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A INAPLICABILIDADE DAS PENAS PARA O USUÁRIO DE DROGAS NO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES/RO, NO ANO DE 2015 | Anais do Congresso Acadêmico de Direito Constitucional - ISSN 2594-7710

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¹ Acadêmica do Curso de Pós Graduação em Direito Penal e Processual Penal da Faculdade Católica de Rondônia. E-mail: isabelensouz@gmail.com

² Docente da Faculdade Católica de Rondônia e Pesquisador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Rondônia (FAPERO). E-mail: pedro_abib@hotmail.com

Anais do I Congresso Acadêmico de Direito Constitucional da FCR Porto Velho/RO 23 de junho de 2017 P. 217 a 247

A INAPLICABILIDADE DAS PENAS PARA O USUÁRIO DE DROGAS NO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES/RO, NO ANO DE 2015

Isabelen Silva Souza¹ Pedro Abib Hecktehuer²

RESUMO

Trata-se de uma análise quanto a real aplicação das penalidades previstas para o crime de posse de drogas, utilizando como parâmetro os crimes ocorridos no município de Ariquemes/RO, no ano de 2015. Os resultados demonstraram a ineficiência do sistema para coibir a conduta dos usuários, visto que na comarca a praxe do Ministério Público e do Poder Judiciário é deliberar pelo arquivamento dos casos, sob o fundamento da incidência do princípio da insignificância. Ficou comprovado que em nenhum dos crimes desta natureza, ocorridos no ano de 2015, o autor do fato foi condenado as penalidades previstas no artigo 28 da Lei 11.343/2006. Deste modo, sequer chegou a fase de execução de cumprimento de pena.

Palavras-chave: Posse de drogas. Despenalização. Princípio da insignificância.

ABSTRACT

It is an analysis of the actual application of penalties for drug possession, using as a parameter the crimes occurred in the municipality of Ariquemes / RO, in the year 2015. The results demonstrated the inefficiency of the system to curb the conduct Of users, since in the region the praxis of the Public Prosecutor's Office and the Judiciary Power is to deliberate for the archiving of the cases, based on the incidence of the principle of insignificance. It was proven that in none of the crimes of this nature, occurred in the year 2015, the author of the act was condemned the penalties provided for in article 28 of Law 11,343 / 2006. In this way, it has not even reached the enforcement stage.

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INTRODUÇÃO

A Organização das Nações Unidas (ONU, 2014) apresentou relatório demonstrando que 5% da população mundial entre 15 e 64 anos, cerca de 243 milhões de pessoas, usam drogas ilícitas. Apontou ainda que em cada seis usuários de drogas, apenas um tem acesso a algum tipo de tratamento para dependentes.

O consumo de drogas ilícitas é um dos grandes males que assolam o mundo. Na década de 70 foi declarada a guerra contra as drogas e a partir de então vários países passaram a intensificar suas políticas de prevenção e repressão ao tráfico e ao consumo das mesmas. No ordenamento jurídico brasileiro entrou em vigor a Lei 5.726/71, que foi revogada pela Lei 6.368/76, esta complementada pela Lei 10.409/02 anos depois, sendo que ambas foram substituídas pela legislação vigente, Lei 11.343/2006.

A atual lei sobre o tema inovou ao despenalizar a conduta de quem porta drogas para consumo próprio, que antes previa pena de detenção ao usuário, tratando-o como doente ao invés de criminoso. O que gerou discussão entre os estudiosos quando da sua entrada em vigor, pois muito alegavam ter ocorrido a descriminalização.

As penalidades previstas são demasiadamente brandas e recebem críticas dos pesquisadores, ademais, alguns tribunais passaram a aplicar o princípio da insignificância nos casos de posse de entorpecente, o que em tese não seria possível por se tratar de crime de perigo abstrato que protege a saúde pública.

Ocorre que mesmo diante das políticas públicas adotadas no Brasil, o número de consumidores continua aumentando e o tráfico de drogas, cada vez mais, se fortalece e impõe medo a sociedade. Além disso, pouco se fala em tratamento dos dependentes. Enquanto isso, em alguns países do mundo, o consumo de drogas foi legalizado e ao invés de incriminar o indivíduo passaram a oferecer tratamento visando uma política de redução de danos.

Neste viés, pretende este trabalho demonstrar a inaplicabilidade das penas previstas para o usuário de drogas em relação aos crimes ocorridos na cidade de Ariquemes/RO, no ano de 2015.

Supõe-se que a legislação que criminaliza o uso de drogas se mostra ineficaz em cumprir seus fins por serem as sanções penais previstas para o crime de posse de entorpecente brandas em demasia ao ponto de não intimidar o cometimento da

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infração e, consequentemente, estando a realidade prática em dissonância com os fins da legislação no município de Ariquemes/RO, no ano de 2015.

Deste modo, buscaram-se dados junto às delegacias de polícia de Ariquemes visando encontrar as ocorrências policiais com essa natureza, no ano de 2015, assim como se verificou também todas as ocorrências intituladas como tráfico de drogas, para localizar as que foram desclassificadas para o porte para consumo.

Encerrando a pesquisa no âmbito policial, filtrou-se no livro de termos circunstanciados todos os procedimentos instaurados pelo artigo 28 da Lei 11.343/2006, inclusive aqueles relativos a ocorrências de outras naturezas, mas que continham apreensão de entorpecente, que foram transmitidos ao Poder Judiciário.

Em seguida, a pesquisa foi realizada no Poder Judiciário, em consulta ao sistema Projudi analisou-se o desfecho de todos os termos circunstanciados, constatando se de fato as penalidades do artigo 28 da Lei 11.343/2006 estão sendo aplicadas no município, se o judiciário possui estrutura para a realização de todas as penalidades previstas, e ainda qual a posição adotada pelo Ministério Público e Poder Judiciário quanto a aplicação do princípio da insignificância neste tipo de crime.

1 ADVERSIDADES DO CRIME DE PORTE DE DROGAS

Em nosso sistema jurídico vigente, o porte de drogas para consumo pessoal tem previsão na Lei 11.343/2006. Legislação esta que trouxe substancial mudança no tratamento dado ao usuário de drogas, visto que, o crime de porte que antes recebia pena de detenção de (06) seis meses a (02) dois anos passou a prever medidas educativas (BRASIL, 2006).

Isso se deu graças a alteração do conceito de usuário de drogas, que passou a ser visto como uma pessoa doente e não mais um criminoso. Porém, essa exclusão do cárcere, já que em nenhuma hipótese tais medidas poderão ser convertidas em pena privativa de liberdade, gerou sérias polêmicas em torno do tema.

