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1 JJtogtcsso Catíjolico

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2.° ANNO 30 DE SETEMBRO DE 1880 NUMERO 23

1

JJtogtcsso

Catíjolico

REVISTA RELIGIOSA.

MIE

ATINGI

LlTTERHliA.

ARTÍSTICA

E

WI1CI0SA

SUMMARIO

Dinheiro de S. Pedro, Carta Pas­ toral de S. Emminencia o Snr. Car­ deal D. Américo. — Secção Reli­

giosa : Que falta fazem os frades ?

por D. Felíx Sardá y Salvani ; O

Protestantismo pelo padre Paulo Sa- vino, da Congregação da missão — Secção Scientitica : Ainda pre-

versão philosophica, pelo padre Cris­ pim Caetano Ferreira Tavares —Sec­

ção HISTÓRICA : O Padre fíresciani Jesuíta, pelo Padre José Vieira Ne­ ves Castro da Cruz— Secção lit-

TERAR1A: /Is missões catholicas na África Austral, da índia Catholica;

A Cigana, por D. Maria dol Pilar Sinucs. versão de J. de Freitas (con- titiação); Retrospecto da quin­

zena, por J. de Freitas.

GUMUIÀES, ">0

DE SETEMBRO

DINHEIRO DE S. PEDRO

Quando se

pretende por

lo­

dos os

meios

apartar os

calho-licos dos seus

pastores,

e

a

es

­

tes

do

Chefe

visível

da Egreja,

são

sempre

gratas

as noticias

que

tendem

a

demonstrar

quan­

to

são vãs

as

tentativas

da im­

piedade.

Por

isso

damos

publicidade

á

seguinte carta pastoral, segunda

que

ácerca do assumpto

dirige

ás ovelhas

que

lhe

estão

con

­

fiadas

o

Ex.m°

Snr.

Cardeal

I).

Américo,

Bispo

do

Porto,

pela

qual se

vê a união que

reina

entre os

lieis

e

os

parochos,

e

entre

estes

e

o

Prelado.

Eis a transcripçào

da Carla

Pastoral,

que devemos

ã

bonda­

de

<ln

Ex.

1”

0

Prelado

Portuense:

D. Américo, Cardeal Presby-

tero da Santa Egreja de

Roma, Ferreira dos San­

tos Silva, do Titulo dos

Quatro Santos Coroados,

por mercê de Deus e da

Santa Sé Apostólica Bispo

do Porto, do Conselho de

Sua Magestade Fidelíssi­

ma, Par do Reino, Grà-

Gruz da Ordem de Nossa

Senhora da Conceição de

Villa Viçosa, e Commen-

dador da de Christo, etc.

Ao ÍAm.’ <'t»bhlo« Heverendon PnrofhoM, Clero e mnÍM Fieis (1’eMa XoMNrt Dioerne. Maude, Paz e Brnçdo ean Jphum <’hrÍH- to, SOKfeO Senhor e Saltador.

Completa-se

n

este dia

um

anno,

que

nos

dirigíamos

aos

nossos

caros

diocesanos

em

Car­

la

Pastoral,

na

qual,

expondo-

lhes

<>s

numerosos e

indecliná

­

veis encargosdo ministério Apos­

tólico

do

Summo

Pontifico, e

quãn diminutos os recursos

pe

­

cuniários

para os

desempenhar

condigna mente,

laziamos

um

appcllo

aos

sentimentos

religio­

sos

de todos

elles, pedindo um

subsidio

para

o

Santo Padre.

E

porque,

sendo permanente

a

ne

­

cessidade

com

ma

is tendência a

crescer

do

que

a diminuir,

in

­

dispensável se

tornava

que

não

menos

duradouro-tosse

o auxi­

lio, abalançando

nos

a formar

n'esla

diocese a

obra

do

DI­

NHEIRO

DE

S.

PEDRO,

com

­

inei

lendo

sua

conservação

o

pros­

peridade

ao

illustrado

zelo

do

nosso digno Clero

Paruchial,

coadjuvado

pelos

seus

parochin-nos

de

melhor vontade.

Se uns

e

outros

fazíamos

jus­

tiça

na

confiança

com

que

aguar-davamos

o

resultado

do

nosso

pedido,

nunca a

expectaliva nos

momentos

mais

fagueiros

havia

chegado

nos

seus

cálculos

a

aproximar-se

da geneiosidade

com

que fomos

altendidos.

Não

tivemos,

verdade

é,

de

reprimir

vaidade

a

segredar mérito

pes

­

soal. quer

na

eloquência da

pe

­

tição, quer

na dignidade de

quem

a

endereçava

; mas,

ainda que

muito contassem

js,

com

a justi­

ça

da

causa advogada,

e

não

me

­

nos

com

a provada religião

e

caridade

dc

nossos diocesanos,

sabíamos de

sobejo

que

nem

os

tempos

eram

de

abundancia,

neni

faltavam outros encargos

talvez

mais urgentes

por

virem

de

mais

perto.

Quaesquer

que fossem

estas

e

outras diUicuIdades.

a

todos

superou

a

consideração

de

que

era

um Pae Espiritual

o

neces

­

sitado,

e de

que

á dedicação

e

alleclo

dos filhos

incumbia

va-lei-Lhe

no

aperto em que

se

achava

E

por tal

íórma calou

nos

ânimos

a convicção

d

esle

dever; tão

pressuroso acudiu

cada

um umu

sua ofierta,

que

o

obfdo

amontoado

chegou

a

fa

­

zer

riqueza, a

ponto

de

parecer

liberalidade

especial

d’

alguns o

que

nào

era

mais do

que

união

sincera de

todas

as

vontades,

dando cada

qual cmilormo

suas

posses.

No

ultimo

dia

do

anno findo

os

donativos

depositados

cm

as

nossas

mãos

sommavam a

valio

­

sa quantia

de

3:817$90() réis,

e

dentro

em

pouco

a

depunha-

(2)

202

0 PROGRESSO CATHOLICO

2.° ANNO

mos

aos

Pés

do Santo

Padre

por

inlenncdio

de

Seu

Repre­

sentante

n’esles

Reinos; e

este

em

carta d

’oílicio

de

8

de

janei

­

ro

nos

participava

havel-a

rece­

bido,

e

nos dava,

ao

endereçar-

nos seus

proprios

agradecimen

­

tos,

a

lisonjeira

esperança

de

os

recebermos

também

do

Summo

Pontífice.

Ancioso

aguardava

mos

esse

inapreciável ícslimunho

de

pa­

ternal

affeclo,

lendo

para

nós

como

certo que, por

muito ma is

elevada

<pic fosse a

ofierenda

(Pesla

diocese, o

que

mais

com-moveria

o

coração

do

Santo

Padre

não

havia

de

ser tanto

a

importância

ou mesmo

oppor-tunidade

do auxilio recebido,

como o

penhor

da

filial

dedica

­

ção dos

oíferenles. E

com

eflei-to

que

era

juizo

nosso,

em

pou­

co

se

tornou

uma

realidade

nas

Leiras

Apostólicas de

7

de

feve

­

reiro,

em

cuja

entrega

occurreu

circumslancia singular

que

lhes

veio realçar

o

valor.

Passados

eram

só alguns

dias

que haviam

sido

expedidas,

e

ainda

vinham

cm

caminho,

quando

nós,

cm

obediência

a

um

convite,

que,

embora

sol»

fôrma

de

desejo,

continha ins

­

tante

preceito,

partíamos

para

a Cidade

Eterna,

levando em

mente,

não

tanto

receber

mais

outra

insígnia

da

dignidade,

con

­

ferida,

como

prestar

homena­

gem

da

eterna gratidão

em que

havíamos ficado cousliliiido.

