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Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia ISSN: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

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(1)Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia ISSN: 1415-0549 revistadafamecos@pucrs.br Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Brasil Nercolini, Marildo J.; Bezerra, Amílcar A. Embates e negociações: produção e consumo cultural na cena mangue Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia, vol. 20, núm. 1, enero-abril, 2013, pp. 147 -162 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, Brasil. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=495551013009. Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc. Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto.

(2) Revista. FAMECOS. mídia, cultura e tecnologia. Representações. Embates e negociações: produção e consumo cultural na cena mangue1 Conflicts and negotiations: cultural production and consumption in the “mangue” scene MARILDO J. NERCOLINI Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense – UFF. <mjnercolini@gmail.com>. AMÍLCAR A. BEZERRA Professor do Núcleo de Design do Centro Acadêmico do Agreste/CAA – UFPE. <amilcar.bezerra@gmail.com>. RESUMO. ABSTRACT. Neste artigo, questionamos alguns lugares-comuns sobre a Cooperativa Cultural Mangue, surgida no Recife dos anos 1990. Enfatizamos a irredutibilidade do conceito “mangue” a uma 

(3)

(4)      

(5)    

(6)   práticas underground já existentes na cena cultural recifense     

(7)      

(8)   e as dissonâncias entre as estratégias de legitimação de alguns agentes do mangue no campo cultural e as práticas de produção e consumo cultural no contexto local.. 4

(9) 6 

(10)  7 8 6 +  6  +

(11) 6. :* 

(12)  *

(13)  + ;7 866  +   <  7 

(14) 6 =>> 5 ?. 6 

(15) 6

(16)

(17) 6

(18)  :+ ; 

(19) @   

(20)     

(21) 6

(22)  

(23) 6 

(24) + 

(25) 6. “Cooperativa” in underground practices already current  <  A 

(26)    

(27) 6 => 

(28) 6  

(29)  8

(30) 6 : 

(31)  ; 

(32) 6 B   @

(33) 8.   +

(34) +

(35) 

(36) +   :+ : + 

(37) 

(38) 6 

(39)   7  

(40)  

(41)    

(42)   <  5. P!"#$%&'"() * 

(43)  *

(44)  +  /23 . *  *

(45)  4 

(46)  5. D(FGH#I$) * 

(47)  *

(48)  +  *

(49)  /

(50)   * 

(51)  4 

(52) 

(53) J5. Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, janeiro/abril 2013.

(54) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações. . emergência da Cooperativa Cultural Mangue no cenário recifense dos anos 90 .  7 3    

(55) 23    . 

(56) 2    

(57)    

(58)  7 

(59) @       

(60)  237 distribuição e consumo de bens culturais. Por vezes rotulada de “Movimento Mangue”  :+ @ 

(61) ;7

(62)  @23  

(63) 

(64)  

(65)  

(66)    2    

(67) 23   . 

(68) 2

(69)  

(70)  @  <  

(71)   

(72) 7   

(73)   K     

(74) 

(75)     

(76)  com referências globais. Nesse artigo, preferimos utilizar o termo “Cooperativa Cultural Mangue” para designar essa mobilização porque é desta forma que alguns de seus principais articuladores, Renato L e Fred 04, a intitulam, contrapondo-se  

(77)  

(78)  7 @

(79)      7 K

(80) 

(81)   6   

(82)  “Mangue” numa proposta estética delimitada, restrita à fusão de ritmos populares

(83)      

(84)   S   

(85) T 5  

(86)  K.   23

(87)       7 + 

(88) @ bens culturais que se aproxima de estratégias vigentes no cenário cultural do Recife       =>7 K UV 6    

(89) 

(90)  +  

(91)  e ao punk construída por meio de práticas underground de produção e divulgação. Vários músicos e articuladores do Mangue dialogavam com essa cena alternativa e 

(92) + @  +X  5 Y 6   

(93)  underground na  UV 6 7 

(94) 

(95) 7  @   mangueboys não apenas dialogaram com essas práticas como as deslocaram a outro patamar, procurando legitimá-las nacionalmente. Situada nesta época numa posição marginal em relação aos grandes pólos de produção de bens culturais no Brasil, a cidade do Recife, ao mesmo tempo em que.

