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Carla Cristina Genova Sanitá

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(1)

U N IV E R S ID A D E C A MILO BRANCO P R ÓE-RUQS PE DIAROITEAÃÇAUDISR-GSÓ P EAO C O O R D E N A Ç Ã O D E PÓS-GRADUAÇÃO C U R S OAÃÇA DDUR-GSÓ PEO “LATO SENSU” EMAICDÉA MICÍNL CN ASONUEQE PE DIMAIS

DIABETE MELITO EM CÃES

Carla Cristina Genova Sanitá

R ib eirão P reto , n o vembro 2006

(2)

C A R L A C R IS T IN A GENOVA SANITÁ A lu n a do Curso de Especialização “Lato Sensu” em Clínica Médica de Pequenos Animais

DIABETE MELITO EM CÃES

T rab alh o m o nográfico de curso de pós-graduação “Lato Sensu” em Clínica Médica de Pequenos

A n im ais à UCB como requisito parcial para a O b tenção de Título de Especialista em Clínica M éd ica d e P equenos Animais sob a orientação

d o P ro f. Ricardo Duarte Silva.

R ib eirão P reto , n o vembro 2006

(3)

SUMÁRIO Página Ìndice de tabelas...iii Ìndice de figuras...iv Resumo...v Abstract...vi Parte 1- Introdução...1 2- Revisão de literatura...3 2.1- Fisiopatogenia 2.2- Classificação e etiologia

2.2.1- Diabete melito dependente de insulina

2.2.2- Diabete melito não dependente de insulina

2.2.3- Cetoacidose diabética

2.3- Sinais clínicos

2.4- Diagnóstico

2.5- Tratamento

2.5.1- Tratamento para cetoacidose diabética

(4)

2.5.1.2- Fluidoterapia

2.5.1.3- Fósforo

2.5.1.4- Bicarbonato

2.5.2- Tratamento do diabete melito não cetótico

2.5.3- Terapia dietética

2.5.4- Hipoglicemiantes orais

2.5.5- Insulinoterapia

(5)

LISTA DE TABELAS

Páginas

1. Complicações do diabete melito...16

2. Causas de hiperglicemia no cão...19

3. Alterações clinicopatológicas comuns associadas a diabete melito...20

4. Alterações eletrocardiográficas associadas a hipocalemia e a hipercalemia no cão...27

5. Parâmetros para suplementação com potássio em fluidos intravenosos...28

6. Conteúdo nutricional de algumas rações caninas dietéticas comercializadas ricas em fibras...38

7. Comparação das diretrizes gerais para o tratamento dietético de cães com diabete melito, pancreatite e insuficiência exócrina...43

8. Propriedades das preparações de insulina bovina/suína utilizadas em cães...48

9. Causas possíveis de resistência a insulina aparente no cão...50

10. Diretrizes para o ajuste da insulinoterapia no cão diabético...56

(6)

LISTA DE FIGURAS

Páginas

1. Curva glicêmica...52

2 A Curva de glicosesanguínea...57

(7)

RESUMO

O diabete melito é caracterizado por poliúria, polidpsia, polifagia e perda de

peso (TILLEY; SMITH JR., 2003). O diabete melito ocorre com considerável

freqüência nos cães idosos e, se grave leva a morte. O diagnóstico diferencial do

diabete melito precisa excluir o diabete insípido e a insuficiência renal, entre várias

outras condições. Após a glicosúria, os testes laboratoriais em ordem crescente de

valor são o nível de glicose sanguínea, a curva de tolerância a glicose e, finalmente

o radioimunoinsaio para insulina, em casos extremos. No tratamento do diabete

melito no cão, deve-se considerar o regime dietético, assim como a administração de

(8)

ABSTRACT

The diabetes melito is characterized by poliúria, polidpsia, polifagia and loses

of weight (TILLEY; SMITH JR., 2003). The diabetes melito occurs with considerable

frequency in the elderly dogs and, if grave tappet the death. The differential diagnosis

of the diabetes melito is going to exclude the insipid diabetes and the kidney

deficiency, among several other conditions. After glicosúria, the laboratory test in

worthy growing order are the level of blood glucose, the curve of tolerance the

glucose and, finally the radioimunoinsaio for insulin, in extreme cases. In the handling

of the diabetes melito in the dog, must itself the dietary regime consider, as well as

(9)

1- INTRODUÇÃO

Diabetes significa “sifão”, ou “fluxo através de”, e mellitus significa “mel”.

Assim, o conceito original de um aumento do fluxo de uma urina (poliúria) doce o

bastante para atrair abelhas enfatiza os sinais clínicos (JONES; HUNT; KING, 2000).

O diabete melito é uma endocrinopatia comum em cães com uma incidência

relatada de 1:200. A maioria dos casos de diabete espontâneo ocorre em cães

adultos. A incidência em fêmeas é aproximadamente o dobro da incidência em

machos. Parece haver um aumento da incidência de diabete melito em certas raças

pequenas de cães, como Poodle miniatura, Dachshund e Terrier, mas quase todas

as raças de cães podem ser afetadas (CARLTON; MCGAVIN, 1998).

Cães com diabete melito comumente situam-se na faixa etária entre 4 e 14

anos, com pico de incidência nos 7 a 9 anos. As fêmeas são afetadas

aproximadamente duas vezes mais que os machos (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

Como a etiologia da doença varia em diferentes indivíduos, o diabete melito é

melhor visto como um grupo heterogêneo de distúrbios com algumas características

em comum. A insuficiência de insulina tem conseqüências sobre o metabolismo dos

carboidratos, lipídeos e proteínas no cão, com transtornos secundários da água e

(10)

O diabete melito é um distúrbio complexo que resulta da incapacidade das

ilhotas pancreáticas secretar insulina e/ou de ação deficiente da insulina nos tecidos.

Essas anormalidades finalmente causam hiperglicemia, glicosúria e os sinais clínicos

clássicos de poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso. O diabetes melito é das

endocrinopatias mais comuns dos cães e pode ser fatal se for incorretamente

diagnosticada ou inadequadamente tratada (BIRCHARD; SHERDING, 1998).

O diabete melito é causado por falta absoluta ou relativa de insulina. A

enfermidade pode ser produzida por um ou mais fatores predisponentes, incluindo

tendência hereditária, pancreatite, obesidade, hiperfunção da hipófise anterior ou do

córtex adrenal e qualquer fator que cause degeneração das ilhotas de Langerhans

(SWENSON; REECE, 1996).

O pâncreas é um órgão glandular com função endócrina (produção de

hormônios) e exócrina (produção de enzimas digestivas). Dessa forma, as doenças

pancreáticas podem desencadear sintomas referentes a função metabólica

hormônio-dependente (diabete melito) ou digestória (TOLEDO; CAMARGO, 2004).

O pâncreas endócrino está composto das ilhotas de Langerhans, que são

circundadas pelas células acinares pancreáticas de secreção exócrina. Foram

identificados quatro tipos celulares principais nas ilhotas pancreáticas, com base nas

(11)

células beta, que secretam insulina; células delta, que secretam somatostatina, e

células F, que secretamm o polipeptídeo pancreático. A disfunção envolvendo

qualquer destas linhagens celulares resulta, em última análise, num excesso ou

numa deficiência do hormônio respectivo na circulação. No cão, o distúrbio mais

comum do pâncreas endócrino é o diabete melito, que resulta de deficiência absoluta

ou relativa de secreção de insulina pelas células beta (ETTINGER; FELDMAN,

1997).

A principal função da insulina é o transporte da glicose para o interior das

células, e também o transporte transmembrana de aminoácidos, formação de

glicogênio, produção de triglicerídeos, e síntese de ácidos nucléicos e proteínas

(JONES; HUNT; KING, 2000).

