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O ACTA e o futuro da Internet

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UEADSL 2013.1

O ACTA e o futuro da Internet

Amanda Ister Nogueira Ribeiro - UNI003-OL1 - 45 Flavia Carolina de Oliveira Andrade - UNI003-OL1 - 81 Maria Cristina Canuto da Fonseca - UNI003-OL1 - 161 Thaís El Malih Vieira - UNI003-OL1 - 102 Thays Miranda de Assis - UNI003-OL1 - 195 Resumo

Além de ser um espaço privilegiado para troca de informações e compartilhamento de conhecimento, a Internet se tornou o maior espaço de divulgação de todo tipo de produção intelectual. Para os detentores da propriedade intelectual que dominam a sociedade, cultural e economicamente, a Internet tem se tornado uma ameaça a esta hegemonia. Esta pode ser considerada uma das razões para o acordo internacional encabeçado pelos Estados Unidos para combater a pirataria e consequentemente restringir a liberdade de expressão na rede. Se este acordo for aprovado, quais serão os impactos na vida de bilhões de usuários da Internet ao redor do mundo? Este artigo se propõe a levantar os interesses que estão por detrás deste acordo e como a sociedade tem se mobilizado frente a esta ameaça.

Palavras-chave: Internet, Propriedade Intelectual, ACTA.

1. Introdução

De acordo com a Convenção da Organização Mundial da Propriedade Intelectual - OMPI:

Propriedade Intelectual é a soma dos direitos relativos às obras literárias, artísticas e científicas, às interpretações dos artistas intérpretes e [...]às invenções em todos os domínios da atividade humana, [...], à proteção contra a concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual nos domínios industrial, científico, literário e artístico.1

Com o advento da Internet, a rede mundial de computadores que permite a troca

1 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Manual Propriedade Industrial. Disponível em: <www.abimaq.org.br>. Acesso em: 30 mai. 2013.

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de informações entre milhões de pessoas ao redor do mundo, a forma de garantir a propriedade intelectual vem passando por um processo de mudança.

Diferentemente dos outros meios de divulgação da propriedade intelectual, onde toda produção intelectual tem necessariamente que passar pelo aval de instituições e governos; na internet, a propriedade intelectual continua sendo respeitada, mas sem o controle destas instituições, por meio de licenças específicas para o ambiente web, como a licença Creative Commons.

É neste contexto, que surge o Acordo Comercial Anticontrafação (ACTA, em inglês Anti-Counterfeiting Trade Agreement) definido na Wikipédia como:

(…) um tratado comercial internacional [...]com o objetivo de estabelecer padrões internacionais para o cumprimento da legislação sobre marcas registradas, patentes e direitos autorais. De acordo com seus proponentes, como resposta "ao aumento da circulação global de bens falsificados e de pirataria de obras protegidas por direitos autorais.2

De acordo com essa definição, constatamos que já que existe uma legislação específica que rege a propriedade intelectual. No entanto, defendem que essa legislação não está sendo cumprida e a Internet tem sido uma ferramenta que tem alavancado o processo de pirataria.

Considerando que a Internet tem impulsionado a produção de conhecimentos em toda parte do mundo, fora do alcance daqueles que até então controlavam toda a propriedade intelectual, ela tem sido vista como uma ameaça a hegemonia do capital. Como já afirmava o político e filósofo Inglês Francis Bacon no século XVI

“conhecimento é poder”.

2. O ACTA e o destino da Internet

O ACTA é um tratado internacional que tem como objetivo regular e punir a violação aos direitos autorais, que ocorre através da divulgação livre. Sua abrangência vai muito além de CDs e DVDs, uma vez que suas medidas regulatórias atingem todo e qualquer tipo de conteúdo visível e disponível na Internet. O texto do ACTA, que por

2 ACORDO Comercial Anticontrafação. In: Wikipedia: a enciclopédia livre. Disponível em:

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muito tempo ficou em total sigilo, surgiu na Internet e assustou pelo conteúdo. Basicamente,

permite violar correspondência sem ordem judicial e intervir na comunicação pessoal. Encarrega os provedores de acesso à internet e os serviços de hospedagem de sites de vigiar e punir os internautas. Criminaliza, em especial, a troca não-comercial de arquivos via internet, o que ameaçaria milhões de pessoas com penas de prisão.3

O acordo, considerado muito mais grave que uma simples censura, foi assinado por países como Estados Unidos, Canadá e Japão, bem como membros da União Européia – porém, o Parlamento Europeu votou contra em julho de 20124. Apesar de possuir apoio político, o ACTA não possui ainda nenhum efeito legal.

Por ser uma ameaça ao futuro de uma Internet livre e aberta, o ACTA tem sido alvo de protestos e manifestações contrárias em todo o mundo, por parte daqueles que defendem a liberdade de expressão e divulgação na rede.

Nesse contexto, o Free Internet Act e o Marco Civil da Internet (Brasil) aparecem como formas de manifesto. O Free Internet Act ou Lei da Internet Livre é “um projeto de lei destinado a regular a Internet e seus usos em todo o mundo, como uma alternativa à SOPA e à PIPA”5. Já o Marco Civil da Internet é um projeto de Lei que visa defender direitos e deveres de usuários da rede, empresas de tecnologia e governo, adaptando princípios constitucionais ao ambiente digital.