(96)     \ @   .   

(97)    +@7 não se mostrava, contudo, terreno propício para viabilizar mercadologicamente uma Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 148.

(98) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações. 23 

(99) 

(100)  5  X      23  @  

(101)  teve como um de seus efeitos aglutinar diferentes segmentos do público underground.   

(102)   5  7 

(103)  68 

(104) 

(105)    

(106) 

(107)      +X      ]7 6 7 

(108) 7 6%67  ++ +   

(109)   

(110)  

(111) 7  

(112)  @   * @65 Desde os anos 1980, os agentes da cena musical underground recifense se utilizavam 

(113) 

(114) 

(115) +  @   

(116)  

(117)  K  

(118)  

(119)  S@    

(120)  5  7 K K        desvantagem para o cenário cultural local acabou criando um ambiente propício à produção e ao consumo das misturas musicais elaboradas pela Cooperativa Cultural Mangue.. O establishment Armorial 

(121)   3  + 7  

(122) 2 

(123) 

(124) 

(125)  @ 

(126)   . 

(127) 

(128)    

(129)  

(130)    

(131)

(132)      =>`    

(133)  7 +     

(134)  +

(135)  S@  h 5 Y  V   

(136)   

(137)   

(138) 23   arte pretensamente nacional que privilegiasse, como matéria-prima simbólica, certas 

(139) 2 

(140)      

(141) 7   

(142)  

(143) 2 estéticos mais aparentados com o barroco e o medievo ibéricos. k   237   

(144)   

(145)         S@7 K  

(146) +

(147)    235 /  7 

(148)  

(149) @  

(150) 23  h   + S@  +

(151) 3 

(152)       =>w5 * 6   V   

(153)    

(154) 23 

(155)  

(156).  7 a viabilidade econômica da produção artística ou mesmo a visão da arte como bem cultural de consumo não era uma questão para seus integrantes. Os constantes Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 149.

(157) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações.  

(158)  S@

(159)      +

(160)  23 

(161) 

(162)   independente das demandas mercadológicas. Esses recursos eram predominantemente 

(163)  |K  

(164) 

(165)  K 

(166) 6   

(167)

(168)   5 } virtude disso, vários segmentos da produção artística local não seriam contemplados   

(169) 5 /  h 7  

(170) 

(171)  @  

(172)    3  %. nas culturas populares rurais para delas extrair a matéria prima de uma pretensa arte erudita nacional. Esse ideal tem alguns pontos comuns com a estética modernista de V  .    3   

(173)   

(174)   ~@ 

(175)   J. desde a década de 1920 (Bezerra, 2004).  * 

(176)  *

(177)  + +. 

(178) 3     =>>7  U

(179) .  K   . 

(180) 2 6 + ƒ   

(181)  

(182)   7    estereotipados formulados pela mídia de alcance nacional sediada no eixo Rio-São /7  +  

(183)    23 

(184) 

(185)    

(186)  5 }  6       

(187)  

(188)    . 

(189)  + +.   

(190)     

(191) @ 7   7 @   

(192)  2

(193)       +@23 K 7 @

(194)   

(195)    =>>7 

(196) %  „      @U

(197)   

(198)    @

(199) 5   +3 

(200). 

(201)  

(202) 

(203) 

(204)   

(205)  6+X  + | +    . 

(206) 37 

(207) 2  %  7  + 6   

(208)  

(209)    .   @K K †57 =>>>‡5. Surge o Mangue *  + 7  +   . 

(210) 2   

(211)  

(212)     K  .  

(213)      <   2 @  %  

(214) 7 \

(215)    V 5 ˆ  7

(216) 3 . 

(217)

(218) 

(219)   

(220) 23  % 7 K

(221)   \ @    +@ K      Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 150.

