AFECÇÕES DOS MEMBROS DOS
EQÜINOS. TÉCNICAS E
DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICOS
Rosana Zanatta
• Exame radiográfico ainda é o mais utilizado no Brasil
• Confirma o diagnóstico, contribui para o prognóstico e para o estabelecimento de terapia
• Muitas alterações agudas não são detectadas no exame radiográfico → radiografias seriadas para acompanhar a progressão da doença e o os efeitos do tratamento
Membros dos equinos
Exame radiográfico
• Cada região exige uma série de projeções
• Auxílio diagnóstico
Preparação
• Limpeza da região
• Retirada da ferradura
• Contenção química e/ ou física
Técnica radiográfica adequada
• Tamanho do animal
• Contenção
• Capacidade do aparelho de raio-X
• Presença de afecções dolorosas
Identificação do filme
• Por convenção, os marcadores do membro devem ser colocados ao longo do aspecto dorsal ou lateral do membro
• O método mais apropriado de identificação é o uso de marcadores que indicam claramente a projeção radiográfica
Identificação do filme
Áreas anatômicas – termos coloquiais
• 3º osso metacarpiano ou metatarsiano = osso da canela • Falange proximal = osso longo da quartela
• Falange média = osso curto da quartela • Falange distal = osso do casco • Carpo = Joelho
• Tarso = jarrete
• Articulações metacarpofalangeana e metatarsofalangeana = boleto • Articulação interfalangeana proximal = articulação da quartela
Pontos cardeais e pontos auxiliares!
Nomenclatura
As projeções radiográficas devem ser descritas pelo sentido que o raio central do feixe primário penetra na região de interesse do corpo, do “ponto de entrada ao ponto de saída”.
• IMPORTANTE:
Qual
superfície
estamos
avaliando?
– DPa
Importante: qual superfície estamos
avaliando?
• DLPaMO
• DLPaM
• Dorsomedial
e
Palmarolateral
Posicionamento
Navicular
• Projeções recomendadas
– LM – 65-DPr-PaDiO – PaPr-PaDiOProjeção lateromedial
Lateromedial
Superfície articular e flexora (TFDP) Bordas proximal e distal
Dorsoproximal-Palmarodistal
Oblíqua em 65º
Dorsoproximal-Palmarodistal
Oblíqua em 65º
Palmaroproximal-Palmarodistal
Oblíqua
Palmaroproximal-Palmarodistal
Oblíqua
Falanges
• As projeções radiográficas necessárias para a avaliação das falanges dependerão da área de interesse. As projeções necessárias para avaliar a terceira falange são diferentes das necessárias para avaliar a quartela
• Terceira falange – LM – 65-DPr-PaDiO – DPa (feixe horizontal) – D65PrL-PaDiMO – D65PrM-PaDiLO
•Art. Interfalangeana proximal •LM
•DPa (feixe horizontal) •DL-PaMO •DM-PaLO
Dorsoproximal-palmarodistal
obliqua em 65º
Margem e canal solear
Metacarpo/Metatarso
• LM
• FLM
• DPa ou DPl
• DL-PaMO ou DL-PlMO
• DM-PaLO ou DM-PlLO
Lateromedial flexionada
Ombro - ML
Joelho - Lateromedial
Pelve - Ventrodorsal
Carpo
• A anatomia radiográfica do carpo equino é complexa
• A avaliação completa do carpo inclui 5 projeções
– LM – L flexionada – DPa – DL-PaMO – DM-PaLO
• A projeção skyline (dorsoproximal-dorsodistal obliqua) pode ser necessária
Anatomia
Projeção dorsopalmar
• A – Fise distal do rádio • B – Epífise distal do rádio • C – Osso cárpico radial • D – Osso cárpico intermediário • E – Osso cárpico ulnar • F – Osso cárpico segundo • G – Osso cárpico terceiro • H – Osso cárpico quarto • I,J,K – Ossos metacárpicos (II,
Projeção lateromedial
• A – Art. cárpica radial • B – Art. mediocárpica • C – Art. carpometacárpica • D – Ossos metacárpicos • E – Fise distal do rádio • F – Fileria proximal • G – Fileira distal • H – Osso cárpico acessório
A flexão da articulação permite a separação dos ossos cárpicos, então as margens dos ossos podem ser mais claramente observadas. Isto torna mais fácil determinar a origem de pequenos fragmentos de fratura
O osso cárpico intermediário é deslocado proximalmente, e o osso cárpico radial é deslocado distalmente. Esses ossos são locais comuns de fraturas em lasca (“chip”)
Projeção dorsoproximal-dorsodistal
oblíqua flexionada
Cr Cu Ci CaFileira proximal dos ossos cárpicos
Orientação: lembrar que os dois ossos cárpicos de tamanho similar são os ossos cárpicos radial e intermediário, o osso cárpico ulnar é muito menor. O osso cárpico radial é medial, permitindo identificar os aspectos medial e lateral.
