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Ernani Nagy de Moraes Escola de Aplicação da FEUSP Mestrando em Educação Matemática na FEUSP Neste texto mostramos como trabalhamos com Geometria no

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Academic year: 2021

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Ernani Nagy de Moraes Escola de Aplicação da FEUSP Mestrando em Educação Matemática na FEUSP Neste texto mostramos como trabalhamos com Geometria no 5º e 6º anos do Ensino Fundamental. Descrevemos e comentamos o trabalho com materiais e com o computador, entendido como ferramenta dinâmica para o ensino.

Na Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (EA-FEUSP), a distribuição da Geometria no Ensino Fundamental procura enfatizar os seguintes aspectos:

- 5º ano: estudamos ângulos, introduzindo-o a partir da idéia de “giro”, como colocado por Diniz (1993); o conceito de retas paralelas e perpendiculares, bem como sua construção por dobraduras e utilizando régua e esquadro; os sólidos geométricos e suas planificações; os polígonos (como partes dos sólidos); áreas e unidades de medida convenientes para determinadas situações; simetrias e mosaicos; introdução ao desenho de perspectivas (dados paralelepípedos);

- 6º ano: aprofundamos o estudo de áreas, discutindo-se a propriedade distributiva; volume e unidades de medida correspondentes; uso de régua, transferidor, compasso, esquadro para construções elementares.

- 7º ano: planificações com maiores detalhes; construção de bissetrizes, mediatrizes e outros; propriedades dos ângulos (como, por exemplo, a soma dos ângulos de um polígono qualquer); fórmulas para cálculo de perímetros e áreas; Teoremas de Pitágoras e Tales.

- 8º ano: poliedros, desenhos a partir de vistas, perspectivas (dados sólidos variados); mais áreas e volumes; semelhança e congruência; o círculo (área, perímetro, posições relativas com retas e conceitos como inscrição e circunscrição), além de noções de trigonometria.

Nos 5º anos, conversamos inicialmente sobre as posições das arestas da sala de aula e qual a relação entre elas. Além disso, discutimos a diferença entre retas, segmentos e semi-retas, e explicamos que às vezes usamos a palavra “reta” indicando um segmento, entendendo-se que somente seria uma reta se o prolongássemos para ambos os lados possíveis.

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Paralelas

Perpendiculares

Depois disso, mostramos a necessidade de realizar construções utilizando materiais de geometria, como forma de confirmar comprovar as propriedades de paralelismo e o

perpendicularismo.

Por exemplo, ao deslizar o esquadro sobre a régua e traçar vários segmentos, vemos a formação de “retas” paralelas. Ou, posicionando-se o ângulo reto do esquadro sobre a régua, obtemos segmentos perpendiculares.

Já no 6º ano, a construção de retas paralelas e perpendiculares se faz pela construção dos diversos tipos de Tangram.

O Tangram é um quebra-cabeça chinês milenar. Do site do colégio Concórdia, temos: Há quase quatro mil anos um chinês ficou maravilhado ao descobrir que podia recriar o mundo com os sete pedaços em que havia se despedaçado seu ladrilho quadrado. Ao se abaixar para recolher os cacos ele intuiu que podiam ser dispostos de modo a formarem um triângulo, sem faltar nem sobrar nenhum. Mais alguns instantes, e o triângulo virava retângulo, mais algumas mexidas e outras formas foram se formando...

Essa história pode ser contada de diversas formas. O trabalho a ser desenvolvido depende também, entre outros fatores, do ano escolar em que se encontram os alunos. Com o Tangram, é possível trabalhar conceitos como área, perímetro, semelhança, frações, números decimais, porcentagem, construções geométricas. Além disso, é possível desenvolver trabalhos com arte, histórias,

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pesquisa, criatividade, coordenação motora, valores (respeito e outros, ao longo de trabalhos em grupo) e muito mais.

