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Parecer sobre a proposta de diploma para a realização de um concurso externo extraordinário de docentes em 2014

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Parecer sobre a proposta de diploma para a realização de um concurso externo extraordinário de docentes em 2014

Considerações gerais

Depois de em 2013 o MEC ter promovido um concurso externo extraordinário que se limitou a vincular 603 docentes, vem agora apresentar uma proposta de realização de um novo concurso externo extraordinário idêntico em 2014.

O nosso entendimento é o de que, em vez destas soluções insuficientes, a obrigação do Governo e, neste caso em concreto, do Ministério da Educação e Ciência, era e continua a ser a de, em cumprimento da lei, vincular os docentes que já reuniram ou reúnem agora o tempo que a lei determina para a sua passagem a vínculo de carácter permanente, isto é, sem termo.

Ao contrário do que era exigível, é que continuamos a estar confrontados com propostas que continuam a manter uma situação em que os docentes sucessivamente contratados não estão a ver respeitados os seus direitos, o que se traduz numa injustiça e numa ilegalidade que envolve milhares de docentes.

Para nós, o que se torna necessário, e para corrigir várias injustiças que se têm acumulado ao longo dos anos, e pelas razões que mais adiante serão explicitadas, é a realização, em 2014, de um concurso geral que envolva:

a) a possibilidade de os docentes dos quadros ocuparem lugares de quadro correspondentes às necessidades permanentes do sistema educativo e mais próximos dos seus interesses; b) o reconhecimento do direito à vinculação que a lei consagra para quem reúne as

condições para o efeito;

c) o preenchimento da totalidade das necessidades permanentes do sistema educativo ao nível da Educação para a Infância e dos Ensinos Básico e Secundário.

Entretanto, registamos que, para além das reuniões já agendadas para tratar da possibilidade de realização em 2014 de um concurso extraordinário de vinculação de docentes contratados, estamos convocados para um novo ciclo negocial, para o início do mês de março, e relativo à revisão do regime de concursos, sem que se conheçam os respectivos âmbito e conteúdo.

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Entendemos que deveria ser preservada a globalidade de ambas as negociações, sob pena de soluções encontradas nesta virem a ser postas em causa pelas propostas que posteriormente nos sejam apresentadas ou vice-versa.

É que, em ambas as circunstâncias, estamos a tratar de concursos de docentes e este é um âmbito em que a multitude e até contradição de interesses e de perspectivas exige um cuidado muto especial.

Conclui-se, assim, que existem fundadas razões para que se realize em 2014 um concurso interno, a que se associe um concurso externo de vinculação, permitindo que todas as vagas em concurso estejam simultaneamente disponíveis, quer para os docentes que já integram os Quadros de Agrupamento e de Escolas Não Agrupadas, quer para os atuais QZP, quer os que agora a eles acederem.

As soluções preconizadas pela FNE e contributos de outras Entidades

Ao longo dos anos a FNE exprimiu sempre a opinião de que era fundamental que houvesse um apuramento rigoroso das necessidades permanentes do sistema educativo, que se afetassem os recursos humanos a essas necessidades permanentes e consistentes, de tal maneira que não se tivesse de assistir todos os anos ao drama de milhares de docentes que tinham de esperar pela véspera do início de cada ano escolar para saberem em que escola é que iriam trabalhar no ano seguinte.

Por outro lado, a FNE sustentou desde 2009 que se realizasse, sucessivamente um concurso extraordinário, para ultrapassar a injustiça de que foram vítimas os docentes dos quadros integrados na breve e injustificada carreira de titulares e que por esse motivo foram impedidos de concorrer o concurso interno de 2009. Tal injustiça continua até hoje sem reparação, pelo que consideramos que ela deve ser motivo de atenção e de solução.

A FNE também tem vindo a defender, como já se referiu, que o MEC tem de proceder à integração nos quadros dos docentes sucessivamente contratados, respeitando a lei e os direitos dos docentes que já preencheram os requisitos para essa integração.

