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Academic year: 2021

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Paula Manuela Duarte Pinto Azevedo

S IS TEM AS P OLÍ TICOS : O S IS TEM A B I P ARTID ÁRIO E AS E LEIÇÕE S NOS E S T ADO S U NIDOS D A A M É RIC A

Dissertação apresentada ao Instituto Politécnico do Cávado e Ave para obtenção do Grau de Mestre em Gestão das Organizações, Ramo de Gestão Pública

Orientada por Pedro Nunes

ASSOCIAÇÃO DE POLITÉCNICOS DO NORTE (APNOR)

INSTITUTO POLITÉCNICO DO CÁVADO E AVE

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Paula Manuela Duarte Pinto Azevedo

S IS TEM AS P OLÍ TICOS : O S IS TEM A B I P ARTID ÁRIO E AS E LEIÇÕE S NOS E S T ADO S U NIDOS D A A M É RIC A

Dissertação apresentada ao Instituto Politécnico do Cávado e Ave para obtenção do Grau de Mestre em Gestão das Organizações, Ramo de Gestão Pública

Orientada por Pedro Nunes

ASSOCIAÇÃO DE POLITÉCNICOS DO NORTE (APNOR)

INSTITUTO POLITÉCNICO DO CÁVADO E AVE

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Resumo

Pode dizer-se que os partidos políticos são grupos de pessoas que têm como base objetivos políticos comuns, com as mesmas convicções e os mesmos propósitos políticos, e que tentam apoderar-se do poder governamental.

Pode ainda enaltecer-se a importância dos partidos políticos como um instrumento de intervenção do povo no momento de escolher os seus governantes e, por conseguinte, como um meio de solidificação da democracia, uma vez que é através dos partidos que acontece a eleição dos representantes do povo no Governo.

Os partidos políticos têm como função expressar e constituir a opinião pública, sendo que o número de partidos influencia a variedade de opiniões sobre assuntos da sociedade. Assim sendo, uma sociedade com uma estrutura socioeconómica complexa irá ter mais partidos do que outra com menores divisões sociais.

Dentro dos partidos políticos pode distinguir-se três sistemas partidários, o Monopartidário, o Bipartidário e o Multipartidário, sendo que nesta dissertação, o sistema que irá ser explorado será o sistema Bipartidário.

Considera-se um sistema Bipartidário, um sistema em que dois partidos são capazes de competir pela maioria absoluta dos mandatos, onde pelo menos um dos dois consegue atingir uma maioria absoluta, um sistema onde um partido é capaz de governar sozinho sem coligações.

Num sistema Bipartidário, o partido maioritário tem como responsabilidade a aplicação das medidas governamentais e o partido minoritário tem como responsabilidade exercer o papel da oposição, sendo também expectável neste sistema político a rotatividade do poder.

Nesta dissertação vai-se procurar entender se o sistema bipartidário contribui para atividades políticas de sucesso ou se, por outro lado, contribui para o fracasso dessas mesmas atividades.

Perceber a influência dos sistemas políticos nas políticas públicas, compreender de que forma o sistema bipartidário é benéfico ou prejudicial para o progresso político e perceber se a implementação do sistema bipartidário em alguns países será benéfico para a população desses países.

Palavras-chave: Sistemas Políticos, Sistema Bipartidário, Opinião Pública.

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Abstract

It can be said that political parties are groups of people based on common political objectives, with the same convictions and the same political purposes, and who try to seize governmental power.

The importance of political parties can also be praised as an instrument of intervention of the people in choosing their leaders and, therefore, as a means of solidifying democracy, since it is through the parties that the election of representatives of the people in the Government.

The Political parties have the function to express and represente public opinion, and the number of parties influences the variety of opinions on matters of society. Therefore, a society with a complex socio-economic structure will have more parties than one with lower social divisions.

Within the political parties can be distinguished three party systems, the One-Party, the Two-Party and the Multi-Party, and in this dissertation, the system that will be explored is the Two-Party system.

I tis considered a Two-Party system, a system where two parties are able to compete for the absolute majority of the mandates, where at least one of the two can reach an absolute majority, a system where one party is able to rule alone without coalitions.

In a Two-Party system, the majority party has the responsibility to Government measures, and the minority party has the responsibility to exercise the role of the opposition, is also expected the turnover in this political system.

This essay will seek to understand if the Two-Party system contributes to successful political activities or if, on the other hand, contributes to the failure of those same activities. Understand the influence of the political systems in public policies, understand how the Two-Party system is beneficial or detrimental for the political progress and figure out if the implementation of the Two-Party system in some countries will be beneficial to the population of these countries.

Keywords: Political Systems, Bipartisan System, Public Opinion.

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Resumen

Puede decirse que los partidos políticos son grupos de personas que tienen como base objetivos políticos comunes, con las mismas convicciones y los mismos propósitos políticos, y que intentan apoderarse del poder gubernamental.

También puede enaltezarse la importancia de los partidos políticos como un instrumento de intervención del pueblo en el momento de elegir a sus gobernantes y, por consiguiente, como un medio de solidificación de la democracia, ya que es a través de los partidos que se celebran las elecciones de los representantes del pueblo en el Gobierno.

Los partidos políticos tienen como función expresar y constituir la opinión pública, siendo que el número de partidos influye en la variedad de opiniones sobre asuntos de la sociedad. Así, una sociedad con una estructura socioeconómica compleja va a tener más partidos que otra con menores divisiones sociales.

Dentro de los partidos políticos puede distinguirse tres sistemas partidistas, el Monopartidista, el Bipartidista y el Multipartidario, siendo que en esta disertación, el sistema que será explorado será el sistema Bipartidista.

Se considera un sistema Bipartidista, un sistema en el que dos partidos son capaces de competir por la mayoría absoluta de los mandatos, donde al menos uno de los dos alcanza una mayoría absoluta, un sistema donde un partido es capaz de gobernar solo sin coaliciones.

En un sistema Bipartidista, el partido mayoritario tiene como responsabilidad la aplicación de las medidas gubernamentales y el partido minoritario tiene como responsabilidad ejercer el papel de la oposición, siendo también expectante en este sistema político la rotatividad del poder.

En esta disertación se va a tratar de entender si el sistema bipartidista contribuye a actividades políticas de éxito o si, por otro lado, contribuye al fracaso de esas mismas actividades. Percibir la influencia de los sistemas políticos en las políticas públicas, comprender de qué forma el sistema bipartidista es beneficioso o perjudicial para el progreso político y percibe si la implementación del sistema bipartidista en algunos países será beneficioso para la población de esos países.

Palabras Clave: Sistemas Políticos, Sistema Bipartidista, Opinión Política.

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Dedicatória

Esta secção é facultativa. Se não a utilizar, selecione desde o início do título desta secção até ao início do título da secção seguinte e remova tudo (tecla Del). Se a utilizar, mude a cor do texto deste parágrafo e do título da secção para branco (de modo a que não sejam impressos, mas sejam colocados no índice) e coloque a dedicatória desejada no parágrafo seguinte.

Dedico esta dissertação aos meus pais, ao meu namorado e aos meus amigos e colegas pelo apoio.

Sem este apoio não seria possível concluir este ciclo sem desistir.

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Agradecimentos

Esta secção é facultativa. Se não a utilizar, selecione desde o início do título desta secção até ao início do título da secção seguinte e remova tudo (tecla Del). Se a utilizar, mude a cor do texto deste parágrafo e do título da secção para branco (de modo a que não sejam impressos, mas sejam colocados no índice) e coloque a dedicatória desejada no parágrafo seguinte.

