-- - ~-- - -
--I 1199100840
: 1111111"'11111111111111'1111'111"11'11
A GE.S.T.~'O".DO . .IRAN.S.P'OR.IE ...c.O.LETI.vO ....NO M.uN
I.C.f.e!.:o -- ---
S Cf --- -
-jDE DJ..A.DE.M.A:::.SP UM E.S.T.Un'O.."DE C.A8.0 ::: 1.9..8.2.:::.1.9.8.8
Banca Examinadora
Prof. Orientador Pedro Roberto Jacobi
Lincoln Boryes de Carvalho
pelo apoio ~ carinho.
III '---.--,.--- , __..J 0661" : D~~:.Jr:,',J.l,ua:Jun~J
I
I~ 8'8'6'-r:'::'2'96'1""':'::""'OSG:J""'30""'oO'nls::r"'wn'"""'d~:):'::'Id'W3a'IdTO""'3a 01'dr:J'INnW''''ON'''''OflrT3'1'O:J'''''3T80dSNG8T''''oa''''O~1S38''''fôI - I
'1
CARVALHO I /VI€:l U r' :í. c :i.CJ l'1un i z El~:\r-r' f=~tt; o cIE·~. A...G~.~i.t.~i.o...do ...I.Cç;"~\.~iE.Ç!x::.t.~:
C.Q.l..{;~.t:..i..y'.Q O.Q t1.\.,m.i ..ç;:.i.J:?.i..o d.Q D.tç;'-d.t;;MI.ª.::~.Se. .•...Um .E";.S.t.l..!.ç;I.Q d.~ .c.ç;\.S.c:l
S~o Paulo, FGV/EAESP, i990, 148 P.
Mestrado apresentada ao Curso de P6s Graduaçâo da
F [')\/íFAC:!:';r:', (.~drn :rr'i':i. s.;L r"c:1çg-;D c:'
Planejamento Urbano).
nCl
Município de Diadema durante o período de 1982 a
avaliandD a interven~âc dD Estado como gestor e
opera-dor dos transportes coletivos na melhoria ou n~o destes
em Diadema 2 compreendida através da relaç~o entre seus
asentes principais. Analisa todo o processo de criaç~o
de uma empresa póblica de transportes, a ETCD, e afere
seus resultados.
Administraç~o P~blica Di adE?ma
Estado - ETCD - Gest~o - Movimentos Sociais - ônibus
.,.
.A ...GC.SIõ.Cl ....J).c:l....IEWN.f.u:.::.QB.TE~...c;'OLEI.I ..v.Q ....NO ....M.UNI.C.:í:.e.r..O D.E....D..I.ADEt.:!A::::.t~2..,...Utl....E.SIUD..Q ....D.E....CA.~3Q....~::...i.9.B~~.:::.19B.8
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INIRDDUC~Q,
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Cap :í.tu] o P. .ü E.y.ç;i.1..!,..u~;.2"i.Q çl.i'J G§.;.s:L~\.ç;!...{JÇ,/:;:;; .TX:~ç;iJ:~\.~iP.Q.r::.t.~:.~.cQ.l ..ç,;t.Ly'.Q.;;;i P..QT ...Dr.ü.i;:JI,.!:~ ...f7;m ....SZiQ ....I.?:~.'..},.l..Q, .ii?::l
F?Fi.F;;:rc ...l.l.
- Principais Vias
- Hist6rico da Urbaniza~go do Municipio
- Hist6rico dos Transportes do Município
- Aspectos S6cio-econ8micos
c
ap :í.tLI 1o C:?. 12i.à t;·I!~.;;iJ~~íÇ)...f~n.t..~;·1.c;i..ç;rcà
E.l..e.i.M;.~·ü::!.d.ç;·L..G.i.l..SQn. .t1.(:;~n.ç:.~r,Ç;~.;;i,7.0
A Gestão Lauro Michels (1976 a 1982)
As Condi~5es de Transporte na Gestâo Lauro
... A F~::.t]"'utUl""' aç:?;o ele No vê:\ Po Lític a Cap i. tu 1C) :3.fi. J.:;';\ [·;),.";~:;;~ d~"3. GÇ~.~t:lQ Oi.1.;;::Qn.}'It;:rH·:;;:~..~;~.~~..J.983::::.J..7J14.2. }
7<::)
.1 •..• t,
r:klministrat i'la
[)~5 F'1-imE'ir'os;Embates da F'r"efeitl.lra com a
A Ar.:~~C)do 1'1DVimE!rltoFç(:?,I:i.n'linelicativDde Tl-ans:.-·
port.!...,C(Jlpt:i.vo
- A Açâo do Empresariado de Transporte Coletivo
A Ação da Câmara Municipal de Diadema
C,onc .usoes] " caI .ia. rase0'••.
C"·).j:l l.-1:.:u J o ..'.1·. B..í;2~:'),.,...f!;:;l.~?.e•.J.:I.i.') .... r~.(;;~.~~~.t;3i.Q..C;UJ~:\G{i ..tkHJf~~:,-:;:,:~..\;;;i ... Ct.?8.<}.::: ..;\.S:U.Ó.2. ,
.1..0.0
entre os Diversos Agentes Sociais
- A Açâo do M.R.T.C. A Ar.:ao da Prefeitura
A Açâo do Empresariado de T.C.
A Aç~1o do P. T .
Conclus6es da 2a. Fase
Cap ítuIo 5. A 3.,:1.., f."lS~; ct~:1.G~~.~:t.~.QGj ..l..~~Qn....tI§n.tf;;t2J;~;;;i <..i.9.B.6:~:.l2B..8)..I 1.3.0
A Nova Empresa de T.C. de Diadema (a ETCD)
A A~~o do M.R.T.C.
A Ar.:io da Prefeitura e a Aelministraç~o ela ETCD
A Açio das ElitES Locais
- Conclus5es da 3a. Fase
VI
~---~--:i. t.u.:In 6. .cÇ)r.lC:;.lu.~:;~.:\G ·::: {) ..Ü.'-;,:.:í.Q d.Q.-;:i )).;l.y'i:;:r:.:;~';:;l~;; {;.'~).Gr.\t(:;,~;i ;;;Qç.;(.;;\.;i.;;~
Bibliografia, 146
AgradEço a todos os amigos, colegas, professores e alunos
Entre eles gustaria de desta=al
Uilv:i.u C.
f·'!.:;\r c: c:)<,:. F' i3ic::a.l!lo, E]. :i. <::;<-;1J Lu.C:: i ·':in o , F·~cn,::;).t.D c,, eDbE.'r ':'.~o
M. B. de Carvalho.
a Fundação de Amparo do
Estado de S~o Paulo e a CAPES, por terem propiciado as
condições para que esse trabalho fosse realizado.
VIII
I. I NTRODUÇ~O
i
I -lNTR.OD..U.Cl.:i.O
A partir de meados da década de 50 deste século,
destacadamente após os anos 60, o Bra!:iiI passou por um
intenso processo de urbaniza~io. O crescimento das cidades,
que receberam enormes contingentes populacionais rurai~ ou
de cidades menores, foi acompanhado pelo agravamento das
carências urbanas.
No modelo de desenvolvimento econ6mico implantado,
os interesses .econBmicos prevaleceram sobre os
!::iOC í e íss . as desigualdades
~ . ,.., .
SOClo-economlcas
intensificaram-se, refletindo-se claramente
urb arto . O' ..·::', recursos urbanos
ma.:i!:; , ficar df~!;;;iSIua J.IHE·)ntf? rii~3tritru ídt]!;;; f.::'\~.
,
portanto, entre os seus habitantes, segundo o setor da
cidade ou o grupo social a que pertencem.
O transporte coletivo urbano E um dos casos mais
representativos dos problemas que refletem e refor~am a
segregaçio urbana,
demais serviços ao condicionar o acesso a esses serviços.
Nas ~ltimas décadas, as condiç5es do transporte
coletivo urb,;3.no vêm se deteriorando juntamente com o
agravamento das demais condiç5es de vida para a maioria da
popuIa(;:ãodas g'('and('?scidades. clf.?terioraç:ão do-s
transportes coletivo se denota pelo tempo excessivamente
longo de viagem de ida e volta ao trabalho, pelo aumento
2
abusivos das tarifas de transporte, pelas péssimas condi~ões
dE~ ccin+or to , pela falta de regularidade na frequência
destes, pela insuficiência de linhas de 8nibus,
degrada~io e a pequena abrangfncia das redes de trens
suburbanos e dos metr8s.
