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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

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PROJETO A VEZ DO MESTRE

POSTURAÇÃO DA VOZ ATRAVÉS DO CORPO

FERLUCIANA GONÇALVES DOS SANTOS

ORIENTADOR:

Prof. Marco Antônio Chaves

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

POSTURAÇÃO DA VOZ ATRAVÉS DO CORPO

FERLUCIANA GONÇALVES DOS SANTOS

Trabalho monográfico apresentado como Requisito parcial para obtenção do grau de

Especialista em Psicomotricidade.

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Dedico aos meus colegas de turma, aos professores e aos pacientes que me ajudaram de forma efetiva nesta pesquisa.

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“Se nem sempre o homem pode dar um sentido à história, pode agir, porém, de tal forma a dar um sentido à sua vida”.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...6

Cap.1 - Fisiologia da Fonação...8

Cap.2 - O desenvolvimento do comportamento vocal...10

Cap.3 - O “Constructo” Voz Falada...12

3.1. Individualidade vocal...13

3.2. A psicodinâmica vocal...14

Cap.4 - A Relação Corpo e Voz...17

Cap.5 - Alterações vocais relacionadas a inadequações corporais ...20

Cap. 6 - Trabalho vocal associado ao corpo...23

6.1. Relaxamento ...23 6.2. Respiração...24 6.3. Esquema Corporal-Vocal...25 6.4. Sonorização...26 6.5. Equilíbrio Corporal-Vocal...27 CONCLUSÃO...29 BIBLIOGRAFIA...30

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INTRODUÇÃO

A emissão da voz faz parte de toda existência humana, desde o nascimento até o fim da vida, sendo influenciada por vários fatores biopsicosociais.

As mudanças na voz acontecem naturalmente, no entanto, alguns desajustes corporais podem desenvolver inadequações posturais e tensões musculares desequilibrando o eixo corporal que dificultam a expressão da voz.

Sabe-se que a fonação se dá pela saída de ar que vem dos pulmões, passando pela laringe onde ocorre a vibração das pregas vocais. Porém o corpo humano trabalha como um todo; ossos, músculos, tendões, articulações, órgãos e sistemas agindo harmoniosamente. Muitas vezes a falta de consciência corporal, tensões demasiadas em determinadas regiões do corpo e a dificuldade na dissociação de movimentos podem refletir no gesto vocal causando vários distúrbios na fonação.

Nesta pesquisa pretende-se mostrar como acontece fisiologicamente o processo vocal, as influências na expressão do corpo na voz, assim como aspectos da individualidade e a psicodinâmica da voz. Serão descritas algumas situações que explicam a relação entre o corpo e a voz nos estados patológicos.

A Fonoaudiologia e a Psicomotricidade estão intimamente ligadas no processo de integração corpo e voz, assim o objetivo deste estudo é relacionar estas duas áreas a fim de trabalhar o indivíduo como um todo. Técnicas psicomotoras que vivenciam a consciência corporal; o relaxamento que dará a

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tensão adequada aos músculos; a percepção dos movimentos respiratórios e o conhecimento do esquema corporal -vocal serão abordados.

O estudo foi embasado no atendimento de indivíduos de faixa etária entre vinte e cinco e quarenta anos, profissionais da voz (maioria professores), de classe média, que foram submetidos à terapia fonoaudiológica em um Centro de Otorrinolaringologia do Rio de Janeiro.

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Cap.1 - Fisiologia da Fonação

A voz é produzida na laringe, que é um tubo alongado localizado na altura do pescoço. A laringe é composta por cartilagens, ligamentos e músculos, no seu interior estão localizadas as pregas vocais.

As cartilagens formam o esqueleto da laringe. Os músculos extrínsecos ajudam a apoiar e ajustar a posição da laringe, os intrínsecos ficam fixos em várias cartilagens e servem para ajustar o comprimento, a tensão e a massa das pregas vocais. As pregas vocais são duas dobras formadas por músculos e mucosa, em posição horizontal dentro da laringe, ou seja, paralelas ao solo.