No

proprio

dia

da

nossa che

­

gada

a

Roma

recebíamos

essas

Leiras Apostólicas,

devolvidas

de

Portugal, d*onde

nos

­

nhamos

ausentado

;e decorridas

seriam

apenas algumas horas,

quando

ainda sob

a

impressão

das

expressões

escriplas,

reple

­

tas

de

agradecimentos,

as

ou

­

víamos

repelidas

pela

bocca

do

Santo

Padre

Leão

XIII,

e

ao pro­

testo

que

a

Seus

Pés depúnha­

mos

do acrisolado

amor

nosso

e de nossos diocesanos,

respon­

dia

a

mais

cordeal invocação

a

[Deus

para qiie

abençoasse Ião

extremosos

filhos.

Ao

repassarmos

pela

lembran­

ça

n’

esle momento c

pela

milé

­

sima

vez

essa

rapida

hora

da

primeira entrevista, quizeramos

que

os nossos

caros

diocesanos

pudessem

contemplar

como

n’

a-

quella physionomia

transparece

a

carinhosa

bondade do

Pae Com-

mum

dos Fieis,

alliada

com

a

austera

gravidade

do

Chefe

Su

­

premo;

e mais

ainda

podessem

ouvir com

que

interesse

éramos

minuciosamente

perguntado pm*

tudo quanto

loca

ao

bem estar

espiritual

d

elles, e

vissem como

os

olhos

Lhe

sorriam de con

­

tentamento ao saber de nós

quan

­

to

n’

esta diocese vive a Fé

Ca-

tholica, e

até que ponto

resplan

­

decem as

virtudes chrislãs.

Prouvera

a

Deus sobretudo

que

o nosso

amado Clero podes-

se

escutar

aqiiella

voz

pausada

c

serena

a dar-nos os

emboras

pelas

espontâneas e geracs

de­

monstrações

d’

aficclo, que,

bem

sabia,

ainda

ha

pouco

clle nos

havia

dado;

a

asseverar-nos

que

essa

união

do

Clero,

mórmente

do

parochial,

com

o

seu Pastor,

se

era

para

nós o

mais

eílicaz

auxilio

e doce

consolação,

era

lambem

a

Seus olhos

a mais

eximia

virtude que

o

podia

dis­

tinguir e recommendar seu

ca­

rácter;

e

emfim

a rogar

a Deus

que,

assim

como

nos

dera

a

gra

­

ça

de durante oito

annos

haver

­

mos

ganhado

o

coração

de nos­

sos Parochos, nos

concedesse

igualmenlc

a de o

conservarmos

sempre

dedicado.

Que admira

então que

o San­

to

Padre,

acolhendo

com

singu­

lar afleição

a

quem

vinha tão

rico de

merecimentos

dos

outros,

n’ellc

accumulasse,

embora po­

bre de

dotes

pessoaes, tantas c

indubitáveis provas

de

conside

­

ração,

que

todas

se

dirigiam

a

reconhecer a

excellenaia

dos

que

elle

representava

! ?

Não

vimos agora relatar

o

que

bem conhecido

se

tornou

t

por

uma

narração

minuciosa,

em

que

teríamos

de

rectilicar

o

que

mão

amiga

traçou de

lou­

vor

menos

merecido.

Ê

nosso

proposito,

sim, mencionar os

honrosos obséquios

recebidos, e

endercçal-os

a quem

foram

real

­

mente

prestados, aos

nossos

dio­

cesanos,

em

significação

de

mui

­

to agradecimento.

Yae

n

essa

devolução um

de

­

ver de

justiça, que em

nada

di-minue

a

gratidão

da nossa

par

­

le

para

com quem,

engrandecen

­

do-nos

aos olhos

d'elles,

irol-os

fez ainda

mais

caros.

Vae

não

menos

um

teslimunho á

verda

­

de interpretando

fielmente

as

Letras

Apostólicas, em que

o

Santo

Padre

honrando o

Prela­

do

cmn

um

louvor

pelo

que

Se

digna

alfribuir

á

boa

vontade

d\dle,

tem

por

mira principal

confessar-se

agradecido

ãs

suas

ovelh is,

e

o

encarrega

de assim

o

fazer

saber

a

Iodas,

signifi

­

cando-lhes

quanto

Ih

i

s estâ re­

conhecido.

Talvez

pareça

excessivamenle

retardada a

communicação

que

ora

fazemos

; c é certo que

a

demora por

tão longo

tempo,

ainda

que

justificada,

em

parle

ultrapassou muito nossa

vonta

­

de.

Em

quanto

por

um lado

de

­

veres imperiosos nos

obrigaram

a

ausência

mais

longa

do

que

contávamos,

por outro

aguarda-vamos

o

dia

não

muito

remoto

em que

tencionávamos dirigir-

nos

de

novo aos

nossos caros

diocesanos

a solicitar

a

continua­

ção

da obra

do

DINHEIRO

DE

S. PEDRO;

pois

que

eslavamos

convencido

de

que,

apresentan

­

do-nos

a

invocar

a

generosidade

c

religião dVlles,

não

podia nos­

sa voz

ser

mais

eloquente do

que

aumiuciando-lhes

quão bem vin­

do

tinha

sido

o

primeiro

donati

­

vo,

e cmn quanta

cordealidade o

Santo

Padre.

Leão

XIII

o agra

­

decia.

E

chegada

essa

occasião

de

rccommendarmos

aos

Reveren­

dos

Parochos, Presbyleros

e

mais

pessoas

e

Corporações

Ec-

clesia.dicas

a obra

do

(3)

DLNIIEI-2/ ANXO

30 DE SETEMBRO DE 1830

203

RO DE S.

PEDRO

que, de mãos

dadas

comnosco,com

tão illuslra-

do

zelo

o

anno

passado

funda­

ram

em

suas

freguezias.

Nada

lemos

a

accresccntar,

quer

como

cxhortação,

quer

como inslruc-

ção

regulamentar,

ao

que

anle-riormenle lhes

communicámos

sobre

esle

assumpto.

Para

satisfação

d

elles

e

nos­

sa,

que

não

para

incitar

boa von­

tade

nem

animar exforços

que

nunca

faltaram,

só nos

resta

pôr fecho a

esta

breve Carla Pas­

toral,

como remate

o

mais

per­

suasivo, com as

Leiras Apostó­

licas

que

o

Santo

Padre

nns di­

rigiu,

e são

do

theor

seguinte;

LEÃO

P.

P.

XIII

Caríssimo

Filho

Nosso,

Saude

c

Bênção

Apostólica.

Foi

com summa

acceilaçãoe

reconhecimento que recebemos

outro

lestimunho

do

teu

aflecto

e

veneração

para

com

Nosco,

qual

o que

Nos

deu a lua

Carla

do

mez

de

Dezembro

ultimo;

por isso

que

n

ella se manifes­

ta com

quanto

ardor

e

zelo

te

empenhas

em

Nos

soccorrcr

nas

prccarias

circumstancias

que

Nos

opprimcm, tomando

como

dirigido a

Ti

o

que

sabias

ler­

mos

a

esse

respeito

escripto

a

outros

Prelados.