Ambos são menos agressivos que o ACTA e tem por finalidade defender os direitos autorais, sem restringir a divulgação e o compartilhamento de conhecimento.

Neste contexto, cabe à sociedade e, principalmente, aos usuários de Internet dar continuidade e repercussão a estes manifestos, primando pela liberdade de expressão. Contribuindo de forma efetiva e contrária ao ACTA, os usuários poderão endossar e divulgar atos de protesto como o Free Internet Act e o Marco Civil da Internet, para impedir que entre em vigor uma lei que além de privilegiar minorias econômicas, afronta e impede a liberdade de expressão na rede.

3 DOSSIÊ ACTA: para desvendar a ameaça ao conhecimento livre. Disponível em:

<http://olhardigital.uol.com.br/negocios/digital_news/noticias/criador-da-web-defende-marco-civil-da-internet->. Acesso em: 24 mai. 2013.

4 ACTA: CONTROVERSIAL anti-piracy agreement rejected by EU. Disponível em:

<http://www.bbc.co.uk/news/technology-18704192>. Acesso em: 24 mai. 2013.

5 FREE Internet Act. In: Wikipedia: a enciclopédia livre. Disponível em: <www.wikipedia.org>. Acesso em:

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Ainda como formas de protesto, sites como Avaaz.org, têm se mobilizado globalmente para impedir o que acreditam ser a maior ameaça à Internet, uma vez que o compartilhamento de conhecimento - desde a criação da Internet – é um elemento de suma importância da organização cotidiana da sociedade moderna, por ser um elemento responsável por garantir o seu desenvolvimento e comunicação a nível mundial. Sem a liberdade de compartilhar conhecimentos que possuímos hoje em dia, a Internet de todo o mundo pode se transformar no modelo atual utilizado pela China, em que todo o conteúdo midiático é controlado pelo Estado.

3. Conclusão

Podemos concluir que o ACTA é um tratado prejudicial para a sociedade mundial de forma geral, pois uma vez assinado, irá prejudicar bilhões de pessoas que fazem uso da Internet. O ACTA é considerado muito mais agressivo do que o SOPA, pois esse acordo não irá apenas afetar e bloquear sites da Internet; poderá também comprometer o meio de comunicação e interface mais utilizado e abrangente. O ACTA afetará as áreas da saúde, comércio e até mesmo o turismo, trazendo assim problemas para o mundo globalizado em que vivemos hoje, onde tudo está ligado ao grande meio social que é a Internet. Por esses motivos, essa grande ameaça à Internet deve ser contestada e banida

Podemos afirmar que o futuro da Internet está comprometido, mas é impossível prever a quais dimensões e proporções exatas. Por outro lado, o que podemos fazer é lutar contra o ACTA e impedir que entre em vigor.

4. Referências bibliográficas

ACTA: CONTROVERSIAL anti-piracy agreement rejected by EU. 4 jul. 2012. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/news/technology-18704192>. Acesso em: 24 mai. 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Manual Propriedade Industrial. Disponível em: <http://www.abimaq.org.br>. Acesso em: 30 mai. 2013.

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AVAAZ.org: o mundo em ação. Disponível em: <www.avaaz.org>, Acesso em: 15 abr. 2013.

CAETANO, Miguel. Tudo o que queriam saber sobre o ACTA, o tratado internacional

secreto anti-pirataria. 13 nov. 2009. Disponível em:

< http://www.remixtures.com/2009/11/tudo-o-que-queriam-saber-sobre-o-acta-o-tratado-internacional-secreto-anti-pirataria/>. Acesso em: 24 mai. 2013.

COHEN, Otavio. Entenda o que é SOPA e por que a Internet está protestando contra isso. 18 jan. 2012. Disponível em: < http://super.abril.com.br/blogs/superblog/entenda-o-que-e-sopa-e-por-que-a-internet-esta-protestando-contra-ela/>. Acesso em: 10 abr. 2013.

DOSSIÊ ACTA: para desvendar a ameaça ao conhecimento livre. Disponível em: <http://diplo.org.br/Dossie-ACTA-para-desvendar-a>. Acesso em: 24 mai. 2013.

FRANCIS Bacon. In: Wikipedia: a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Bacon>. Acesso em: 30 mai. 2013.

NETO, C. L. P. O papel da Internet no processo de construção do conhecimento: uma perspectiva crítica sobre a relação dos alunos do 3o Ciclo com a Internet. 2006. 158f.Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Instituto de Ciências

Sociais, Universidade do Minho, Minho. Disponível em:

<http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/6191/1/Tese.pdf>. Acesso em: 24 mai. 2013.

PERONI, R.L. Apostila: Princípios de acesso a internet. Disponível em <http://www.minx.com.br >. Acesso em: 24 mai. 2013.

PROTESTOS anti-ACTA estouram na Europa. 10 fev. 2012. Disponível em: < http://olhardigital.uol.com.br/produtos/digital_news/noticias/protestos-anti-acta-e-anti-tpp-estouram-na-europa>. Acesso em: 20 mai. 2013.

TOZETTO, C. Marco Civil da Internet pode evitar censura na web no Brasil. Disponível em: <http://tecnologia.ig.com.br>. Acesso em: 30 abr. 2013.

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