A proposta agora apresentada, tal como a versão do ano passado, é uma solução que à partida é incompleta e não responde aos direitos que assistem a todos quantos reúnem condições para, à face da lei, terem, um vínculo não precário.

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Efetivamente, a proposta de diploma que o Ministério da Educação e Ciência enviou à FNE, cujo respectivo processo negocial se inicia no 25 de fevereiro de 2014, não responde, tal como já acontecia ao anterior diploma negociado em 2012, nem à lei, nem às recomendações da Assembleia da República, nem às preocupações e reivindicações da FNE relativamente a esta matéria.

A FNE continua a entender que, de acordo com a lei em vigor, a vinculação dos docentes contratados, caso ocorra no primeiro semestre de 2014, deverá abranger o universo dos docentes que reúnam mais do que três anos de serviço efectivo de funções em 31 de agosto de 2013, em estabelecimentos públicos de educação ou sob tutela de outros organismos em situação legalmente equivalente.

Mais, só a vinculação dos docentes que reúnem estas condições, cujo exercício de funções tem sido essencial ao bom funcionamento das escolas nos últimos anos, permitirá fazer face às necessidades permanentes existentes.

Em defesa destes docentes, a FNE, através de alguns dos seus sindicatos de professores, entregou, no início de 2013, uma série de ações judiciais que visam o reconhecimento do direito dos docentes, contratados sucessivamente durante mais de três anos consecutivos após a data imposta para a transposição da diretiva comunitária (10 de julho de 2001), à conversão dos seus contratos de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado. Os procedimentos legais estão a decorrer e deles esperamos que, se não for possível por via da legislação, se obtenha por via deles o respeito pelos direitos destes docentes.

Aliás, e ainda relativamente à questão legal, a FNE entende ser útil relembrar diferentes aspetos importantes, já salientados na negociação do anterior concurso externo extraordinário, que reforçam a posição da FNE, e que se baseiam no respeito pela legalidade:

a) O Código do Trabalho

No setor privado, em Portugal, e bem, a legislação, nomeadamente o Código do Trabalho, foi sempre muito clara: é impossível manter indefinidamente uma relação laboral precária, impondo-se que ao fim de uma sucessão de renovações de contrato, com o limite máximo de três anos, se o trabalhador continua a ser necessário, o seu vínculo passa a ter caráter permanente, e até se impede que a empresa que prescinda desse trabalhador possa admitir um novo trabalhador para o exercício das mesmas funções. E mesmo soluções

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b) As resoluções da Assembleia da República

Por outro lado, em 2010, a Assembleia da República aprovou a Resolução n.º 35/2010, na qual consagrava o princípio de que se deveria proceder à integração excecional na estrutura da carreira docente dos educadores e professores profissionalizados contratados, em funções de docência há mais de 10 anos letivos, com a duração mínima de seis meses por ano letivo, para efeitos de integração e progressão na mesma, assegurando que essa integração acontecesse em prazo a estabelecer com as organizações sindicais dos professores e no máximo em concurso extraordinário a realizar em janeiro de 2011.

Acresce que, na mesma altura, e através da Resolução n.º 37/2010, a Assembleia da República também recomendou ao Governo um levantamento exaustivo e rigoroso das necessidades permanentes, tendo como objectivo a abertura de um concurso extraordinário que responda às necessidades permanentes identificadas.

O MEC – nem este nem os que o antecederam - nunca deu resposta a estas resoluções, o que poderia ter evitado os sucessivos problemas a que temos vindo a assistir, o que permitira ter reposto alguma justiça a uma situação de ilegalidade que se tem vindo a arrastar no tempo, com todas as consequências negativas que pessoalmente afetam milhares de pessoas em termos de dignidade e de condições de vida e de trabalho.

c) A posição da Provedoria de Justiça

Em ofício remetido ao Ministro da Educação em 6 de junho de 2012, o Provedor de Justica referiu com insistência a diretiva comunitária já referida (Directiva 1999/70/CE) que impõe que os Estados Membros tomem medidas concretas que garantam a aplicação do princípio da não discriminação e que evitem os abusos decorrentes da utilização de sucessivos contratos a termo.