Estudiosos criticaram as penalidades agora previstas, além das medidas que assegurariam o seu cumprimento. Questionou-se a natureza jurídica de crime, chegando a classificá-lo, inclusive, como infração "sui generis", enquanto alguns sustentavam "abolitio criminis". Ademais, outra questão debatida foi a aplicação ou

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não do princípio da insignificância, que ocasionaria a atipicidade material do fato e consequente não configuração do crime.

Destaca-se a importância deste assunto e necessidade de resolução de suas controvérsias, já que o tema afeta diretamente a sociedade e não apenas aqueles que fazem o uso de drogas, pois a vítima neste delito é a saúde pública, interesse de todos.

1.1 ANÁLISE CRÍTICA DO PRECEITO SECUNDÁRIO E SUAS MEDIDAS DE GARANTIA

Estão previstas apenas três modalidades de pena para o usuário de drogas frente a Lei 11.343/2006, são elas: advertência sobre os efeitos das drogas; prestação de serviços a comunidade; e medida de comparecimento a programa ou curso educativo (BRASIL, 2006).

Ambas se fundamentam na Carta Magna e não se tratam apenas de “medidas educativas”, pois sua aplicação está prevista em face de cometimento de ilícito penal, contra o agente maior e imputável. Podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, além de substituídas a qualquer tempo, desde que ouvidos o Ministério Público e o defensor.

Em caso de advertência o juiz designará uma audiência específica e o réu será levemente censurado sobre os efeitos malignos da droga em relação a si próprio e a outros. É interessante reduzir a advertência a termo e colher a assinatura de todos: réu, juiz, defensor e representante do Ministério Público, pois a advertência gera reincidência. Não será possível aplicá-la novamente caso o réu pratique outro crime, partindo, então, para outra medida mais eficiente.

Contudo, cabe ressaltar que esta penalidade não se enquadra nos conceitos de pena por não atingir nenhuma de suas finalidades, já que não é repressiva e nem preventiva, ficando elucidado no fragmento a seguir:

Inexiste, em sua essência, o mínimo caráter aflitivo, não restringindo, por menor que seja, qualquer bem jurídico do condenado. Também não se presta a qualquer finalidade preventiva. Pelo contrário, a advertência, além de desprestigiar a função jurisdicional, poderá funcionar como verdadeiro incentivo à prática delitiva, pois o agente, consciente de que não sofrerá qualquer reprimenda de caráter aflitivo, perderá qualquer freio que possa impedi-lo de cometer o delito. (MENDONÇA; CARVALHO, 2013, p. 69)

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De qualquer forma, não é de bom grado aplicá-la isoladamente, e sim cumulada com uma das outras duas sanções previstas. Caso contrário, o magistrado ficaria sobrecarregado com tantas audiências apenas para advertir o réu sobre os efeitos da droga, sem falar da ineficácia da medida. Ademais, caso seja aplicada isoladamente, em caso de descumprimento, deve o magistrado impor outra penalidade mais gravosa.

A prestação de serviços à comunidade e o comparecimento a programa ou curso educativo são aplicados pelo prazo máximo de cinco meses, em conformidade com o parágrafo 3º, do Artigo 28, da nova Lei de drogas, e sua execução fica a cargo do juízo das execuções (BRASIL, 2006). Em se tratando de reincidência, esse prazo é aumentado, bem como poderão ser aplicadas pelo prazo máximo de dez meses, conforme parágrafo 4º, do mesmo artigo.

Quanto à prestação de serviços a comunidade, a ideia do legislador é de fortalecer os estabelecimentos que se especializam na prevenção ao consumo de drogas, assim como no tratamento visando à recuperação de usuários, dando preferência a prestação de serviços nesses locais para apoiar as instituições sem fins lucrativos que possuem essa finalidade, em concordância com a previsão do parágrafo 5º, do Artigo 28, da nova lei de drogas (BRASIL, 2006; NUCCI, 2012).

Em relação ao comparecimento a programa ou curso educativo, esta constitui uma pena inédita que ainda não havia sido contemplada no Código Penal. Além disso, a lei 11.343/2006 também não descriminou a forma da obrigação do comparecimento, desta forma é feita uma analogia com a prestação de serviços a comunidade.

Mesmo que o usuário seja multireincidente, isto é, tenha sido surpreendido diversas vezes portando drogas para seu consumo, não será submetido a pena de prisão, nem poderá receber sanção que exija mais dez meses de cumprimento. Neste contexto, não há previsão de pena privativa de liberdade, ao contrário da lei anterior, já que a intenção do legislador não é puni-lo, mas apenas reeducá-lo.

A maior coação no direito penal e o que distingue ele dos demais ramos do Direito é a pena privativa de liberdade, porque, mesmo que o infrator esteja cumprindo uma penalidade mais branda, há o risco de conversão em prisão caso haja descumprimento. Contudo, em se tratando do usuário de drogas frente a Lei 11.343/2006, essa coação não ocorre (BRASIL, 2006).

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Diante da impossibilidade de prisão o legislador tratou especificamente de medidas de garantia para assegurar o cumprimento da pena, são elas: a admoestação verbal e a multa, previstas no artigo 28, § 6º, da Lei de Drogas (BRASIL, 2006). Sua aplicação se dá caso o réu se recuse injustificadamente ao cumprimento das medidas educativas.

A admoestação trata-se de uma repreensão onde o juiz advertirá o réu sobre as consequências de sua desídia delituosa. Assim, o agente será intimado a comparecer à audiência admonitória designada pelo magistrado onde será feita a censura oral.

Embora a admoestação verbal em muito se pareça com a advertência, elas se diferem na finalidade, haja vista que a advertência tem o intuito de alertar o réu sobre os efeitos da droga e já na admoestação o magistrado apenas avisa o réu que ele não esta dando cumprimento a penalidade imposta, avisando que, caso não cumpra, se sujeitará ao pagamento de multa.

Desta forma, se a admoestação verbal não produzir efeitos aplica-se a multa, isto é, a multa é a última medida constritiva, não podendo o juiz inverter a ordem da Lei. Isso porque, conforme já exposto, o parágrafo sexto utiliza o termo “sucessivamente”. Desta maneira, entende-se que a admoestação verbal vem primeiro e depois a multa, sendo que ambas não poderão ocorrer numa mesma audiência (BRASIL, 2006).