O osso cárpico terceiro é o maior osso nesta fileira. O osso cárpico quarto é aproximadamente 1/2 da largura do terceiro. O osso cárpico segundo é o menor
C3 C4
C2 Ca
Fileira distal dos ossos cárpicos
Tarso
• A anatomia radiográfica do tarso é bastante complexa
• O tarso é formado por sete ossos társicos e cinco articulações
• Projeções para a avaliação do tarso
– DPl – LM – L flexionada – DL-PlMO – DM-PlLO
Anatomia
•Crista intermediária •Maléolo lateral •Maléolo medial •Calcâneo•Osso társico primeiro e segundo
Projeção dorsoplantar
Projeção dorsoplantar
•Talo
•Osso társico central •Osso társico terceiro •Osso társico quarto
Projeção lateromedial
A- Tíbia B- Calcâneo C- Talo
D- Osso társico central E- Osso társico terceiro F- Osso metatársico terceiro 1- Art. tarsocrural (tibiotársica) 2- Art. intertársica proximal 3- Art. Intertársica distal 4- Art. tarsometatársica 5- Art. talocalcaneal A C B E F D 2 1 3 4 5 •tarsocrural •intertársica proximal •intertársica distal •tarsometatársica
Muitas das patologias do tarso ocorrem nas margens dorsomedial das articulações társicas menores.
Osteófitos de DDA (esparavão ósseo): margens dorsomedial das articulações intertársica distal e tarsometatársica.
Esparavão ósseo: também no aspecto dorsolateral das articulações intertársica distal e tarsometatársica.
Única projeção útil na avaliação para a osteocondrite dissecans do tarso (crista intermediária distal da tibia e a crista troclear lateral do talo).
AFECÇÕES
Doença do navicular
• Degeneração do osso navicular
• Sinais clínicos x radiográficos!
– Alterações
em
tamanho
e
forma
das
invaginações sinoviais
– Esclerose da cavidade medular
– Mudanças no cortex flexor
Doença do navicular
• Invaginações sinoviais
• D65Pr-PaDiO e PaPr-PaDiO
Invaginações sinoviais normais
Invaginações sinoviais “lollipop”
Degeneração do navicular
Cavidade medular e córtex flexor
Laminite
• *LL*
• 65º DPr-PaDO: vasculatura da falange distal, reabsorção óssea
Laminite
• Desvio palmar da falange distal (rotação de P3)
Prognóstico •Favorável ≤ 5,5 •Reservado - 6.8 a 11.5 •Desfavorável ≥ 11.5
Laminite
10 graus de rotaçãoAfundamento
Laminite crônica
FRATURAS
Fraturas do navicular
Fratura da falange distal
• Relativamente
comuns
(coices,
atividade
atlética)
Fratura do processo palmar
Fratura do processo extensor
Fratura da falange média
Fraturas do boleto
Ossos metacárpicos
Luxação
Ossos metacárpicos
Fraturas por estresse da tíbia
FRATURAS DOS OSSOS CÁRPICOS
• Podem ocorrer como resultado de trauma, coice
ou queda). Mas a maioria ocorre como resultado
de forças repetitivas associadas com exercício
rápido em cavalos de corrida
• Margens dos ossos cárpicos (fraturas em lasca)
• Envolvimento da cortical dorsal
FRATURAS DOS OSSOS CÁRPICOS
FRATURAS DOS OSSOS CÁRPICOS
FRATURAS DO TARSO
• Relativamente raras
• Fraturas em bloco (“slab”) dos ossos társicos terceiro e central ocorrem ocasionalmente. Por causa da complexa anatomia do tarso, essas fraturas podem ser bastante difíceis para identificar
• Múltiplas projeções radiográficas oblíquas tiradas em diferentes ângulos são necessárias para definir a fratura
Projeção DM-PlLO
Projeção DPl
Ossificação das cartilagens
Periostite
• Exostoses ou osteoperiostite
