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Instituições e
Governo elevem
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inserção dos
diplomados
no mercado
de
trabalho
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REDE
DE
ENSINO SUPERIOR
"Não
podem
continuar
a
existir
cursos
sem
alunos
"
As instituições
deverão apresentar
propostas
de
fusão de
cursos
até
ao
final
deste
mês.
António
Rendas diz que públicas e privadas estão
a
preparar
a
reorganização
da
rede.
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inacreditável que asuniver-M univer-M
sidades não se preocupemcom a
empregabilidade".
António Rendas, presidente do Conselho de
Reitores,
apela às instituições deEn-A
sino Superior e àdirecção--geral
de EnsinoSuperior
que passem ater atenção ao percurso dosdi-plomados na sua inserção no mercado de
em-prego.
Um
mecanismo que aUniversidadeNova de Lisboa
já
temno terreno. Quandoain-da falta aterceira fase do concurso de acesso
ao Ensino Superior, ficaram nove
mil
vagas por preencher ecursos com uma baixaocupa-ção que dificilmente poderão sobreviver. En-tre asrazões desta quebra de candidatos, o
rei-tor da Universidade Nova de Lisboa aponta a
elevada taxa de reprovação no ensino secun-dário. "O número dos estudantes do ensino se-cundário que chega ao ensino superior
conti-nua a ser reduzidíssimo", afirma. Como é possível
sobreviver
com66%
dasvagas
preenchidas
como
aconteceu
na
Universidade
do Algarve?Mas é aúnica. Esses são os resultados da 2a
fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior. Háainda uma terceira fase de
candi-daturas. Em média, o sistema universitário
preencheu 94%das vagas. Nocaso do universi-tário não éuma situação difícil.
Quais são as razões deste
baixo
preenchi-mento
de vagas?E evidente que há menos alunos, em resultado da evolução demográfica. Alguns argumentam que outra dasrazões poderá serofacto das pro-vas de acesso serem mais difíceis. Mas temque
se olhar para oensino secundário com muito
cuidado, porque ataxa de reprovação émuito grande. Sem introduzir ofacilistimo, tem que
seolhar para otempo médio queum estudante está no secundário e os alunos deveriam ser acompanhados. No ensino superior um
estu-dante deve estar no máximo mais dois anos para além da duração 'standard' da 'formação. Criamos um grupo de trabalho para acompa-nhar o insucesso. Preocupa-me aevolução de-mográfica, mas apercentagem de estudantes
dosecundário que chegam aoensino superior é
reduzidíssima. Terá que haver um esforço do
ensino secundário, mas também do Ensino Su^
perior, para adequar as ofertas curriculares ao mercado de trabalho. Háuns anos falar de em-prego nas instituições era considerado um aná-tema. É inacreditável que as universidades não
se preocupem com a empregabilidade e o
per-curso depois da graduação dos seus diplomados. Isso nãose passa em nenhuma parte do mundo.
Existe
esseautismo
nalgumasinstituições
em
relação
ao mercado deemprego?Émuito fácil apessoa só estar focada apenas naquilo que éoseu domínio de saber. Em
paí-ses como Portugal, de escassos recursos, é muito confortável apessoa estar no seu canto,
oque actualmente éimpensável. Na
Universi-dade Nova, por exemplo, qualquer docente ou investigador tem que assumir que faz parte da
organização, tendo que contribuir para o
des-envolvimento global da universidade, o que passa por ver o que acontece aos diplomados. Fazemos oacompanhamento da inserção
pro-fissional dos diplomados, através de um estu-do com
inquérito
aos graduados. Estamos muito preocupados. Mas há instituições que não sepreocupam. Opróprio Governo, através da Direcção-geral do Ensino Superior, podia acompanhar estes dados de uma forma maiscontínua para
permitir
que houvesse essa res-posta em ligação com osministérios daEcono-mia e do Trabalho. Faz-me sempre confusão que quando se fala de financiamento fale-se
apenas das verbas provenientes do Ministério
da Educação, mas podem
vir
dos ministériosda Economia e do Trabalho, como acontece em muitos outros países
É
preocupante
quenopolitécnico
haja
es-colas quesópreencheram
30%
dasvagas? Já me pronuncie internamente sobre essefe-nómeno. OCRUP
já
fezsentir asua preocupa-ção eestamos disponíveis para falar com ospolitécnicos. Foi criado um grupo de traba-lho, coordenado por Júlio Pedrosa, com
re-presentantes do Conselho Coordenador
dos Institutos Politécnicos (CCISP) e
da Associação Portuguesa do Ensino
Privado (APESP) que tem, até aofinal
do anopara propor aoGoverno medidas de reorganização
-
que passam por dar uma maior ênfase asoluções regionais queterão que ser acordadas com as comissões regionais. Mas ninguém pode ignorar que em algumas cidades ospolitécnicos têm um papel económico muito grande.
