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Os Quatro Estádios de Desenvolvimento Cognitivo segundo Jean Piaget

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Academic year: 2021

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Os Quatro Estádios de Desenvolvimento Cognitivo segundo Jean Piaget

Jean Piaget (1896-1980) psicólogo suíço, deu uma contribuição muito significativa para a nossa compreensão do desenvolvimento mental, através de um estudo intensivo de crianças. Durante longos períodos de tempo, começou a delinear o inexplorado território da mente humana e a produzir um mapa dos estádios de desenvolvimento cognitivo. Piaget vê a criança como sujeito que cria e recria o seu próprio modelo de realidade, atingindo um crescimento mental por integração de simples conceitos em conceitos de nível mais elevado ao longo de estádios. Piaget traçou então, quatro estádios nesse desenvolvimento: o estádio sensório-motor, o estádio pré-operatório, o estádio operatório concreto e o estádio operatório formal.

Processando-se, antes de mais, o desenvolvimento cognitivo em estádios de desenvolvimento, podemos concluir que, tanto a natureza como a forma da inteligência mudam profundamente ao longo do tempo. O trabalho de Jean Piaget delimitou os vários sistemas cognitivos que as crianças usam em diferentes períodos das suas vidas, cada novo sistema em evolução constitui uma transformação qualitativa fundamental. Antes de descrever os estádios de desenvolvimento cognitivo, é importante explicar exactamente o que o termo cognição significava para Piaget. Essencialmente, cognição, pensamento ou processamento racional, é considerado um processo activo e interactivo. Sendo a cognição um processo permanente, de avanços e recuos, entre a pessoa e o meio podemos afirmar que, o processo cognitivo é activo e não passivo, pois a pessoa afecta o meio e o meio afecta a pessoa, simultaneamente.

Os estádios de desenvolvimento diferem uns dos outros e o conteúdo de cada estádio consiste num sistema fechado que determina a forma como compreendemos e damos sentido às experiências. Deste modo, se pretendermos proporcionar experiências que alimentem e facilitem o desenvolvimento, temos que ter em consideração o sistema intelectual que a criança utiliza num dado momento. Se a idade da criança vai até aos dois anos, a criança encontra-se no estádio sensório-motor e é nesta fase que a criança se adapta ao mundo exterior aprendendo a lidar com o seu corpo e sensações, nesta etapa só o corpo reage. Se a idade da criança vai dos dois anos aos cinco/seis anos, a criança encontra-se no estádio pré-operatório, o estádio mais importante no seu desenvolvimento; neste período a criança é capaz de manipular o seu ambiente simbólico através das suas representações ou pensamentos acerca do mundo externo, assim como também é capaz de representar os objectos por palavras e manipular as palavras mentalmente. Se a idade da criança vai dos seis anos aos onze/doze anos, a criança encontra-se no estádio operatório concreto, é neste período que a criança começa a desenvolver raciocínios lógicos pelo desenvolvimento da linguagem simbólica. O último estado inicia-se a partir dos doze anos e denomina-se por estádio operatório formal, caracteriza-se pela generalização do pensamento e por um apuro da lógica permitindo um tipo de experimentação mais flexível, neste estádio, a criança aprende a manipular ideias abstractas.

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Piaget reexaminava cuidadosamente as suas próprias questões (hipóteses) para depois desenvolver novas formas de as testar, foi através da repetição, mais do que da experiência crítica isolada que Piaget acumulou evidências suficientes para se tornar no maior teórico do desenvolvimento intelectual.

Após examinar os padrões de pensamento que as crianças usam desde o nascimento até ao final da adolescência, Piaget começou a encontrar sistemas consistentes dentro de certas faixas etárias amplas, definiu assim os quatro estádios de desenvolvimento cognitivo. Cada estádio é um sistema de pensamento qualitativamente diferente do precedente, isto é, cada estádio constitui uma transformação fundamental dos processos de pensamento. Assim, devemos ter presente que, a criança deve atravessar cada estádio segundo uma sequência regular, pois os estádios de desenvolvimento cognitivo são sequenciais, isto é, seguem uma sequência invariável. A criança precisa então, de experiência suficiente em cada estádio e de tempo suficiente para interiorizar essa experiência antes de poder prosseguir, isto porque, embora uma forma fundamental de actividade cognitiva defina cada estádio, coexistem elementos de outros estádios.

