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Terapia fotodinâmica para o tratamento do câncer de pele

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Terapia fotodinâmica para o tratamento do câncer de pele

Thamaris de Melo Souza & Nathali Cordeiro Pinto

AbstractPhotodynamic therapy (PDT) is a hopeful method for the treatment of precancerous lesions and skin cancer. PDT is based on the combination of a photosensitizing drug that selectively gathers the fabric target and visible light and thus generating photodamage cell death. Several researches in basic clinical area and shrouded the world led to the acceptance of PDT for the treatment of no melanoma skin cancer type. This paper describe about literature review with the essential principles of PDT, including history, mechanism of action, knowledge of photosensitizers, light sources for illumination, the indications and limitations of photodynamic treatment of skin cancers.

Index TermsSkin cancer, Photosensitizing, Photodynamic Therapy.

ResumoA terapia fotodinâmica (TFD) é uma modalidade auspiciosa para o tratamento de lesões na pele pré-cancerosas e cancerosas. A TFD é fundamentada na associação de um fármaco fotossensibilizante que se aglomera seletivamente no tecido alvo e luz visível, gerando o fotodano e consequentemente a morte celular. Diversas pesquisas na área básica e clínica envolta do mundo conduziram à aceitação da TFD para o tratamento de câncer de pele do tipo não melanoma. Este artigo trata-se de uma revisão de literatura onde reúne os princípios essenciais da TFD, inclusive histórico, mecanismo de ação, conhecimento dos fotossensibilizantes, as fontes de luz para iluminação, as indicações e limitações do tratamento fotodinâmico dos cânceres de pele.

Palavras-chave—Câncer de pele, Fotossensibilizantes, Terapia Fotodinâmica.

I. INTRODUÇÃO

A palavra câncer é derivada do latim e significa caranguejo. O nome é decorrente da agilidade com que o crustáceo tem de se grudar com firmeza em qualquer lugar, assim como o tumor se uni a um local do corpo humano em que se cresce. O termo câncer é a definição comum de qualquer tumor maligno [1], sendo o câncer de pele determinado como uma multiplicação desordenada de células que manifestam um crescimento independente e um desvio na diferenciação celular. A célula cancerosa progride livremente dos mecanismos que costumeiramente comandam a proliferação e a diferenciação celular, convertendo o organismo em uma espécie de hospedeiro de células cancerígenas.

Existem alguns fatores que contribuem fortemente para o aumento da incidência de pessoas com câncer que são: o envelhecimento; o tabagismo (responsável por aproximada- mente um terço da eventualidade dos casos de câncer); o consumo de álcool; os hábitos alimentares levando em consideração a ingestão de alimentos ricos em gordura,

nitritos, alcatrão e aflatoxina; o controle de peso; as radiações vindas do sol; o uso de medicamentos, que podem ter fim carcinogênico ou além dos mais supressores imunológicos; o uso de hormônio e fatores reprodutivos; a convivência com agentes infecciosos e parasitários; a exposição à agentes químicos, físicos ou biológicos; a poluição do ambiente global e a falta da prática de atividade física [2,3,6].

Estima-se que em 2014 devem surgir 576.580 novos casos de câncer no Brasil. Sendo 182 mil novos casos de câncer não melanoma, o mais recorrente na população feminina e masculina, compatível a 31,5% do total. Os tipos de câncer de pele não melanoma são: Carcinoma de Células Basais (CBC), Ceratoses Actínias (CA), Síndrome de Bowen (SB), Carcinoma de Células Escamosas (CCE), Sarcoma de Kaposi (SK). Estes tipos de câncer de pele não são menos ofensivos em relação aos melanomas que podem requerer tratamentos mais específicos devido a hostilidade e ao potencial de desenvolvimento de metástase [2,3,4].

Todos os casos de câncer de pele têm por obrigação de ser diagnosticados e tratados o mais breve possível, até os de baixa mortandade. O tipo de tratamento escolhido varia de acordo com o tipo e a extensão da doença. Os mais empregados são: cirurgia excisional, curetagem, eletrodissecção, criocirurgia e cirurgia micrográfica de Mohs.

Devido aos profundos efeitos colaterais e da efetividade restrita das terapias tradicionais (cirurgia, quimioterapia e radioterapia) outras opções estão sendo continuamente proposta na área da oncologia. Há um grande destaque na terapia fotodinâmica (TFD), um modelo novo no que concerne no tratamento contra o câncer. A terapia fotodinâmica tem sido utilizada, atualmente, para o controle e cura do câncer de pele não melanoma.