Estão no
horizonte
fusões eencerramen-tos
de cursos einstituições...
Vamos ver. Mas para haver fusões
terá
queexistir um parecer da Agência de Avaliação e
Acreditação. Conseguimos adiar até 31 de
Ou-tubro o prazo para que as instituições possam
propor fusões. Evai haver mudanças concer-teza porque não podem
continuar
aexistir
cursos sem alunos.
¦
Madalena QueirósPERFIL
O médico
reitor
Bem humorado, o sportinguista
quegosta de ir ao estádio ver
os jogos, ri-se ao dizer que, até há
pouco tempo, erao único alfacinha degema adirigir umauniversidade de Lis-boa. Reeleito para um novo
man-dato como presidente do Conse-lhodeReitores, este médico de profissão queliderou a Faculdade
deCiências Médicas fala da expe-riência que teveno estrangeiro paradefender que é muito positi-voquealunos, docentes e investi-gadores tenham experiências in-ternacionais. Licenciado em Medi-cina pela Faculdade de MediMedi-cina de Lisboa doutorou-se emno Car-diothoracic Institute da
Universi-dadede Londres na área de Pato-logia Experimental. De1977a1978 foi investigador emPatologia, no
Departamento dePatologia, no Centro Médico doHospital de Crianças, daEscola Médicade Har-vard, nos Estados Unidos. Desde 1982éprofessor Catedráticoda
Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Em Janeiro de2007tomou posse .
como Reitor da instituição emque
Unha sidodirector doInstituto de
Higiene eMedicina Tropical e da Faculdade deCiências Médicas.
"Está
nas
mãos
do
Governo conseguir fundos da
UE"
O presidente do CRUP apela ao Governo que negoceie com a UEfundos para a
Ciência eo Ensino Superior. "Esta é a última oportunidade", alerta António Rendas
O
actual modelo de financiamento"está totalmente distorcido". Atutela
devia começar já arenegociar a fór-mula para quepossa ser utilizada na
elaboração do Orçamento doEstado de 2015. Asuniversidades portuguesas vão conseguir
captar
parte
dos70
mil
milhões defundos daUE para
a Ciência até2020?
Está totalmente nas mãos do Governo.Portu-gal vai assinar, em breve, um acordo de parceria com a
UE
em que são definidas as prioridadesdos fundos europeus para os próximos sete
anos. Asuniversidades
já
disseram asáreas que queriam: biotecnologia, transferência de co-nhecimento, gestão regional. Mas se aspriori-dades portuguesas continuarem aser a cons-trução de pavilhões polidesportivos, rotundas
eginásios continuaremos aser um país de tu-ristas àbeira mar plantado. Mas esse éum país em que não são precisas universidades. Esta éa nossa única oportunidade, porque o investi-mento no Ensino Superior eCiência tem um
efeito económico multiplicador.