O Estado Português tem reiterado que tem cumprido aquela directiva, nomeadamente, pelas seguintes formas:

- duração máxima de quatro anos para os contratos de trabalho a termo sucessivos para o mesmo posto;

- possibilidade de obter um posto de trabalho permanente nos concursos de recrutamento regulares realizados de quatro em quatro anos.

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No entanto, tal como sabemos, a verdade é que existem muito docentes que têm contratos a termo sucessivos por vários anos, muito acima do limite de 4 que supostamente a lei permite, sublinhando-se que não se pode ter uma conceção restrita de contratos a termo sucessivos, uma vez que o Tribunal de Justiça da União Europeia reconhece como tendo carácter «sucessivo» os contratos de trabalho a termo separados por períodos de menos de três meses – como consta do ofício remetido ao Ministro da Educação em 6 de junho de 2012.

Como existem indícios fortes de violação da referida diretiva e queixas de docentes sobre esta matéria, o Provedor de Justiça enviou esta recomendação ao Ministério da Educação, alertando para a necessidade de efetivação de uma medida concreta que corrija esta situação, sob pena do Estado Português poder vir a sofrer sanções comunitárias.

Com efeito, neste ofício, o Provedor de Justiça é muito claro ao afirmar que “independentemente das eventuais iniciativas judiciais dos interessados e do impacto que o seu número e utilização sistemática poderá ter, juntamente com eventuais ações judiciais promovidas pelas respetivas estruturas representativas -, cumpre-nos chamar a melhor atenção de V. Exa para o desacordo que se crê existir entre o regime português relativo ao exercício de funções docentes nos estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e de ensino básico e secundário e o Direito da União Europeia na matéria”.

d) Comissão Europeia

Mais recentemente – em novembro de 2013 - a Comissão Europeia deu a Portugal dois meses – entretanto prolongados por mais dois meses - para comunicar as medidas tomadas para rever as condições de trabalho dos professores que estão a contrato nas escolas públicas, sob pena de remeter o caso para o Tribunal de Justiça da União Europeia.

O MEC protelou essa comunicação, apresentando agora mais uma proposta de vinculação extraordinária, que, a manter-se como foi apresentada, não responde às exigências da lei e às reivindicações da FNE.

Considerações específicas sobre a proposta apresentada

Apesar da distância que separa Ministério da Educação e Ciência e Federação Nacional da Educação nas respectivas concepções do que deveria ser esta vinculação extraordinária, e sem prescindir de nenhum dos objetivos atrás enunciados, a FNE não se demite de exprimir a sua posição, comentários e

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1. Entendemos que o Ministério da Educação e Ciência deverá definir à partida o número de vagas que estarão em concurso, as quais deverão ter em linha de conta não só a vinculação de todos os docentes sucessivamente contratados e que reúnem as condições legais para o efeito, como ainda as necessidades do sistema, o que poderá ser facilmente calculado e deverá ter em conta as diferentes vertentes de trabalho que existem nas escolas.

Dessa forma, a determinação do número de vagas neste concurso deve ter em linha de conta as necessidades permanentes com caráter sustentado e incluindo as necessidades manifestadas nas escolas TEIP e com contrato de autonomia, para além de apurar e contabilizar vagas que têm sido ocupadas por docentes que têm habilitações para as lecionar nos seus grupos de recrutamento, mas que têm sido transferidas para “técnicos especializados”, bem como as necessidades respeitantes à operacionalização das AEC;

- as necessidades correspondentes a mecanismos de apoio ao combate ao abandono escolar precoce e ao insucesso escolar;

- as necessidades correspondentes a uma escola inclusiva em que aos alunos com necessidades educativas de carácter permanente (NEE) sejam verdadeiramente acompanhados por docentes especializados dos grupos de recrutamento de educação especial;

- as necessidades correspondentes a uma escola que apoie eficazmente as crianças com dificuldades de aprendizagem e problemas de comportamento derivadas em grande parte ao seu handicap sócio cultural.