Ela abrange reações de fotossensibilização cutânea, com aniquilamento das células cancerosas, acompanhado de cicatrização tecidual, com ótimo resultado estético para o paciente [1,2,3].

II. METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão de literatura, realizada no período de fevereiro a outubro de 2014. Foi realizado um levantamento bibliográfico através das bases de dados online de artigos e páginas virtuais nos últimos 14 anos, utilizando-se as seguintes palavras-chaves isoladamente e em combinação: câncer de pele, fotossensibilizantes e terapia fotodinâmica. Dos artigos encontrados foram selecionados aqueles que reuniramos princípios essenciais da TFD, inclusive histórico, mecanismo de ação, conhecimento dos fotossensibilizantes, as fontes de luz para iluminação, as indicações e limitações do tratamento fotodinâmico dos cânceres de pele.

III. REVISÃO DE LITERATURA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Nacional de

Telecomunicações, como parte dos requisitos para obtenção do Certificado de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica e Engenharia Clínica. Orientador:

Profª. Drª. Nathali Cordeiro Pinto. Trabalho aprovado em 11/2014.

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A TFD é um recurso terapêutico novo para o tratamento de várias moléstias, entre elas o câncer. A terapia abrange a associação de luz visível com um comprimento de onda peculiar, fármacos fotossensibilizantes (FTS) e oxigênio molecular tecidual. Separadamente, o fármaco e a luz não oferecem danos aos tecidos. Todavia, estes dois componentes, em contato como o oxigênio tecidual, geram formas reativas do oxigênio que são tóxicas para as células causando uma forte instabilidade química que será estabilizada pela transmissão de energia dos fármacos as moléculas do meio.

Originam-se na existência de oxigênio, íons peróxidos, superóxidos e radicais hidroxilas, resultando uma cascata de espécies reativas de oxigênio (ROS). A liberação dessas ROS favorece o efeito citotóxico da TFD sobre as células- alvo [2,5].

De acordo com a história, há indícios de uso da luz e de fotossensibilizantes em seres humanos datada do Egito antigo no qual, há 4.000 anos, tratava-se vitiligo conciliando a deglutição de plantas (abrangendo os psoralenos, furo [3,2-g]-coumarina ou ácido 6-hidroxi-5-benzofuranoacrilico δ-lactona) e a exposição à luz solar. O êxito do tratamento resulta-se de uma reação fotoquímica, mediada por psoralenos presentes nas plantas. Contudo, a técnica começou a ser usada com regularização científica há pouco tempo [1,2].

Estudos mais aprofundados das reações de fotossensibilização tiveram início apenas por volta de 1900 em Munique, por Oscar Raab, um estudante de medicina orientado pelo professor Herman Von Tappeiner, na qual pode se observar os efeitos resultantes da fotossensibilização em paramécio. Foi feita uma investigação da aplicação dos corantes eosina e acridina, ambos fotossensibilizantes, sobre uma cultura deste organismo unicelular e observou-se que em presença de luz os microrganismos eram inativados.

Finsen, em 1901, mostrou que a radiação solar conseguiria ser usada na cura do Lupus vulgaris. Em 1903, Tappeiner utilizou uma solução de eosina e luz para tratar um câncer de pele do tipo carcinoma basocelular e constatou uma diminuição no tamanho do tumor. Já no ano de 1907, a TFD ficou estabelecida como sendo a relação entre a luz, uma substância fotossensibilizante e moléculas de oxigênio.

O uso desta associação poderia ocasionar em um estresse oxidativo no tecido tumoral, originando à sua morte [5,8].

No ano de 1913 Meyer-Betz investigou o efeito fotossensibilizante sistêmico de porfirinas em humanos, injetando no próprio corpo 200 mg do que ele imagina ser hematoporfirina pura e não notou nenhum efeito, porém quando ele expôs à luz do sol algumas partes do seu braço gerou forte reação de eritema solar, mostrando que a hematoporfirina gera efeito fotossensibilizante.