A principal função da laringe é a respiratória, que é uma função vital. A função esfincteriana protege as vias aéreas de alguma partícula entrar e ir para os pulmões. A função de apoio ocorre quando é empregada uma força muscular elevada que vai ativar o maior fechamento da glote. A fonação seria uma função secundária da laringe, onde vai depender da função respiratória e da ação sincronizada dos músculos para ocorrer a sonorização.

O diafragma, que é um músculo que separa a cavidade torácica da abdominal, é muito importante para o processo respiratório. Pois no momento da inspiração, ele contrai-se, e faz descer o seu centro tendinoso, dilatando o tórax em diâmetro vertical, transversal e sagital. Nesse movimento, eleva e separa as costelas, colocando o esforço físico da inspiração longe do pescoço, dos ombros e da barriga, tornando-se um instrumento de grande importância para a fonação.

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No ato inspiratório vai ocorrer o afastamento das pregas vocais, já no momento da fonação as pregas vocais se aproximam e vibram, de acordo com o número de vibrações e a tensão das pregas vocais será produzido um tipo de som (grave, agudo, forte, fraco, etc.).

Depois que o som é produzido na laringe pelas pregas vocais, ele percorre dentro do corpo passando por estruturas que formam obstáculos ou aberturas, até atingir a saída pela boca e/ou nariz, modificando-se através de um processo chamado de ressonância. As cavidades de ressonância, portanto, constituem um alto-falante natural na fonação e são formados pela própria laringe, faringe, boca, nariz e seios paranasais. Assim o som é projetado ao meio ambiente e amplificado.

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Cap.2 - O desenvolvimento do comportamento vocal

Edmée Brandi (1990) revela que a Voz Falada é uma realidade bastante complexa, onde são manifestados vários comportamentos fonatórios primários e primitivos, que foram aperfeiçoados no comportamento verbal.

Através da voz que são manifestados estados do ser, sejam eles psíquicos ou somáticos, representados por exemplo como choro, lamento, suspiro, soluço, grito; ou como riso, gargalhada, canto, etc.

Esse comportamento, mais sofisticado no ser humano, inseriu-se no quadro de comportamentos ruidosos ou sonoros de muitos animais, que manifestaram suas reações emocionais e ciclos vitais (exemplos: chamamento sexual; afirmação de território; informação de alerta, entre outros).

No ser humano a comunicação oral distanciou-se do comportamento dos outros animais a tal ponto que em visão superficial não se percebe a relação. O que caracteriza o comportamento comunicativo através do gesto vocal é a emissão da voz se tornou articulada, passando a apresentar variações de colorido, volume e sonoridade vocálicos, combinados com ruídos faringo-orais os mais variados.

A mudança do comportamento vocal, aconteceu devido a uma significativa evolução do sistema nervoso central da espécie humana. O resultado dessa evolução ocorreu por um grande desenvolvimento da inteligência e, portanto, do pensamento e de sua manifestação através da fala.

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Na voz falada está a representação do pensamento (palavras, expressões, frases, etc.), mas também o lamento, a melodia e o ritmo primitivo, identificados na entonação, que é uma das manifestações do inconsciente individual e coletivo.

É importante ressaltar que no ato de falar ocorrem inibições respiratórias e articulatórias, bem como constrições e espasmos do aparelho fonador (ou, ao contrário, respostas vocais com aumento de tom e intensidade), afetando a qualidade da voz, traduzindo estados de inibição, depressão, abatimento ou excitação, cólera, exaltação, etc.

A voz falada seria em síntese, a representação dos motivos, intenções, necessidades e ênfases expressivas em forma de entonação, onde estão representados, os estados emocionais ou pensamento na qualidade da voz.

No entanto essas manifestações psíquicas podem ocorrer de forma intencional, como no caso dos profissionais da voz, por exemplo, onde o comportamento vocal pode ser explorado no intuito de influir nas decisões, convicções e idéias do interlocutor.

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Cap.3 - O “Constructo” Voz Falada

O termo “Constructo” utilizado por Edmée Brandi (1990), refere-se a todo conjunto de atributos que revelam a realização do ato de falar. As características desse constructo possibilitaram estabelecer os parâmetros para criação das Escalas Brandi, que tem como objetivo a avaliação da Voz Falada, permitindo assim identificar o comportamento global do sujeito falante.