A concretização desta dissertação de mestrado só foi possível graças a algumas pessoas a quem não posso deixar de agradecer.

Ao Professor Doutor Pedro Nunes por ter aceitado o meu pedido para orientar a realização desta dissertação.

Aos docentes do mestrado de Gestão da Organizações por todas as ferramentas de estudo que foram-me fornecidas ao longo do 1º ano de mestrado.

Aos meus pais pela paciência, pelo apoio desde o primeiro momento em que decidi inscrever-me neste mestrado e pela persistência em manter-me focada em terminar esta dissertação sem desistir.

Ao meu namorado pelo apoio ao longo do tempo despendido com o mestrado e a elaboração desta dissertação, pela insistência para que terminasse o mestrado e por toda a paciência.

O meu mais sincero obrigado por todo o vosso apoio incondicional.

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Lista de Abreviaturas e/ou Siglas

APNOR – Associação de Politécnicos do Norte EUA – Estados Unidos da América

IPB – Instituto Politécnico de Bragança

IPCA – Instituto Politécnico do Cávado e do Ave IPP – Instituto Politécnico do Porto

IPVC – Instituto Politécnico de Viana do Castelo

ONU – Organização das Nações Unidas

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Índice Geral

Índice de Tabelas ... xix

Introdução ... 1

1. Sistemas Partidários e Sistemas Políticos ... 5

1.1 Sistemas Partidários ... 6

1.1.1 Previsibilidade ou consolidação dos sistemas partidários ... 6

1.1.2 As Clivagens Sociais ... 7

1.1.3 Os Partidos Políticos ... 10

1.1.3.1 Os Partidos Políticos: A Origem ... 12

1.1.3.2 Os Partidos Políticos: As funções ... 13

1.1.3.3 Os Partidos Políticos: A Tipologia ... 16

1.1.4 Teoria de Maurice Duverger... 19

1.1.4.1 Teoria de Maurice Duverger: Tipologias Partidárias ... 21

1.1.5 Teoria de Giovanni Sartori ... 21

1.1.5.1 Teoria de Giovanni Sartori: Tipologias Partidárias ... 27

1.1.6 Teoria de Dieter Nohlen ... 27

1.2 Política e Sistemas Políticos ... 32

1.2.1 Influência Política ... 34

1.2.2 Realidade e Grau de Influência ... 34

1.2.3 Os Modos e a Eficácia da Influência Política ... 35

1.2.4 Os Instrumentos da Influência Política: os Recursos Políticos ... 36

1.2.5 Poder Político, Legitimidade e Ideologia ... 37

1.2.6 Políticas Públicas ... 40

1.2.6.1 Teorias e Modelos do Processo Político ... 41

1.2.7 O Fenómeno Político ... 43

1.2.8 A Forma do Poder ... 44

1.2.9 Sistemas de Partidos e Regimes Políticos ... 45

1.2.10 As Eleições ... 45

1.2.11 Pluripartidarismo, Partido Único e Partido Dominante ... 47

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1.3 Sistema Bipartidário ... 48

2. As Eleições nos Estados Unidos da América ... 51

2.1 Contextualização ... 52

2.2 O Regime Político dos Estados Unidos: Enquadramento Histórico ... 54

2.3 A Democracia Norte-Americana ... 56

2.4 Os dois Partidos: Partido Democrata e Partido Republicano ... 58

2.5 Os dois Partidos: A origem ... 59

2.6 As Eleições Primárias ... 61

2.7 O Caucus ... 62

2.8 As Convenções Nacionais ... 62

3. Análise Teórica ... 65

3.1 Lista de Países com Partido Único ... 66

3.1.1 Pontos fortes e Pontos Fracos do Partido Único ... 66

3.2 Lista de Países com um Partido Dominante ... 67

3.2.1 Pontos fortes e Pontos Fracos do Partido Dominante ... 67

3.3 Lista de Países com dois Partidos ... 68

3.3.1 Pontos fortes e Pontos Fracos do Partido com dois partidos ou Bipartidário ... 69

3.4 Lista de Países com vários Partidos ... 69

3.4.1 Pontos fortes e Pontos Fracos do Partido com vários partidos ou Pluripartidário ... 71

3.5 Lista de Países sem Partidos ... 72

4. Conclusões, Limitações e Futuras Linhas de Investigação ... 73

5. Bibliografia ... 79

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Índice de Tabelas

Tabela 1 Sistemas Partidários ... 23

Tabela 2 Teses Protestantes e Consequências ... 26

Tabela 3 Comparação entre o Estado Weberiano e o Estado Pós-Moderno ... 41

Tabela 4 Teoria das Políticas Públicas ... 41

Tabela 5 Teoria das Políticas Públicas - Continuação... 42

Tabela 6 Países com Partido Único ... 66

Tabela 7 Países com Partido Dominante ... 67

Tabela 8 Países com dois Partidos ... 68

Tabela 9 Países com vários Partidos ... 70

Tabela 10 Países sem Partidos ... 72

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Introdução

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Introdução

Os Sistemas Partidários são os sistemas de partidos no seu todo, ou seja, quando falamos em sistema partidário é importante distinguir que cada sistema tem um nome específico consoante o número de partidos que agrega e cada um desses sistemas tem especificidades e caraterísticas que os distinguem dentro dos sistemas partidários no geral. O sistema partidário que cada país adota vai de encontro com as necessidades de cada país e é determinado de acordo com os problemas que são pretendidos colmatar através da implantação de um sistema partidário em detrimento de outro.

Quando falamos em sistema partidário é necessário evidenciar os sistemas partidários que atualmente estão presentes nos países em praticamente todo o mundo, sendo eles, o sistema monopartidário ou sistema de partido único, o sistema bipartidário ou sistema de dois partidos, o sistema de partido dominante e o sistema pluripartidário ou multipartidário ou também sistema de vários partidos.

Quando falamos em sistema monopartidário, o que é evidenciado é o fato de só existir um partido político e este sistema partidário impede o surgimento de um segundo partido político porque apenas é aceite um partido como sendo viável para integrar o Governo. Facilmente este sistema partidário é comparado a uma ditadura porque é restritivo e não permite que o eleitores tenham opção de escolha no ato das eleições para o Governo.

Quanto ao sistema bipartidário, este é um sistema em que só existem, tal como o nome indica, dois partidos políticos. Nos países que adotaram este sistema, apesar de ser melhor do que o sistema monopartidário, porque neste sistema já existem dois partidos, continua a ser restritivo no que se refere às ideologias políticas porque só é possível escolher um dos dois partidos e por isso os eleitores têm de escolher entre duas ideologias mesmo que tenham uma ideologia política distinta das que são defendidas por cada partido.

O sistema de partido dominante, é um sistema que já permite a existência de mais do que dois partidos mas apesar disso só um desses partidos é que tem hipótese de vencer as eleições por ser o partido que mais votos consegue angariar nas eleições. Nos países em que este sistema é utilizado muitos são os partidos dominantes que são frequentemente acusados de fraude eleitoral e são países onde a corrupção política é muitas vezes alegada como ferramenta utilizada pelo partido dominante para conseguir manter-se no Governo.