(222) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações. modernos aparatos de mídia. Em contraponto ao receituário armorial, que limita os procedimentos criativos e avalia os resultados artísticos de acordo com uma fórmula mais ou menos rígida, a proposta Mangue se abre para a pluralidade e acrescenta referências estéticas do pop a uma releitura não sacralizada do que era considerado tipicamente regional. }@  +

(223) 6 +  

(224) 2  V +X  

(225) 

(226)  7 é a música a manifestação artística central em torno da qual gravitam as demais.   

(227)  

(228) 

(229)

(230) 5 Y +  

(231) 7  +7 .   

(232)  da cultura pop no processo criativo é sintoma da consciência de que a construção de uma identidade cultural contemporânea está necessariamente atravessada por \ @   +@   3    K  

(233) 23 em rede, possibilitada pelas tecnologias de comunicação, é um dos canais privilegiados pelos quais circulam essas referências (Nercolini, 2008). Torna-se, portanto, essencial apoderar-se dessas tecnologias e apropriar-se dessas referências  %  \ 7    . 

(234) 2  . V% em circulação, criando assim imagens alternativas do Recife, reposicionando-a no mapa simbólico da nação e, ao mesmo tempo, inserindo-a no contexto internacional de produção de signos pop. Recife, pensada como uma cidade-mundo, isto é,  +

(235)  „6@6 =>>‡7  2  

(236) 23 

(237)   2 +@  

(238)       +  23   +@    7  @  e tecnologias, de ideias, imagens e produtos culturais. Entretanto, a inclusão neste \ @ +@       

(239) @23 + U  

(240) 

(241)      

(242)   K 6    

(243)   +% +  

(244)   

(245) +@5 }    .      

(246)   

(247)  7 

(248)   

(249) 2  

(250)  @  . inerentes. Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 151.

(251) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações. No início, a construção de uma imagem pública local para a música do Mangue dependeu, sobretudo, de estratégias de produção e divulgação tipicamente underground, como já visto. Em seguida, os eventos do Mangue passam a ocupar um espaço gradativamente maior nos jornais locais, especialmente no Jornal do Commercio7 +2  

(252)  

(253) 

(254)   2    U

(255)    + 

(256)    + Š 37 ‹‡5  

(257)  . 

(258) 37  + 3   a conquistar a simpatia dos grandes jornais brasileiros, das revistas de circulação    

(259) 

(260) 2 

(261) 

(262)        +

(263) 23 @ no plano nacional e internacional. Neste aspecto, a postura dos agentes aglutinados em torno da ideia do Mangue é frontalmente oposta ao dito establishment armorial,   K   3  

(264)         67      +

(265) 23  

(266) 

(267) 2    T   7 3 

(268) 

(269)   2  

(270)  5 Quando Suassuna assume a Secretaria de Cultura do Estado, em 1995, a Cooperativa *

(271)  +

(272)     7  6  

(273) X  

(274) V  incluir essa proposta em sua política cultural. Havia, no entanto, pontos em comum entre ambos, que serviram de ponte para uma aproximação que viria a acontecer posteriormente, em 1997. Com o Mangue legitimado pelas principais instâncias especializadas em música    7   

(275)    UV

(276)   +7  V+ de Suassuna com Science era o sinal de uma negociação simbólica. Embora com diferenças em relação às formas de se relacionar com as culturas populares, tanto h  K

(277)  h  

(278) 6     K  

(279) 23 

(280) 

(281)  local para se globalizar deveria trazer marcas típicas daquilo que se entendia por cultura local. E, para ambos, a cultura local em sua tipicidade estava visceralmente + | 

(282) 2 

(283)     5 Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 152.