Em se tratando de multa, de acordo com a reprovação social da conduta do agente, será fixado pelo juiz o número de dias-multa que pode variar de 40 (quarenta) a 100 (cem), sendo que a cada um será atribuído o valor de trinta avos até três vezes o valor do salário mínimo, de acordo com a capacidade econômica do agente. Esses valores serão destinados para a conta do Fundo Nacional Antidrogas (BRASIL, 2006).

Para aplicação da multa é seguido o procedimento bifásico no qual primeiramente o magistrado determina o número de dias-multa e, em seguida, o valor de cada dia. Cabe salientar que na lei de drogas não é possível impor a pena de multa isoladamente, pois esta serve apenas como elemento de coerção ao usuário para que o mesmo cumpra as penalidades a ele impostas (BRASIL, 2006).

Verifica-se que embora o legislador tenha se preocupado em trazer medidas para assegurar o cumprimento das medidas educativas, não parece viável designar uma audiência admonitória para admoestar o agente que não compareceu à

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audiência para ser advertido sobre os efeitos da droga, visto que esta, por si só, já não exigia nenhuma contraprestação por parte do condenado.

Além do mais, não teria sentido o agente ser devidamente intimado a comparecer na audiência de admoestação para então ser ali intimado para uma nova audiência, esta agora para adverti-lo. Parece uma medida com maior razoabilidade a possibilidade de o magistrado admoestar e advertir o agente numa só audiência.

Desta forma, a medida de garantia de cumprimento de pena de admoestação parece ter cabimento apenas nos casos de descumprimento do comparecimento a programa ou curso educativo ou prestação de serviços à comunidade.

Além disso, caso o infrator, devidamente intimado, não compareça à audiência para ser admoestado e não justifique, bem como depois de algum tempo não cumpra a penalidade imposta, há o entendimento de que já lhe cabe a imposição de multa. Isso porque ele já mostrou seu desinteresse e, sendo assim, caso estivesse presente na audiência a medida continuaria sendo ineficaz.

As medidas de garantia de cumprimento não se mostram hábeis para assegurar a execução das penalidades, já que a admoestação é uma repreensão ao usuário, assim como a advertência, e nem todos tem poder econômico para satisfazer a multa.

Embora a imposição indiscriminada de pena privativa de liberdade não represente, evidentemente, solução para o usuário ou drogadito, é criticável, na nova lei, a impossibilidade total de imposição de medida coercitiva, ainda que como último recurso. Isso porque, em muitos casos, a admoestação não surtirá qualquer efeito e a multa, a ser executada como dívida de valor, nos termos do art. 51 do CP, não representa muito caso o usuário não tenha bens executáveis, o que não será nenhuma raridade. Com isso, foi colocado o magistrado no risível papel de admoestar, sem ter meios para garantir a autoridade de sua decisão e, sucessivamente (Oldoni: 114), impor uma multa de dificílima execução. Em suma, a decisão sobre o cumprimento ou não das medidas resulta nas mãos do próprio apenado, o que é contraditório com a ideia de pena e do próprio direito como ordem de coerção. Nesse sentido: Guimarães: 121-125; Silva: 8.. (JUNIOR, 2016, p. 1164)

Verifica-se nos dias de hoje, que os pesquisadores e operadores do direito tentam elucidar as adversidades do tipo penal em análise, pois as penalidades e suas medidas de garantia não apresentam a coercibilidade esperada pelo Direito Penal, todavia, essa foi a real intenção do legislador ao abrandar o tratamento dado

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ao usuário, dando enfoque no traficante como criminoso e no usuário como doente. Mas, o que de fato ocorre, é a ineficiência do tipo penal à realidade vivida.

1.2 POLÊMICA ACERCA DA NATUREZA JURÍDICA

Com a entrada em vigor da Lei 11.343/2006, surgiu divergência na doutrina e também na jurisprudência no sentido de decidirem se a nova lei despenalizou ou descriminalizou o delito de posse de drogas.

Os defensores da descriminalização, dos quais se pode citar Gomes (2006), argumentam que o artigo 28 da Lei de Drogas, ao dispor sobre a posse de entorpecente para consumo pessoal, induz que as condutas descritas continuam sendo crimes, no entanto, no sentido técnico o fato deixou de ser “crime”, ou seja, houve a descriminalização (abolitio criminis), mas não a legalização da droga.

Salienta-se que o art. 1º, da Lei de Introdução do Código Penal Brasileiro aduz que, legalmente, “crime” é uma infração penal que pode receber punição de reclusão ou detenção (podendo ser isolada ou cumulativa ou alternativamente com multa). Não resta dúvida de que, do ponto de vista formal, a posse de entorpecente para consumo próprio deixou de ser "crime", isso porque as penalidades impostas para essa conduta não resultam, de forma alguma, na pena de prisão (BRASIL, 1941).

A nova lei de drogas, no art. 28, a partir da conceituação trazida pela lei supramencionada, descriminalizou a conduta da posse de droga para consumo pessoal de maneira formal e afastou o rótulo de "crime", porque não permite a pena de prisão em nenhum caso.

Gomes (2006, p.121), quanto à posse de substância entorpecente, afirma que “não se tratando de um “crime”, sim, de mera “infração sui generis”, não sendo a prisão a pena cominada, pode-se transigir com as exigências emanadas do princípio da ofensividade [...]”.

A infração sui generis encontra-se entre o direito administrativo e o direito penal, é como se fosse um novo ramo de direito, podendo receber a nomenclatura de judicial sancionador. É uma infração de mera conduta, onde não se faz necessária a comprovação de nenhum perigo concreto.

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Esse entendimento é minoritário, mas defende que houve descriminalização formal na nova lei, contudo sem legalizar as drogas no país, haja vista que o fato constitui um ato contrário ao direito ao invés de crime, ou seja, um ilícito sui generis.

Todavia, os defensores da despenalização alegam que mesmo não havendo previsão de pena privativa de liberdade para o crime em estudo, nota-se que ele esta inserido no capítulo dos crimes e tem previsão de penas alternativas. Nota-se, ainda, que para a aplicação das sanções do artigo 28 é necessário um juiz criminal no devido processo legal, não bastando uma simples autoridade administrativa.

Além do que, o artigo 1º, da Lei de Introdução ao Código Penal, já está ultrapassado, datado de 1.940, e o direito daquela época era outro. Ademais, outras leis já alteraram a sua aplicabilidade. Esse artigo foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, porém, desde que interpretado pela mesma, haja vista que à época de sua criação sua finalidade era apenas distinguir crime de contravenção penal.

