2.° ANNO 30 DE SETEMBRO DE 1880 NUMERO 23
1
JJtogtcsso
Catíjolico
REVISTA RELIGIOSA.
MIE
ATINGI
LlTTERHliA.
ARTÍSTICA
E
WI1CI0SA
SUMMARIO
Dinheiro de S. Pedro, Carta Pas toral de S. Emminencia o Snr. Car deal D. Américo. — Secção Reli
giosa : Que falta fazem os frades ?
por D. Felíx Sardá y Salvani ; O
Protestantismo pelo padre Paulo Sa- vino, da Congregação da missão — Secção Scientitica : Ainda pre-
versão philosophica, pelo padre Cris pim Caetano Ferreira Tavares —Sec
ção HISTÓRICA : O Padre fíresciani Jesuíta, pelo Padre José Vieira Ne ves Castro da Cruz— Secção lit-
TERAR1A: /Is missões catholicas na África Austral, da índia Catholica;
A Cigana, por D. Maria dol Pilar Sinucs. versão de J. de Freitas (con- titiação); Retrospecto da quin
zena, por J. de Freitas.
GUMUIÀES, ">0
DE SETEMBRO
DINHEIRO DE S. PEDRO
Quando se
pretende por
lo
dos os
meios
apartar os
calho-licos dos seus
pastores,
e
a
es
tes
do
Chefe
visível
da Egreja,
são
sempre
gratas
as noticias
que
tendem
a
demonstrar
quan
to
são vãs
as
tentativas
da im
piedade.
Por
isso
damos
publicidade
á
seguinte carta pastoral, segunda
que
ácerca do assumpto
dirige
ás ovelhas
que
lhe
estão
con
fiadas
o
Ex.m°
Snr.
Cardeal
I).
Américo,
Bispo
do
Porto,
pela
qual se
vê a união que
reina
entre os
lieis
e
os
parochos,
e
entre
estes
e
o
Prelado.
Eis a transcripçào
da Carla
Pastoral,
que devemos
ã
bonda
de
<ln
Ex.
1”
0
Prelado
Portuense:
D. Américo, Cardeal Presby-
tero da Santa Egreja de
Roma, Ferreira dos San
tos Silva, do Titulo dos
Quatro Santos Coroados,
por mercê de Deus e da
Santa Sé Apostólica Bispo
do Porto, do Conselho de
Sua Magestade Fidelíssi
ma, Par do Reino, Grà-
Gruz da Ordem de Nossa
Senhora da Conceição de
Villa Viçosa, e Commen-
dador da de Christo, etc.
Ao ÍAm.’ <'t»bhlo« Heverendon PnrofhoM, Clero e mnÍM Fieis (1’eMa XoMNrt Dioerne. Maude, Paz e Brnçdo ean Jphum <’hrÍH- to, SOKfeO Senhor e Saltador.
Completa-se
n
’
este dia
um
anno,
que
nos
dirigíamos
aos
nossos
caros
diocesanos
em
Car
la
Pastoral,
na
qual,
expondo-
lhes
<>s
numerosos e
indecliná
veis encargosdo ministério Apos
tólico
do
Summo
Pontifico, e
quãn diminutos os recursos
pe
cuniários
para os
desempenhar
condigna mente,
laziamos
um
appcllo
aos
sentimentos
religio
sos
de todos
elles, pedindo um
subsidio
para
o
Santo Padre.
E
porque,
sendo permanente
a
ne
cessidade
com
ma
is tendência a
crescer
do
que
a diminuir,
in
dispensável se
tornava
que
não
menos
duradouro-tosse
o auxi
lio, abalançando
nos
a formar
n'esla
diocese a
obra
do
DI
NHEIRO
DE
S.
PEDRO,
com
inei
lendo
sua
conservação
o
pros
peridade
ao
illustrado
zelo
do
nosso digno Clero
Paruchial,
coadjuvado
pelos
seus
parochin-nos
de
melhor vontade.
Se uns
e
outros
fazíamos
jus
tiça
na
confiança
com
que
aguar-davamos
o
resultado
do
nosso
pedido,
nunca a
expectaliva nos
momentos
mais
fagueiros
havia
chegado
nos
seus
cálculos
a
aproximar-se
da geneiosidade
com
que fomos
altendidos.
Não
tivemos,
verdade
é,
de
reprimir
vaidade
a
segredar mérito
pes
soal. quer
na
eloquência da
pe
tição, quer
na dignidade de
quem
a
endereçava
; mas,
ainda que
muito contassem
js,com
a justi
ça
da
causa advogada,
e
não
me
nos
com
a provada religião
e
caridade
dc
nossos diocesanos,
sabíamos de
sobejo
que
nem
os
tempos
eram
de
abundancia,
neni
faltavam outros encargos
talvez
mais urgentes
por
virem
de
mais
perto.
Quaesquer
que fossem
estas
e
outras diUicuIdades.
a
todos
superou
a
consideração
de
que
era
um Pae Espiritual
o
neces
sitado,
e de
que
á dedicação
e
alleclo
dos filhos
incumbia
va-lei-Lhe
no
aperto em que
se
achava
E
por tal
íórma calou
nos
ânimos
a convicção
d
’
esle
dever; tão
pressuroso acudiu
cada
um umu
sua ofierta,
que
o
obfdo
amontoado
chegou
a
fa
zer
riqueza, a
ponto
de
parecer
liberalidade
especial
d’
alguns o
que
nào
era
mais do
que
união
sincera de
todas
as
vontades,
dando cada
qual cmilormo
suas
posses.
No
ultimo
dia
do
anno findo
os
donativos
depositados
cm
as
nossas
mãos
sommavam a
valio
sa quantia
de
3:817$90() réis,
e
dentro
em
pouco
a
depunha-
202
0 PROGRESSO CATHOLICO
2.° ANNOmos
aos
Pés
do Santo
Padre
por
inlenncdio
de
Seu
Repre
sentante
n’esles
Reinos; e
este
em
carta d
’oílicio
de
8
de
janei
ro
nos
participava
havel-a
rece
bido,
e
nos dava,
ao
endereçar-
nos seus
proprios
agradecimen
tos,
a
lisonjeira
esperança
de
os
recebermos
também
do
Summo
Pontífice.
Ancioso
aguardava
mos
esse
inapreciável ícslimunho
de
pa
ternal
affeclo,
lendo
para
nós
como
certo que, por
muito ma is
elevada
<pic fosse a
ofierenda
(Pesla
diocese, o
que
mais
com-moveria
o
coração
do
Santo
Padre
não
havia
de
ser tanto
a
importância
ou mesmo
oppor-tunidade
do auxilio recebido,
como o
penhor
da
filial
dedica
ção dos
oíferenles. E
com
eflei-to
que
era
juizo
nosso,
em
pou
co
se
tornou
uma
realidade
nas
Leiras
Apostólicas de
7
de
feve
reiro,
em
cuja
entrega
occurreu
circumslancia singular
que
lhes
veio realçar
o
valor.
Passados
eram
só alguns
dias
que haviam
sido
expedidas,
e
ainda
vinham
cm
caminho,
quando
nós,
cm
obediência
a
um
convite,
que,
embora
sol»
fôrma
de
desejo,
continha ins
tante
preceito,
partíamos
para
a Cidade
Eterna,
levando em
mente,
não
tanto
receber
mais
outra
insígnia
da
dignidade,
con
ferida,
como
prestar
homena
gem
da
eterna gratidão
em que
havíamos ficado cousliliiido.