(284) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações. Diferentes apropriações do popular Enquanto Science e Fred 04 pendiam para uma visão mais inclusiva do conceito de 

(285)  7  +@

(286) @  

(287) 2 @  

(288) @  kX +   @%]  †+ „ 7 h 

(289)   

(290)   as culturas rurais. Em relação à maneira como lidavam com a cultura popular, vale 

(291)     h 7  

(292)  

(293)  | 6  h3 /). “. É um equívoco, porque ele [Science] parte da idéia de que pega os elementos da música popular, do maracatu rural, etc. e aí, diz ele, para valorizar essa música, lança mão do rock, do rap. A meu ver, não está valorizando. Está vulgarizando. Como é que uma música inferior pode melhorar uma superior? [...] Chico Science, a meu ver, está em posição equivocada.” (apud Sá, 1997, p. 7).   

(294) 7  7 h 7  

(295)  

(296)    ’ ] h

(297) + =>>“7 5 ”‡7   6@23 

(298)  

(299)  

(300)  

(301). 

(302) 7  K. “não existe distinção de qualidade” entre as duas. Colocar a cultura popular brasileira a dialogar com os clássicos gregos (como o faz em suas peças teatrais) e com a música. 

(303)    . 

(304)   

(305)  ‡7   7 3  

(306)   

(307) V   :  V; :+ 

(308) ;   V+ @2 a cultura pop, seria condenável, pois acabaria por deteriorar o popular. Na análise K   

(309)   *6 h  7   K   3  ]     ritmos populares nordestinos, ao invés de enriquecer, prejudicaria a cultura popular. Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 153.

(310) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações. Para ele, Science e os mangueboys    

(311) 23  

(312)  5  que “quando falo em tradição, as pessoas imaginam que é uma visão imobilizada do passado. Está errado. Temos de pegar o popular como ponto de partida para a criação   

(313)  + @  5 •  K

(314) 

(315)   ;  +37 ‹–7 5 =‡5 / 

(316)  7     *6 h .  mangueboys se aproximam das 

(317) 2 + |

(318) 23 | 

(319)   V     K.  67 @    2    23     23 +23    ˆ  =>>“7 5 ‹w“‡7 :  V% las, reproduzi-las com objetivos preservacionistas, muito menos queriam delas se      

(320)  ;5 4 

(321) @         –). “. Os mangueboys foram movidos por uma curiosidade natural. Queriam aprender com rabequeiros, coquistas, cirandeiros, o que não lhes foi ensinado nas escolas, nem entrava nas programações pasteurizadas das FMs. E mais: trazendo esses artistas para a ribalta com eles, dividindo shows, palcos de festivais.” (apud Telles, 2000, pp. 274-275). *6 h    7 =>>w‡   

(322) 23) :} K 

(323) @6 com os ritmos regionais, [...] com essa coisa brasileira de uma maneira universal, que.   5; Y K  K :    3 @   .   +

(324)   

(325)   + 7   V%   @++  5 4   6  atenção das pessoas para os ritmos como eles são e criar interesse pelo folclore” (apud ~7 =>>–7 5 “‡5 Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 154.

(326) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações. k    * Š 3 ‹‡ ~V /   h ‹‡   

(327)  

(328)  

(329)   2    

(330)         @7    

(331)  Jornal do Commercio, interpreta a mobilização desencadeada pelo Mangue. Percebemos, em primeiro lugar, algumas discrepâncias entre o discurso construído pelos jornalistas e a fala dos agentes, o que resulta na consolidação de uma +  S@ K 

(332) 7  +   

(333)  7  

(334) 2 

(335) 5 }

(336) 

(337) 

(338) 7 concordamos com Carolina Leão quando ela destaca a importância da relação dos + 

(339)  +   U

(340)      

(341)   †* *  *‡    23  K.  6  :  S    / @;5 De fato, o Caderno C é o primeiro suplemento cultural de um grande jornal recifense a dedicar espaço para eventos e crítica de cultura pop. Naquela primeira metade da década de 1990, foi instrumento fundamental para a legitimação do Mangue e construção de uma imagem pública para o movimento. Contudo, ainda segundo a autora, o Caderno C, apesar de se colocar claramente como defensor e promotor da.