Por fim, quando falamos em sistema pluripartidário, este é o sistema mais utilizado por uma grande

maioria dos países do mundo. Este sistema, quando comparado com, os outros mencionados

anteriormente, é um sistema mais justo para os eleitores e mais democrático, uma vez que este

sistema partidário permite a existência de vários partidos políticos num determinado país e onde

qualquer partido tem hipótese de formar Governo, seja sozinho ou em coligação com outros partidos

políticos. Sendo este um sistema mais justo, é natural que com a evolução da política no mundo,

seja este um sistema cada vez mais adotado pelos países e que permite que cada eleitor tenha a

sua própria ideologia política e que possa votar consoante a sua própria vontade, sem pressões e

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sem que seja necessário escolher um partido em detrimento de outro, como acontece nos países onde o sistema bipartidário existe.

Os Estados Unidos da América, apesar de serem uma das maiores forças económicas do mundo, adotou um sistema bipartidário, que restringe a opinião da população. Desde que foi constituído Governo, os EUA sempre adotaram um sistema bipartidário, por ser um sistema em que não existe desperdício de votos, com o intuito de que o partido vencedor, seja Democrático ou Republicano, vença com maioria absoluta sobre o outro. Apesar de ser um país como muita população, muitos deles são imigrantes que não têm hipótese de adotar a cidadania americana, e o sistema político adotado pelos EUA impede que essa população, apesar de lá viver de acordo com as regras americanas, possa participar nas eleições.

Objetivos

Os objetivos desta dissertação visam, essencialmente, procurar entender se o sistema bipartidário, que atualmente existe nos Estados Unidos da América, contribui para atividades políticas de sucesso ou se, por outro lado, contribui para o fracasso dessas mesmas atividades, compreender a influência dos sistemas políticos nas políticas públicas, procurar entender de que forma o sistema bipartidário é benéfico ou prejudicial para o progresso político, procurar compreender se a implementação do sistema pluripartidário nos EUA será benéfico para a população desse país e, por fim, perceber de que forma influenciaria as eleições nos Estados Unidos da América se o poder de voto fosse atribuído a todos os cidadãos, inclusive os imigrantes, que moram no país atualmente.

O tema da dissertação “Sistemas Políticos: O sistema bipartidário e as eleições nos Estados Unidos da América” insere-se no âmbito da área disciplinar de Gestão Pública. Neste contexto, são formuladas as seguintes questões de investigação que serão a base da investigação realizada para a elaboração desta dissertação de mestrado. As questões de investigação são duas, sendo elas:

1. Os Estados Unidos da América serão beneficiados ou prejudicados, se o seu sistema partidário atual, o Sistema Bipartidário, for alterado para um Sistema Pluripartidário?

2. Qual será o efeito que seria causado se o direito de voto fosse permitido para toda a população, inclusive os imigrantes, que vivem atualmente nos Estados Unidos da América?

Metodologia e estrutura da dissertação

Para a realização desta dissertação, irão ser utilizadas as seguintes metodologias:

Na revisão da literatura serão utilizadas obras, entre elas, livros, publicações periódicas, e artigos científicos. De vários autores que tiveram, como objeto de estudo vários temas, tais como, política, sistemas partidários, sistemas políticos, e política dos Estados Unidos;

Esta dissertação está dividida em três capítulos. Sendo que o primeiro e o segundo capítulos estão

destinados à revisão da literatura. O primeiro capítulo está destinado a temáticas como: os Sistemas

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Partidários, dentro dos quais o sistema monopartidário, o sistema bipartidário e o sistema multipartidário, ainda dentro dos sistemas partidários estão evidenciadas três teorias dos sistemas partidários, a teoria de Maurice Duverger, a teoria de Giovanni Sartori e a teoria de Dieter Nohlen.

Ainda no primeiro capítulo surgem temáticas como os sistemas políticos, a política, a influência política, a realidade e o grau de influência, os modos e a eficácia da influência política, os instrumentos da influência política, o poder político, a legitimidade e a ideologia, as políticas públicas, as teorias e os modelos do processo político, o fenómeno político, a forma do poder, os sistemas de partidos e os regimes políticos, as eleições, o pluripartidarismo, o partido único e o partido dominante e o sistema bipartidário.

O segundo capítulo é dedicado às eleições nos Estados Unidos da América, dentro desse capítulo encontramos temas, tais como, o regime político dos Estados Unidos, a democracia norte- americana, o partido Democrata, o partido Republicano, as eleições primárias, o caucus e as convenções nacionais.

O terceiro capítulo compreende a análise teórica, que se traduz num estudo elaborado com recurso a criação de tabelas, onde serão distinguidos todos os países do mundo de acordo com o sistema partidário existente. Em cada tabela estão inseridos os países e continentes. Cada tabela refere-se a um sistema partidário diferente, tais como, o Sistema Monopartidário, o Sistema Bipartidário, o Partido Dominante e o Sistema Pluripartidário. Neste capítulo será feita também uma tabela dos países onde não existem partidos atualmente, com a mesma fisionomia das outras tabelas, os países serão diferenciados de acordo com os continentes onde estão inseridos. Neste capítulo será feito também, um levantamento dos pontos fortes e fracos de cada Sistema Partidário, com o objetivo de responder às questões de investigação, formuladas anteriormente nesta introdução.

Por fim, a conclusão, onde é feito um levantamento das principais conclusões retiradas dos

primeiros dois capítulos e dos resultados do capítulo desta dissertação, onde foi feita uma análise

teórica dos sistemas partidários adotados pelos países do mundo e dos pontos fortes e fracos de

cada sistema partidário. Por fim serão descritas as dificuldades na elaboração desta dissertação e

quais serão as futuras linhas de investigação na área dos Sistemas Partidários e os Sistemas

Eleitorais mas também da política dos Estados Unidos da América.

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1. Sistemas Partidários e Sistemas Políticos

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1.1 Sistemas Partidários

A definição de sistemas partidários mais referida é a de Giovanni Sartori (in Jalali, 2017, pp.11-12)

"O conceito de sistema é desprovido de qualquer significado – tendo em conta os objetivos da investigação científica – a menos que (1) o sistema apresente propriedades que não pertençam a uma consideração separada dos elementos que o compõem e (2) o sistema seja resultado de, e consista nas, interações das partes que o compõem, implicando, assim, que tais interações fornecem as fronteiras, ou pelo menos os limites, do sistema. Assim, os partidos são do “sistema”

apenas quando são partes (no plural); e um sistema é precisamente o sistema de interações resultantes da competição interpartidária."

1

. “O Sistema partidário não é idêntico ao conjunto de partidos políticos. Um sistema partidário tem como base as interações entre os partidos. Esta interação partidária pode assumir duas formas. A mais evidente é a competição interpartidária, referida também na definição de Sartori. Com efeito, em geral pensamos nos partidos como organizações que competem entre si pelo poder político. Contudo, existe também outra forma de interação: a cooperação entre os partidos, que ocorre, por exemplo, quando diferentes forças partidárias formam uma coligação”.

Em relação aos Sistemas Partidários, Sell “defende que apesar da divisão desses sistemas em três categorias (monopartidário, bipartidário e multipartidário ou pluripartidário) seja muito conhecida, há necessidade de superar a mera contagem dos partidos existentes e de distingui-los dos partidos relevantes e ainda qualificar a dinâmica de cada um destes sistemas levou os pesquisadores a um maior aprofundamento da questão. O autor afirma que atualmente, entre os estudiosos da ciência política podemos identificar duas classificações distintas. Enquanto a primeira evidencia o desempenho eleitoral dos partidos, a segunda considera o nível de competição existente em cada sistema partidário”. “Com base no desempenho eleitoral dos partidos políticos pode-se identificar os seguintes tipos de sistemas partidários, (1) Sistemas bipartidários: os dois maiores partidos superam 90% dos votos (por exemplo, EUA, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia); (2) Sistemas de dois partidos e meio: os dois maiores partidos somam 75% dos votos e o sistema sustenta ainda um terceiro partido menor do que os maiores (por exemplo, Alemanha, Canadá e Bélgica); (3) Sistemas multipartidários com partido predominante: a soma dos dois maiores partidos chega a 75% dos votos, com um partido recebendo cerca de 40% dos votos (Dinamarca, Suécia e Itália); (4) Sistemas multipartidários sem um partido predominante: os dois maiores partidos recebem mais de 50% dos votos” (SELL, 2006, p.158).