O estudo dos atributos da Voz Falada foi definido por seis categorias que são:

• Respiração: é a primeira categoria, pois é através do ar expirado que se produz e se propaga a onda sonora a se formar na glote. A respiração tem fundamental importância pelas características qualitativas.

• Sonorização: o ar expirado atinge a glote e encontra as pregas vocais com certo grau de tensão, logo produz o som. A sonorização é o objetivo de um sistema funcional: o órgão efetor é a laringe; o processo de funcionamento é a fonação, que se realiza por meio da atividade de músculos, ligamentos e cartilagens da laringe, sinergicamente ativados em coordenação com uma certa dosagem de ar expirado. Além dos atributos quantitativos ou dimensionais (altura, intensidade e duração), se caracteriza por determinados atributos qualitativos (espessura, timbre, constrição, ruído, etc.).

• Dimensões: quando o som é tonal e harmônico, ocorrem atributos que definem as percepções de altura, intensidade e duração, logo, relaciona-se respectivamente com freqüência, amplitude e tempo.

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• Impulso-Direção: é a maneira como a coluna de ar expirado é impulsionada e dirigida para valorizar-se no canal ressonancial, e projetar-se fora do organismo, no ambiente.

• Ressonância: a directividade interna do sopro (ou coluna de ar expirado) tem como objetivo alcançar equilíbrio e amplificação ressonancial, a fim de obter a melhor qualidade de voz.

• Expressão: é a produção da voz falada, isto é, articulada. Assim, os fatos que a caracterizam terão influência decisiva sobre a qualidade final dessa voz falada.

Edmée Brandi ainda ressalta que não se deve haver distinção entre voz e fala. Porque na realidade, existe somente um sistema efetor na realização da fala, que é formado pela coordenação entre os efetores respiratório, fonatório, ressonador e articulatório.

Portanto a fonação não é uma simples função, mas todo um processo, que faz parte de um sistema funcional muito mais complexo, cujo objetivo é a realização da Voz Falada.

3.1. Individualidade vocal

Existem qualidades vocais sutis que mostram a personalidade do falante. O timbre da voz está ligado a fisionomia, ao formato do crânio, expressão facial, hábitos de vestuário e movimento do indivíduo, de modo que

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quando se ouve uma voz sem ver quem fala, adquiri-se uma certa impressão da sua personalidade (Greene,1989). Muitas vezes até associa-se a voz do indivíduo com certas características físicas.

Boone (1996) em seus estudos, acrescenta que a voz é representada exatamente como uma “impressão digital” do sujeito falante. Estas diferenças estão relacionadas aos seguintes comportamentos de cada indivíduo: o número de palavras pronunciadas em uma respiração; velocidade de fala; ritmo de fala; facilidade na respiração; altura da voz; intensidade da voz; o relaxamento ou tensão da voz, o estado de humor, clareza na articulação da fala e a ressonância.

Todos esses comportamentos de voz-fala juntam-se e o produto disto proporciona uma voz única. Portanto, pode-se afirmar que da mesma forma que duas faces não são iguais, duas vozes também não são.

3.2. A psicodinâmica vocal

Além de todas as dimensões que influenciam a individualidade vocal, como aspectos biológicos, psicológicos e sócio-educacionais, a voz depende de uma imagem que o indivíduo forma de maneira consciente ou inconsciente. Esta imagem vai influenciar a produção da voz, formando a imagem vocal do indivíduo.

O padrão de voz utilizado faz parte da construção da personalidade, onde o uso da voz será de acordo com o comportamento diante do mundo.

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Assim o impacto da maneira de falar auxilia a analisar o efeito que essa voz causa no ouvinte.

A psicodinâmica vocal é exatamente um processo de “leitura de vozes”, onde o indivíduo reconhece os elementos de sua qualidade vocal que foram condicionadas durante sua vida.

As impressões transmitidas por um tipo de voz devem ser sempre analisadas de acordo com a cultura a que o indivíduo pertence, e os parâmetros identificados nunca devem ser analisados isoladamente, mas sim em conjunto e na situação e contexto a que pertencem.