Frente a esta situaçio tem-se de um lado, ora a
submiss30 diária de amplas parcelas da populaç~o às péssimas
condições de transporte, ora as revoltas contras estas
condições. Sio exemplos conhecidos 05 casos de
I'quebra'-Janeiro e 1976 em Sio Paulo, os incêndios e depredações de
ônibus - 1981 em Salvador, 1987 no Rio de Janeiro, 1989 em
Londrina no Paraná, os casos de sequestro de 8nibus - 1985
erit;1-'e out1-' oS";
Nas dtcadas 70 e 80, principalmente,
póblicos de gerência, predominantemente da esfera federal
que analisaram os problemas do transporte coletivo a partir
da ótica da crise energ6tica, concentraram maior açio em
investimentos e projetos grandiosos (mE~t.r8,
dando pouca atençio à manutençio e a gestâo do sistema
••
ôn ibus qUE-~, no entanto, é o meio predominante de transporte
da maioria das cidacles bresí leira!:;;.Diferindo destas
soluções, surgiram alternativas e ações do poder p~blico
municipal na resolu~io dos problemas de transporte coletivo
o
Município de Diadema & um destes casos, e aanálise da gest~0 dos transportes coletivos em Diadema, de
.198E~ a 1988, contribuirá para se encontrar melhores formas
de gestio destes servi~os e das possíveis formas de relaçâo
do poder p0blico com os demais agentes sociais envolvidos na
melhoria das condi~5es do transporte coletivo.
o
obj ot; i vo desta In C:Wl o S}l'- f.:1f i,;;! compr··E.\E::!ndE~revoluçio da gestio dos transportes coletivos no Município de
atr·av&s~ n::~laç:2io os s;eus
pr Ln c ipaí a .
g8st3o entende-se o conjuntCi c:1C~
institucionais entre
dors d o tr··ans;pol-·tE) co]c·~t:i.vo
(CIUDAD/INRES/85) articulaç~o entre o setor p0blico e o
funcionamento das
transporte sio aspectos centrais neste tema. Mas ao analisar
estes aspectos deve-se levar em corrt a a diferen~a entre a
16gica p0blica ou privada p (·cp riE·~dadf:.?d,::1.
empresa operadora. o objetivo será o de superar a dicotomia
entre os tipos de empresas prestadoras do serviço (p0blica
corrta d,:."l.~:; manut.E"n!;:âío(,? controle dos serviços
(PACHE:CCl,i98E!) . Ou} rTiE:l.l <o:; do que um debate abstrato pr6 ou
contra a pt"ivatizaçâo ou municipaliza~âío} é preciso antes
levam à crise do sistema
de gestio anterior (COING, 1985). Para reforçar este aspecto
pode-se ainda, citar Oscar Figueros:
)""'E'12\t:i,vi:\<::,cif" ou out ra for'ma dE:'
lipareC:E:~ i~portante abandonar o campo
redutor da polgmica sobre
propriedade para se analisar as rela~5es
entr-E-' d :i,sti n t.o s
agentes que participim na conformaç~o do
Neste estudo entende-se que os agentes principais
envolvidos no processo de gest~o do transporte coletivo em
representantes da prefeitura (prF.'+C:~:i,te),
secretários, diretores da Empresa de Transporte Coletivo de
Di ,7'.l.demd,(ETC))) etc), os vereadores da Câmara Municipal de
Diadema (principalmente os do Partido dos Trabalhadores>, os
participantes do movimento popular
8nihus do município,
estudo de caso da gestâo do
transporte coletivo no Município df2 D i.:ldE~ma'--f:~P,
compreendidos entre 1982 a neste município,
p(-7:.''('' :í, odo , a qUE~st2{o da 9E'!".;;t:3.0 do~; t r ans;po'(-tE~':;
coletivos assumiu um pé;~pel na administraçâo
r;',I..,:n:i,c:ipdl E~ o debate scbre a C)~3 fTle:i.C)~5
envolvendo parte !:;;ignificativ<::\da
local, dos empres6rios, dos administradores
pub .llCOS, cios; tÉ:cn í c o s df" tr"éH1SPOl"tE~, cios r"c~pr'esc~nt:antE~~:,dos
part í dos políticos e demais ó'("gios de representaç~o da
pOPU] a<;.::::\o, Dur'antE~ S>!-:7~t1'''c:\n~;fcH''rnc:J!...!;
operaçio passou de privada para pGblica, o que favorece a
c::-.-1
análise das diversas formas de intervenç~o nos transportes c01.f.,·t:i.vC:S.
Especificamente pode-50
objetivos principais:
.i. ?~vcl.l.],ar: a intervenç~o do poder pú.b1.:i.CC! como
gesto~ e operador dos transportes coletivos na melhoria ou
nâodestes serviços
em
Diadema. Durante a gest.ão eii s.onMene~es (Prefeit.o eleito pelo P.T.
atuação do Estado como apenas gE~st.CJr·dos
as relaç5es partido político,
públicu s mov :i. mf:~ntD"; sociais urbanos
opE'r" E\c:~\CJclE·~ ô nib u ":;..na ~:;(I pc: isõe':::'de" t;r"c'i.n":ip ort;F~ co 1.et :ivo E:'m
reivindicativos de transporte coletivo, como u.m fTlOV imorrt o
~::;CJc:ialu rbsmo , l::Ju!::;ci::\rlcloa s~uc\dirrâm ic a intc'l"·nEI.
4. Analisar a capacidade administrativa da Empresa
de Transporte Coletivo de Diadema - ETCD.
o
corrteú do cI-'=:1 di~;S(·='i..t.aj;;Xío d ividi r ..3.p ..'irt(~=;:
J '::;E! df.~f:i.n:i.r-il,:i.n :ic::i. (:\ 1(TiE!nt; c' , o fIli:) r" cCl
t:.(;:·~órico do qU.3l
c::ori c.:('=~:i. tu a í ~,. dC) estudo (Capitulo I, Parte !). Ao falar-se de
gest~o de transportes coletivos, identific:.,:.\·,'" u
"
papel du Estado, e ~;::.1...J.,:1 dinSm ica l..J.rn:::.\ vse»:
um dos agentes envolvidos é o PI"·:i.nc í F'c\:I
t: ra.n<::;p0'('tp~;:;
pr" ob 1.E!mé.~t:i. c a.
consumo coletivo, e da mesma forma,
mov í montClS';
vez que es~es tem um peso ~;:;:i.SIn :i. f :i. c a t; :i.\io
decis50 sobre a problemática do transporte coletivo em
(,):1 É:'rTl diSSCl , é pr·E.'cisCJ dos
transportes coletivos em Diadema dentro de um contexto mais
gera], ou seja, situando historicamente a evoluçio da gestio
dos transpurtes coletivos, principalmente em S~o Paulo, dada
clG~s;t:ernun i c í pi o
elementos que de uma certa
furma contribuíram d
,,~-F
:i n :i. r .:;1. gestio dos transportescoletivos em Diadema (Capitulo 2, Parte I).
Na Parte 11 se fará o estudo de caso da gestio dos
transpustas coletivos em Diadema de 1982 a 1988.
Lní c ía Lmorrt o ~::;E! um I·) :i.:itóriCCl dCl
processo de urbanizaç~o de Diadema (dentro do contl-:'!HtoelE'
ur bEi!"i j ;;~:<:lÇ?\('J d a Regiio Metropolitana cIF' Paulo),
também se abClrda o hist6rico pol:í.tici'lS-ri o
inun ic:::í.Fi:i.CJ os clesdobrDmentos
compreens~o dos clf~
dpresentadCl, também, um histórico cios transpClrtes cClletivos
sócio-,
J
do município. Foram utilizados os dados e
censos de~ogrâficos du IBGE, di::<
Prefeitura Municipal de Diadema. (Capitulo i e 2, Parte 11).
o
estudo de Ci::<SO em si serâ subdividido em tr0sEm c:aelr.:t
propostas, conflitos e aç5es de cada agente social.
caracterizada pelo
crescimento e combina~âo dos agentes dos movimentos sociais
com 05 agentes sociais
administraç30 municipal (prefeitura, c~mara e
sociais representantes das empresas privadas ele
8nibus (Capitulo 3, Parte 11).
pC:~Jo
rompimento entre rnovírnerrto rf2iv ind ic:ativ o
Co1et::i.vo c, dD F'CI,r'tido ele,·:;:;
TI"aba 1hadDI·'F':!<'~ (P,
'r . ) ,
da bancad.a elE:\/er'(·=~(;:\dor"ef::;c:ID F'. T. r c orn "'lei m i n i~:;tr"'"lÇ: ~:\O min íc ip a L,
desenvolvendo-se conflitos Cnf:~Sfn(j~;:;
tE;'r- c::E':i. r ~":\ ( 1. ()8h c:ar"C"lc::tf:!i"':i,za a
dos servi~os de transporte coletivo por ônibus
(Capítu]o 5, Pai"'te 11),
o
üIti (00 c:a.p:í. t;u.IC) c:la dissertaç~o seraI f· . M
a~:~CE:! an ic oes
na primeira parte com os elementos
NelI PI.ç;i .... Df~...r.N::r:EODL.!C?~rJ
I:c ..ç;\n;:;tl:;~ciX::t(;·~..CQ.l..(;~.ç;:..t.i ..Y..íJ....L1.C.b.i;\.UQ ..\;;,.!] ...üm(:;~r..i.ç;:.Ç;I....L.Ç";\t.:l.n.i='l
mimeo. 1987. p.l.
PARTE I
CAPÍTULO 1
!
o
ESTADO CAPITALISTA ~ OSTRANSPORTES COLETIVOS
CAP ÍTULO 1. 'O....[5IBDO' ....cDEI..Tf..:1J.,,1.S.Ifi....E....D.~I...::r:gf~Ns.FQRrE.~i....cQL,E.I.LVCl,E;l
A contradiçio entre as classes sociais, expressa
,:1i:'.r'avó,:; cI,,,\ fraç6es de classes, cujos interesses
conflitantes variam segundo o contexto, é essencial para se
compreender o caráter do Estado e das relaç6es de classes.
pode negar que o Estado Capitalista
interesses das classes hegem8nicas. por outro
l.aclc) I tEtrnt)(~~Hl .• nâo se pode negar
uma relaç~o de forças sociais,
expressando as contradiç5es das classes.
o
Estado Capitalista. ao mesmo tempo que excluias classes dominadas. eOI certos momentos absorve as demandas
ao mesmo tempo que é necessário
C. <_1P:i. t. '::\1 també~m •
garantir a reproduç~o da força de trabalho.
o
Lstado Capitalista tem funcõesacumulaç~o e de legitimaç~o para criar as
,
bases de um consenso atravts das ações das institl.liç:õe~~
capitalistas a intervençio do Estado
capital, é cada vez mais crescente.