No
proprio
dia
da
nossa che
gada
a
Roma
recebíamos
essas
Leiras Apostólicas,
devolvidas
de
Portugal, d*onde
jâ
nos
tí
nhamos
ausentado
;e decorridas
seriam
apenas algumas horas,
quando
ainda sob
a
impressão
das
expressões
escriplas,
reple
tas
de
agradecimentos,
as
ou
víamos
repelidas
pela
bocca
do
Santo
Padre
Leão
XIII,
e
ao pro
testo
que
a
Seus
Pés depúnha
mos
do acrisolado
amor
nosso
e de nossos diocesanos,
respon
dia
a
mais
cordeal invocação
a
[Deus
para qiie
abençoasse Ião
extremosos
filhos.
Ao
repassarmos
pela
lembran
ça
n’
esle momento c
pela
milé
sima
vez
essa
rapida
hora
da
primeira entrevista, quizeramos
que
os nossos
caros
diocesanos
pudessem
contemplar
como
n’
a-
quella physionomia
transparece
a
carinhosa
bondade do
Pae Com-
mum
dos Fieis,
alliada
com
a
austera
gravidade
do
Chefe
Su
premo;
e mais
ainda
podessem
ouvir com
que
interesse
éramos
minuciosamente
perguntado pm*
tudo quanto
loca
ao
bem estar
espiritual
d
elles, e
vissem como
os
olhos
Lhe
sorriam de con
tentamento ao saber de nós
quan
to
n’
esta diocese vive a Fé
Ca-
tholica, e
até que ponto
resplan
decem as
virtudes chrislãs.
Prouvera
a
Deus sobretudo
que
o nosso
amado Clero podes-
se
escutar
aqiiella
voz
pausada
c
serena
a dar-nos os
emboras
pelas
espontâneas e geracs
de
monstrações
d’
aficclo, que,
bem
sabia,
ainda
ha
pouco
clle nos
havia
dado;
a
asseverar-nos
que
essa
união
do
Clero,
mórmente
do
parochial,
com
o
seu Pastor,
se
era
para
nós o
mais
eílicaz
auxilio
e doce
consolação,
era
lambem
a
Seus olhos
a mais
eximia
virtude que
o
podia
dis
tinguir e recommendar seu
ca
rácter;
e
emfim
a rogar
a Deus
que,
assim
como
nos
dera
a
gra
ça
de durante oito
annos
haver
mos
ganhado
o
coração
de nos
sos Parochos, nos
concedesse
igualmenlc
a de o
conservarmos
sempre
dedicado.
Que admira
então que
o San
to
Padre,
acolhendo
com
singu
lar afleição
a
quem
vinha tão
rico de
merecimentos
dos
outros,
n’ellc
accumulasse,
embora po
bre de
dotes
pessoaes, tantas c
indubitáveis provas
de
conside
ração,
que
todas
se
dirigiam
a
reconhecer a
excellenaia
dos
que
elle
representava
! ?
Não
vimos agora relatar
o
que
bem conhecido
se
tornou
t
por
uma
narração
minuciosa,
em
que
só
teríamos
de
rectilicar
o
que
mão
amiga
traçou de
lou
vor
menos
merecido.
Ê
nosso
proposito,
sim, mencionar os
honrosos obséquios
recebidos, e
endercçal-os
a quem
foram
real
mente
prestados, aos
nossos
dio
cesanos,
em
significação
de
mui
to agradecimento.
Yae
n
’
essa
devolução um
de
ver de
justiça, que em
nada
di-minue
a
gratidão
da nossa
par
le
para
com quem,
engrandecen
do-nos
aos olhos
d'elles,
irol-os
fez ainda
mais
caros.
Vae
não
menos
um
teslimunho á
verda
de interpretando
fielmente
as
Letras
Apostólicas, em que
o
Santo
Padre
honrando o
Prela
do
cmn
um
louvor
pelo
que
Se
digna
alfribuir
á
boa
vontade
d\dle,
tem
por
mira principal
confessar-se
agradecido
ãs
suas
ovelh is,
e
o
encarrega
de assim
o
fazer
saber
a
Iodas,
signifi
cando-lhes
quanto
Ih
i
s estâ re
conhecido.
Talvez
pareça
excessivamenle
retardada a
communicação
que
ora
fazemos
; c é certo que
a
demora por
tão longo
tempo,
ainda
que
justificada,
em
parle
ultrapassou muito nossa
vonta
de.
Em
quanto
por
um lado
de
veres imperiosos nos
obrigaram
a
ausência
mais
longa
do
que
contávamos,
por outro
aguarda-vamos
o
dia
não
muito
remoto
em que
tencionávamos dirigir-
nos
de
novo aos
nossos caros
diocesanos
a solicitar
a
continua
ção
da obra
do
DINHEIRO
DE
S. PEDRO;
pois
que
eslavamos
convencido
de
que,
apresentan
do-nos
a
invocar
a
generosidade
c
religião dVlles,
não
podia nos
sa voz
ser
mais
eloquente do
que
aumiuciando-lhes
quão bem vin
do
tinha
sido
o
primeiro
donati
vo,
e cmn quanta
cordealidade o
Santo
Padre.
Leão
XIII
o agra
decia.
E
chegada
essa
occasião
de
rccommendarmos
aos
Reveren
dos
Parochos, Presbyleros
e
mais
pessoas
e
Corporações
Ec-
clesia.dicas
a obra
do
DLNIIEI-2/ ANXO
30 DE SETEMBRO DE 1830
203RO DE S.
PEDRO
que, de mãos
dadas
comnosco,com
tão illuslra-
do
zelo
o
anno
passado
funda
ram
em
suas
freguezias.
Nada
lemos
a
accresccntar,
quer
como
cxhortação,
quer
como inslruc-
ção
regulamentar,
ao
que
anle-riormenle lhes
communicámos
sobre
esle
assumpto.
Para
satisfação
d
’
elles
e
nos
sa,
que
não
para
incitar
boa von
tade
nem
animar exforços
que
nunca
faltaram,
só nos
resta
pôr fecho a
esta
breve Carla Pas
toral,
como remate
o
mais
per
suasivo, com as
Leiras Apostó
licas
que
o
Santo
Padre
nns di
rigiu,
e são
do
theor
seguinte;
LEÃO
P.
P.
XIII
Caríssimo
Filho
Nosso,
Saude
c
Bênção
Apostólica.
Foi
com summa
acceilaçãoe
reconhecimento que recebemos
outro
lestimunho
do
teu
aflecto
e
veneração
para
com
Nosco,
qual
o que
Nos
deu a lua
Carla
do
mez
de
Dezembro
ultimo;
por isso
que
n
’
ella se manifes
ta com
quanto
ardor
e
zelo
te
empenhas
em
Nos
soccorrcr
nas
prccarias
circumstancias
que
Nos
opprimcm, tomando
como
dirigido a
Ti
o
que
sabias
ler
mos
a
esse
respeito
escripto
a
outros
Prelados.
