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FACULDADES INTEGRADAS CAMPOS SALLES

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Academic year: 2021

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FACULDADES INTEGRADAS CAMPOS SALLES CURSO DE GRADUAÇÃO

DISCIPLINA: SUSTENTABILIDADE, RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA Professor: Paulo S. Ribeiro

Aula 03 1.4 A moral no pensamento moderno

A Idade Moderna se inicia com o fim da Idade Média. Características gerais:  Fortalecimento das Monarquias nacionais;

 Fortalecimento do Absolutismo;

 Expansão marítimo-comercial européia;

 Renascimento: resgate da visão antropocêntrica do mundo em detrimento à uma teocêntrica

 Reforma Protestante e Contra-reforma,

 Iluminismo: desenvolvimento do Humanismo - discussões sobre liberdade, direitos.

 Desenvolvimento da Ciência;

 Revolução Industrial; Fim da Idade Moderna Revolução Francesa;

É possível dizer que a Idade Média teria criado condições para que o indivíduo tivesse sua liberdade cerceada, atrofiada. Uma visão teocêntrica de mundo, somada ao tipo de organização social e política da Idade Média, fariam com que se tivesse o chamado período das “Trevas”.

Tem-se novamente uma maior reflexão filosófica sobre a condição humana (ética) não necessariamente enviesada pela religião.

Inicia-se uma produção intelectual que tenta avaliar o indivíduo e sua possibilidade (ou não) de emancipação, de ser senhor de sua vida, bem como lidar com questões éticas para a vida em sociedade.

Determinismo x liberdade

A liberdade ética diz respeito ao sujeito moral, capaz de decidir com autonomia em relação a si mesmo e aos outros.

A questão está em pensar até que ponto somos livres ou temos a ilusão da liberdade?

O determinismo trata de um conceito que surge apenas no século XIX, o qual sugere haver fatores que podem determinar o comportamento, a escolha, a vida.

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Condicionamento do comportamento.

O determinismo parte do princípio que para tudo existe uma causa. Assim, no mundo determinista não haveria necessariamente liberdade.

Se o determinismo em um primeiro momento é mais usado como conceito básico para a explicação das ciências, ao longo do tempo também foi usado para se pensar fenômenos humanos e sociais.

Assim, tais fenômenos seriam também resultado de causalidades. Três poderiam ser os fatores que condicionavam a vida: raça, meio e momento histórico. Já os teóricos defensores da liberdade pressupõe e possibilidade da ação humana,

mesmo que constrangida por forças externas ou internas. Ser livre é agir como ser quer.

Teríamos assim o livre arbítrio. Contudo, essa questão fermentou inúmeros debates na Idade Média, bem como ao longo dos séculos XVI e XVII, principalmente quando se pensa a incompatibilidade entre a onipotência e onisciência divina com o livre arbítrio do homem (como medida de todas as coisas)

È na Idade Moderna que uma reflexão sobre a liberdade humana ganhará peso. È neste período que se retoma a questão da liberdade política, a liberdade religiosa, a liberdade econômica, bem como se trata das questões ligadas ao conjunto de direitos naturais do homem e de sua preservação.

Rosseau - A moral do coração Jean Jacques Rousseau (1712-1778).

“A verdadeira filosofia é a virtude, esta ciência sublime das almas simples, cujos princípios estão gravados em todos os corações Para conhecer suas leis basta voltar-se para si mesmo e ouvir a voz da consciência do silencio das paixões.” (WELFFORT, 2001, p. 190)

Embora a ciência seja para fomentar o “orgulho” humano, ela poderia ajudar a diminuir esta corrupção do coração.

Para Rousseau, o homem nasce bom, a sociedade o corrompe.

Segundo ele, “o homem nasce livre e por toda parte se encontra acorrentado”. Mesmo assim, acreditava que seria possível se pensar numa sociedade ideal, ideia esta que motivaria a Revolução Francesa.

A questão que se coloca é a seguinte: Como preservar a liberdade natural do homem e ao mesmo tempo garantir a segurança e o bem-estar da vida em sociedade?

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Segundo Rousseau, isso seria possível por meio do Contrato Social: A soberania da sociedade, soberania política.

A vontade individual diz respeito à vontade particular, mas a vontade do cidadão deve ser coletiva, deve haver um interesse no bem comum.

A soberania do povo é condição para sua libertação. O homem nasce livre, mas por toda a parte se torna acorrentado. Assim o homem saiu da liberdade para a escravidão em que se meteu como conseqüência da corrupção de seu coração. Devemos instituir a justiça e a paz para submeter igualmente o poderoso e o fraco,

buscando a concórdia eterna.

A PROPRIEDADE PRIVADA É A ORIGEM DA DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS. A sociedade e as leis levaram à isso. Alguns homens usurparam outros. Por isso, todo o gênero humano está sujeito ao trabalho, à servidão à miséria. Daí a importância do Contrato Social. Ele vai mostrar o que deve ser da ação

política.

Seria necessário um Contrato Social, pois os homens depois de terem perdido sua liberdade natural, precisam ganhar em troca a liberdade civil.