As necessidades de um capitalismo plenamente
c:lpsE~nvo1v:i.cio. clp +urrc
ior\,,,r-tendências à baixa tendencial da taxa de lucro, de enfrentar
problemas de sobre-acumu]açio, faz com quP o Estado passe a
assumir +unç6es prudutivas d ir~2t.as} uitrapa!:;~;;anclo
dinâmica tradicional restrita a fun~aes regulamentadoras ou
representativas. Al0m disso o Estado passa a assumir muitas
despesas relacionadas em parte as demandas politicamente
or9ani~adas pelos setores nio articulados.
Nos países do capitalismo avan~ado o Es.;tado
trabalho. urbanismo.
Desta forma as políticas estio permeadas pelas
contradi~5es e tensões entre a reprodu~30 do capital e a
trabalho. Os diferentes movimentos
sociais passam a ter o E!::;t.aelocomo interlocutor ele sua!;
demandas. O Estado passa t:am!:Jf::'·inum inclutor'
p CJ1 :í.t. ic:a:':;iq'...!E·:' dinâmíca ~JE~ra.l soe :i.(?dacl(.?,
(POULANTZAS. 1981).
As cuntradiç5es e tens6es entre as exigEncias da
reproduçio do capital e da reproduçio da
força de trabalho s~o assimiladas por mecanismos seletivos
do E'oitaeloqUE~ c:IE·!t:.c'i"lTlin.·::l.1Yl a 169i~a elas políticas póblicas.
Estes nlecanismus dificultam a visio cio Estado como um 6rgio
do pol íLí c a , os
inec:anismos seletivos cCJme~am a desintegrar-se e o Estado
vê-se obrigado a sustentar-se de forma crescente na repressio,
a
+
:i.iH classista. Nestes P E'~'(':Lc)clO!:iaguçam-se as contradições entre a economia, os requisitos cio
processo ele acumula~io e a política, o poder pOlítico sendo
determinado pelas regras do governo democrático
representativo (OFFE, 1984).
Diferentemente dos países do capitalismo
avan~ado, nos países do capitalismo periférico a interven~~o
do Estado, como uma regra e nio como decorr&ncia de unI
período de crise, tem se dado basicamente no setor
industrial, inf~aestrutural, energético e muito menos nos
aspectos ligados à reprodu~âo da for~a de trabalho. O Estado
investe, principalmente visando criar condi~5es para a
reprodu~io e expansio do capital privado, provocando um
enorme 8nus nas condi~5es de reprodu~io da for~a de
trabalho, configurando uma visível defasagem nos níveis de
apropriaçio dos serviços pGblicos urbanos essenciais a
populaçâo (JACOSI, 1985).
No caso brasileiro onde o Estado investe de
forma maciça na criação de condiç5es gerais para a
acumula~io. passa a ser fundamental criar condi~5es para um
desenvolvimento da dinimica produtiva e da infra-estrutura
para a sua realiza~io.
A
Política,
Social do Estado, nestecontexto, passa a cumprir a fun~ão amortecedora de tens5es.
Mas os interesses econ8micos do capital
prevalecem sobre 0-~ interesses sociais. Desta forma as
políticas governamentais nas áreas de bem-estar coletivo,
saGde pGblica. saneamento, educação. habitação, transporte
coletivo e nutri~io, tem pequeno destaque nas intervenções
estatais.
/
Com as mudanças institucionais nos 0ltimos anos,
emergem com maior nitidez própr':lo
Est",\clo, bUS;CEI I"lOVDS
melhor nDS capitulos
referentes a gest~o dos Transportes Coletivos em Diadema.
CJ "urb an o '
for" ç::<:1 c:Ic.' trabalho, a acumulaç50 do capital
realiza~3o das mercadorias e a gest~o da sociedade.
A cidade
&
D IDcal onde ocorrem estes processos,de acumulaç30 do capital,
distribuiç~o das mercadorias,
produçio das mesmas, a relaçio entre o Estado e a populaçio,
entre o Estado e as classes pol :í.t:i,CEI,
entre as classes)
Cls; d i t;0<::; Ur bc,no'':> dE!C Or" r" pm
principalmente ele fat.CJs I :i.9a.eln~:;a.os processos de c: o n ~-::1.1rn o
coletivo DU ela organizaç5o dos meios coletivCJs ele reproeluç~n
da for~a de trabalhCJ, mas que s~o elepenelentes ela intervançio
dD Estado.
Du s;cj a,
-
---_._-~.~---NCl "Cê.mpo". €' no "ur bano ' ocorrem <.:I ac umu lac.âo elo
f:~nc on'1.:.r-',~,.nlC)~:; C\ C!::iP f.'~Cif ic iclElclE~elo "u r·b
",.n
0" .Castells coloca da seguinte forma a definiçâo de
"Uma un idado urb an a nâ{o é urna
termos de proc:luçãCl. ACl
cont; r .Ar:i.Cl
clf:.~ter-minadi:"\ E:~specj.fic ieladE:~ E.'1n
res:id0ncia, em termos de
cCltidiC\neidade. Ela
E'·';"P<"l.çO ele) cCltidiano de uma fraç~o
delimitada da força ele trabalho ...
Trata-se do processo de reproduç~o
da fClrça de trabalhCl: E-J:1.!:; <:\ o x a t a
que se chama vida
c ot í di an a " (1).
necessário esclarecer melhClr o
pr'ocE,S":,C) cló
I
t.rab.a lh o uma Vf?Z qUf:? é neste.:' cC)ntE~)(t.O qUE~ o ur bario Sf? definf?
rE~proc:luçi:,{oela
c orissumo c o Lsrt I vo E'ntende'-sE~ , sE~9unc:lo
Castells, aquele referente aos bens nos quais a proeluçio n~o
causa de uma qu<:\lidac:le
con -Fn('midaclF~ com Cl<5
específicClS e gerC\is cio capital.
Lojkine reconhece a importância dos meios
Apesar de divergir das coloca~5es de Castells em
clE:!COnSWl'lCl co let í vo na est:r-utur'aç:gíodo ur ban o . Sua defini~â'io
entretanto apresenta outros elementos:
"O concei to de me í os cal et ivos é
definido como conjunto de suportes
materiais de atividades destinadas
à reproduçâo que nâo se confunde
com a reprodu~âo da existincia
fisiológica, nem com o
consumo-distribui~âo por um individuo de um
ob íl~to mat:E!rial .
concretamente hoje,
equipamentos de sa~de, esportivos,
cul tlll-ais e de
transport:es p~blicosl/ (E~).
Percebe-se a diferen~a na conceitua~âo. Castells
caracteriza os meios de consumo coletivo a partir da
defini~âo de ser este assegurado ou nâo pelo capital,
enquanto Lojkine os define a partir das relaç6es de consumo,
ou SE!ja, do uso coletivo ou individual do produtcl.
importante, ainda observar que é a partir das combinaç6es
das necessidades de realiza~âo do capital monopolista
(n(~cessidacle ele investimento em novos setores da economia,
até entio menos avan~ado)
classes trabalhadoras
E~ das lutas sociais das
l
(em busca da elevà~~Q do nível de consumo) que faz com que
cresça a demanda pelos meios coletivos de consumo.
f·~nt.(·E,td.nt.o, q UE,<::;t. iOrl,:'-\r como
PrE~tt'?c::e:iii». nOÇ.:~:=;(J ele E?qU:i.pi::!mentcJco]c'tivo nÊ;n
ultrapassa a esfera do consumo, na medida que designa um
conjunto de valores de uso onde se encontram simultaneamente
meios de produçio em suportes da circulaç~o e da troca e
meios de consumo (PRETECEJLLE, 1983)
Se assim pensarmos, os meios de consumo coletivo
c:o n~,;i.:.i"1":.u :i.r· ...se:'
reproduç~o do capital e da for~a de t.rabalho e n~o apenas da
~eproduç5o da força de trabalho.
co 1pt iVí.J
capitalistas avançados tem sido diretamente relacionada a
'1":€,m c.1t.:J.C <:1 d <,:\ ~:; contradiç5es urbanas. Por contradiç6es urbanas
se entende aquelas entre os conjunto das
camadas populares e os interesses do capital, que imp5e uma
forma de or9anizaç~0 da vida contidiana a.. camadas
popu 1e:\r·E·)S (CASTFI ...Lf:: , dE:'sta abor·c:I<:lgcfTlo~:;
problemas urbanos vi vído s PE~~J.Cl~5
incc.1.p<:\C:i.c:1c.1.elE·?elE!
sClcial capitalista em assegurar a produçio, distribuiç60 e a
gest~0 dos meios ele consumo coletivo viela
contidiana dos moradores (JACOSI, 1989)
avançado os meios de
cClnsumo coletivo pE)lo capital
da força de trabalho e S.:i\Cl,
massa~ populares. Nesta ampliaç50 do uso dos
socializaçJo, ocorre um
massas populares com relaçio
aos meios de consumo e aos aparelhos encarregados da sua
forma o Estado passa
crescente na produç~o e gest~o c on aumo
cC):I.et :i. v o e com que cresça a importância do Estado
naestruturaç~o da vida cotidiana. Portanto, nos países do
Cé:1P:i ta lismo c\v,:\I"l<;:adosa noç~;cJ dE~ cont rad iç:ões ur'bclllclSse
configura como uma resultante das características assumidas
pela aç50 do Estado.
podE"'-SE'
nos palses avançados, nestes é
uma endemia (JARAMILLO, 1986)
Nas cidades do capitalismo perif&ricC) ve-se que
exist.l;?uma limitaç~o est.rut.ural na elest.inaç:~odos recursos
do Est.ado para a criaç50 de valores ele uso coletivo, e os
poucos rne i o-s de consumo coletivo exist.ent.es passam a ter
uma distribuiç50 desigual no espaço urbano.