O
generoso donativo que
Nos
enviaste,
obtido
por
lua
solici
tude,
foi
para
Nós
duplamente
consolador, por quanto
ao
passo
que Nos
trouxe
um
penhor
da
filial
dedicação dos
teus
diocesa
nos, lambem
por
elle conhece
mos, que
n’
essa
remota
parte
da
Europa,
outr’ora
assaltada
pelos
inimigos
da
Egrcja, ainda
flo
resce
em
todo
o vigor a
verda
deira
fé,
que
se
mostra
em
boas
obras,
e estreitamente
une
a
es
ta
Sé
Apostólica o
coração dos
Fieis.
E
porque
n'essa
adhesão
vemos uma prova da lua
vigi
lância
pastoral,
justo é
que
lam
bem
Te enderecemos os
mere
cidos
louvores.
Por ultimo, Caríssimo
Filho,
mudo desejamos
que
aos pios,ra,
sou com
a mais
sincera
obe-
e
generosos
oflerenles
faças
sa-diencia
e
veneração
bedores
d
’estes
Nossos
sentimen
tos
de
paternal
afleclo,
e
a
lo
dos
elles,
bem como
a
Ti
e
ao
:
mesmo
Clero
e
povo
da
lua dio
cese,
em penhor
da
maior
be
nevolência, amorosamente
vos
damos
a
Bênção
Aposlolica
em
Nosso
Senhor.
Dada
em Roma e
S.
Pedro
aos
7
dias
de
Fevereiro
de
1880,
segundo
anno
do
Nosso
Ponti
ficado.
(Assignado)
Leão
PP.
XUI
Eminentíssimo
e
Reverendís
simo
Senhor.
Por mão
do
Revelendo Ca-
pelião
de
Vossa
Eminenlia
Re
verendíssima
recebi
honlem
a
quantia de
Ires
contos
oitocen
tos
e
dezesete
mil
e
nove
centos
réis (3:817$900),
junlamente
com
sua Carla
para
o
Santíssi
mo
Padre.
E
meu
dever
e
de
summa
sa
tisfação
dar
immedialamenle
co
nhecimento
ao Summo Pontífi
ce
deste
certíssimo lestimunho
de zelo e
dedicação
para
com a
Santa Sé, e tanto
mais
recom-mendavel
quanto
esta pia
obra
por
Vossa
Eminência
instaurada
com
feliz
exilo,
ainda está em
principio,
e
as
calamidades
que
de
todos
os
lados
nos
cercam
pa
recem
tornar
menos
opporluua
a
occasião
para obter esmolas.
Sua
Santidade
pois, que,
na
pobresa sempre
crescente
a que
um
poder
hostil
o
reduziu,
tem
sido
soccorrido pelos
fieis,
mes
mo
os
mais
distantes,
a
todos
assim oflerenles
como
recebedo
res
dará
de
todo
o
coração
a
Bênção
Aposlolica;
e
reconhe
cerá
ser
Vossa
Eminência
o
ob-
jeclo
e
causa principal da
sua
gralidão
;
o
que
lenho
por
certo
o
Santíssimo Padre significará
direclaniente a
Vossa Eminên
cia.
Osculando
a
sagrada
purpu-De
Vossa Eminência
Eminentíssimo
e
Re
verendíssimo Se
nhor
Cardeal
D.
Américo dos San
tos
Silva,
Bispo
do
Porto.
Lisboa,
8
de
janeiro
de
1880
Muito humilde,
dedicado e
obri-'
gado creado
(assignado)
Cae
tano,
Arcebispo
de Neocesa-
rea,
NÚNCIO ÂPOSTOLICO,
Os Reverendos
Parochos
lerão
esta nossa
Carla Pastoral
á
Es
tação da
missa
no
domingo
im-medialo
ao dia da
sua
recepção,
podendo
omitlir
a
leitura
das
relações
de contas;
muito, po
rém,
lhes
recommendamos
deem
d
’
ellas
conhecimento
bem
como
de
toda esta Pastoral
aos
paro-chianos
vogaes
das
nspectivas
cominissões
nas
freguezias onde
tenham
sido
organisadas.
Dada
no
Porto
o
Paço
Episco
pal,
sob nosso
signal
e sello,
aos
15
d’
agoslo
de
1880.
*
(Logar
gg
do
sello).
AMEBICO, Cardeal Bispo
do
Porto.
Conego José Antônio Comia da Silva.
SECIIETAHIO.
SECÇÃO
RELIGIOSA
Que falta fazem os
frades ?
111
Que é um frade ?
Eis aqui a primeira coisa que oc- corre perguntar tratando-se d’tuna personalidade que de diversas manei ras tcin sido apreciada.
264
O PROGRESSO CATHOLICO
2.° AHMUQue « um frade ?
A actual geração quasi quo o não sabe, e quem o sabe tom o maior cuidado em não filiar (Folies! A gc- raçào autuai, embalada com as per versas leituras da escola revoluciona ria, apenus conhece o frade pela des- cripçho que d’clle lhe toem f ito os seus maiores inimigos.
Para alguns, o frade c um homem indolento. golotào, preguiçoso, quo fez do estado religioso um modo do vida commodn, facil o bnrnto, por isso qne c custeado pela caridade publica ou pelas rondas do seu convento. O fra de é ignorante, soez, mentiroso, de pensamentos baixos, som outro ideal quo viver e rir á custa do povo. Para estos o frado ó unicamente um ser que mereço desprego.
Para ouiros, polo contrario, é um ser t'*mivel. Astuto, diplomático, co nhecedor dn mundo e do coração hu mano, possuidor mais que ninguém do todas as scionchts, senhor do si proprio ató d abnegação, o frade d al gumas vozes anctor, outras vezes in strumento de tenebrosos planos, que tendem a apoderar-se da causa pu blica o a monopolisar «m proveito proprio, com as maia poderosas in fluencias do Estado. O frade estuda, mortiiica-se. obedece, para pur tudo, estudos, privnçoes e obediência ao sor- viço de um poder occulto, que em um momento dado pó.lo chegar a ser in- cunirastavcl.
E eloquente no conselho dos reis, destro nas ant^ snlas diplomáticas, ar teiro para urdir uma intriga o conti nuar a manejar todos os lios d’e!la desde o sombrio recinto de sua ceia, ou atravez o raro do confessionário.
Quem é que não tein lido ou ouvido estes dois retratos do frado nos perió dicos, nos romances, nos dramas ou nos clubs? Eis aqui a iniquidade des- mentindo-se a si própria. E não admi ra; porque é tão contradictorio o que do frade so diz. que é isso o bastante para se conhecer a perversa intenção dos auetores de taes arnnzeis.
E, om vista dc tilo contrarias pin turas que do frade nos fazem os seus proprios inimigos. não ó fóra do pro- posito esta pergunta: — em que fica mos? os conventos silo ibeos c asy- los da ignorância mais grosseira, ou d:i maia astuta diplomacia? Qual ó no convento a principal oficina: a des pensa ou n bibliotheca?
Que é, finalmente o frade ?
Um despresivcl folgazão a quem basta cuspir no rosto para o afastar, ou conspirador sagaz e diplomateo, contra o qual é necessário a gente munir-se de armas de fina tempera?
Em que ficamos ?
