atendimento aos portado-res de enfermidade mental.

Caso Escher e outros, (sentença em 06 de julho de 2009)

Neste caso a Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciou o Brasil por escutas telefônicas ilegais de membros de uma Associação de Trabalhadores Rurais, ligada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). A denuncia afi rmava da ilegalidade das escutas por incompetência da autoridade solicitante, da inexistência de decisão fundamentada, da ampliação do objeto da interpretação do excesso na duração da interceptação e da divulgação indevida das gravações.14 Por conseguinte imputava ao Estado Brasileiro violação aos direitos e

garantias judiciais (artigo 8.1 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos), à proteção da honra e da dignidade (artigo 11 da CADH), à liberdade de associação (art. 16), à proteção judicial (Art. 25.1) e a clausula federal (art. 28).

Após análise minuciosa de todos os itens denunciados a Corte, por unanimidade, acatou a denuncia e condenou o Estado a: pagar a cada vítima indenização por dano moral; publicar a sentença no Diário Ofi cial, em jornal de grande circulação nacional e em jornal de ampla circu-lação no Estado do Paraná, além de publicar no site ofi cial da União e do Estado do Paraná e, investigar os fatos que geraram as violações.15

14 A solicitação de interceptação telefônica foi requerida pela Polícia Militar do Estado do Paraná ao Poder Judiciário da comarca de Loanda. O pedido foi deferido de imediato, sem qualquer fundamentação e sem notifi cação ao Ministério Publico. (cabe destacar que somente a Policia Judiciária, a Polícia Federal e o Ministério Público podem requerer quebra de sigilo telefônico). Dias após um segundo pedido foi apresentado, sem qualquer justifi cação. Novamente o deferimento foi imediato, sem qualquer fundamentação. As escutas deveriam ocorrer até o dia 25 de maio de 1999. Em 07 de julho de 1999, todas as conversas oriundas das gravações do período de 14 a 26 de maio e 9 a 30 de junho são divul-gadas a imprensa. (se no primeiro período de interceptação havia nulidade, no segundo sequer ouve autorização judicial). O Ministério Público, ao saber dos fatos requer a nulidade das interceptações, o que é indeferido pelo judiciário. Ver: CEIA, Eleonora Mesquita. “A Jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos e o Desenvolvimento da Proteção dos Direitos Humanos no Brasil”. Op. Cit.

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Em 04 de julho de 2012 a Corte arquiva o caso visto que o Brasil havia cumprido os itens referentes ao pagamento da indenização às vítimas e a publicação da sentença. Quanto a investigação dos fatos que geraram as violações e punição dos culpados, o Brasil alegou impos-sibilidade de investigação posto que os fatos haviam prescrito nos termos do artigo 10 da lei n° 9.296 e do artigo 109, IV do Código Penal Brasileiro. A corte manifestou-se argumentando que em sua jurisprudência não há prescrição para casos que envolvam graves violações de direitos humanos, contudo reconhecia que o presente caso não se revestia de tamanha gravidade pelo que considerou a argumentação do Estado Brasileiro.

O que se pode notar é que o presente caso não contribuiu de nenhuma forma à criação de políticas publicas para proteção aos direitos humanos, até porque a inviolabilidade das co-municações já é um direito constitucionalmente assegurado. Serviu sim, como bem lembra Ceia, para “ressaltar o fato de que o País ainda convive como reminiscências do legado do período militar, durante o qual os grampos telefônicos eram amplamente usados para investigar e moni-torar oposicionistas do regime”.16

Caso Sétimo Garibaldi (sentença em 23 de setembro de 2009)17

Em 27 de novembro de 1998, um grupo de aproximadamente 20 homens, encapuzados e armados, dizendo-se policiais, chegaram, por volta das cinco horas da madrugada, a uma fa-zenda no município de Querência do Norte (Estado do Paraná) ocupada por cinquenta famílias vinculadas ao Movimento dos Trabalhadores sem Terra a fi m de promoverem a desocupação da área de terras invadida. Nesta ação Sétimo Garibaldi é baleado na coxa e, sem atendimento medico, vai a óbito.

Foi aberto o competente inquérito policial para apuração dos crimes de homicídio e porte ilegal de armas por parte do administrador da fazenda, reconhecido por testemunhas, e de for-mação de quadrilha.