Corroborando com esse entendimento Gonçalvez e Junior (2015) esclarecem que "a finalidade desse dispositivo era apenas a de diferenciar crimes e contravenções por ocasião da entrada em vigor concomitante do Código Penal e da Lei das Contravenções Penais, em 1º de janeiro de 1942."

Outra interpretação não pode ser admitida, já que a Constituição Federal prevê em seu art. 5º, inciso XLVI, que o legislador poderá prever, dentre outras, as penas de restrição ou privação de liberdade, multa, perda de bens, suspensão ou interdição de direitos e prestação social alternativa (BRASIL, 1988).

O Poder Constituinte Originário delegou ao Poder Legislativo a possibilidade de aplicar tais penas, além de criar outras, quando da aplicação do princípio da individualização da pena. Deste modo, verifica-se que não ocorreu descriminalização do artigo 28 e qualquer interpretação contrária está em desacordo, além de violar o princípio da Supremacia da Constituição.

Além disso, a Lei 11.343/2006 veio após o advento do Decreto-lei 3.914/1941, e os dois têm status de lei ordinária federal (BRASIL, 1941). Desta forma, o critério cronológico já resolve a questão. Ademais a Lei de drogas é norma especial que se sobrepõe a norma geral.

Nem sempre a pena privativa de liberdade, como método exclusivo, é a melhor solução, por isso, com o passar dos anos, se fez necessário o desenvolvimento de penas mais brandas no Direito Penal.

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Nesse sentido Nucci (2012, p. 228) aduz que “o que houve, no caso do art. 28, foi fruto desse pensamento. Retirar o usuário de drogas do contexto da prisão pode contribuir para a sua melhor ressocialização. [...] Porém, deixou bem claro – eis aqui o princípio da legalidade – tratar-se de crime, ao qual se cominam penas”.

Se ao analisar a ideia de crime fosse necessário associá-lo a prisão, as infrações penais e a multa também não seriam consideradas penalidades, já que, se descumpridas, não podem ser convertidas em prisão.

Com a entrada em vigor da nova lei houve a despenalização e não aabolitio criminis. Esse é o entendimento majoritário e, inclusive, do STF. Segue decisão do Ministro Sepúlveda Pertence, da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, em 13 de fevereiro de 2007:

1. O art. 1º da LICP – que se limita a estabelecer um critério que permite distinguir quando se está diante de um crime ou de uma contravenção – não obsta a que lei ordinária superveniente adote outros critérios gerais de distinção, ou estabeleça para determinado crime – como fez o art. 28 da L. 11.343/06 – pena diversa da privação ou restrição da liberdade, a qual constitui somente uma das opções constitucionais passíveis de adoção pela lei incriminadora (CF/88, art. 5º, XLVI e XLVII). 2. Não se pode, na interpretação da L. 11.343/06, partir de um pressuposto desapreço do legislador pelo „rigor técnico‟, que o teria levado inadvertidamente a incluir as infrações relativas ao usuário de drogas em um capítulo denominado „Dos Crimes e das Penas‟, só a ele referentes [...] 5. Ocorrência, pois, de “despenalização”, entendida como exclusão, para o tipo, das penas privativas de liberdade. 6. Questão de ordem resolvida no sentido de que a L. 11.343/2006 não implicou abolitio criminis [...] (CAPEZ, 2010, p. 759)

Mesmo com a decisão do Supremo, Luiz Flávio Gomes continuou com seu posicionamento. Além disso, Nucci (2012, p. 228) e Lima (2013, p. 139) também discordaram desse entendimento, visto que acreditam em outro instituto e alegam que não houve a despenalização nem a descriminalização, e sim mera “desprisionalização”, já que, apesar de mais brandas, ainda são previstas penalidades para o usuário, ficando excluído apenas o cárcere.

Conforme exposto, embora a conduta de portar drogas esteja tipificada penalmente e tenha decisão do Supremo confirmando sua aplicabilidade, as questões acerca de sua natureza jurídica não ficaram pacificadas entre os estudiosos do Direito Penal.

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1.3 A CONTROVÉRSIA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Outro ponto que merece destaque e que gera grande discussão na doutrina e jurisprudência é a aplicação do princípio da insignificância para os casos de uso de substâncias entorpecentes.

Isso porque quando a lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal for de pequena relevância, os chamados crimes de bagatela, não sendo provocada nenhuma afetação que justifique a intervenção do Direito Penal, é invocado o princípio da insignificância que funciona como causa de exclusão da tipicidade.

Tanto na doutrina quanto na jurisprudência não é pacífico o posicionamento quanto ao acolhimento do princípio da insignificância para o crime de porte de substância entorpecente. A jurisprudência do STF, num primeiro momento, manteve a não aplicação do princípio, vindo depois a aplicar o mesmo, do que se conclui que a matéria ainda não está resolvida na Suprema Corte.

Em pesquisa, verificou-se que no ano de 2007 teve uma decisão de não aceitação da incidência do princípio (BRASIL, 2007). Em seguida, no mesmo ano até 2010, o Supremo passou a aceitar sua aplicação (BRASIL, 2007, 2008, 2008a, 2008b, 2008c, 2010, 2010a). Mudando o entendimento no final de 2010 até 2014, quando da sua última decisão sobre esse tipo de crime, isto é, retornando a posição inicial (BRASIL, 2010, 2010a, 2010b, 2010c, 2011, 2011a, 2011b, 2011c, 2013 e 2014). Porém, nesse meio tempo, em 2012, sustentou uma decisão isolada aceitando a incidência do princípio (BRASIL, 2012).

Já no STJ, constatou-se uma decisão, no ano de 2001, aceitando a aplicação do princípio (BRASIL, 2001). As demais são contrárias, visto que esta Corte é pacífica no sentido da não incidência, há inclusive uma decisão de inaplicabilidade no Informativo 541 do STJ (BRASIL, 1999, 2001, 2001a, 2001b, 2002, 2003, 2004, 2004a, 2004b, 2004c, 2004d, 2009, 2010, 2010a, 2011, 2011a, 2011b, 2011c, 2012, 2012a, 2013, 2013a, 2013b, 2014, 2014a, 2014b, 2014c, 2015, 2015a, 2015b, 2016, 2016a, 2016b, 2016c, 2016d, 2017 e 2017a).

Os que defendem que este princípio não deve ser aplicado argumentam que o crime de posse de entorpecente é de perigo abstrato, por isso, mesmo que o usuário esteja com uma porção mínima e que seja capaz de fazer mal somente a

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ele, o princípio da insignificância não será aplicado, pois a droga é um risco em potencial para toda a sociedade (MENDONÇA; CARVALHO, 2012).