1.1.1 Previsibilidade ou consolidação dos sistemas partidários

Na literatura da ciência política,” a previsibilidade é apelidada de consolidação ou institucionalização (ou até mesmo de estabilização) dos sistemas partidários”. “Embora as definições destes termos apresentem algumas diferenças entre si, todas elas convergem na noção de estabilidade e

1

Sartori, Giovanni (1976), Parties and Party Systems – a Framework for Analysis, Cambridge:

Cambridge University Press.

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previsibilidade. Assim, um sistema partidário consolidado ou institucionalizado implica uma estrutura de interações interpartidárias que é previsível, estável e persistente” (Jalali, 2017, p.14).

“A literatura sobre interações previsíveis, estáveis e persistentes é naturalmente ampla, mas pode identificar-se nela três ideias estruturantes”. “Uma primeira prende-se com a estabilidade quanto aos principais partidos e seus comportamentos: como (e com quem) cooperam, como (e com quem) competem”. “A segunda centra-se no efeito da previsibilidade sobre os atores políticos (eleitores, políticos, e partidos) e de que forma ela molda os seus comportamentos, atitudes e expetativas.

Como veremos adiante, este efeito acaba por reforçar ainda mais a estabilidade e a previsibilidade de um sistema partidário”. “A terceira ideia, e porventura a mais relevante, prende-se com a existência de uma interação que tem preponderância, e que a literatura científica designa por principal dimensão de competição”. “Este termo reflete a noção de existir, entre as várias linhas de competição no país, uma que se sobrepõe às demais e em torno da qual estrutura-se a política do país”. “Esta principal dimensão de competição é, em geral, a competição pela liderança de executivo Mas se há previsibilidade nos sistemas partidários, também há imprevisibilidade”. E há mudanças:

pode identificar-se os sistemas partidários que deixam de ser previsíveis para tornarem-se imprevisíveis, e outros que alteram-se no sentido oposto (idem, pp.14-15).

“Os cidadãos têm um papel importante nos sistemas partidários, uma vez que os sistemas partidários dependem das opções dos cidadãos”. Com efeito, “se os cidadãos deixarem de votar em determinados partidos, então estes deixam de ser os principais partidos e o sistema partidários em que se inserem será transformado, por exemplo, se os cidadãos norte-americanos subitamente deixarem de votar no Partido Republicano e no Partido Democrata, optando por outras forças políticas passaremos necessariamente para um sistema partidário distinto do atual, o sistema bipartidário” (idem, ibidem, p.19).

1.1.2 As Clivagens Sociais

Analisando os sistemas partidários democráticos europeus da altura, Lipset e Rokkan (apud Jalali, 2017, pp.20-21) “identificaram a natureza das clivagens sociais em cada país como sendo determinantes para a criação dos seus sistemas partidários”. “A perspetiva destes autores é que o espaço social foi alvo de grandes movimentos históricos que deram origem a fraturas sociais que em larga medida perduram posteriormente”. “As clivagens sociais podem assim ser definidas como as dimensões de conflito que dividem uma sociedade (por exemplo, a que está configurada num determinado Estado) e que estruturam grupos dentro dessa sociedade”.

A primeira das quatro clivagens identificadas por Lipset e Rokkan (in Jalali, 2017, p.23) “é designada

por, Clivagem centro-periferia”. “O nome da clivagem pode sugerir uma dimensão geográfica, centro

geográfico versus periferia geográfica”. Contudo, não é essa perspetiva de Lipset e Rokkan. “Reflete

a divisão entre os vencedores (centro) e os derrotados (periferia) do processo de construção do

Estado”. Como referem aqueles autores, “tal clivagem representa o conflito entre a cultura central

da construção nacional e a resistência crescente de populações dominadas étnica, linguística ou

religiosamente distintas, nas províncias e nas periferias”. “Há todavia uma outra dimensão que

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emerge desta revolução nacional, que prende-se com o próprio desenvolvimento das estruturas do Estado moderno”.

Freitas do Amaral (2009, pp.201-202) realça que “Maquiavel foi o primeiro autor a utilizar a palavra

“Estado” no sentido que ela assume atualmente, ou seja, coincide com a época da história europeia em que não apenas o conceito, mas sim a própria realidade do Estado Moderno surge e inicia os seus primeiros passos. Na época do Renascimento, quando terminou a Idade Média e o feudalismo foi extinto, é que começaram a surgir os primeiros Estados nacionais, onde o poder real conseguiu monopolizar o emprego da força pública ao serviço do bem comum, surgindo assim o Estado Moderno”. “É nesta época que Maquiavel utiliza pela primeira vez a palavra “Estado” no sentido atual de comunidade política soberana na ordem interna e na ordem internacional. Anteriormente esta palavra não era usada neste sentido, os Gregos falavam “Pólis” e os Romanos em “Respublica”.

Mas o Estado no Renascimento é um conceito que ainda não está destacado dos próprios homens que o governam”.

“Quando se pensa em Estado é frequente associa-lo à provisão (direta ou indireta) de uma séria de bens e serviços, como educação, proteção social ou saúde, e à definição de regras (por exemplo, através de legislação) que se aplicam ao comportamento dos cidadãos, individual e coletivamente”.

“A provisão destes bens e serviços foi, durante muito tempo, uma prerrogativa da Igreja Católica nalguns países, noutros Luterana ou Calvinista, e o mesmo acontecia no que dizia respeito à definição e aplicação das regras de comportamento individual e coletivo. Daqui surge então a segunda clivagem decorrente da revolução nacional: a Clivagem Estado-Igreja. Neste caso, a criação do Estado Moderno (universalizador e padronizador, que chama a si uma série de responsabilidades outrora delegadas na Igreja) leva a uma divisão entre aqueles que defendem a manutenção do papel da igreja (o lado Igreja da clivagem) e aqueles que defendem a redução desse papel e a sua substituição pelo estado (o lado Estado da Clivagem) ” (Jalali, 2017, pp. 23-24).

Há um segundo grande momento histórico para Lipset e Rokkan (apud Jalali, 2017, p.24): “a revolução industrial, que se desenvolve sobretudo nos séculos XVIII e XIX. Os efeitos da revolução industrial são sobejamente conhecido (são poucas as esferas da vida que não foram indelevelmente afetadas com o surgimento naquele período de novas formas de produção) ”. Para Lipset e Rokkan,

“a revolução industrial terá gerado duas clivagens, a primeira, entre interesses agrícolas e interesses industriais, e a segunda, entre patrões/proprietários e trabalhadores”.