2- REVISÃO DE LITERATURA

2.1- FISIOPATOGENIA

O centro da saciedade na região ventromedial do hipotálamo é responsável

pelo controle da quantidade de alimento ingerido. A quantidade de glicose que

ingressa nas células nesta região do cérebro afeta diretamente a sensação de fome;

quanto mais glicose ingressa nestas células, menor é a sensação de fome, e maior é

(12)

células está sob a influência da insulina. No diabete melito com ausência relativa ou

absoluta de insulina, a glicose não ingressa nestas células, o centro da saciedade

não é inibido, e o indivíduo torna-se polifágico, a despeito da presença de

hiperglicemia (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

A insulina é formada da pró-insulina, e sua síntese e secreção estão

relacionadas a concentração sanguínea de glicose. A insulina é liberada por

exocitose e se liga ao seu receptor, acarretando a ativação rápida dos sistemas de

transporte de glicose e aminoácidos da membrana, o aumento da síntese protéica e

a inibição da sua degradação, e a inibição da lipólise e da gliconeogênese hepática

(ANDRADE, 2002).

Os mecanismos patogênicos do diabete melito, responsáveis pela diminuição

na disponibilidade de insulina são múltiplos. A destruição das ilhotas secundária a

pancreatite grave ou a degeneração seletiva de células das ilhotas é a causa usual

(CARLTON; MCGAVIN, 1998).

Em cães, as ilhotas pancreáticas são com frequência destruídas

secundariamente a uma lesão inflamatória do pâncreas exócrino. Uma pancreatite

crônica recorrente com perda progressiva de células exócrinas e endócrinas e

substituição por tecido conjuntivo fibroso é uma causa frequente de diabete melito.

(13)

áreas de hemorragia e de necrose. Mais tarde, no curso da doença, tudo o que resta

do pâncreas pode ser uma fina faixa ou nódulo de tecido conjuntivo perto do

duodeno ou do estômago. A destruição seletiva das células das ilhotas por infiltração

dessas, por amilóide, glicogênio e colágeno, é um causa menos frequente de diabete

melito em cães (CARLTON; MCGAVIN, 1998).

O desenvolvimento de diabete melito em animais jovens pode estar associado

a atrofia idiopática do pâncreas, a pancreatite aguda com necrose e hemorragia e a

aplasia das células pancreáticas. O pâncreas com atrofia idiopática tem seu tamanho

total reduzido a um terço ou menos do normal. A hipoplasia das ilhotas pancreáticas

já foi descrita como causa de diabete melito em cães jovens (2 a 3 meses de idade).

Nesses casos, as ilhotas estavam ausentes, mas os ácinos pancreáticos e os ductos

estavam presentes e funcionais (CARLTON; MCGAVIN, 1998).

A insulina tem efeitos importantes sobre o metabolismo dos lipídeos;

certamente sua ação antilipolítica no tecido adiposo é seu efeito mais sensível. A

deficiência de insulina, causa lipólise aumentada e lipogênese diminuída. A

concentração plasmática de ácido graxo livre aumenta significamente e os estoques

de triglicerídeos estão em depleção (YOXALL; HIRD, 1996).

Os distúrbios no metabolismo da água têm uma base primariamente osmótica.

(14)

de concentrar efetivamente a urina contra a atração osmótica da glicose no filtrado

glomerular (CARLTON; MCGAVIN, 1998).

Animais com diabete apresentam resistência diminuida contra infecções

bacterianas e fungicas e frequentemente desenvolvem infecções crônicas ou

recorrentes, como cistite supurativa, prostatite, broncopneumonia e dermatite. Esse

aumento da suscetibilidade a infecção em pacientes com diabete mal controlado

pode, em parte, ser relacionado a prejuízos nas funções quimiotácticas, fagocíticas,

microbicidas e de aderência em polimorfonucelares neutrófilos. A função microbicida

prejudicada pode ter uma base metabólica: decréscimo na produção de energia

celular a partir da glicose. Esses defeitos na função leucocitária são, pelo menos

parcialmente, corrigidos por tratamento apropriado do diabete (CARLTON;

MCGAVIN, 1998).

Evidência radiográfica de cistite enfisematosa é fortemente sugestiva de

diabete melito. Infecções da bexiga por organismos fermentadores da glicose, como

Proteus sp., Aerobacter aerogenous e Escherichia coli, resultam em formação de gás

na parede e na luz. O desenvolvimento de enfisema também ocorre na vesícula biliar

de cães com diabete (CARLTON; MCGAVIN, 1998).

Pode ocorrer hepatomegalia devido a degeneração gordurosa e cirrose. O

(15)

Adicionalmente, os hepatócitos lesados pela cetonemia utilizam menos as gorduras.

Os hepatócitos estão acentuadamente aumentados de volume devido a presença de

múltiplas gotas de lipídios no citoplasma. Se a acumulação de lipídio é extensa e de

longa duração, pode ocorrer cirrose nutricional. O fígado permanece aumentado, e

sua superfície torna-se distorcida por nódulos irregulares resultantes do extenso

remodelamento do parênquima hepático. Os hepatócitos degenerados são

substituídos por nódulos regenerativos e fibrose interlobular. Icterícia e bilirrubinúria

frequentemente acompanham a cirrose acentuada (CARLTON; MCGAVIN, 1998).

Cães com diabete mal controlado frequentemente desenvolvem catarata.

Essa é estelar (“asteroidal”) e, inicialmente, aparece ao longo das linhas de sutura

das fibras lenticulares. Sua formação é relacionada a singular rota metabólica do

sorbitol, pela qual a glicose é metabolizada no cristalino. A glicose é primeiro

convertida a sorbitol pela enzima aldose redutase e, subsequentemente, a frutose

pela sorbitol desidrogenase. Esses açúcares alcoólicos depositam-se no cristalino,

numa acumulação intracelular de soluto e hipertonicidade. A alteração estrutural

inicial no cristalino consiste de tumefação e degeneração hidrópica das fibras

lenticulares, e em casos de longa duração, a maioria das fibras lenticulares é

afetada. Em fases posteriores, ocorre agregação e precipitação de macromoléculas

(16)

interfibrilares. Isso resulta em opacidade difusa do cristalino, frequentemente

bilateral, observada em animais com diabete melito (CARLTON; MCGAVIN, 1998).

A cistite é outra complicação comum no diabete melito. Glicose na urina

promove crescimento de bactérias como Escherichia coli e Proteus sp (ANDRADE,

2002).

As lesões dermatológicas associadas ao diabete melito são incomuns. As

manifestações dermatológicas mais comuns incluem piodermite, dermatopatia

seborréica, dermadicose, pele fina, alopecia e xantomatose. Nos cães com diabete

melito, observa-se um eritema migratório necrolítico, também conhecido como

síndrome hepatocutânea, dermatite necrolítica superficial ou necrose epidérmica

metabólica (GOLDSTON; HOSKINS, 1999).

Acredita-se que quatro alterações principais sejam responsáveis pelo

aumento na cetogênese e na gliconeogênese: deficiência de insulina, excesso dos

hormônios diabetogênicos, jejum e desidratação (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

A deficiência de insulina causa um aumento na lipólise, que resulta em

produção excessiva de corpos cetônicos e ácidos (TILLEY; SMITH JR., 2003).

Os ácidos graxos não-esterificados liberados do tecido adiposo são utilizados

extra-hepaticamente como combustíveis oxidativos, e também são assimilados pelo

(17)

presente, os ácidos graxos são incorporados nos triglicerídeos no fígado

(ETTINGER; FELDMAN, 1997).

Com deficiência de insulina, estes ácidos graxos são convertidos até acil-CoA,

que por sua vez, é oxidado até acetil CoA . No caso de diabete grave, acetil-CoA é

desviado quase que inteiramente para a formação de acetoacetil-CoA, e assim até

ácido acetoacético. O ácido acetoacético é ainda metabolizado até ácido beta

hidroxibutírico. Acetona se forma pela descarboxilação espontânea do acetoacetato.