Esta investigação durou mais de 5 anos e fi nalmente o inquérito policial foi arquivado em 18 de maio de 2004 sem a denúncia de qualquer responsável, não obstante os fortes e vários indícios de autoria apontados assim como os frágeis álibis apresentados pelos acusados. O pe-dido de arquivamento foi pepe-dido pelo Ministério Publico e deferido pelo Poder Judiciário, ainda que sem fundamentação adequada. Contra tal decisão insurgiu-se a viúva de Garibaldi, que im-petrou Mandado de Segurança em 16 de setembro de 2004, denegado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, em 17 de setembro daquele ano.

O visível desinteresse do Estado na apuração da verdade e a punição dos responsáveis

16 CEIA, Eleonora Mesquita. “A Jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos e o Desenvolvimento da Proteção dos Direitos Humanos no Brasil”. In: R. EMERJ. Rio de Janeiro, v.16, n° 61, jan,-fev,-mar. 2013. Pág. 121. Disponível também em :http://www.emerj.tjrj. jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista61/revista61_113.pdf. Acesso em 10.set.2014.

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leva a Comissão Interamericana de Direitos Humanos a concluir que a morosidade e a falta de diligência no processo de investigação e coleta de provas essenciais, caracterizaram violação aos art. 8.1 (Garantias Judiciais) e 25.1 (Proteção Judicial) em relação com o art. 1.1 da Con-venção Interamericana de Direitos Humanos e, portanto, em 24 de dezembro de 2007 submete a Corte uma demanda contra a República Federativa do Brasil.

Durante o processo, além dos escritos principais, foram analisadas declarações de tes-temunhas e parecer de um perito. Considerando as circunstâncias particulares do caso a Corte convocou a Comissão, os representantes e o Estado a uma Audiência pública para ouvir-se o depoimento de mais duas testemunhas e de dois peritos, recebeu também, na qualidade de ami-cus curiae, escritos de três entidades: da Clinica de Direitos Humanos da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, da Coordenação de Movimentos Sociais do Paraná e do Núcleo de Direitos Humanos da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Com base nas provas apresentadas, depoimentos e alegações, a Corte expressou sua preocupação pelas graves falhas e demoras no inquérito do presente caso, mormente sendo as vitimas pertencentes a um grupo vulnerável, e destacou que a impunidade propicia a repetição das violações de direitos humanos. Em seu entender, não houve convocação de importantes testemunhas, que seriam vitais para esclarecer os fatos uma vez que presenciaram toda a ação. A Corte advertiu também ao fato de que algumas diligências requeridas pelo Ministério Público e a própria autoridade policial, deixaram de ser cumpridas. Ademais, o pedido de arquivamento requerido pelo Ministério Público baseou-se em informações de um escrivão de polícia que de-clarou haver divergências entre as declarações das testemunhas ouvidas, tendo a promotoria acatado e informação sem contestações e renunciando a ação punitiva do Estado.18

Assim, por unanimidade, concluiu que as autoridades brasileiras, além de extrapolarem o prazo razoável de investigação, não atuaram com a necessária diligência na apuração do fato e condenaram o Estado brasileiro a: (a) publicar a sentença no Diário Ofi cial ou em jornal de ampla circulação nacional e em jornal de ampla circulação no Estado do Paraná, além da publicação da integra da sentença na pagina ofi cial da União e do Estado do Paraná; (b) conduzir efi cazmente e dentro de um prazo razoável o inquérito e qualquer processo que chegar a abrir como conse-quência deste. Investigar, também as eventuais falhas funcionais dos agentes encarregados do inquérito; (c) pagar indenização por danos morais e materiais à viúva e fi lhos da vitima fatal.

Em 20 de abril de 2009 o Ministério Público requereu o desarquivamento do inquérito e a realização de novas diligências com base no surgimento de novas provas especialmente as declarações de testemunhas junto a Corte Interamericana. Os autos então foram desarquivados. Entretanto, passados mais de 15 anos do assassinato de Sétimo Garibaldi, os fatos ainda não foram devidamente esclarecidos assim como os responsáveis ainda não identifi cados.