Para estes, a finalidade do artigo 28 é punir aqueles que portam drogas para consumo, sendo irrelevante a quantidade, ou seja, "em que pese esse entendimento, atualmente cresce na doutrina a corrente que sustenta a inconstitucionalidade dos delitos de perigo abstrato, em face do princípio do estado de inocência e da ofensividade ou do nullum crimen sine iuria". (CAPEZ, 2010, p.754). Silva esclarece que:

A admissibilidade da utilização do princípio da insignificância veio sendo construída no panorama do entendimento do Excelso STJ, todavia, no estágio atual os mais recentes pronunciamentos têm sido no sentido de não se permitir tal interpretação, porque estaria a propiciar o aniquilamento da própria norma penal incriminadora (SILVA, 2012, p.154)

Guimarães (2008, p. 43) acredita na possibilidade de sua incidência, contudo, aduz que deve atender a um sentido de razoabilidade, sejam eles: “1) a remota potencialidade de causar dano a bem jurídico tutelado pela lei, caracterizada pela pequena quantidade da droga. [...] 2) O desvalor da culpabilidade. [...] 3) O desvalor da conduta”, isso para evitar os custos e benefícios da reta aplicação da lei.

Quanto ao item “1” verifica-se que, se em razão da pequena quantidade a droga, esta não era capaz de fazer mal nem ao agente que a portava, muito menos a terceiros. No item “2”,percebe-se a necessidade de uma investigação por parte do aplicador da lei, isso porque é necessário avaliar o que levou o agente a carregar a droga naquele momento, se ele comprou por própria vontade ou foi induzido pelas pessoas que com ele estavam. Por fim, o terceiro item aduz que a conduta deve ser analisada ante a importância de verificar se a mesma representa riscos.

Nucci (2012, p.235) já se posicionou contra a incidência do princípio da insignificância, mas mudou seu entendimento, passando a admitir a incidência do mesmo “para o portador de írrita quantidade de droga”, isto como defesa dos princípios da dignidade da pessoa humana e da intervenção mínima, ressaltando, ainda, que uma quantidade ínfima não viabiliza nem mesmo a tipificação do art. 28.

Para Gomes (2006, p. 126) também é aplicável o princípio da insignificância quando se tratar de posse ínfima de droga, o qual acrescenta que “se a droga concretamente apreendida não reúne capacidade ofensiva nenhuma, em razão da sua quantidade absolutamente ínfima, não há que se falar em infração”.

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A aplicação do princípio da insignificância torna o fato atípico, já que a lei utiliza o termo “substância capaz de causa dependência física ou psíquica”, e se a quantidade for tão pequena que não seja capaz de causar dependência excluirá, por certo, a tipicidade material, não caracterizando crime.

Para a aplicação desse princípio foram traçados alguns requisitos pelo Supremo Tribunal Federal, chamados de vetores pela doutrina, sendo eles: “a) a mínima ofensividade da conduta do agente, b) a nenhuma periculosidade social da ação, c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada [...]”. (BRASIL, 2004)

Conforme já aduzido, não só os estudiosos do direito, mas também a jurisprudência dos Tribunais de Justiça do país, bem como do Superior Tribunal de Justiça e do Superior Tribunal Federal não são pacíficos quanto ao reconhecimento do princípio da insignificância. Visto que a jurisprudência ora se posiciona a favor, ora contra sua aplicação, isto dificulta, por conseguinte, o trabalho do operador do direito.

É de se ressaltar que com a aplicação do princípio da insignificância e consequente exclusão do enquadramento típico, isto é, na pratica, o arquivamento da ação penal, o autor do fato continua como réu primário. Não sofre as consequências que a pena implica, isto é: reincidência, maus antecedentes, sequer perde o direito do benefício a transação penal.

Diante das sérias consequências da aplicação do princípio da insignificância e visando identificar o posicionamento adotado pelo Tribunal de Justiça na cidade de Ariquemes, esse trabalhou voltou-se a uma pesquisa de campo, tomando como parâmetro os crimes ocorridos no ano de 2015, conforme se verá adiante.

2 A INAPLICABILIDADE DAS PENAS PARA O USUÁRIO DE DROGAS PREVISTAS NA LEGISLAÇÃO VIGENTE NO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES/RO, NO ANO DE 2015

No município de Ariquemes há quatro delegacias da polícia civil do Estado de Rondônia, são elas: (1) Delegacia especializada no atendimento à mulher (DEAM), sendo que esta também absorve a competência da delegacia especializada na apuração de ato infracional (DEAAI) e da delegacia especializada na proteção da criança e adolescente (DEPCA) ; (2) Delegacia geral (1ª DP); (3) Delegacia

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especializada em crimes contra a vida (2ª DP); e Delegacia especializada em crimes contra o patrimônio (3ª DP). O crime de posse de entorpecente, por não ser de competência de nenhuma delegacia especializada, com exceção daqueles cometidos por menor infrator, o qual é absorvido pela DEAM, é apurado pela 1ª DP.

Na Polícia Civil de Rondônia é utilizado o sistema denominado SISDEPOL para registro e pesquisa de ocorrências policiais. Com o intuito de verificar as ocorrências de posse de entorpecente registradas no ano de 2015, foram realizadas pesquisas em ambas as delegacias citadas, visto que pode ocorrer o registro errôneo em outra delegacia.

Cabe esclarecer que além da busca por ocorrências registradas com a natureza de posse de entorpecente, também foram efetuadas buscas pelo crime de tráfico de drogas. Isso porque, num primeiro momento, quando do registro da ocorrência, a natureza do fato é classificada pelos policiais militares ou agentes de polícia civil e somente com a análise realizada pela autoridade policial é que se conclui a tipificação da conduta.

Não fora encontrado registro de ocorrência de tráfico de drogas nas 2ª e 3ª Delegacias, e com a natureza de posse de entorpecente, houve somente um registro na 2ª DP. Na DEAM há 13 registros de posse de entorpecente e 07 registros de tráfico de drogas, porém, todos relacionados à menor infrator que originaram procedimento de apuração de ato infracional (PAAI).

Na Delegacia Geral foram registradas 53 ocorrências de tráfico de drogas, sendo que 16 delas foram desclassificadas para posse de entorpecente e originaram termos circunstanciados (TCs). Outras 02 deram origem tanto a auto de prisão em flagrante delito (APFD) de tráfico de drogas, quanto a TCs de posse de entorpecente.