O

generoso donativo que

Nos

enviaste,

obtido

por

lua

solici

­

tude,

foi

para

Nós

duplamente

consolador, por quanto

ao

passo

que Nos

trouxe

um

penhor

da

filial

dedicação dos

teus

diocesa

­

nos, lambem

por

elle conhece­

mos, que

n’

essa

remota

parte

da

Europa,

outr’ora

assaltada

pelos

inimigos

da

Egrcja, ainda

flo

­

resce

em

todo

o vigor a

verda

­

deira

fé,

que

se

mostra

em

boas

obras,

e estreitamente

une

a

es­

ta

Apostólica o

coração dos

Fieis.

E

porque

n'essa

adhesão

vemos uma prova da lua

vigi­

lância

pastoral,

justo é

que

lam­

bem

Te enderecemos os

mere

­

cidos

louvores.

Por ultimo, Caríssimo

Filho,

mudo desejamos

que

aos pios,ra,

sou com

a mais

sincera

obe-

e

generosos

oflerenles

faças

sa-diencia

e

veneração

bedores

d

’estes

Nossos

sentimen­

tos

de

paternal

afleclo,

e

a

lo­

dos

elles,

bem como

a

Ti

e

ao

:

mesmo

Clero

e

povo

da

lua dio­

cese,

em penhor

da

maior

be

­

nevolência, amorosamente

vos

damos

a

Bênção

Aposlolica

em

Nosso

Senhor.

Dada

em Roma e

S.

Pedro

aos

7

dias

de

Fevereiro

de

1880,

segundo

anno

do

Nosso

Ponti

­

ficado.

(Assignado)

Leão

PP.

XUI

Eminentíssimo

e

Reverendís­

simo

Senhor.

Por mão

do

Revelendo Ca-

pelião

de

Vossa

Eminenlia

Re

­

verendíssima

recebi

honlem

a

quantia de

Ires

contos

oitocen

­

tos

e

dezesete

mil

e

nove

centos

réis (3:817$900),

junlamente

com

sua Carla

para

o

Santíssi­

mo

Padre.

E

meu

dever

e

de

summa

sa­

tisfação

dar

immedialamenle

co

­

nhecimento

ao Summo Pontífi­

ce

deste

certíssimo lestimunho

de zelo e

dedicação

para

com a

Santa Sé, e tanto

mais

recom-mendavel

quanto

esta pia

obra

por

Vossa

Eminência

instaurada

com

feliz

exilo,

ainda está em

principio,

e

as

calamidades

que

de

todos

os

lados

nos

cercam

pa

­

recem

tornar

menos

opporluua

a

occasião

para obter esmolas.

Sua

Santidade

pois, que,

na

pobresa sempre

crescente

a que

um

poder

hostil

o

reduziu,

tem

sido

soccorrido pelos

fieis,

mes

­

mo

os

mais

distantes,

a

todos

assim oflerenles

como

recebedo

­

res

dará

de

todo

o

coração

a

Bênção

Aposlolica;

e

reconhe

­

cerá

ser

Vossa

Eminência

o

ob-

jeclo

e

causa principal da

sua

gralidão

;

o

que

lenho

por

certo

o

Santíssimo Padre significará

direclaniente a

Vossa Eminên

­

cia.

Osculando

a

sagrada

purpu-De

Vossa Eminência

Eminentíssimo

e

Re

­

verendíssimo Se

­

nhor

Cardeal

D.

Américo dos San­

tos

Silva,

Bispo

do

Porto.

Lisboa,

8

de

janeiro

de

1880

Muito humilde,

dedicado e

obri-'

gado creado

(assignado)

Cae­

tano,

Arcebispo

de Neocesa-

rea,

NÚNCIO ÂPOSTOLICO,

Os Reverendos

Parochos

lerão

esta nossa

Carla Pastoral

á

Es

­

tação da

missa

no

domingo

im-medialo

ao dia da

sua

recepção,

podendo

omitlir

a

leitura

das

relações

de contas;

muito, po

­

rém,

lhes

recommendamos

deem

d

ellas

conhecimento

bem

como

de

toda esta Pastoral

aos

paro-chianos

vogaes

das

nspectivas

cominissões

nas

freguezias onde

tenham

sido

organisadas.

Dada

no

Porto

o

Paço

Episco

­

pal,

sob nosso

signal

e sello,

aos

15

d’

agoslo

de

1880.

*

(Logar

gg

do

sello).

AMEBICO, Cardeal Bispo

do

Porto.

Conego José Antônio Comia da Silva.

SECIIETAHIO.

SECÇÃO

RELIGIOSA

Que falta fazem os

frades ?

111

Que é um frade ?

Eis aqui a primeira coisa que oc- corre perguntar tratando-se d’tuna personalidade que de diversas manei­ ras tcin sido apreciada.

(4)

264

O PROGRESSO CATHOLICO

2.° AHMU

Que « um frade ?

A actual geração quasi quo o não sabe, e quem o sabe tom o maior cuidado em não filiar (Folies! A gc- raçào autuai, embalada com as per­ versas leituras da escola revoluciona­ ria, apenus conhece o frade pela des- cripçho que d’clle lhe toem f ito os seus maiores inimigos.

Para alguns, o frade c um homem indolento. golotào, preguiçoso, quo fez do estado religioso um modo do vida commodn, facil o bnrnto, por isso qne c custeado pela caridade publica ou pelas rondas do seu convento. O fra­ de é ignorante, soez, mentiroso, de pensamentos baixos, som outro ideal quo viver e rir á custa do povo. Para estos o frado ó unicamente um ser que mereço desprego.

Para ouiros, polo contrario, é um ser t'*mivel. Astuto, diplomático, co­ nhecedor dn mundo e do coração hu­ mano, possuidor mais que ninguém do todas as scionchts, senhor do si proprio ató d abnegação, o frade d al­ gumas vozes anctor, outras vezes in­ strumento de tenebrosos planos, que tendem a apoderar-se da causa pu­ blica o a monopolisar «m proveito proprio, com as maia poderosas in­ fluencias do Estado. O frade estuda, mortiiica-se. obedece, para pur tudo, estudos, privnçoes e obediência ao sor- viço de um poder occulto, que em um momento dado pó.lo chegar a ser in- cunirastavcl.

E eloquente no conselho dos reis, destro nas ant^ snlas diplomáticas, ar­ teiro para urdir uma intriga o conti­ nuar a manejar todos os lios d’e!la desde o sombrio recinto de sua ceia, ou atravez o raro do confessionário.

Quem é que não tein lido ou ouvido estes dois retratos do frado nos perió­ dicos, nos romances, nos dramas ou nos clubs? Eis aqui a iniquidade des- mentindo-se a si própria. E não admi­ ra; porque é tão contradictorio o que do frade so diz. que é isso o bastante para se conhecer a perversa intenção dos auetores de taes arnnzeis.

E, om vista dc tilo contrarias pin­ turas que do frade nos fazem os seus proprios inimigos. não ó fóra do pro- posito esta pergunta: — em que fica­ mos? os conventos silo ibeos c asy- los da ignorância mais grosseira, ou d:i maia astuta diplomacia? Qual ó no convento a principal oficina: a des­ pensa ou n bibliotheca?

Que é, finalmente o frade ?

Um despresivcl folgazão a quem basta cuspir no rosto para o afastar, ou conspirador sagaz e diplomateo, contra o qual é necessário a gente munir-se de armas de fina tempera?

Em que ficamos ?