Ainda assim, em fevereiro de 2012 a Corte determinou o arquivamento do processo considerando que o Brasil havia cumprido os pontos referente a publicação da sentença e pa-gamento por danos morais e matérias aos familiares da vitima. Quanto a investigação dos pro-cedimentos funcionais reconheceu que o Brasil havia realizado investigações administrativas e,

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não encontrando motivações dolosas determinou seu arquivamento. A Corte, não dispondo de provas que indiquem falhas no procedimento administrativo brasileiro acatou as alegações do Estado.

Este fato, assim como o anterior, não contribuiu para a execução de Políticas Públicas. O aspecto positivo – se assim pode-se dizer – foi chamar a atenção da sociedade em geral para as constantes violações dos direitos fundamentais, principalmente de integrantes de grupos excluí-dos. Estas violações são consequências da injustiça social, da violência e da impunidade ainda muito presentes na sociedade brasileira.

Caso Gomes Lund e outros (sentença em 24 de novembro de 2010)19

A sentença referente a Guerrilha do Araguaia trata-se do mais complexa e delicada deci-são sobre a violação de direitos humanos no Brasil. Em 26 de março de 2009, a Comisdeci-são Intera-mericana de Direitos Humanos denunciou o Estado Brasileiro pela detenção arbitrária, tortura e desaparecimento forçado de 70 pessoas realizada pelo Exército brasileiro nas ações de repres-são ocorridas entre 1972 e 1975. Denunciou também que o Estado brasileiro não investigou tais atos visando a punição dos responsáveis amparado na lei nº 6.638 de 1979, denominada Lei da Anistia. Desta forma denunciou o Estado por violação do direito ao reconhecimento da persona-lidade jurídica, direito à vida, direito à integridade pessoal, direito à liberdade pessoal, direito às garantias judiciais, direito à liberdade de pensamento e expressão e direito à proteção judicial.

Pelas provas apresentadas e pelas alegações das partes, a Corte concluiu não haver controvérsia quanto aos desaparecimentos forçados dos integrantes da guerrilha do Araguaia, nem da responsabilidade do Estado a esse respeito. Asseverou que a prática dos desapareci-mentos implica frequentemente, na execução dos detidos, em segredo e sem julgamento, segui-da segui-da ocultação do cadáver, com o objetivo de eliminar tosegui-da pista material do crime e buscar a impunidade daqueles que atentaram contra a vida.

Assim, não ignorando que o Brasil reconheceu a competência contenciosa da Corte em dezembro de 1998 e, que em sua declaração expressou que a Corte teria competência para analisar fatos posteriores a esse reconhecimento, a Corte invocando sua jurisprudência asseve-rou que o caráter contínuo ou permanente do desaparecimento forçado de pessoas se alonga durante todo o tempo em que o fato continua. O ato de desaparecimento e sua execução se iniciam com a privação da liberdade da pessoa e a subsequente ausência de informações sobre seu destino e permanece enquanto não se conheça o paradeiro do desaparecido e os fatos não tenham sido devidamente esclarecidos. Logo, a competência da Corte atinge sim o presente caso e conclui então que o Brasil é responsável pelo desaparecimento forçado. Quanto a Lei da Anistia declarou expressamente que: “As disposições da Lei de Anistia brasileira que impe-dem a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos são incompatíveis com

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a Convenção Americana, carecem de efeitos jurídicos e não podem seguir representando um obstáculo para a investigação dos fatos do presente caso, nem para a identifi cação e punição dos responsáveis, e tampouco podem ter igual ou semelhante impacto a respeito de outros ca-sos de graves violações de direitos humanos consagrados na Convenção Americana ocorridos no Brasil”.

Por tudo isso e por unanimidade a Corte condenou o Estado Brasileiro a:

a) conduzir efi cazmente, perante a jurisdição ordinária, a investigação penal dos fatos do presente caso a fi m de esclarecê-los, determinar as correspondentes responsabilidades penais e aplicar efetivamente as sanções e consequências que a lei preveja.

b) realizar todos os esforços para determinar o paradeiro das vítimas desaparecidas e, se for o caso, identifi car e entregar os restos mortais a seus familiares.