A história da primeira geração de drogas para TFD começa com Schwartz nos anos 50 à base de derivados hematoporfirínicos, onde ele demonstra que nas experiências de Meyer-Betz o princípio ativo não era a hematoporfirina, porém efetivamente tratava-se de um composto de várias substâncias oligoméricas procedentes do método original de síntese e isolamento da mesma. Schwartz enriqueceu uma mescla de oligômeros (o HpD) e Lipson, com a colaboração de Schwartz, analisou o acúmulo predileto deles em tumores, colocados em camundongos e ratos e pode-se observar que a incidência de luz gerava regressão da doença.

Como consequência desses estudos, Lipson conquistou sucesso no tratamento de uma mulher que tinha câncer de mama utilizando HpD e irradiação seletiva do tumor [1,2].

Nas décadas de 1970 e 80, estudos foram conduzidos com a aplicação de um derivado purificado do HpD conhecido como Porfimer Sódico , para o tratamento de diversos tipos de tumores entre eles o de pele. Posteriormente, a equipe de Weishaupt presumiu que o oxigênio singleto (1O2) era o primordial agente tóxico originado através da mistura entre luz, FTS e O2.

Com base nos trabalhos do médico Thomas Dougherty e sua equipe, a TFD passou a ser considerada como mais uma alternativa de tratamento para o câncer, sendo utilizada com satisfação no tratamento de muitos tipos de tumores.

Thomas Dougherty foi um dos elementares fundadores do mais avançado centro de terapia fotodinâmica, vinculado ao Roswell Parck Cancer Institute em Búffalo, nos Estados Unidos [8,9].

No Brasil, a experiência clínica da TFD teve origem em São Paulo e abrangeu a cooperação do Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo, do Hospital Amaral Carvalho, em Jaú e da Escola de Medicina da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. A equipe instaurou contato com a equipe de pesquisa nos Estados Unidos e na Rússia para dar um começo às atividades de Terapia Fotodinâmica no Brasil.

Os fotossensibilizadores mais utilizados são o Photogem® (originário da hematoporfirina fabricada na Rússia) para os casos de injeção sistêmica e o ácido aminolevulínico (ALA) para aplicações tópicas. Vários tipos de câncer foram tratados, entre eles, o câncer bucal, o carcinoma de nasofaringe e de pele. No momento atual há muitas clínicas médicas e hospitais nas grandes cidades com infraestrutura, equipamentos e profissionais qualificados para fazer a TFD para o tratamento e cura do câncer de pele [2].

IV. MECANISMO DE AÇÃO

A TFD engloba dois elementos separadamente não tóxicos que são aplicados juntos para induzir lesões no tecido canceroso de uma forma oxigênio – dependente, ou seja, a conciliação da luz visível com um fotossenbilizante, na existência de oxigênio molecular tecidual, gerando agentes citotóxicos letais que podem acabar com as células cancerosas [2].

Ela compreende na administração de um agente fotossensibilizante em um tecido tumoral, posteriormente da ativação desse agente por uma luz com comprimento de onda específico. O FTS pode ser aplicado por via intravenosa ou tópica e a luz visível é administrada em um comprimento de onda de absorção máxima do fotossensibilizante. Este agente estimulado transfere energia ao oxigênio molecular, produzindo espécies reativas de oxigênio (ROS). A consequente oxidação dos lipídios, aminoácidos e proteínas impulsiona a necrose e apoptose.

As ROS também favorecem a transcrição e a liberação de mediadores da inflamação.

A oxidação dos componentes celulares pela ROS deterioram as membranas plasmáticas e as organelas celulares, com consequência modificação da permeabilidade e função de transporte entre os meios intra e extracelular. A impossibilitação das enzimas mitocondriais parece ser o evento crucial na morte por TFD (Fig.1).

As reações fotobiológicas delimitam-se ao local de acúmulo do fotossensibilizante que são evidenciadas à luz

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visível. A seletividade da TFD é originada pelo direcionamento predileto do fotossensibilizante para o tecido alvo e pela habilidade de se ativar o FTS por iluminação sítio distinto.

Dessa maneira, a TFD possibilita a destruição seletiva dos tumores e ao mesmo tempo mantém intacto o tecido próximo normal [2,9,10].

Fig. 1- Principais etapas da Terapia Fotodinâmica[2].

O processo fotodinâmico tem início quando o FTS, no estado fundamental, assimila um fóton de luz e sofre decaimentos em sérieque resultam em reações de transferência de energia intramolecular, gerando o estado tripleto excitado, com a capacidade de reagir com oxigênio molecular tecidual (tripleto), acontecendo transferência de energia intermolecular. O oxigênio molecular capta energia e gera o oxigênio singleto que é citotóxico. As reações de fotooxidação por intermédio do oxigênio singleto são as causadoras pelo aniquilamento das células cancerosas [2,11].