Do certo ficariam sem resposta taes

| perguntas dirigidas ao mais astuto dos lhor possa occominodar-sc as espe- [adversários, que não saberia como.ciaes necessidades de sua alma. Em : harmonisar os distinctos pontos sob • todos c dc rigor a mais absoluta su- os quacs a Revolução, se tem empe-; jeição, a pobreza completa, a mais de- nhado para fazer o frade odioso. Nós licada castidade. Sabe também, que podemos dizer A Revolução cm certos1 além d’ostas condições essenciaes e casos, o que aus protestantes dizia seu fundamentaes, em uns se dá especial pae, Bossuct em outro tempo:—Tu (importância aos grandes estudos ce­ varias? logo mentos. Sim. inimigosjclosinsticos; cm outros ás obras do dos frades; v<'s os tendes feito á vos--heroica caridade; em outras á macc- sa semelhança, mas variando no modo . ração do corpo por meio de espanto- de vos caricaturares: a uns pintacl-os I sos rigores, e em outros á propagan- altos, c a outros baixos; a uns bran-lda do bem entre o proximo por meio e is, e a outros negros Ao mesmo do tracto o das maneiras dóceis o in-tempo os apresentaes uns monstros

de estupidez e um prodígio de sabedo­ ria. Nhini só ponto cstaes concordes, na conclusão final : è necessário ex- treininar o frade !

Sim, o vosso fim é fazer dcsappa- recer o frado, já porque nada valo, como dizeis umas vezos; já porque valo muito, como outras vezes aflir- maes. <) que vós pretendeis é tiral-o do meio da sociedade, é evitar a sua reapparição.

IV

Mas que ó afinal o frade?

Que nus dizem d’elle a historia verdadeira, e verdadeiro bom senso das pessoas honradas ?

Vejamos ?

Um christão, na flor dos annos, na bella idade em que o quadro engana­ dor dc formosas illusõcs so estende ante seus olhos, quando mais rosado divisa os horisontes da vida, ao ten­ tar escolher um caminho entro os mil que se lhe abrem diante, sente-se. por um instincto superior a que cha­ maremos vocação, arrastado para a;

soledade, quando todos os demais, em) regra geral, se comprazem em viver

no meio do ruido do mundo, em meio

niatura apresentado ao tri-

, diversões; útujetçèio, «piando to-1

bunal do senso commum

dos querem a hberdado, a indepen-L

dos portuguezes

dencia ; á castidade, quando as lava-1

redas da vohiptnosidade principiam de | atoar-sc : á privação o á pobreza, quan-1 r , , .

do todos os seus igiues íiilo aspiram a; Carl“ã* Pa^ a um moço nu

. 1 • antigo parochiano o qual estando

I numa cidade da Europa para apren­ der um officio, se «cíou cm grande perigo de perder a fé, e tornar se

Protestante.

outra cousa quo não soja a uma boa] posição, a fazer fortuna. E este ho­ mem, esto joven quo tanto difere dos sentimentos e ideias da maior parte dos homens, acha-se só, perdido, ex­ traviado cm meio d’mn mundo que o

não comprchende, e a quem olle com- prehendcu rapidamente. Os seus de­ sejos não são os desejos das multi­ dões quo se agitam em volta do si; atormenta-o uma ambição sublime do coisas que o inundo despresa, e ao mesmo tempo um aborrecimento por tudo que o mundo deseja. Sabe que ha asyíos onde se dá completa satisfação

aos desejos de seu espirito, e princi- nas suas consequências. — tO Protes-

pia por fazer eleição d*aquelle que me- tantismo, diz o citado Gaumc, é a sinuantos. Ora, medita o consulta, e depois de suftlcientemente illucidado com as luzes do céo e com os con­ selhos da ancianidade experiente, ba­ te á porta d’um dJestes asylos, onde lho não perguntam nem por sua des­ cendência, nem por suas riquezas, nem por outra das vaidades a que o mun­ do dá importância. Uma investigação escrupulosa do sua vida o costumes o admitto ; uma prova mais rigorosa lhe confirma a admissão e o prepetúa n’elln.

E o joven que hontem era primo­ génito de nobre família, simples jor­ naleiro, ou laureado estudante, nada é já do que no mundo o distinguia, como superior ou comó inferior en­ tre os seus concidadãos. Depois, uns annos dc noviciado, uns votos solem- nes pronun dados junto do altar toem feito d’ello o que, oh povo seduzido! tanto e tanto to enoja, te irrita e faa estremecer: um frade!

(Continua)

D, FELIX SARDA Y SALVANI.

O Protestantismo em

mi-A... 17 de Maio de 1880 Meu amigo c filho caríssimo em

Nosso Senhor Jesus Christo.

(Continuado do n. anterior) »9.° 0 Protestantismo considerado

(5)

2.° ANNO

30 BE SETEMBRO DE 1880

265

principal causa de todas as calamida­ des qne pesam sobre a Europa de tres séculos para cá; e os factos lá estão para o provar. Os seus primeiros apostolos tinham apenas semeado os seus princípios entre os povos quando um vasto incendia se declarou logo na Allemanha, em França, na Suis- sa. e em Inglaterra, uma guerra do trinta annos, a pilhagem de com inil mosteiros, (asylos sagrados da sciencia, monumentos da caridade do nossos paes), a devastação e expolia- ção do mais de duzentas mil egrejas, rios de sangue dnsde o norte até o sul da Europa, crimes inauditos, odios atrozes, perjúrios, escândalos taes que o mesmo vicio envorgonhar-se-hia d’el- les ; estes foram os efleitos immedia- tos do Protestantismo* (ib.) E o dou­ to John Milner diz : «Eu tenho alie- gado os testemunhos não somente de Erasmo e outros catholicos, senão também dos maiores historiadores Protestantes e até dos mesmos Refor­ madores para provar que os costumes, muito longe de se tornarem melho­ res. tomáram-se pelo contrario sobre­ maneira pciores com a nova Religião A pretendida Reforma nos paizes es­ trangeiros, como na Allemanha, na Bélgica, em Genebra, na Sttissa, em França, na Escossia. além de ter cau­ sado insurreições populares, pilhagens, demolições, sacrilégios e persegui­ ções que não é possível poder escre­ ver, excitou também manifestas rebel- liÕes e sangrentas guerras civis» «(MiloerEnd.of Rel.Cont, I XXIV)*. O douto Stark. Pratestaute. diz, como refere Rohrbacher, que a grande re­ volução franceza com tudo o que te­ ve de mais horroroso derivou do Pro­ testantismo. De sorte qne Melanch- ton, o mais celebre discípulo do Lu­ thero. com muita razão dizia que to­ das as aguas do rio Elba não seriam sufficientes para chorar todos os ma­ les causados pela reforma. Ainda mais, o Protestantismo leva pouco a pouco o necessariamente á incredulidade e impiedade: «a incredulidade quo des­ troça nossa moderna sociedade, é a consequência lógica e fatal da rebel- Jião do século XVI» isto é. do pro­ testantismo, diz M. de Segur. E com effeito que nos diz Wegscnneider dc Jesus Christo na sua «Theologia Chris- tã> quo é hoje em dia o manual dos Estudantes que aspiram ao cargo de Pastor o da qual ha havido já sete ou oito edições? quo nos diz dc Jo- sus Christo este Theologo Protestan­ te? que os mais celebres ministros não creem na sua divindade, e que fazem de Jesus Christo um simples RABBINO, isto é, um simples dou­ tor da lei. Não é pois de estranhar: que M. Lebois, também ministro pro­

testante, publiesmente proclame que o culto de Jesus Christo é uma super­

stição E UMA^ IDOLATRIA TÃO CON­ TRARIA Á RAZÃO COMO A ESCRIPTURA.