Estes corpos cetônicos – ácido acetoacético, ácido beta hidroxibutírico, e acetona –

causam a cetose e a acidose da cetoacidose (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

A formação de corpos cetônicos no sangue de cães diabéticos tem pelo

menos quatro conseqüências importantes: induzem a acidose metabólica; excreção

de sódio e potássio através da urina; desidratação; e vômitos com perda de água e

eletrólitos (YOXALL, HIRD, 1996).

A deficiência de insulina também prejudica a utilização de corpos cetônicos

pelos tecidos periféricos. Isto conjuntamente com seu aumento de produção, resulta

num acúmulo de corpos cetônicos no sangue, provocando aumento na concentração

dos íons hidrogênio arteriais e decréscimo no bicarbonato sérico (ETTINGER;

(18)

As crescentes concentrações séricas de glicose e corpos cetônicos nos casos

de diabete terminam resultando em sua excreção na urina, criando diurese osmótica.

Além disto, a natureza aniônica dos corpos cetônicos, mesmo num pH urinário

maximamente ácido, obriga a excreção de íons positivamente carregados, como o

sódio e o potássio. A perda urinária de líquidos e sais é importante fator contributivo

para a ocorrência da desidratação (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

Muitos pacientes cetoacidóticos diabéticos apresentam afecções subjacentes

(tais como infecção, inflamação ou cardiopatia) que causam uma secreção de

hormônios de estresse (por exemplo, glucagon, cortisol, hormônio de crescimento e

adrenalina); isso contribui provavelmente para o desenvolvimento de uma

cetoacidose diabética (TILLEY; SMITH JR., 2003).

A hiperglicemia é sempre uma característica do diabete melito em cães e é

um resultado da diminuição da captação da glicose pelos tecidos periféricos, tais

como, músuculo esquelético e tecido adiposo e taxas aumentadas de

(19)

2.2- CLASSIFICAÇÃO E ETIOLOGIA

2.2.1- DIABETE MELITO DEPENDENTE DE INSULINA

O diabete melito tipo I caracteriza-se pela destruição de células beta, com

perda progressiva e eventualmente completa da secreção de insulina (ETTINGER;

FELDMAN, 1997).

A situação nos cães é obscura, mas existem evidências indiretas de que pelo

menos alguns casos de diabete melito insulino dependente espontâneo nos cães

podem ser imunologicamente mediados (TIZARD, 1998).

Acredita-se que essa moléstia seja resultante de um insulto ambiental que

inicia uma destruição auto-imune das células beta em indivíduos geneticamente

predispostos. Acredita-se que certos agentes virais que alteram os antígenos de

membrana plasmática das células beta constituam um dos principais insultos

ambientais (JONES; HUNT; KING, 2000).

Cães que adquiriram o diabete melito do tipo I podem apresentar-se com

surgimento súbito dos sinais, em decorrência da queda abrupta na secreção de

insulina. Estes animais necessitam de tratamento com insulina desde o momento do

diagnóstico (diabete melito dependente de insulina – DMDI) (ETTINGER; FELDMAN,

(20)

Segundo NELSON; COUTO (1992), a forma mais comum de diabete melito

clinicamente identificada no cão é o diabete melito dependente de insulina.

Caracteriza-se por hipoinsulinemia e aumento de mínimo a nenhum na insulina

endógena após a administração de um secretagogo insulínico (por exemplo, glicose).

A etiologia é indubitavelmente multifatorial. Os fatores estimulantes no

desenvolvimento do diabete melito dependente de insulina incluem: predisposição

genética, infecção, doenças e drogas antagonistas da insulina

(hiperadrenocorticismo, hormônio do crescimento na acromegalia e progesterona),

ileíte e pancreatite imunomediada (BIRCHARD, SHERDING, 1998).

Clinicamente uma pancreatite é freqüentemente observada em cães com

diabete melito. A incidência de pancreatite histologicamente identificável em cães

diabéticos é de apenas 30 a 40%. Embora a destruição das células beta

secundariamente a pancreatite seja explicação evidente para a ocorrência do diabete

melito hipoinsulinêmico, outros fatores, talvez mais complexos, estão envolvidos no

desenvolvimento do diabete melito em cães sem lesões pancreáticas nítidas

(ETTINGER; FELDMAN, 1997).

(21)

2.2.2- DIABETE MELITO NÃO DEPENDENTE DE INSULINA

O diabete do tipo II caracteriza-se pela resistência e/ou por células beta

disfuncionais. A secreção de insulina pode estar elevada, baixa ou normal, mas é

insuficiente para superar a resistência a insulina nos tecidos periféricos (ETTINGER;

FELDMAN, 1997).

O reconhecimento clínico de diabete melito não dependente de insulina –

DMNDI, é muito raro no cão, sendo mais freqüente no gato (NELSON; COUTO,

1992). Foi descrita uma forma juvenil do diabete melito canino, que se assemelha em

muito ao diabete do ser humano de surgimento na maturidade em jovens

(ETTINGER; FELDMAN, 1997).

A medida de concentrações do peptídeo C durante teste de resposta

insulínica sugere também a presença de função de célula beta em alguns cães

diabéticos. Peptídeo C é o peptídeo conectante encontrado na molécula de

pró-insulina e é secretado na circulação em concentrações equimolares como a pró-insulina.

A maioria dos cães diabéticos tem uma concentração mínima de peptídeo C durante

testes de resposta de insulina, compatível com diabete melito dependente de insulina

(NELSON; COUTO, 1992).

Infelizmente, as características clínicas do diabete melito não dependente de

(22)

peptídeo c assemelham-se as do diabete melito dependente de insulina, pelo fato de

geralmente ser necessária insulinoterapia para controlar a hiperglicemia (NELSON;

COUTO, 1992).

A história em virtualmente todos os diabéticos inclui as clássicas alterações de

podipsia, poliúria, polifagia e perda de peso. Às vezes, um proprietário traz um cão

por causa de súbita cegueira causada por formação de catarata. A sintomatologia

clínica clássica de diabete melito pode passar despercebida ou ser considerada

insignificante pelo proprietário, podendo levar o cão a desenvolver sintomatologia

sistêmica de enfermidade à medida que ocorrem cetonemia progressiva a acidose

metabólica (NELSON; COUTO, 1992).

Muitos cães diabéticos são obesos, mas de outra maneira se encontram em

boas condições físicas. Cães com diabete não-tratado prolongado podem perder

peso, mas raramente são magros, a não ser que esteja presente insuficiência

exócrina pancreática concomitante (NELSON; COUTO, 1992).

2.2.3- CETOACIDOSE DIABÉTICA

O diabete melito não tratado pode progredir lentamente para cetoacidose

diabética. A cetogênese e a gliconeogênese ocorrem por deficiência de insulina,

(23)

A cetoacidose diabética grave é definida como uma condição presente

quando há uma história de anorexia e depressão, mais de 5% de desidratação,

glicosúria, cetonúria, glicose sanguínea superior a 300 mg/dL e uma concentração

arterial de bicarbonato inferior a 10 mEq/L (LORENZ; CORNELIUS; FERGUSON,

1996).

É uma emergência médica verdadeira secundária a uma deficiência de

insulina absoluta ou relativa (TILLEY; SMITH JR., 2003).

Quando inicia a lipólise, em casos de deficiência insulínica, os ácidos graxos

não-esterificados liberados do tecido adiposo convertem-se finalmente em corpos

cetônicos (ou seja, ácido acetoacético, ácido beta-hidroxibutírico e acetona), que

causam cetose e acidose da acetoacidose (BIRCHARD; SHERDING, 1998).

O aumento da produção e a redução da utilização dos corpos cetônicos

resultam em acúmulo de cetonas no sangue, derramamento de acidose metabólica

(BIRCHARD; SHERDING, 1998).

Os corpos cetônicos na falta de glicose podem ser utilizados como fontes de

energia por muitos tecidos. Em uma situação de curto prazo, a conversão de ácidos

graxos em corpos cetônicos é medida de segurança (ANDRADE, 2002).

No cão com cetoacidose diabética, os achados físicos podem incluir

(24)

acetona na respiração; com acidose metabólica grave, pode-se observar respiração

profunda (NELSON; COUTO, 1992).

