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22 de Março Dia Mundial da Água

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15 a 22 de Março de 2002

22 de Março

Dia Mundial da Água

SEMANA DA ÁGUA

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organização das Nações Unidas (ONU) adot ou, em 1993, uma resolução que inst aura o dia 22 de março como sendo o Dia Mundial da Água.

A

Aproveit ando essa oport unidade, o IRPAA (Inst it ut o Regional da Pequena Agropecuária Apropiada), a Cárit as Brasileira e o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Inf ância) resolveram ir mais longe. Desde 1999 sugeriram a realização da Semana da Água, e passaram a organizar event os e produzir mat eriais para subsidiar as discussões durant e a Semana da Água de 15 a dia 22 de março.

A principal originalidade dessa iniciat iva é f ocalizar a at enção sobre o Semi-Árido Brasileiro, uma região onde os recursos hídricos são de part icul ar import ância, consi d er and o suas car act er íst i cas cl i m át i cas, pl uvi omét r i cas e soci oeconômi cas. Por ém, as discussões não se rest ringem ao cont ext o semi-árido, uma vez que o problema da água é, cada vez mais, uma problemát ica planet ária.

Já em 2000, a Semana da Água cont ou com uma série de event os e mat eriais organizados para sust ent ar as discussões. Em 2001 out ros mat eriais f oram elaborados: um cart az, uma cart ilha e a página na Int ernet (home page), q u e e s t á a s s e n t a d a n o e n d e r e ç o s e g u i n t e : ht t p:/ / www.ircsa.org.br/ aguavida. Est es mat eriais, em 2001, adot aram o t ema "Água-Direit o à Vida" e impulsionaram as discussões

durant e as at ividades da Semana da Água. Eles ainda est ão disponíveis para as discussões dest e ano. A cart ilha t raz import ant es inf ormações e dados sobre o problema da água no nível local e global. Já o cont eúdo da página, disponível na Int ernet no endereço indicado, além de disponibilizar o cont eúdo da cart ilha, amplia as inf ormações com coment ários e dados adicionais.

Em 2002 resolvemos adot ar novos mat eriais para subsidiar a campanha e as discussões da Semana da Água, que t omam, nest e ano, como t ema a quest ão da capt ação da água da chuva. Assim, o mat erial será const it uído de um cart az, um f older e um port f olio. O cart az serve à campanha "publicit ária" da semana; o f older é mais volt ado para as comunidades, grupos e ent idades rurais Semi-Árido ou com at uação nesse set or. Já o port f olio é mais volt ado para a classe polít ica, para os/ as educadores/ as e os/ as demais f ormadores/ as de opinião. Você que est á recebendo est e mat erial procure t irar proveit o dele j unt o ao seu grupo, à sua inst it uição, à sua comunidade, ao seu meio social. Se f or o caso procure inf ormações ext ras, especialment e no mat erial organizado nos anos ant eriores, part icularment e aqueles que serviram às discussões no ano passado.

E bom proveit o!

Comissão de Organização da Semana da Água 2002.

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Hoj e vamos f alar de água.

A água é mat riz da vida. Nosso planet a t erra é compost o por dois t erços de água. Também nosso corpo e o corpo dos animais e das plant as são compost os por dois t erços de água. Além disso, os est udos indicam que t odos os seres vivos evoluiram de f ormas de vida aquát icas, pois um dia a Terra t oda j á f oi cobert a de água. At é o Semi-Árido dizem que j á f oi mar: e o mar virou sert ão!

Com a água mat amos a sede, hidrat amos o corpo e t ambém invent amos segredos. A água serve para beber, para banhar, para cozinhar, para nadar, para lazer, para prazer, para benzer, para rezar (de sol na cabeça), para j ogar na t empest ade e f aze-la recuar, para aguar o chão da sala e pila-lo para o

f orró; para bat izar, para brincar na biqueira em dia de chuva. Quant as coisas est ão ligadas à nossa relação com a água e com a chuva! Quant os segredos! Quant os símbolos! Quant as cores. Cores da vida!

Pois bem! Com t ant os usos e abusos da água, ela corre perigo! Est á se t ornando escassa. Rara. Isso em decorrência do seu uso inadequado, t ant o no consumo humano e animal quant o na produção de aliment os pela irrigação, ou no consumo indust rial. Mas t ambém porque a população mundial t em crescido ext raordinariament e, aument ando a demanda de consumo e diminuindo os mananciais de água doce do planet a. Hoj e os especialist as j á af irmam que pode f alt ar água para beber. O

planet a Terra é f ormado por cerca de 1.370.000.000 km³ de água, dist ribuídos em 2/ 3 de sua superf ície. Com esse considerável volume, o nosso planet a poderia ser chamado de Planet a Água. Desse volume t ot al, 97,5%, compõem as águas dos mares e oceanos, port ant o são const it uídos de águas salgadas, não adequadas ao consumo humano. As águas doces correspondem a apenas 2,5% daquele t ot al, sendo apenas est as adequadas ao consumo humano.