Com a natureza posse de entorpecente houve 48 registros na Delegacia Geral, dentre estes: 35 deram origem a TCs; 05 geraram PAAI; 04 foram analisadas como tráfico de drogas pela autoridade policial e originaram inquérito policial (IP), por meio de APFD e/ou portaria; 02 não tiveram autoria identificada e 01 não constava o despacho do Delegado Plantonista, sendo que ambos os procedimentos não foram concluídos; e 01 não continha o histórico da ocorrência, motivo pelo qual foi arquivada como fato atípico.

Fora pesquisado ainda no livro tombo de termos circunstanciados, onde havia o registro de mais 23 ocorrências policiais registradas com natureza diversas,

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porém, que continha em seu histórico a apreensão de droga e originaram TCs de posse.

TABELA 1

Natureza dos crimes pesquisados e seus respectivos desfechos.

Natureza do Fato Qtd. Desfecho

Tráfico de drogas 53

16 foram desclassificadas para posse de entorpecente e originaram TCs 02 originaram APFDs e TCs Total de TCs: 19 Posse de entorpecente 49 36 originaram TCs 05 originaram PAAIs

04 foram analisadas como tráfico de drogas e deram origem a IPL por meio de APFD e Portaria

02 sem autoria identificada (não concluído)

01 sem despacho do delegado plantonista (não concluído) 01 não continha histórico(despachada como fato atípico e arquivada)

Total de TCs: 36 Naturezas diversas 23 23 originaram TCs

Total de TCs: 23

TOTAL GERAL DE TERMOS CIRCUNSTANCIADOS: 77 Fonte: Elaboração própria

Após a coleta de dados na delegacia de polícia civil, iniciou-se a pesquisa pelo nome dos autores no Projudi, sistema eletrônico utilizado pelo Tribunal de Justiça para movimentação de processos, através de loguin e senha de advogada desta comarca.

Quando da analise ao Projudi nos 77 (setenta e sete) TCs instaurados no âmbito policial, se obteve os dados informados na TABELA 2.

TABELA 2

Quantidade de termos circunstanciados intaurados e seus respectivos desfechos.

Quantidade Desfecho dos Termos Circunstanciados

(05) Cinco Não foram concluídos no âmbito policial;

(01) Um O MP entendeu que a conduta descrita se enquadrava no Artigo 33 § 3º, com causa de aumento prevista no Artigo 40, III, da Lei 11.343/2006.

(04) Quatro

O processo ainda está em tramitação, visto que houve apresentação de denúncia pelo Ministério Público. Os quatros casos ainda não foram concluídos pela dificuldade de localização do autor do fato para realização de audiência;

(03) Três

O delito de posse estava conexo com outro crime e/ou contravenção. MP ofereceu proposta de transação penal, o autor do fato aceitou e cumpriu a penalidade imposta. Foi extinta a punibilidade do autor e o processo foi

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arquivado.

(01) Um

O delito de posse estava conexo com outro crime e/ou contravenção. MP ofereceu proposta de transação penal, mas o autor não compareceu a audiência preliminar. Em seguida, o MP ofereceu denúncia, referindo-se apenas ao outro fato, e pediu arquivamento quanto ao delito de posse.

(02) Dois

O delito de posse estava conexo com outro crime e/ou contravenção. MP ofereceu proposta de transação penal referente ao outro fato e pediu arquivamento pelo delito de posse. Os autos prosseguiram, referentes ao outro crime e/ou contravenção;

(01) Um

O MP ofereceu transação penal, mas o autor não compareceu a audiência e em seguida, seu endereço também não foi localizado. O autos foram conclusos ao Parquet e este pediu arquivamento. O juiz acolheu o pedido.

(03) Três

O MP não se pronunciou antes da audiência preliminar. Os autores compareceram a audiência, mas o juiz deixou de analisar os autos sem o parecer do MP. Remetidos os autos ao MP, este pediu arquivamento com base no princípio da insignificância e o juiz acolheu;

(04) Quatro

O MP não se pronunciou antes da audiência preliminar. Os autores não compareceram a audiência. O juiz remeteu os autos ao MP para apreciação e este pediu arquivamento com base no princípio da insignificância. O pedido foi acolhido pelo juiz;

(03) Três

O Parquet, após analise dos autos, pediu arquivamento com fundamento no princípio da insignificância, porém não foi analisado pelo juiz antes da audiência preliminar. Na audiência, o autor do fato não compareceu. Em seguida os autos foram conclusos ao juiz e este aceitou o arquivamento.

(50) Cinquenta O Parquet, após analise dos autos, pediu arquivamento com fundamento no princípio da insignificância e o juiz acolheu. Sequer houve audiência preliminar; Fonte: Elaboração própria

De posse deste dados, verifica-se que dos 71 termos circunstanciados de posse de drogas, em apenas 04 casos o Ministério Público (MP) ofereceu denúncia e em outros 03, que estavam conexos com outra infração penal, houve a proposta e consequente aceitação e cumprimento da transação penal. Em todos os outros 64 TCs, o MP pediu arquivamento com base no princípio da insignificância, sendo que em 50 destes, sequer ocorreu a audiência preliminar.

Cabe destacar, que os 04 casos em que ocorreu o oferecimento de denúncia tramitam até os dias atuais, por dificuldade de localização do autor do fato para realização da audiência preliminar. E isso não implicou nenhum prejuízo ao réu, apenas acumula a máquina do judiciário.

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Convém mencionar que nos casos de transação penal, o MP ofereceu prestação de serviços à comunidade a ser cumprida no Lar Fraterno de Terceira Idade e também na escola Chapéuzinho Vermelho, e ambos não são voltados para o tratamento e recuperação do usuário de drogas. Visto que, na interpretação da Lei os estudiosos trazem que, preferencialmente, seriam cumpridas em locais com tal qualificação (NUCCI, 2012).

Em nenhum dos casos foi utilizada a penalidade de advertência, nem a de comparecimento à programa ou curso educativo. Quanto a este último, em entrevista com os técnicos judiciários do Juizado Especial Criminal (JECRIM), estes esclareceram informalmente que a cidade não dispõe deste aparato. Em regra, nas propostas de transação penal, eram ofertadas a prestação de serviços ou prestação pecuniária.

Constata-se que a praxe judiciária do município em análise é a promoção de arquivamento, fundado nas diretrizes do princípio da insignificância. Sendo que, apenas em casos extremos, onde restar comprovado que o autor do fato: já é conhecido da polícia, possui TC arquivado mesmo crime, tem conduta social voltada para o crime, haverá denúncia.