Do certo ficariam sem resposta taes
| perguntas dirigidas ao mais astuto dos lhor possa occominodar-sc as espe- [adversários, que não saberia como.ciaes necessidades de sua alma. Em : harmonisar os distinctos pontos sob • todos c dc rigor a mais absoluta su- os quacs a Revolução, se tem empe-; jeição, a pobreza completa, a mais de- nhado para fazer o frade odioso. Nós licada castidade. Sabe também, que podemos dizer A Revolução cm certos1 além d’ostas condições essenciaes e casos, o que aus protestantes dizia seu fundamentaes, em uns se dá especial pae, Bossuct em outro tempo:—Tu (importância aos grandes estudos ce varias? logo mentos. Sim. inimigosjclosinsticos; cm outros ás obras do dos frades; v<'s os tendes feito á vos--heroica caridade; em outras á macc- sa semelhança, mas variando no modo . ração do corpo por meio de espanto- de vos caricaturares: a uns pintacl-os I sos rigores, e em outros á propagan- altos, c a outros baixos; a uns bran-lda do bem entre o proximo por meio e is, e a outros negros Ao mesmo do tracto o das maneiras dóceis o in-tempo os apresentaes uns monstros
de estupidez e um prodígio de sabedo ria. Nhini só ponto cstaes concordes, na conclusão final : è necessário ex- treininar o frade !
Sim, o vosso fim é fazer dcsappa- recer o frado, já porque nada valo, como dizeis umas vezos; já porque valo muito, como outras vezes aflir- maes. <) que vós pretendeis é tiral-o do meio da sociedade, é evitar a sua reapparição.
IV
Mas que ó afinal o frade?
Que nus dizem d’elle a historia verdadeira, e verdadeiro bom senso das pessoas honradas ?
Vejamos ?
Um christão, na flor dos annos, na bella idade em que o quadro engana dor dc formosas illusõcs so estende ante seus olhos, quando mais rosado divisa os horisontes da vida, ao ten tar escolher um caminho entro os mil que se lhe abrem diante, sente-se. por um instincto superior a que cha maremos vocação, arrastado para a;
soledade, quando todos os demais, em) regra geral, se comprazem em viver
no meio do ruido do mundo, em meio
niatura apresentado ao tri-
, diversões; útujetçèio, «piando to-1
bunal do senso commum
dos querem a hberdado, a indepen-L
dos portuguezes
dencia ; á castidade, quando as lava-1
redas da vohiptnosidade principiam de | — atoar-sc : á privação o á pobreza, quan-1 r , , .
do todos os seus igiues íiilo aspiram a; Carl“ã* Pa^ a um moço nu
“ . 1 • antigo parochiano o qual estando
I numa cidade da Europa para apren der um officio, se «cíou cm grande perigo de perder a fé, e tornar se
Protestante.
outra cousa quo não soja a uma boa] posição, a fazer fortuna. E este ho mem, esto joven quo tanto difere dos sentimentos e ideias da maior parte dos homens, acha-se só, perdido, ex traviado cm meio d’mn mundo que o
não comprchende, e a quem olle com- prehendcu rapidamente. Os seus de sejos não são os desejos das multi dões quo se agitam em volta do si; atormenta-o uma ambição sublime do coisas que o inundo despresa, e ao mesmo tempo um aborrecimento por tudo que o mundo deseja. Sabe que ha asyíos onde se dá completa satisfação
aos desejos de seu espirito, e princi- nas suas consequências. — tO Protes-
pia por fazer eleição d*aquelle que me- tantismo, diz o citado Gaumc, é a sinuantos. Ora, medita o consulta, e depois de suftlcientemente illucidado com as luzes do céo e com os con selhos da ancianidade experiente, ba te á porta d’um dJestes asylos, onde lho não perguntam nem por sua des cendência, nem por suas riquezas, nem por outra das vaidades a que o mun do dá importância. Uma investigação escrupulosa do sua vida o costumes o admitto ; uma prova mais rigorosa lhe confirma a admissão e o prepetúa n’elln.
E o joven que hontem era primo génito de nobre família, simples jor naleiro, ou laureado estudante, nada é já do que no mundo o distinguia, como superior ou comó inferior en tre os seus concidadãos. Depois, uns annos dc noviciado, uns votos solem- nes pronun dados junto do altar toem feito d’ello o que, oh povo seduzido! tanto e tanto to enoja, te irrita e faa estremecer: um frade!
(Continua)
D, FELIX SARDA Y SALVANI.
O Protestantismo em
mi-A... 17 de Maio de 1880 Meu amigo c filho caríssimo em
Nosso Senhor Jesus Christo.
(Continuado do n. anterior) »9.° 0 Protestantismo considerado
2.° ANNO
30 BE SETEMBRO DE 1880
265principal causa de todas as calamida des qne pesam sobre a Europa de tres séculos para cá; e os factos lá estão para o provar. Os seus primeiros apostolos tinham apenas semeado os seus princípios entre os povos quando um vasto incendia se declarou logo na Allemanha, em França, na Suis- sa. e em Inglaterra, uma guerra do trinta annos, a pilhagem de com inil mosteiros, (asylos sagrados da sciencia, monumentos da caridade do nossos paes), a devastação e expolia- ção do mais de duzentas mil egrejas, rios de sangue dnsde o norte até o sul da Europa, crimes inauditos, odios atrozes, perjúrios, escândalos taes que o mesmo vicio envorgonhar-se-hia d’el- les ; estes foram os efleitos immedia- tos do Protestantismo* (ib.) E o dou to John Milner diz : «Eu tenho alie- gado os testemunhos não somente de Erasmo e outros catholicos, senão também dos maiores historiadores Protestantes e até dos mesmos Refor madores para provar que os costumes, muito longe de se tornarem melho res. tomáram-se pelo contrario sobre maneira pciores com a nova Religião A pretendida Reforma nos paizes es trangeiros, como na Allemanha, na Bélgica, em Genebra, na Sttissa, em França, na Escossia. além de ter cau sado insurreições populares, pilhagens, demolições, sacrilégios e persegui ções que não é possível poder escre ver, excitou também manifestas rebel- liÕes e sangrentas guerras civis» «(MiloerEnd.of Rel.Cont, I XXIV)*. O douto Stark. Pratestaute. diz, como refere Rohrbacher, que a grande re volução franceza com tudo o que te ve de mais horroroso derivou do Pro testantismo. De sorte qne Melanch- ton, o mais celebre discípulo do Lu thero. com muita razão dizia que to das as aguas do rio Elba não seriam sufficientes para chorar todos os ma les causados pela reforma. Ainda mais, o Protestantismo leva pouco a pouco o necessariamente á incredulidade e impiedade: «a incredulidade quo des troça nossa moderna sociedade, é a consequência lógica e fatal da rebel- Jião do século XVI» isto é. do pro testantismo, diz M. de Segur. E com effeito que nos diz Wegscnneider dc Jesus Christo na sua «Theologia Chris- tã> quo é hoje em dia o manual dos Estudantes que aspiram ao cargo de Pastor o da qual ha havido já sete ou oito edições? quo nos diz dc Jo- sus Christo este Theologo Protestan te? que os mais celebres ministros não creem na sua divindade, e que fazem de Jesus Christo um simples RABBINO, isto é, um simples dou tor da lei. Não é pois de estranhar: que M. Lebois, também ministro pro
testante, publiesmente proclame que o culto de Jesus Christo é uma super
stição E UMA^ IDOLATRIA TÃO CON TRARIA Á RAZÃO COMO A ESCRIPTURA.