Behlau e Pontes (2001) em seus estudos descrevem os parâmetros vocais e suas associações psicodinâmicas. Assim pode-se relacionar o tipo de voz do falante e a interpretação que causa no ouvinte. Serão descritos aqui alguns desses exemplos:

• Voz rouca: cansaço, estresse e esgotamento.

• Voz soprosa: fraqueza, mas também sensualidade.

• Voz comprimida: caráter rígido, emissões contidas, esforço e necessidade de controle da situação.

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• Voz monótona: indivíduo monótono, repetitivo, chato e desinteressante.

• Voz trêmula: sensibilidade, fragilidade, indecisão ou medo.

• Voz infantilizada: ingenuidade ou falta de maturidade emocional.

• Voz nasal (fanhosa): limitação intelectual e física, falta de energia e inabilidade social.

• Pouca variação de tons na fala: rigidez de caráter e controle das emoções.

• Voz grave (grossa): indivíduo enérgico e autoritário.

• Voz aguda (fina): indivíduo submisso, dependente, infantil ou frágil.

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Cap. 4 - A Relação Corpo e Voz

A integração corpo-voz é um dos parâmetros básicos que se pode avaliar o equilíbrio emocional do indivíduo. Posturas corporais inadequadas geralmente estão associadas a uma emissão vocal deficiente.

O corpo está em permanente estado de auto-expressão, pois a comunicação não depende só da voz mas de todo o indivíduo, através da sua movimentação corporal.

Grotauski (1968) diz que primeiro vem o corpo para depois surgir a voz, portanto acredita que esta é uma resposta a atitude corporal. O domínio dos movimentos corporais e o treinamento (amadurecimento) da visão espacial facilitarão sem dúvida a busca e a retirada dos sons de dentro do corpo e também seu direcionamento a um ponto determinado do espaço.

Glorinha Beutenmüller descreve o espaço e sua relação com a projeção da voz, acreditando que através da visão pode-se dominar este espaço e projetar a voz de forma consciente e segura. As ondas sonoras têm uma propagação tridimensional, podendo alcançar todo espaço disponível. Ela descreve este espaço dividindo-se em: espaço pessoal, parcial, sonoro e global total.

O espaço pessoal é ocupado pelo indivíduo da pele para dentro ou vice-versa.

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O espaço parcial é ocupado pelo corpo sem se deslocar, estiramento de braços e pernas ou encolhimento de todo o corpo, por exemplo.

O espaço sonoro é o que extrai, através das sensações, do próprio espaço pessoal e que ultrapassa o espaço parcial.

O espaço global total é o que é ocupado pelo corpo com deslocamento, onde o falante realiza o “abraço sonoro” envolvendo a platéia com o som projetado do seu corpo.

O núcleo sonoro é o ponto onde deve ser direcionada a voz, isto é, o centro do espaço. É definido da seguinte forma, o ponto de encontro das paredes que formam o interior da arquitetura do local devem ser traçados linhas imaginárias na posição diagonal. O ponto de inserção dessas linhas caracteriza o núcleo sonoro. Assim de acordo com a movimentação do corpo há um deslocamento do núcleo sonoro.

Para melhor utilização da voz é necessário a divisão do corpo em três níveis: médio, alto e baixo.

O nível médio está representado pela parte “central do corpo” que tem fundamental importância na energia da voz. O poder vocal vai depender, em grande parte, dos mecanismos fisiológicos que ocorrem nesta região, como atuação do diafragma e dos músculos inspiratórios e expiratórios na coordenação fonorespiratória.

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O nível alto reúne os pulmões, a cintura escapular, os braços, os cotovelos, os antibraços e as mãos, além de ser a região de percepção dos sons agudos. Mas a parte superior é representada pela cabeça que é a principal zona de ressonância da voz. Beutenmüller e Lapport colocam que o pescoço é uma parte que deve ser esquecida, pois as “sensações localizadas nele são leves e difusas”. Na verdade, ele precisa estar livre de tensões, porque é o lugar de localização das pregas vocais e da passagem da corrente aérea. Sua flexibilidade influi na movimentação da cabeça e conseqüentemente, na produção da vocal.