Na prática, conclui-se que as penalidades previstas no artigo 28 não são aplicadas, porque mesmo diante dos casos em que o Parquet ofereceu a denúncia, os processos sequer chegaram a fase de sentença e posterior execução de pena, pois os denunciados não foram localizados para citação da audiência preliminar. Chega-se a consideração de uma total ineficiência do sistema, pois não houve um caso sequer em que o autor do fato tenha sido condenado pelo Artigo 28 da Lei 11.343/2006.

Daí se questiona a importância do crime de posse de entorpecentes, pois dentre o modelo de política criminal adotado, cito o Abolicionismo moderado ou minimalismo penal, verifica-se que o Direito Penal deve intervir de forma mínima, atuando quando os demais ramos do direito não surtirem efeito e visando proteger os bens jurídicos mais importantes para a sociedade.

Deste modo, percebe-se que na realidade fática, o artigo 28 já está sofrendo a abolitio criminis. O autor da delito é encontrado portando a droga, isto é, a autoria e materialidade estão evidenciadas, e ainda sim, o Parquet pugna pelo arquivamento com base no princípio da insignificância, o qual é acolhido pelo judiciário (isso na realidade do município de Ariquemes/RO).

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O autor do fato não sofre nenhuma consequência jurídica. Continua sendo réu primário, sem maus antecedentes, sem impedimento para receber o benefício da transação penal. Além de não receber tratamento especializado para sua recuperação quanto ao vício. Constata-se que o sistema penal foi ineficiente, não alterou em nada a vida do usuário.

Neste diapasão, faz-se mister avaliar a essência do artigo 28 no ordenamento jurídico brasileiro. Ocorre, que parte dos estudiosos entendem que a liberdade do indivíduo deve ser ampliada e que a tutela do Estado diminuída, pois as tendências pessoais relativas à saúde moral, física e intelectual são de foro íntimo e desde que não causem danos a terceiros não devem ser controladas. Alegam até que o castigo para o usuário de drogas é a toxicomania, ou seja, o sofrimento de ser um dependente norteado pelo vício (WEIGERT, 2010).

Estes pesquisadores fundamentam que a tipificação do artigo 28 é inconstitucional, por ferir direitos inerentes ao indivíduo, inclusive o Supremo reconheceu a repercussão geral do tema no Recurso Extraordinário 635.659, que em breve será analisado pelo Plenário do STF (BRASIL, 2011).

Weigert (2010) argumenta que "apesar de entender que a política proibicionista e o Direito Penal não são a maneira adequada de se lidar com o fenômeno das drogas, não se pode fechar os olhos para o fato de que há importante vínculo entre o uso de estupefacientes e o cometimento delitos".

Estudos de imagem do cérebro de dependentes mostram mudanças em áreas do cérebro essenciais para o julgamento, tomada de decisão, aprendizagem, memória e controle do comportamento. Juntas, essas mudanças podem fazer o dependente conseguir meios financeiros a qualquer custo (roubos e furtos), por exemplo, e usar a droga compulsivamente, não obstante saber que isso o leva a situações adversas e que o está destruindo. Essa é a natureza do vício. (SILVA, 2013, p. 144)

Na mesma linha de raciocínio, merece destaque a decisão do STJ no julgamento do RHC 35920-DF, sobre a não aplicação do princípio da insignificância nos casos de posse de entorpecente (BRASIL, 2014). Dentre os argumentos, consta que o usuário necessita de doses cada vez maiores para satisfazer o vício, gerando a compulsão pela droga, e isso faz com que ele estimule o tráfico e todos os crimes relacionados. Acrescenta ainda que a pequena quantidade é a essência do delito e que o legislador abrandou as penalidades visando a recuperação do usuário.

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A conduta daquele que usa drogas além de ser prejudicial a si, também evidência um perigo social. Não há como imaginar que apenas seu bem jurídico seria lesionado, visto que os usuários não vivem em ilhas e sim numa sociedade (MENDONÇA; CARVALHO, 2013). O interesse coletivo se sobrepõe ao particular e por isso não há que se falar em inconstitucionalidade do crime de porte de drogas para consumo pessoal, devendo consequentemente ser afastada a aplicação do princípio da insignificância.

Trata-se de crime de perigo abstrato e representa uma proteção a saúde pública, coibindo a possibilidade de disseminação das drogas na sociedade, pois muitas pessoas podem até experimentar algum tipo de droga e não se viciar, já outras possuem uma predisposição genética ao vício, e isso dependente de organismo para organismo. Como se podem ver nos dados apresentados a seguir:

No que tange especificamente ao uso compulsivo de drogas, de acordo com dados da OMS, 12,5% da população mundial têm uma predisposição genética dependógena em relação ao uso de drogas ilícitas e 15% em relação ao álcool. Isso quer dizer que pessoas inclusas nessa percentagem, se fizerem uso de drogas lícitas ou ilícitas, coadunado a outros fatores, tais como ambientais e familiares, irão certamente ser agarradas pelas presas da dependência química. (SILVA, 2013, p. 137)

Muito se argumenta que a prisão não resolve o problema dos usuários de drogas, todavia, há de se lembrar, que a legislação vigente no país já não prevê, em hipótese alguma, prisão ao usuário de drogas, impondo somente medidas educativas visando a recuperação do mesmo. Contudo, tendo por base o município de Ariquemes/RO, o Poder Judiciário necessita de estrutura para o cumprimento das penalidades.

Em entrevista com os serventuários da justiça verificou-se que não é oferecido o curso educativo sobre os efeitos das drogas e, quando aplicada a prestação de serviços, também não há locais voltados para a recuperação dos usuários. O Estado se mostra ineficiente em relação a políticas públicas voltadas ao tratamento.

Sabe-se que o combate ao crime de porte de drogas não vem alcançando o resultado esperado, como exposto na pesquisa de campo, porém, a conduta não deve deixar de ser coibida. Nesse sentido, os doutrinadores asseveram que:

Embora se saiba que, para essas hipóteses, é mais útil a intervenção estatal a partir de políticas públicas voltadas ao tratamento e principalmente à reinserção social dos dependentes, visando trazê-los de

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volta ao seio social, não se pode privar o Estado de todos os meios preventivos e repressivos dessa verdadeira catástrofe social, dentre os quais a perspectiva de punição penal ao usuário. Conforme asseveram Rogério Schietti Machado Cruz e outros, “é verdade que a luta contra as drogas não tem alcançado o resultado desejado, mas isso também ocorre com homicídios, roubos, furtos, etc. e não é desistindo do combate que o problema será resolvido”. (MENDONÇA; CARVALHO, 2013, p. 62)

Quando os pensadores jurídicos argumentam sobre a descriminalização da posse de drogas, inclusive sobre a legalização para o consumo, tem-se em mente um panorama mundial, visto que essa é a última tendência em diversos países.