A grande defasagem na distribuiç:âo dos meios de consumo
coletIVO provoca a emerg&ncia de movimentos reivindicat6rios
ligados diretamente a esfera da c·ep",·odw;âo. Na .~~náI :i. ':3e da
í nc í df-ncia dos. movimentos reivindicatórios
em cont:.,:-1 cIin :0.in:i.c: ,::i pela urbanizaç:âo
capitc\1 isté:"\, CJ econômico, irií, c·!r· Vf:?nÇ:~;D de)
Estado, seu caráter político e sócio-cultural.
Os transportes coletivos urbanos podem ser
caracterizados como meio de consumo coletivo, pois, sâo
fundamentais para coletiva da for~a de
trabalho, possuem uso coletivo e nâo individual e ainda sâo
assegurados pelo Estado (e quando ~ assegurado pelo capital
privado o Estado o subsidia).
Percebe-se que os transportes coletivos s~o um
fator constante de mobiliza~âo crescente das massas
populares. Eles sio meios requeridos pelo capital para a
realiza~âo da produ~âo, para que a for~a de trabalho chegue
ao local de produ~~o e pela for~a de trabalho, para a sua
reproduçâo, mas por outro lado muitas vezes nâo sâo
rentáveis numa produ~~o capitalista. Os transportes
coletivos sâo servi~os cujo sistema suscita sua necessidade, mas que nio cClnsegue produzi-los adequadamente.
sâo portanto elemento da crise urbana, geradores de reinvidica~5es populares, tendo o Estado que executar uma interven~âo crescente na produ~â~ e gestâo destes servi~os.
Ao caracterizar-se os transportes p~blicosI como
meios de consumo coletivo reconhece-se seu status de
infra-estrutura necessária à reprodLlç~O do capital e à reprodu~io
da for~a de trabalho. Ou seja, garantem que a for~a de
trabalho chegue ao local de produ~io de mercadorias,
proporcionando a troca da força de trabalho pelo valor
gerado no tempo de trabalho necessário e gerando um tempo de trabalho excedente apropriado pelo capital.
act.Ímu1o elE' cclpi.tal,
tr~nsportes p0blicos contam com do Est.ado,
F'oi<::>,c:\S!:';:i.fll corno O!,:; dE:'IT\c:tisrnQio~.:;de consumo coletivo, a
recursos exigidos p a baixa rentabilidade de
certos modos de transporte requer que o poder püblico assuma
mais a realiza~~o de
CJ financiamento dos transportes coletivos é
misto, privado ou pt.Íblico.
aparecem obstáculos ao
c.3.pit.al p0blico é assumido pelo
Estado. Os obstáculos decorrem:
do caráter nao fracionável de certos (neio de
transporte coletivo.
- do elevado nível de composi~âo orgânica
(cres-cimento do capital constante e queda do
capi-tal variável) e o longo período de retorno do
c.':J.pital.
da limit.a~âo da rehtabilidade (devido
princi-palmente aos altos cust.os e baixo poder aqui _..
sitivo da populaçâo).
Mas n~o é apenas por estes aspectos que o Estado
IlIE'io<:.;dE! tr"i::-\nspur..tE~ co let.ív o . Ao assumir' E:~<::;tE'\S,o
Estado pode garantir um menor valor de força de trabalho, ou
o t.empn
cunsequentemente diminuir o tempo de trabalho excedente.
Os meios de transporte sio cada vez mais
relevantes no processo de reprodu~io da for~a de trabalho.
Os salários nio podem garantir um transporte e nem o setor
privado pode assumir os custos totais deste transporte.
Surgem grandes investimentos (Metr8, Trem Urbano, Tr6leibus)
e os setores ainda lucrativos (à custa de altas tarifas para
o nível de salário) ficam reservados para a iniciativa
privada.
Para o capital é necessário a existência de
transportes coletivos, mas simultâneamente este tende a
limitar a sua produ~io. O Estado assume parcialmente esta
tarefa. O capital cobra seu investimento em outras áreas da
economia, o que nio qLle dizer que os investimentos do Estado
no setor de transporte coletivo n~o sejam altamente
lucrativos para o capital. Mas o Estado passa a ser
responsável por parte do valor da for~a de trabalho.
o
desenvolvimento das interven~5es do Estado nos meiosde transporte coletivo não ;é apenas resultado das
necessidades do capital, é também uma exigência das camadas
!
populares, reivindicando seus direitos citadinos.
Para responder a estas reivindicaç5es o Estado
intervém no setor de transporte coletivo. Esta interven~ão
pode ser direta e indireta.
Definidos os conceitos mais gerais, cabe agora,
oferecer uma visão de como ocorre o processo de gestão dos
transportes coletivos.
N.OIAS ....D.'O..,.CAP..f.IUL..O ....1
(1) CASTELLS, Manuel.
A ...
Que~t~Q_Urban~.
Rio de Janeiro, Paze Terra. 1983. p, 474.
sâo Paulo, Martins Fontes, 1981. p. 125.
I
CAPÍTULO 2
A EVOLUÇ~O DA GEST~O DOS
TRANSPOR-TES COLETIVOS POR ôNIBUS EM 8~O
PAULO
CAPÍTULO 2. A....EV'OL.UÇ~.Q....DA...GES.I~.Q ....D.QS....TRANSe'OR.IES ....COLE.I.I.V'OS P.ClR....aN.l..B.U.S....f~M...~I?:i.O....eA.LJL.O
- I .-lN.IROn.u.C.?:i.O
o
estudo das problemáticas doc o l et í vo , ou destas relacionadas com este,
realizadas sob diversos enfoques ou campos específicos de
estuda, como por exemplo estudos da oferta de transportes
urbanos; da articulaçâo entre os setores pGblico e privada;
d&1S c orid iç:Õf~S de dE!SIoc amento domicilio-trabalho da
popu Iaç::âo; da mobilidade urbana; da relaç:io movimentos
sociais e transporte coletivo, etc. Conforme assinalou-se na
Introduçâo, o objetivo desta monografia é privilegiar o
estudo as relações de dominaç:âo e dos
diversos agentes sociais envolvidos na gestâo
transportes coletivos. Ou seja: o paPE!1 destes agentes na
gestâo dos transportes coletivos por Bnibus num município e
época determinados.
Para isto foi necessário, inicialmente, precisar
o conceito de transporte coletivo definido no Capítulo i,
mas é necessário ainda, antes do estudo de caso, verificar
como a questâo da gestâo dos transportes coletivos se deu no
Brasil e, principalmente, na Grande Sio Paulo.
Na discussâo da gest::io dos
colet; ivos, um dos maiores conflitos de opiniâo esteve
centrado no debate entre a forma da propriedade das empresas
propriedade privada ou púh lica . discUSS;~íCl,
EtiE'nnE'!···iE!:·ll"·í : 11h~:'!<'::.t2íCiproivi:,elaO'...l púb 1 iC:d? F:::;t2\
transportes urbanos nos palses em vias ele
clF!<,;en\/(J].\1:i.;""')(:·:·'rd:.o"(:l.)
eliscussão ela gestão dos transportes
co Ietivos ;b forma de propriedade é limitar a
pr6pria concepç5o de gest50, como se procura demonstrar ao
longo EntrE!tantCl, se analisarmos as
diferentes relaç5es que se estabelecem
(:,'n'..10]. V i cID:::; n,:,1 gest~o dos transportes coletivos, um primeiro
+,':"
ZE'r'um,;:.,.revisão da evo].uç~o hist6rica das formasde organizaçio dD transporte [oletivo e cla
visio e quest5es levantaelas pelos agentes envolvidos.
utilizaremos principalmente o caSD de
Hão Paulo, pois, o município ele Diadema como muri i c :í.p:i. o
Regiio Metropolitana de sio Paulo, sofre e
il'lfluÊnc:i2\ do dE!S(:=rlVol. v í morrt o Cluesti.:;E~S
relacionadas ao transporte coletivo em sio Paulo.
+E·!iti:\uma h isrt ór ac e
gestio do transporte c:oletivo em Sio Paulo e, na
It.>::u:::a r a rnbi
II
-(2) e o texto do lone CorneJo e Regina Pacheco (3) propUe
uma periodizaçJo da evoluç~o do serviço de transporte
cnlE-~t:ivonD Eir'<:;tndc'H,F', J c:i,d,::tcIE~ele
destes dois trabalhos chegou-se. para
situar !listoricamente as quest5es rel0cionadas com a gest~o
clos tr'<::,rispor-tc;:.'~;colE,~t:i,vos;J~\ seSJUintE' pF!r'iodii!.Etç:f.:ío:
I - De 1900 a 1925 - exploraç~o aos serviços
coletivo
reali~ada pela Light,
11 De 1925 a 1946 - da ~riaç:~o das primeiras
linhas de 6nibus
opera-das por empresas
particu-lares at~ a criaç~o da
cr'1TC,
III - De 1947 a 1955 ~ da criaçgo da CMTC à
re-tomada da hegemonia
pri-v.a da .