De qualquer modo, a determinação do número de vagas a abrir por grupo de recrutamento deve respeitar, pelo menos, a totalidade dos docentes que reúnem as condições de tempo de serviço em horário completo, em termos globais, e que manifestem preferência pela colocação nesse grupo de recrutamento.

2. O diploma apresentado para negociação adquire um carácter redutor e limitador quando nos seus requisitos impõe que os docentes tenham que ter tido o exercício efectivo de funções docentes em estabelecimentos púbicos de educação de infância ou dos ensinos básico e secundário com qualificação profissional em pelo menos 365 dias nos três anos imediatamente anteriores à data de abertura do presente concurso, no mesmo grupo de recrutamento e em regime de contrato de trabalho em funções públicas a termo resolutivo.

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Esta restrição da contagem do tempo de serviço dos docentes ao mesmo grupo de recrutamento visa unicamente reduzir drasticamente o número de docentes que poderão aceder a esta vinculação extraordinária, o que a FNE não pode aceitar e vai contra os direitos legítimos dos docentes que reúnem o tempo de serviço efectivo em causa.

Além do mais, uma tal norma desrespeita direitos de docentes que, no seu percurso profissional, contabilizaram já três e mais anos sucessivos de trabalho, mas que nos últimos três anos não reúnem essas condições, em consequência de múltiplos factores de ajustamento no mecanismo de concursos de docentes entretanto ocorridos.

3. Tal como aconteceu na anterior vinculação extraordinária, a FNE entende que todos os docentes deverão estar isentos da realização da prova de avaliação de competências e capacidades, situação que se encontra omissa na proposta que o MEC enviou à FNE.

4. A FNE continua a defender que todos os docentes que sejam abrangidos por esta vinculação extraordinária devem estar dispensados da realização do período probatório, já que desempenham funções docentes em estabelecimentos públicos de educação há muitos anos, o que valida a qualidade do seu trabalho.

5. Na sua proposta, o MEC continua a ignorar outras situações de precariedade que nos parecem relevantes e que já referimos em outras circunstâncias, nomeadamente o caso dos docentes de Educação Moral e Religiosa Católica.

6. Impõe-se ainda referir e confirmar a nossa reivindicação de um tratamento específico que deve ser dado a docentes de técnicas especiais das Escolas Secundárias António Arroio e Soares dos Reis, para os quais se torna indispensável definir um grupo de recrutamento e o mecanismo para a sua imediata integração nos quadros dessas escolas.

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Deve ser eliminada a alínea b) deste artigo.

Artigo 7.º

No âmbito da proposta, no seu artigo 7º, não se percebe a articulação entre a constituição de uma bolsa de recrutamento, nos termos apresentados, e a Reserva de Recrutamento, prevista no Artigo 36.º, do Decreto-Lei n.º 132/2012, faltando deste modo uma clarificação sobre o entendimento do legislador.

Artigo 8.º

As prioridades definidas neste artigo não são aceitáveis pois serão geradoras de profundas injustiças. Os docentes que atualmente pertencem aos quadros de escola ou aos quadros de zona poderão ver-se ultrapassados, nas suas preferências, pelos docentes que vincularem ao abrigo deste diploma.

A solução encontrada para efeitos de ordenação, quando do concurso à mobilidade interna, designada como posição intermédia, entre a 1.ª e a 2.ª prioridades, pode originar situações injustas, para além de agravar as já existentes.

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