Por outra parte todos sabem que no anno do 1817 em Genebra, a Vene­ rável Companhia dos Pastores (como cila mesma se intitula) prohibiu aos prégadores fallar da divindade de Jesus Christo ; e hoje em dia o espi­ rito de incredulidada e impiedade tem ido tão longe, que na Allmanha tem- se formado uma poderosa associação intitulada os amigos protestantes, cuja profissão de fé emittida por um de seus chefes, o Pastor UIrich, é a seguiente: l.° nossa crença é de não ter nenhuma; 2.“ o que se chama Deus é um Ente imaginário; 3.° o objecto de nossa adoração somos nós mesmos. Tão certo é o que diz M. de Gasparin, Protestante, quo a maio­ ria dos Protestantes não é christà; tão certo é o que diz o impio E. Qui- net, Protestante, que as seitas protes­ tantes são as mil portas abertas para sahir do Christianismo; tão certo é o que diz o impio Eugênio Sue, que o meio mais segunro para deschristia-

nisar a Europa é frotestanistl-a !! O que confirma perfeitamente o que diz M.de Segar que: «n incredulidade exis­ te no Protestantismo como o carvalho na bolota.»

4.° Os Fundadores do Proleslan-

tisino e o Protestantismo no juízo dos Fundadores e Protestantes.—

Calvino dizia de Luthero: c Verda­ deiramente Luthero é viciosissiino; oxalá tivesse cuidado de reprimir mais a sua incontinência! oxalá tives­ se cuidado em reconhecer os seus vi­ cies!»— «Quando leio um livro de Luthero. dizia Zuinglio. parece-me ver um porco immundo que vao to­ cando superficialmente em diversos lugares as flores do um formoso jar­ dim»—«Calvino não tem podido nun­ ca accomodar-se aos costumes hones­ tos c á veracidade, o ficou sempre submerso no lodo» diz Theodozo Be- za. o discípulo mais douto e mais amado de Calvino. — Bucer, frade apóstata e sacerdote casado, diz : «Cal­ vino é um verdadeiro cão damnado; este homem é malvado... guarda-te, leitor ehristão. dos livros de Calvino» «Zuinglio, diz Luthero, imagina ser úm sol que allnmia o mundo, mas não diflunde mais luz do quo «stercus in lucerna», do que a...— » Condemna- inos como hereges todos os Zuinglia» nos o Sacra menta rios» diz também Luthero—«Este novo Jeroboão (Hen­ rique), diz o escriptor Protestante Lin- <mrd. tendo fabricado a sua nova re- ligião punia com a morte quem quer que se não submetesse a cila. Os Ca­ tholicos que não queriam reconhecei o

ipor Chefe Supremo da Egroja, eram 'enforcados e esquartejados como trai•• | dores; e os Protestantes que recusa­

vam admiltir alguns de seus dogmas parlamentarios. eram queimados co­ mo hereges .. Nem sequer os mortos , foram poupados, c assim a 24 dc abri!

do anno de 1538, S. Thomaz doCan- torbery, morto 250 annos antes, foi formalmcnte citado a comparecer pe­ rante a côrto d'El-Rei, como accusa- do de alta traição»—Calvino dizia que o titulo de Chefe da Egreja de In­ glaterra, que Henrique se attribuia, era uma blasphcmia —CoLbet, histo­ riador Protestante, díz : « A« devas­ sidões habituaes do Henrique o ti­ nham reduzido a um estado tal de corpulência que nào podia mais mo­ ver-se... morreu deixando um grande numero de sentenças capitaes que nâo tove tempo dc firmar» Este historia­ dor diz também que Henrique foi: «o mais injusto, o mais vil. o mais san­ guinário dos tyrannos que nté então tinham assolado a Inglaterra.*—«O espirito do Lutheranismo. diz Desco­ les, Ministro Protestante, substituiu á infallibilidade do Papa sua própria in- fallibilidnde. a qual poz mais obsta- ,culosao progresso das luzes do que a primeira.»—«»Sat*.naz falia pela bo­ ca dos Calvinistas como pelos orgãos e instrumentos proprios d'clle», diz Schluosclburg, Theologo Protestan­ te.—Os Calvinistas não são Chris- tãos, mas turcos baptizado» e judeus» diz Modestua, outro Theologo Protes­ tante—«Os Ministros da Egreja do In­ glaterra são Egypcios encantadores, membros do diabo, syeophantcs, an­ jos do inferno, nos quaes se acham

os maiores enganos e mais fortes il- hisÕes de Satannzn. Diz Bernard. ou­ tro Theologo Protestante.— «Os Mi­ nistros da Egreja de Inglaterra não fazem nenhuma difterença entre a ver­ dade e á falsidade, entre Christo o o Anti-Christo. entre Deus e Satanaz. SàoANANTICHRISTIANSWlNlSH RABBLE. ENEMIES OF THE G(àS- PEL, isto é. em portuguez, uma ca­

nalha DE PORCOS ANTICHRI6TÃOS, INIMIGOS DO EVANGELHO* diz O au-’

tor do livro : «Dangerous Poaitions», citado por D. Gallitzin.— O mesmo Luthero dizia que depois de sua Re­ forma a gente tinha-se tornado mais immoral, mais viciosa e mais crucl do que quando estava no Papisnio —«En­ tre cem Evangélicos, dizia Calvino, apenas achar-sc-hia um eó que se não tenha tornado Evangélico por outro motivo que com o fim de abaudonar- so com mais liberdade a toda a sorte dc devassidões e do incontinência.»— «Segundo o testemunho dos historia­ dores Protestantes mais zelosos, como Styrpc, Cambeden, Dvgdale. Luthero

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266

0 PROGRESSO CATHOLICO

2.* ANNO

mesmo, etc., etc. e sogundo a declara­ ção do Henrique (Henrique VIII) ao seu Parlamento, as consequências im- mediatas da Reforma foram log> a corrupção dos costumes e o abandono total da justiça.» Diz Fitz-William, distincto escríptor Protestante—«A Religião Protestante ó inteiramente desfeita pela multiplicidade de seitas quo se tem formado durante a Refor­ ma c depois d’ella.» Diz Wctte, es- criptor Protestante. <A? força de re­ formar e de Protestar, o Protestantis­ mo tem-sc reduzido a uma linha do zeros. » Diz Schaltz, jurisconsulto prussiano—cEm nossos templos, á for­ ça de fallar da ador»ç?io de Deus em espirito e verdado tem completamen­ te desapparecido a verdade e o espi­ rito» diz Tutscuchen-Glanzon, escri- ptor Protestante.—Mas infinitas silo as passagens que poderia adegar does­ te genero. Baste por tanto diier que um douto escriptor Protestante tor­ nado Catholieo, o Djutor V. Hicnin- gshau, compoz uma obra, cujo titulo é; Resultado de minhas excursões no campo da litteratura Proleslunte. ou a necessidade de tornar â Efpcja Calho- licat provada exdiiwvamente pelas de- claraçõe* delheoloqos f philowphos Pro­ testantes De cu ja obra M. Gauine diz : «Não se pódo deixar de admirar a ou­ sadia da em preza do Doutor JI:enin- ghaus. Entre as auctoridades quo ei- lo reuniu cm numero de 1,837, não «o acha nom sequer uma só que soja Catholica. >

(Continua')

P.e PAULO S1LVIN0.—M. C.

SECÇÃO

SCÍEÃTIFICA

Ainda a perversão philoso-

phica

Mosltámos que o systema philosophico de Krause, que homens malvado? querem introduzir entre nós, é impio c ião im- pio que até é pantheisla.