2.3- SINAIS CLÍNICOS

Os sinais clínicos mais observados são poliúria, polidipsia, polifagia, perda de

peso, letargia, vômito, depressão, hepatomegalia, desidratação, pelame em más

condições, hipotermia (TILLEY; SMITH JR., 2003).

Segundo BIRCHARD; SHERDING (1998), isso pode se acompanhar de sinais

clínicos associados a qualquer uma das várias complicações diabéticas potenciais

(ver tabela 1).

Tabela 1. Complicações do diabete melito.

Complicação Manifestação Principal

Cetoacidose

Catarata

Retinopatia

Neuropatia

Pancreatite

Insuficiência pancreática exócrina

Vômito, depressão, respirações de

Kussmaul, colapso

Cegueira

Lesões oftalmoscópicas

Fraqueza

Vômito, dor abdominal

(25)

Lipidose hepática Glomerulonefropatia Infecções bacterianas Urinárias Respiratórias Cutâneas Hepatomegalia

Insuficiência renal oligúrica

Cistite, pielonefrite

Pneumonia (tosse, dispnéia, febre)

Piodermite

No cão diabético cetoacidótico, os achados físicos são: desidratação,

depressão, astenia, taquipnéia, vômito e algumas vezes hálito com intenso odor de

acetona (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

Os sinais gastrintestinais de vômito e de dor e distensão abdominal são

comuns na cetoacidose diabética, devendo ser diferenciada dos sinais similares

associados a pancreatite, peritonite, ou outros distúrbios intra-abdominais

(ETTINGER; FELDMAN, 1997).

A dor abdominal e o vômito que acompanham a cetoacidose diabética têm em

geral início agudo, começando depois que o diabete melito está bem estabelecido.

Por outro lado, uma história clínica de ocorrência intermitente de dores abdominais

(26)

aumentar as suspeitas de problema abdominal distinto, especialmente pancreatite

crônica (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

2.4- DIAGNÓSTICO

Um diagnóstico de diabete melito requer a presença de sintomatologia clínica

apropriada (poliúria, polidipsia, polifagia, perda de peso) e documentação de

hiperglicemia e glicosúria (NELSON; COUTO, 1992).

A fructosamina é considerada uma das principais ferramentas no controle a

longo prazo da glicemia em pacientes diabéticos, diferenciando da hiperglicemia em

animais estressados por ocasião da coleta de sangue. Elevados níveis séricos de

fructosamina indicam hiperglicemia crônica nos últimos 7 a 9 dias. (FELDMAN;

NELSON, 2004).

É importante documentar tanto a hiperglicemia quanto a glicosúria, ao ser

estabelecido o diagnóstico de diabete melito. A hiperglicemia diferencia o diabete

melito da glicosúria renal primária, enquanto que a glicosúria diferencia o diabete

melito de outras causas de hiperglicemia (Tabela 2), mais notavelmente

hiperglicemia de estresse induzida pela epinefrina, que pode ocorrer por ocasião da

(27)

No caso de dúvida, o cão “estressado” pode ser mandado para casa, com

instruções para o proprietário controlar a concentração de glicose urinária com o

paciente no ambiente doméstico “não estressado” (NELSON; COUTO, 1992).

Tabela 2. Causas de hiperglicemia no cão.

Diabete melito

Pós-prandial (alimentos moles e hidratados)

Hiperadrenocorticismo

Diestro

Feocromocitomia

Pancreatite

Neoplasia do pâncreas exócrino

Insuficiência renal

Tratamento medicamentoso, mais notavelmente com glicocorticóides,

progestágenos, acetato de megestrol

Líquidos contendo glicose

Erro laboratorial

Uma leve hiperglicemia (na faixa de 130 a 180mg/dL) é clinicamente

(28)

clinicopatológico. Se o cão com leve hiperglicemia é apresentado devido a ocorrência

de poliúria e polidipsia, deverá ser buscado outro distúrbio, além do diabete melito

clínico (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

O teste de tolerância a glicose é valioso nos casos duvidosos, principalmente

naqueles em que os níveis de glicose sanguínea estão entre 120 e 175 mmol/L e

ocorre glicosúria sem hiperglicemia aparente, ou quando não ocorre glicosúria

consistente. Entretanto, não é necessário esse teste como rotina, além de poder

precipitar cetoacidose em animais nitidamente diabéticos (ANDRADE, 2002).

Segundo BIRCHARD; SHERDING (1998), quando se estabelecer o

diagnóstico de diabete melito, obtenha uma avaliação laboratorial completa, incluindo

contagem sanguínea completa, quadro bioquímico sérico, ensaio sérico de lípase e

urinálise com cultura bacteriana (Tabela 3).

Tabela 3. Alterações clinicopatológicas comuns associadas a diabetes melito.

Hemograma Leucocitose neutrofílica Perfil bioquímico Hiperglicemia Hipercolesterolemia Elevação da ALT

(29)

Elevação da FAS

Hiperamilasemia

Hiperlipasemia

Urinálise

Densidade específica urinária geralmente >1,020

Glicosúria Cetonúria Proteinúria Bacteriúria Hematúria Piúria

ALT = alanina aminotransferase; FAS = fosfatase alcalina sérica.

Geralmente o hemograma está normal no animal diabético não complicado.

Pode estar presente aparente policitemia de leve intensidade, se o animal está

desidratado. Elevação na leucometria pode ser causada por processo infeccioso ou

por inflamação grave, especialmente no caso de estar presente pancreatite

subjacente. A presença de neutrófilos tóxicos ou degenerativos, ou de desvio

(30)

presença de processo infeccioso como causa da leucocitose (ETTINGER;

FELDMAN, 1997).

As anormalidades clinicopatológicas associadas ao fígado, comuns em cães

diabéticos, são em geral causadas pela lipidose hepática, pancreatite e, menos

comumente, obstrução biliar extra hepática causada pela pancreatite aguda grave.

Geralmente estão elevadas a alanina aminotransferase e a fosfatase alcalina

(ETTINGER; FELDMAN, 1997).

As concentrações séricas de creatinina estão geralmente normais no diabético

não complicado. Uma elevação nestes parâmetros pode dever-se a insuficiência

renal primária ou a uremia pré-renal secundária a desidratação (ETTINGER;

FELDMAN, 1997).

Para diferenciar se a uremia é pré-renal ou por insuficiência renal primária,

deve-se avaliar a densidade específica da urina (ANDRADRE, 2002).

A hiperlipidemia e a lipemia evidentes são comuns em diabéticos não

tratados. No diabete não controlado, ocorre aumento na concentração sanguinea de

triglicerídeos, colesterol, lipoproteínas, quilomícrons e, ácidos graxos livres

(ETTINGER; FELDMAN, 1997).

A hipertrigliceridemia é responsável pela lipemia. A elevação destes

(31)

os depósitos de tecido adiposo, a redução da degradação hepática de colesterol, e

ao aumento da produção hepática de lipoproteínas de densidade muito baixa

(ETTINGER; FELDMAN, 1997).

As anormalidades lipídicas do diabete melito desempenham papel importante

no desenvolvimento acelerado da afecção vascular arterosclerótica e na cardiopatia

coronariana, que estão entre as principais complicações a longo prazo do diabete

melito em seres humanos. Complicações vasculares similares foram deficientemente

documentadas em cães diabéticos (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

Animais com pancreatite concomitante freqüentemente apresentam-se com

hiperlipasemia e hiperamilasemia. Infelizmente, as concentrações de lípase e

amilase nem sempre correlacionam-se com precisão com a presença ou ausência de

pancreatite. A inflamação crônica e a insuficiênica renal são dois dos distúrbios não

pancreáticos que podem aumentar as concentrações séricas das enzimas

pancreáticas (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

Cães diabéticos também podem apresentar-se com pancreatite

histologicamente confirmada, mas com concentrações normais para as enzimas

pancreáticas. Em animais com concentrações séricas normais para a lípase e para a

amilase, a suspeita de pancreatite deve apoiar-se na presença dos sinais clínicos

(32)

anormalidades radiográficas ou ultra-sonográficas consistentes com pancreatite

(ETTINGER; FELDMAN, 1997).