Cada estádio possui características fundamentais próprias que descrevem a forma como a criança processa a experiência, paralelamente, a criança manifesta alguns sinais do estádio seguinte, assim como de estádios anteriores. Estudos recentes mostraram que:

A sequência de mudanças de estádios ocorre pela ordem proposta por Piaget, embora o período de tempo que um dado estádio compreende possa variar. Os períodos de transição entre estádios são mais longos e mais flexíveis do que

previsto e, desta forma, menos abruptos.

Embora as características modais de cada estádio específico permaneçam como esquema dominante, elementos cognitivos de estádios anteriores e posteriores manifestam-se mais do que o previsto.

Podemos então enumerar as características de cada estádio de desenvolvimento cognitivo de maneira a percebermos melhor em que consistem:

Experiência Sensório-Motora (do nascimento aos dois anos)

A actividade cognitiva durante este estádio baseia-se, principalmente, na experiência imediata através dos sentidos em que há interacção com o meio, esta é uma actividade prática. Na ausência de linguagem para designar as experiências e assim recordar os acontecimentos e ideias, as crianças ficam limitadas à experiência imediata, e assim vêem e sentem o que está a acontecer, mas não têm forma de categorizar a sua experiência, assim, a experiência imediata durante este estádio, significa que quase não existe nada entre a criança e o meio, pois a organização mental da criança está em estado bruto, de tal forma que a qualidade da experiência raramente é significativa, assim, o que a criança aprende e a forma como o faz permanecerá como uma experiência imediata tão vivida como qualquer primeira experiência.

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a evoluir intelectualmente compreendem que, quando um objecto desaparece de vista, continua a existir embora não o possam ver, pois ao saberem que esse desaparecimento é temporário, são libertas de uma incessante busca visual. A experiência de ver objectos nos primeiros meses de vida e, posteriormente, de ver os mesmos objectos desaparecer e aparecer tem um importante papel no desenvolvimento mental. Assim, podemos afirmar que a ausência de experiência visual durante o período crítico da aprendizagem sensório-motora, impede o desenvolvimento de estruturas mentais.

Sendo durante este estádio que os bebés aprendem principalmente através dos sentidos e são fortemente afectados pelo ambiente imediato, mas contudo, sendo também neste estádio que a permanência do objecto se desenvolve, podemos então afirmar que, os bebés são capazes de algum pensamento representativo, muito semelhante ao do estádio seguinte, pois seria um erro afirmar que, sendo a sua fala, gestos e manipulações tão limitadas, não haveria pensamento durante o período sensório-motor.

“Nada substitui a experiência”, é uma boa síntese do período sensório-motor do desenvolvimento cognitivo, pois é a qualidade da experiência durante este primeiro estádio que prepara a criança para passar para o estádio seguinte.

Estádio Pré-Operatório (dos dois anos aos cinco/seis anos)

Durante este estádio o pensamento sofre uma transformação qualitativa, assim, as crianças já não estão limitadas ao seu meio sensorial imediato. No estádio anterior começaram a desenvolver algumas imagens mentais, como por exemplo, a permanência do objecto, neste estádio, expandem essa capacidade e aumentam a capacidade de armazenamento de imagens, como as palavras e as estruturas gramaticais da língua. O desenvolvimento do vocabulário, incluindo a capacidade de compreender e usar palavras, é especialmente notável.