Mostramos também que Tibcrghicn, de quem uni jornal do Porto annunriou uma obra péssima (c péssimas são iodas as obras d’eslc desgraçado sophistn) é um impio não menos perlido que Krause, do qual é discípulo: e no artigo passado de­ nunciamos uma obra detestável intitulada:

Teoria de ia immorlalidad del alma y de las penas y recompensas de la vida fu­ tura, por I). Juan Alonso Egylaz, cuja obra loi cgualmente annunciada pelo mes­ mo jornal portuense.

Alonso Egylaz depois de ter estampado’ em seu livro os absurdos que patentea­ mos aos leitores do Progresso Catholieo no n? passado, depois de pretender ridicu- larisar a divisão da vida humana em dons actos, dos quaes o primeiro dura os míseros sessenta ou oitenta annos que passamos n’este mundo, e o segundo começa cm continuação para não concluir jamais, es­ creve o seguinte:

«A unica cousa, que, segundo esse des­ graçado modo de pensar, pôde fazer Deus para que tal gloria e tal inferno sejam com eflrilo definitivos, é dedicar-se com exqui-ilo esmero a impedir que a nenhum bem-aventurado se lhe occorra nenhum pensamento nem alTeclo peccaminoso, es­ torvando ao mesmo tempo com todas as forças que nenhum condemnado sc arre­ penda em nenhum momento de suas cul­ pas, nparlando-o d*esta tentação quando o veja disposto a segui!-», pois em tal ca«o se destroem c desconcertam seus pla­ nos.»

«Impossível parece cerlamenle, diz Zc- pherino Gonzalcz, que urn homem, que pretende apoiar suas afllrmações anli-chris- tãs com relação á eternidade do inferno na doutrina do? Padres da Egrrja, co­ mo veremos depois, se mostre tão pou­ co versado na doutrina d'estcs sobre o assumpto, doutrina que se acha ao mes­ mo tempo em completo accôrdo com a simples razão natural. A vontade é a fa­ culdade do bom, como a intelligencia é a faculdade da verdade : aquelln e esta descansam em seu movimento quando che­ gam á pnsse da vondade infinita e da verdade absoluta e universal. Consistin­ do, pois, n gloria na posse plena c per­ feita de Deus, bondade infinita e verda­ de absoluta, bondade universal, em que se conteem todos os bens, e verdade uni­ versal, em que se conteem todas as ver­ dades, é condição natural, necessária e essencial, deste e>(ado o amor indificicn- e de Deus. Logo consistindo lodo o acto peccaminoso em uma perturbação maior ou menor do amor de Deus, é abso- lutnmenle impossível que os bem-aven­ turados deem entrada a acto algum pec- caminoso, ou o que é o mesmo deixem do amara Deus cuja bondade infinita veem inluitivnmenle, como é impossível que nós, ainda nesta vida, deixemos de amar o bem em commum ou a felicidade em geral, embora ao obrar nos equivoque­ mos pradicamenle pondo-a em objectos nos quaes realmente não existe. Logo é uma blasphemia ridícula e contraria á razão natural suppôr que Deus necessi­ te dedicar-sc com exquisilo esmero a im­ pelir que a nenhum bem-aventurado se lhe

occorra nenhum pensamento nem affeclo peccaminoso. Se o bem-aventurado fosse capaz de aíTeclos ou aclos peccaminosos, deixaria dc ser bem-aventurado por esse unico facto; porque a felicidade ou bem- aventurança não merece tal nome se não envolve a condição da perpetuidade e da indcficiencia. Do mesmo modo c por ana- logas considerações, se o condemnado fos­ se capaz de arrependimento e dc emen­ da, deixaria de ser ta! no sentido pro- prio da palavra. E lenha-se presente que quando dizemos que o condemnado c incapaz de arrependimento, falíamos do arrependimento propriamente dito, fal­ íamos do arrependirilenlo que traz com- sigo o apartamento do peccado em quan­ to peccado, o aborrecimento da culpa co­ mo offensa de Deus; unico* que póde motivar ou dar origem á remissão da culpa e á conseguinte reliabililação dian­ te de Deus. Os condemnados sim são ca­ pazes de arrependimento, porém arrepen­ dimento impropriamente dito, insnnicien- te e ineílicaz para a remissão da culpa, poiquc seu arrependimento não sc refe­ re á culpa em quanto mal moral nem em quanto ofTensa de Deus, senão cm quanto e porque c causa do mal phy- sico, cm quanto é origem das penas que padecem, á maneira do malvado que ao subir ao patíbulo abriga cm seu cora- çaoodios e desejos de vingança con­ tra seu inimigo por mais que lhe cau­ se pesar o homicídio commctlido em quanto é causa de sua desgraça pre­ sente. Dc dous modos, diz S. Thomaz, póde succcder que alguém se arrepanda do peccado, dos quaes (modos) o primei­ ro é quando o homem abomina o pec­ cado cm quanto é peccado : o segundo modo é, quando alguém se arrepende ou tem pesar do peccado em razão de al­ gum adjuncto que o acompanha ou se­ gue, como em razão da pena. Os con­ demnados não se arrependem dos seus peccados no primeiro conceito, porque permanece n’elles a vontade da malícia do peccado, ainda que sc arrependerão dos mesmos accidcnlalmente (peraccidens} isto ét no segundo sentido, cm razão da afilicção conseguinte á pena que por seus peccados padecem (1)».

No mesmo sentido se exprime o cardeal Caetano, o qual, ao expôr as condições que devem acompanhar a dor dos pecca­ dos, para que esta possa chamar conlric- ção e determinar a remissão da culpa, en­ sina lerminanlemente que a dôr ou arre­ pendimento deve referir-se ao peccado cm quanto é offensa de Deus, e não cm

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9S ANHO

30 DE SETEMBRO DE 1880

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quanto ó causa de algum damno ou pe­ na pessoal. Pelo que, accrescenta este profundo lheologo, se alguém se arrepen­ desse voluntariamente dos peccados, não principalmente por serem oITeiwas de Deus, senão porque d’elles se seguiu infamia, ou tanfliem a pena do inferno, este não se arrependeria dos peccados do modo que se subentende tfesia definição zda contri­ ção). c por conseguinte não leria a ver dadeirn contrição, senão uma contrição similhante á dos condemnados (1).» Os condemnados, pois, achara-se sujeitos a um arrependimento, ou antes, a remor­ sos estercis, «não porque lhes desagra­ dam os peccados que commetteram, ac- crcscenta S. Thomaz, antes pelo contrario quereriam permanecerem seus peccados ou commettel-os de novo, se pudessem, que possuir o Summo Bem a quem abor­ recem, e se experimentam pe<ar é por­ que não conseguiram o que intentavam por meio de seus peccados (2). » Não necessita, pois, Deus, como indica nosso lheologo Krausista, «estorvar com todas as suas forças que nenhum coniemnndo se arrependa em momento algum de suas culpas,» porque basta e sobra para isto a obstinação de sua vontade no mal:

Voluiilas corum perpetuo wanebil obsfi- nata in mato, diz S. Thomaz.