O êxito da TFD tópica resulta essencialmente de três fatores importantes: dose de luz, meio de administração e da concentração do fotossensibilizante no tecido alvo. O comprimento de onda da luz, tempo de iluminação e a área a ser iluminada são elementos fundamentais para determinação da dose de luz. A aplicação tópica é mais constantemente recomendada para tratamento de lesão da pele pré-cancerosa e cancerosa. O ácido aminolevulínico (ALA) ou metilaminolevulinato (MAL) necessita ser aplicado no local da lesão, fazendo uso de um veículo farmacêutico correto (creme) e posteriormente cobre-se o local.

Em seguida da síntese da protoporfirina IX (PpIX) (fotossenbilizante) in situ e acúmulo cutâneo, realiza-se a iluminação com fonte de luz visível. Os fotossen- sibilizantes, como o Photofrin® solução injetável, da mesma forma podem ser aplicados pela via intravenosa. Posterior ao acúmulo no tecido alvo, aplica-se a TFD se orientando por um protocolo pré-estabelecido [2,9].

V. RESPOSTA BIOLÓGICA

A TFD provoca a fabricação de agentes citotóxicos, como o oxigênio singleto, que velozmente acabam com as células cancerígenas; essa resposta é atingida in vivo pela confusão dos sistemas biológicos. Vários alvos celulares podem ser atingidos durante a TFD, inclusive a mitocôndria, lisossomos, membranas plasmáticas, retículo endoplas- mático, aparelho de Golgi e o núcleo, sendo a morte celular vindo a se suceder por necrose ou apoptose.

A efetividade da TFD no tratamento do câncer, ou seja, a dimensão do fotodano e da citotoxicidade é multifatorial e decorre do tipo de fotossensibilizante, da concentração do ativo e da sua localização intra ou extracelular, da dose da luz, do tempo entre a aplicação do ativo, da exposição à luz e da disponibilidade de oxigênio tecidual.

Todos esses fatores podem articular três maneiras distintas que favorecem para eficácia da eliminação do

tumor pela TFD: destruição celular por apoptose ou por necrose, isquemia pela eliminação da vasculatura no tumor e a ativação da resposta imune contra as células tumorais remanescentes [2,7,8] (Fig.2).

Fig. 2-Mecanismo de ação da TFD na eliminação das células cancerosas[2]. VI. AS FONTES DE LUZ PARA ILUMINAÇÃO

Existem três grupos distintos de fontes de luz que podem ser designados para a TFD: lâmpadas de amplo espectro, lâmpadas de diodo e lasers [8,9].

A irradiação das lâmpadas de amplo espectro de alta pressão ou fluorescentes contemplam quase toda a luz visível e início do infravermelho, poupando, quase integralmente, a radiação ultravioleta (UV). São muito utilizadas lâmpadas halógenas metálicas porque possuem um preço mais baixo e possuem alta irradiância, que garante a exposição da luz permanente e gera um tratamento não muito extenso. A lâmpada fluorescente mais utilizada trabalha na faixa da luz azul em 407 nm (banda de Soret), sendo o bastante para causar a ativação fotodinâmica do 5- ALA (Blu-U®, Dusa Phramaceuticals, USA).

Os LEDs são aparelhos constituídos por semicondutores sólidos ligados uns aos outros e que geram luz. Viabilizam uma fonte e luz exata com alta potência em faixas estreitas de bandas de luz (entre 20-50 nm) e podem ser difundidas em painéis para promover a iluminação de uma superfície ampla e homogênea. Este último item é de suma importância, pois uma distribuição desarmoniosa da luz pode deixar de tratar partes de um tumor superficial mais extenso. São fáceis de serem utilizados e possuem vida longa.

A irradiância e a uniformidade da irradiação devem ser frequentemente verificadas durante a TFD. As irradiâncias utilizadas em TFD possuem uma variação entre 50 a 150 mW/cm2. Em se tratando de irradiâncias muito baixas o tempo de exposição à luz pode vir a ser muito extenso, enquanto que, em irradiâncias muito altas, pode ocorrer efeito térmico aditivo na TFD. No decorrer da irradiação do tumor acontece um processo conhecido como fotoinativação da droga fotossensibilizante, ou seja, de acordo que o tumor for destruído pela ativação fotodinâmica ocorre simultaneamente à inativação do agente pela absorção da luz.