• Processo reacional do periósteo caracterizado
por proliferação óssea
• Etiologia: traumas, microfraturas
Periostite
Osteíte
• Processo inflamatório da falange distal • Caracteriza-se por:
- Desmineralização da margem solar
– Presença de áreas circulares radiolucentes com 2 ou 3 mm de diâmetro localizadas no processo palmar do osso
– Presença de lesões mineralizadas na parede dorsal da falange distal
Osteíte
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Sesamoidite
• Periostite e osteíte afetando a superfície abaxial do osso sesamóide proximal
• Entesopatia? (trauma repetitivo, crônico, do aparato suspensório)
• DLPMO e DMPLO
• Tipo 1: 1-2 defeitos lineares ≤ 1mm de largura • Tipo 2: 3 ou + defeitos lineares ≤ 1 mm de largura
• Tipo 3: qualquer defeito linear > 1 mm de largura ou qualquer defeito com formato não linear
Sesamoidite tipo 2
Sesamoidite tipo 3
Sinovite proliferativa crônica
(sinovite vilonodular)
Inflamação da membrana sinovial (boleto)
Sinovite proliferativa crônica
Osteocondrose
• Osteocondrose é uma doença ortopédica de desenvolvimento (falha na ossificação endocondral) que pode ocorrer em qualquer articulação
• Osteocondrite dissecante (OCD) é um tipo de osteocondrose
Cisto ósseo (osteocondrose) na
falange distal
Osteocondrose
Crista troclear lateral do talo - DM-PlLO
Doença degenerativa articular
• Uma das causas mais comuns de claudicação em equinos • Sinônimos: artrite, osteoartrite e osteoartrose
• DDA primária: mais freqüentemente associada com má conformação e/ou atividade atlética pesada
• DDA secundária: conseqüência de anormalidade intra-articular como fratura ou sepse
• A aparência radiográfica é a mesma, independente da causa
Doença degenerativa articular
• FASE INICIAL/INTERMEDIÁRIA
– Aumento de tecido mole intracapsular (efusão e/ou
espessamento sinovial) – Osteófitos, enteseófitos • FASE TARDIA E/OU SEVERA
– Estreitamento do espaço articular
– Áreas císticas de desmineralização subcondral – Anquilose
DAD das articulações interfalangeanas
• Sobreosso, “ringbone”
DAD art. interfalangeana proximal
Metacarpo/metatarsofalangeanas
Osteófitos geralmente mais proeminentes ao longo dos aspectos DM e DL da articulação. Projeções oblíquas!
Redução espaço articular, lise subcondral Osteófito
DDA média
Redução espaço articular
Mudanças margens ósseas Área radioluscente
DDA severa
DOENÇA DEGENERATIVA
ARTICULAR (ESPARAVÃO)
• A doença degenerativa articular (osteoartrite) pode estar presente em qualquer articulação do tarso. É mais comum nas articulações intertársica distal e tarsometatársico
• É um dos achados radiográficos mais comuns em cavalos atletas (de corrida, de salto, de apartação). As alterações radiográficas estão freqüentemente presentes em cavalos jovens e pioram com a idade e uso contínuo
• Sinais radiográficos
– O sinal inicial é a formação de osteófitos na margem das articulações társicas menores, principalmente nas margens articulares dorsal e dorsomedial
– A localização da formação de osteófitos pode variar com o tipo e/ou uso do cavalo e o estágio da doença. Para a avaliação das margens articulares três projeções são necessárias – a lateromedial, a dorsolateral-plantaromedial oblíqua e a dorsomedial-plantarolateral oblíqua.