E não se nos diga que assim como o homem, por obstinado que se ache no mal, pôde converter-se e entrar nos cami­ nhos do hem e da virtude durante a vida presente, assim lambem pôde realisar es­ sa conversão no estado de condemnação. Propor semelhante objerção equivale a desconhecer completamenle a economia ju.-ta e sabia da Providencia de Deus em ordem ao destino do homemequivale a desconhecer a dilTerença radical (pie deve j existir até aos olhos da razão natural en­ tre o estado de prova, de exercício, de mérito, de movimento, de caminho ou cio, como dizem os lheologo?, e o esta­ do de recompensa e de castigo, de lira, de realisarão ou consecução do ohjeclo, dc termo." Deus, ao crear o homem, deu- lhe este inundo e lhe marcou os breves instantes da vida presente como theatro e duração para a realisação de seu des­ tino íinal, que não é outro senão n pos­ se do Sunuuo Bem, isto é, a posse de lodos os bens e a felicidade perfeita e plena : respeitando, por dizel-o assim, sua liberdade e a dignidade de sua natu­ reza, quiz que a consecução d’cstn su­ prema felicidade fosse devida a seus ex- rorços pessoaes e livres: poz diante d*el- le o caminho do bem e do mal com fa­ culdade de seguir uni ou o outro, ollere- cendo-the ao mesmo tempo o auxilio dc sua graça e misericórdia para seguir o pri­ meiro : ’ para os que desprezando essa gra­ ça se entregaram a paixões criminosas, marcharam pelo caminho do mal c do pec­ cado, colloeou no extremo on no termo do mesmo n desdita suprema e eterna, co­ mo eterna e suprema è a felicidade que colloeou no termo do caminho do bem na vida presente. Da aqui porventura algu­ ma cousa que seja indigna da economia

de uma Providencia sabia, misericordiosa e justa ao mesmo tempo ? Não ê acaso conforme á equidade e á razão natural, que quando o homem chega ao termo de seu movimento moral, permaneça n’elle para sempre ou de uma maneira lixa e inimulavel? Não é evidente que se po- desse mudar ou variar o que conslilue o estado de lermo, este deixaria de ser ter­

mo e de constituir o destino finai, para convcrler-se em estado de caminho, sta-

tus viae, de movimento continuo e inde­ finido? E se o termo e destino final que serve de prémio às obras boas, é eterno c immulavel, porque nâohi-de sel-o tam­ bém o castigo dos maus? Logo Ihus se deyc a si mesmo e deve à sua eterna e inlinila justiça a pena eterna com que cas­ tiga o mal moral nos condcin.-ndo?.

E esta conclusão se apresenta mais le­ gitima e racional, se se tem e n conta, que o peccado envolve certo grau de in­ finidade, por ser uma oflensa « injuria commellida contra D.nis, tnndide infini­ ta c de uma dignidade inlinitamenle su­ perior ao peceador; porque, comi diz com razão S. Thomaz: rum />/«? ín ín-

finitum creMram excedat, erit peccnnlis morlatiter contra Deum infinita ofletita ejepurie dignitalis ejur cai per peccatum tpiotlammodo injuria fit; dum ipse Z/eur contemnitur et cjus pracepluni (I). Logo para que exi>ta a devida proporção entre a malícia infinita do peccado e apenas, é preciso que esta seja elerni, quer dizer, inlinila em sua duração, iã quo não po­ de ser inlinila em intensidade par sít* re­ cebida cm um sugeilo finito.

Certamenle as reflexões que acabamos de expòr são mais que suílicienles para demonstrar que nada In na eternidade das penas do inferno que se ache cm op- posição com as leis de uma Providencia fundada em equidade, em sabedoria c em justiça. Não é diflicif reconhecerem vis­

ta d essas reflexões, a*sim como de ou­ tra? analogas que poderamos addirzir que a eternidade das pena? do inferno, longe de envolver repugnância alguma com a recla razão, se acha em harmonia com a? condições próprias do estado dos con­ demnados, com a obstinação de sua von­ tade no nial, conseguinte a este estado, e com as leis equitativas estabelecidas pela Providencia divina com relação ao destino e fim do homem.

Mais: não é impossível nrofondar raais a matéria, e examinando-a debaixo de um aspecto philosophico, descobrir e paten­ tear a causa inimediala c como a razão sufiicienle c racional da obstinação e per­ severança eterna da vontade dos réprobos no mal c da conseguinte duração eterna da? penas.

Com cfieilo; n theologia catholica ensi­ na, c é uma verdade elementar da reli­ gião, nllestada em parle pela mesma ex­ periência e pela razão humana, que o ho­ mem com suas próprias forças naturaes não pôde reparar a injuria e oflensa inti- niia que comsigo traz o peccado mortal, principalnicnte se se tem em conta que es­ ta oflensa so refere a Deus, não só co-(1) Que imprudência ! Que cynismo 1

(á)Sum. Theol. siippl. 9. 118. arl. 2.

(1) Conimcnl. in suppl. S. Thomay 9. I?, arl. l.#

mo auctor da natureza, senão lambem como auctor da graça c redempção re­ presentadas em Jesus Chrislo e por Jesus Chrislo. Resulta de aqui que a remissão da culpa e a justificação do homem que está em peccado, não podem realisar*se sómente com a? forças d.i vontade natu­ ral, e que por comegainte, além do mo­

vimento ou aclo do livre arbítrio, se ne­ cessita como causa e causa principal o auxilio ou dom especial de Deus que os lheologo? chamam graçi; se necessita,

em uma palavra, uma cooperação espe­ cial e determinada da parte de Deus. Ora bem: sendo a graça, como o indica seu mesmo nonn, um auxilio gratuito, um dom livra de Deus, é claro que Deus não tem obrigação alguma de concedel-o aos condemnados, o não é menos claro t: evidente, que estes nenhum direito leem a uma gear.» ou auxilio que Deus lhes oflereccra durante a vida presente, du­ rante o tempo marcado pela Providencia para merecer, porém que elles repclli- ram e desprezaram: cremos «pie esta re­ flexão contem a razão suflieienie, imme- diata e racional da perseverante obstina­ ção d-b condemnados em sua malícia ou culpa, c da conseguinte eternidade docas- ligo que a jiKiiça de Deu? me impõe.

Fica pais desvanecida a objecção fun­ damental e o único argumento do Egui- az que oífercce algum.i apparcncia de orça ; no artigo seguinte scguil-o-he- mos em outras objocções, e veremos sua pcríi-lia ms citações que faz dos padres tP Egreji.

P.' Chrispim Caetano Ferreira Tavares.

SECÇÃO

HISTÓRICA

O Padre Bresciani, Jesuíta

A Companhia de Jesus, que foi sem­ pre mãe fecunda de varões apostoli- cos, de sábio? e da sanio*. e é por isso que sempre leve mu los inimigos, produziu nus tempos modernos um homem emin mie em Iilterát ura, um verdadeiro gemo, e ao mesmo lem- p > um religioso perfeito ; é este o Padre Antomo Rresciani, fallecido em H de março de 1862.

A ordem de Santo Ignaeio é a so­ ciedade que nos lem dado obras cons­ tituídas classicas era bellas lettras, em moral, cm philosophia ; sábios trata­ dos sobre a origem das línguas os costumes c as instituições d-is diver­ sos povos; uteis e importantes des­ cobertas nas artes e sciencias; em medicina o inais precioso dos especí­ ficos. a quina; em physica a desco­ berta das machinas aeroslalicas e as primeiras experumchs que mos reve­ laram o singular phenumeno da in­ flexão da luz.

A Ccmpanliia de Jesus leve gran­ de grande parle na reforma do ka- lendario, o deu á malbenralica, á phy.

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2G8

O PROGRESSO CATHOLICO

2** ANHO

sica, á astronomia, á arte de foitili* cação e á tatica naval, ;is sciencias históricas e á philosophia christã, ho­ mens diante dos quaes todos os sá­ bios se curvam.