Os lasers, diferentemente das lâmpadas, geram luz em comprimento de onda distinto que pode ser conciliável com o principal espectro de absorção do agente fotossensibilizante, além de possuírem um feixe de luz bem homogêneo. Vários lasers já foram utilizados em TFD como: Argon dye laser, Nd: YAG, Copper vapour dye, Gold vapour e Diode laser. O uso laser permite a realização da

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TFD mais rápida porque emite alta fluência de luz monocromática semelhante ao pico de absorção do agente.

Apesar do rápido desenvolvimento dos lasers que por consequência tiveram uma diminuição no seu valor, desestimula a utilização de lâmpadas comuns, uma vez que os lasers são mais eficazes na excitação do FTS. Sua alta potência gera a possibilidade que o tempo de irradiação do tumor seja bem menor. Também, diferente das lâmpadas, eles são mais fáceis de serem encaixados às fibras ópticas propiciando irradiações de tumores em órgãos internos.

Porém, para o tratamento de grandes lesões da pele, fontes como os LEDs são melhores que os lasers pelo fato do seu largo campo de irradiação. E mesmo com a diminuição do preço dos lasers, ainda existe a questão do ganho econômico, especialmente quando se trata de câncer superficial.

Os comprimentos de luz usados na TFD devem estar na faixa de 400 a 800 nm, faixa renomada como Janela Terapêutica, onde existe máxima transmitância tecidual de luz. Abaixo de 400 nm há baixa transmitância tecidual e podem ocorrer danos aos tecidos [2].

VII. SUBSTÂNCIAS FOTOSSENSIBILIZADORAS EM TFD Fotossensibilizantes são compostos que assimilam a energia da luz em comprimentos de onda distintos e fazem uso dessa energia para incitar reações de fotooxidação na presença de oxigênio molecular em outras moléculas que não absorvem energia.

A característica predominante é a capacidade de se aglomerar no tecido tumoral e criar agentes citotóxicos para impulsionar o efeito fotobiológico esperado. Um fotossensibilizante perfeito exibe inúmeras propriedades que podem ser classificadas em:

Físico-químicas: alto teor de pureza química; alto coeficiente de absorção de luz; baixa predisposição à combinação com meio aquoso.

Fotofísicas: alta capacidade de produção de oxigênio singleto com a capacidade de acabar com as células cancerosas;

Farmacológicas: orientação seletiva e eficaz para o tecido neoplásico; expulsão rápida do organismo e baixa toxicidade sistêmica;

Fototerapêuticas: extinção pela predileção de células neoplásicas; inexistência de efeitos adversos, mínima toxicidade no escuro e citotoxidade somente na presença de luz; [2].

Eles podem ser catalogados em famílias, conforme sua estrutura química, de acordo com a TABELA I:

TABELA I

CLASSIFICAÇÃO DOS FOTOSSENSIBILIZANTES[2].

Embora os fotossensibilizantes naturais sejam numerosos na natureza e os sintéticos de simples produção, há poucos acessíveis no mercado para fins terapêutico devido a ausência de estudos clínicos [1,2,8,9,10]

. Os principais fotossensibilizantes acessíveis comercialmente, as indicações clínicas e o país onde o ativo foi liberado para o uso na TFD estão demonstrados na TABELA II.

TABELA II

NOMES COMERCIAIS DOS MEDICAMENTOS USADOS NA TFD, INDICAÇÃOCLÍNICA E PAÍSES ONDE OS FÁRMACOS FORAM

APROVADOS [2].

VIII. APLICAÇÕES

A terapia fotodinâmica por ser aplicada em tratamentos e cura de lesões cutâneas restritas à queratose actínica e cânceres do tipo não melanoma, como o CCB, CCE e SB. O dermatologista deve fazer o diagnóstico por meio de exames para saber o tipo de lesão pré-cancerosa ou cancerosa e indicar o tratamento mais apropriado.

A Queratose Actínica (QA) é resultante da exposição à luz solar, essencialmente, à radiação UV, que pode estimular o desenvolvimento do câncer e células escamosas da pele com potencial formação de metástases. O tratamento de QA foi liberado pelo órgão regulatório americano, FDA, em 1999.

