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Políticas Públicas

No documento Paula Manuela Duarte Pinto Azevedo S (páginas 60-63)

1. Sistemas Partidários e Sistemas Políticos

1.2 Política e Sistemas Políticos

1.2.6 Políticas Públicas

Quanto ao conceito de Políticas Públicas, “uma das definições clássicas é dada por Dye (in Oliveira

Rocha, 2010, p.26), “public policy is whatever goverments choose to do or not to do” ou seja, políticas

públicas é qualquer coisa que os governos escolham fazer ou não fazer”. “Mesmo que esta definição

possa ser considerada como sendo dúbia, ela importante para compreender o que são as políticas

públicas”.

No livro, “Gestão do Processo Político e Políticas Públicas”, o autor refere que, inicialmente as

políticas públicas são as políticas que são desenvolvidas pelo governo e por outras autoridades

públicas de um determinado país. Neste tipo de política, os atores não-governamentais podem

participar e influenciar o desenvolvimento das políticas e apenas isso. Por outro lado as políticas

públicas são escolhas que têm como objetivo a produção de resultados, por exemplo o aumento de

rendimentos das pessoas mais desfavorecidas ou o aumento da educação e da formação, uma vez

que, as políticas públicas não abrangem somente a criação de uma lei, mas abrangem também as

ações que futuras que estão destinadas à implementação da decisão enunciada em lei.

Mas por outro lado as políticas públicas também englobam aquilo que os governos fazem e aquilo

que eles não querem fazer, ou seja, as políticas públicas geram consequências. Mas as políticas

públicas também podem ser consideradas positivas ou negativas, uma vez que a política de “laissez

faire” é uma política que provoca impacto na sociedade e nos seus grupos, ou seja, quando a

formulação de uma determinada política é considerada positiva, ela adquire a forma de uma lei.

Uma vez que todos que o atores, mesmo os que não pertencem ao executivo, de uma alguma forma

estão envolvidos no processo político. Hill (in Oliveira Rocha,2010, p.26) “evidencia a existência da

transição do Governo para a governação, ou seja, quando se passa de um Estado Weberiano para

um Estado pós-moderno”. “No seguinte quadro pode-se observar as principais diferenças entre

estes dois estados”.

Tabela 3 Comparação entre o Estado Weberiano e o Estado Pós-Moderno

Estado Weberiano Estado Pós-moderno

Governo; Governação;

Hierarquia; Networks;

Poder “zero-sum game” concentrado; Poder “positive-sum game” difuso;

Elitista; Pluralista;

Estado unitário, centralizado, monolítico; Descentralizado, fragmentado, sem conteúdo; Forte, executivo central; Executivo segmentado;

Linhas claras de prestação de contas; Linhas pouco claras de prestação de contas; Estado central controlador; Estado central orientador; Ética única do serviço público; Cultura heterogénea do serviço público; Fonte: Richards, D. & Smith, M. J. (2002) Governance and Public Policy in the UK. Oxford: Oxford University Press, p.36

1.2.6.1 Teorias e Modelos do Processo Político

“Existem vários cientistas políticos que fortaleceram vários modelos, teorias conceitos e esquemas

para a análise do processo político e do processo de decisão das políticas”. “Segundo Dye (in

Oliveira Rocha, 2010, pp.28-29), os modelos ajudam a explicar e clarificar o nosso pensamento

sobre as Políticas Públicas, ou sejam, identificam aspetos importantes dos problemas das políticas,

ajudam na comunicação através do uso de linguagem comum, ajudam a compreender as Políticas

Públicas, a distinguir o que é importante e o que não é e ajudam a prever as consequências das

políticas públicas”. “Os principais cientistas políticos que desenvolveram teorias sobre as políticas

públicas são J. Anderson (1975), Dye (1995), Sabatier (1999), John (2006), Howlett e Ramesh

(1998) e Hill (2005)”. No quadro seguinte pode-se observar as principais teorias dos cientistas acima

mencionados (Oliveira Rocha, 2010, pp.28-29).

Tabela 4 Teoria das Políticas Públicas

J. Anderson (1975) Dye (1995) Sabatier (1999)

- Teoria Sistémica; - Teoria dos Grupos;

- Teoria das Elites; - Institucionalismo; - Racionalismo; - Incrementalismo; - Mixed-Scanning;

- Institucionalismo; - Teoria dos Grupos;

- Teoria das Elites; - Racionalismo; - Incrementalismo; - Teoria dos Jogos; - Teoria da Escolha Pública;

- Teoria Sistémica;

- Teoria do Processo Político; - Escolha Racional; - Teoria dos Fluxos Múltiplos;

- Teoria do equilíbrio; - Teoria da “Advocacy Coalition”; - Teoria do Funil da Causalidade;

Tabela 5 Teoria das Políticas Públicas - Continuação

John (2006) Howlett e Ramesh (1998) Hill (2005)