(342)

(343)  + 7 

(344)       \

(345)   + 2 

(346)    

(347)    + 5 †V + ~S /  ‹‡7 6V  U   

(348) X      + 

(349)

(350)   67 

(351)     mais típica na fusão musical realizada por Chico Science e Nação Zumbi, sendo esse um dos pontos que mais gera polêmica entre os jornalistas culturais locais e os agentes  + 5 }K

(352)   U 

(353) @     6 K 

(354)   @ 7  % +     23   

(355)  :; Mangue, os agentes da cena enfatizam a abertura do conceito e a sua irredutibilidade  

(356)

(357)  5  7  

(358)    

(359)  6  

(360) 23  a simbologia do Mangue como sinônimo de fertilidade e diversidade, numa tentativa  

(361)     K      V  3 

(362) @ nativos com a música pop internacional nos moldes da Nação Zumbi. Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 155.

(363) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações. ™V    T 

(364)    

(365)    

(366)  

(367)  ) . 

(368)      6+   7     U  7 K

(369) 

(370)     

(371)   +.  

(372)

(373)  @    7 

(374)  K @   diversidade, em consonância com a proposta conceitual do grupo, que produz uma 

(375) V  

(376)   + | @     

(377)  + 5  

(378)  defende ainda que os grandes jornais do eixo Rio-São Paulo acabam por reproduzir essa mesma postura dos jornais locais.. Mangueboys e Armoriais: interconexões   

(379) 23  +  23  @  @  

(380)    .  K .   

(381)   S

(382)  

(383)    =>` =>5  

(384)   <  †  h3 /

(385) %     23 de bens simbólicos do país, reunindo as grandes redes de televisão, editoras e + 5 Y    

(386) 

(387)    

(388)   + 

(389)  em direta proporção ao crescimento das grandes redes de TV e da consolidação das grandes gravadoras e distribuidoras sediadas no Sudeste. Nesta época, presenciamos a formação de um mercado interno de dimensão efetivamente nacional depois que as gravadoras, editoras e grandes redes de televisão passam a disseminar em.    @  

(390)     5  

(391) 

(392)  

(393)  . consolidada entre os anos 1960 e 1980, época em que vigorou a ditadura civil-militar,  

(394) 

(395)  @ U

(396)   23       nacional de bens simbólicos. ˆ

(397)   „  ‹‡7    K  2  .

(398) 

(399) 7  

(400)  . 

(401) 37  6 K23  2 + +V  K    

(402)    de produção desses bens. Em paralelo ao processo de modernização e de integração   7 K     +   ››7 h3 / <  † 

(403) %. Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 156.

(404) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações. os núcleos produtores e disseminadores dos valores econômicos e culturais, e sediam a maior parte das instâncias legitimadoras dos bens culturais em escala nacional. Dentro da nova lógica que se instala, até mesmo os signos de identidade regional passam necessariamente pelo crivo das instâncias de legitimação sediadas no Rio e em São Paulo antes de serem colocados nacionalmente em circulação e consumidos  @         + 5 ˆ <  7     @2 

(405)    

(406)    6 K23 

(407) V%   

(408)  

(409)     + 5 * @   04 na canção Destruindo a camada de ozônio, do CD Guentando a ôia =>>w‡) :ˆ3  .    

(410) 7    

(411) V 

(412) 5 /  K.   6  

(413) 7

(414)   no sul.” Vemos objetivada nos versos a consciência de estar situado na periferia, mas também, ao mesmo tempo, a ideia de que esta posição aparentemente “desfavorável”, semimarginal, pode, em algum momento, tornar-se uma vantagem no processo de legitimação. O periférico pode ser incorporado ao campo por representar o “novo”, ou  : 6 ;7 7 

(415) 

(416) 7   

(417)  K     5 }   X  \

(418)  

(419)   K  6   T   

(420)   K   7 @   K  23     5  

(421)    :;7   –  +  

(422) +

(423)    

(424)   

(425)    23 sistemática como estratégia de legitimação. O debate cultural no Recife dos anos 1990 tem sido normalmente representado pelos jornais do eixo Rio-São Paulo como uma oposição binária entre dois polos  V  )  +.  5 }  

(426) 23 @  

(427)     2   

(428)   K 

(429)    62  2 K   . 