Por outra parte todos sabem que no anno do 1817 em Genebra, a Vene rável Companhia dos Pastores (como cila mesma se intitula) prohibiu aos prégadores fallar da divindade de Jesus Christo ; e hoje em dia o espi rito de incredulidada e impiedade tem ido tão longe, que na Allmanha tem- se formado uma poderosa associação intitulada os amigos protestantes, cuja profissão de fé emittida por um de seus chefes, o Pastor UIrich, é a seguiente: l.° nossa crença é de não ter nenhuma; 2.“ o que se chama Deus é um Ente imaginário; 3.° o objecto de nossa adoração somos nós mesmos. Tão certo é o que diz M. de Gasparin, Protestante, quo a maio ria dos Protestantes não é christà; tão certo é o que diz o impio E. Qui- net, Protestante, que as seitas protes tantes são as mil portas abertas para sahir do Christianismo; tão certo é o que diz o impio Eugênio Sue, que o meio mais segunro para deschristia-
nisar a Europa é frotestanistl-a !! O que confirma perfeitamente o que diz M.de Segar que: «n incredulidade exis te no Protestantismo como o carvalho na bolota.»
4.° Os Fundadores do Proleslan-
tisino e o Protestantismo no juízo dos Fundadores e Protestantes.—
Calvino dizia de Luthero: c Verda deiramente Luthero é viciosissiino; oxalá tivesse cuidado de reprimir mais a sua incontinência! oxalá tives se cuidado em reconhecer os seus vi cies!»— «Quando leio um livro de Luthero. dizia Zuinglio. parece-me ver um porco immundo que vao to cando superficialmente em diversos lugares as flores do um formoso jar dim»—«Calvino não tem podido nun ca accomodar-se aos costumes hones tos c á veracidade, o ficou sempre submerso no lodo» diz Theodozo Be- za. o discípulo mais douto e mais amado de Calvino. — Bucer, frade apóstata e sacerdote casado, diz : «Cal vino é um verdadeiro cão damnado; este homem é malvado... guarda-te, leitor ehristão. dos livros de Calvino» «Zuinglio, diz Luthero, imagina ser úm sol que allnmia o mundo, mas não diflunde mais luz do quo «stercus in lucerna», do que a...— » Condemna- inos como hereges todos os Zuinglia» nos o Sacra menta rios» diz também Luthero—«Este novo Jeroboão (Hen rique), diz o escriptor Protestante Lin- <mrd. tendo fabricado a sua nova re- ligião punia com a morte quem quer que se não submetesse a cila. Os Ca tholicos que não queriam reconhecei o
ipor Chefe Supremo da Egroja, eram 'enforcados e esquartejados como trai•• | dores; e os Protestantes que recusa
vam admiltir alguns de seus dogmas parlamentarios. eram queimados co mo hereges .. Nem sequer os mortos , foram poupados, c assim a 24 dc abri!
do anno de 1538, S. Thomaz doCan- torbery, morto 250 annos antes, foi formalmcnte citado a comparecer pe rante a côrto d'El-Rei, como accusa- do de alta traição»—Calvino dizia que o titulo de Chefe da Egreja de In glaterra, que Henrique se attribuia, era uma blasphcmia —CoLbet, histo riador Protestante, díz : « A« devas sidões habituaes do Henrique o ti nham reduzido a um estado tal de corpulência que nào podia mais mo ver-se... morreu deixando um grande numero de sentenças capitaes que nâo tove tempo dc firmar» Este historia dor diz também que Henrique foi: «o mais injusto, o mais vil. o mais san guinário dos tyrannos que nté então tinham assolado a Inglaterra.*—«O espirito do Lutheranismo. diz Desco les, Ministro Protestante, substituiu á infallibilidade do Papa sua própria in- fallibilidnde. a qual poz mais obsta- ,culosao progresso das luzes do que a primeira.»—«»Sat*.naz falia pela bo ca dos Calvinistas como pelos orgãos e instrumentos proprios d'clle», diz Schluosclburg, Theologo Protestan te.—Os Calvinistas não são Chris- tãos, mas turcos baptizado» e judeus» diz Modestua, outro Theologo Protes tante—«Os Ministros da Egreja do In glaterra são Egypcios encantadores, membros do diabo, syeophantcs, an jos do inferno, nos quaes se acham
os maiores enganos e mais fortes il- hisÕes de Satannzn. Diz Bernard. ou tro Theologo Protestante.— «Os Mi nistros da Egreja de Inglaterra não fazem nenhuma difterença entre a ver dade e á falsidade, entre Christo o o Anti-Christo. entre Deus e Satanaz. SàoANANTICHRISTIANSWlNlSH RABBLE. ENEMIES OF THE G(àS- PEL, isto é. em portuguez, uma ca
nalha DE PORCOS ANTICHRI6TÃOS, INIMIGOS DO EVANGELHO* diz O au-’
tor do livro : «Dangerous Poaitions», citado por D. Gallitzin.— O mesmo Luthero dizia que depois de sua Re forma a gente tinha-se tornado mais immoral, mais viciosa e mais crucl do que quando estava no Papisnio —«En tre cem Evangélicos, dizia Calvino, apenas achar-sc-hia um eó que se não tenha tornado Evangélico por outro motivo que com o fim de abaudonar- so com mais liberdade a toda a sorte dc devassidões e do incontinência.»— «Segundo o testemunho dos historia dores Protestantes mais zelosos, como Styrpc, Cambeden, Dvgdale. Luthero
266
0 PROGRESSO CATHOLICO
2.* ANNOmesmo, etc., etc. e sogundo a declara ção do Henrique (Henrique VIII) ao seu Parlamento, as consequências im- mediatas da Reforma foram log> a corrupção dos costumes e o abandono total da justiça.» Diz Fitz-William, distincto escríptor Protestante—«A Religião Protestante ó inteiramente desfeita pela multiplicidade de seitas quo se tem formado durante a Refor ma c depois d’ella.» Diz Wctte, es- criptor Protestante. <A? força de re formar e de Protestar, o Protestantis mo tem-sc reduzido a uma linha do zeros. » Diz Schaltz, jurisconsulto prussiano—cEm nossos templos, á for ça de fallar da ador»ç?io de Deus em espirito e verdado tem completamen te desapparecido a verdade e o espi rito» diz Tutscuchen-Glanzon, escri- ptor Protestante.—Mas infinitas silo as passagens que poderia adegar does te genero. Baste por tanto diier que um douto escriptor Protestante tor nado Catholieo, o Djutor V. Hicnin- gshau, compoz uma obra, cujo titulo é; Resultado de minhas excursões no campo da litteratura Proleslunte. ou a necessidade de tornar â Efpcja Calho- licat provada exdiiwvamente pelas de- claraçõe* delheoloqos f philowphos Pro testantes De cu ja obra M. Gauine diz : «Não se pódo deixar de admirar a ou sadia da em preza do Doutor JI:enin- ghaus. Entre as auctoridades quo ei- lo reuniu cm numero de 1,837, não «o acha nom sequer uma só que soja Catholica. >
(Continua')
P.e PAULO S1LVIN0.—M. C.
SECÇÃO
SCÍEÃTIFICA
Ainda a perversão philoso-
phica
Mosltámos que o systema philosophico de Krause, que homens malvado? querem introduzir entre nós, é impio c ião im- pio que até é pantheisla.