c) oferecer o tratamento médico e psicológico ou psiquiátrico que as vítimas requeiram. d) publicar no Diário Ofi cial a da sentença. Além de: a) publicar o resumo ofi cial da Sen-tença em um diário de ampla circulação nacional, e b) publicar na íntegra a presente Sentença em um sitio eletrônico adequado do Estado, levando em conta as caracterís-ticas da publicação que se ordena realizar, a qual deve permanecer disponível durante, pelo menos, o período de um ano. Finalmente, levando em conta a solicitação dos repre-sentantes de publicação desta decisão em formato de livro.

e) realizar um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional a respei-to dos farespei-tos do presente caso.

f) continuar com as ações desenvolvidas em matéria de capacitação e implementar, em um prazo razoável, um programa ou curso permanente e obrigatório sobre direitos hu-manos, dirigido a todos os níveis hierárquicos das Forças Armadas.

g) tipifi car o delito de desaparecimento forçado de pessoas em conformidade com os parâmetros interamericanos. Enquanto cumpre com esta medida, o Estado deve adotar todas aquelas ações que garantam o efetivo julgamento, e se for o caso, a punição em relação aos fatos constitutivos de desaparecimento forçado através dos mecanismos existentes no direito interno.

h) continuar desenvolvendo as iniciativas de busca, sistematização e publicação de toda a informação sobre a Guerrilha do Araguaia, assim como da informação relativa a viola-ções de direitos humanos ocorridas durante o regime militar.

i) pagar às vítimas, as quantias fi xadas a título de indenização por dano material, por dano imaterial e por restituição de custas e gastos.

Em 14 de dezembro de 2011 o Brasil encaminha a Corte Relatório sobre o cumprimento da sentença, dando conta que havia cumprido integralmente as determinações.20 Apontava que:

(1) os órgãos do Estado têm empreendido ações concretas, civil e administrativamente contra os violadores de direitos humanos no período do regime militar; (2) foi criado um Grupo de Trabalho

20 Relatório na íntegra em: http://2ccr.pgr.mpf.mp.br/coordenacao/grupos-de-trabalho/justica-de-transicao/relatorios-1/Escrito%2014%20 de%20dezembro%20de%202011.pdf. Acesso em 21 de setembro 2014.

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Araguaia, com o objetivo de continuar as buscas dos desaparecidos, proceder a identifi cação e entrega aos familiares; (3) colheu as necessidades junto aos familiares das vítimas e a partir destas informações está delineando um plano para oferecer a esses, atendimento médico e psicológico; (4) as sentenças foram publicadas como determinado, ressaltando, contudo, a não realização do ato publico de reconhecimento de responsabilidade internacional do Estado a pe-dido dos familiares. O mesmo será realizado após o início do cumprimento das medidas penais contra os responsáveis pelas referidas violações; (5) O Ministério da Defesa elaborou um curso de Direitos Humanos para as Forças Armadas que contará com avaliações periódicas; (6) o Es-tado adotou varias medidas legislativas para tipifi car como crime o desaparecimento forçado21

assim como de acesso a informações públicas e a criação da comissão da verdade; 22 por fi m,

da conta de que o Estado já manteve contato com os familiares das vítimas e as indenizações serão pagas ainda no em curso (2011).

Em abril de 2012, nova manifestação dos representantes das vítimas dava conta que o Estado Brasileiro não havia cumprido integralmente as determinações constantes na sentença posto que ainda não havia oferecido tratamento médico, psicológico e psiquiátrico as vitimas que o solicitaram; as publicações das sentenças ocorreram fora do prazo estabelecido pela Corte; não há qualquer detalhamento acerca do curso de direitos humanos direcionado as forças arma-das, o que impossibilita qualquer avaliação, e por fi m, o mais grave, não houve qualquer ação no sentido de identifi car, processar e sancionar criminalmente os responsáveis pelas violações aos direitos humanos.

Efetivamente, a única denúncia criminal proposta buscando a responsabilização pelas violações aos direitos humanos foi apresentada em 14 de março de 2012. O Poder Judiciário rejeitou liminarmente a denúncia alegando que o pedido estava vedado pela Lei da Anistia e a decisão do STF na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n° 153 dava pela compatibilidade desta Lei com a Constituição Federal de 1988.