De um modo geral, o uso da TFD tópica para o tratamento da QA demonstra índice de cura entre 73% a 100%. Esses resultados são parecidos aos dos tratamentos convencionais, no entanto com menos efeitos colaterais e menor tempo de recuperação. O tratamento baseia-se na aplicação tópica de ALA (Levulan®) em solução a 20%, depois se espera um período de 3h a 6h para dar início a TFD utilizando a luz vermelha (λ= 415 nm, Dose de Energia (DE)= 100-150J/cm2).

Ela também pode ser tratada com o creme que possuí 16,6% de MAL e é colocado sobre a lesão e em seguida espera-se um período de 3h para a produção e aglomeração da PpIX. Faz-se a retirada do curativo, remove-se a formulação lavando a área com soro fisiológico, seca-se e inicia a iluminação com a luz visível (λ=630 nm, DE=37 J/cm2) [2,4,8,10].

O Carcinoma de Células Basais é o mais comum tumor maligno cutâneo (70%) na idade adulta. Ele tem origem a partir das células basais da epiderme. As lesões originadas pelo CCB são clinicamente separadas em lesões

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pigmentadas, nodulares e superficiais. Entre os tratamentos estão à excisão cirúrgica, a eletrocoagulação e curetagem, a crioterapia, os imunomoduladores, os agentes citotóxicos e a radioterapia. As lesões superficiais são as que têm maior aceitação ao tratamento por TFD. Este consiste na aplicação de creme contendo ALA a 20% e irradiação de luz vermelha na dose de 100 J/cm2. O CCB pode ser tratado utilizando Photofrin® injetável, 1 mg/Kg e depois de 48h para a aglomeração do ativo na lesão cancerosa, aplica-se a iluminação fazendo uso da luz vermelha na dose de 215 J/cm2 com total diminuição das lesões.

Contudo, a inexistência de seletividade ocasiona fotossensibilização sistêmica e o paciente tem que ficar protegido da luz direta durante várias semanas. Atualmente, o CCB pode também ser tratado com MAL que possui penetração cutânea maior que o ALA [2,10].

O Carcinoma de Células Escamosas é um tipo de câncer do tipo não melanoma que tem origem nos queratinócitos epiteliais e seus apêndices. O CCE pode se originar a partir do excesso de exposição à radiação ultravioleta ou de lesões pré-existentes, tais como, a queratose actínica, Síndrome de Bowen, papulosis bowenoíd e eritroplasia de Queyrat. As lesões primárias e superficiais originadas pelo CCE são todas tratáveis por TFD tópica. Porém ele é invasivo e pode vir a sofrer metástase. O tratamento das lesões consiste na aplicação tópica de ALA e bioconversão em PpIX no tempo de 3 a 6h. Depois da aglomeração na área do fotossensibilizante, aplica-se a TFD.

O tratamento de CCB pode ser efetuado com aplicação intravenosa de Photofrin® ou Foscan® e, depois do tempo de acumulação no tecido lesionado, aplica-se a iluminação.

A Síndrome de Bowen é um carcinoma de células escamosas intraepidermal e pode acontecer em qualquer parte da pele. No tratamento é aplicado um creme na pele com ALA a 20% e, logo após 4h, faz-se a iluminação fazendo uso da luz vermelha na dose de 125 J/cm2 ou com injeção intravenosa de Photofrin® 1-2 mg/Kg, depois de 48h, para acumular o fotossensibilizante no tecido neoplásico e iluminar com luz vermelha na dose de 150 J/cm2[2].

Embora inicialmente a TFD foi desenvolvida para auxiliar no tratamento contra vários tipos de câncer, principalmente os de pele, atualmente ela tem sido estuda e empregada em diversas áreas da dermatologia, estética, ondotológica, entre outras.

Ela tem se mostrado aplicável no tratamento de diversas moléstias, entre elas: psoríase, degeneração macular da retina, condições autoimunes, arteriosclerose, restenose, remoção de verrugas na laringe, tratamentos de micoses fungóides, destruição de infestações bacterianas que possuem resistência a tratamentos tradicionais à base de antibióticos, acne vulvar, morféia, fotorejuvenescimento e a descontaminação do sangue.

As linhas de pesquisas futuras em TFD tem-se voltado para o desenvolvimento de novos sensitizadores com características aprimoradas, como por exemplo, maior seletividade perante as células e ou tecido-alvos, e maior absortividade molar no seu máximo de absorção, de tal forma que permita uma maior efetividade do tratamento.