Na urinálise ocorrerão glicosúria, cetonúria, proteinúria e bacteriúria, com ou

sem piúria, com hematúria associada. Geralmente o paciente com diabete não

complicado apresenta-se com glicosúria, mas sem cetonúria (ANDRADE, 2002).

Se grandes quantidades de corpos cetônicos estão presentes na urina,

especialmente num animal com sinais sistêmicos de enfermidade (por exemplo,

letargia, vômito, diarréia ou desidratação), devemos firmar o diagnóstico de

cetoacidose diabética (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

Um eletrocardiograma pode ajudar a avaliar o status de potássio; intervalo de

Q-T prolongado em alguns pacientes com hipocalemia; ondas T pontiagudas e

elevadas em alguns pacientes com hipercalemia (TILLEY; SMITH JR., 2003).

O diagnóstico diferencial deve ser feito, pois os sinais da doença não são

patognomônicos. Dentre as principais doenças pode-se citar insuficiência renal,

cirrose hepática, colangite, colângio-hepatite, piometra, estresse, cio, medicamentos,

parasitismo, insuficiência pancreática exócrina, enterite linfocítica-plasmocítica e

(33)

2.5- TRATAMENTO

O objetivo primário da terapia é a eliminação da sintomatologia que ocorre

secundária a hiperglicemia e glicosúria. Persistência de sintomatologia clínica e o

desenvolvimento de complicações crônicas estão diretamente correlacionados com a

gravidade e a duração de hiperglicemia (NELSON; COUTO, 1994).

Os cães que permanecem alertas, com pouca ou nenhuma desidratação e

pouca ou nenhuma cetonúria, e que também querem e são capazes de comer sem

vomitar podem ser tratados como se tivessem diabete não complicado (GOLDSTON;

HOSKINS, 1999).

É improvável que o tratamento efetue uma cura, mas poderia influenciar

materialmente a qualidade e duração da vida do cão. É essencial determinar no

início, se outras condições, tais como, infecção são fatores complicadores e, ainda

mais importante, se o proprietário será capaz de cuidar de um cão diabético

(YOXALL; HIRD, 1996).

Redução da flutuações da concentração de glicose sanguínea e manutenção

de glicemia quase normal ajudam a diminuir a sintomatologia clínica e a evitar as

complicações associadas a pacientes diabéticos mal controlados. Este objetivo pode

ser atingido por administração adequada de insulina, dieta, exercício, medicações

(34)

do tratamento depende em parte da quantidade de células beta funcionais no

pâncreas (NELSON; COUTO, 1994).

2.5.1- TRATAMENTO PARA CETOACIDOSE DIABÉTICA

O tratamento de um cão cetoacidótico diabético requer uma terapia intensiva

em internação; trata-se de uma emergência de risco de vida; os objetivos são corrigir

o esgotamento de água e eletrólitos, reverter a cetonemia e a acidose, e aumentar a

taxa de uso de glicose por parte dos tecidos insulino-dependentes (TILLEY; SMITH

JR., 2003).

Segundo BIRCHARD; SHERDING (1998), para orientar a terapia, deve-se

avaliar a urinálise, o hematócrito, a glicose sanguínea, o dióxido de carbono total

venoso ou os parâmetros ácido-base arteriais, a uréia sanguínea ou a creatinina

sérica, eletrólitos séricos e eletrocardiograma.

Se o cão for cetoacidótico sadio, ou seja, parece sadio, mas persiste leve

cetonúria, ou se o animal cetoacidótico inicialmente se apresenta sadio, pode-se

administrar insulina de curta duração por via subcutânea, três vezes ao dia, até que a

cetonúria seja resolvida. Se a concentração glicêmica estiver bem controlada, as

concentrações dos corpos cetônicos cairão, embora isso possa levar alguns dias

(35)

2.5.1.1- POTÁSSIO

O potássio corporal total fica esgotado e o tratamento abaixará adicionalmente

o potássio sérico; torna-se sempre necessária uma suplementação de potássio. Se

for possível, antes de iniciar a insulinoterapia, confira a concentração de potássio

para orientar a dosagem de suplementação; se ficar extremamente baixa, poder-se-á

precisar retardar a insulinoterapia até a concentração sérica de potássio aumentar

(TILLEY; SMITH JR., 2003).

Segundo ETTINGER; FELDMAN (1997), os ajustes subseqüentes na

suplementação de potássio devem basear-se nas determinações das concentrações

séricas deste eletrólito, até que estejam estáveis e na faixa normal. Uma alternativa

consiste na avaliação periódica de eletrocardiograma, em busca das alterações

eletrocardiográficas consistentes com a hipocalemia (Tabela 4).

Tabela 4. Alterações eletrocardiográficas associadas à hipocalemia e à hipercalemia

no cão.

Hipocalemia

Depressão da amplitude das ondas T

Depressão do segmento S-T

Prolongamento do intervalo Q-T

Hipercalemia

Ondas T espiculadas

Achatamento das ondas P

(36)

Ondas U proeminentes

Arritmias

Supraventriculares

Ventriculares

Prolongamento do intervalo QRS

Redução da amplitude das ondas R

Bradicardia

Bloqueio cardíaco completo

Arritmias ventriculares

Parada cardíaca

De acordo com BIRCHARD; SHERDING (1998), baseie a quantidade de

potássio exigida na medição real da concentração sérica de potássio (Tabela5).

Tabela 5. Parâmetros para suplementação com potássio em fluidos intravenosos.

Potássio sanguíneo (mEq/L) Suplementação com potássio/litro de

fluidos (mEq) >3,5 3,0 – 3,5 2,5 – 3,0 2,0 – 2,5 <2,0 20 30 40 60 80

A velocidade de administração de potássio não deve exceder 1 mEq/Kg de peso

(37)

2.5.1.2- FLUIDOTERAPIA

A reposição e manutenção do equilíbrio normal dos líquidos são medidas

importantes, para que haja garantia do débito cardíaco e pressão sanguínea

adequados, e do fluxo sanguíneo a todos os tecidos. A melhora no fluxo sanguíneo

renal é especialmente crítica (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

O fluido de escolha inicial é uma administração intravenosa de solução salina

0,9% suplementada com potássio (TILLEY; SMITH JR., 2003).

Os líquidos incrementam a excreção de glicose, ao aumentar a filtração

glomerular e o fluxo urinário, e diminuem a secreção dos hormônios diabetogênicos

que estimulam a hiperglicemia. As concentrações de acetoacetato e

beta-hidroxibutirato, em contraste com as concentrações de glicose, não diminuem,

quando líquidos são administrados sem insulina (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

A melhora da perfusão renal promove a eliminação dos cetoácidos, e a

insulinoterapia diminui drasticamente a produção desses metabólitos por interromper

a lipólise e o aporte de ácidos graxos livres (ANDRADE, 2002).

Determine o volume e a velocidade de administração de fluido iniciais através

(38)

do paciente, concentração protéica plasmática e presença ou ausência de

cardiopatia (BIRCHARD; SHERDING, 1998).

O cão com cetoacidose diabética está entre 6 e 12% desidratado. A

administração do líquido deve ser direcionada para a gradual reposição de todas as

deficiências ao longo do período de 24 a 48 horas (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

Inicialmente, é tipicamente escolhida a velocidade do líquido de 1,5 a 2 vezes

a manutenção (isto é, 60 a 100mL/Kg/24 horas), e os ajustes subseqüentes tomarão

por base as avaliações freqüentes do quadro de hidratação, produção de urina,

gravidade da azotemia, e persistência do vômito e/ou diarréia (ETTINGER;

FELDMAN, 1997).