“A clivagem rural-urbanos, que opunha interesses agrícolas e interesses industriais, derivava de

questões económicas. Os setores fabris nos países da revolução industrial tinha interesse em

promover o comércio livre, a nível doméstico e internacional de modo a poderem escoar a sua

crescente produção”. Em contraste, “os interesses agrícolas defendiam uma maior proteção dos

mercados a nível nacional e internacional, sobretudo quando os seus custos de produção

aumentavam com a perda da mão-de-obra barata a que tinham tido acesso até então, com a

migração de trabalhadores rurais para os centros urbanos industriais. Mas a clivagem ultrapassava

também a dimensão estritamente económica”. Como referem Lipset e Rokkan (in Jalali, 2017, p.25),

se “havia um núcleo duro de conflito económico nestas oposições, o que as tornava tão profundas

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e amargas era algo distinto”. “Os interesses agrícolas, rurais e proprietários de terras visavam defender a sua posição histórica enquanto elite nacional, tanto sua, individualmente, como a das suas famílias no futuro, enquanto os interesses industriais e urbanos reivindicavam o acesso a essa elite pelo seu mérito e capacidade de empreendimento”.

Por fim, temos “a clivagem patrões-trabalhadores, que centra-se no mercado de trabalho pós- revolução industrial. As crescentes massas de assalariados geradas pela revolução industrial (sobretudo nos emergentes centros industriais mas também nas explorações agrícolas de larga escala) deparavam-se com condições laborais extremamente árduas”. “A clivagem patrões- trabalhadores nasce assim da luta deste crescente número de operários por melhores condições laborais, como por exemplo uma maior proteção contratual, mais segurança no local de trabalho.

Alargamento dos períodos de descanso, compensação em caso de acidentes, entre outros”. “A concentração desta emergente classe social de trabalhadores em centros urbanos e fábricas facilitava também a sua organização em defesa dos seus interesses, que se traduzia na criação de sindicatos. Estas posições colidiam com os interesses de patrões e proprietários, na medida em que obrigavam a alterações no funcionamento das fábricas, aumentado os custos, pelo menos a curto prazo, e impondo restrições sobre a sua gestão”. Nesse sentido, “esta clivagem encontra-se associada ao debate entre uma maior versus menos intervenção do Estado na economia, na medida em que a defesa dos interesses dos trabalhadores passava em larga medida por regulação estatal.

Ao mesmo tempo, este conflito traduzia-se também numa divisão sociocultural entre trabalhadores e proprietários, introduzindo assim uma clivagem duradoura no espaço social” (Jalali, 2017, pp.25- 27).

Quanto à relação entre estas quatro clivagens e os sistemas partidários, pode-se estabelecer uma ligação aos partidos. “Estas clivagens geram uma série de questões políticas, que englobam, por exemplo, os direitos linguísticos, currículos escolares ou o grau de autonomia regional, na divisão centro-periferia, o papel da Igreja na educação e nas questões morais, na clivagem Estado-Igreja, ou uma maior ou menor intervenção do Estado na economia, na clivagem patrões-trabalhadores”.

“Os partidos que, como Lipset e Rokkan (in Jalali, 2017, pp.27-32) derivam, etimologicamente, de parte e veiculam visões opostas dentro de um sistema político, representam politicamente os diferentes lados destas clivagens”. “A relação entre as clivagens e os sistemas partidários é que a estrutura de um sistema partidário deriva da natureza das clivagens dentro de uma dada sociedade.

Os diferentes partidos transferem os conflitos resultantes das clivagens sociais para a arena política”. “Da configuração destes conflitos emergem as interações entre os partidos, ou os sistemas partidários”. “Diferentes países tiveram diferentes dinâmicas de revolução nacional e de revolução industrial, gerando assim um quadro específico de clivagens que se traduz num sistema partidário também ele próprio a cada país. As diferenças entre os sistemas partidários dos diferentes países decorrem, assim, das características próprias das suas revoluções, nacional e industrial, que decorreram em momentos históricos também distintos”.

Contudo, “constata-se que o modelo das clivagens torna o sistema partidário potencialmente

dependente da estrutura social, vemos que que um sistema partidário pode manter-se estável,

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mesmo quando a estrutura social que o gerou, segundo Lipset e Rokkan (apud Jalali, 2017, p.63), este modelo começa a desvanecer-se, precisamente pelos constrangimentos que gera sobre os eleitores. O voto nos principais partidos deixa de ser reflexo das identidades sociais dos eleitores, mas estes continuam a votar nesses partidos porque são as opções viáveis dentro do sistema partidário”.

1.1.3 Os Partidos Políticos

De acordo com Joseph La Palombara e Myron Weiner (in Molas, 1979, pp.58-59) “existe uma delimitação do conceito de partido político que tem tendência a tornar-se clássica”. Segundo eles,

“a existência de um partido político implica a concorrência das seguintes condições, (1) Uma continuidade na organização, isto é, uma organização cuja esperança de vida seja superior à dos seus dirigentes, (2) Uma organização a nível local, estável presumivelmente duradoura, dotada de comunicações regulares e diversificadas ao nível nacional, (3) Vontade deliberada dos dirigentes locais e nacionais para tomar e exercer o poder, sós ou em coligação com outros e não apenas de influir simplesmente sobre ele, (4) O propósito da organização de procurar um apoio popular através de eleições ou de qualquer outra forma”. “A definição, ainda que contenha elementos cuja concretização é falível, ou seja, a combinação dos quatro pontos junta elementos suficientes para esboçar a autodefinição, a favor ou contra e permite observar as organizações pelo que são em si próprias assim como pelo que dizem ser, já que em última instância o que dizem faz parte da sua própria existência, da sua realidade”. No entanto, “ao excluir o tema do programa como essencial para configurar os partidos, perspetiva que permite incorporar na definição os partidos norte- americanos, afasta um elemento importante que revela-se ao observador a existência de programas gerais implícitos e permeáveis, cuja realidade não é evidente e cuja identidade ou coincidência básica dos mesmos não impede a coexistência com diferentes aparelhos partidários destinados a promover o pessoal político”.

“O mecanismo dos partidos permite estruturar a nível político uma correlação entre a sociedade e o Estado capaz de materializar os sujeitos políticos coletivos”. Ou seja, “os partidos são expressão dos interesses e crenças da sociedade, porém uma expressão distribuída por múltiplas divisões com níveis e importância diferentes, que manifestam-se através de diversos grupos de interesses e dos aparelhos burocráticos que fornecem programas ou formulações políticas derivadas de um programa unitário implícito e permeável, destinadas a procurar um ponto de coesão entre todos os interesses, a partir de hierarquização dos membros e de certos projetos de coesão social diferenciados”. “Estes aparelhos, instrumentos da ordem política baseada na concorrência imperfeita, têm por objetivo oferecer projetos de ordem social e política para a coletividade e regular eficazmente a convivência” (Molas, 1979, p.59).

Quanto aos partidos políticos, Oliveira Rocha (2010, p.101) “ressalta que eles podem ser definidos

como sendo agregadores de interesses”. “Compete aos partidos articular interesses e agregá-lo, ao

mesmo tempo que apresenta soluções políticas para os problemas públicos e mobiliza as pessoas

para as soluções encontradas”.

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Os partidos são suscetíveis de inúmeras classificações. “A classificação mais interessante é a de Maurice Duverger (in Sousa Lara, 1995, p.180) que distingue os partidos de massas, que são organismos profundamente estruturados cujo interesse é o de recrutar para as suas fileiras permanentes o maior número possível de adesões, dos partidos de enquadramento ou de elite, que preocupam-se, essencialmente, em manter uma elite de quadros políticos que defina constantemente as linhas mestras doutrinárias da ideologia que defendem, sem preocuparem-se com o aliciamento constante dos cidadãos para regimentar uma massa associativa”.