(430)   

(431)    U

(432)  6

(433)  

(434)  5 }K

(435)    – 6% 

(436) 

(437)  

(438)   

(439)  7   @    2  *6 h     

(440)    V 7 Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 157.

(441) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações. que deixa entrever uma espécie de negociação simbólica. Segundo Fred 04, “a política cultural dominante em Recife sempre foi essa, de folclorizar, de estagnar ou então      

(442) 7     

(443)  5 } U+ 

(444) V  

(445)    +5 ˆ+    @ @    

(446) ;  @7 =>>`7 5 “‡5 œ@   

(447)  

(448)  | 6  h3 /  h6 7 =>>7 5 `‡7 cita a canção O Africano e o Ariano (onde se pergunta em um de seus versos “mas é o  K +      K +  ;‡  K  6 +   *6 h  7 UV 

(449) 3  7 @  

(450) V% : 6    

(451) 237 3    K     +7 66  6 

(452) 235 Y ž A7 6   7   6    

(453) T  

(454)   + 

(455)  

(456)  

(457) ;5 } +  K ) :ˆ Ÿ/}7 .

(458)  7

(459)     eram armoriais, apocalípticos quanto à cultura de massa”. †V *6 h  

(460)   

(461)   

(462)  5 Y  h   hV7 =>>`7 5 `‡  

(463) ) :*6 h    5 œ     . 

(464) V5 }   7 ž7    A;5 }     . 

(465)  

(466) 7 ) :*6 h  7     7

(467) V   23 K5 +7  digo isso com o maior cuidado, porque eu gosto dele demais”, deixando entrever não somente discordâncias, mas certa admiração e aproximação. De acordo com Bourdieu ‹=‡7  3   +

(468)    +   

(469)   K  UV

(470) V

(471) @  5  

(472).  + 

(473) @   23      23   

(474)  

(475)   auto-representação e a representação do outro7 6 + ƒ K   

(476) 5 ™V7  

(477) 7 

(478) 

(479)   2   3   

(480)     Mangue, desde o próprio conceito do que é cultura até as formas de se relacionar    . 

(481) 2  

(482)   5 ™V7 

(483) 

(484) 

(485) 7 

(486)   

(487) 

(488) 7  +2 K

(489) @    

(490)  K @    +  +  nas páginas dos jornais. Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 158.

(491) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações. h       +23 @ 

(492)      manifestação estética comum, poderíamos citar a maneira como ambos se relacionam com a obra do Mestre Salustiano. Cultuado tanto por armoriais quanto por mangueboys7 

(493)  h7  

(494) @  6 7

(495) %    X   modo como vivenciava e ao mesmo tempo recriava os folguedos populares. Cavalo67 @@% %@7  

(496)    +  +  

(497) simbólicos da alquimia realizada por ele. Nascido numa família pobre da Zona da Mata canavieira, Salu vivencia desde criança várias brincadeiras típicas da região, +  K 7   %6   @@% %@7 6 +   noites inteiras com a participação intensa das comunidades rurais. Entretanto,  2 

(498)     \X     23 . massa no cotidiano daquelas comunidades – sobretudo a televisão – cria uma outra percepção de tempo e entretenimento. Em depoimento à pesquisadora Mariana Mesquita (2003), o artista conta que percebeu rapidamente que as pessoas não estavam mais dispostas a passar noites inteiras participando dos folguedos. Por isso, passou a criar espetáculos curtos nos quais condensava elementos dos mais diversos folguedos populares. Mestre Salustiano foi contratado por Suassuna para ser seu assessor na Secretaria de Cultura, entre 1995-98. Os mangueboys

(499) @  

(500)   6 +   

(501) . h5   

(502)  

(503)  Salustiano Song7   

(504)  

(505)  

(506) 7 + entre as faixas do primeiro CD de Chico Science e Nação Zumbi, Da lama ao caos. De fato, a destreza de Salu em combinar e fundir as referências estéticas que vivenciou desperta a admiração tanto de armoriais quanto de mangueboys.    7      T  @

(507) 

(508)  

(509) +

(510)   @  movimentos, estimuladas, a nosso ver, por uma conjuntura na qual o campo cultural    +7 3

(511)  X  K 7      Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 159.