Souza (1997) explora intensamente o poder deste quebra-cabeça em sala de aula. “De fato, como jogo ou como arte o Tangram possui um forte apelo lúdico e oferece àquele que brinca um envolvente desafio. Atualmente (...) o Tangram está cada vez mais presente nas aulas de Matemática. Sem dúvida, as formas geométricas que o compõem permitem que os professores vejam neste material a possibilidade de inúmeras explorações, quer seja como apoio ao trabalho de alguns conteúdos específicos do currículo de matemática, ou como forma de propiciar o desenvolvimento de habilidades do pensamento”.

O Tangram tradicional possui 7 peças. Existem outros, criados a partir de diferentes propriedades, como o Coração Partido, de Pitágoras, de 9 Peças, Retangular e outros.

No 6º ano, dividimos as turmas em 6 grupos, e cada um deles faz uma pesquisa sobre um determinado tipo de Tangram, discutindo-se, dentre outros pontos, quais os polígonos e demais figuras nele encontradas, como construí-lo, quais as figuras que podem ser formadas a partir dele.

Depois, cada grupo prepara um seminário, ensinando os demais grupos a construção do seu Tangram, utilizando-se o material de geometria.

O Tangram Coração Partido “nasce” a partir de uma malha quadriculada. Para construí-lo, utilizam-se muitos conceitos, como: paralelismo, perpendicularidade, pontos eqüidistantes, ângulo reto e muito mais. Instruir uma turma a construí-lo não é uma tarefa simples!

A turma participa intensamente da atividade! É bastante interessante perceber o envolvimento dos alunos quando usam material de Geometria. Além disso, depois de montado o seu Tangram, cada aluno pode criar figuras, pois é um quebra-cabeça, e desafiar o colega a montar esse ou aquele desenho.

Para a montagem inicial da malha quadriculada, há a necessidade do uso do transferidor (ou esquadro) para garantir que tenhamos quatro ângulos retos. Com a

régua, escolhe-se uma medida para o lado do quadrado que seja múltiplo de três, já que o quadriculado será formado por 9 quadrados menores.

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A cada parte construída, destaco a importância do registro escrito. Em cada passo feito, o aluno deve descrever a construção: se foi um segmento, um ponto, uma circunferência. Como descrito por Souza, o estudo da Geometria pode proporcionar o desenvolvimento de outras habilidades, tais como a escrita e a leitura, a análise, a interpretação, a síntese, o “transcender” o que é observado. Propõe, como “ações:

- produzir textos, coletivos ou individuais, que envolvam as figuras criadas com o Tangram.

- explicar verbalmente uma determinada idéia ou solução para um problema proposto. - elaborar textos que descrevam as construções feitas por dobradura, com régua e

compasso, etc.

- discutir os diferentes significados de um termo matemático.”

Segue uma sugestão de passos para a construção do Tangram de 7 peças por dobraduras:

1) Inicialmente, deixamos a folha de sulfite no formato de um quadrado ABCD; 2) Dobrando pontas opostas, encontramos a diagonal AC;

3) Traçamos a segunda diagonal, porém apenas de B até o centro, chamando-o de E; 4) Levamos a ponta D ao centro E, formando o segmento FG;

5) Completamos BE até chegar no segmento FG, formando outro segmento: BH; 6) Levamos a ponta A até E, formando o segmento FI (o qual tem metade de FG);

7) Levamos G em E, e traçamos um segmento que vai de H até o segmento AC, o qual denominamos HJ;

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Finalmente, formamos o autêntico TANGRAM chinês:

Usamos também o computador como importante ferramenta para o ensino. Não só pela nova dinâmica que se instaura, como também pela reestruturação e grande possibilidade de comunicação entre as pessoas. Segundo Lucena (2000), com o uso do computador, há maior interação entre os alunos.

“A estrutura da classe precisa ser reorganizada a partir desta nova dinâmica. No lugar da aula tradicional, onde os alunos se sentam alinhados, teremos alunos trabalhando ativamente uns com os outros.”

