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ESTUDO SOBRE OS HÁBITOS DE BANHO DE ESTUDANTES DA UNICAMP (BRASIL) E DO INSA-LYON (FRANÇA)

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Academic year: 2021

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60 ESTUDO SOBRE OS HÁBITOS DE BANHO DE ESTUDANTES DA

UNICAMP (BRASIL) E DO INSA-LYON (FRANÇA) 1

AMANDA ORTEGA DE CASTRO AYRES, 1DIEGO CESAR TEIXEIRA, 1

LEONARDO BALDOCHI E SOUZA 1

Curso de graduação – Faculdade de Engenharia Elétrica/UNICAMP *E-mail do autor correspondente: amandaortega@gmail.com

RESUMO: O objetivo foi fazer um estudo sobre os hábitos de banho de 100 estudantes universitários da Unicamp, que habitam residências universitárias em Barão Geraldo, e 100 estudantes franceses do Institut National des Sciences Appliquées (INSA), em Lyon, na França. Um dos integrantes do grupo retornou para o INSA, onde fez seu intercâmbio estudantil, após o término das aulas na Unicamp. Com isso, foi realizado o estudo de campo. Constatou-se que os chuveiros franceses gastam 110,0% mais água que no Brasil. Além disso, verificou-se que os estudantes da Unicamp entrevistados ficam 40,4% mais tempo em cada banho e tomam 25,7% mais banhos que os franceses do INSA. Por último, constatou-se que a água em Lyon é 159,4% mais cara do que em Campinas.

ABSTRACT: The objective was to do a study the bathing habits of 100 college students at Unicamp, who live in university residences at Barão Geraldo, and 100 students of the French National Institute of Applied Sciences (INSA) in Lyon, France. One member of the group returned to the INSA, where he made his exchange student after finishing classes at Unicamp. With this, we performed a field study. It was found that the showers French spend 110.0% more water than in Brazil. Furthermore, it was found that the respondents are students of Unicamp 40.4% more time in each bath and 25.7% take more showers than the French INSA. Finally, it was found that the water is Lyon 159.4% more expensive than in Campinas

PALAVRAS-CHAVE: água, consumo, consumo responsável.

INTRODUÇÃO

Fundamental para a preservação da biodiversidade e de todos os ciclos naturais na Terra, a água vem se tornando, a cada dia, um recurso estratégico para a humanidade. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que um bilhão de pessoas não tem acesso a fontes de água adequadas, definidas como sendo capazes de prover 20 litros de água por pessoa a uma distância inferior a 1 km (ONU, 2011).

Segundo o professor Antônio Carlos Zuffo, do departamento de Recursos Hídricos da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp, no Brasil nós temos a cultura de que, em nosso território, a água é muito abundante e barata, por isso não há a necessidade de economizá-la. Entretanto, essa situação tende a ser mudada, já que, com o crescente aumento da conta de água dos brasileiros, a mudança de hábitos vem sendo constatada através dos anos. Há 30 anos, o consumo médio por dia dos brasileiros era de 450 l/dia; atualmente, esse consumo caiu para

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61 250 l/dia, o que ainda está longe do ideal de

países como a Finlândia, por exemplo, onde o consumo é de apenas 60 l/dia por habitante.

Neste trabalho, realizou-se um estudo sobre os hábitos de banho de 100 estudantes universitários da Unicamp, que habitam residências universitárias em Barão Geraldo, e 100 estudantes franceses do Institut National des Sciences Appliquées, em Lyon, na França. Através desse estudo, chegou-se a conclusões sobre o gasto médio de água nos dois grupos e o valor referente ao banho que é gasto nas contas de água.

MATERIAL E MÉTODOS

A analise comparativa do consumo de agua durante o banho em residências universitárias foi feita no Brasil (Unicamp) e na França (INSA-Lyon). Foram entrevistados 100 estudantes universitários da Unicamp que moram em residências universitárias em Barão Geraldo e 100 estudantes universitários franceses que habitam um conjunto de residencias universitárias no campus da faculdade de INSA-Lyon na França. A enquete proposta aos estudantes visou levantar informações como quantas vezes o estudante toma banho por dia, quanto tempo ele demora no(s) banho(s) e se ele tem o habito de desligar o chuveiro enquanto se ensaboa. Com tais informações foi possível levantar o número de banhos médios por pessoa por dia, o tempo médio de banho por pessoa por

dia e considerar uma possível economia de água ao se desligar o chuveiro durante o banho.