Neste estádio dão-se importantes progressos, uma vez que este é o período em que as crianças estão mais abertas à aprendizagem da língua, os adultos que usam a linguagem para comunicar com as crianças, têm um efeito marcante no seu desenvolvimento linguístico. O modo de aprendizagem predominante neste estádio é o intuitivo, pois as crianças neste período não se preocupam particularmente com a precisão mas deliciam-se a imitar sons e a experimentar dizer muitas palavras diferentes. Assim, podemos afirmar que, quanto mais rico for o meio verbal durante este período, mais provável será que a linguagem se desenvolva, no entanto, o ensino é quase desnecessário, pois a vantagem do modo intuitivo é que as crianças são capazes de livres associações, fantasias e significados únicos ilógicos, podem fingir, como por exemplo, que os bonecos são reais, que têm amigos imaginários, ou mesmo ter conversas inteiras consigo próprias ou com objectos inanimados, estas são algumas das formas que as crianças usam para experimentar a linguagem, isto é, para se ensinarem a si mesmas, pois a intuição permite-lhes experimentar independentemente da realidade. As crianças privadas da fala, durante este período, sofrem um atraso no desenvolvimento que pode ser irreversível.

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intuitivas, livres e altamente imaginativas, neste estádio as crianças podem mostrar alguns sinais de autodisciplina. Tal como acontecia no período sensório-motor, são evidentes neste estádio, alguns atributos do estádio seguinte, porém estas novas características são muito frágeis.

Estádio Operatório Concreto (dos seis anos aos onze/doze anos)

No estado anterior, o estádio pré-operatório, as crianças são sonhadoras, têm pensamentos mágicos e fantasias em abundância, enquanto que neste estádio, o estádio das operações concretas, as crianças compreendem as relações funcionais porque são específicas e porque podem testar os problemas. Ao abandonarem sem reservas o seu pensamento mágico, fantasias, e amigos imaginários, tornam-se quase que exageradamente concretas, a sua capacidade de compreender o mundo é agora tão lógica quanto anteriormente era ilógica.

É neste período que as crianças se deliciam a fazer as suas piadas, pois comparado com o período anterior em que simples expressões com palavras que para elas eram novas eram consideradas hilariantes, o humor do estádio concreto é mais sofisticado, se não mesmo mais atraente até do ponto de vista dos adultos.

Enquanto que no estádio anterior, do pensamento intuitivo, as crianças demonstravam algumas capacidades, embora pouca, para raciocinar de forma concreta, da mesma forma, durante o estádio concreto, a criança exibe uma frágil capacidade de raciocínio abstracto, existe, portanto, algum pronuncio do estádio seguinte.

Estádio Operatório Formal (a partir dos doze anos)

A transição para o estádio das operações formais é bastante evidente dadas as notáveis diferenças que surgem nas características do pensamento. É no estádio operatório formal que a criança realiza raciocínios abstractos, não recorrendo ao contacto com a realidade. A criança deixa o domínio do concreto para passar às representações abstractas.

É nesta fase que a criança desenvolve a sua própria identidade, podendo haver, neste período problemas existências e dúvidas entre o certo e o errado. A criança manifesta outros interesses e ideais que defende segundo os seus próprios valores e naquilo que acredita.

Para concluirmos este trabalho devemos realçar que, de acordo com a definição de estádios de desenvolvimento cognitivo aqui apresentada, afirmamos que, o crescimento é mais qualitativo do que quantitativo e que se caracteriza por grandes saltos em frente, seguidos por períodos de integração, mais do que por mudanças de grau lineares.

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próprio do estádio seguinte e os professores devem encorajar esse desenvolvimento, isto porque é a criança que está a evoluir por si sem pressões do exterior.

Bibliografia

MELO, A. Sampaio e, CARVALHO, Alexandre A. Pires de e outros. 2001.«Diciopédia 2002 Cd-1». Porto: Porto Editora,

SPRINTHALL, Norman A.; SPRINTHALL, Richard C.; (1993). «Psicologia Educacional – Uma Abordagem Desenvolvimentalista», MCGraw-Hill:

Referências

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