O nível baixo é construído pela cintura pélvica, pelas pernas e pelos pés, sendo a região de localização das entonações mais graves.

Assim conclui-se que os níveis são essenciais aos mecanismos de ressonância da voz, porque utilizam partes definidas do corpo de acordo com a altura tonal emitida.

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Cap.5 - Alterações vocais relacionadas a inadequações corporais

Vânia Pavão (2002) descreve que a postura humana possui uma característica específica que a difere da de qualquer outro animal: a de ser bípede.

Assim a organização filogenética da postura pode trazer elementos da relação com a produção da voz, pois os músculos envolvidos na respiração são os mesmos responsáveis pela organização dos movimentos corporais e pela manutenção da postura. Logo, existe uma inter-relação estreita entre o corpo e a voz nos estados patológicos.

A respiração de pequena e média amplitude é garantida basicamente pelo movimento do diafragma. Se o indivíduo não realiza uma adequada respiração diafragmática, seu tendão vai diminuir. Isto provocará encurtamentos deste tendão, que em função de suas inserções poderá provocar uma progressiva alteração postural, acentuando as curvas das colunas cervical e lombar (lordoses). Por outro lado, alterações posturais que produzam encurtamentos das cadeias estáticas posteriores vão gerar padrões histológicos que interferirão na movimentação da caixa toráxica e no posicionamento do diafragma, dificultando sua livre e adequada movimentação.

Uma outra conseqüência de uma respiração diafragmática não adequada é a utilização desnecessária dos inspiratórios acessórios. Este fato faz o indivíduo usar de um padrão costal-supeior constante. Numa inspiração de grande amplitude, não tendo mais opções de ampliar sua capacidade respiratória, acaba por tensionar exageradamente a região de pescoço e

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ombro, que, combinado com a função estática de grande parte destes músculos, acaba gerando um padrão de rigidez muscular nesta região. Durante a fonação, toda esta concentração de tensão interfere na ação da musculatura intrínseca da laringe, podendo provocar fendas glóticas e lesões de esforço nas pregas vocais, como nódulos e pólipos.

Desvios posturais, principalmente que afetam a região cervical, diz respeito a alterações do posicionamento cefálico. A cabeça quando muito projetada para frente, por exemplo, além das conseqüências relativas ao tendão do diafragma e a respiração também modifica todo conjunto osteomuscular orofacial. Pode haver alteração na ATM (articulação temporo-mandibular), no posicionamento do osso hióide, nas musculaturas infra e supra-hiódea, no padrão de mordida e no posicionamento e movimentação dos órgãos fonoarticulatórios.

Alterações posturais que provoquem assimetrias entre os dois dimídios corporais, como escolioses, posição lateralizada da cabeça, dentre outras, também podem alterar o jogo muscular das estruturas que mantém o aparelho fonador, causando assimetrias e outras modificações nas estruturas da laringe e seu funcionamento, inclusive das pregas vocais.

Reich (1910) foi o pioneiro na área da psicologia do corpo, chamou de “couraça muscular do caráter”, as tensões musculares crônicas decorrentes de experiências emocionais e atitudes de resitências mental, que expressam padrões de configurações corporais. Reich diz que um corpo encouraçado pode torna-se terrível impedimento para a expansão da personalidade, para o estabelecimento de uma relação afetiva, para usufruto do prazer e para conquista da liberdade e para auto-realização. A terapia reichiana consiste em

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desenvolver cada segmento da couraça, começando pelos olhos e terminando na pélvis.

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Cap.6 - Trabalho vocal associado ao corpo

“É preciso penetrar nesse corpo sonoro e trazer à consciência como ele faz para falar, como ele se comporta quando fala”. Esta afirmação de Edmée Brandi (1998) estabelece uma base para qualquer trabalho de educação, reeducação ou reabilitação vocal.