Fatores como as estruturas dos partidos, o eleitorado, a lei e as organizações governamentais de formulação das políticas contribuem para a forma como os interesses dos partidos são agregados por eles mesmos, ou seja, quando o sistema político é centralizado, os partidos com tendência para centralizar ao mesmo tempo que definem as suas intenções políticas de forma centralizada.

Quanto à formulação de alternativas, Oliveira Rocha (2010, pp.101-102) defende que “a formulação depende das preferências do eleitorado e da capacidade dos líderes partidários”. “As sociedades sociologicamente conservadoras não aceitam alternativas inovadoras, mas também um eleitorado fragmentado por razões étnicas, religiosas ou outras requerem da parte dos líderes partidários um cuidado especial quanto à ponderação dos interesses”. Independentemente da situação, “a estratégia de determinado partido depende da estratégia das outras formações partidárias”.

Os partidos são considerados como sendo “as organizações que lutam pela aquisição, pela manutenção e pelo exercício do Poder, o pessoal político recorrentemente declara que não tem ambições políticas e anuncia o sacrifício e assume também de forma contrariada postos governamentais”. O pessoal político que está em exercício de poder usa com frequência a técnica de Sauer (in Moreira, 1995, pp.171-172), que consiste na “formulação de tipos normativos dos agentes sociais, em que é reconhecida a ambição de ocupar o Poder como sendo uma característica essencial do político”. “O político pratica com regular frequência o discurso de ter sido convidado ou solicitado e que deixou as suas ocupações de forma abrupta para desempenhar o papel político, negando à partida de que lutou para estar naquele cargo, que pediu ou influenciou alguém com o intuito de conseguir um cargo político”. Em consequência desses discursos, “os meios de comunicação social, os técnicos de relações públicas, as agências especializadas em política são utilizados com o objetivo de fixar a imagem do político que apela ao carisma mesmo que isso não combine com a realidade”.

Para Moreira (1995, p.172) de uma maneira muito autêntica, “o político quer o Poder uma vez que

ele julga que tem uma solução para o interesse público, sendo que de uma forma degenerada o

político quer o Poder porque julga que pode satisfazer os interesses sectoriais e até mesmo os

interesses privados”. “O partido reflete este comportamento individual, somando assim as energias

dos que entendem que só a ocupação do Poder lhes permitirá a execução de um projeto que, na

sua forma forma mais original, refere-se ao futuro da totalidade da comunidade política”. Através da

análise do comportamento com o objetivo de definir um conceito operacional de partido, La

Palombara e Weiner (apud Moreira, 1995, p.172) “reduziram a extensão do conceito com a proposta

de uma série de características, tais como (1) a duração razoável da organização, que deve ter uma

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esperança de vida superior à dos dirigentes ocasionais, (2) a implantação local generalizada, (3) a decisão de vir a ocupar o Poder, (4) a busca de apoio popular através de eleições e outros meios disponíveis”. “O interesse deste conceito operacional é essencialmente o interesse de fornecer critérios que ajudem a sistematizar a realidade política de cada modelo. A continuidade procura demarcar o partido dos clientes e camaradas que se vão juntando aos chefes ocasionais, a implantação procura demarcar o partido dos simples grupos parlamentares que manifestam tendências ou conflitos de personalidades mas que têm uma voz superior ao seu poder por um simples uso da tribuna, mas que não substituem a força do partido que está assente nas bases, a vontade de exercer o Poder é o que distingue o partido dos grupos de interesses e de pressão”.

1.1.3.1 Os Partidos Políticos: A Origem

Os primeiros partidos modernos para Moreira (1995, p.173) “nasceram em relação com o ambiente parlamentar, para Easton (in Moreira, 1995, p.173), as sociedades políticas liberais ocidentais, nasceram em relação com o ambiente das sociedades ocidentais industrializadas, independentemente do ambiente parlamentar, nasceram em relação com o desmantelamento do aparelho de intervenção estadual, em geral usado na guerra, nasceram no ambiente da luta armada ou subversiva contra os poderes coloniais”. “O ambiente marcou em todos os casos a organização, as funções assumidas, a estrutura interna e o comportamento geral. Duverger (in Moreira, 1995, p.173) utiliza a distinção entre partidos de criação eleitoral e partidos de criação exterior”. “Os primeiros são realmente aqueles que nasceram relacionados com o ambiente parlamentar das sociedades liberais, os segundos, os que nasceram relacionados com outros ambientes, não aparentam estar suficientemente caracterizados, uma vez que são radicalizados no desenvolvimento de organismos exteriores à mecânica parlamentar, uma vez que não explicam as exigências do ambiente onde procuram dar respostas”.

Através da análise de Duverger (in Moreira, 1995, p.173) refere que “em relação ao partidos nascidos em relação com o ambiente parlamentar liberal, vê-se que o seu aparecimento e desenvolvimento foi sobretudo tributário de duas variáveis, a extensão das prerrogativas parlamentares e o sufrágio popular”. Por outro lado, “a crescente importância das assembleias políticas, que correspondiam a exigências do ambiente políticos, obrigaram ao conserto frequente dos deputados e assim apareceram os grupos parlamentares”. “A época internacionalista viu este este mesmo fenómeno repetir-se na Assembleia Geral da ONU, cuja intervenção progressivamente crescente nos problemas mundiais determinou a formação de grupos bem identificados, com regras próprias e organização específica, que correspondiam nesse novo plano, aos grupos parlamentares”.

Por outro lado, Moreira (1995, p.174), refere que “o alargamento do sufrágio, que ao longo de todo o século XIX foi radicalizando o liberalismo no sentido democrático, obrigou a montar um esquema de intervenção que mobilizasse os votos, que levou ao aparecimento dos comités eleitorais”. “O partido nasceu da federação desses elementos de base, coordenados pelos grupos parlamentares.

Os partidos de origem parlamentar decorrem naturalmente da estrutura política liberal, elitista, com

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um grupo eleitoral a princípio reduzido e representam uma resposta ao alargamento do eleitorado e uma tentativa de o canalizar e orientar dentro da conceção liberal”.

Mas “os partidos nascidos foram do ambiente parlamentar para Moreira (1995, p.174) já são explicados de uma forma melhorada, através do conceito de extratos sociais párias. Representam respostas a ambientes estranhos ao projeto liberal, muitas vezes constituindo efeitos negativos do sistema. É assim que o aparecimento do proletariado, que o projeto liberal não previa, deu origem ao sindicalismo como forma de representação dentro da sociedade civil”. Depois, “porque os interesses a que correspondiam não estavam previstos no sistema liberal, originaram uma representação política própria, que muitas vezes foram os partidos socialistas, como aconteceu com o Labour Party

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”, Partido Trabalhista, que defende os direitos dos trabalhadores, no Reino Unido, que nasceu em 1899.

“Os partidos agrários, que encontravam-se na Europa, a democracia-cristã europeia, os partidos conservadores, como na Holanda, tiveram origem em associações ou até a intervenção das igrejas”

(Moreira, 1995, p.174).