IV De 1956 a 1974 - da retomada da iniciativa
privada até sua
hsgemo-1'''1:ii':\ ,
período caracterizado por
tentativas de regulaç:~o
elo setor de transporte
coletivo pelo poder
b Lic o .
VI De i~P6 2 1988 - período onde ocorre uma
política de desregulaç~o
p0blica e de privatizaçio
I Sio Paulo o que
praticamente toda
companhias de bondes oper0m com exclusividade todo o sistema
coletivo urbano. Eram empresas, como a Light,
uma. 1. d.r·g':·l
influência em diversos aspectos políticos; dt!
r::.ad a Di·j.doo \10:1.urno rE~cU.rsO~5
necessArios para c!P
do puder p ú b Lico ,
inves;t ir
co 1t:~tiVCl.
A relaç~Cl do estado, no caso de S~o Paulo, com a
1....i Dht. E? bastante liberal,
,
nSo SP parte do princípio de que
C.'!:;tF·' ss~r'v :i.co, ,:'\::;!:;:i. rn c o mo serviços urbanos,
obrigaç5es do Estado.
Nesta fase tem-se um 1 :i. bc!r' c\:I. iS:;inu
com transPClrtes coletivos
lTlonupolizaç1o completa E'~ p)- :i. \/ ,,\ cIa POdE"-"se
de gest~o, no outro paIo estaria a estatizaçâu total dp todo
o sistema de transporte coletivo. Situaçio semelhante a esta
encontrada eM diversas ciclades de pequeno e médio
poder pÓblico se limitava à autorizaçâo de concessoes
-
deporte do Brasil, onde, ainda hoje, apenas uma empresa
privada de 6nibus opera com liberdade total de gestio dos
serviços, ou seja de planejamento das linhas, tarifaçâo,
controle, etc.
Durante este primeiro período a intervençio do
serviços e, através da Intendência de Polícia, regulamentar
itinerários de linhas, lotaçio, velocidades, iluminaçio
interna e proibiçio do tráfego de cargas em determinados
horários. A tarifaçio máxima era fixada no contrato de
concessâo.
o
11 período que se inicia em 1925&
resultadoda defici@ncia dos serviços de bondes. De um lado, estava
ultrapassada a fase em que grandes empresas do capitalismo
central investiam em serviços urbanos. Agravadas
economicamente pela crise do fim da década de 20, mas
principalmente pela nova reorientaçio em seus investimentos,
estas empresas mudam seu campo ,de exploraçio. Inicia-se um
processo de substituiçio deste meio de transporte, bonde,
por outro: Bnibus.
Por outro lado, o espaço urbano, também, passa
por transformaç5es que desfavorecem a expansio dos bondes.
Se antes o incipiente parque industrial paulista e as
precárias moradias dos trabalhadores (constituídas
principalmente de cortiços) se restringiam dentro do
perímetro de circulaçio dos bondes, a partir da entrada dos
serviços de transporte coletivo por 6nibus, a área urbana se
l
!
expande dentro de outro 16gica e
mobilidade de expandir e alterar SEUS :i.-1":.:i. nE~{.Ór :i. o~;:;q1..1E~
hnnc:lf::~~:;n;;~()po~:;s;'..!:í.dlll.
Em S~o Paulo foi
servi~o de transporte coletivo por ônibus.
corrida p euforia por impldntd~~o de linhas de ônibus.
A própria Light, tentando manter o monop6lio dos
!:;e r v:i.i;:CJ~::; dE' tr·<:Irl~::;F'crr:tp c0.1ct í vo cr··JEi Em 1926 uma linha de
ônibus e elabora um projeto de reorganiza~io dos serviços de
·i:..r·ans;por·tp co Letivo pc\l··ElE;i\o P"~lUJCl.U pr·ojE!to d'"i.Ll:'~jht.,por
diversos motivos. que nao cabem serem analisadus nesta
disserta~âo, n~o ? aceitu pela prefeitura, que no mesmo ano
resulve regulamentar Cl servi~o de ônibus.
EstE' FIr-E'v :i.<ê\
disc:iplinamento em nenhum aspecto deste meio de transporte:
nern frota, nem horários, etc. No inicio, o
ônibus 0 uma atividade de caróter artesanal, na
qual prevalecem pequenos propriptários que descobrem um
espa~o econ6micu com grandes pos~ibilidades de lucratividade
I
tamb?m, é característica de toda
a América Latina da épuca, como descreve FiQueroa:
"D surg írnortto re 1r..'ltiv<:lm(~ntE:!€!spontâneo
( Pf.':'CjUE!nClS
proprietários de diversas modalidades do
ôn i1:)1...1<:;) J m;::Jnutenç~lc)
estrutura at:omizada da propriedade como
intervenha minimamente, questâo que nâo
tra~o dominante, fazem com que o Estado
será revista até quando o setor tiver
crescido a dimensões já dificilmete
controláveis pelos poderes p~blicos"(4).
Em Sâo Paulo, segundo o estudo COMPLAN em 1930,
o servi~o de ônibus contava com 400 veículos pertencentes a
500 proprietários que competiam entre si (5).
Dando prioridade ao transporte coletivo por
8nibus em 1934 o prefeito de Sâo Paulo promove a unifica~âo
das empresas de transporte, reduzindo-as a 53 empresas.
Esta unifica~âo aliada a facilidade de
mobilidade e de expansâo de seus itinerários, acrescida mais tarde, da prioridade ao mercado de combustíveis derivados de
petr6leo e ao desenvolvimento da ind~stria automobilística
e, ainda, dada a op~âo do Estado de nâo investir em
transportes coletivos, tem como resultado um crescente
desenvolvimento do sistema 8nibus e a quebra do sistema
bonde.
Em 1937, a Light, em vista deste quadro, decide não
mais operar o servi~o de transporte coletivo ap6s a data de
17 de julho de 1941, quando então venceria o contrato de
concessâo. Entretanto, em funçâo da 11 Guerra Mundial,
Get~lio Vargas obriga a Light a operar os bondes
compulsoriamente por tempo indeterminado.
Pode-se dizer que a partir deste período, com a
unificaçio das empresas de 8nibus, e da compulsoriedade da
prestaçâo dos serviços por parte da Light, Q poder p~blico
passa a ter alguma intervenç~o no campo dos transportes
coletivos. Ou o ,3. abandon,3.r o
liberalismo econ8mico que caracterizou o período I.
Durante este período, as questões relacionadas
com a gestâo do transporte coletivo afloram. O poder p~blico
passa a acompanhar e registrar os dados operacionais do
servi~o, intruduzindo crit&rios de ~uncionamento e
interferindo na composiçâo das empresas, forçando a sua
junç:g-io.Por' outro lado, há um embate com a empresa que
monopolizava o serviço, a Ligth, inicialmente rejeitando seu
projeto de transporte entregue a prefeitura em 1926, que,
entre outras coisas, previa: a retirada dos bondes da área
central da cidade, o fechamento lateral dos bondes para
evitar acidentes e a evasâo de passageiros, a construçâo de
linhas e terminais subterrâneos, a coordena~~o dos serviços
de Bnibus com os bondes, evitando a concorrência, etc. O
embate torna-se maior quando o,Estado obriga a Light a
operar o serviço at& 1947. Além; disso, sâo criados 6rgios
p~blicos como a CETC (Comissio de Estudos de Transportes
Coletivos) em 1939.
O terceiro período inicia-se com a criaçio da
Companhia Municipal de Transporte Coletivo - CMTC. ~ um novo
marco, pois a partir daí, inicia-se a intervençio do poder
público al&m das +unc õe s qU.e começou a dF~senvol ver
Em .1.(;)·~ó., ptÍb 1:i.co a
EstE~ p':3.ssa
transporte coletivo.
serviço de transporte co I~?t.:i.vo c orno urna
Cria a CMTC, empresa de economia mista, cuja
+in,J.lida.dF:~E~ra a de prestar e explorar cum exclusividade o
~o;f2·~r·v :i.c.o PÜ 1:.11ico coletivo de passageiros no
rr"iu.nic :í.p:i.o dE! sâo Paulo. Em 1947 a CNTC come~a a·operar e em
1948 assina um contrato de concessio.
Como afirma Paulo Itacarambi:
CI"lTC nos
parece ser produt.o mais -1=arç:,:.:1 dD':;
+i:it:O~:~ do que c:li::\s id é ias." (6)
Os -1=atusa que se refere sâo:
- os boncies já estavam em processo avan cad o dE!
abandono e deterioraçio do ~?quipa.mE~nto
+í
sí>co, causado principalmente pelas restriç5es à
importaçâo durante p 11 Guerra Mundial.
I t In.' 'I'· t «Ór
o con':ra':o ce concessao a _lg,,' Jd
cido e a mesma se manifestou pela
serviço dO Estddo.
as empresas de Bnibus continuaram operando
ar-tesanalmente, poucas contavam com mais de iOO
(cem) vcí cu los .
as empresas de 8nibus operavam onde bem
o volume de recursos necessários para
reabili-transportes coletivos no seu conjunto.
tar os serviços era enorme e nio poderia ser
feito pelas empresas particulares.