Mostramos também que Tibcrghicn, de quem uni jornal do Porto annunriou uma obra péssima (c péssimas são iodas as obras d’eslc desgraçado sophistn) é um impio não menos perlido que Krause, do qual é discípulo: e no artigo passado de nunciamos uma obra detestável intitulada:
Teoria de ia immorlalidad del alma y de las penas y recompensas de la vida fu tura, por I). Juan Alonso Egylaz, cuja obra loi cgualmente annunciada pelo mes mo jornal portuense.
Alonso Egylaz depois de ter estampado’ em seu livro os absurdos que patentea mos aos leitores do Progresso Catholieo no n? passado, depois de pretender ridicu- larisar a divisão da vida humana em dons actos, dos quaes o primeiro dura os míseros sessenta ou oitenta annos que passamos n’este mundo, e o segundo começa cm continuação para não concluir jamais, es creve o seguinte:
«A unica cousa, que, segundo esse des graçado modo de pensar, pôde fazer Deus para que tal gloria e tal inferno sejam com eflrilo definitivos, é dedicar-se com exqui-ilo esmero a impedir que a nenhum bem-aventurado se lhe occorra nenhum pensamento nem alTeclo peccaminoso, es torvando ao mesmo tempo com todas as forças que nenhum condemnado sc arre penda em nenhum momento de suas cul pas, nparlando-o d*esta tentação quando o veja disposto a segui!-», pois em tal ca«o se destroem c desconcertam seus pla nos.»
«Impossível parece cerlamenle, diz Zc- pherino Gonzalcz, que urn homem, que pretende apoiar suas afllrmações anli-chris- tãs com relação á eternidade do inferno na doutrina do? Padres da Egrrja, co mo veremos depois, se mostre tão pou co versado na doutrina d'estcs sobre o assumpto, doutrina que se acha ao mes mo tempo em completo accôrdo com a simples razão natural. A vontade é a fa culdade do bom, como a intelligencia é a faculdade da verdade : aquelln e esta descansam em seu movimento quando che gam á pnsse da vondade infinita e da verdade absoluta e universal. Consistin do, pois, n gloria na posse plena c per feita de Deus, bondade infinita e verda de absoluta, bondade universal, em que se conteem todos os bens, e verdade uni versal, em que se conteem todas as ver dades, é condição natural, necessária e essencial, deste e>(ado o amor indificicn- e de Deus. Logo consistindo lodo o acto peccaminoso em uma perturbação maior ou menor do amor de Deus, é abso- lutnmenle impossível que os bem-aven turados deem entrada a acto algum pec- caminoso, ou o que é o mesmo deixem do amara Deus cuja bondade infinita veem inluitivnmenle, como é impossível que nós, ainda nesta vida, deixemos de amar o bem em commum ou a felicidade em geral, embora ao obrar nos equivoque mos pradicamenle pondo-a em objectos nos quaes realmente não existe. Logo é uma blasphemia ridícula e contraria á razão natural suppôr que Deus necessi te dedicar-sc com exquisilo esmero a im pelir que a nenhum bem-aventurado se lhe
occorra nenhum pensamento nem affeclo peccaminoso. Se o bem-aventurado fosse capaz de aíTeclos ou aclos peccaminosos, deixaria dc ser bem-aventurado por esse unico facto; porque a felicidade ou bem- aventurança não merece tal nome se não envolve a condição da perpetuidade e da indcficiencia. Do mesmo modo c por ana- logas considerações, se o condemnado fos se capaz de arrependimento e dc emen da, deixaria de ser ta! no sentido pro- prio da palavra. E lenha-se presente que quando dizemos que o condemnado c incapaz de arrependimento, falíamos do arrependimento propriamente dito, fal íamos do arrependirilenlo que traz com- sigo o apartamento do peccado em quan to peccado, o aborrecimento da culpa co mo offensa de Deus; unico* que póde motivar ou dar origem á remissão da culpa e á conseguinte reliabililação dian te de Deus. Os condemnados sim são ca pazes de arrependimento, porém arrepen dimento impropriamente dito, insnnicien- te e ineílicaz para a remissão da culpa, poiquc seu arrependimento não sc refe re á culpa em quanto mal moral nem em quanto ofTensa de Deus, senão cm quanto e porque c causa do mal phy- sico, cm quanto é origem das penas que padecem, á maneira do malvado que ao subir ao patíbulo abriga cm seu cora- çaoodios e desejos de vingança con tra seu inimigo por mais que lhe cau se pesar o homicídio commctlido em quanto é causa de sua desgraça pre sente. Dc dous modos, diz S. Thomaz, póde succcder que alguém se arrepanda do peccado, dos quaes (modos) o primei ro é quando o homem abomina o pec cado cm quanto é peccado : o segundo modo é, quando alguém se arrepende ou tem pesar do peccado em razão de al gum adjuncto que o acompanha ou se gue, como em razão da pena. Os con demnados não se arrependem dos seus peccados no primeiro conceito, porque permanece n’elles a vontade da malícia do peccado, ainda que sc arrependerão dos mesmos accidcnlalmente (peraccidens} isto ét no segundo sentido, cm razão da afilicção conseguinte á pena que por seus peccados padecem (1)».
No mesmo sentido se exprime o cardeal Caetano, o qual, ao expôr as condições que devem acompanhar a dor dos pecca dos, para que esta possa chamar conlric- ção e determinar a remissão da culpa, en sina lerminanlemente que a dôr ou arre pendimento deve referir-se ao peccado cm quanto é offensa de Deus, e não cm
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quanto ó causa de algum damno ou pe na pessoal. Pelo que, accrescenta este profundo lheologo, se alguém se arrepen desse voluntariamente dos peccados, não principalmente por serem oITeiwas de Deus, senão porque d’elles se seguiu infamia, ou tanfliem a pena do inferno, este não se arrependeria dos peccados do modo que se subentende tfesia definição zda contri ção). c por conseguinte não leria a ver dadeirn contrição, senão uma contrição similhante á dos condemnados (1).» Os condemnados, pois, achara-se sujeitos a um arrependimento, ou antes, a remor sos estercis, «não porque lhes desagra dam os peccados que commetteram, ac- crcscenta S. Thomaz, antes pelo contrario quereriam permanecerem seus peccados ou commettel-os de novo, se pudessem, que possuir o Summo Bem a quem abor recem, e se experimentam pe<ar é por que não conseguiram o que intentavam por meio de seus peccados (2). » Não necessita, pois, Deus, como indica nosso lheologo Krausista, «estorvar com todas as suas forças que nenhum coniemnndo se arrependa em momento algum de suas culpas,» porque basta e sobra para isto a obstinação de sua vontade no mal:
Voluiilas corum perpetuo wanebil obsfi- nata in mato, diz S. Thomaz.