Auxílio importante na fluidoterapia é a avaliação freqüente dos níveis séricos

de sódio e potássio e do estado ácido-básico. O equilíbrio dos eletrólitos é

fundamental para a fluidoterapia. Depois das primeiras 4 a 6 horas de tratamento, se

a concentração sérica de sódio situa-se entre 140 e 155 mEq/L, o líquido

intravenovso deverá ser trocado por solução de Ringer ou Ringer com lactato, que

tem menos sódio que a salina normal. Se a concentração sérica de sódio

encontra-se ainda abaixo dos 140 mEq/L, o paciente deverá encontra-ser mantido em solução salinaa

0,9%. Se a concentração sérica de sódio é superior a 155 mEq/L, o paciente deverá

(39)

2.5.1.3- FÓSFORO

A acidose metabólica da cetoacidose diabética resulta em desvio do fósforo

do compartimento intra para o extracelular. Conseqüentemente, não se identifica

comumente a hipofosfatemia na apresentação inicial, mesmo que os níveis totais de

fósforo corporal possam ficar severamente deficientes (BIRCHARD; SHERDING,

1998).

O início da insulinoterapia e a correção da acidose metabólica podem resultar

em desvio drástico no fósforo extracelular no interior do compartimento intracelular,

causando hipofosfatemia (BIRCHARD; SHERDING, 1998).

A hipofosfatemia basicamente afeta os sistemas hematológicos e

neuromuscular no cão. Uma anemia hemolítica com risco de vida é o problema mais

comum, caso não seja identificado e tratado. Astenia, ataxia, e convulsões também

podem ser observadas. Uma hipofosfatemia grave pode ser clinicamente silenciosa

(ETTINGER; FELDMAN, 1997).

O tratamento com fosfato fica indicado se sinais clínicos e/ou hemólise são

identificados, ou se a concentração sérica de fósforo está <1,5 mg/dL (ETTINGER;

(40)

O fósforo é geralmente suplementado através da adição de solução do fosfato

de potássio aos fluidos intravenosos, preferivelmente utilizando uma solução sem

cálcio, como uma solução salina a 0,9%. No caso do cão, suplemente o fosfato a

0,01 a 0,03 mMol/Kg/hora por 3 a 6 horas, e depois verifique a concentração

sanguínea de fósforo (BIRCHARD; SHERDING, 1998).

Os efeitos adversos derivados da administração excessivamente zelosa de

fosfato são: hipocalcemia iatrogênica e seus sintomas neuromusculares associados,

hipernatremia, hipotensão e calcificação metastática (ETTINGER, 1992).

Não se indica a suplementação com fósforo no caso dos cães com

hipercalcemia, com hiperfosfatemia, com oligúria ou com suspeita de necrose

tecidual (BIRCHARD; SHERDING, 1998).

2.5.1.4- BICARBONATO

Determine a necessidade de uma terapia com bicarbonato com base nos

sinais clínicos e na medição do bicarbonato ou da concentração venosa total de gás

carbônico (BIRCHARD; SHERDING, 1998).

Bicarbonato comumente não é fornecido ao paciente, quando a concentração

plasmática deste composto é igual ou superior a 12 mEq/L, especialmente se o

(41)

normal no líquido cefaloraquidiano. A acidose, nestes pacientes, é corrigida através

da insulinoterapia e fluidoterapia (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

Segundo ETTINGER; FELDMAN (1997), a deficiência de bicarbonato (isto é,

os miliequivalentes de bicarbonato inicialmente necessários para a correção da

acidose até o nível crítico de 12 mEq/L, ao longo do período de 6 horas) é calculado

do seguinte modo: mEq bicarbonato = peso corporal (Kg) x 0,4 x (12 – bicarbonato

do paciente) x 0,5.

A diferença entre a concentração sérica de bicarbonato do paciente e o valor

crítico de 12 mEq/L representa o déficit de base tratável na cetoacidose diabética. O

fator 0,5 proporciona metade da dose exigida de bicarbonato na infusão intravenosa.

Desta maneira, administra-se uma dose conservativa por 6 horas. Após 6 horas de

terapia, reavalie o estado ácido-base e repita os cálculos. Quando o nível plasmático

de bicarbonato for >12 meq/L, não se necessita mais de uma suplementação com

bicarbonato (BIRCHARD; SHERDING, 1998).

2.5.2- TERAPIA DO DIABETE MELITO NÃO CETÓTICO

Os objetivos primários da terapia tanto para diabete melito dependente de

insulina como para diabete melito não dependente de insulina são os de se ter um

(42)

concentração sanguínea de glicose o mais próximo possível do normal (BIRCHARD;

SHERDING, 1998).

Pode-se conseguir esses objetivos através de administração apropriada de

insulina, dieta, exercício, medicações hipoglicêmicas orais, uma prevenção ou

controle das enfermidades intercorrentes (BIRCHARD; SHERDING, 1998).

O regime terapêutico definitivamente bem sucedido depende, em parte, do

número de células beta funcionais no pâncreas (BIRCHARD; SHERDING, 1998).

Insulina regular para pacientes menores de 10 Kg a dose inicial é de 2 U

intramuscular seguida por 1 U intramuscular a cada hora até a glicose sanguínea

ficar menor que 250 mg/dL. Insulina regular para pacientes maiores de 10 Kg a dose

inicial é de 0,25 U/Kg intramuscular seguida por 0,1 U/Kg a cada hora até que a

glicose sanguínea fique menor que 250 mg/dL (TILLEY; SMITH JR., 2003).

Interrompa a insulina regular intramuscular quando a glicose sanguínea ficar

menor que 250 mg/dL; mude para insulina regular 0,5 U/Kg intramuscular a cada 4-6

horas ou subcutânea a cada 6-8 horas, se a concentração sanguínea de glicose

permanecer entre 150 e 250 mg/dL (TILLEY; SMITH JR., 2003).

Embora o ideal fosse manter a glicose sanguínea na faixa normal 24 horas ao

dia, isto não é necessário para o controle adequado; se for tentado tal objetivo com

(43)

mesmo deve ser dito a respeito de tentativas para manter a urina livre de glicose

(LORENZ; CORNELIUS; FERGUSON, 1996).

Recomende uma ovário-histerectomia nas fêmeas não reprodutivas para

evitar desestabilização do controle glicêmico com flutuação nos hormônios

reprodutivos (BIRCHARD; SHERDING, 1998).

O exercício reduz as necessidades insulínicas e deve ser mantido de modo

bem constante, dia a dia (LORENZ; CORNELIUS; FERGUSON, 1996).

2.5.3- TERAPIA DIETÉTICA

Indica-se uma terapia dietética para todos os cães com diabete melito. Sendo

seu objetivo, corrigir a obesidade, manter a consistência no horário e no teor calórico

das refeições e fornecer uma dieta que minimize as flutuações pós-prandiais na

glicose sanguínea (BIRCHARD; SHERDING, 1998).

Dietas contendo maiores quantidades de fibra ajudam a promover perda de

peso, retardam a absorção de glicose do trato intestinal, reduzem flutuações

pós-prandiais na glicose sanguínea e aumentam o controle de hiperglicemia (NELSON;

(44)

Um aumento da fibra na dieta para mais de 15% de matéria seca e um

aumento dos carboidratos complexos na dieta são possivelmente benéficos para o

controle do diabete melito (GOLDSTON; HOSKINS, 1999).

As rações mais efetivas no tratamento do excesso de peso corporal e tanto de

diabete melito dependente de insulina como a diabete melito não dependente de

insulina são as que contem a maior parte de fibras e de carboidratos complexos

digeríveis em uma base de matéria seca (BIRCHARD; SHERDING, 1998).

Para assegurar o consumo razoavelmente constante de carboidratos ou de

nutrientes que contribuem para a glicose sanguínea, deverá ser oferecida uma ração

de formulação fixa. Como a remoção das gorduras (triglicerídeos) e carboidratos

(glicose) da circulação depende de insulina, suas concentrações sanguíneas afetam

a quantidade de insulina exigida. Devem-se oferecer refeições oportunamente para

que elas coincidam com o pico da ação de insulina (AIELLO, 2001).