Como épossível emseis anos as
universida-des
terem
perdido de 170 milhões deeuros eterem
diplomado mais dezmil
pessoas? Vamos aguentando até aolimite. Se oOE 2014 forcomo oque foi apresentado, vamos conseguir manter-nos. Mas só obtivermos asreceitas pró-prias previstas enos garantirem uma verdadeira autonomia, que nãoaautonomia reforçada
-
por-que esse éum conceito utilizado pela tutela, que ainda ninguém conseguiu explicar. A
Universida-de Nova, por exemplo, quer ser fundação, o que lhepermitirá termais autonomia Porque as
uni-versidades doPorto, Minho eISCTE quetêmesse
estatuto têm regras decontratação diferentes e
não foram afectados pela cativação dos 2,5%.
Es-sessão aspectos favoráveis.
A
questão da imposição das Finanças deum
limite
àsreceitas própriasficou
resolvida?0
argumento quenos foi apresentado équeexis-tiriam autarquias que recorriam a esse mecanis-mo - elaborar um orçamento superavitário, cal-culando uma receita superior, para depois se
não o atingissem recorrerem abanca. O que nos
foi dito éque haveria oreceio que as
universida-des pudessem fazer omesmo. Mas as
universi-dades não podem fazer empréstimos.
Continuamos com orçamento históricos
sem aplicação de
formula.
O modeloactual
éinjusto?
Omodelo actual esta totalmente distorcido.
A
fórmula definanciamento deve alterar-se a
par-tir
deagora paraterefeitos em 2015. Espero que haja critérios que permitam que ofinanciamen-todoEnsino Superior sejabaseado em 'outputs'. Mas omodelo não pode ser alterado em cima da hora, temque ser preparado.
¦
m.q.Essaéa
nossa
única
oportunidade
porque
o
investimento
no
ensino
superior
e
ciência tem
um
efeito
multiplicador.
"Percebo que
o
ministro
esteja
espartijhado
peias
Finanças"
0
Governo está mais dialogantecom o Ensino Superior, mas as imposições
do Ministério das Finanças continuam a
dificultar a vida às instituições.
4
£ ministro da Educação eCiência estáM
B
sensível àsquestões que levantamos,M
W
mas percebo que esteja muito espar-tilhado pelo ministério das Finançase.pela Direcção Geral do Orçamento". António Rendas reconhece que Nuno Crato, no último
ano, temestado mais presente doque
anterior-mente, nas questões essenciais",
nomeadamen-te na preparação do Orçamento de Estado para 2014 .0presidente do CRUP está "muito preo-cupado" com acativação de 2,5% do orçamento de 2013feita pelas Finanças ,mas espera que a
descativação desta verba ocorra até aofinal do ano. Os reitores fizeram chegar uma carta, em que explicavam oproblema ao primeiro-minis-tro que respondeu tertomado conhecimento do
assunto. Quanto asrelações com oactual
secre-tário de Estado do Ensino Superior, p reitor da
Universidade Nova de Lisboa diz ter"uma enor-me facilidade de lhe falar regularmente o que é
positivo". "Acho que háum canal de
comunica-ção que seabriu, que
já
existia masmuito menos frequentemente", sublinha.umlongo caminho a percorrer para aprofundar
aproximidade das universidades e omundo dos negócios. "As empresas têm aideia que vão bus-caroRonaldo àsinstituições, quando podiam
ir
buscar a equipa toda doRealMadrid". Uma
ima-gem utilizada por António Rendas para dizer
que os empresários "pescam àlinha" nas insti-tuições quando deveriam utilizar "uma rede".
Uma abordagem que depois sereflecte no redu-zido contributo financeiro das empresas às
uni-versidades. "Quando éque asuniversidades por-tuguesas vão conseguir captar verbas como Oxford que recentemente conseguiu 1,5
mil
mi-lhões delibras dedoações de organizações
priva-das? Opresidente do CRUP responde queas
so-ciedades anglo-saxónicas sempre tiveram uma tradição defilantropia que não existe nas
socie-dades latinas. "Temos que continuar aajudar as
pessoas carenciadas, mas devemos
compreen-der que há que investir nos melhores, porque
essevalor daqui a dezanos decuplica", sublinha Elogiando obanqueiro Emílio Botin,
presi-dente do banco Santander, por
ter
criado arede Universia e
ter
eleito o Ensino Superiorcomo aprincipal áreade responsabilidade
so-cial do banco, oreitor daUniversidade Nova de Lisboa diz que gostava de
ter
mais banqueiros, empresários portugueses afalar doEnsino Su-perior. "As vezes tenho asensação que asuni-versidades são mal amadas" pela sociedade portuguesa, remata.