DOENÇA DEGENERATIVA
ARTICULAR (ESPARAVÃO)
DOENÇA DEGENERATIVA
ARTICULAR (ESPARAVÃO)
DOENÇA DEGENERATIVA
ARTICULAR (ESPARAVÃO)
ARTRITE SÉPTICA
• A doença degenerativa articular pode ocorrer como resultado de infecção articular – artrite séptica
• Em cavalos adultos a artrite séptica é quase sempre resultado de penetração da articulação (ao contrário da rota hematógena de infecção, comum em neonatos). A maioria das artrites sépticas são secundárias à injeções articulares terapêuticas ou cirurgia, ou também seguido de um ferimento penetrante
• Presença de distensão da articulação afetada e claudicação severa
• Alterações ósseas de artrite séptica geralmente não serão radiograficamente visibilizáveis até 10-14 dias após o ínício dos sinais clínicos
• As alterações observadas são típicas de artrite – proliferação óssea e lise subcondral. Lise subcondral tende a ser uma característica radiográfica mais dominante que a formação de osteófitos.
ARTRITE SÉPTICA
ARTRITE SÉPTICA
Artrite infecciosa
• Ocorre em neonatos como conseqüência da
propagação hematógena de bactérias
• Potros nas primeiras 6-8 semanas de vida,
podendo ocorrer em potros com mais de 10-12
meses de idade
• Sinais clínicos: claudicação, edema articular
afetando uma ou mais articulações, febre,
inapetência
Artrite infecciosa
• Inicialmente somente alterações de tecido mole
podem estar evidentes (avaliar pulmão e
umbigo)
• Pode haver infecção da sinóvia, fise, epífise,
ossos do tarso ou do carpo
Falha ou atraso na ossificação
• Em potros prematuros e dismaturos os ossos
cárpicos
e/ou
társicos
podem
não
estar
ossificados ao nascimento – a ausência de
ossificação pode ser parcial ou completa e é
bilateralemente simétrica
• Os ossos cárpicos e társicos incompletamente
ossificados não fornecem suporte normal ao
membro e começam a “esmagar” com o apoio
Falha ou atraso na ossificação
• Deformidade do membro no nível do carpo e/ou tarso • Aspecto lateral do carpo colapsa-se e o membro
angula-se lateralmente distal ao carpo (carpo valgo)
• O aspecto dorsal dos ossos társicos esmagam-se e o tarso tem uma aparência anormalmente curvada quando visto de lado
• DPa - avaliar a ossificação do osso cárpico • DPl - avaliar os ossos társicos
• ML - necessária para avaliar o grau de má-formação articular causada pela ausência de ossificação do tarso
Classe 1 de ossificação cárpica → alguns dos ossos têm alguma evidência de ossificação
Classe 2 de ossificação társica→ na projeção dorsoplantar há alguma ossificação de todos os ossos társico e os ossos parecem relativamente normais na forma. Entretanto, na projeção lateral é claro que os ossos társicos central e terceiro não estão ossificados em sua extensão dorsal
Classe 3 de ossificação cárpica → todos os ossos cárpicos estão parcialmente ossificados. Os ossos não estão do tamanho completo e são de forma arredondada a ovóide
Classe 4 de ossificação cárpica → todos os ossos cárpicos estão completamente ossificados. Os ossos são normais em tamanho e forma
Deformidade angular do membro
• A deformidade angular do
membro é a angulação
anormal do membro para longe de seu eixo central • Angulação lateral → desvio
valgo
• Angulação medial → desvio varo
• A deformidade angular do
membro é nomeada pela
indicação da articulação onde o desvio começa
Deformidade angular do membro
• Projeção radiográfica
• Traçar linhas
• Ponto de cruzamento das linhas (causa)
• Quanto maior o grau, pior o prognóstico
Carpo e tarso valgos
Fisite/epifisite (displasia fisária)
• Desenvolvimento fisário anormal em cavalos esqueleticamente imaturos • Cavalos de 12-18 meses de idade
• Fise distal do rádio e nas fises distais do metacarpo ou metatarso terceiros • Claudicação, edema no nível da fise distal do rádio ou fises distais
metacárpicas/metatársicas terceiras, dor à palpação
• Envolvimento simétrico bilateralmente das articulações é comum e em alguns indivíduos
• Sinais radiográficos: alargamento irregular da fise com irregularidade óssea nas margens metafisária e epifisária da placa de crescimento, alargamento metafisário