“A luta anticolonialista criou o ambiente que esteve na origem dos partidos populistas das zonas tropicais e subtropicais, monopolistas, autoritários, centralizados, muitas vezes militarizados, para responder às necessidades de populações párias, sem forma de expressão autónoma no mundo moderno e sem capacidade para a organizar”. “O partido moldou-se nas formas do poder colonial expulso ou simplesmente substituiu-o, mas procurando assumir as mesmas funções e confundir-se com o Estado, que era a imagem que o poder colonizador transmitia”. “Ao monopolismo do aparelho colonizador corresponde o monopolismo do partido único que assumiu e preencheu o vazio do Poder. Estes partidos, que seguiram o modelo das instituições militares, procuraram ocupar o Poder através de um monopólio, mesmo nos territórios onde o colonizador tinha instalado embriões de organização parlamentar e plurista” (idem, pp.174-175).

1.1.3.2 Os Partidos Políticos: As funções

Apesar da variedade dos seus programas, da solidez da base social que representam ou da sua estrutura interna, “os partidos desempenham no seio do sistema político uma multiplicidade de funções que permitem a sua manutenção ou explicam a sua transformação. Na atualidade, os partidos, únicos ou plurais, são peças essenciais dos sistemas políticos”. No entanto, “o papel dos partidos, no seio de um regime político não é sempre funcional. O meio em que atuam, no quadro institucional, no sistema eleitoral, na estrutura de classes, nas relações entre comunidades, no nível de desenvolvimento, entre outras, oferece um campo de referência no interior do qual desenvolvem a sua atividade, podendo ser, ao mesmo tempo, funcionais para o sistema, e disfuncionais para eles próprios, não só em virtude do grau em que exprimem corretamente as necessidades gerais, mas também do sentido em que o fazem e das possibilidades materiais e ideológicas de resolução de tensões e lutas sociais” (Molas, 1979, pp.84-86).

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“Tradicionalmente manteve-se a ideia de que a função dos partidos políticos consista em evitar a dispersão da opinião pública. Lord Bryce (in Molas, 1979, p.86) põe ordem no caos massivo dos eleitores. Esta conceção, muito ligada à ideologia democrática que considerava as eleições como sendo a base do regime político e como sendo a legitimadora do mesmo, tornou-se reduzida com a ampliação das funções desenvolvidas pelos partidos, tanto em regime democrático, como nos baseados no partido único”.

Moreira (1995, p.175) “afirma que as funções dos partidos variam de acordo com o tipo de ambiente em que nasceram, visto que procuram dar resposta às exigências específicas de cada um. Os partidos nascidos no ambiente parlamentar liberal, antes que esse mesmo ambiente fosse excedido pela evolução das sociedades ocidentais pelas industrializadas, afluentes e de consumo, viram as suas funções variando dentro de um quadro restrito, que a Constituição francesa de 1958 definiu como concorrer para a expressão do sufrágio, e a Constituição alemã descreveu como a função de concorrer para a formação e expressão de vontade própria”. “Esta função desdobra-se em três aspetos fundamentais, (1) formar a opinião pública, (2) propor os candidatos à eleição, (3) disciplinar os eleitos. Entre os períodos eleitorais, o debate parlamentar é uma constante alegação dirigida ao eleitorado, a preparar a sentença política do sufrágio”.

Em alguns dos regimes ocidentais mais típicos, Moreira (1995, p.175) defende que “basearam-se nesse ambiente liberal, o executivo raras vezes é atingido nos períodos intermediários”. “É o caso dos EUA e da Inglaterra, onde o executivo evolucionou em termos de estar sujeito a escassos acidentes de percurso, nos períodos intercalares das eleições gerais”. “A pregação dirigida à opinião pública da tribuna parlamentar fornece dados, críticas, valores, orientação ideológica, tentando racionalizar a futura escolha do eleitorado. Tal atividade encaminhou-se em termos de despersonalizar a eleição dos representantes, que deixaram de ser os notáveis regionais, para serem os propostos dos partidos”. “Os partidos podem fazer a sua escolha de propostos entre os notáveis por razões de estratégia eleitoral, mas o eleitorado é colocado perante a necessidade de escolher entre aqueles que os partidos lhes oferecerem, de tal maneira que, em termos políticos o mandatário é o partido, e não os deputados”.

Santos (2012) defende que “os partidos servem para expressar e para formar a opinião pública, uma vez o número de partidos depende da variedade de opiniões evidentes para a sociedade. Assim, uma sociedade com uma estrutura socioeconómica complexa, terá mais partidos do que outra com menos divisões sociais”. “Os partidos estabelecem focos constantes de difusão do pensamento político, estimulam os cidadãos a exprimir, a manter e a defender as suas opiniões e ideologias políticas e também são “condutores” de interesses de determinadas classes sociais ou segmentos”.

O Poder, em todos os regimes, “acaba sempre nas mãos de um grupo restrito de homens, mas o

fenómeno com interesse neste caso é o de as elites dos extratos conservadores conseguirem

circular para o corpo dirigente implantado pela revolução, com uma nova semântica, mas sem

quebra de continuidade no Poder”. Por fim, “a função de enquadramento dos eleitos é tão importante

para os partidos que exercem o Poder, como para os que estão na oposição”. “Assim, na Inglaterra,

o regime, pressupondo as liberdades públicas e a alternância periódica, assegura a um partido, por

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um tempo determinado, o domínio completo da máquina estadual. Isto implica que o partido discipline o comportamento político dos eleitos por completo” (Moreira, 1995, p.177).

Este modelo para Moreira (1995,p.177) “orienta a disciplina com algumas variantes de acordo com os países e os partidos tributários do ambiente liberal de origem”. “O grupo parlamentar deve apresentar-se disciplinado nas intervenções e sobretudo no voto”. “Este deixa de ser a expressão de uma opinião individual e até de uma apreciação colegial do mérito das questões, para ser com frequência a expressão do acordo a que as negociações entre os partidos, fora do Parlamento”. “A concertação substitui o exercício do mandato, e o objetivo desse acordo é a partilha possível dos benefícios do poder. A disciplina do voto pode ser rígida ou flexível, mas é geral”.

“Os partidos nascidos fora do ambiente parlamentar, e sobretudo os que nasceram nos ambientes da autodeterminação e do anticolonialismo, tiveram de corresponder a exigências muito mais complexas, justamente porque, tinham tendência para moldar-se nas formas do poder colonial expulso e assumiram a imagem do próprio Estado monopolista que tinham proposto substituir”. “Em muitos lugares, porque seguiram o método da luta armada, assumiram de fato o lugar do Estado nas regiões que conseguiram controlar e a distinção de funções, entre uma coisa e outra, deixou de ser possível” (Moreira, 1995, pp.177-178).

A tendência para o “totalitarismo tornou-se comum”, e a “personalização do Poder é um traço frequente”. Apter (in Moreira, 1995, p,178), evidencia que ” o ambiente marca de tal maneira a forma dos partidos que eles aparecem, nesse aspeto, como variáveis dependentes do quadro sociopolítico a cujas exigências procuram dar resposta”(idem, p.178).

Assim sendo, “a primeira das funções dos partidos, tem como objetivo destacar a sua contribuição para a formação da opinião através de organismos que mantém publicamente a sua responsabilidade”. Neste sentido os partidos “exprimem um programa, ideológico ou programático e manifestam-se como um coletivo através dos seus representantes, numa imagem personificada, ou então mediante o programa que oferece uma alternativa ao eleitorado e à opinião e que permite alcançar mais adesões ou recusas plebiscitárias por um individuo”. “Pelo próprio fato de oferecer um programa geral de Governo, os partidos tentam harmonizar e coordenar os diversos interesses parciais e fragmentados dos diferentes setores e reforçar as sínteses possíveis de natureza geral.