No campo das idéias houve, desde a época da
proposta da Light, uma discussio pró e contra a exploraçio
púb Iica do:; serviços de transporte coletivo,
manifestado através da tese que propunha a coordenaçio e
unificaçio dos transportes coletivos. Esta tese tinha apoio
dE.'ntro de certos órgios públicos, entre técnicos e
políticos. Contrários ~ idéia estavam diversos empresários e
dirigentes políticos que consideraram que o poder público
nio dispunha de recursos.
A criaçio da CMTC nio significou, entretanto, a
municipalizaçio do serviço, a prefeitura recua no seu
projete original e parte para uma soluçio de compromisso. A
CMTC é constituída como sociedade an6nima de economia mista,
onde participam com a seguinte p~rticipaçlo societária:
prefeitura 32%
governo do Estado 28%
Light 24%
empn:!sários df:~ôriibus 1.0.%..
TOTAL iOO%
Esta decislo deveu-se as resistências feitas
pelos empresários em ger,::tl que buscavam limit,::tr
intervençio do Estado na economia. Além disto, buscou
/
minimizar a oposiçio dos empresários de 6nibus, pois estes
encampac;:ão dos
poderiam investir seU capital diretamente ou como sócios da
pl-efeitura .
coletivos por empresas do Estado, presente hoje, teve grande discussâo na ~poca da criac;:ãoda CMTC.
Paulo Itacarambi é da opini3o de que:
liaadquisic;:ãodes!:iafrota pela CMTC
(foram encampadas a Light e mais 17
empresas com a seguinte frota: 523
bondes para passageiros, 41 bondes
de carga e servic;:os, 64 bondes de
reboque para passageiros e 25 para
carga e 720 ônibus) representou, na
época, u.m "bom negócio" para -3,
Light e para as empresas de ônibus.
Pois à Light n30 interessava
continuar explorando o servic;:o de
transporte de passageiros (decis3o
que havia manifestado em 1937) e já
vinha negociando a venda do seu
acervo à Prefeitura Municipal desde
1940.
E, por outro lado, aquelas empresas
de ônibus que se negaram em
cont ínue r explOl-ando o servic;:o, e
nâo se interessaram pelo neg6cio,
empresários dos transportes coletivos, apesar da aparência
ato ele enc.::1mp.::1ç;:~lO...11 (7).
Esta 5ituaç~0 de encampaç5es vantajosas para os
de perdedores, poderá ser observada durante o estudo de caso
especifico desta monografia.
Um fato importante que marca o aparecimento da
CMTC é o quebra-quebra de 1947. José Alvaro Moisés faz o
estudo deste protesto pioneiro, dadas as suas proporç5es, e
que ocorreu por ocasiâo de um aumento de tarifa de 200 para
500 r é ia .
o
quebra-quebra nas proporç5es em que se deu,colocou em cena um ator até entâo pouco presente: o us~ario
do transporte coletivo.
{-)J gUris au torea vêem na criaç~o da CMTC o
resultado das press5es populares. Nâo se pode negar que elas
tiveram algum papel. Entretanto colocar ai a razio principal
nâo é sustentável. As raz5es da criaçâo da CMTC, analisadas
por Paulo Itacarambi, parecem be~ mais sustentáveis. O autor
assinala que o quebra-quebra ~e 1947 ocorreu em funçâo do
aumento das tarifas em primeiro de agosto de 1947, quando a
CMTC já havia iniciado sua operaçâo.
Durante este período, apesar dos problemas
ocorridos a CMTC teve participaçâo crescente no sistema,
atingindo em 1954, 89,9% dos passageiros transportados.
Isto se deveu ~ renovaçâo da frota encampada e a manutençâo
de um nível razoável de serviço, acompanhando a evoluçio da
demanda por transporte.
Entrentanto, durante o mesmo período, ocorreram
diversas condiç6es que levaram ao posterior declínio da
CI1TC:
a CMTC desde o seu início esteve em precárias
condiç5es econBrnicas e financeiras;
sua diretoria sofreu contínua e sucessiva
tro-ca impedindo a continuidade administrativa;
vários diretores foram denunciados como
tecni-t . . . I"
camen':e Incapazes e lnlconeos;
os prefeitos interviam na administraçào da
em-funç~o de interesses políticos e
po-pulistas (empreguismo, dE' 1 :i. nh<,:\<:';
com crit~rio eleitoral, etc);
no seu interior prevalecia o interesse privado
representado pelos antigos proprietários de.
empresas privadas;
além de nào encampar as 17 empresas restantes,
a CMTC permite a criaçâo de novas empresas.
D'::1 ana.• 1 .]~c.;E~ Figueroa pode-se concluir'
que este período da criaç~o da CMTC em sio Paulo se insere
clentr-oclE:~ um período característico de toda
Latina. Segundo este até a. !?poca ela qu(~b"('a
companhias de bondes se generaliza a ausência de
regulamentares elo transporte coletivo urbano. A partir d
companh ias; bondes; , o
o ser·viço de transportes coletivos
como proprietário de empresas de transporte.
um de
"Tssto (a qUE~br'adas companh ias de
bondes) ocasiona nos anos cinquenta
transferência das
bonde à propriedade p~blica, mais
por abandono do serviço por parte
das empresas que por uma política
explícita do sf.;)torp úblLco " (13).
Esta conclusio cabe perfeitamente no caso da
criaçâo da CMTC em sâo Paulo em fins da década de quarenta,
e, como demonstrou Paulo Itacarambi, esta criaçio foi mais
resultado dos fatos do que das idéias.
E mais uma vez, Figueroa nos permite generalizar f2st.at.e!3f:!:
"O set.or p~blico se converte entio
pela primeira vez em propriet.ário
de empresa de transporte p~blico,
forçado pela necessidade de
responder as press5es e demandas
dos usuário!5 e assumindo, P..J"Tf:
.f.ClX::.(;.ª d.Cl.$ f.ª.t.Cl.$ ,
explícit.a o
p~blicO" (9).
Ainda com relaçio ao que Itacarambi
sentido de serviço
chamou de
"mau rlE=~gócj.o",pois se comprava equipamentos
por preços relativamente bons, pode-se mais
dE~terí or-acioa
I uma vez c i'lar
r.::·iEJU.E~(·oa.pur apontar .isto como um mecanismo comum a toda a
" a empresa p~blica
um saldo negativo para o serviço; o
E~~:;;t:acloaS;!:;LlmE~empresas falidas ou
pC)r
+
aI i r , p tem que encarregar-se(H) )
.:runtElmE:~ntec orn dos transportes
c o lt,~tivos por partE' do I.:.<,d.:aclos t::~ncampa.ndCJp c r: iando t~mpf'l?S;::J.'c.:;
p0blicas, se desenvolve, tamb&m, de maneira generalizada na
Am~f'ica Latina a definiç~o de um maY"c:o dE" intE'rvE~n(;:?íoE~
Latina o apaf'ecimento dos termos de permiss~o
os quais determinam e regulamentam basicamente
a prática existente, cu seja, sancionam
c:orT'entf:~.
o que ~ prática
cles;ta&POCé:l cria-se, em geral em toda
{~m!?r ica Lat ina, U.!Tl maior dE"
organizaçio e controle dos transportes coletivos pelo Estado
de liberalizaçio, com liberdade de ingresso no
mercado e com liberdade de determinar diversos aspectos do
transporte coletivo, com seu p1,3.nf.~jernerrt o , percur'sos,
tarifas, ganhos econômicos, etc.
públicas têm um destino oscilante, como iremos observar nos
períodos posteriores. No Cé:'\~3CIde si,{o Paulo, e em diversos
palses ou municípios latino3mericanos, E'las
desap0recem em funç50 das forç0S de poder de c0da momento.
Percebe-50 que durante
diversas QU2stôes de suma importgncia à discuss~o da gest~o
dos transportes coletivos.
Regina Pdcheco da seguinte forma:
de 1955, a açao do poder
pt.í.I::l1. iCCl 1. (·?VOI..1 do
do nível
Cí"'lTC;
mu 1t:i.pI :i. c::a .•..·,:)fD'-"'Õ;(?
privadas atraindo grande parte da
dC-:~iT!é~rJri \~..
c,::lmpanl'la
da.
cerre.
:i.jilp U1~.;:i.O!) ,,\cJ.:;\ Eill P,::,1l'"-1::.E~ Pelo pod
E'r-púl::ll i co" basE'delaE'iYl a~-gl..1m~?nt.os como
PIJ.b:l. i c a
demanda por
transportes, dada a morosidade da
m,1.qu.:i.na DS
entr'aves; Clue cDloca
direta de u.m serviço público.
r'E~+or"ç:aVa()l a noç:7;o;o
cI o pr:i.V ,3.cIo ,
f ,,\vor cc: <=.~ncIo Clé~S
d o fTl'?!l-oC,::td o auto-:
empresas particulares de
transport0. Esta ati~idade privada,
intensificada a partir de 1961, foi
fortemente fundada nos
r·egul;.=,tcJor·(:1.:1.).I'
D\ ..l1-an tE.~ E!Ste CMTC consolidou-se,
a índa , como um dos principais pCll:í.tica
populista, Fl)-i rrc ípa 1rnEmte após a .Jân :i. o
Guadros, onde O atendimento prioritário da empresa passou a
!:;er a per-:i.fer-ia, Pc:"!!:;!:;anclo rE>nt:.é\veis
particu.l,:;'t("·~:"~'::;F:~ a!:;~.::;u.mincloIinh'3.s C:C::'H1 CI ...\~-::;tosmi::1.iorc:~;.Além
disso, abriu-se permissio a novas empresas, prorrogou-se o
pra z o permissiCl de antigas empresas, cl("~ixD U. ._..~":(:' cIF:'
inv€"~st:i.r- aclE::quadam€"mtE.' (investiu-se em jamanta rn:i.CT
0--ônibus), etc.