Os alimentos moles e hidratados devem ser evitados, devido aos efeitos

hiperglicêmicos dos dissacarídeos e do propileno glicol presentes (ETTINGER;

FELDMAN, 1997).

Cães não obesos deve-se oferecer uma dieta compatível com o que o animal

comerá confiavelmente; mantenha constante o consumo calórico diário. Cães obesos

(45)

consumo calórico para 60% da exigência para o peso corporal ideal do animal ou

ofereça um alimento rico em fibras e pobre em calorias em quantidade semelhante a

que o animal de estimação está acostumado; tente atingir o peso alvo em 2 a 4

meses; uma perda de peso rápido é desaconselhável (BIRCHARD; SHERDING,

1998).

A obesidade pode causar deterioração na tolerância a glicose em cães, sendo

talvez fator importante, responsável pelas variações na resposta a insulinoterapia em

cães diabéticos (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

Cães magros evite uma dieta reduzida de calorias; uma inanição exacerba a

cetoacidose e a função inume deficiente (TILLEY; SMITH JR., 2003).

A exigência calórica diária para o cão adulto é de aproximadamente 40 a 80

Kcal de energia metalolizável por quilograma de peso corpóreo ideal, sendo mais alta

para o cão menor. Pode-se determinar a quantidade de alimento a ser administrada,

dividindo a necessidade calórica diária pelo número de calorias por lata ou xícara da

ração a ser fornecida (NELSON; COUTO, 1992).

Entretanto, a quantia exigida por um indivíduo pode variar até 50% acima ou

abaixo da média; portanto, a quantidade fornecida deve ser ajustada para cada

indivíduo, quando necessário, para manter o peso desejado daquele animal

(46)

Com freqüência, há necessidade de ajustes nas necessidades diárias de

insulina, enquanto o cão com excesso de peso vai ficando mais magro (ETTINGER;

FELDMAN, 1997).

Segundo ETTINGER; FELDMAN (1997), algumas das dietas caninas

comercializadas ricas em fibra e carboidratos complexos altamente digeríveis estão

listadas na tabela 6 a seguir.

Tabela 6. Conteúdo nutricional de algumas rações caninas dietéticas

comercializadas ricas em fibras.

Fibra Bruta Carboidratos

complexos

digeríveis *

Gordura * Proteína * Calorias #

(lata/ xícara) “Prescription diet” r /d enlatada desidratada “Prescription diet” w / d enlatada 25 22 13 22 39 56 7 7 12 26 25 16 260 200 432

(47)

desidratada “ Protocol Canine Five” enlatada “Science diet maint. Light” enlatada desidratada “Purina fit and trim” desidratada “Gaines cycle 3 light” 16 14 8 14 9 54 40 61 57 61 7 13 10 7 9 17 28 17 17 17 220 296 390 225 290

(48)

enlatada desidratada “Prescription diet” g / d enlatada desidratada “Alpo lite” enlatada “Iams less active” desidratada 8 5 6 7 5 3 37 53 54 57 39 50 13 9 19 14 18 14 35 19 18 19 28 26 370 265 540 286 355 335

*Expressado como porcentagem da matéria seca na dieta.

# Expressado como quilocalorias de energia metabolizável por lata (15,5 oz, exceto

“Gaines” e “Alpo”, que tem 14 oz) ou, para as dietas desidratadas, por xícara

(49)

Para que tenham valor, as fibras adicionadas devem ser misturadas no

alimento e não oferecidas separadamente. Não se deve oferecer rações ricas em

fibras para cães diabéticos caquéticos (GOLDSTON; HOSKINS, 1999).

As complicações clínicas comuns decorrentes do fornecimento de dietas ricas

em fibras são a constipação e a hipoglicemia 1 a 2 semanas após o aumento do

conteúdo de fibra da dieta (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

A recusa em consumir dietas ricas em fibra meses após seu início é

geralmente resultante do “aborrecimento” com o alimento. Mudanças periódicas nos

tipos de dietas ricas em fibra, e misturas de dietas, tem sido medidas úteis

objetivando minorar este problema (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

O esquema alimentar deve potencializar as ações da insulina e minimizar a

hiperglicemia pós-prandial (BIRCHARD; SHERDING, 1998).

A ocorrência de hipoglicemia pós-prandial depende, em parte, da quantidade

de alimento consumido por refeição, a velocidade de absorção da glicose e dos

outros nutrientes pelo intestino, e da eficácia da insulina exógena e endógena

durante este período (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

Ao se planejar um esquema de alimentação, dois princípios são importantes.

Em primeiro lugar, o consumo calórico diário deve ser ingerido quando a insulina

(50)

alimento. Se os alimentos forem consumidos enquanto a insulina exógena ainda se

encontra metabolicamente ativa, o aumento pós-prandial na concentração de glicose

sanguínea é mínimo ou ausente (NELSON; COUTO, 1992).

Em contraste, a alimentação do cão diabético depois que a ação da insulina

desapareceu resultará num aumento da concentração glicêmica, iniciando 1 a 2

horas pós-prandialmente. Caso isto ocorra, deveremos proceder ao ajuste do tipo de

insulina, a freqüência da administração do hormônio, ou a sincronização do

fornecimento das refeições com relação a injeção de insulina (ETTINGER;

FELDMAN, 1997).

Em segundo lugar, dentro da disposição do tempo de ação da insulina, devem

ser fornecidas pequenas refeições múltiplas em vez de uma grande refeição. O

fornecimento de várias pequenas refeições ajuda a minimizar o efeito hiperglicêmico

de cada refeição, ajudando, então a controlar flutuações na glicose sanguíne

(NELSON; COUTO, 1992).

A hiperglicemia persistente causada pelo diabete melito pode resultar de

níveis subnormais de insulina circulante ou de uma redução da responsividade dos

órgãos nos quais a insulina tem o seu efeito. Uma hiperglicemia não significa uma

(51)

No caso dos cães que “beliscam” o dia inteiro, permita acesso livre ao

alimento. No caso dos cães “glutões”, sirva 2 ou 3 refeições por dia, dependendo da

freqüência da administração de insulina e da queixa do proprietário (BIRCHARD;

SHERDING, 1998).

Freqüentemente o diabete melito ocorre em conjunto com outras afecções

(por exemplo, insuficiência renal, insuficiência cardíaca). A terapia dietética também

tem papel fundamental no tratamento de muitas afecções. Sempre que possível, a

terapia dietética para todos os distúrbios deverá ser “fundida”; contudo, caso isto não

seja possível, a terapia dietética para o distúrbio que represente maior risco de vida

deverá ter prioridade (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

Segundo ETTINGER; FELDMAN (1997), felizmente, muitos dos princípios

dietéticos para o diabete, pancreatite, e insuficiência pancreática exócrina são

similares, como mostra a tabela 7.

Tabela 7. Comparação das diretrizes gerais para o tratamento dietético de cães com

diabete melito, pancreatite, e insuficiência pancreática exócrina.

Fator Dietético Diabete melito Pancreatite Insuficiência

Pancreática

Exócrina

(52)

Conteúdo de gordura Conteúdo de carboidratos Conteúdo de proteínas Esquema alimentar Ingestão de calorias Baixo Elevado Normal Pequenas refeições, administração freqüente Corrigir, e evitar a obesidade Baixo Baixo Restrição moderada Pequenas refeições, administração freqüente Corrigir, e evitar a obesidade Baixo Baixo Normal Pequenas refeições, administração freqüente Corrigir, e evitar a perda de peso

Muitos cães diabéticos com pancreatite concomitante toleram dietas ricas em

fibra, tão logo a pancreatite tenha cedido, com o fornecimento de dietas com baixo

teor de gordura e de alta digestibilidade. Dietas com baixo teor de fibra e alta

digestibilidade são recomendadas para cães com insuficiência pancreática exócrina

(ETTINGER; FELDMAN, 1997).