¦
m.q."As
empresas
têm
a
ideia
ave vão buscar
o
Ronaldo
as instituições,
quando
podiam
ir
buscar
a
equipa
toda
do
Real
Madrid*
."
Temos
de
atrair
mais alunos
internacionais
para
o
I
o
A
publicação
do estatuto
do
estudante
internacional
é essencial
para
que
o Ensino
Superior
em
Portugal
se
transforme
numa
"indústria
exportadora".
Criar
mais cursos de
li-cenciatura em inglês éuma das formas de
atrair
mais alunosin-ternacionais
para asinstituições de Ensino Superior portuguesas. António
Ren-das defende que estes alunos possam
ser escolhidos de forma diferente e
quepaguem propinas mais elevadas.
Oqueéque
falta para
queoEnsino Superior português setransforme
numa
"indústria
exportadora"? Seria uma mudança muito positiva para Portugal se, em paralelo com a língua portuguesa, houvesse umaoferta para os cursos deoprimeiro ci-clo em inglês, nas áreas que forem
competitivas. Isso
permitiria
atrair
mais estudantes internacionais oque criaria uma cultura mais internacio-nal nas instituições. Onosso objectivoé que os estudantes, logo apartir do primeiro ano,tenham experiências
in-ternacionais, com estudantes de ou-tros países. Neste momento játemos muitos alunos no programa Erasmus. Teremos agora que pensar atrair mais estudantes internacionais para o
pri-meiro ciclo.
Oqueéque
falta fazer para
con-cretizar
esse objectivo?O que falta équeoGoverno publique a legislação do aluno internacional, que
"E
importante
clarificar
que
nenhum
estudante português
que
se
queira
candidatar fique
de
fora
por
causa
dos
estudantes
internacionais".
propusemos emAgosto do ano passa-do. Mas éimportante clarificar que
nenhum estudante português, que se
queira candidatar ao Ensino Superior, deverá ficar de fora, por causo destes
estudantes internacionais. São dois campeonatos diferentes. O que vai permitir éque cada instituições possa
definir
regras diferentes de acesso paraosestudantes internacionais.E
aspropinas serão mais elevadas? Claro! Cada instituição terá liberdade de definir uma propina para os estu-dantes internacional que poderá sermuito heterogénea como acontece com os programas de segundo ciclo e
doutoramentos.
¦
ACORDO COMOSEMIRADOS ÁRABES UNIDOS
Uma
nova
aposta
geográfica
Intercâmbio dealunos e de professores.
Esteserá oprincipal objectivo do acor-do feito entre asuniversidades portu-guesas e o Scheikh dos Emirados Ára-bes Unidos quevisitou asemana passa-da diversas universidades portuguesas. Umacordo que daráaoEnsino Superior
português "uma outra área de interna-cionalização", sublinha António Rendas.
Aregião "tem imensa capacidade finan-ceira parapoder atrair pessoas, mas sente que senão estiver no espaço glo-balterá menos impacto", sublinha Antó-nio Rendas. Este paísjá temimensas
li-gações com os EUA e Inglaterra. "O
fac-to deescolherem Portugal
prestigia-nos", acrescenta. "As negociações cor-reram multo bem", sublinha. Até porque
"as universidades do país são muito
modernas, com um modelo degestão anglo-saxóníco". Actualmente "existe uma ofensiva económica muito forte
para os Emirados, mas isso nãotem
sido acompanhado pela Ciência e
Ensi-no Superior". O objectivo das
autorida-des é,"em paralelo com asrelações eco-nómicas, haver uma maior colaboração em termos universitários", acrescenta. Umreconhecimento que "temos áreas em quesomos muitos bons". m.q.