Para se calcular a quantidade gasta de água por um estudante durante um banho é necessário saber a vazão média do chuveiro em questão. A vazão média adotada para os chuveiros das residencias universitárias de Barão foi a mesma obtida em Aoyama et al., 2007.

Para a medida da vazão média no caso das residencias universitárias do campus do INSA-Lyon adotou-se a seguinte metodologia: mediu-se o tempo gasto para um chuveiro de uma determinada residência encher um balde de cinco litros. Para isso cinco chuveiros foram testados realizando-se cinco vezes o experimento para cada chuveiro. É importante ressaltar que os chuveiros das residências são todos do mesmo tipo.

Com as informações do estudo de campo e a vazão média dos chuveiros no Brasil e na França para a população envolvida no estudo pôde-se calcular o consumo médio de água gasto durante um banho para estudantes universitários da Unicamp e do INSA-Lyon.

Para o cálculo dos custos do metro cúbico de água utilizado nessas moradias de estudante em reais e em euros, utilizaram-se valores oficiais encontrados na internet para a cidade de Campinas e para a cidade de Lyon (citados na seção referência desse trabalho).

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62 RESULTADOS E DISCUSSÃO

1) Cálculo da vazão dos chuveiros brasileiros e franceses;: De acordo com Aoyama et al., 2007, a vazão média de um chuveiro de moradias de estudantes da UNICAMP é de 3,96 litros/min. Já para o chuveiro padrão presente na residência estudantil do INSA-Lyon (Figura 1), a vazão média foi calculada através dos dados da Tabela 1, resultando em 8,31 litros/min. Portanto, os chuveiros franceses considerados têm uma vazão de água que é aproximadamente 110,0% maior que os nossos.

Para chegar a essa conclusão devemos levar em conta o ambiente em que se levataram as medidas. Ambos os ambientes de estudos são residências universitárias. No caso das residências francesas temos o mesmo tipo de chuveiro e o mesmo tipo de abastecimento de água, já que se tratam de residências idênticas. No caso das residêcias brasileiras os chuveiros possuem características diferentes, mas o abastecimento de água pode ser considerado praticamente o mesmo, pois estamos tratando uma região de Barão Geraldo. Sendo assim para melhorar a média obtida para a vazão das residências brasileiras foram levados em conta diversos chuveiros.

Figura 1: Chuveiro padrão utilizado na residência do INSA

Tabela 1: Tempo necessário para encher um balde de cinco litros para cinco chuveiros e suas respectivas vazões.

Chuveiro Tempo médio [s] Vazão l/m]

1 39 7,69

2 35 8,57

3 38 7,89

4 35 8,57

5 34 8,82

2) Cálculo do tempo médio de banho

Conforme as Figuras 2 e 3, a duração média de um banho para a pesquisa na UNICAMP é de 14,6 minutos, enquanto para o INSA é de 10,4 minutos. Através destes resultados é possível calcular que a duração média para o caso da universidade brasileira é 40,4% maior do que a da universidade francesa.

Além disso, temos que 75% dos estudantes franceses entrevistados tomam banho em até 10 minutos, enquanto, para os estudantes brasileiros entrevistados, essa quantidade diminui para apenas 43%. Finalmente, ninguém respondeu que toma banho de 30 minutos no INSA, enquanto 11% dos entrevistados brasileiros o fazem.

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63 Figura 2: Duração aproximada do banho -

UNICAMP

Figura 3: Duração aproximada do banho - INSA

3) Cálculo do número de banhos médios: Através das Figuras 4 e 5 chega-se ao resultado de que, em média, os estudantes da UNICAMP tomam 1,37 banho por dia, enquanto que os do INSA, 1,09 (assumindo que as pessoas que não tomam banho todo dia o fazem a cada dois dias). Assim, constata-se que, em média, os estudantes da UNICAMP tomam 25,7% mais banho do que os do INSA.

Figura 4 e 5: Número de banhos por dia na instituições UNICAMP e INSA.

O gráfico da Figura 5 mostra um resultado interessante: de que 11% dos estudantes entrevistados do INSA não tomam banho todos os dias, enquanto todos os estudantes da Unicamp disseram tomar banho ao menos uma vez ao dia.