Ocorre que, mesmo est e pequeno percent ual de água doce (2,5%) ainda não est á t ot alment e disponível para consumo humano. Isso porque desse pequeno percent ual de água doce exist ent e no planet a, dois t erços dele encont ram-se localizados nas calot as polares, port ant o, com água em est ado sólido em f orma de gelo polar, não havendo, no moment o, t ecnologia disponível para of ert á-la às populações. O rest ant e, apenas um t erço daqueles 2, 5% das águas doces, e correspondent e a menos 1% do volume inicial, é o volume água disponível para o consumo da população mundial, est imada hoj e em mais de 6 bilhões de pessoas. Considerando esses 6 bilhões de pessoas mais animais e plant as, e considerando que a ONU def iniu uma média de 1.000 m³ de água para cada habit ant e, em um ano, chegamos à conclusão que a água na Terra j á est á pouca para t ant a gent e.

VAMOS FALAR DE ÁGUA

Os 2,5 % de Água Doce 2,5 % de águas doces

A ÁGUA NA TERRA

97,5 % de águas salgadas

2/ 3 gelo polar

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O Brasil é um país privilegiado em t ermos de recursos hídricos. Ele det ém ent re 8 e 12% da água doce que exist e na superf ície do planet a. Desses recursos, algo em t orno de 72% est ão localizados na bacia amazônica, região na qual vivem menos de 8% da população nacional. Enquant o há f art ura de água em cert as regiões, em out ras há ext rema escassez. O Nordest e, que é quase t ot alment e semi-árido e é mais populoso do que a Amazônia, det ém apenas 3% dos recursos hídricos do país, sendo que 2/ 3 dos quais est ão na bacia do rio São Francisco. Isso signif ica que, mesmo o Brasil sendo rico em recursos hídricos, há uma enorme desigualdade em sua dist ribuição. Eis porque j á começam a surgir disput as, conf lit os, em f unção da água. É o que acont ece quando a quest ão é o proj et o de t ransposição de águas do rio São Francisco para out ros est ados do Nordest e, t odos semi-áridos.

Mas o desaf io no Semi-Árido é pensar em out ras soluções mais sust ent áveis. E há muit as ao alcance de t odos, especialment e dos/ as pequenos/ as produt ores/ as rurais do Semi-Árido, t ais como as que est ão aqui indicadas.

Em t odas as part es do mundo, os habit ant es humanos descobriram empiricament e t ecnologias e desenvolveram comport ament os de acordo com as exigências climát icas locais. Nist o se enquadram os sist emas de capt ação da água da chuva, ut ilizados há milhares de anos no nort e da Áf rica e na Ásia, bem como a seleção de animais e plant as resist ent es às variações climát icas, como os caprinos, e os grãos como o sorgo e o milhet o. Assim cada clima, det ermina a exist ência da vida no aspect o biológico e t ambém o f az no aspect o sócio-cult ural, moldando os hábit os da população, a sua hist ória, mot ivando conf lit os e pact os, int erf erindo na convivência ent re as pessoas e na est rut ura social; nas f ormas de crença e no conj unt o de element os simbólicos de f orma geral.

No Semi-Árido Brasileiro est es hábit os não se most raram adequadament e sust ent áveis, uma vez que incluíram a prát ica das queimadas, a criação de gado bovino, solt o no mat o e prát icas de capt ação e armazenament o de água que hoj e são pouco aconselhadas, como os barreiros e out ros reservat órios a céu abert o. Mas há, ent re essas prát icas, a cacimba. Aquela que muit os conhecem como cacimba de bogó. Ela se assemelha ao caxio pela pref erência pela prof undidade, ao invés da ext ensão, e é cobert a como a cist erna. Mas é f eit a sobre uma f enda no solo granít ico, que permit e o acesso a um veio subt errâneo de água. A vant agem é que capt a água do subsolo e, sendo cobert a, conserva a água sempre limpa. É recomendada para os casos em que é possível encont rar água no subsolo, sem que se t enha que cavar a grandes prof undidades. A cacimba é uma das poucas prát icas adequadas de relação com o clima que f oi desenvolvida pelo povo sert anej o e j á é conhecida de muit a gent e.