E não se nos diga que assim como o homem, por obstinado que se ache no mal, pôde converter-se e entrar nos cami nhos do hem e da virtude durante a vida presente, assim lambem pôde realisar es sa conversão no estado de condemnação. Propor semelhante objerção equivale a desconhecer completamenle a economia ju.-ta e sabia da Providencia de Deus em ordem ao destino do homemequivale a desconhecer a dilTerença radical (pie deve j existir até aos olhos da razão natural en tre o estado de prova, de exercício, de mérito, de movimento, de caminho ou cio, como dizem os lheologo?, e o esta do de recompensa e de castigo, de lira, de realisarão ou consecução do ohjeclo, dc termo." Deus, ao crear o homem, deu- lhe este inundo e lhe marcou os breves instantes da vida presente como theatro e duração para a realisação de seu des tino íinal, que não é outro senão n pos se do Sunuuo Bem, isto é, a posse de lodos os bens e a felicidade perfeita e plena : respeitando, por dizel-o assim, sua liberdade e a dignidade de sua natu reza, quiz que a consecução d’cstn su prema felicidade fosse devida a seus ex- rorços pessoaes e livres: poz diante d*el- le o caminho do bem e do mal com fa culdade de seguir uni ou o outro, ollere- cendo-the ao mesmo tempo o auxilio dc sua graça e misericórdia para seguir o pri meiro : ’ para os que desprezando essa gra ça se entregaram a paixões criminosas, marcharam pelo caminho do mal c do pec cado, colloeou no extremo on no termo do mesmo n desdita suprema e eterna, co mo eterna e suprema è a felicidade que colloeou no termo do caminho do bem na vida presente. Da aqui porventura algu ma cousa que seja indigna da economia
de uma Providencia sabia, misericordiosa e justa ao mesmo tempo ? Não ê acaso conforme á equidade e á razão natural, que quando o homem chega ao termo de seu movimento moral, permaneça n’elle para sempre ou de uma maneira lixa e inimulavel? Não é evidente que se po- desse mudar ou variar o que conslilue o estado de lermo, este deixaria de ser ter
mo e de constituir o destino finai, para convcrler-se em estado de caminho, sta-
tus viae, de movimento continuo e inde finido? E se o termo e destino final que serve de prémio às obras boas, é eterno c immulavel, porque nâohi-de sel-o tam bém o castigo dos maus? Logo Ihus se deyc a si mesmo e deve à sua eterna e inlinila justiça a pena eterna com que cas tiga o mal moral nos condcin.-ndo?.
E esta conclusão se apresenta mais le gitima e racional, se se tem e n conta, que o peccado envolve certo grau de in finidade, por ser uma oflensa « injuria commellida contra D.nis, tnndide infini ta c de uma dignidade inlinitamenle su perior ao peceador; porque, comi diz com razão S. Thomaz: rum />/«? ín ín-
finitum creMram excedat, erit peccnnlis morlatiter contra Deum infinita ofletita ejepurie dignitalis ejur cai per peccatum tpiotlammodo injuria fit; dum ipse Z/eur contemnitur et cjus pracepluni (I). Logo para que exi>ta a devida proporção entre a malícia infinita do peccado e apenas, é preciso que esta seja elerni, quer dizer, inlinila em sua duração, iã quo não po de ser inlinila em intensidade par sít* re cebida cm um sugeilo finito.
Certamenle as reflexões que acabamos de expòr são mais que suílicienles para demonstrar que nada In na eternidade das penas do inferno que se ache cm op- posição com as leis de uma Providencia fundada em equidade, em sabedoria c em justiça. Não é diflicif reconhecerem vis
ta d essas reflexões, a*sim como de ou tra? analogas que poderamos addirzir que a eternidade das pena? do inferno, longe de envolver repugnância alguma com a recla razão, se acha em harmonia com a? condições próprias do estado dos con demnados, com a obstinação de sua von tade no nial, conseguinte a este estado, e com as leis equitativas estabelecidas pela Providencia divina com relação ao destino e fim do homem.
Mais: não é impossível nrofondar raais a matéria, e examinando-a debaixo de um aspecto philosophico, descobrir e paten tear a causa inimediala c como a razão sufiicienle c racional da obstinação e per severança eterna da vontade dos réprobos no mal c da conseguinte duração eterna da? penas.
Com cfieilo; n theologia catholica ensi na, c é uma verdade elementar da reli gião, nllestada em parle pela mesma ex periência e pela razão humana, que o ho mem com suas próprias forças naturaes não pôde reparar a injuria e oflensa inti- niia que comsigo traz o peccado mortal, principalnicnte se se tem em conta que es ta oflensa so refere a Deus, não só co-(1) Que imprudência ! Que cynismo 1
(á)Sum. Theol. siippl. 9. 118. arl. 2.
(1) Conimcnl. in suppl. S. Thomay 9. I?, arl. l.#
mo auctor da natureza, senão lambem como auctor da graça c redempção re presentadas em Jesus Chrislo e por Jesus Chrislo. Resulta de aqui que a remissão da culpa e a justificação do homem que está em peccado, não podem realisar*se sómente com a? forças d.i vontade natu ral, e que por comegainte, além do mo
vimento ou aclo do livre arbítrio, se ne cessita como causa e causa principal o auxilio ou dom especial de Deus que os lheologo? chamam graçi; se necessita,
em uma palavra, uma cooperação espe cial e determinada da parte de Deus. Ora bem: sendo a graça, como o indica seu mesmo nonn, um auxilio gratuito, um dom livra de Deus, é claro que Deus não tem obrigação alguma de concedel-o aos condemnados, o não é menos claro t: evidente, que estes nenhum direito leem a uma gear.» ou auxilio que Deus lhes oflereccra durante a vida presente, du rante o tempo marcado pela Providencia para merecer, porém que elles repclli- ram e desprezaram: cremos «pie esta re flexão contem a razão suflieienie, imme- diata e racional da perseverante obstina ção d-b condemnados em sua malícia ou culpa, c da conseguinte eternidade docas- ligo que a jiKiiça de Deu? me impõe.
Fica pais desvanecida a objecção fun damental e o único argumento do Egui- az que oífercce algum.i apparcncia de orça ; no artigo seguinte scguil-o-he- mos em outras objocções, e veremos sua pcríi-lia ms citações que faz dos padres tP Egreji.
P.' Chrispim Caetano Ferreira Tavares.
SECÇÃO
HISTÓRICA
O Padre Bresciani, Jesuíta
A Companhia de Jesus, que foi sem pre mãe fecunda de varões apostoli- cos, de sábio? e da sanio*. e é por isso que sempre leve mu los inimigos, produziu nus tempos modernos um homem emin mie em Iilterát ura, um verdadeiro gemo, e ao mesmo lem- p > um religioso perfeito ; é este o Padre Antomo Rresciani, fallecido em H de março de 1862.
A ordem de Santo Ignaeio é a so ciedade que nos lem dado obras cons tituídas classicas era bellas lettras, em moral, cm philosophia ; sábios trata dos sobre a origem das línguas os costumes c as instituições d-is diver sos povos; uteis e importantes des cobertas nas artes e sciencias; em medicina o inais precioso dos especí ficos. a quina; em physica a desco berta das machinas aeroslalicas e as primeiras experumchs que mos reve laram o singular phenumeno da in flexão da luz.
A Ccmpanliia de Jesus leve gran de grande parle na reforma do ka- lendario, o deu á malbenralica, á phy.
2G8
O PROGRESSO CATHOLICO
2** ANHOsica, á astronomia, á arte de foitili* cação e á tatica naval, ;is sciencias históricas e á philosophia christã, ho mens diante dos quaes todos os sá bios se curvam.