Calculam-se em vinte mi! os es- criptores jesuítas, o que é uma cir- cumstancia admiravel em ires tecu los que apenas tem de existência es­ ta famosa congregação. Nenhuma ou­ tra nrdem religiosa ou sociedade se póde gloriar de ler produzido no seu seio homens tão dislinctos em todos os ramos de conhecimentos humanos

e

em menus tempo.

Alas não devemos esquecer que o principal dever dos jesuítas é o de se consagrarem em tudo á defeza da re­ ligião e á salvação do proximo. For­ mar antes varões apostólicos e santos do que sábios, eis o plano de Santo Ignacio, que a Compuihia tem reali- sado cm todas as idades da sua exis­ tência.

Se elía conta tantos doutores emi­ nentes, tantos illustres oradores; ain­ da mais a engrandecem tantos admi­ rareis modelos da perfeição evangé­ lica, tantos martyres gloriosos, tan­ tos missionários cujas preciosas vidas foram votadas ao Senhor nas trabalho­ sas fadigas do zelo apostolico.

São poucos os homens que saibam unir a virtude, á sabedoria ; e toda via foi isto o que intentou Santo Igna- cio, e que eífeclivainenle conseguiu, formando uma sociedade de homens d’tima sciencia superior e d’uma vir­ tude a toda a prova.

A esta esclarecida família perten­ ceu o preclarisstmo varão de que nos occupamos no presente artigo, o Pa­ dre Anlonio Bresciani. Pur seus ta­ lentos e virtudes illustrou a exempla­ ríssima e sapientíssima Companhia de Jesus em nosso século.

Este erudito jesuíta alcançou glo­ riosa fama em toda a llalia e mes­ mo em toda a Europa, pelos duutos escriptos que publicou sobre diversas matérias, especialmente pelos seus contos moraes ou romances históri­ cos, na Civillà Caltolica, de que fui muito tempo collaborador.

Quem não tem admirado o Ubaldo

e Irene, o Judeu de Verona, a Hepu- blica fíomana, o Lionello c outras bei- las narrações do Padre Bresciasni? Ahi se descobre o seu genio e gosto lillerarío. e ao mesmo tempo o seu zelo e dedicação religiosa.

Bresciani nasceu em Ala. cidade do Tyrol (llalia) a 2-1 de Julho de 1798. <Fuma larnilia nebre. Seus paes lhe deram professores que lhe ornaram o coração e o entendimento, e o joven discípulo, dócil ás ínslrucçõjs que re­ cebeu na infaticia.sahiu um bom chris Ião c um sabio eminente

Na idade de 18 annos já era co­ nhecido como um lilterato distincto; mas n'estc tempo começou a sentir uma grande vocação para o estado re­ ligioso, e conheceu que Deus o cha­ mava para consagrar-se lodo a Elle na Companhia Me Jesus.

Antonio Bresciani era o primogé­ nito da illustrc casa de seus paes ; em consequência d’isto havia grandes difliculdades para conseguir o seu in­ tento. No entanto tratou de se appli- car ás sciencias sagradas e de se or­ denar sacerdute, esperando levar a efleito o proposito da sua vocação.

Em seguida foi elleilo professor de bellas leltras no lyceu de Vercna, car­ go que elle exerceu com applauso universal.

Mas. emfim, movido do impulso da inspiração divina que o chamava a servir a Jesus na ordem de Santo Igna- cio, lomou a resolução inahalavel de fugir de Verona, rompendo lodos os obstáculos. Veio a Roma, e, a 21 de novembro de I82i, vestiu a roupe­ ta jesuítica em Santo André do Qui- nnal.

Por esta occasiao teve o Padre An­ lonio de suflrcr uma terrível opposi- çào unto da parle de seus parentes, como de personagens poderosos, que empregaram lodos os meios para o desviar do seu piedoso desejo. Deus assim o permilliu para experimentar a sua virtude e perseverança.

Brtsci-ni resistiu a todos os esfor­ ços da Carne e do mundo para só es­ cutar a voz de Deus, e iriumphou, e se conservou tinne no seu puslo: quiz ser jesuita, e fui jesuíta, porque era essa a sua vocação.

Já se que devia ser um bom re ligioso cumo eífectivamente foi.

Desde 1828 a 1818 foi de conti­ nuo empregado em graves cargos, c desiguadamenle na educação da mo­ cidade, que era a maior delicia do seu coração. Regeu por longo tempo os cullegios de Turin, de Gerona. de Mo- dena, e depois o da Propaganda em Roma.

Em 1835. assistindo em Modena aos iufeccionados do lypho e do cho- lera, contrahiu lambem elle a terrí­ vel doença que o fez padecer por tres annos consecutivos. Sempre lhe ficou o germen do mal que utlimamente o conduziu á sepultura.

Na maior crise da sua enfermidade foi milagrosamente curado pelo Padre José PigualcHi, jesuíta fallecido em 1811, em cheiro de santidade. O ve­ nerável Padre lhe appareceu em Mo­ dena, e lhe promeiteii mais annos de vida. D’este portentoso acontecimen­ to ha um processo aulhenlico.

Apesar dos seus contínuos padeci­ mentos, applicou-se a escrever livros

moraes. agradaveis e erudilos, para inslrucção da mocidade. Desde 1831 até 1862 illuslrou com as suas nar­ rações as columuas da Civillá Calto-

Uca, excedente revista religiosa da llalia, redigida por j»smtas. recom- mendada pelo Santo Padre Pio IX e por muitos Prelados da llalia.

Alem das obras originaes que com­ por o Padre Anlonio Bresciani. men­ cionaremos a traducçâo d’uma obra notável, escripla em latim pelo jpsui- la AíTonso Anlonio de Sarasa, filie- eido piamente em 1667. Inlitula-se 4rs semper yaudendi: é mra obra cheia de boa philosophia e de impor­ tantes documentos.

Assistiu longo tempo em Turin. então capital da Sardenha, onde le­

ve grande intimidade com o rei Car- lus Alberto. Empregou-se com g»an- de zelo em dirigir as almas no cami­ nho da fé e da piedade chrislã, no que era eminente N'este ministério operou maravilhosas conversões.

Possuiu em grau supremo a vir­ tude da caridade, e o seu coração lodu se abrasava em zelu pela glo­ ria de Deus, peía prosperidade da Egnja e pelo iriumpho do Summo Pontífice, »*m cuji defezi trabalhou incessantemente até exalar o ultimo suspiro.

Morreu com a bênção do Santo Padre Pio IX. que lernamente o ama­ va, e que muitas vezes lhe conce­ deu aquella graça. As suas ultimas palavras íoram estas : Jnlra tua vul­

nera absconde me*=»dingidas ao Rcdem- ptor. Morreu saulamentc, como sem­ pre linha vivido.

Como santo foi acclamado do im- menso povo que concorreu ás suas exequias na igreja de Jcmis. Homa.

Eis aqui o que foi o Padre Anlo­ nio Bjesciant. da Companhia de Jesus, escriplor de vasta erudição, compi- cuo em virtudes: em uma palavra só, um verdadeiro jesuíta.

P.* João Vieira .Verw Castro da Cruz

SECÇÃO HTTERARIA

Os missionários catholicos

na África Austral

Do excellpiile período que, com o titu­ lo hulia CMolica, se publica e.m Bom­ baim em língua portugueza exlraclamos o seguinte, para que os nossos leitores ava­ liem os serviços prestados á civilisaçào pelos aposlolos do chnslionismo, notando ao mesmo tempo a diíferença que vae d’estes serviços ao? que prestam nquelles que vão á África dar um passeio á custa do Estado, e sem nada fazerem vem pe­ dir recompensas imtnerecidas.

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