Neste contrato é preciso definir a questão da igualdade de todas as partes: Todos devem ser comprometer.

O povo seria ao mesmo tempo parte ativa e passiva deste contrato, isto é, agente do processo de elaboração das leis e de cumprimento das mesmas.

Obedecer a lei que se escreve para si mesmo é um ato de liberdade. Pacto legítimo: Alienação total, condição de igualdade entre todos. Assim, soberano é o povo e não o rei (este apenas funcionário do povo).

Rousseau fala da validade do papel do Estado, mas passa a apontar também possíveis riscos da sua instituição. Pois como um indivíduo poderia tentar fazer prevalecer sua vontade sobre a vontade coletiva, assim também o Estado poderia subjugar a vontade geral.

Este pensador será contrário à ideia de representação política como se vê numa democracia moderna, afirmando que ninguém pode “querer” pelo outro.

Ele parece deixar claro seu pessimismo com relação à recuperação da liberdade por povos que já a perderam completamente.

Abaixo, comentários e transcrições de um texto de Rousseau: “Discursos sobre origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”.

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Teria havido uma ordem natural que levaria o homem à esta situação na qual se encontra hoje, isto é, esta constante luta pela sobrevivência, pela satisfação de seus instintos, disputando sua subsistência com outros homens.

Percebeu que a busca pelo bem estar é o único móvel das ações humanas. Percebeu ainda que em determinados momentos o interesse comum poderia fazê-lo contar com a assistência de seus semelhantes, bem como em outros a concorrência faria com que todos desconfiassem de todos.

Aquele que se destaca na sociedade por alguma qualidade torna-se o mais considerado. Daí nasce a inveja, a cobiça, a desigualdade. Estes sentimentos iriam corromper o amor que o homem teria a priori.

Surge o pendor à vingança, o desejo pelo reparo do desprezo sofrido. Já no estado natural haveria uma piedade natural .

Na formação da sociedade civil , toda a piedade cai por terra. Segundo Rousseau, “desde o momento em que um homem teve necessidade do auxílio do outro, desde que se apercebeu que seria útil a um só indivíduo contar com provisões para dois, desapareceu a igualdade, a propriedade se introduziu, o trabalho se tornou necessário” (ver. P. 207).

O homem terá uma preocupação com a aparência. Na vida em sociedade, ser e parecer tornam-se duas coisas distintas.

O indivíduo se torna escravo de suas necessidades e daqueles que o rodeiam, mesmo que seja senhor.

O caos veio pela desigualdade, pela destruição da piedade natural e da justiça, tornando os homens maus. A sociedade foi assim colocada em estado de guerra.

Immanuel Kant (1724-1804) - O imperativo categórico Sua filosofia moral é uma celebração da dignidade individual.

Assim, Kant tentava através de sua obra tratar dos desafios de sua época: “dar forma racional a um novo mundo nascente das entranhas da Europa milenar; contrapor às incertezas da nova Europa plebéia, individualista, leiga, e contudo irreversível, algumas certezas da razão capazes de restabelecer, ao menos no pensamento, a sociabilidade dilacerada e a paz entre as nações.” (ver pg. 50) Escreve três obras importantes na segunda metade do século XVIII: Crítica da

Razão Pura, da Razão Prática e do Juízo, época de grandes transformações na Europa.

Para Kant, o objeto da filosofia moral é a liberdade.

É preciso dizer que Kant se deparou com uma discussão entre pensadores que defendiam o racionalismo de um lado e o empirismo de outro. Para sair dessa

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contradição, Kant afirma que para se realizar a experiência (empírica) no mundo sensível é FUNDAMENTAL a existência de noções à priori, as quais são formadas por nossa capacidade racional.

Logo, sem a idéia ou noção do que é ser livre (a priori elaborada na mente humana) não é possível a experiência da liberdade na prática.

Justiça e virtude tratam das leis da liberdade por oposição a leis da natureza.

Contudo, a legalidade se difere da moralidade pelo motivo com o qual as normas são cumpridas.

As leis jurídicas são EXTERNAS e podem obrigar ao indivíduo ao cumprimento

Já as leis morais, tornando obrigatórias certas ações, fazem ao mesmo tempo da obrigação moral o motivo de seu cumprimento

No âmbito moral, não se trata de conformar a ação à lei, mas de desejar respeitá-la por ser digno.

A dignidade do homem está em que, como ser racional, não obedece senão às leis que ele próprio estabeleceu. Ou seja, o homem como fim em si mesmo O ponto alto da Filosofia Moral de Kant é a ideia de Imperativo Categórico

A norma moral tem um imperativo categórico. Trata-se de um comando (uma ordem) que tenta relacionar dois aspectos importantes da ação moral:

O dever ser dado pela razão; e a ação humana, a qual pode ser subjetiva, não conduzindo à realização desta finalidade moral.

Não é a subjetividade contida no indivíduo que deve balizar sua ação moral, mas sim o dever moral, já que os homens são seres racionais.

A conduta moral deve ser universal segundo a razão.