Ocorre que em 29 de abril de 2010 o Supremo Tribunal Federal em resposta a uma ação de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil - onde requeria à Lei de Anistia uma interpretação à luz da Constituição de 1988, de-clarando em consequência que a anistia referia-se aos crimes políticos, não aos crimes comuns - declarou que a Lei da Anistia implicava em perdão amplo, geral e irrestrito e signifi cou condi-ção imprescindível para a redemocratizacondi-ção do país. Em seu voto, o então Ministro Eros Grau lembrava que a Lei deveria ser interpretada em conformidade com seu momento histórico e não com a realidade atual. Asseverou que, efetivamente, a Lei de Anistia incluiu anistia inclusive aos crimes comuns perpetrados contra opositores políticos durante o regime militar. Conclui-se, por fi m, que a dita Lei encontra-se incorporada à nova ordem constitucional e que sua constituciona-lidade é inquestionável.

21 Projeto de Lei n° 4.038/2008 que dispõe sobre o crime de genocídio, defi ne crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crimes contra a administração da Justiça do Tribunal Penal Internacional, além de instituir normas sobre a cooperação com esse Tribunal. Projeto de Lei n° 245/2011, que altera o Código Penal Brasileiro incluindo em seu texto o crime de desaparecimento forçado de pessoas.

22 Refere-se a aprovação pelo Congresso Nacional da Convenção Interamericana sobre Desaparecimento Forçado de Pessoas. Destaca ainda a sanção da Lei n° 12.527/2011 que dispõe sobre o acesso a informações públicas e da Lei n° 12.528/2011 que criou a Comissão da Verdade.

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Dessa forma, lembra Ceia que apesar de todas as iniciativas positivas do governo, que demonstram a vontade política de mitigar sua dívida histórica em relação às vítimas do regime militar, o Estado Brasileiro não cumpriu o ponto mais signifi cativo da sentença, qual seja: identi-fi car e punir penalmente os responsáveis pelas violações aos direitos humanos. Para ela, esta omissão alimenta o sentimento de impunidade no seio da sociedade, e cria uma relação de des-confi ança entre o Estado e os indivíduos.23

Em resumo, em que pese signifi cativamente as manifestações da Corte e que o Brasil tenha se esforçado para cumprir as decisões, vê-se que poucas políticas públicas foram geradas diretamente em razão de condenações. Ocorre que formalmente o Estado já esta preparado para proteger e concretizar os direitos humanos. Sobrevém, contudo, uma questão cultural, a violência, a impunidade e o autoritarismo impregnados na sociedade ainda são latentes.

A luta da sociedade brasileira nas últimas décadas conseguiu eliminar – ou quase – a prática constante de violação ofi cial dos direitos humanos contra a classe média. Mas, nos pre-sídios, nas vilas e favelas, para os pobres e excluídos as violações e os linchamentos sobrevive-ram a democratização e tornasobrevive-ram-se cada vez mais ativos e sofi sticados.

Referências

PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 4 ed. São Paulo: Max Limonad, 2000.

BELLI, Benoni. “O Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos”. In: SILVA, Reinaldo Pe-reira e. Direitos Humanos como Educação para a Justiça. São Paulo: LTr. 1998.

BORGES, Nadine. DAMIÃO XIMENES. Primeira Condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direi-tos Humanos. Rio de Janeiro: Revan, 2009.

CEIA, Eleonora Mesquita. “A Jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos e o Desen-volvimento da Proteção dos Direitos Humanos no Brasil”. In: R. EMERJ. Rio de Janeiro, v.16, n° 61, jan-fev-mar. 2013, p. 113-152, Sites http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_149_por.pdf. http://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista61/revista61_113.pdf. http://www.corteidh.or.er/docs/casos/articulos/serie_203-por.pdf. http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219_por.pdf.

23 CEIA, Eleonora Mesquita. “A Jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos e o Desenvolvimento da Proteção dos Direitos Humanos no Brasil”. Op. Cit. P. 133

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http://2ccr.pgr.mpf.mp.br/coordenacao/grupos-de-trabalho/justica-de-transicao/relatorios-1/Escrito%20 14%20de%20dezembro%20de%202011.pdf http://www.tjce.jus.br/noticias/noticia-detalhe.asp?nr_sqtex=17312 http://conteudojuridico.com.br/artigo,caso-garibaldi-vs-brasil. Recebido: 22 de junho de 2016 Aprovado: 23 de setembro de 2016

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