6.1. Relaxamento

A produção sonora do ser humano está ligada organicamente como um todo; desde a postura corporal ao funcionamento íntimo de órgãos e sistemas biológicos, ao desempenho do padrão de pensamento de cada um, ao tipo de cultura que envolve o indivíduo, bem como o seu potencial econômico, enfim, todos esses fatores estão envolvidos no ato da fala.

O relaxamento é fundamental para a junção do corpo e da mente. Relaxar é um trabalho consciente, é uma atividade de observação e reconhecimento de todo o corpo e, principalmente dos pontos de tensão.

Um indivíduo tenso está sempre muito próximo dos problemas da voz e da fala. As tensões musculares são responsáveis por dificuldades respiratórias, articulatórias e demais envolvimentos da produção da voz e da fala.

A relaxação pode ser feita de forma de passiva ou ativa. A passiva é feita com o indivíduo deitado confortavelmente, o terapeuta vai ordenando cada

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passo do relaxamento, o objetivo é causar um bem estar global e a conscientização dos pontos de tensão. A ativa é mais indicada para pessoas que têm dificuldade em se concentrar, neste caso os movimentos do corpo vão ajudar na flexibilidade da musculatura e melhor a tonicidade. Ainda pode ser feita a relaxação específica, onde vai envolver os músculos mais próximos da laringe, como pescoço, ombros e face, também se faz necessário incentivar o indivíduo bocejar, já que auxilia na relaxação interna (laringe).

6.2. Respiração

“A função corporal mais crítica, quando se começa a lidar com emoções e atitudes, é a respiração” (Reich).

A respiração fonatória é mais recente, em termos filogenéticos, e por isso mais fácil de se desorganizar por enfermidade, emoção e falta de coordenação adequada com a organização da linguagem (sobretudo quando esta é espontânea) e com o processo fonatório-articulatório.

O trabalho respiratório vai depender do estado de relaxação, pois os movimentos dos músculos respiratórios devem estar livres de tensões, geralmente o indivíduo tenso usa predominantemente a região costal superior, deixando o diafragma encurtado, e fazendo esforço para falar.

A reeducação respiratória deve partir da conscientização dos movimentos inspiratório e expiratório, devendo ser apoiados na região costo-diafragmática, já que esta possibilita maiores condições para a fonação. Primeiramente os exercícios devem ser feitos em decúbito dorsal, após a

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relaxação, depois na posição de pé e pó fim sentado. A vantagem de ser fazer deitado está que, no estado de relaxamento, todos os movimentos se tornam mais fáceis.

Os exercícios respiratórios podem ser associados aos movimentos de braços de acordo com a movimentação, inspiração ou expiração, para facilitar a dissociação e associação dos movimentos. Da mesma forma podem ser feitos movimentos de pescoço. Os movimentos feitos simultaneamente com a respiração visam harmonia entre a comunicação oral e a comunicação corporal, também possibilitam quebrar o padrão muscular habitual, e oferecer ao indivíduo a possibilidade de um novo ajuste respiratório.

6.3. Esquema Corporal-Vocal

Sem o conhecimento dos esquemas corporais vocais em ação, sem o conhecimento do esquema corporal básico e sem uma apreciação das reais possibilidades de mudança, não se pode pretender uma renovação, ou transformação dos esquemas atuais em novos esquemas mais adequados às necessidades do sujeito. Sem a percepção da conduta vocal própria, o falante não atinge o caminho de uma real transformação nem adquire os controles necessários à constante monitoração de um sistema de comunicação oral sempre sujeito aos transtornos vivenciais.

Husson (1962) diz que a Educação da Voz Falada deve acontecer preferencialmente sobre os parâmetros qualitativos e que esse objetivo exige controle voluntário e desenvolvimento das sensibilidades internas. Neste mesmo raciocínio Mysak (1988), designou de sistema sensor, ou seja, desenvolver as percepções inter e intrapessoais, tornando consciente as ações

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automatizadas. Significa estabelecer controles voluntários para instalação de monitoração permanente, capaz, por sua vez, de se automatizar e de antecipar a possível desvio.

O esquema corporal-vocal compreende a imagem perceptual, isto é, a apreensão feita pelos sentidos de todos os componentes de um espaço dado e o controle interno e externo do próprio corpo e da voz em suas relações com o meio ambiente.