!\Iadécêlda ele 70 É·: t.om.sd.a com n ov a +orc a
arrtiga Ió
s
ic a , presente em toda discussiCl da gestio detransportes coletivos e que com as devidas diferenças também
destacou-se no período 11.
CJ pOc!f?r· PLlblic o ,;\CE':i.ta JÓg:;.c,:;\ de
func: iona.mento do ;3. l6gica empresarial
pr-ivada e que é necessário conseguir fTlelhoria nas condiç::5es
Para se atingir este objetivo, pressu.p5e-se
r·eor-fJani:zar c\S condiç::6es de operaçio,
adm:inistraç::ão,
qUE! c'nt~·,:C) qUE'! urn a
A conclusao que se chega em 1974, em Sio Paulo,
é que havia uma grande heterogeneidade nas empresas privadas
com um suposto
equilíbrio econômico entre as
semelhantes condi~6es econSmicas de opera~io.
lembrar que em 1974 o metrô ini c:i,civa c:i
operaçio de sua primeira linha, o que em tese recomendava
uma reorganiza~âo do sistema. Foram propostas diversas
além das permiss5es levantadas
<:01cifTL'::\, ,,' idéia de que o agrupamento de empresas
eliminada a concorrGncia entre
uma das causas da
Este plano nio chegou a ser totalmente implementado. Em 1974
operavam em Sâo Paulo 74 empresas e em +o r am
a 66 empresas, que continuavam com custeiS
operacionais desiguais.
Uma mudança maior só yeio ocorrer em 1977 como o
estabelecimento de um novo contrato entre ,'·l. Ct·1TC
empresas privadas.
Foram definidos 23 setores de operaçâo com
concessio exclusiva de opera~~o a uma empresa ou ;::l. 1..I.m
consórcio de empresas, sendo que cada empresa ou consórcio
~::;ó PDelerA
·f:clif!.~ntâo
operar em um setor. O n~mero de empresas privadas
reduzido a 38 e apenas a CMTC poderia operar em
qualquer setor ou área ele opera~io.
"As!:iim ao monopólio :i.n :i.c:i0:1.1iTl(,~1'1tE'!
CI'1TC, subst.itu iU--sf.:~ o
il:onc::;pÓ 1. :i.o a.t;TO :i. b u:í.dCl a cada empresa
lado, a uma 6poca onde os custos operacionais tiveram
um aumento sigflificativo e o poder aquisitivo da populaç~o
{=o :io~:;:oE~n~3:i.vE·llnEo~n-1.::E' rF!:eI u :i'.ido o
Dentro deste período cabe reservar um espaço
o desenvolvimento do movimento reinvidivativo
Edison Nunes analisa os movimentos de
quebra-quebra nos trens e Bnibus de S~o Paulo e do Rio de Janeiro
no período de 1974 a 19810 E conclui, da mesma for~a. que
chamada abertura pOlítica, as classes populares
continuaram se ressentindo da falta de canais de expressioo
r::,·,t
roeti::\ntCl,ornbor-a não é1.pontf:~CJ surogirnonto clf."Órog2~():::;Clroganiza(;:Z'ÍoF-' no que se
questão cio transPClrte, o autor nClta o surgimento ele novos
p t"otaE(oniSt,30~-::;o (:Uém dos administradores elas;
dos Estadcl E' de ór·ofJão·::;de
segurança, aparece a figura de diversos parlamentares e de
diferentes associaç5es de amigos de bairroo
Particularmente na Regi~o Metropolitana ele Sio
clo~; 70 que ocorre uma
problematiza~ilio da quest~o dCls transportes urbanos, ou seja,
relacionados aCl transporte coletivCl passam a
"",0
=
envolver n~o mais cada usu'rio individualmente, mas o
conjunto de usuários de uma regi~o ou município. Nio que os
problemas n~o digam respeito a todos os usuários, mas que, a
partir desta época passam a ser expressados coletivamente
através de movimentos organizados ou espontâneos destes.
Regina Pacheco, aponta como acontecimento que
marcam a mudança qualitativa da qU8stio dos transportes a
onda de quebra-quebra iniciado em 1974 no Rio de Janeiro e
em 1976 em S~o Paulo com a depredaç~o de veiculos e
instalaçio da rede ferroviária de subórbios. Nos anos
seguintes continuam a ocorrer manifestaç6es, seja através de
aç:io direta (depredaç:io de 6nibus e trens) ou movimentos
'·F:.\l.r1vidiC-3.tivos.
mani·fE.\staç:ões com
respeito a questões de seguranç:a no
tráfego, os habitantes da periferia
po,· seus pr·óprios rneí oa ,
interditando a circulaç:io de
algumas ruas com obstáculos, depois
da ocorrência de acidentes mortais
nf::,stasruaa " (13).
I:: c Iaro qU€~ as aç:ões di \-etas nos tr·ans;portesnio
ocorrem isoladamente, fazem parte de um conjunto mais amplo
de mobilizaç:5es e reinvidicaç:ões populares
anos 70 e ampliados nos anos 80.
iniciados nos
liA riov
í d ad e colocada estas
manifestaç:5es constitui sobretudo na
c a.m,a.i.:I';1<,;
possihilidade concreta de reaçio das
difíceis condiç5es de o xist&nc iEl
Se de um lado hou~e uma reaçio das camadas
populares, de outro lado houve uma a~~o dos outros agentes
do setor de transporte.
o
Estado com seu caráter autoritário, ignoravadeliberadamente os problemas de transporte. Aos empresários
a quest~o de transporte era uma questio tarifária.
o
Estado modifica sua açâo implantando mudanças:i.n~:;t:i t.uc í on aísi (FDTU, S!··JT"U, FDTU)
investindo na infraestrutura e em equipamentos de transporte
( 11to'tr'fi, T1-Ó:I.E~i bu ~:; , etc) e passa ao mesmo tempCl a justificar
os problemas a partir da crise energ~tica (necessidade de
substituiçâo do petr6leo) ou mudando a forma de gestio dos
transportes coletivos (concessâo).
Os eiTlPr'f:~siélr'ieIs paSis·am a ag ir- c:omo um IIator
de pressâo nas negociaçSes
com os 6rgâos p~blicos.
Já o início dos anos 80 marca o surgimento de
diversas entidades, ou tentativas de enticlad~?s
ligaclas a questio cios transportes coletivas.
Caetano, Diadema e Mauá)
F:';i Si;)rl tCJ t'.:\nd r'é~E furi d c::.cIa <::\ pr' iiTiE:':i.l-Oa ê:\~:,~;oc::iaç::;:2io
clE'~us:.u.Ó(·:i. U,,:; d (::" .:::r.::,l.n~:::·PDrtE~~:i PIÁ!:>:I. :i. cos:; do Hr a':i :i. :I. .
Esta ~ formada por Comunidade Eclesiais de Base
Amigos de Bairro e ~:; :i.nti ic:'::.\t; (]Si cIE'~
trabalhadores. Na do município de S~o F\:\ulo
(Vila Diva ... CUhd.b T
.r, f:~ 11) nao furmadas
aSSOClaçoes de usuários, mas foram frequentes
e Vila Sâo José) e na Baixada Santista.
Ja em Osasco E formada um Comissâo de Tarifas
composta por ,-epresentantes do Conselho Popular Comunitário,
PE~10 ~:;irlcl:iC<:!tCl
prE~f (;:~i.t u r: a c:ICJ PMDB. Em Guaru:l.hos foi instalada uma CEI que
FiaI" <::! qUE~ un i fj.c:<:\S;~:;C':'(l\ U';; movi1IlE::\rlt;O~:; p op u 1ar'E'S;
formando uma comissâo de usuários de transportes coletivos.
Percebe-se o percurso pelo qual passaram os
rnov iIfiE~nt(Jsi rE-:i n v i d i.cat; i vo-s dE·' t r.:·:.In~:;pC)rtecoletivo.
e-r
r'E',::'Ç:oEIS pUPt...\ 1.E:\r·t-;'·!<::; vi U1.f:!rd:.ê:!s
explosivas, sendo combatidas, apesar qUl?
E~nv o1VE:' , por'
Percebe-se tambim que estas manifestaç5es nâo se revertem em
nenhum",! 'for-ma de or9anizaç~o popular específica. No período
p6s-64. durante os anos de autoritarismo. observa-se um auge
institucionais. Os o~ganismos que surgem 530, em boa parte,
ligados ao Estado, mas ao mesmo tempo opostos.
Percebe-se ao mesmo tempo uma nova vis~o na
d . . I
-a mlnls':r-a~-ao p0blica. A Secretaria dos Neg6cios
Metropolitanos por exemplo, cria, atrav0s da Emplasa, a
figura do fiscal auxiliar. E uma clara tentativa de absorver
institucionalizar os movimentos reinvidicativos de
transporte p0blico. Este
&
um dos aspectos mais preocupantespara qualquer estudo destes movimentos ao avaliar até que
ponto a sua inserçâo nos canais irlstitucionais do Estado nâo
provocará uma perda de autonomina, limitando sua
participaçâo organizaçâo, levando ao profundo
enfraquecimento destes. Outra questâo e a de saber qual a
influência de reestruturaçâo partid~ria nos movimentos.