(512) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações. 

(513) 7 6 + 

(514) 2 V+  

(515)    2  

(516). estabelecidas entre o público de um ou de outro. O próprio local que durante alguns anos foi considerado o epicentro da efervescência Mangue no Recife, o bar Soparia do Pina, era um espaço em torno do qual gravitavam públicos variados, desde fãs de heavy-metal 

(517)   S     

(518) % 

(519)  

(520)   X  

(521)  

(522) 6ƒ entre segmentos de público diversos. Não raro, era possível perceber o trânsito de indivíduos e grupos por subculturas diferentes e até mesmo antagônicas, sem que isso fosse interpretado como contradição. Esse tipo de sociabilidade permeada pela fruição de gêneros musicais e referências culturais distintas e aparentemente antagônicas,   @ 

(523) 

(524)   | @2         protagonistas do Mangue. O mercado consumidor de cultura no Recife não é tão volumoso nem tão segmentado quanto o das grandes capitais do Sudeste. Esta segmentação relativamente incipiente facilitava as trocas e os intercâmbios entre diversas formas de subcultura assimiladas pelos agentes da cena alternativa da cidade. Desde a década de 1980, quando são inaugurados na cidade lojas de discos, bares e espaços culturais dedicados  ]  @+X  7 @

(525) 

(526)   

(527)  

(528) 6

(529)  7

(530)    punk e o metal7   7     

(531)  6       5 } muito comum músicos de bandas punk e hardcore tocarem em bandas de metal e viceversa. Talvez em função dos festivais de rock organizados na cidade serem obrigados, para se viabilizar em termos de público, a agregar bandas de diferentes subgêneros,  K 3   6 

(532) 

(533)  

(534) V @

(535)   

(536) 

(537) 7   uma consciência coletiva de que elas eram mutuamente dependentes para consolidar    

(538) 

(539)   „      „ 7 ‹==‡5     =>>7  Abril Pro Rock, festival símbolo do Mangue, adotava uma política da diversidade, Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 160.

(540) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações. ao contemplar os diversos segmentos do público tido como alternativo no cenário 7 6 +   

(541)   + K     

(542)  .

(543)

(544)   

(545)  7       

(546)  @ 5 Não é a toa que o som produzido por Chico Science e Nação Zumbi será considerado    . 

(547) 

(548)      

(549) 5  

(550)   

(551)   hip-hop, rock n’roll, samba-reggae e hardcore, entre outros elementos, se mostrava a alegoria mais próxima da diversidade e da fusão constituída pelo ambiente cultural do Recife em sua época. Essa diversidade produzia um diálogo que propiciou a formação de uma   

(552)   

(553)  + 5 Ÿ   K  

(554)  

(555)   

(556)       K  

(557)   2

(558) K K 

(559)    

(560)   respeito do contexto levam a crer. z. Referências „<Y7 „5 k  | 5 Revista República7 h3 /7 kA¤ *2 7  =7 5 >7 5 `–%``7 jul. 1997. Š„Ÿ¥Ÿ}<¥Ÿ} †5 Ÿˆ4¦7 k5 A invenção do Nordeste5 h3 /) *

(561) 7 =>>>5 <~§Y7 ™  5 Ÿ   5 Jornal do Brasil, Caderno B, p. 1, 7 maio 2004. „}¦}<<7  5 Da Pedra do Reino à Selva de Pedra)  „    h   6  h3 /5 ‹–5 k 

(562) 23  

(563) 7 Ÿ/}7 <  7 ‹–5 „}¦}<<7  5 }<<}4<7 k  „<<}7 †+ 5 k

(564)   

(565)  ) 

(566)  @  23 .    

