Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 122.682 - SP (2008/0268383-6)
RELATORA : MINISTRA LAURITA VAZ
IMPETRANTE : DORIVAL ALCÂNTARA LOMAS
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO PACIENTE : ALEX SANDRO CHRISTIAN LIMA DA SILVA (PRESO)
EMENTA
HABEAS CORPUS . PENAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
INAPLICABILIDADE. PRECEDENTES DESTA CORTE E DO STF.
ALEGAÇÃO DE EXCESSO DE PRAZO PARA FORMAÇÃO DA CULPA.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.
SUPERVENIENTE SENTENÇA CONDENATÓRIA. DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE. IMPOSSIBILIDADE, SE O RÉU FOI PRESO EM FLAGRANTE E PERMANECEU CUSTODIADO DURANTE A INSTRUÇÃO. JUSTIFICATIVA: VEDAÇÃO EXPRESSA CONTIDA NA LEI N.º 11.343/2006 À LIBERDADE PROVISÓRIA. WRIT PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADO.
1. O trancamento da ação penal pela via do habeas corpus é medida de exceção, que só é admissível quando emerge dos autos, de forma inequívoca, a autoria e materialidade do acusado, a atipicidade da conduta ou a incidência de causa extintiva da punibilidade.
2. Examinando os tipos penais incriminadores indicados na denúncia com as condutas supostamente atribuíveis ao Paciente, vê-se que a acusação atende aos requisitos legais do art. 41 do Código de Processo Penal, de forma suficiente para a deflagração da ação penal, e para o pleno exercício de sua defesa.
3. Na hipótese, não se afigura possível a aplicação do princípio da insignificância ao delito de tráfico de entorpecentes, tendo em vista tratar-se de crime de perigo presumido ou abstrato, sendo totalmente irrelevante a quantidade de droga apreendida em poder do agente. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal.
4. Segundo orientação da Quinta Turma deste Superior Tribunal de Justiça, a vedação expressa de liberdade provisória aos crimes de tráfico ilícito de entorpecentes é, por si só, motivo suficiente para impedir a concessão da benesse ao réu preso em flagrante por crime hediondo ou equiparado. Por tal razão, não se reconhece o direito de apelar em liberdade ao réu que, nessas condições, permaneceu segregado cautelarmente durante toda instrução.
5. Habeas corpus parcialmente conhecido e, nesta extensão, denegada a ordem.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUINTA
TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas
taquigráficas a seguir, RETIFICAÇÃO DE PROCLAMAÇÃO DE RESULTADO DE
JULGAMENTO:
Superior Tribunal de Justiça
por unanimidade, conhecer parcialmente do pedido e, nessa parte, denegar a ordem. Os Srs. Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi e Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador convocado do TJ/AP) votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Gilson Dipp.
Brasília (DF), 18 de novembro de 2010 (Data do Julgamento) MINISTRA LAURITA VAZ
Relatora
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 122.682 - SP (2008/0268383-6)
IMPETRANTE : DORIVAL ALCÂNTARA LOMAS
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO PACIENTE : ALEX SANDRO CHRISTIAN LIMA DA SILVA (PRESO)
RELATÓRIO
A EXMA. SRA. MINISTRA LAURITA VAZ:
Trata-se de habeas corpus , substitutivo de recurso ordinário, com pedido de liminar, impetrado em favor de ALEX SANDRO CHRISTIAN LIMA DA SILVA, contra acórdão denegatório proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo nos autos do writ originário n.º 990.08.023643-1.
Narra o Impetrante que o Paciente foi preso em flagrante no dia 18 de abril de 2008 e denunciado pela suposta prática do crime previsto no art. 33, caput art. 35, caput , ambos da Lei n.º 11.343/06.
Irresignado, impetrou writ originário em que buscou o trancamento da ação penal por falta de justa causa ante a ausência de apreensão da droga em posse do Paciente; a desclassificação para o crime de uso diante da pequena quantidade de droga apreendida; a liberdade provisória por alegada ilegalidade na prisão em flagrante, bem como ausência de fundamentação quanto a necessidade de manutenção da constrição cautelar.
Dessa forma, o Impetrante alega no presente writ, em suma: 1) a ausência de justa causa para a ação penal, diante da ausência de apreensão da droga com o ora Paciente;
2) a necessidade de aplicação do princípio da insignificância, em razão da pequena quantidade de droga apreendida desclassificando o delito para uso; 3) a ilegalidade do flagrante; 4) a ausência dos requisitos autorizadores da manutenção do cárcere cautelar e 5) excesso de prazo na formação da culpa.
Requer, assim, liminarmente, a imediata soltura do Paciente e, no mérito, o trancamento da ação penal ou a desclassificação para o crime de uso ou, ainda, o reconhecimento da ilegalidade do cárcere provisório.
O pedido de liminar foi indeferido nos termos da decisão de fls. 131/132.
As judiciosas informações foram prestadas pelo Órgão Jurisdicional Impetrado às fls. 138/139, com a juntada de peças processuais pertinentes à instrução do feito.
O Ministério Público Federal manifestou-se às fls. 192/196, pelo conhecimento
parcial e nessa parte pela denegação da ordem.
Superior Tribunal de Justiça
É o relatório.
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 122.682 - SP (2008/0268383-6)