Voltamos a uma velha questio: se nas situaç6es de
autoritarismo ocorre a ausência de canais institucionais
para expressar ~s demandas populares, apresentando situações
de explosividade; nas situaç~es com uma aparência
democrática abrem-se canais departicipaç~o, mas ao mesmo
!
tempo de desarticulaçio do que existe precariamente.
Ao tratar, ainda, de Movimentos Sociais Urbanos
~ preciso reconhecer que as classes populares urbanas nio
sio apenas objeto da vontade de grupos dominantes e do
Estado e assim possuem uma percepçâo pr6pria.
As contradições nascem do conflito entre as
crescentes necessidades da reproduçio da força de trabalho
as necessidades do desenvolvimento do
capitalismo. Este desenvolvimento vem se dando por meio de
mec an ismC)!:;;dE.' !=;uper·-e·'xplor·é1.<;::i'loda -forc a de trabalho, da
pequena participaçâo do EstadCl e do Capital
-força de trabalho. O EstadCl sempre esteve
entre a incapacidade de recursos para investimentos voltados
a criaç;:~o de infra-estrutura necessária ao desenvolvimento
industrial e a alternativa (nâo realizada) de aplicar estes
recursos na reprClduçâo da força de trabalho. <luaI
que~r-mOdificaçâo neste sistema dependerá da for~a do Movimento
e a força destes dependerá de
popular, sólida e independente dos desejos do Estado e das
classes dominantes.
E para -finalizar este capítulo, cabe levantar
algumas definições a nível nac:iemaI com significativa
influªncia sobre os transportes coletivos.
A partir de meados de década de 70, percebe-se
uma mudança na orientaç~o da política federal de transporte
urbano. Até os anos 70 a parti~ip~çio do governo federal era
esporádica e atomizada, o controle só era direto no que se
referia sobre modalidades específicas de transportes (trens
de sLlbtÍrbia) . Já as dec isões a respei to elos inve·stimentos e
das tecnologias a serem emprega~os no transporte urbano eram
locais.
De
acordo com Cheibub:"A par-ti ,-de meê\dos ela dÉcadà de 70I o
governo federal passou a
sistemática na ele
institucional especiali2ado e
mecanis-transporte urbano, criando um aparato
mo de financiamento específicos para o
Em 1975, foi definido o Sistema Nacional de
Transporte Urbano (SNTU). Em 1976, abril, criou-se a Empresa
Com a cria~~o da EBTU esta passa a seguir o
Fundo de desenvolvimento do Transporte Urbano (FDTU).
F:<::;t.P aparat.o institucional garantiu uma maior
intervençio do governo federal, ~odendo ser vista como um
indicador de um centro de liga~Jo da política de transportes
o papel decisivo
clO~:; 9 O\!(=~"('nD~:; locais na determina~âo de suas políticas de
transporte. O Governo Federal atuou fundamentalmente na
realiza~âo das despesas de capital - investimentos na
infra-estrutura física e equipamento, ficando a cargo dos governos
IDeais a.~; df~!spe~:;asd€·~ Cl.l~:;t(·:;~io,pu seja t.oda -3 definir,:âo de
estrutura gerencial dos sistemas (operaçio, administraçio e
manuten~âo financeira).
atua~âo - um governo federal um dos governos locais
apesar de distintos eles se condicionam mutuamente.
política
Li . l l -~.
que .. rm rrarn é.:\ d·:.U,:ir.:E\rJ do governo local.
Cheibub conclui que:
liberdade para a a~io dos governos
Loc aí s na política de transporte,
E.'stes podem ser vistos como
inteiramente livres para decidir em
todos os aspectos desta política.
Encontram-se na verdade, limitados por
uma política mais geral que transcende
a pr6pria área de transporte urbano,
alguma das quais sio capazes de gerar
um impasse no setor em virtude mesmo
nio depend€~rem dos
diretamente !'2nvolvidos"(j.6).
Apesar destes limites a maioria dos governos
locais no setor de transporte urbano visam contornar a
situa~io de impasse em que se encontram. ~ neste sentido que
as varia~5es sâo grandes. Cada governo local possui, apesar
dos limites, alternativa pr6pria e mecanismos independentes.
Por ist.o é import'3nte fazer ;a ,3.nálise local. Existem
varia~5es na capacidade de governo dos governos locais,
!
capacidade que tim de levar adiante os seus projetos e suas
políticas.
Cabe a í nda , ac r es.c errt ar- que as mudan<;:as
apontadas na rela<;:ãogoverno federal e governo local na
gestio dos transportes coletivos, estão relacionados a
mudan~asocorridas, também, na rela~âo dos movimentos
sociais com os gestore!::; destes~ meios a partir da
deteriora<;:ão das condi~5es de transporte na década de 70.
t!DIf.~B ....)JCl...C{je.LII.JL.Cl ....í~~
(1) HENRI, Etienne.
(P) 1TACr-1R{~MBI, PdU I o 1~~Uf.Justc)UI :i.VE'i r-a. B fl.d.m.;l..n.i..~i.tx::.ç,1.ç;;.aí.~;!...d.ç,i
DJ::?J~rc:;.H:\;-ªQcI.Q I.cj,'J,r.1..~ip..Q:ctf;;; CQ.1J;;::t.i..Y.Q E.Q.C Ô.iJ..tb ..I,..!.!;;i ~~r.o
.s;~.Q
1::::.{:;\.u.l.Q ..;...E.üb..l...;U;;.~\.. Ci.t...\....F:x::.;i -..Y..{.;\.d.~i.:(' !:;i~o F'dU 1o , rn :i. mE' C), J.. 98;-5.
DissetaçSo apresentada ao Curso de Pós-Graduaçâo
ela FGV/EAESP.
(3) CORNEJo. Ione Marisa K. e Pacheco. Regina Silvia. Ax:::L.;~::::
f.i.âí.Q F.ç;\.u.1..0 ..; .E;::,vJ.1.1.1,.i.(;,;.~í.o
n.(~~G.~n.t
..(~{ ,~~~
F ,Q.c..~;ir)..í;).ç;;:L.Lv..ç;\.$. S ~~oPaulo, mimeo, 1986. Texto apresentado ao 111 Cem ....·
curs.o Nac i on aI clE~l'lonofJr'af i a s;ohr'c~ Tr-i:;\nspor·tE~sUr---'
banos, promovidos pela CAPES/EBTU em novembro/86.
P.c:!.c.t.~~ .c.Qll;;~ç.t..i.y.Q U:cbj).D.Q j7;:[) PII.nér ..i.i~:.!;l ,.L;;),.t.i.n.,;.;\.... Mim~=!DJ
.1.987, p.3.
(~) ITACr-~I:;:AI'1BI,Paulo (lUfJus,tn Dl í veíra . f.:) D.dm.;Ln.:i..~i.t.r ..ç;tç;;.ª.ç:L. .d.ª
QeE.ca~-ªQ ... p.27.
( ó ) ITACr-~F~AI'1BIJ Pi"ulCl r-~U9us;tCJDl í ve í ra . A .e.ç;lf.1:d.r.\.;i. ..~i.t.Lª.Ç;;.âí.Q .d.~-:\
(]) IT(.~jCAFU·,r'lI3I, Paulo {~iUr,ju.:.::;toOliveira. f?t .Pidm.i.n.i ..s..t.c!~f.\}kl... .d.';;} D2~r~~ZQ ... p.76.
( El) F I GUEnUr.; JUs-c:: a)""". 1.?.c!.-:lI:ü.'(·;:;fl~:),.d...P.c.i ..Y..'~d.ª....Y. •.. p : ~].
(j.2)CORNEJO, Ione Marisa K. e Pacheco, Regina Silvia.
Arti=
( 13) PACHE::CO, Rc·!gina. !:;t~i.Q .f:.i:;I.\..I.J.çl....fl.!].Q.~ ..
...z.o..;
Cl....f:.ç;IRe.l S.o.ç;;jª.l. ÇLO.;:;i.TC ..';J.D:;;iF).Q:C.t.(;;:S...c.Q.l.I;;~t ..i..
v:cv:;,;..,.
Sem ínários: Tr:an:3port ey
Servicios Urbanos en America Latina. Quito, mimeo,
p. 584.
( 14) Pf~CI+::'C(), neg í na. fi:~~.Q...P.i;"\.\..!.l.Q....flr.to.s...7.Q: ... p .~j84·.
(.1.5) CHI;=':I 13UEl} \JCl~::;I~ (:)nton i o I3Clr·g[·!~;. .c.'~p..'7;l.J.:.i.d;.;u:l.e ....d.~~...G.O.Y..17~.cn.Q... n.Q
f:l.f;;1X::.:v:.i..(.;.Ç;1...ct.(:.~...T.c.ç;ln.sr.cí..Çl.L.t.f;;; ....eúb.l..i ..c.Ç.l ..•...0 ...c.ª.;;i.Q ...d.<;;...S.~:j.Ç;!....p.ç;i.t\::-::
11:L. S~:iClPaulo, IDESP, .1.9B5 ... p. 7.
(16) CI..II::::IEIUB, .JClS€:.~Antonio BOl"""gf.'!S. C.ªP..ª.ç;;.i ..ç;Lç;\.ct.e...d.e ... p. 33.
F'f:PTE I I