Todavia, deve-se lembrar que, no início da década de 70, os Estados Unidos - EUA preocupados com a proporção que o tráfico de drogas tomava, passou a adotar medidas internas que permitiriam o enfretamento internacional. Em seguida, cito em 1.971, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou o Convênio sobre Substâncias Psicotrópicas, que foi ratificado por diversos países.

O resultado disso foi que, conforme destaca Olmo (1990) “em quase todos os países da América Latina se observa de maneira simultânea, durante os primeiros anos da década de setenta, a regulação do discurso jurídico. (...) seguido pelo Brasil com sua lei n.º 5.726 ou lei Antitóxico de 1971”. Ou seja, o Brasil alterou sua legislação sobre drogas, e ainda na mesma década, alterou novamente com a edição da Lei 6.368/76, que previa detenção para o usuário de drogas.

O grande problema foi a disseminação de informações referentes ao que ocorria nos EUA como: a droga mais utilizada e perfis dos consumidores, assim como tratamentos oferecidos. De fato, foi disseminado na América Latina o “pânico” da droga e "os resultados foram desastrosos porque estavam sendo importados, e sendo impostos, discursos alheios que não levavam em conta nem a diferença entre as drogas, nem entre os grupos sociais". (OLMO, 1990, p. 46)

Deste modo, para que o erro não se repita, agora tratando-se da descriminalização, é necessária uma verdadeira análise diante da realidade brasileira. Um estudo que indique qual a melhor forma de lidar com esse problema que é mundial, mas possui suas peculiaridades em cada país. Ao invés de seguir a tendência de outros, como se aqui predominasse a mesma cultura.

Weigert (2010) ao expor sobre a relação de drogas ilícitas e criminalidade, aponta e exemplifica os meios de execução dos criminosos no Rio de Janeiro, cruel realidade de violência no país, que resultam em mortes diárias, inclusive com vítimas

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de "balas perdidas". Situação não vivenciada nos países da Europa e que demandam tempo para alcançar uma solução.

O psiquiatra Emmanuel Fortes da Associação Brasileira de Psiquiatria, defendendo um posicionamento contrário a legalização e acreditando que esta incentivaria o comércio das drogas, aduziu que “A proposta é simplista. Falar em liberação de droga no Brasil é até piada. O Brasil não controla nem a venda de cola de sapateiro, de bebida alcoólica a menores. Não vai controlar maconha, crack ou cocaína”. Afirmou ainda que a associação e o Conselho Federal de Medicina também são contrários a legalização.

Diante de todo o exposto, verifica-se que o dependente de drogas de fato tornou-se um problema de saúde, mas não deixou de ser um problema da justiça. A linha entre o vício e o mundo do crime é tênue, por isso é necessário o controle estatal.

Parece viável que o Ministério Público, ao invés de propor o arquivamento dos processos de posse de entorpecente, impusesse as penalidades já previstas, visto que as mesmas possuem o caráter educativo e visam a recuperação do indivíduo.

O Poder Público precisa tomar providências no âmbito da saúde pública, assim como, por exemplo, implantar clínicas de recuperação para atendimento dos usuários, já que a maioria não tem condições de pagar clínicas particulares.

Sendo assim, sugere-se que o país continue coibindo o crime de porte de drogas, assim como adote medidas para tratamento dos dependentes, disponibilizando lugares estruturados para que isso ocorra. Desta forma, o país avançaria no combate ao uso de drogas, visto que somente punir um viciado em nada adianta se foi a necessidade de fazer o uso da droga que o motivou a delinquir. Não lhe impor penalidade ou tratamento algum é o mesmo que impulsioná-lo à prática de delitos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A legislação atual sobre drogas no país entrou em vigor no ano de 2006, deixando de prever pena privativa de liberdade para o usuário de drogas. Essa inovação gerou adversidades junto aos estudiosos do direito quanto a natureza jurídica do artigo que coibia a posse de drogas. Alguns alegaram abolitio criminis do tipo, outros classificaram como infração penal sui generis, até o que o Supremo

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Tribunal Federal se manifestou concluindo que o artigo 28 é crime e o que houve foi mera despenalização.

Ainda assim, muito se criticou entre os pesquisadores do direito, quanto a eficácia do tipo penal, visto que as penalidades previstas, cito: advertência sobre os efeitos das drogas; prestação de serviços a comunidade; e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo, são penalidades sem poder de coerção, mostrando-se ineficazes na prática por não possuírem efeito intimidativo perante os usuários de drogas.

Ademais, o dispositivo prevê apenas a admoestação e multa como medidas de garantia do cumprimento da pena, sendo que em hipótese alguma poderá ser cabível a conversão em pena privativa de liberdade, o que na realidade, não assegura o cumprimento das penas.

Também é controversa a classificação de crime de perigo abstrato, visando a proteção da saúde pública, enquanto alguns defendem a aplicação do princípio da insignificância nos casos de posse de drogas. Matérias estas que não são pacificadas nas jurisprudências, tendo precedentes para ambos os lados nos tribunais superiores.

Verificou-se na cidade de Ariquemes, que dentre os crimes de posse de drogas ocorridos no ano de 2015, em nenhum caso o autor do fato foi condenado e muito menos iniciou o cumprimento das penalidades previstas. Constata-se que a praxe do Ministério Público e Poder Judiciário dessa comarca tende ao arquivamento, sob o fundamento da incidência do princípio da insignificância.

Concluiu-se também, que nos poucos processos em que houve transação penal, oferecida pelo Ministério Público porque o delito de posse estava conexo com outro, a prestação de serviços não foi direcionada a locais visando a recuperação e tratamento do usuário, pois a cidade não dispõe destas instituições. Assim como, também não oferece os cursos ou programas educativos sobre as drogas.

Ao iniciar a pesquisa, imaginava-se que as penalidades eram ineficazes pela falta de prestação por parte do usuário, isto é, ao não comparecer na audiência ou mesmo por não cumprir as medidas impostas.

Todavia, chegou-se ao remate de que na comarca em análise é a postura dos operadores do direito, Ministério Público e Poder Judiciário, que tornam ineficazes as consequências do crime. Visto que, ao propiciar o arquivamento imediato dos autos, com fundamento do princípio da insignificância, está beneficiando o réu que

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não incidirá em reincidência numa nova pratica de crime, assim como não terá maus antecedentes e continuará a preencher os requisitos para o benefício da transação penal.

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