(53)

2.5.4- HIPOGLICEMIANTES ORAIS

Atualmente existem dois tipos de hipoglicemiantes orais: as biguanidas e as

sulfoniluréias. As biguanidas atuam por meio de mecanismos de ação ainda

obscuros, mas sabe-se que elas estimulam a glicólise anaeróbica, promovem

supressão da gliconeogênese e a inibição da absorção gastrointestinal da glicose.

Atualmente em medicina veterinária, não existem estudos clínicos que atestem a sua

eficiência em cães diabéticos (SPINOSA, et al., 1999).

As sulfoniluréias estimulam a secreção de insulina, reduzem a produção

hepática de glicose, revertem parcialmente o defeito pós-conjugação na ação da

insulina e aumentam o número de receptores insulínicos celulares. Devem existir

células beta funcionais para que as sulfoniluréias sejam efetivas (BIRCHARD;

SHERDING, 1998).

O hipoglicemiante oral, como por exemplo as sulfoniluréias são usados com

êxito no tratamento de diabete melito não dependente de insulina em seres humanos

e gatos, mas é ineficaz na melhora do controle glicêmico em cães com diabete melito

(NELSON; COUTO, 1992).

As sulfoniluréias tem dois efeitos: o principal, que é pancreático, por estimular

diretamente a excreção de insulina pelas células β do pâncreas, e o extrapancreático

(54)

da ligação da insulina aos seus receptores, ou de melhor ação após ligação, inibição

da glicogenólise hepática, aumento da utilização da glicose hepática e diminuição da

extração da insulina hepática. Esses efeitos extrapancreáticos podem ser

ocasionados pela ação direta do próprio medicamento ou podem ser secundários a

estimulação resultante da secreção de insulina. São facilmente absorvidas pelo trato

gastrintestinal e excretadas pela urina (ANDRADE, 2002).

Agentes hipoglicêmicos orais tem sido usados em seres humanos com

diabete melito não dependente de insulina, mas não tem sido empregados com

freqüência na clínica veterinária (ETTINGER, 1992).

2.5.5- INSULINOTERAPIA

O objetivo da insulinoterapia inicial é o de reduzir lentamente a concentração

sanguínea de glicose para 200 a 250 mg/dL, preferivelmente por um período de

tempo de 8 a 10 horas. É ideal um declínio horário de aproximadamente 75 mg/dL

(BIRCHARD; SHERDING, 1998).

A determinação da terapia insulínica e dietética, durante a regulação inicial do

paciente diabético, é periodicamente necessária para verificar o controle glicêmico no

(55)

o controle glicêmico no paciente em que se desenvolvem manifestações clínicas de

hiperglicemia ou hipoglicemia (NELSON; COUTO, 1992).

O objetivo da insulinoterapia no cão diabético sem catarata é a manutenção

da concentração sanguínea de glicose a 100-180 mg/dL; no caso de um cão

diabético cego devido a formação de catarata o objetivo é de 100-250 mg/dL

(BIRCHARD; SHERDING, 1998).

Concentrações de glicose fora desta faixa constituem uma indicação para

alteração na insulinoterapia, particularmente se o cão apresentar sintomatologia

clínica de hiperglicemia ou hipoglicemia (NELSON; COUTO, 1992).

A quantidade de insulina necessária por determinado animal é objeto difícil

previsão. Portanto, deve ser utilizada insulina com rápido início de ação e breve

duração do seu efeito, para que sejam permitidos rápidos ajustes na dose e

freqüência de administração deste agente, de modo a atender as necessidades do

cão especificamente tratado (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

As insulinas de uso comum para o tratamento a longo prazo de diabéticos

incluem insulinas isófana (NPH), lenta, protamina zíncica (PZI) e ultralenta

(56)

As insulinas de ação intermediária (por exemplo, NPH, lenta) são as insulinas

iniciais de escolha para a regulação glicêmica do cão diabético (ETTINGER;

FELDMAN, 1997).

A insulina mista oferece a vantagem clínica de apresentar um tempo de

duração maior do que as insulinas de origem suína ou humana, dada a sua maior

antigenicidade conferida pela fração bovina (SPINOSA, et al., 1999).

Segundo BIRCHARD; SHERDING (1998), as propriedades das preparações

insulínicas bovinas/ suínas encontram-se descritas na tabela 8.

Tabela 8. Propriedades das preparações de insulina bovina/suína utilizadas em

cães *.

Tipo de insulina Via de administração Duração do efeito (horas)

Cão Semilenta, cristalina regular NPH PZI Lenta ** Ultralenta Endovenosa Intramuscular Subcutânea Subcutânea Subcutânea Subcutânea Subcutênea 1 – 4 3 – 8 4 – 10 6 – 24 6 – 28 8 – 24 8 – 28

(57)

* As insulinas suína purificada e humana recombinante parecem ser mais potentes,

agir mais rápido e apresentar uma duração de efeito mais curta que as insulinas

suiína/bovina. Os principais fabricantes de insulina incluem a Eli Lilly Co., a E. R.

Squibb and Sons e a Novo Nordisk.

** Insulina inicial de escolha para o cão diabético.

Insulina cristalina regular, biodisponibilidade rápida e duração de ação curta;

pode ser administrada através de qualquer rota parenteral; usada em pacientes com

anorexia, vômito ou cetoacidose; pode-se mistura-la com outras insulinas (TILLEY;

SMITH JR., 2003).

Insulina NPH (Isophane) tem duração intermediária; administração

subcutânea a cada 12 horas; dosagem inicial 0,5 U/Kg; ajuste a dosagem de acordo

com a resposta individual (TILLEY; SMITH JR., 2003).

Insulina lenta tem duração intermediária; administre-a subcutânea; a dosagem

inicial é a mesma do NPH; administração freqüentemente a cada 12 horas, mas uma

administração a cada 24 horas pode ser adequada para alguns pacientes (TILLEY;

SMITH JR., 2003).

Dosagem inicial de 0,2 U/Kg intramuscular ou subcutânea se a hidratação for

(58)

tarde poderão ser administrados a cada hora se o paciente for monitorado; deve-se

considerar uma resposta a dosagem de insulina anterior quando se calcula dosagens

subseqüentes. Idealmente, a concentração de glicose deve cair para 50 a 100

mg/dL/hora (TILLEY; SMITH JR., 2003).

Todas as espécies de insulina comercial são efetivas em cães diabéticos.

Contudo, a imunogenicidade da insulina e a produção de anticorpos antiinsulina

podem afetar a duração do seu efeito e, em alguns pacientes, a própria eficácia da

preparação de insulina (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

De acordo com BIRCHARD; SHERDING (1998), caso se suspeite de

resistência a insulina, justifica-se uma avaliação diagnóstica para identificar a

etiologia subjacente (Tabela 9). No entanto, alguns cães exigem quantidades

grandes de insulina sem nenhuma causa óbvia da ineficiência relativa da insulina.

Tabela 9. Causas possíveis de resistência a insulina aparente no cão.

Problema na administração da insulina

Insulina inativa ou fora do prazo

Diestro ou prenhez

Hiperadrenocorticismo

(59)

Infecção

Administração de medicações diabetogênicas

Anticorpos antiinsulínicos

Prejuízo da absorção de insulina nos locais subcutâneos

Fenômeno de Somogyi

Observam resistência a insulina e diabete melito secundário em muitos cães

com hiperadrenocorticismo, e administração crônica de glicocorticóides ou

progestágenos pode predispor o diabete melito. Em cães a progesterona leva a

liberação de hormônio do crescimento, que resulta em hiperglicemia e uma

resistência a insulina (AIELLO, 2001).

A falta de resposta satisfatória a insulina pode envolver o armazenamento

impróprio da insulina, ou tiras reativas de teste para a glicose urinária com prazo

vencido, ou imprecisas. O veterinário deve também comparar as seringas usadas

com o tipo de insulina administrado (ETTINGER, 1992).

De um modo geral, um animal requer dois a quatro dias para se adaptar a

alterações na dosagem ou preparação da insulina, de acordo com a figura 1. Durante

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