4) Cálculo do consumo por pessoa por dia: Utilizando os resultados anteriores é possível verificar que, no caso brasileiro, são gastos, em média, 79,2 litros por pessoa por dia, enquanto, no caso francês, 94,2 litros por pessoa por dia. Ou seja, os estudantes do INSA gastam cerca de 18,9% mais água durante o banho do que os da UNICAMP.

Este resultado mostra que, pelo menos para os estudantes entrevistados, mais água é gasta no INSA do que na Unicamp. Isso se deve ao fato de que a vazão dos chuveiros utilizados lá é 110,0% maior do aqui. Entretanto, se as vazões fossem iguais, o consumo brasileiro seria 76,5% maior do que o francês.

5) Cálculo do preço da água paga por dia Ainda de acordo com Aoyama et al., 2007, o consumo médio de água das residências de estudantes pesquisadas é de 34 m³. Utilizando as tarifas da água de Grand Lyon (€2,42/m³ mais €33,42 de taxa fixa) e da SANASA para a faixa de consumo de 34 m³ por mês (R$4,50/m³ e dedução de R$45,87) é possível calcular o preço do metro cúbico de água em reais de cada caso pago por dia. Para a UNICAMP o resultado foi de R$3,15 e para o INSA, R$8,17, preço 159,4% maior (segundo cotação de R$2,40/€, do dia 06 de Dezembro de 2011).

De acordo com o Professor Zuffo, em geral, o preço da água de países desenvolvidos é maior do que de países em desenvolvimento. Esta

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64 afirmação vem completamente ao encontro dos

resultados obtidos neste trabalho, uma vez que o preço da água no caso estudado é mais do que duas vezes maior na França do que no Brasil.

Além disso, uma justificativa para o fato de os franceses entrevistados tomarem menos banho que os brasileiros, além da questão cultural, pode ser o fato de a água realmente ser mais cara na França do que no Brasil, conforme comprovado nesse trabalho.

6) Outros hábitos

Nos gráficos das Figuras 6 e 7, pode-se constatar que 42% dos franceses entrevistados têm o hábito interessante e útil de fechar o chuveiro ao se ensaboar, o que pode diminuir consideravelmente o gasto de água por banho. Dentre os estudantes brasileiros observados, apenas 9% têm esse costume.

Figura 6 e 7: Proporção de estudantes

brasileiros ou franceses que fecham o chuveiro ao se ensaboar.

AGRADECIMENTOS: Gostaríamos de agradecer o professor Antônio Carlos Zuffo, do departamento de Recursos Hídricos da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp, por ter nos recebido em sua sala e nos ter concebido,

gentilmente, uma interessante entrevista sobre o consumo da água.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AOYAMA, E.S., I.A.S. SOUZA¹, W.B.

FERRERO, 2007. ANÁLISE DE CONSUMO

E DESPERDÍCIO DE ÁGUA EM

ATIVIDADES DIÁRIAS POR ALUNOS DA UNICAMP. Revista Ciências do Ambiente ON-LINE. Agosto, 2007 Volume 3, Número

2. Disponível em:

http://www2.ib.unicamp.br/revista/be310/inde x.php/be310/article/viewFile/101/74. Acesso em: 05 Dezembro 2011.

ONU. Water. Disponível em: <http://www.un.org/en/globalissues/water/> Acesso em: 01 novembro 2

GRAND LYON. PRIX DE L’EAU. Disponível em http://www.grandlyon.com/Prix-de-l-eau.159.0.html. Acesso em: 05 Dezembro 2011.

RESOLUÇÃO TARIFÁRIA DO ANO DE 2011. SAN.P.IN.RT 01/2011. Disponível em http://www.sanasa.com.br/document/noticias/ 1076.pdf. Acesso em: 05 Dezembro 2011. UOL ECONOMIA. COTAÇÕES. Disponível

em:

http://economia.uol.com.br/cotacoes/cambio/e uro-uniao-europeia-principal.jhtm Acesso em: 05 Dezembro 2011

Imagem

Tabela  1:  Tempo  necessário  para  encher  um  balde de cinco litros para cinco chuveiros e suas  respectivas vazões
Figura 4 e 5: Número de banhos por dia na  instituições UNICAMP e INSA.
Figura 6 e 7: Proporção de estudantes

Referências

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