ITENS DA CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO

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2. A CISTERNA

N a v e r d a d e , n u n c a s e desenvolveram no Semi-Árido boas t é c n i c a s d e c a p t a ç ã o e ar mazenament o de água nas comunidades rurais, sendo est e aspect o mais grave do que a escassez de chuvas. Por isso a cist erna não const a como uma t écni ca bási ca ent r e o povo ser t anej o do Sem i - Ár i do. As c i st e r n a s a i n d a sã o p o u c o conheci d as ent r e p essoas e som e n t e r e c e n t e m e n t e e l as passaram a ser dif undidas em

grande escala pelas ONG's que at uam no Semi-Árido rural, especialment e aquelas ligadas à ASA - Art iculação do Semi-Árido. A cist erna t em se revelado uma t ecnologia básica que, uma vez acessada e manej ada por cada f amília do Semi-Árido rural, as t orna mais aut ônomas, menos dependent es e mais responsáveis. At ualment e a f alt a de hábit os aut ônomos ainda f az com que muit as f amílias t enham que andar a pé, de j egue ou de carro de boi, para conseguir um pouco de água ou t enham que mendigar um carro-pipa dos polít icos. São muit o comuns as cenas de mulheres e crianças percorrendo quilômet ros em busca da água para uso domést ico ou para saciar a sede dos animais.

A cist erna, uma t ecnologia simples e barat a, evit aria que essas imagens cont inuassem a se reproduzir no Semi-Árido. A cist erna é uma t écnica de capt ação e armazenament o da água da chuva que consist e em ut ilizar o t elhado da casa para capt ar a água da chuva e, at ravés de uma calha adapt ada à bica, levar a água capt ada do t elhado at é uma cist erna, onde ela f icará armazenada para uso domést ico, especialment e para beber e cozinhar. Em cerca de 90% dos casos, a área do t elhado das casas é grande o suf icient e para garant ir uma quant idade de água pot ável suf icient e para t odos que moram debaixo desse t elhado, durant e o período mais crít ico da est iagem. Isso permit e que cada f amília aprenda a administ rar com aut onomia as suas necessidades de água e as f ormas de supri-las. Essas necessidades no Semi-Árido rural são de aproximadament e 14 lit ros de água por pessoa/ dia. Isso inclui apenas a água para beber, para cozinhar, et c... mas não inclui a água do banho, para lavar roupa e para dar aos animais. É essa a "água da f amília", a água básica. Nest e caso, uma alt ernat iva segura é f azer cist ernas com volume máximo de 20 mil lit ros de água, que não apresent am riscos de rachadura, mesmo ut ilizando mat erial de const rução barat o.

3. CAXIO

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4. BARRAGEM SUBTERRÂNEA

Além de se preocupar com a reserva de água para uso humano e para os animais, é preciso f acilit ar o acúmulo de água no subsolo, para f avorecer o plant io e a abert ura de cacimbas. A água t ambém corre por baixo do chão. Assim é possível f azer a barragem subt errânea. Ela é f eit a em locais em que há desnível na drenagem do t erreno, f avorecendo o represament o d e á g u a n o s u b s o l o . Es s e represament o é f eit o at ravés de uma escavação que se f az no t erreno e onde se coloca uma lona plást ica, que

servirá para impedir a passagem da água pelo subsolo. A água represada embaixo da t erra, gera uma umidade f avorável ao plant io. Assim é possível plant ar f rut eiras e f orrageiras nas bordas do t erreno, f azer o plant io pelo cent ro do t erreno e ainda abrir uma cacimba no cent ro do represament o.

5. CAPTAÇÃO DE ÁGUA IN SITU

Out r a t ecnol ogi a que f avor ece o aproveit ament o da água da chuva para o plant io é a capt ação in sit u, ou sej a, no pé da plant a. Isso é f eit o f azendo-se leves sulcos que obedecem à curva de nível, ou sej a, sulcos que obedecem aos níveis e desníveis do t erreno, e vão f azendo curvas para suavizar esses desníveis e deixar o percurso mais ou menos nivelado. Assim a água que cai da chuva f icará represada e não escorrerá, pois não haverá "queda" no sulco que f avoreça o escorriment o.

Essas medi das apont adas aqui , a cacimba, a cist erna, o caxio, a barragem subt errana e a capt ação da água da chuva in sit u, são alguns dos it ens essenciais da "Convivência com o Semi-Árido" que aj udam a minimizar os ef eit os negat ivos do clima e a maximizar as possibilidades de melhorar a vida e a produção no Semi-Árido. Aj udam a diminuir as necessidades de água e a aproveit ar melhor a água que cai da chuva.

Além do uso dessas t ecnologias simples, barat as e ef icient es, os homens e mulheres do Semi-Árido devem t er em ment e que os recursos nat urais podem se acabar; que durant e muit o t empo agredimos a nat ureza do Semi-Árido com queimadas, com pisot eio do past o pelo gado bovino; com ret irada de madeira e out ras prát icas ext rat ivist as predat órias e que, agora é hora de ref azer essa cult ura. É preciso começar a escolher o t ipo de plant a para plant ar e o t ipo de animal para criar: procurar aquelas espécies mais resist ent es às variações climát icas e que consomem pouca água.

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