Calculam-se em vinte mi! os es- criptores jesuítas, o que é uma cir- cumstancia admiravel em ires tecu los que apenas tem de existência es ta famosa congregação. Nenhuma ou tra nrdem religiosa ou sociedade se póde gloriar de ler produzido no seu seio homens tão dislinctos em todos os ramos de conhecimentos humanos
e
em menus tempo.Alas não devemos esquecer que o principal dever dos jesuítas é o de se consagrarem em tudo á defeza da re ligião e á salvação do proximo. For mar antes varões apostólicos e santos do que sábios, eis o plano de Santo Ignacio, que a Compuihia tem reali- sado cm todas as idades da sua exis tência.
Se elía conta tantos doutores emi nentes, tantos illustres oradores; ain da mais a engrandecem tantos admi rareis modelos da perfeição evangé lica, tantos martyres gloriosos, tan tos missionários cujas preciosas vidas foram votadas ao Senhor nas trabalho sas fadigas do zelo apostolico.
São poucos os homens que saibam unir a virtude, á sabedoria ; e toda via foi isto o que intentou Santo Igna- cio, e que eífeclivainenle conseguiu, formando uma sociedade de homens d’tima sciencia superior e d’uma vir tude a toda a prova.
A esta esclarecida família perten ceu o preclarisstmo varão de que nos occupamos no presente artigo, o Pa dre Anlonio Bresciani. Pur seus ta lentos e virtudes illustrou a exempla ríssima e sapientíssima Companhia de Jesus em nosso século.
Este erudito jesuíta alcançou glo riosa fama em toda a llalia e mes mo em toda a Europa, pelos duutos escriptos que publicou sobre diversas matérias, especialmente pelos seus contos moraes ou romances históri cos, na Civillà Caltolica, de que fui muito tempo collaborador.
Quem não tem admirado o Ubaldo
e Irene, o Judeu de Verona, a Hepu- blica fíomana, o Lionello c outras bei- las narrações do Padre Bresciasni? Ahi se descobre o seu genio e gosto lillerarío. e ao mesmo tempo o seu zelo e dedicação religiosa.
Bresciani nasceu em Ala. cidade do Tyrol (llalia) a 2-1 de Julho de 1798. <Fuma larnilia nebre. Seus paes lhe deram professores que lhe ornaram o coração e o entendimento, e o joven discípulo, dócil ás ínslrucçõjs que re cebeu na infaticia.sahiu um bom chris Ião c um sabio eminente
Na idade de 18 annos já era co nhecido como um lilterato distincto; mas n'estc tempo começou a sentir uma grande vocação para o estado re ligioso, e conheceu que Deus o cha mava para consagrar-se lodo a Elle na Companhia Me Jesus.
Antonio Bresciani era o primogé nito da illustrc casa de seus paes ; em consequência d’isto havia grandes difliculdades para conseguir o seu in tento. No entanto tratou de se appli- car ás sciencias sagradas e de se or denar sacerdute, esperando levar a efleito o proposito da sua vocação.
Em seguida foi elleilo professor de bellas leltras no lyceu de Vercna, car go que elle exerceu com applauso universal.
Mas. emfim, movido do impulso da inspiração divina que o chamava a servir a Jesus na ordem de Santo Igna- cio, lomou a resolução inahalavel de fugir de Verona, rompendo lodos os obstáculos. Veio a Roma, e, a 21 de novembro de I82i, vestiu a roupe ta jesuítica em Santo André do Qui- nnal.
Por esta occasiao teve o Padre An lonio de suflrcr uma terrível opposi- çào unto da parle de seus parentes, como de personagens poderosos, que empregaram lodos os meios para o desviar do seu piedoso desejo. Deus assim o permilliu para experimentar a sua virtude e perseverança.
Brtsci-ni resistiu a todos os esfor ços da Carne e do mundo para só es cutar a voz de Deus, e iriumphou, e se conservou tinne no seu puslo: quiz ser jesuita, e fui jesuíta, porque era essa a sua vocação.
Já se que devia ser um bom re ligioso cumo eífectivamente foi.
Desde 1828 a 1818 foi de conti nuo empregado em graves cargos, c desiguadamenle na educação da mo cidade, que era a maior delicia do seu coração. Regeu por longo tempo os cullegios de Turin, de Gerona. de Mo- dena, e depois o da Propaganda em Roma.
Em 1835. assistindo em Modena aos iufeccionados do lypho e do cho- lera, contrahiu lambem elle a terrí vel doença que o fez padecer por tres annos consecutivos. Sempre lhe ficou o germen do mal que utlimamente o conduziu á sepultura.
Na maior crise da sua enfermidade foi milagrosamente curado pelo Padre José PigualcHi, jesuíta fallecido em 1811, em cheiro de santidade. O ve nerável Padre lhe appareceu em Mo dena, e lhe promeiteii mais annos de vida. D’este portentoso acontecimen to ha um processo aulhenlico.
Apesar dos seus contínuos padeci mentos, applicou-se a escrever livros
moraes. agradaveis e erudilos, para inslrucção da mocidade. Desde 1831 até 1862 illuslrou com as suas nar rações as columuas da Civillá Calto-
Uca, excedente revista religiosa da llalia, redigida por j»smtas. recom- mendada pelo Santo Padre Pio IX e por muitos Prelados da llalia.
Alem das obras originaes que com por o Padre Anlonio Bresciani. men cionaremos a traducçâo d’uma obra notável, escripla em latim pelo jpsui- la AíTonso Anlonio de Sarasa, filie- eido piamente em 1667. Inlitula-se 4rs semper yaudendi: é mra obra cheia de boa philosophia e de impor tantes documentos.
Assistiu longo tempo em Turin. então capital da Sardenha, onde le
ve grande intimidade com o rei Car- lus Alberto. Empregou-se com g»an- de zelo em dirigir as almas no cami nho da fé e da piedade chrislã, no que era eminente N'este ministério operou maravilhosas conversões.
Possuiu em grau supremo a vir tude da caridade, e o seu coração lodu se abrasava em zelu pela glo ria de Deus, peía prosperidade da Egnja e pelo iriumpho do Summo Pontífice, »*m cuji defezi trabalhou incessantemente até exalar o ultimo suspiro.
Morreu com a bênção do Santo Padre Pio IX. que lernamente o ama va, e que muitas vezes lhe conce deu aquella graça. As suas ultimas palavras íoram estas : Jnlra tua vul
nera absconde me*=»dingidas ao Rcdem- ptor. Morreu saulamentc, como sem pre linha vivido.
Como santo foi acclamado do im- menso povo que concorreu ás suas exequias na igreja de Jcmis. Homa.
Eis aqui o que foi o Padre Anlo nio Bjesciant. da Companhia de Jesus, escriplor de vasta erudição, compi- cuo em virtudes: em uma palavra só, um verdadeiro jesuíta.
P.* João Vieira .Verw Castro da Cruz
SECÇÃO HTTERARIA
Os missionários catholicos
na África Austral
Do excellpiile período que, com o titu lo hulia CMolica, se publica e.m Bom baim em língua portugueza exlraclamos o seguinte, para que os nossos leitores ava liem os serviços prestados á civilisaçào pelos aposlolos do chnslionismo, notando ao mesmo tempo a diíferença que vae d’estes serviços ao? que prestam nquelles que vão á África dar um passeio á custa do Estado, e sem nada fazerem vem pe dir recompensas imtnerecidas.