Segundo Kant, “Aja sempre em conformidade com o princípio subjetivo, tal que, para você, ele deva ao mesmo tempo transformar-se em lei universal”.

Só a conduta racionalmente fundada é compatível com a dignidade humana. Nos seres racionais, as causas das ações é o seu próprio arbítrio. Logo, a liberdade esta na ausência de forças externas (ao arbítrio) para agir.

Contudo, nem por isso a liberdade escapa de leis. Ela tem leis, e estas leis não são externamente impostas, só podem ser auto-impostas.

Assim, a liberdade assume a idéia de autonomia, ou a propriedade dos seres racionais de legislarem sobre si mesmos. As leis universais são leis morais. Essa questão da liberdade em Kant é fundamental para compreendermos sua

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posição quanto à transição do estado de natureza à sociedade civil.

Para pensar o Direito, a ideia de autonomia da vontade, também vem à tona. Contudo, isso não quer dizer que todas as leis devam ser aceitas internamente pelo indivíduo.

Quanto aos deveres morais os homens são responsáveis perante si mesmos; na esfera jurídica, são responsáveis perante os demais. A liberdade moral se alcança pela eliminação dos desejos e inclinações que impedem a adequação da conduta aos comandos da razão; a liberdade jurídica consiste em não ser impedido externamente de exercer seu próprio arbítrio. (ver p. 54)

Segundo Kant: “Age externamente de tal maneira que o livre uso de teu arbítrio possa coexistir com a liberdade de cada um segundo uma lei universal”. (ver p. 55)

Em outras palavras, todos têm a liberdade de fazer o que quer, contanto que não interfira na liberdade dos outros.

Quem viola a liberdade de outrem ofende a todos os demais, e por todos será coagido a conformar-se à lei e compensar os danos causados

Ao se falar em Direito, é preciso compreender as noções de direito privado e direito publico.

O direito privado é composto por leis naturais. O direito público expressa a vontade do legislador.

A vontade do legislador, em Kant, não é o arbítrio do poder estatal, mas a vontade geral do povo unido na sociedade civil.

Assim, tanto o direito privado como o público tem o mesmo fundamento: a autonomia das vontades.

Há uma forte relação entre o direito privado e o público, relação esta que se dá quando justiça e liberdade estão juntas.

Segundo Kant, no estado de natureza, o homem teria a possibilidade de viver em grupo, mas não na sociedade civil. Nela, seria preciso um conjunto de leis.

Assim, a definição no direito privado daquilo que é “meu” e daquilo que é do “outro” é fundamental para a sociedade civil. Assim, a posse jurídica (dada pela lei) vale mais do que a posse física (empírica).

A posse individual só é possível porque a vontade coletiva concorda e autoriza.

A transição à sociedade civil é um dever universal e objetivo, por que decorre de uma ideia a priori da razão. Trata-se de um imperativo moral: o estado civil é a realização da ideia de

liberdade. Os homens deveriam estar dispostos para a aceitação do “contrato originário”, o qual seria considerado a

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priori para a existência da sociedade civil.

Kant vai dizer que a própria existência do Estado indica a existência de consenso. Logo, haveria a necessidade da obediência, bem como da negação do direito da resistência da revolução. Para ele o Estado seria um instrumento necessário para a liberdade dos indivíduos.

Terá um posicionamento contrario ao Regime Absolutista, pois para Kant as leis do soberano não podem ser as dele, mas sim aquelas que nós demos à nós mesmos. Kant se mostra à favor do Estado liberal, defendendo a república como a melhor forma de Estado. O princípio da constituição republicana é a liberdade, nela se conjugam a soberania popular e a soberania do indivíduo na esfera juridicamente limitada dos seus interesses.

A valorização da república servia para apontar a irracionalidade do despotismo. A forma republicana realiza o imperativo categórico da vida social. Desta forma, a política para Kant significava a racionalização das relações entre homem e Estado

Saindo deste aspecto mais político das ideias de Kant, ele vai afirmar que o progresso humano só pode ser um aperfeiçoamento moral.

Para ele a moral refere-se à doutrina teórica do direito, enquanto que a política refere-se à doutrina prática do direito.

Atividade 1 - Procure desenvolver o seguinte problema:

Em uma situação extrema, quando por exemplo, uma pessoal está passando por necessidades financeiras terríveis, podemos perdoar um furto leve, desde que o fim justifique o meio.

Como Kant se posicionaria e defenderia sua posição perante a esse problema?

2 – Procure deixar claro os argumentos que possibilitam, ao menos na filosofia de Kant, a universalização da moral.

3 – Segundo Rousseau, qual a origem da sociedade civil? Por que os homens teriam se corrompido?

4 – Por que o Contrato Social era importante segundo Rousseau?

Leitura sugerida.

ARANHA, Maria Lúcia de arruda. Filosofando: Introdução à filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003. Cap. 10 p. 316 à 319

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WELFFORT, Francisco. Os clássicos da política. São Paulo: Ed. Ática, 2001. (ler sobre Kant, p. 47 à 69 e ler sobre Rosseau, p. 187 a 213)

Referências

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