Lévy (1993) e Dowbor (2001) são enfáticos ao se pronunciarem quanto à importância e as potencialidades do uso do computador no ensino, tomados os devidos cuidados como a apresentação de um trabalho criterioso e bem planejado.

Para o ensino de Geometria, em especial, softwares como o Cabri, o i-Geom e o GSP para construção, ou o Building Perspective e o Factory para o desenvolvimento / aprimoramento de habilidades como visão espacial e construção de figuras a partir de um molde, são excelentes.

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Esse é um outro momento em que há um grande envolvimento dos alunos para fazer as atividades. O computador é uma máquina instigante. Dependendo do programa que estiver sendo utilizado, pode dar margem à criatividade dos alunos, bem como auxiliar significativamente no processo ensino-aprendizagem.

Julgo particularmente importante frisar que na Escola de Aplicação prezamos muito pelo trabalho interdisciplinar. Muitas vezes, atrelamos o conteúdo da disciplina Matemática com outras. Por exemplo:

- Matemática, Inglês e Francês (5º ano do Ensino Fundamental): escrita e leitura dos números decimais em português, inglês e francês;

- Matemática e Geografia (5º ano do Ensino Fundamental): coordenadas, localização, latitude e longitude;

- Matemática e Língua Portuguesa (5º ano do Ensino Fundamental): ditados contextualizados, contendo palavras com maior freqüência de erros;

- Matemática e Ciências (5º e 6º anos do Ensino Fundamental): o que é um cientista? Uso de unidades de medidas (comprimento, volume, área, temperatura, umidade e outras) e instrumentos adequados para tal;

Com o Tangram o professor pode fazer um trabalho integrado com Arte. Além disso, há 3 anos o trabalho com este quebra-cabeça está ligado às discussões acerca do trabalho de prevenção ao uso do álcool (tema transversal) na Escola. Após a construção, os alunos devem criar uma frase de prevenção ao uso do álcool, após assistirem ao vídeo “Que Porre!” da ECOS e discutir a questão do álcool na sociedade e na mídia. Tal frase deverá ser escrita no Tangram, perpassando-se por todas as peças, para que, quando recortadas, a frase seja usada como guia para a montagem da configuração original. Como exemplo:

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Bibliografia:

ALMEIDA, Fernando José de. Educação e Informática: os computadores na escola. São Paulo, Editora Autores Associados, 1988.

DINIZ, Maria Ignez de S. V.; Smole, Kátia Cristina S. O Conceito de Ângulo e o Ensino de Geometria. São Paulo, CAEM-IME-USP, 1993.

DOUBOV, I. Erros nas Demonstrações Geométricas. São Paulo, Atual Editora, 1996. DOWBOR, Ladislau. Tecnologias do Conhecimento: os desafios da educação. Petrópolis, Editora Vozes, 2001.

FETISSOV, A. I. A Demonstração em Geometria. São Paulo, Atual Editora, 1994.

IMENES, Luiz Márcio Pereira; Jakubovic, José; Lellis, Marcelo Cestari. Ângulos. São Paulo, Atual Editora, 1992.

__________________. Geometria. São Paulo, Atual Editora, 1992. __________________. Semelhança. São Paulo, Atual Editora, 1992.

LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência. Rio de Janeiro, Editora 34, 1993.

LUCENA, Carlos; Fuks, Hugo. A Educação na Era da Internet. Rio de Janeiro, Clube do Futuro, 2000.

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MACHADO, Nilson José. Medindo Comprimentos. São Paulo, Editora Scipione, 2000. ROSA, Ernesto. Geometria na Amazônia. São Paulo, Editora Ática, 2003.

SOUZA, Eliane Reame de; Diniz, Maria Ignez de S. Vieira; Paulo, Rosa Monteiro; Ochi, Fusako Hori. A Matemática das Sete Peças do Tangram. São Paulo, CAEM-IME-USP, 1997.

Referências

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