(567)     <  5 4) X››4’ 4

(568)  ¨ *+  „    *X  *237 2011, Recife. „YŸ<k4}Ÿ7 /  5 A distinção) 

(569)    U+ 

(570) 5 h3 /) }kŸh/7 ‹5 ______. As regras da arte5 h3 /) *  Š

(571)  7 ‹=5 „™„™7 ™5 O local da cultura5 „  ™

(572) ) }

(573)  Ÿ~7 =>>5 ~4<Yˆ7 Š 

(574) 5 *6 h .     

(575) 5 Folha de São Paulo7 4

(576) 7 5 “7 ”=7 5 =>>–5 ™ŠŠ7 h

(577) 

(578) 5 ˆ

(579)  @   

(580) 23  5 4) ™ŠŠ7 h

(581) 

(582) 5 Da diáspora – 4 

(583)  .  2 *

(584)  . „  ™

(585) ) }

(586)  Ÿ~7 ‹”5 5 ‹–`%‹w”5 Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 161.

(587) Nercolini, M. J., Bezerra, A. A. – Embates e negociações. Representações. Š}§Y7  *5 A nova velha cena)     3  + + @ 

(588)    

(589)     5 ‹5 œ.  

(590)   h+7 Ÿ/}7 <  7 ‹5 }h¥Ÿ4œ7 6  5 †37  7   h

(591) )

(592) X + 2  

(593) 

(594)    23 com o massivo na perspectiva da reconversão cultural. Revista Internacional de Folkcomunicação. Rede Folkcom, n. 1, pp. 79-97, 2003. Y<4*Yˆ47 h +5 *6 h  ¨   23  +2 @ 

(595) 5 k   ) ª8885

(596) 6 5 +5@««¬‹«656

(597) ­   ) ‹ 5 ‹”5 ˆ}<*YŠ4ˆ47  † 5 A construção cultural pelas metáforas)  /„  <] ˆ + 

(598)       

(599)  +@ 5 ‹“5 œ.  

(600) 7 Ÿ<†7 <  † 7 ‹“5 ¬¬¬¬¬¬5  † 5 + @ 

(601)  

(602) 23  

(603)     5 Ciberlegenda7 Ÿ7 5 ‹7 5 =%=7 ‹5 k   ) ª6®)««8885B5@«@  + «U « 56« 

(604) «

(605)  « 8«=w>. h¤7 ˆ    5  

(606)   ¥ %h 5 Folha de São Paulo7 *  4h°7 5 `7 => U5 >`5 hˆ*™}h7 /  5  Š 6 + 

(607)   5 Folha de São Paulo7 4

(608) 7 5 7 ‹w +5 >5 hˆœ4~Y7 ’ ]5 h 

(609) V  h 

(610)  *6 h   * + Y 5 Folha de São Paulo, 4

(611) 7 5 ”7 ‹” U5 >“5 h4Š’7 ~ /5 “Mangue”)  7  % 7 +@5 ‹5 k 

(612) 23 

(613)   h+‡ ¨ /+  / %~23  h+7 Ÿh/7 h3 /7 ‹5 œ}Š}h7 † 5 Do Frevo ao Manguebeat5 h3 /) }5 ”–7 ‹5 ?4hˆ4D7 † + 5 ˆ   5 4) h¥Ÿ}7 } ?4hˆ4D7 † + 5 O Nacional e o Popular na Cultura Brasileira – Música. h3 /) „   7 ‹=5. NOTA 1. Ÿ   3 

(614)   

(615) +  . 

(616)   ’44 }ˆ}*ŸŠœ7 Ÿ„7 h7 %=  +

(617)  . 2012.. Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 20, n. 1, pp. 147-162, jan./abr. 2013. 162.

(618)

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