Com isso estruturam as opções individuais e oferecem campos de visão mais amplos às opiniões dos cidadãos, inserindo-os em planos coerentes de ação geral”. Deste modo, “ao formar e estruturar essa opinião, incidem na opinião pública e realizam uma função pedagógica que baseia-se na atividade de formação da opinião individual, reforçando a sua coerência politica” (Molas, 1979, pp.86-88).

A segunda função tem como objetivo “contribuir para a formação política dos cidadãos, através da

conversão dos elementos decisivos da expressão política da sociedade, ainda que não exclusivos,

que articulam-se através da concorrência pelo sufrágio”. Deste modo “desempenha uma função

representativa dos cidadãos, que é concretizada através da seleção de candidatos propostos para

a renovação dos cargos públicos, independentemente da sua designação, pelos comités” (partidos

conservadores e comunistas), “através de uma pré-votação dos aliados” (partidos democráticos e

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socialistas), ou então “mediante a pré-votação dos mesmos eleitores” (primárias abertas em alguns estados dos Estados Unidos) (idem, p.88).

Em terceiro lugar, “os partidos cumprem uma função de comunicação entre a sociedade e o Estado”, na medida em que “exprimem e transmitem de forma organizada as exigências dos diferentes setores da mesma e na medida em que projetam as razões do plano do governo ou da crítica aos mesmos” (idem, ibidem, p.89).

Em quarto lugar, “os partidos assumem no seio do Estado, uma função dupla, quer ocupem uma posição dirigente ou minoritária”. (1) “A direção da ação das instituições públicas que participa na iniciativa dos processos de elaboração e aplicação das decisões”, ou então (2) “O controlo da ação do governo através da crítica.” De qualquer forma, “são os animadores da ação política, e são a fonte de publicidade das decisões e de transparência da vida social e política” (Molas, 1979, p.89).

Em quinto lugar, os partidos “fazem parte do sistema político e aceitam determinadas regras, têm como função reforçar o regime político, através da estabilização e da legitimação”. Inclusive, os partidos que “declaram o seu desejo de transformar as normas ou o sistema, ao expressarem as aspirações dos setores não participantes do Estado, contribuem para o reforço do sistema”. Assim,

“a funcionalidade ou não funcionalidade dos partidos revolucionários ou não-revolucionários aparece intimamente relacionada”, sendo que em última instância é a recetividade do corpo social do país que determina o peso de uma ou outra orientação (idem, p.89).

Por fim, “os partidos desempenham também uma função de estruturação da sucessão política. Os regimes personalizados, sem partidos estruturados, têm como problema essencial a questão da sucessão”. Porém, “os regimes onde existem partidos, seja um ou vários, esta questão é minimizada pelas garantias de continuidade que os sujeitos políticos coletivos oferecem e que mantém a sua permanência apesar do desaparecimento ou afastamento dos seus líderes” (idem, ibidem, p.89).

1.1.3.3 Os Partidos Políticos: A Tipologia

A base humana dos partidos difere de acordo com o tipo de organização adotada. “A maioria deles tem um sistema de filiação direta, os cidadãos aderem individualmente aos órgãos de base do partido, com maiores ou menores formalidades”. Mas, existe outro tipo de partido, o de “filiação indireta, no qual o indivíduo não formula diretamente a sua adesão, mas de forma indireta, a partir da sua ligação a uma entidade filiada no partido”. A diferença tem a sua importância relativamente ao nível de adesão, à atividade dos seus membros e à sua possível participação nas decisões do grupo. “Os partidos indiretos constituem-se no período de formação dos partidos de massas”. À medida que a democracia política se foi consolidando, “os partidos indiretos aumentaram a sua centralização e desenvolveram formas de filiação direta” (Molas, 1979, pp.103-104).

Os tipos de partidos indiretos mais importantes são, (1) “Os partidos agrários, que são federações

de cooperativas e sociedades agrárias, que conferem aos seus membros um duplo caráter de

sujeitos do partido de sociedade a nível económico-social”, (2) “Alguns partidos socialistas, sendo

que o mais importante é o Partido Trabalhista Britânico”, que no ano de 1900 constitui-se como uma

plataforma, “organizada a nível local, de representantes dos sindicatos, cooperativas, associações

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mútuas ou intelectuais que atuavam em comum para apoiarem determinados candidatos ao Parlamento”, (3) “A terceira zona em que foram desenvolvidos partidos indiretos é o setor dos partidos cristãos, em especial dos democratas-cristãos” (idem, p.104).

Historicamente, “os partidos indiretos encontram-se também na passagem da construção dos partidos de massas a partir dos partidos baseados em comités”. As sociedades aderentes a um partido que “cobriam diversas atividades sociais foram especializando-se na filiação política e apesar de conservarem as suas relações formais indiretas, no sentido prático estas entidades converteram-se em organismos de base destinados ao enquadramento dos seus membros” (idem, ibidem, pp.104-105).

A tipologia dos partidos segundo Moreira (1995, p.179) viu a sua “utilidade contestada com o fundamento de que as realidades sociais e históricas só permitem compreender os partidos em relação com o seu meio social, ambiente nacional e peso histórico”. “Chamar a atenção para o caráter puramente operacional dos tipos é apenas lembrar aquilo que a própria teoria metodológica começa por enunciar e por isso ninguém pretende que reproduzam a realidade, quando na realidade simplifica a realidade”. Acontece que o “internacionalismo crescente da vida pública e privada, que neste domínio traduz-se na importância progressiva das internacionais de partidos, cada vez mais exige uma tipologia que os permita racionalizar”. A mais divulgada é a de Duverger, e “a sua utilidade é geralmente reconhecida, com correções ou complementos que resultam das perspetivas de cada autor ou de necessidades suscitadas pela análise de modelos concretos. A sua principal classificação é a que estabelece a distinção entre partidos de quadros e partidos de massas”.

“Os partidos de quadros nasceram no ambiente liberal, elitista por definição, magistrais por filosofia”.

O seu objetivo era sobretudo “reunir os notáveis que exerciam uma magistratura política considerada natural na sociedade civil”. Tudo estava de acordo com a limitação censitária do eleitorado, com a distinção liberal entre os cidadãos ativos e cidadãos passivos, com a proclamada

“ideia de que a razão deveria presidir à vida política e que as assembleias políticas funcionariam como academias”. Os factos não corresponderam exatamente aos pressupostos, “a compostura académica não saiu sempre respeitada, a razão não dominou os interesses e as paixões”, mas o projeto era esse. “Os partidos liberais europeus e os partidos conservadores, ainda estão a aproximar-se deste esquema, pelo que, na divisão corrente entre esquerda e direita, era sobretudo um modelo de direita”. “Os parlamentos em geral desfrutam de uma independência pessoal razoável na sua ação, a máquina partidária é flexível, o número de intervenientes nas decisões partidárias não é excessivo” (Moreira, 1995, pp.179-180).

Os partidos de quadros “desenvolveram-se com a estruturação organizativa dos partidos burgueses.

Formados por grupos parlamentares e uma estrutura rudimentar, adotaram o comité como unidade

de enquadramento”. Os partidos de quadros “não aspiravam a uma filiação ampla, mas sim reduzida

e seletiva. Neste sentido, tanto os partidos conservadores europeus como os norte-americanos

desenvolveram formas diferentes de partidos de quadros”. A referência a partidos de quadros “não

implica a existência de um partido com poucos filiados, pode haver partidos de massas com poucos

filiados, mas trata-se de uma organização concebida com intuito de que tenha poucos filiados, para

Referências

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