- Modelo do Processo Político;

- Abordagem Institucionalista; - Teoria Pluralista e de Grupos;

- Perspetiva Socioeconómica; - Teoria da Escolha Racional;

- Escolha Pública; - Teoria das Classes; - Neo-Institucionalismo; - Economia do Bem-Estar;

- Pluralismo; - Estatismo;

- Modelos do Processo Político e do Poder; - Teoria da Escolha Pública;

- Pluralismo e Networks; - Teoria Institucional;

Fonte: Oliveira Rocha, J.,A. (2010) Gestão do Processo Político e Políticas Públicas. Lisboa: Escolar Editora, p.30

Apesar das teorias variarem de autor para autor, encontra-se quatro que são comuns aos autores

anteriormente citados, são elas, a Teoria do Ciclo Político, a Teoria da Escolha Pública, a Teoria

Pluralista e das Networks e a Teoria Institucional.

“Quanto à Teoria do Ciclo Político, segundo Oliveira Rocha (2010, p.30), vários são os autores que

pronunciaram sobre ela, entre eles Jones (1977) e Anderson (1975) que divulgavam que as políticas

públicas dividiam o processo político em várias fases, tais como, a constituição da agenda política,

a formulação e legitimação das políticas, a implementação e avaliação, mas consideravam que a

constituição da agenda política e a implementação das políticas como sendo das mais importantes”.

“Porém esta teoria é criticada por Sabatier, que não considerava que esta fosse uma teoria causal,

considerava que a sequência de fases proposta é inadequada na maioria das vezes, mas que

também este modelo é essencialmente legalista”.

“Quanto à Teoria da Escolha Pública, Oliveira Rocha (2010, pp.30-31), constata a existência de

numerosos modelos de análise do processo político que têm como base a teoria económica”. “Nesta

teoria, as assunções sobre a escolha de mercado competitivo são aplicadas ao processo político.

Dentro deste mercado competitivo, os eleitores votam nos partidos e nos candidatos que servem os

interesses dos eleitores que neles votaram, desta forma os políticos adotam comportamentos que

os façam ganhar as eleições seguintes, e os burocratas maximizam os seus interesses, ao tentar

aumentar o “bureau”, ou seja, aumento de poder, de prestígio e de salários”. “A interação destes

atores no mercado político vai refletir-se na criação de mais programas e serviços, tendo como

resultado um intervenção constante do Estado, que adquire a forma de “political business cycle”. Ou

seja, os governos operam numa permanente campanha eleitoral, em que as decisões dependem

do timing do ciclo eleitoral”. “Esta forma de abordar o processo político é bastante criticada,

principalmente porque este processo implica uma simplificação que não vai de encontro com a

realidade”.

“A teoria dos grupos evolui para o pluralismo, que segundo Oliveira Rocha (2010, p.31), que teve

como principais teóricos políticos, Dahl e Linblom, que defendiam que todos os interesses estão

organizados em grupos de pressão ou de interesses com pesos não necessariamente iguais”. Ou

seja, “o processo de decisão adequado é o incrementalismo que insiste que apenas um número

limitado de alternativas políticas estão ao dispor dos políticos e que cada uma delas representa uma

mudança mínima no “status quo”, como defende Wildavsky (1979)”.

“Por outro lado na Europa, a teoria dos grupos adquiriu a forma de corporativismo, ou seja, o

pluralismo é simplesmente uma forma de teoria dos grupos, que adota diferentes formas fora dos

Estados Unidos” (Oliveira Rocha, 2010, pp.31-32).

Atualmente, “o pluralismo vai de encontro com a teoria das networks. De acordo com Oliveira Rocha

(2010, p.32) o conceito de networks refere-se às relações que os grupos estabelecem entre si,

acabando por desenvolver uma forma alternativa de governação à hierarquia e ao mercado. No

modelo das teorias de networks, o Estado tem um papel de regulador e o topo da pirâmide é

substituído por um Estado semelhante a qualquer parceiro, mas com mais importância”. Ou seja,

“terminou a estrita separação entre o Estado e a sociedade. Em vez de virem do Estado central, as

políticas são formuladas ao envolverem uma pluralidade de organizações públicas e privadas”.

“Quanto à Teoria Institucionalista, defende-se que as instituições são conjuntos de regras, que

podem ser formais ou informais, e que segundo Oliveira Rocha (2010, p.32) prescrevem

comportamentos, restringem atividades e enquadram expetativas”. “Elas não apenas aumentam ou

diminuem custos de transação como também dão enquadramento às preferências e à forma como

essas mesmas preferências podem se realizar”. Assim sendo, “as instituições constituem-se como

sendo blocos que condicionam as preferências, capacidades e identidades dos indivíduos, ou seja,

quando as escolhas são feitas elas limitam futuras possibilidades”.

No documento Paula Manuela Duarte Pinto Azevedo S (páginas 60-63)