Pode-se levar em conta que o magnífico desenvolvimento da TFD origina-se do seu conceito básico, relativamente simplório: a combinação de uma droga sensitizadora, luz de comprimento de onda correto, oxigênio, e à grande interdisciplinaridade que se tem alcançado na pesquisa envolvendo essa modalidade terapêutica [7,8].

IX. CONCLUSÃO

Existem vários estudos clínicos evidenciando que a TFD é uma alternativa de tratamento segura e eficaz para o câncer de pele não melanoma e mais algumas moléstias que ainda estão em fase de inicial de estudos. A grande vantagem perante os outros tipos de tratamento é a administração tópica, favorecendo a destruição do tecido neoplásico e poupando o tecido periférico intacto.

A aplicação e posterior iluminação do local torna a terapia seletiva, além de evitar procedimentos invasivos, como aplicação intravenosa dos fotossensibilizantes com risco eminente de fotossensibilização sistêmica. As lesões em lugares, como os lábios, nariz, olhos e orelhas possuem certa dificuldade de tratamento por serem áreas sensíveis e esteticamente importantes. As cirurgias como outros tratamentos citados, apesar de eficientes, podem vir a gerar cicatrizes e mutilações, enquanto que a TFD proporciona a destruição do câncer dessas áreas com ótima recuperação estética.

Os cremes originados dos pró-fármacos ALA e MAL são os mais utilizados na TFD do câncer de pele, são promissores, contudo, o tratamento possui um alto custo devido os medicamentos serem importado.

A pesquisa na área de TFD tem que ser feita por pesquisadores das áreas biológicas e das exatas em conjunto para que as duas possam se ajudar e suprir as deficiências que ambas possuem, pois a terapia fotodinâmica envolve de enfermeiros, farmacêuticos, á físicos e engenheiros. Para o desenvolvimento de novos fármacos, fontes de luzes que abrangem todas as áreas, médicos para fazer estudos clínicos sobre esse grande aliado no tratamento e cura do câncer não só de pele mais também de todos possíveis, diminuindo o sofrimento, a dor, o custo e até mesmo dando perspectiva de vida a muitos.

A TFD tem um futuro promissor no tratamento do câncer de pele do tipo não melanoma, pois proporciona seletividade, poucos efeitos adversos, altos índices de cura e ótimos resultados estéticos das áreas afetadas.

REFERÊNCIAS

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Thamaris de Melo Souza nasceu em Pouso Alegre, MG, em novembro de 1990. Formada em Tecnologia em Gestão da Produção Industrial pela Universidade do Vale do Sapucaí (Univás) em 2011. Discente da Pós- Graduação do Curso de Engenharia Biomédica e Engenharia Clínica do INATEL. Atua profissionalmente desde 2012 como auxiliar de bioequivalência farmacêutica no Instituto Cláudia Marques de Pesquisa e Desenvolvimento empresa que pertence ao grupo Cimed. Tem interesse nas áreas de desenvolvimento de biomateriais, radiofármacos, de novos produtos.

Nathali Cordeiro Pinto nasceu em Taubaté, SP, em julho de 1982.

Formada em Fisioterapia pela Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) em 2003. Especialista em Fisioterapia Cardiorespiratória pela UNICAMP e Doutora pela Faculdade de Medicina da USP. Atua como profissional liberal, Docente da Graduação da Faculdade Sudoeste Paulista, Docente da Pós-Graduação do Curso de Engenharia Biomédica do INATEL e pesquisadora principalmente nos seguintes temas: biomedicina, cirurgia, laser de baixa intensidade e laser de alta potência. Membro da International Society for Optics and Photonics (SPIE). Prêmio Best Student/Resident Surgical Applications Award da American Society for Laser in Medicine and Surgery (ASLMS) em 2013 (Boston, MA-USA); Prêmio Best Student/Resident Photobiomodulation Award da American Society for Laser in Medicine and Surgery (ASLMS) em 2012 (Orlando, Fl-USA);

Prêmio em 2º lugar no II Congresso do Jovem Neurocirurgião em 2008 (São Paulo, SP-Brasil) e Prêmio em 1º lugar no Workshop em Laserterapia do InCor/HC-FMUSP em 2007(São Paulo, SP-Brasil).

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