Para ter consciência do próprio corpo e da voz, é necessário, antecipadamente, ter conhecimento das partes que o integram no ato da fonação e nos movimentos corporais. Neste sentido é fundamental o conhecimento da fisiologia da fonação, dos processos que envolvem a produção vocal, de forma que o indivíduo possa relacionar esses conceitos com a sua problemática envolvida.

6.4. Sonorização

O percurso do sopro é bastante complexo, pois ele sobe verticalmente, por trás, depois inclina-se para frente e para cima, a fim de atingir à placa palatal anterior. Assim esta directividade deve atingir as cavidades de ressonância, que são a faringe, a boca e as fossas nasais, para produzir uma sonorização bem distribuída. Para haver uma boa distribuição da voz é importante a percepção das cavidades de ressonância, órgãos vocais devem estar descontraídos, posição correta da língua, véu do paladar elevado, mandíbula e músculos do pescoço relaxados.

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A projeção da voz é proporcionada pelas vogais que são sons puros, sem obstáculos. Por este motivo as vogais podem alongar-se ou abreviar-se, conforme a sua acentuação seja aguda, grave, circunflexa. A maneira de usar os lábios, a abertura da boca, a posição da língua e do véu palatino modificam a sonoridade de cada palavra emitida.

Além da postura corporal, é fundamental a postura dos órgãos fonarticulatórios adequada para uma emissão satisfatória, livre de bloqueios.

6.5. Equilíbrio Corporal e vocal

O equilíbrio é a base de toda coordenação dinâmica geral. Qualquer distúrbio do equilíbrio postural se reflete em alterações no comportamento geral do organismo, com inevitáveis reflexos no aparelho vocal.

O equilíbrio da voz e do corpo, em conjunto, está em saber dar intensidade e altura adequadas ao som como resposta à atitude prévia do corpo. Quanto maior for o movimento, tanto maior será o ajustamento para se manter o equilíbrio e maior deverá ser o controle do corpo.

A educação do equilíbrio postural e vocal, realizada através da conscientização do movimento e de uma série de exercícios normativos, destina-se a atuar sobre o esquema de atitudes do indivíduo. Com esse estudo e com os exercícios adequados, a pessoa vai sentindo como, progressivamente, vai conseguindo um melhor relacionamento com os outros. Trata-se de uma auto-educação em que o papel principal cabe aos exercícios de consciência e de controle do próprio corpo e da voz.

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O equilíbrio vocal e corporal está integrado no conjunto – visão-audição – dando o equilíbrio espaço-temporal. Tudo isto compõe o comando principal do equilíbrio.

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CONCLUSÃO

A voz é o principal meio de comunicação do ser humano, a voz falada só existe porque existe o outro, sendo antes de tudo é uma relação entre pessoas. Assim entende-se a disfonia como um distúrbio de comunicação, no qual a voz não consegue cumprir o seu papel básico de transmissão da mensagem verbal e emocional de um indivíduo.

A disfonia seria um sintoma de outros processos patológicos, onde o corpo sempre estará envolvido, já que a voz depende na participação de vários sistemas. O trabalho de reabilitação ou mesmo de estética vocal deve oferecer ao indivíduo um atendimento abrangente que inclua a orientação, a psicodinâmica e o treinamento vocal.

É muito importante que o sujeito falante compreenda os mecanismos envolvidos na fonação, tanto em relação a fisiologia, ou seja, todo funcionamento do processo vocal, como também todas as nuances que participam da produção vocal, como as emoções e a própria personalidade que é refletida na voz.

O trabalho embasado na psicomotricidade favorece a integração do corpo e da voz, pois o indivíduo deve ser visto de forma global. As técnicas corporais ajudam a liberação do gesto vocal, no entanto deve-se estar atento as particularidades de cada indivíduo, respeitando suas limitações, e adaptando as técnicas que não forem bem aceitas. O mais importante é que cada pessoa envolvida no processo terapêutico se sinta a vontade e atinja os seus objetivos.

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BIBLIOGRAFIA

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Referências

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